'Contos de Natal, O Musical' recria uma Londres do século XIX impressionante considerando o orçamento limitado de uma produção televisiva, partindo deste ponto de vista, o longa-metragem ganha alguns pontos, mas não o suficiente para se tornar um bom filme.
As performances são fracas e caricatas. O elenco tenta dar vida a vários grandes números de dança sem energia, e também tenta dar alma a trilha sonora de Alan Menken, que os deixam cantarolando melodias repetidas e chatas.
A obra original traz um pouco do terror e do medo, que em algumas vezes é deixado um pouco de lado pelas adaptações, sentimentos que no final da história, contrasta muito com a misericórdia dada ao Scrooge. Em 'Contos de Natal, O Musical', eu senti falta do desespero e da real intensidade que a história exige para a grande transformação do personagem.
Eu não preciso me esticar muito sobre o que eu achei do filme, pois eu não gostei nadinha dele. A produção em seu total massacrou este belo clássico o deixando quase irreconhecível. Eu acredito que 'Contos de Natal, O Musical' seja a pior versão que já conferi, esse filme é uma verdadeira bagunça desajeitada.
O título da versão do diretor Francis Ford Coppola, indica uma estratégia de marketing baseada, não apenas em calafrios e caos, mas também em respeito pela reputação literária e fidelidade à obra original. 'Drácula de Bram Stoker' fica bem próximo do enredo do romance, com seus detalhes da vida do final do século 19, juntamente com explosões de sangue no estilo do final do século 20.
A versão original de Stoker é uma visão infantil vitoriana do amor como uma história de terror marcante. O diretor apresenta ao público uma visão do tipo conto de fadas, uma espécie de história infantil com presas.
Francis Ford Coppola ressuscita uma série de convenções cinematográficas de anos passados, complementando efeitos especiais de alta tecnologia com truques de câmera antiquados que evocam a atmosfera de magia, o que para mim soou estranho, é difícil aceitar a proposta de visão do diretor.
Quanto ao perverso Drácula, Gary Oldman o interpreta soberbamente, passando do hediondo ao hilário com uma facilidade incrível. Anthony Hopkins causa uma impressão igualmente forte como Van Helsing, o caçador de vampiros e Tom Waits merece um aceno de cabeça por sua interpretação de Renfield, o lunático.
Francis Ford Coppola e sua equipe de produção entregam um visual com uma paleta de cores vibrantes, que trazem o fantástico e reforçam o obscuro. Eiko Ishioka é um artista japonês que desenhou magníficos figurinos, e fez um trabalho incrível. Thomas Sanders, que desenhou os cenários, também faz um trabalho fantástico ao contar essa história visualmente.
‘Drácula’ é um filme bonito de se assistir, é um verdadeiro espetáculo, mas o diretor Francis Ford Coppola entrega uma obra muito estranha, os elementos não parecem se misturar bem.
O filme começa de maneira bastante promissora, em uma sequência estendida em que Sandra Bullock e Sarah Paulson, habilmente escalados como irmãs, trocam diálogos farpados no caminho para uma consulta médica, é quando no caminho, motoristas e pedestres aleatórios começam a cometer suicídio em massa ao seu redor.
O elenco de 'Caixa de Pássaros' é muito grande para se desenvolver totalmente em algumas horas, mas o roteirista Eric Heisserer tenta mesmo assim, escrevendo personagens unidimensionais e monólogos que sugerem histórias de fundo mais longas e mais satisfatórias do que as mostradas em tela.
O horror está no desconhecido, o medo se encontra em não poder ver. A diretora Susanne Bier sabiamente evita revelar a ameaça, mas é inevitavelmente forçada a dar a ela algum tipo de manifestação. As escolhas são do tipo: folhas rodopiantes ou sussurros distorcidos. Escolhas que são decepcionantemente arrancadas diretamente de algum manual de "Como fazer um Filme de Horror".
Sandra Bullock exala uma autenticidade corajosa que faz valer a pena seguir Malorie. 'Caixa de Pássaros' quer dizer algo significativo sobre o poder da maternidade. Nos flashbacks, Malorie expressa ambivalência sobre ter um filho, a atriz vencedora do Oscar puxa nossas cordas do coração enquanto luta para proteger suas crianças.
O filme é um terror pós-apocalíptico, com momentos de intensa violência e elementos que lembram outros filmes. A falha mais significativa de 'Caixa de Pássaros', é que o longa é muito inerte e sem foco para funcionar como terror de ficção científica.
'Caixa de Pássaros' é surpreendentemente simplista em suas correntes temáticas, à medida que avança, começa a parecer que não está totalmente certo do que está tentando fazer. O filme é uma experiência curiosamente vazia, ainda assim, é divertido o suficiente para valer a pena assistir.
A Universal Pictures está viva até hoje por causa dos filmes de monstros. Em 1930, a Universal perdeu muito dinheiro em receitas. Então, em fevereiro de 1931, 'Drácula' foi lançado e faturou muito para os estúdios naquele ano. Ficou claro para o produtor da Universal, Carl Laemmle Jr., que os filmes de terror eram o que o público queria. Em novembro do mesmo ano, 'Frankenstein' foi lançado.
O diretor James Whale fez um ótimo trabalho em sua direção. Isso não é uma coisa fácil de dirigir. A adaptação para a tela de tal história foi obviamente uma tarefa de extrema dificuldade. Cada quadro de 'Frankenstein' exibe a atenção do diretor aos detalhes. Embora alguns aspectos da produção possam parecer antiquados para o público de hoje, há uma aura assustadora que poucos filmes de hoje não conseguem alcançar.
O desempenho do ator Boris Karlofff é excepcional, movendo-se de maneira tão rígida e pesada. Ele também é capaz de transmitir a simplicidade infantil da mente do monstro. Ele tem tão pouco diálogo além de algumas palavras, mas faz você simpatizar com o ser através de seu rosto e dos sons.
O 'Frankenstein' de James Whale não é tanto baseado no livro quanto nas inúmeras peças teatrais que foram produzidas após o sucesso do conto gótico de ciência e horror de Mary Shelley. O livro aborda muitas das mazelas existenciais do homem em relação ao conceito de Deus. O filme acaba falando de forma muito leve sobre esses elementos e escolhe acentuar o melodrama da história de Mary Shelley.
A fotografia é esplêndida aqui, talvez a última palavra em engenhosidade, grande parte do longa se passa no escuro no período noturno, há bom uso da iluminação e ótimas manipulações de sombras para intensificar a atmosfera fantasmagórica de 'Frankenstein'. Outra área em que o filme se destaca é na maquiagem. Fica claro imediatamente por que o monstro de 'Frankenstein' é uma figura tão icônica do cinema. O design simples e perfeito da criatura é muito satisfatório.
'Frankenstein' deixa um pouco de lado a obra pela qual se baseia, e abusa do seu drama. Para quem leu o livro, assim como eu, pode ficar um pouco desapontado, mas o filme ainda sim, é uma obra que vale a pena ser visitada. Aproveitando o que estava dando dinheiro aos estúdios naquela época, 'Frankenstein' acaba sendo mais comercialmente elegante do que uma obra prima do terror.
O primeiro longa-metragem Muppet desde a trágica morte de Jim Henson em 1990, 'Um Conto de Natal dos Muppets' é uma mistura de humor. A melancolia da fábula sazonal frequentemente filmada de Dickens entra em conflito com os Muppets com sua amável anarquia habitual.
Na obra original, os espíritos do Natal passado foram projetados para transformar Scrooge de um velho rabugento em uma figura trágica. 'Um Conto de Natal dos Muppets' deixa um pouco a importância desses personagens, escolhendo um caminho mais superficial e não entregando um trabalho eficaz.
O filme poderia ter funcionado melhor se fosse um caso totalmente Muppet (talvez com Kermit como Scrooge). O roteiro também reduz muito as visitas noturnas, presumivelmente para evitar crianças chatas e outras com falta de atenção. Embora isso acelere o ritmo da história, a escolha acabou diminuindo o personagem de Scrooge.
O Scrooge dessa versão está indiscutivelmente entre as quatro ou cinco melhores interpretações de tela do infame avarento, mas forçá-lo a jogar contra os Muppets não apenas diminui seus esforços, mas reduz toda a produção ao nível da pantomima.
Os valores de produção são aparentemente altos, que entregam uma era Londres vitoriana aceitável. Brian Henson faz um trabalho de direção fluido, senão espetacular. As canções composta por Paul Williams são repetitivas e em alguns momentos deixam o filme chato. O final do filme é apressado entregando um final feliz forçado.
'Um Conto de Natal dos Muppets' não é terrível, mas é retumbantemente moderado, com canções meramente aceitáveis de Paul Williams e apenas risadas reais ocasionais. A evolução do personagem de Scrooge é insuficientemente temperada com alívio cômico. É o tipo de filme familiar de alto conceito que pode ser realizado a cada temporada de Natal.
'Vidas Sem Rumo', a fiel versão cinematográfica de Francis Coppola do romance juvenil mais vendido de S.E. Hinton, é dedicado a bibliotecária de uma escola secundária na Califórnia. Foi a carta dela, acompanhada de uma petição do corpo estudantil, que fez o diretor considerar a obra literária como um projeto de filme.
S.E. Hinton ainda era uma adolescente quando escreveu o best-seller em meados da década de 1960. Seu cérebro não estava cheio de equívocos adultos, então ela não entrou naquelas confusas zonas cinzentas. Ótimo para ela, mas não para Coppola, que transforma essa história tão esperada em algo meio sem graça.
Se Francis Coppola estivesse menos apaixonado pela fonte, ele poderia ter prestado a 'Vidas Sem Rumo' um serviço inestimável ao fazer alguns reparos. Em vez de começar com os personagens e o cenário social de Hinton e depois preencher os elos perdidos de motivação e causalidade, Coppola se contenta em tratar o material como um texto sagrado, o longa é definitivamente uma adaptação feita ao pé da letra.
'Vidas Sem Rumo' é um filme profundamente estranho que dá aos bandidos dos anos 60 a personalidade de Ursinhos Carinhosos e os coloca sob constante ataque de mauricinhos em suéteres de cor pastel. O grande ponto do filme é humanizar esses estereótipos malvados, mas o longa não entrega densidade e profundidade nos personagens, deixando tudo meio estranho de assistir.
A única fonte de interesse do filme é seu elenco agora mega famoso: os sete Greasers dominaram os filmes dos anos 80. O protagonista é C. Thomas Howell como Ponyboy, seguido em importância por Ralph Macchio, Matt Dillon, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez, e em uma quase participação especial, Tom Cruise, que dá uma performance elegante e flexível.
'Vidas Sem Rumo' trata-se de um drama modesto das dificuldades adolescentes de um olhar adolescente. Francis Coppola entrega um filme sem ritmo, apressado e estranhamente editado. Talvez o longa seja levemente agradável para as crianças, mas faltou emoção aqui, o filme poderia simplesmente ter sido adaptado e não levado tão ao pé da letra.
Ken Kesey, que escreveu o livro no qual a peça da Broadway de 1963 e o filme subsequente foram baseados, não gostou do roteiro creditado a Bo Goldman e Lawrence Hauben. Ele sentiu que estava muito longe do que havia escrito e se recusou a participar da divulgação do filme. 'Um Estranho no Ninho' se tornou um dos filmes mais celebrados da década de 1970, ganhando os "Cinco Grandes" Oscar (Ator, Atriz, Diretor, Filme e Roteiro) e sendo indicado a mais quatro.
Este foi o segundo filme em inglês do cineasta checo Milos Forman, que viria a ganhar dois Oscar e foi a imagem que o catapultou para a lista A dos diretores. Os aspectos negativos dos cuidados de saúde mental contestados por 'Um Estranho no Ninho' praticamente não existem mais hoje, mas os outros temas do filme são pertinentes. Abaixo da superfície, o filme é sobre as tentativas de uma força autocrática de esmagar o indivíduo.
O coletivo de homens inquietos torna o filme completamente dependente da relação entre o desempenho físico e o movimento sutil da câmera. Milos Forman permite que seus atores sejam consumidos, dando-lhes a liberdade para desenvolver atuações faciais e corporais, com expressões em camadas. Mas essas performances de método não seriam tão eficazes sem a câmera maravilhosamente fluida e móvel de Haskel Wexler, em uma perspectiva astuta, ele dá uma visão panorâmica, cobrindo cada confronto com incrível objetividade.
A única sequência do filme que provavelmente não funciona e parece fora do lugar, é aquela em que alguns consideram sua favorita. A sequência em questão é quando McMurphy foge e leva um grupo de pacientes mentais para uma pescaria. Milos Forman foi inicialmente contra a inclusão disso e teve que ser "convencido" pelos produtores Michael Douglas e Saul Zaentz. Acredito que seus primeiros instintos estavam corretos. Aqui, os pacientes da enfermaria são vistos não como indivíduos, mas como caricaturas "engraçadas", esta parte de 'Um Estranho no Ninho' parece forçada e artificial.
Jack Nicholson não foi a primeira escolha dos cineastas. Ele era o número três da lista, e a parte só foi oferecida depois que ela foi rejeitada por Gene Hackman e Marlon Brando. Em 1975, a estrela de Nicholson estava em ascensão. Para o ator, McMurphy seria o papel que deu o impulso final ao estrelato. 'Um Estranho no Ninho' levou à vitória inicial de Melhor Ator de Nicholson, a primeira de três (até agora). É uma performance de alto nível, com o artista trazendo humor e sentimento com McMurphy e mostrando que um homem sã, quando preso em uma enfermaria cheia de compatriotas loucos, pode facilmente enlouquecer.
McMurphy só pode ser descrito como uma força pura da natureza, um personagem quase além do bem e do mal, cuja simples presença provoca excitação e controvérsia. Você não consegue tirar os olhos dele, ainda assim, apesar de sua personalidade imensa, a habilidade de Nicholson evita que o personagem caia no exagero ou na paródia.
Ao dar vida à enfermeira Ratched, Louise Fletcher optou por não adotar a abordagem exagerada de transformar o personagem em uma megera. Em vez disso, ela retratou o adversário de McMurphy como uma mulher inflexível que acreditava no que estava fazendo. Justiça própria, não sadismo, é sua falha. Essa interpretação rendeu a Fletcher um Oscar também.
Apesar de ser a vilã do filme, Ratched não é inerentemente malévola. Ela é fria e sem emoção, mas acredita que o que está fazendo é para a melhoria dos pacientes. Ela é uma daquelas pessoas que faz coisas ruins enquanto pensa que está fazendo o bem. A narrativa dada às mulheres não é de muito orgulho se trazendo para os dias atuais. As mulheres de 'Um Estranho no Ninho' são neuróticas, ditadoras desmancha-prazeres (Ratched) ou absurdamente vazias e promíscuas (Candy e Rose) como se não houvesse nada a oferecer.
O final do filme é, sem surpresa, seu aspecto mais forte. O destino de McMurphy, apresentado de maneira tão intolerante, é como um soco no estômago, e o último ato verdadeiro de amizade demonstrado a ele por Chief traz uma lágrima aos olhos. Embora o filme não tenha envelhecido tão bem quanto alguns de seus contemporâneos, 'Um Estranho no Ninho' continua sendo um filme muito bom. Deixando as falhas do filme de lado, seus temas permanecem pertinentes, a história não perdeu nada de seu vigor e as performances mantêm seu frescor.
Os personagens Del e Grace são um contraste perfeito um para o outro. Ele é um cara ranzinza que se sentia muito mais sozinho antes que todos caíssem mortos de repente; ela é uma adolescente indisciplinada que está desesperada por companhia agora que todos os seus amigos se foram. Os dois formam um par enfadonho, apenas no final do filme a dinâmica entre eles começa a soar verdadeira.
Fanning é sempre "assistível", mas esse papel falha em subverter sua ingenuidade natural de uma forma interessante. O enredo obscurece seu passado na escuridão, aquela sensação de tristeza parece imerecida sempre que se insinua em seu presente. Grace tem bons motivos para estar triste, mas sua tristeza parece fabricada, em grande parte porque o roteiro de Mike Makowsky insiste que cada um de seus sobreviventes simplesmente diga um ao outro o que os motiva.
É difícil imaginar o que induziu o diretor Reed Morano a assumir um roteiro tão desprovido de surpresa, noções interessantes e cenas convincentes. O tédio se estende até mesmo à sua cinematografia, que é dominada pela luz soprada, detalhes indistintos e primeiros planos tão escuros que rostos e objetos em close-ups mal são visíveis contra fundos mais brilhantes.
Embora Morano e Makowsky exibam contenção admirável em se recusar a distribuir respostas insatisfatórias a perguntas desnecessárias sobre o apocalipse do filme, eles não empregam exatamente o cenário com muito propósito.
'Agora Estamos Sozinhos' é muito dramático, filosoficamente vazio e pouco provocativo na grande escala da ficção especulativa apocalíptica, esse indie de baixo orçamento é sombrio e monótono, deixando seu elenco talentoso perdido com poucas oportunidades de aliviar a sensação de estagnação.
Jakie Rabinowitz nasceu em uma tradicional família judaica. Os homens da casa têm o costume de cantar nas sinagogas há cinco gerações e esse é o destino que o pai de Jakie separou para ele. Porém, o jovem gosta de cantar jazz e por isso foge de casa. À medida que começa a fazer sucesso no cenário musical, Jackie passa a viver um conflito entre suas ambições e sua herança cultural familiar.
A tecnologia Vitaphone consistia em um disco que deveria ser reproduzido como um projetor exibia um filme, adicionando som à experiência. Vitaphone foi o último método de som em disco usado em Hollywood. Esse sistema foi amplamente considerado um grande avanço. O uso da tecnologia Vitaphone permitiu à Warner Bros., o estúdio proprietário, criar imagens sonoras memoráveis como 'O Cantor de Jazz'.
As canções do Vitaphoned e alguns diálogos foram introduzidos com habilidade. Isso em si é um movimento ambicioso, pois na expressão da música o Vitaphone vitaliza enormemente a produção. O diálogo não é tão eficaz, pois nem sempre capta as nuances da fala ou as inflexões da voz de forma que ninguém perceba as características mecânicas.
O enredo é poderoso porque é absurdamente melodramático: um severo cantor judeu ortodoxo (Warner Oland) quer que seu filho, Jakie Rabinowitz (Jolson), siga seus passos. Mas Jakie se revolta. Ele sai de casa, muda o nome de Jack Robin, consegue um grande show da Broadway e é violentamente rejeitado por seu pai. Jolson tem uma habilidade estranha de retratar as feridas dessa rejeição, especialmente quando Jack agarra a sua mãe (Eugenie Besserer) como recompensa.
Foi uma ideia feliz persuadir o Sr. Jolson a desempenhar o papel principal, pois poucos homens poderiam ter abordado a tarefa de cantar e atuar tão bem como ele neste filme. Al Jolson estrela, amplamente, como o filho do cantor dividido entre a tradição judaica e o seu sonho broadway.
Há alguns momentos em que o filme se arrasta, porque Alan Crosland, o diretor, deu muita filmagem à discussão e às tentativas do gerente teatral de persuadir Jack Robin a não permitir que o sentimento o influencie quando sua grande oportunidade está próxima. Também há momentos em que se esperaria que as partes do Vitaphoned fossem mais moderadas ou paradas conforme a câmera muda para outras cenas.
O filme é irregular e monótono até o momento mágico em que Jolson se vira para a câmera para anunciar: “Você ainda não ouviu nada”, uma frase tão carregada de ironia inconsciente que ainda causa alguns arrepios.
O diretor Alan Crosland colocou suas câmeras em locações no gueto judeu de Nova York em torno das ruas Hester e Orchard e depois ao longo do Great White Way of Broadway, mostrando os caminhos coloridos, divergentes e agora desaparecidos da vida do imigrante e do show business.
Al Jolson passa uma parte significativa de 'O Cantor de Jazz' com o rosto pintado de preto, sim o famoso blackface que era uma forma muito popular de entretenimento americano - para o público branco - muito antes de ser capturado na tela. Seu personagem rejeita os velhos hábitos em favor de uma nova forma de música exclusivamente americana: ele se torna um cantor de jazz e usa o blackface para assimilar-se ao jazz.
Jack pode erroneamente sentir que o blackface o conecta ao que ele acredita serem qualidades exclusivamente negras. Olhando-se no espelho com o rosto preto, Jack se conecta emocionalmente com seus desejos mais íntimos de uma forma que antes não conseguia.
Isso poderia fazer total sentido na época do filme, mas olhando com o contexto de sociedade e demografia em que eu vivo hoje, ao me deparar com essas cenas de 'O Cantor de Jazz', o que eu sinto é desprezo. É muito triste olhar para trás e ver manchas tão feias e dolorosas na história da humanidade.
'O Cantor de Jazz' está longe de ser um filme perfeito para mim. A sua importância histórica pesa muito mais pelos avanços tecnológicos do que pela sua forma artística. O filme não tem uma qualidade boa, mas oferece um melodrama sólido, filmado de maneira grosseira e cheio de conversa fiada. Ele tem um valor histórico, seja pela sua técnica e inovação ou seja pelo seu retrato de uma época muito racista.
O aspecto desta franquia que a tornou compulsivamente "assistível" se degradou com o tempo. Os dois primeiros filmes trouxeram um frescor a um gênero muitas vezes obsoleto trazendo um tom sardônico e caprichoso. As acrobacias, lutas e cenas de ação foram apresentadas com talento e estilo.
"John Wick 4: Baba Yaga" introduz vários novos personagens, inclusive a primeira hora poderia ser facilmente dispensada, e obviamente novas franquias. O filme dá chance para novos artistas se exibirem. Donnie Yen se posiciona como o contraponto perfeito para Reeves: apesar de uma motivação mal-humorada, mas primordial, Yen imbui a imagem com um senso bem-vindo de carisma, coração e alma.
A ação é estonteante como sempre, com cenários criativos, incluindo uma visão aérea de uma briga que se espalha por uma sucessão de salas e uma luta de tirar o fôlego entre carros em alta velocidade ao redor do Arco do Triunfo.
Logo após o lançamento do primeiro filme, Chad Stahelski revelou que havia planos para uma trilogia. Com o tempo, as crescentes proezas de bilheteria da franquia defenderam uma extensão dessa trilogia. Embora isso possa ter enriquecido os cofres de todos os envolvidos, definitivamente custou a narrativa, mais uma vez quando o filme sai das cenas de ação ele fica chato.
O adeus a essa franquia e ao personagem finalmente chegou. O filme implora para ser melhor refinado, para ser moldado em uma única peça, em vez de um monte de “coisas” individuais. Eu achei toda franquia mediana, mas eu gostei de acompanha-la, eu estou realmente otimista quanto ao futuro do multiverso Wick.
Este filme feito para a TV estrelado por ninguém menos que Patrick Stewart é a adaptação definitiva da história, o longa captura a obra original com precisão. De todas as coisas criadas com a temática natalina, nada incorpora mais a mensagem e a aparência do Natal do que o clássico imortal 'O Conto de Natal'.
Na questão da adaptação para a tela “mais fiel ao original”, 'Conto de Natal' de 1999 provavelmente é bem-sucedido. Depois de uma cena curta e não canônica logo no início do funeral de Marley, o filme rapidamente se encaixa na prosa original de Charles Dickens.
Entre p de fada e o andar pelas paredes, os efeitos especiais aqui são duvidosos e desajeitados, não envelhecendo bem ao tempo, mas a magia contida é muito eficaz.
A vibração da Inglaterra vitoriana é forte e os efeitos colaterais da industrialização estão sempre presentes na produção do filme. Há elegância nos cenários e escolhas de iluminação que estabelecem um tom forte desde o início.
Aquele visual úmido e invernal parece tão sombrio, que reflete o coração frio de Scrooge, funciona tão bem quando contrastado com o visual brilhante e nevado no final, quando Scrooge é redimido.
Quanto à atuação, todos os atores envolvidos fazem um trabalho fantástico, com exceção de algumas atuações instáveis dos filhos de Cratchit. Claro, o desempenho de destaque é do Patrick Stewart, que dá vida a Scrooge com tanta convicção e sinceridade, ao mesmo tempo em que equilibra o retrato da severidade implacável de Scrooge versus sua fragilidade emocional.
'Conto de Natal' de 1999 comete o erro em não deixar de lado a atmosfera de um filme natalino feito para TV, uma pena, pois o filme soube fazer uma boa adaptação da obra, dando o ar sombrio e pesado do livro, mas acertou ao oferecer um diferente Scrooge sem barba e careca.
Uma das mais populares obras literárias ganha mais uma adaptação cinematográfica. Muito mais selvagem, esta nova versão do diretor britânico Oliver Parker de 'O Retrato de Dorian Gray' reinterpretar o romance no qual se baseia.
A excelente trilha sonora sabe adicionar muito bem ao sabor misterioso geral do longa. A abordagem de Oliver Parker é sempre acentuar o visceral, seja nas gotas de tinta empastada aplicadas pelo retratista ou nas frequentes incursões voluptuosas de Dorian no mundo da sensualidade crua.
Na versão de 1945, estrelada por Hurd Hatfield, vimos a pintura apenas no final, presumivelmente para ficarmos surpresos com a representação repentina de um homem velho e feio. Na versão de Oliver Parker, as técnicas CGI são usadas em excesso, cada vez animado com mais e mais vermes se contorcendo, feridas aparecendo diante de nossos olhos.
No que diz respeito a adaptações da obra literária, esta não é a mais fiel, mas está entre as mais divertidas. O que o roteiro às vezes ousado de Toby Finlay traz uma mudança no tempo para que a história termine no início dos anos 1920. As recriações da Londres do final do século 19 e início do século 20 são impecáveis, o filme também traz com sua Londres muito mistério, sangue, sexo e nudez.
"O Retrato de Dorian Gray" vai além da obra, mostrando flashbacks de Dorian e sua infância brutalizada, vários assassinatos, fortes indícios de sadomasoquismo, encontros homossexuais e, talvez o mais divertido, um momento de relação sexual. com uma filha debutante, seguido de relação sexual com a mãe, enquanto a menina se esconde debaixo da cama.
A atuação de Firth eleva o filme e Oliver Parker mostra que não só tem uma mão hábil quando se trata de lidar com o diálogo de Wilde, mas também é adepto de desenvolver uma atmosfera cheia de suspense. "O Retrato de Dorian Gray" foge bastante do original de Wilde, mas apenas o atualizam a um nível que o público moderno e cansado poderá achar, de fato, decadente e ao mesmo perturbador.
Um batedor de carteiras está agindo em meio a multidão. Para evitar que seja pego, ele coloca uma carteira roubada no bolso do vagabundo, sem que ele perceba. Quando a polícia se afasta, o batedor volta para recuperar o dinheiro perdido. O vagabundo foge, tanto do batedor quanto da polícia, e acaba entrando sem querer no picadeiro de um circo local. Suas trapalhadas fazem enorme sucesso junto ao público, sem que ele perceba. O dono do circo resolveu então contratá-lo e fazer dele sua atração principal.
Charlie Chaplin era um perfeccionista em seus filmes e uma calamidade em sua vida privada. Essas duas características se chocaram enquanto ele fazia “O Circo”, um de seus filmes mais engraçados e certamente o mais problemático, um longa encantador que emergiu da turbulência.
O astro mais famoso de Hollywood, se casou com Lita Gray em 1924, que disse ter 16 anos, mas talvez tivesse 15. Ele soube que ela estava grávida enquanto produzia “O Circo” e depois que ela pediu o divórcio ameaçou fazer um escândalo, foi-lhe oferecido um grande acordo de US$ 600.000, enquanto o IRS determinava simultaneamente que ele devia US$ 1 milhão em impostos atrasados. Chaplin havia contratado a amiga de Lita, Merna Kennedy, como sua protagonista em “O Circo”; Lita os acusou de ter um caso, de fato ele teve um caso, mas foi a grande estrela Louise Brooks.
Calamidades também atingiram a produção do filme. A tenda do circo pegou fogo. Um rolo de filme acabou perdido. Seu perfeccionismo exigia 200 tomadas para uma cena difícil na corda bamba e a era do cinema falado estava chegando.
É interessante refletir sobre o quão inteligente o vagabundo realmente é, e o quanto ele entende as situações em que se encontra. Ele é uma espécie de tolo sagrado. Em “O Circo”, ele é contratado como palhaço por acidente, depois de se mostrar tão incompetente como proprietário que rouba o riso dos palhaços de verdade. Ele é a estrela do circo, mas precisa que isso lhe seja explicado por Merna, que interpreta a enteada maltratada do mestre de cerimônias. Ele não tem ideia do que o torna engraçado, nenhuma ideia clara de por que ele para de ser engraçado e geralmente parece o peão involuntário de eventos fora de sua compreensão.
“O Circo” é rico em piadas visuais. Ele abre com um cenário de batedor de carteiras complexo, continua com uma famosa perseguição pelos arredores do circo. Também há partes que mostram o timing perfeito de Chaplin, como quando ele causa estragos com os elaborados truques do mágico, cenas essas que trazem muita diversão.
O CGI não existia naquela época, o longa inclui uma cena de casa de espelhos na qual vários vagabundos, policiais e estranhos perseguem os reflexos uns dos outros, uma cena filmada com muita perfeição. Em outra cena o vagabundo se mostra preso em uma gaiola de leão real.
Os ângulos da câmera são muito bem usados nesta obra, nas cenas da sala de espelho, como para disfarçar a distância do solo, enquanto o vagabundo tenta se equilibrar em corda bamba. O filme é uma lembrança de uma época em que Chaplin e outras grandes estrelas (Fairbanks, Keaton, Lloyd) faziam suas próprias acrobacias e podiam ser vistos fazendo-as.
Chaplin era um artistas que dependiam do silêncio e o som era impotente para acrescentar alguma coisa. Devemos estar dispostos a visitá-lo. A incapacidade de admirar filmes mudos, assim como não gostar de preto e branco, é uma triste inadequação. Aqueles que rejeitam tais prazeres devem ter uma imaginação deficiente.
“John Wick 3: Parabellum” segue a mesma premissa básica dos filmes anteriores: John Wick (interpretado pelo chateado Keanu Reeves) atira na cabeça de vários capangas anônimos, e há muitas pessoas sendo baleadas na cabeça aqui. Cada tiro na cabeça tem suas próprias pequenas variações: pode ser precedido por uma luta no estilo judô, um chute na virilha, um soco, ou um tiro no peito.
O cinema de ação é uma das formas mais puras de cinema que existem, as coreografias de luta podem ser tão graciosas, complexas e exigentes quanto uma dança de balé. Em um nível de habilidade pura, “John Wick 3: Parabellum” é inquestionavelmente um ótimo filme de ação.
A sequência de luta de abertura é de longe a melhor e mais frenética que o filme tem a oferecer, enquanto Wick luta por segurança em Manhattan enquanto inúmeras gangues de assassinos saem da toca em sua perseguição.
O design de produção também não decepciona. Salpicos de neon e o design de produção realça o antigo. Anacronismos como táxis amarelos de décadas passadas e computadores dos anos 1970 são combinados com um arsenal de ponta de armas de alta tecnologia.
Quando o longa-metragem sai das cenas de ação e ilumina a teia de aranha do empreendimento criminoso que sustenta seu mundo, um tom um tanto blasé e chato se instala no filme como um soco surpresa. Keanu Reeves tem simpatia, mas sua atuação tem um tom estranho, se você tem a mesma opinião que eu de que a falta de expressão dele esconde um tédio impassível, “John Wick 3: Parabellum” não vai funcionar para você.
“John Wick 3: Parabellum” é um filme sobre cenas de ação, e não um filme sobre uma história que tem ação. As cenas de ação são inquestionáveis de boa, mas a história em si é chata e ver Keanu Reeves atuando sem vontade é desanimador.
“Órfãos da Tempestade”, originalmente uma peça francesa chamada 'Les Deux Orphelines' que estreou em janeiro de 1874, é um melodrama emocionante que apresentou não uma, mas duas jovens donzelas inocentes em perigo. D.W. Griffith se concentra nas duas principais personagens, Henriette e Louise, e dão a elas bastante tempo em tela, o que deixa o filme bastante meloso e chato.
Além do melodrama, o filme entrega cenas muito repetitivas e sequências exageradas também. O tempo de duração de “Órfãos da Tempestade” é incrivelmente longo, com duas horas e meia. O ritmo geral poderia ter sido muito melhor, embora a edição seja excelente, às vezes até impressionante.
Sempre ansioso para ajudar a edificar o público, o diretor estava particularmente interessado em um filme da Revolução Francesa por causa do fascínio e medo dos Estados Unidos pelo bolchevismo naquela época. O cenário da Revolução Francesa permitiu que o diretor recriasse eventos históricos famosos, e isso foi ótimo para o filme, pois esses momentos trazem ação, cortando a chatice do drama que o “Órfãos da Tempestade” apresenta. Lembrando que a Revolução nem está na peça original da qual o filme se baseia.
O diretor não poupou gastos em sua reprodução da Paris do século 18, projetado para ser uma superprodução, o longa-metragem contém cenários luxuosos recriando Versaille, Notre Dame e outros locais famosos, povoado com centenas de figurantes em trajes de época.
O cenário histórico arrebatador e as excelentes atuações, transformam “Órfãos da Tempestade” em uma maravilha técnica. Não é inovador, mas ainda assim, o design de produção é impressionante com cenários incríveis e muito realistas. Os figurinos também são lindos, e toda a ação do filme é muito bem executada.
“Você conhece essa história” são as primeiras palavras ditas em 'Victor Frankenstein' que deveriam ter sido levadas mais a sério pelos cineastas, que transformaram o conto bem trilhado de Mary Shelley, em um filme de ação e fantasia com um pouco de estilo steampunk extremamente frenético e irritante.
O filme articula bem a busca da ciência e o estudo da medicina como um empreendimento profundamente romântico e até sedutor. Victor e Igor só ficam felizes juntos quando ultrapassam os limites absolutos do progresso científico.
O roteiro de Max Landis é extremamente sábio e infinitamente alusivo. O Frankenstein aqui é de Mary Shelley, mas sua história de fundo inclui um irmão, Henry, que é o nome do personagem interpretado em 'Frankenstein' de James Whale de 1933. Um inspetor de polícia rastreando Victor e seu novo amigo recebe uma história de origem própria.
Ao longo do filme, muitos dos subenredos começam a ser deixados de lado, e o desenvolvimento da criação do monstro principal de Victor é praticamente ignorado enquanto o filme se apressa para um clímax bagunçado emocionalmente plano.
O roteiro abusa das doses constantes de tensão homoerótica que ele prepara para Victor e Igor; os dois chegam perto o suficiente para se beijar com frequência suficiente para que alguém se pergunte se uma cena de sexo poderia ter sido incluída em um rascunho anterior do roteiro, simplesmente irritante.
O diretor McGuigan merece algum crédito por criar uma Londres do século 19 fantástica com um pouco de estilo steampunk, mas juntar os toques modernos do filme com seu cenário de época, não foi uma boa escolha do diretor, e suas cenas de ação em particular deixam muito a desejar.
É inútil lamentar o fluxo interminável de remakes, reinicializações e adaptações Hollywoodianas baseado na história de Frankenstein. É melhor, em vez disso, esperar uma nova perspectiva e respeito pelo material de origem ou, pelo menos, uma compreensão firme do que tornou o material de origem um artefato duradouro da cultura pop.
Apesar de todo o entusiasmo desta produção em querer tentar, ainda que de maneira desesperada, trazer mais uma nova adaptação de Frankenstein, 'Victor Frankenstein' é uma bagunça e desnecessariamente barulhenta também.
O livro já pisou nos cinemas lá em 1970, e nesse mesmo ano a história chegava à televisão, em uma novela da TV Tupi. Ciente da ausência de 'Meu Pé de Laranja Lima' na cultura brasileira dos anos 2000, "Meu Pé de Laranja Lima" retorna ao cinema mais melancólico e completo.
Marcos Bernstein exalta a qualidade biográfica da obra original, colocando o autor como personagem também. É Vasconcelos (Caco Ciocler) que abre o filme, ao receber em casa o primeiro exemplar do livro, e dá início à narrativa que depois será conduzida pelo menino Zezé (João Guilherme Ávila).
A visão de Zezé sobre sua própria vida é o que importa nesta nova versão de "Meu Pé de Laranja Lima". Marcos Bernstein não se preocupa em explicar didaticamente a vida do personagem, e o universo de Zezé vai se desdobrando aos poucos.
"Meu Pé de Laranja Lima" tem uma realidade propositalmente anacrônica, onde convivem celulares e carros antigos, há um estranhamento temporal na nova versão do clássico infantil. Esse anacronismo proposital desloca no tempo a história, originalmente publicada em 1968 pelo escritor José Mauro de Vasconcelos.
Marcos Bernstein adapta fielmente a essência do livro de Vasconcelo, não transformando "Meu Pé de Laranja Lima" em um melodrama comercial, ou até mesmo um filme bobo infantil servindo-se das travessuras de Zezé como alívio cômico.
"Meu Pé de Laranja Lima" peca, no entanto, com o exagero da trilha sonora de Armand Amar, que de forma indicativa, orienta o espectador sobre os sentimentos de cada cena. "Meu Pé de Laranja Lima" não se trata de uma infância pobre cheia de fantasias, mas da lembrança dessa infância, onde imaginação e realidade se confundem.
“John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” foi dirigido por Chad Stahelski, que criou grande parte da ação acrobática em 'Matrix', continua fazendo um bom trabalhar em suas coreografias nas cenas de ação aqui, mas não dá para dizer o mesmo sobre o enredo.
John Wick passa o filme matando os bandidos ligados a clubes, então descobre que há uma recompensa de US$ 7 milhões por sua cabeça que, em uma cena divertida de Nova York, resulta em um alerta que inspira todo vagabundo e músico de rua a tentar matá-lo.
Para mim, Keanu Reeves continua sendo um uma escolha estranha, a sensação ao ver o ator trabalhando nesse filme, é de que ele simplesmente não acredita nele. “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” é o tipo de filme em que alguém te contrata para matar a irmã, depois tenta te matar porque você se recusou e depois tenta te matar porque você obedeceu. Talvez dê para entender um pouco porque Keanu Reeves soa tão fora de órbita.
A produção capricha em seus cenários e ambientes altamente estilizados: uma catacumba escura iluminada por fachos de luz e flashes; uma sala literal de espelhos iluminada por cores caleidoscópicas; uma estação de metrô toda branca decorada com respingos de sangue vermelho brilhante derramado por inúmeros atiradores mortos.
Wick de Reeves é indestrutível. Atingido no estômago, apunhalado na coxa, atropelado por três carros em três ocasiões distintas, ele se levanta, tira a poeira, recarrega e cambaleando um pouco, desfere ainda mais confusão, mas não se preocupe, ele usa o primeiro terno à prova de balas moderno do mundo, então, naturalmente, todos lhe dão a cortesia de não atirar no rosto dele.
Quando o filme faz uma pausa longa o suficiente para avançar a história, que muitas vezes comete o erro de demorar um pouco demais, felizmente, há um suprimento inesgotável de capangas para matar logo em seguida. Toda vez que “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” ameaçar atolar, você pode ter certeza de que logo haverá derramamento de sangue e ossos quebrados.
O primeiro filme era uma potente dose de filme B preso a algo semelhante à realidade. “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” é muito apaixonado por sua própria extravagância e caminha por um espaço vazio, Keanu Reeves volta invadindo covis de bandidos altamente protegidos e os mata derramando e espirrando muito sangue, em um história vazia, com absolutamente sem nada para acompanhar.
Com "Lírio Partido" o diretor D.W. Griffith, "limpa" um pouco a sua imagem após o lançamento dos seus dois últimos filmes, talvez ele possa ter entregue a primeira história de amor inter-racial do cinema, mas sem abandonar as suas controvérsias. "Lírio Partido" por mais ingênuo que ele possa parecer, é um longa-metragem xenófobo.
Em vez de usar um ator chinês real para o papel principal, D.W. Griffith escalou Richard Barthelmess como o sacerdote budista, há um uso pesado de maquiagem no rosto do ator para ele parecer ainda mais chinês. O filme foi primeiro conhecido como 'The Yellow Man and the Girl' ('O Homem Amarelo e a Garota'). Além disso, os intertítulos frequentemente exibem palavras como “chink” e “heathen” para se referir a Huan e outros imigrantes asiáticos, termos considerados racistas.
Lillian Gish disse a D.W. Griffith que ela era muito velha para interpretar uma jovem garota em "Lírio Partido", e talvez ela fosse. Nascida em 1896, ela tinha 23 anos quando o diretor preparou essa produção em 1919. Griffith queria uma estrela, e Gish era isso. Incrivelmente, em uma época em que os atores mudos nunca paravam de trabalhar, este foi seu 64º filme.
A narrativa do longa-metragem é uma reminiscência de uma tragédia de Shakespeare, com laços significativos com “Romeu e Julieta’. No entanto, D.W. Griffith usa o tema complexo e controverso das relações raciais para preparar o cenário para sua trágica história de amor. Lembrando que o casamento entre as raças era um crime em 1919.
Griffith filmou "Lírio Partido" quase inteiramente em sets, criando uma atmosfera nebulosa à beira do rio para sugerir vidas escondidas. O quarto de Cheng é um refúgio no andar de cima de sua loja. Lucy e Battling moram em uma sala sem janelas, onde ele se senta à mesa, devorando suas refeições e bebendo, enquanto ela se encolhe em um canto.
O diretor usa cores para aprimorar o estilo visual do filme e enfatizar certos elementos narrativos. "Lírio Partido" geralmente é tingido de verde durante as cenas ao ar livre e azul durante as cenas noturnas ao ar livre. Em uma cena, a tonalidade vermelha significa a iluminação de uma lâmpada. A encenação e a iluminação do filme são bastante normais para a era do cinema mudo.
A relação entre Huan e Lucy é muito comovente, porém extremamente melodramática. Além disso, a representação de Donald Crisp do pai bêbado e abusivo faz dele o antagonista perfeito. O personagem de Huan é muito simpático, apesar dos pesares. No geral, é um filme muito bom e um excelente exemplo da capacidade de D.W. Griffith de criar uma narrativa coesa sem a ajuda do som, apesar de extremamente racistas.
"John Wick: De Volta ao Jogo" pouco acrescenta ao gênero thriller de vingança, exceto por algumas fotos elegantes. As primeiras vezes que vemos um ângulo de câmera inteligente é ligeiramente impressionante. Quando a mesma tomada é repetida monotonamente ao longo do filme, é um dos muitos aspectos irritantes deste filme estupidamente violento.
Keanu Reeves interpreta John Wick, um homem de poucas palavras e muitas armas. Quando o conhecemos, ele está de luto por sua esposa (Bridget Moynahan), que morreu de uma doença não especificada. Eu entendo que o personagem está afundado em tristeza e cansado após uma vida inteira dedicada ao crime, mas a atuação de Keanu Reeves é desanimadora.
Os cineastas Chad Stahelski e David Leitch, fizeram seus nomes como dublês e coordenadores de filmes de ação. A luta, o tiro e a direção são filmados com clareza, a ação é fácil de acompanhar e é difícil encontrar falhas em "John Wick: De Volta ao Jogo", o longa é como um exercício de coreografia e edição.
"John Wick: De Volta ao Jogo" tem uma ideia, até certo ponto curiosa, o longa flerta um pouco com o absurdo e a comédia, mas ele sempre cai em um tom sério demais, o que na minha opinião foi uma escolha não muito certeira. O longa poderia ter se levado menos a sério e abusado um pouco da comédia para ficar ainda mais interessante.
Sem qualquer humanidade reconhecível para seus personagens, "John Wick: De Volta ao Jogo" permanece uma peça descartável de fantasia de vingança violenta, não há nada de novo ou de impressionante neste longa, mas os amantes de filmes de ação vão gostar muito das cenas bem coreografadas e editadas.
Para quem conhece o diretor D. W. Griffith pelos seus mais famosos filmes, talvez vá se surpreender com “Susie, o Coração Puro”. Esse longa-metragem não tem ação e você descobrirá que é um filme sincero, profundo e verdadeiro de uma forma que os filmes raramente fazem, mas extremamente melodramático e um pouco bobo.
A atuação é muito boa e fundamental para “Susie, o Coração Puro”. Bobby Harron, faz um trabalho maravilhoso ao interpretar um jovem sincero e ingênuo que é enganado por uma mulher superficial. Ele tem um rosto extremamente sensível e quando você olha para ele, parece ser capaz de ver sua alma. Harron vai de um jovem desajeitado e sorridente, a um ministro autoconfiante. Tudo, incluindo a linguagem corporal mais sutil, nos convence de que seu personagem realmente passou de menino para homem.
Lillian Gish interpreta uma garota tímida e simples. Sua personagem passa para uma transformação gradual e a atriz consegue isso notavelmente bem, gradualmente acentuando suas melhores características.
Oscilando um pouco em seu ritmo, a obra é filmada com uma beleza excepcional, “Susie, o Coração Puro” é como uma carta de amor para os super românticos. A história em si é aquela que abrange todos os elementos de uma comédia romântica, para quem não curte muito o gênero, vai achar esse longa-metragem meloso e cansativo.
Amplamente considerado como um dos maiores filmes mudos já feitos, "A Paixão de Joana d'Arc" dirigido por Carl Theodor Dreyer, quase se perdeu na história. Polêmico na época em foi lançado, o filme foi criticado pela Igreja Católica, censurado por vários órgãos governamentais e até banido na Grã-Bretanha.
Pior ainda, o negativo master foi destruído em um incêndio, forçando o diretor a montar uma segunda versão do filme composta de tomadas alternativas e cenas não utilizadas, editadas o mais próximo possível da primeira versão. O negativo foi então destruído em um segundo incêndio e as impressões de lançamento sobreviventes foram submetidas a pesada edição e alteração nas mãos de censores e esforços de restauração equivocados.
Carl Theodor Dreyer foi para o túmulo acreditando que sua versão pretendida do filme havia se perdido para sempre. Por uma providência divina, em 1981 uma impressão completa da primeira versão não censurada do filme de Dreyer foi descoberta escondida em um armário de armazenamento em uma instituição mental em Oslo, Noruega. Essa impressão se tornou a base para uma das ressurreições mais importantes da história do cinema.
Você não pode conhecer a história do cinema mudo a menos que conheça o rosto de Renée Maria Falconetti. Em um meio sem palavras, onde os cineastas acreditavam que a câmera captava a essência dos personagens através de seus rostos, ver Falconetti nesse filme é olhar em olhos que nunca vão te abandonar. Esse foi o único filme que a atriz fez e é uma das melhores atuações que existe até os dias de hoje. Ela era uma atriz em Paris quando foi vista no palco de um pequeno teatro boulevard por Carl Theodor Dreyer. O diretor fez testes de tela sem maquiagem e encontrou o que procurava, uma mulher que personificava a simplicidade, o caráter e o sofrimento.
“A Paixão de Joana d'Arc” foi todo filmado em closes e tomadas médias. Os close-ups constantes criam uma intimidade temerosa sobrecarregando as defesas do espectador. Todos os rostos dos inquisidores são filmados sob luz forte, sem maquiagem, de modo que as fendas e falhas da pele parecem refletir uma vida interior doentia.
Sem as convenções de continuidade, o tempo no longa-metragem torna-se irreal. O julgamento parece ocorrer em um único dia, mas também pode ter ocorrido por muitos dias. Carl Theodor Dreyer queria evitar as tentações pitorescas de um drama histórico. Não há cenário aqui, além de paredes e arcos. Nada foi colocado para parecer bonito. As capelas, as casas e o pátio eclesiástico foram construídos com uma estranha geometria em que janelas e portas criam harmonias visuais discordantes (o filme foi feito no auge do expressionismo alemão e da vanguarda francesa).
“A Paixão de Joana d'Arc” é um filme com coisas ferozmente pertinentes a dizer sobre uma França que o atual Papa ainda descreve como a "filha mais velha da Igreja" e sobre a proximidade da morte em todas as nossas vidas. O longa-metragem é um dos poucos filmes que transforma o público em testemunha ou congregante de um evento espiritual extraordinário.
"O Rio do Desejo" é um verdadeiro dramalhão novelesco amazônico com imagens bonitas da região. O filme é baseado no conto “O Adeus do Comandante”, do amazonense Milton Hatoum. O filme é lento no começo, deixando que os personagens afloram os desejos que a trama exige que sejam evocados.
A lentidão da trama logo é tomada por uma rapidez de exposição do final. O ritmo do filme é conflitante, assim que o confronto é estabelecido o filme acelera demais. Ao terminar "O Rio do Desejo" tive aquela sensação de que ficou faltando algo.
O enredo do longa-metragem nacional se apropria de um tema batido que são os dramas fraternais. Os personagens são parentes diretos em confronto por um reconhecimento, um sentimento e uma paixão. O que me fez pensar em já ter visto essa história antes.
O grande conflito, que é a traição entre os três personagens, tem seu tom pintado logo no começo e é apontado em todos os lugares. Nas cores na única roupa pertencente à mãe, a visita ao sítio e a foto onipresente do pai deles, tudo aponta para o grande confronto. Eu achei que isso enfraqueceu muito a trama e a deixou repetitiva também.
Os personagens do longa-metragem se perdem no genérico e sem tridimensionalidade. O trio de atores fazem um bom trabalho juntos, a dinâmica do elenco deixa os sentimentos mais vividos na tela. Sophie Charlotte poderia ter uma personagem com mais profundidade, além de uma mulher a ser conquistada, e atriz conseguiria entregar mais se lhe dessem mais. Daniel de Oliveira e Gabriel Leone dominam as atenções.
A fotografia de Sergio Teijillo é bonita, ele soube captar a exuberância da geografia amazônica e sua intensa beleza. Sérgio Machado entrega uma produção que mostra as belezas da Amazônia e sentimentos críveis à flor da pele, mas também entrega um melodrama batido composto por personagens rasos e genéricos.
Algumas emoções e temas convincentes são sugeridos, mas raramente bem expressos em "Nimona", uma fantasia de ficção científica animada, às vezes fofa, baseado na HQ de mesmo nome de ND Stevenson. O filme começa muito bem e prometendo muito, mas depois cai na mesmice.
Essa animação parece mais uma lista dramatizada de tiques estilísticos e batidas emocionais dos maiores sucessos dos estúdios de animação da Pixar e da DreamWorks. Há alguns trocadilhos levemente simpáticos para os adultos se divertirem um pouco também, piadas bobas e um monte de declamação raivosa sobre questionar a autoridade, ser fiel a si mesmo e outros clichês batidos.
A animação, no que está começando a parecer um estilo Netflix, tem personagens com traços nítidos, cenários com bordas angulares, uma paleta de cores distinta (estilo "Klaus" outro da Netflix). Várias expressões faciais dos personagens principais parecem mais um mimetismo obediente do que um veículo conveniente para suas emoções.
O longa-metragem tem um bom material em mãos, mas entrega um filme muito barulhento e agitado. A história poderia ter sido menos. Ainda assim, essa animação Netflix tem uma emoção genuína, ela começa e termina muito bem, mas o seu recheio é uma bagunça barulhenta desnecessária.
Contos de Natal, O Musical
4.3 17'Contos de Natal, O Musical' recria uma Londres do século XIX impressionante considerando o orçamento limitado de uma produção televisiva, partindo deste ponto de vista, o longa-metragem ganha alguns pontos, mas não o suficiente para se tornar um bom filme.
As performances são fracas e caricatas. O elenco tenta dar vida a vários grandes números de dança sem energia, e também tenta dar alma a trilha sonora de Alan Menken, que os deixam cantarolando melodias repetidas e chatas.
A obra original traz um pouco do terror e do medo, que em algumas vezes é deixado um pouco de lado pelas adaptações, sentimentos que no final da história, contrasta muito com a misericórdia dada ao Scrooge. Em 'Contos de Natal, O Musical', eu senti falta do desespero e da real intensidade que a história exige para a grande transformação do personagem.
Eu não preciso me esticar muito sobre o que eu achei do filme, pois eu não gostei nadinha dele. A produção em seu total massacrou este belo clássico o deixando quase irreconhecível. Eu acredito que 'Contos de Natal, O Musical' seja a pior versão que já conferi, esse filme é uma verdadeira bagunça desajeitada.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraO título da versão do diretor Francis Ford Coppola, indica uma estratégia de marketing baseada, não apenas em calafrios e caos, mas também em respeito pela reputação literária e fidelidade à obra original. 'Drácula de Bram Stoker' fica bem próximo do enredo do romance, com seus detalhes da vida do final do século 19, juntamente com explosões de sangue no estilo do final do século 20.
A versão original de Stoker é uma visão infantil vitoriana do amor como uma história de terror marcante. O diretor apresenta ao público uma visão do tipo conto de fadas, uma espécie de história infantil com presas.
Francis Ford Coppola ressuscita uma série de convenções cinematográficas de anos passados, complementando efeitos especiais de alta tecnologia com truques de câmera antiquados que evocam a atmosfera de magia, o que para mim soou estranho, é difícil aceitar a proposta de visão do diretor.
Quanto ao perverso Drácula, Gary Oldman o interpreta soberbamente, passando do hediondo ao hilário com uma facilidade incrível. Anthony Hopkins causa uma impressão igualmente forte como Van Helsing, o caçador de vampiros e Tom Waits merece um aceno de cabeça por sua interpretação de Renfield, o lunático.
Francis Ford Coppola e sua equipe de produção entregam um visual com uma paleta de cores vibrantes, que trazem o fantástico e reforçam o obscuro. Eiko Ishioka é um artista japonês que desenhou magníficos figurinos, e fez um trabalho incrível. Thomas Sanders, que desenhou os cenários, também faz um trabalho fantástico ao contar essa história visualmente.
‘Drácula’ é um filme bonito de se assistir, é um verdadeiro espetáculo, mas o diretor Francis Ford Coppola entrega uma obra muito estranha, os elementos não parecem se misturar bem.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraO filme começa de maneira bastante promissora, em uma sequência estendida em que Sandra Bullock e Sarah Paulson, habilmente escalados como irmãs, trocam diálogos farpados no caminho para uma consulta médica, é quando no caminho, motoristas e pedestres aleatórios começam a cometer suicídio em massa ao seu redor.
O elenco de 'Caixa de Pássaros' é muito grande para se desenvolver totalmente em algumas horas, mas o roteirista Eric Heisserer tenta mesmo assim, escrevendo personagens unidimensionais e monólogos que sugerem histórias de fundo mais longas e mais satisfatórias do que as mostradas em tela.
O horror está no desconhecido, o medo se encontra em não poder ver. A diretora Susanne Bier sabiamente evita revelar a ameaça, mas é inevitavelmente forçada a dar a ela algum tipo de manifestação. As escolhas são do tipo: folhas rodopiantes ou sussurros distorcidos. Escolhas que são decepcionantemente arrancadas diretamente de algum manual de "Como fazer um Filme de Horror".
Sandra Bullock exala uma autenticidade corajosa que faz valer a pena seguir Malorie. 'Caixa de Pássaros' quer dizer algo significativo sobre o poder da maternidade. Nos flashbacks, Malorie expressa ambivalência sobre ter um filho, a atriz vencedora do Oscar puxa nossas cordas do coração enquanto luta para proteger suas crianças.
O filme é um terror pós-apocalíptico, com momentos de intensa violência e elementos que lembram outros filmes. A falha mais significativa de 'Caixa de Pássaros', é que o longa é muito inerte e sem foco para funcionar como terror de ficção científica.
'Caixa de Pássaros' é surpreendentemente simplista em suas correntes temáticas, à medida que avança, começa a parecer que não está totalmente certo do que está tentando fazer. O filme é uma experiência curiosamente vazia, ainda assim, é divertido o suficiente para valer a pena assistir.
Frankenstein
3.9 285 Assista AgoraA Universal Pictures está viva até hoje por causa dos filmes de monstros. Em 1930, a Universal perdeu muito dinheiro em receitas. Então, em fevereiro de 1931, 'Drácula' foi lançado e faturou muito para os estúdios naquele ano. Ficou claro para o produtor da Universal, Carl Laemmle Jr., que os filmes de terror eram o que o público queria. Em novembro do mesmo ano, 'Frankenstein' foi lançado.
O diretor James Whale fez um ótimo trabalho em sua direção. Isso não é uma coisa fácil de dirigir. A adaptação para a tela de tal história foi obviamente uma tarefa de extrema dificuldade. Cada quadro de 'Frankenstein' exibe a atenção do diretor aos detalhes. Embora alguns aspectos da produção possam parecer antiquados para o público de hoje, há uma aura assustadora que poucos filmes de hoje não conseguem alcançar.
O desempenho do ator Boris Karlofff é excepcional, movendo-se de maneira tão rígida e pesada. Ele também é capaz de transmitir a simplicidade infantil da mente do monstro. Ele tem tão pouco diálogo além de algumas palavras, mas faz você simpatizar com o ser através de seu rosto e dos sons.
O 'Frankenstein' de James Whale não é tanto baseado no livro quanto nas inúmeras peças teatrais que foram produzidas após o sucesso do conto gótico de ciência e horror de Mary Shelley. O livro aborda muitas das mazelas existenciais do homem em relação ao conceito de Deus. O filme acaba falando de forma muito leve sobre esses elementos e escolhe acentuar o melodrama da história de Mary Shelley.
A fotografia é esplêndida aqui, talvez a última palavra em engenhosidade, grande parte do longa se passa no escuro no período noturno, há bom uso da iluminação e ótimas manipulações de sombras para intensificar a atmosfera fantasmagórica de 'Frankenstein'. Outra área em que o filme se destaca é na maquiagem. Fica claro imediatamente por que o monstro de 'Frankenstein' é uma figura tão icônica do cinema. O design simples e perfeito da criatura é muito satisfatório.
'Frankenstein' deixa um pouco de lado a obra pela qual se baseia, e abusa do seu drama. Para quem leu o livro, assim como eu, pode ficar um pouco desapontado, mas o filme ainda sim, é uma obra que vale a pena ser visitada. Aproveitando o que estava dando dinheiro aos estúdios naquela época, 'Frankenstein' acaba sendo mais comercialmente elegante do que uma obra prima do terror.
O Conto de Natal dos Muppets
3.5 20 Assista AgoraO primeiro longa-metragem Muppet desde a trágica morte de Jim Henson em 1990, 'Um Conto de Natal dos Muppets' é uma mistura de humor. A melancolia da fábula sazonal frequentemente filmada de Dickens entra em conflito com os Muppets com sua amável anarquia habitual.
Na obra original, os espíritos do Natal passado foram projetados para transformar Scrooge de um velho rabugento em uma figura trágica. 'Um Conto de Natal dos Muppets' deixa um pouco a importância desses personagens, escolhendo um caminho mais superficial e não entregando um trabalho eficaz.
O filme poderia ter funcionado melhor se fosse um caso totalmente Muppet (talvez com Kermit como Scrooge). O roteiro também reduz muito as visitas noturnas, presumivelmente para evitar crianças chatas e outras com falta de atenção. Embora isso acelere o ritmo da história, a escolha acabou diminuindo o personagem de Scrooge.
O Scrooge dessa versão está indiscutivelmente entre as quatro ou cinco melhores interpretações de tela do infame avarento, mas forçá-lo a jogar contra os Muppets não apenas diminui seus esforços, mas reduz toda a produção ao nível da pantomima.
Os valores de produção são aparentemente altos, que entregam uma era Londres vitoriana aceitável. Brian Henson faz um trabalho de direção fluido, senão espetacular. As canções composta por Paul Williams são repetitivas e em alguns momentos deixam o filme chato. O final do filme é apressado entregando um final feliz forçado.
'Um Conto de Natal dos Muppets' não é terrível, mas é retumbantemente moderado, com canções meramente aceitáveis de Paul Williams e apenas risadas reais ocasionais. A evolução do personagem de Scrooge é insuficientemente temperada com alívio cômico. É o tipo de filme familiar de alto conceito que pode ser realizado a cada temporada de Natal.
Vidas Sem Rumo
3.8 259'Vidas Sem Rumo', a fiel versão cinematográfica de Francis Coppola do romance juvenil mais vendido de S.E. Hinton, é dedicado a bibliotecária de uma escola secundária na Califórnia. Foi a carta dela, acompanhada de uma petição do corpo estudantil, que fez o diretor considerar a obra literária como um projeto de filme.
S.E. Hinton ainda era uma adolescente quando escreveu o best-seller em meados da década de 1960. Seu cérebro não estava cheio de equívocos adultos, então ela não entrou naquelas confusas zonas cinzentas. Ótimo para ela, mas não para Coppola, que transforma essa história tão esperada em algo meio sem graça.
Se Francis Coppola estivesse menos apaixonado pela fonte, ele poderia ter prestado a 'Vidas Sem Rumo' um serviço inestimável ao fazer alguns reparos. Em vez de começar com os personagens e o cenário social de Hinton e depois preencher os elos perdidos de motivação e causalidade, Coppola se contenta em tratar o material como um texto sagrado, o longa é definitivamente uma adaptação feita ao pé da letra.
'Vidas Sem Rumo' é um filme profundamente estranho que dá aos bandidos dos anos 60 a personalidade de Ursinhos Carinhosos e os coloca sob constante ataque de mauricinhos em suéteres de cor pastel. O grande ponto do filme é humanizar esses estereótipos malvados, mas o longa não entrega densidade e profundidade nos personagens, deixando tudo meio estranho de assistir.
A única fonte de interesse do filme é seu elenco agora mega famoso: os sete Greasers dominaram os filmes dos anos 80. O protagonista é C. Thomas Howell como Ponyboy, seguido em importância por Ralph Macchio, Matt Dillon, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez, e em uma quase participação especial, Tom Cruise, que dá uma performance elegante e flexível.
'Vidas Sem Rumo' trata-se de um drama modesto das dificuldades adolescentes de um olhar adolescente. Francis Coppola entrega um filme sem ritmo, apressado e estranhamente editado. Talvez o longa seja levemente agradável para as crianças, mas faltou emoção aqui, o filme poderia simplesmente ter sido adaptado e não levado tão ao pé da letra.
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista AgoraKen Kesey, que escreveu o livro no qual a peça da Broadway de 1963 e o filme subsequente foram baseados, não gostou do roteiro creditado a Bo Goldman e Lawrence Hauben. Ele sentiu que estava muito longe do que havia escrito e se recusou a participar da divulgação do filme. 'Um Estranho no Ninho' se tornou um dos filmes mais celebrados da década de 1970, ganhando os "Cinco Grandes" Oscar (Ator, Atriz, Diretor, Filme e Roteiro) e sendo indicado a mais quatro.
Este foi o segundo filme em inglês do cineasta checo Milos Forman, que viria a ganhar dois Oscar e foi a imagem que o catapultou para a lista A dos diretores. Os aspectos negativos dos cuidados de saúde mental contestados por 'Um Estranho no Ninho' praticamente não existem mais hoje, mas os outros temas do filme são pertinentes. Abaixo da superfície, o filme é sobre as tentativas de uma força autocrática de esmagar o indivíduo.
O coletivo de homens inquietos torna o filme completamente dependente da relação entre o desempenho físico e o movimento sutil da câmera. Milos Forman permite que seus atores sejam consumidos, dando-lhes a liberdade para desenvolver atuações faciais e corporais, com expressões em camadas. Mas essas performances de método não seriam tão eficazes sem a câmera maravilhosamente fluida e móvel de Haskel Wexler, em uma perspectiva astuta, ele dá uma visão panorâmica, cobrindo cada confronto com incrível objetividade.
A única sequência do filme que provavelmente não funciona e parece fora do lugar, é aquela em que alguns consideram sua favorita. A sequência em questão é quando McMurphy foge e leva um grupo de pacientes mentais para uma pescaria. Milos Forman foi inicialmente contra a inclusão disso e teve que ser "convencido" pelos produtores Michael Douglas e Saul Zaentz. Acredito que seus primeiros instintos estavam corretos. Aqui, os pacientes da enfermaria são vistos não como indivíduos, mas como caricaturas "engraçadas", esta parte de 'Um Estranho no Ninho' parece forçada e artificial.
Jack Nicholson não foi a primeira escolha dos cineastas. Ele era o número três da lista, e a parte só foi oferecida depois que ela foi rejeitada por Gene Hackman e Marlon Brando. Em 1975, a estrela de Nicholson estava em ascensão. Para o ator, McMurphy seria o papel que deu o impulso final ao estrelato. 'Um Estranho no Ninho' levou à vitória inicial de Melhor Ator de Nicholson, a primeira de três (até agora). É uma performance de alto nível, com o artista trazendo humor e sentimento com McMurphy e mostrando que um homem sã, quando preso em uma enfermaria cheia de compatriotas loucos, pode facilmente enlouquecer.
McMurphy só pode ser descrito como uma força pura da natureza, um personagem quase além do bem e do mal, cuja simples presença provoca excitação e controvérsia. Você não consegue tirar os olhos dele, ainda assim, apesar de sua personalidade imensa, a habilidade de Nicholson evita que o personagem caia no exagero ou na paródia.
Ao dar vida à enfermeira Ratched, Louise Fletcher optou por não adotar a abordagem exagerada de transformar o personagem em uma megera. Em vez disso, ela retratou o adversário de McMurphy como uma mulher inflexível que acreditava no que estava fazendo. Justiça própria, não sadismo, é sua falha. Essa interpretação rendeu a Fletcher um Oscar também.
Apesar de ser a vilã do filme, Ratched não é inerentemente malévola. Ela é fria e sem emoção, mas acredita que o que está fazendo é para a melhoria dos pacientes. Ela é uma daquelas pessoas que faz coisas ruins enquanto pensa que está fazendo o bem. A narrativa dada às mulheres não é de muito orgulho se trazendo para os dias atuais. As mulheres de 'Um Estranho no Ninho' são neuróticas, ditadoras desmancha-prazeres (Ratched) ou absurdamente vazias e promíscuas (Candy e Rose) como se não houvesse nada a oferecer.
O final do filme é, sem surpresa, seu aspecto mais forte. O destino de McMurphy, apresentado de maneira tão intolerante, é como um soco no estômago, e o último ato verdadeiro de amizade demonstrado a ele por Chief traz uma lágrima aos olhos. Embora o filme não tenha envelhecido tão bem quanto alguns de seus contemporâneos, 'Um Estranho no Ninho' continua sendo um filme muito bom. Deixando as falhas do filme de lado, seus temas permanecem pertinentes, a história não perdeu nada de seu vigor e as performances mantêm seu frescor.
Agora Estamos Sozinhos
2.7 127 Assista AgoraOs personagens Del e Grace são um contraste perfeito um para o outro. Ele é um cara ranzinza que se sentia muito mais sozinho antes que todos caíssem mortos de repente; ela é uma adolescente indisciplinada que está desesperada por companhia agora que todos os seus amigos se foram. Os dois formam um par enfadonho, apenas no final do filme a dinâmica entre eles começa a soar verdadeira.
Fanning é sempre "assistível", mas esse papel falha em subverter sua ingenuidade natural de uma forma interessante. O enredo obscurece seu passado na escuridão, aquela sensação de tristeza parece imerecida sempre que se insinua em seu presente. Grace tem bons motivos para estar triste, mas sua tristeza parece fabricada, em grande parte porque o roteiro de Mike Makowsky insiste que cada um de seus sobreviventes simplesmente diga um ao outro o que os motiva.
É difícil imaginar o que induziu o diretor Reed Morano a assumir um roteiro tão desprovido de surpresa, noções interessantes e cenas convincentes. O tédio se estende até mesmo à sua cinematografia, que é dominada pela luz soprada, detalhes indistintos e primeiros planos tão escuros que rostos e objetos em close-ups mal são visíveis contra fundos mais brilhantes.
Embora Morano e Makowsky exibam contenção admirável em se recusar a distribuir respostas insatisfatórias a perguntas desnecessárias sobre o apocalipse do filme, eles não empregam exatamente o cenário com muito propósito.
'Agora Estamos Sozinhos' é muito dramático, filosoficamente vazio e pouco provocativo na grande escala da ficção especulativa apocalíptica, esse indie de baixo orçamento é sombrio e monótono, deixando seu elenco talentoso perdido com poucas oportunidades de aliviar a sensação de estagnação.
O Cantor de Jazz
3.4 70 Assista AgoraJakie Rabinowitz nasceu em uma tradicional família judaica. Os homens da casa têm o costume de cantar nas sinagogas há cinco gerações e esse é o destino que o pai de Jakie separou para ele. Porém, o jovem gosta de cantar jazz e por isso foge de casa. À medida que começa a fazer sucesso no cenário musical, Jackie passa a viver um conflito entre suas ambições e sua herança cultural familiar.
A tecnologia Vitaphone consistia em um disco que deveria ser reproduzido como um projetor exibia um filme, adicionando som à experiência. Vitaphone foi o último método de som em disco usado em Hollywood. Esse sistema foi amplamente considerado um grande avanço. O uso da tecnologia Vitaphone permitiu à Warner Bros., o estúdio proprietário, criar imagens sonoras memoráveis como 'O Cantor de Jazz'.
As canções do Vitaphoned e alguns diálogos foram introduzidos com habilidade. Isso em si é um movimento ambicioso, pois na expressão da música o Vitaphone vitaliza enormemente a produção. O diálogo não é tão eficaz, pois nem sempre capta as nuances da fala ou as inflexões da voz de forma que ninguém perceba as características mecânicas.
O enredo é poderoso porque é absurdamente melodramático: um severo cantor judeu ortodoxo (Warner Oland) quer que seu filho, Jakie Rabinowitz (Jolson), siga seus passos. Mas Jakie se revolta. Ele sai de casa, muda o nome de Jack Robin, consegue um grande show da Broadway e é violentamente rejeitado por seu pai. Jolson tem uma habilidade estranha de retratar as feridas dessa rejeição, especialmente quando Jack agarra a sua mãe (Eugenie Besserer) como recompensa.
Foi uma ideia feliz persuadir o Sr. Jolson a desempenhar o papel principal, pois poucos homens poderiam ter abordado a tarefa de cantar e atuar tão bem como ele neste filme. Al Jolson estrela, amplamente, como o filho do cantor dividido entre a tradição judaica e o seu sonho broadway.
Há alguns momentos em que o filme se arrasta, porque Alan Crosland, o diretor, deu muita filmagem à discussão e às tentativas do gerente teatral de persuadir Jack Robin a não permitir que o sentimento o influencie quando sua grande oportunidade está próxima. Também há momentos em que se esperaria que as partes do Vitaphoned fossem mais moderadas ou paradas conforme a câmera muda para outras cenas.
O filme é irregular e monótono até o momento mágico em que Jolson se vira para a câmera para anunciar: “Você ainda não ouviu nada”, uma frase tão carregada de ironia inconsciente que ainda causa alguns arrepios.
O diretor Alan Crosland colocou suas câmeras em locações no gueto judeu de Nova York em torno das ruas Hester e Orchard e depois ao longo do Great White Way of Broadway, mostrando os caminhos coloridos, divergentes e agora desaparecidos da vida do imigrante e do show business.
Al Jolson passa uma parte significativa de 'O Cantor de Jazz' com o rosto pintado de preto, sim o famoso blackface que era uma forma muito popular de entretenimento americano - para o público branco - muito antes de ser capturado na tela. Seu personagem rejeita os velhos hábitos em favor de uma nova forma de música exclusivamente americana: ele se torna um cantor de jazz e usa o blackface para assimilar-se ao jazz.
Jack pode erroneamente sentir que o blackface o conecta ao que ele acredita serem qualidades exclusivamente negras. Olhando-se no espelho com o rosto preto, Jack se conecta emocionalmente com seus desejos mais íntimos de uma forma que antes não conseguia.
Isso poderia fazer total sentido na época do filme, mas olhando com o contexto de sociedade e demografia em que eu vivo hoje, ao me deparar com essas cenas de 'O Cantor de Jazz', o que eu sinto é desprezo. É muito triste olhar para trás e ver manchas tão feias e dolorosas na história da humanidade.
'O Cantor de Jazz' está longe de ser um filme perfeito para mim. A sua importância histórica pesa muito mais pelos avanços tecnológicos do que pela sua forma artística. O filme não tem uma qualidade boa, mas oferece um melodrama sólido, filmado de maneira grosseira e cheio de conversa fiada. Ele tem um valor histórico, seja pela sua técnica e inovação ou seja pelo seu retrato de uma época muito racista.
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 695 Assista AgoraO aspecto desta franquia que a tornou compulsivamente "assistível" se degradou com o tempo. Os dois primeiros filmes trouxeram um frescor a um gênero muitas vezes obsoleto trazendo um tom sardônico e caprichoso. As acrobacias, lutas e cenas de ação foram apresentadas com talento e estilo.
"John Wick 4: Baba Yaga" introduz vários novos personagens, inclusive a primeira hora poderia ser facilmente dispensada, e obviamente novas franquias. O filme dá chance para novos artistas se exibirem. Donnie Yen se posiciona como o contraponto perfeito para Reeves: apesar de uma motivação mal-humorada, mas primordial, Yen imbui a imagem com um senso bem-vindo de carisma, coração e alma.
A ação é estonteante como sempre, com cenários criativos, incluindo uma visão aérea de uma briga que se espalha por uma sucessão de salas e uma luta de tirar o fôlego entre carros em alta velocidade ao redor do Arco do Triunfo.
Logo após o lançamento do primeiro filme, Chad Stahelski revelou que havia planos para uma trilogia. Com o tempo, as crescentes proezas de bilheteria da franquia defenderam uma extensão dessa trilogia. Embora isso possa ter enriquecido os cofres de todos os envolvidos, definitivamente custou a narrativa, mais uma vez quando o filme sai das cenas de ação ele fica chato.
O adeus a essa franquia e ao personagem finalmente chegou. O filme implora para ser melhor refinado, para ser moldado em uma única peça, em vez de um monte de “coisas” individuais. Eu achei toda franquia mediana, mas eu gostei de acompanha-la, eu estou realmente otimista quanto ao futuro do multiverso Wick.
Conto de Natal
3.4 11Este filme feito para a TV estrelado por ninguém menos que Patrick Stewart é a adaptação definitiva da história, o longa captura a obra original com precisão. De todas as coisas criadas com a temática natalina, nada incorpora mais a mensagem e a aparência do Natal do que o clássico imortal 'O Conto de Natal'.
Na questão da adaptação para a tela “mais fiel ao original”, 'Conto de Natal' de 1999 provavelmente é bem-sucedido. Depois de uma cena curta e não canônica logo no início do funeral de Marley, o filme rapidamente se encaixa na prosa original de Charles Dickens.
Entre p de fada e o andar pelas paredes, os efeitos especiais aqui são duvidosos e desajeitados, não envelhecendo bem ao tempo, mas a magia contida é muito eficaz.
A vibração da Inglaterra vitoriana é forte e os efeitos colaterais da industrialização estão sempre presentes na produção do filme. Há elegância nos cenários e escolhas de iluminação que estabelecem um tom forte desde o início.
Aquele visual úmido e invernal parece tão sombrio, que reflete o coração frio de Scrooge, funciona tão bem quando contrastado com o visual brilhante e nevado no final, quando Scrooge é redimido.
Quanto à atuação, todos os atores envolvidos fazem um trabalho fantástico, com exceção de algumas atuações instáveis dos filhos de Cratchit. Claro, o desempenho de destaque é do Patrick Stewart, que dá vida a Scrooge com tanta convicção e sinceridade, ao mesmo tempo em que equilibra o retrato da severidade implacável de Scrooge versus sua fragilidade emocional.
'Conto de Natal' de 1999 comete o erro em não deixar de lado a atmosfera de um filme natalino feito para TV, uma pena, pois o filme soube fazer uma boa adaptação da obra, dando o ar sombrio e pesado do livro, mas acertou ao oferecer um diferente Scrooge sem barba e careca.
O Retrato de Dorian Gray
3.2 1,5K Assista AgoraUma das mais populares obras literárias ganha mais uma adaptação cinematográfica. Muito mais selvagem, esta nova versão do diretor britânico Oliver Parker de 'O Retrato de Dorian Gray' reinterpretar o romance no qual se baseia.
A excelente trilha sonora sabe adicionar muito bem ao sabor misterioso geral do longa. A abordagem de Oliver Parker é sempre acentuar o visceral, seja nas gotas de tinta empastada aplicadas pelo retratista ou nas frequentes incursões voluptuosas de Dorian no mundo da sensualidade crua.
Na versão de 1945, estrelada por Hurd Hatfield, vimos a pintura apenas no final, presumivelmente para ficarmos surpresos com a representação repentina de um homem velho e feio. Na versão de Oliver Parker, as técnicas CGI são usadas em excesso, cada vez animado com mais e mais vermes se contorcendo, feridas aparecendo diante de nossos olhos.
No que diz respeito a adaptações da obra literária, esta não é a mais fiel, mas está entre as mais divertidas. O que o roteiro às vezes ousado de Toby Finlay traz uma mudança no tempo para que a história termine no início dos anos 1920. As recriações da Londres do final do século 19 e início do século 20 são impecáveis, o filme também traz com sua Londres muito mistério, sangue, sexo e nudez.
"O Retrato de Dorian Gray" vai além da obra, mostrando flashbacks de Dorian e sua infância brutalizada, vários assassinatos, fortes indícios de sadomasoquismo, encontros homossexuais e, talvez o mais divertido, um momento de relação sexual. com uma filha debutante, seguido de relação sexual com a mãe, enquanto a menina se esconde debaixo da cama.
A atuação de Firth eleva o filme e Oliver Parker mostra que não só tem uma mão hábil quando se trata de lidar com o diálogo de Wilde, mas também é adepto de desenvolver uma atmosfera cheia de suspense. "O Retrato de Dorian Gray" foge bastante do original de Wilde, mas apenas o atualizam a um nível que o público moderno e cansado poderá achar, de fato, decadente e ao mesmo perturbador.
O Circo
4.4 228 Assista AgoraUm batedor de carteiras está agindo em meio a multidão. Para evitar que seja pego, ele coloca uma carteira roubada no bolso do vagabundo, sem que ele perceba. Quando a polícia se afasta, o batedor volta para recuperar o dinheiro perdido. O vagabundo foge, tanto do batedor quanto da polícia, e acaba entrando sem querer no picadeiro de um circo local. Suas trapalhadas fazem enorme sucesso junto ao público, sem que ele perceba. O dono do circo resolveu então contratá-lo e fazer dele sua atração principal.
Charlie Chaplin era um perfeccionista em seus filmes e uma calamidade em sua vida privada. Essas duas características se chocaram enquanto ele fazia “O Circo”, um de seus filmes mais engraçados e certamente o mais problemático, um longa encantador que emergiu da turbulência.
O astro mais famoso de Hollywood, se casou com Lita Gray em 1924, que disse ter 16 anos, mas talvez tivesse 15. Ele soube que ela estava grávida enquanto produzia “O Circo” e depois que ela pediu o divórcio ameaçou fazer um escândalo, foi-lhe oferecido um grande acordo de US$ 600.000, enquanto o IRS determinava simultaneamente que ele devia US$ 1 milhão em impostos atrasados. Chaplin havia contratado a amiga de Lita, Merna Kennedy, como sua protagonista em “O Circo”; Lita os acusou de ter um caso, de fato ele teve um caso, mas foi a grande estrela Louise Brooks.
Calamidades também atingiram a produção do filme. A tenda do circo pegou fogo. Um rolo de filme acabou perdido. Seu perfeccionismo exigia 200 tomadas para uma cena difícil na corda bamba e a era do cinema falado estava chegando.
É interessante refletir sobre o quão inteligente o vagabundo realmente é, e o quanto ele entende as situações em que se encontra. Ele é uma espécie de tolo sagrado. Em “O Circo”, ele é contratado como palhaço por acidente, depois de se mostrar tão incompetente como proprietário que rouba o riso dos palhaços de verdade. Ele é a estrela do circo, mas precisa que isso lhe seja explicado por Merna, que interpreta a enteada maltratada do mestre de cerimônias. Ele não tem ideia do que o torna engraçado, nenhuma ideia clara de por que ele para de ser engraçado e geralmente parece o peão involuntário de eventos fora de sua compreensão.
“O Circo” é rico em piadas visuais. Ele abre com um cenário de batedor de carteiras complexo, continua com uma famosa perseguição pelos arredores do circo. Também há partes que mostram o timing perfeito de Chaplin, como quando ele causa estragos com os elaborados truques do mágico, cenas essas que trazem muita diversão.
O CGI não existia naquela época, o longa inclui uma cena de casa de espelhos na qual vários vagabundos, policiais e estranhos perseguem os reflexos uns dos outros, uma cena filmada com muita perfeição. Em outra cena o vagabundo se mostra preso em uma gaiola de leão real.
Os ângulos da câmera são muito bem usados nesta obra, nas cenas da sala de espelho, como para disfarçar a distância do solo, enquanto o vagabundo tenta se equilibrar em corda bamba. O filme é uma lembrança de uma época em que Chaplin e outras grandes estrelas (Fairbanks, Keaton, Lloyd) faziam suas próprias acrobacias e podiam ser vistos fazendo-as.
Chaplin era um artistas que dependiam do silêncio e o som era impotente para acrescentar alguma coisa. Devemos estar dispostos a visitá-lo. A incapacidade de admirar filmes mudos, assim como não gostar de preto e branco, é uma triste inadequação. Aqueles que rejeitam tais prazeres devem ter uma imaginação deficiente.
John Wick 3: Parabellum
3.9 1,0K Assista Agora“John Wick 3: Parabellum” segue a mesma premissa básica dos filmes anteriores: John Wick (interpretado pelo chateado Keanu Reeves) atira na cabeça de vários capangas anônimos, e há muitas pessoas sendo baleadas na cabeça aqui. Cada tiro na cabeça tem suas próprias pequenas variações: pode ser precedido por uma luta no estilo judô, um chute na virilha, um soco, ou um tiro no peito.
O cinema de ação é uma das formas mais puras de cinema que existem, as coreografias de luta podem ser tão graciosas, complexas e exigentes quanto uma dança de balé. Em um nível de habilidade pura, “John Wick 3: Parabellum” é inquestionavelmente um ótimo filme de ação.
A sequência de luta de abertura é de longe a melhor e mais frenética que o filme tem a oferecer, enquanto Wick luta por segurança em Manhattan enquanto inúmeras gangues de assassinos saem da toca em sua perseguição.
O design de produção também não decepciona. Salpicos de neon e o design de produção realça o antigo. Anacronismos como táxis amarelos de décadas passadas e computadores dos anos 1970 são combinados com um arsenal de ponta de armas de alta tecnologia.
Quando o longa-metragem sai das cenas de ação e ilumina a teia de aranha do empreendimento criminoso que sustenta seu mundo, um tom um tanto blasé e chato se instala no filme como um soco surpresa. Keanu Reeves tem simpatia, mas sua atuação tem um tom estranho, se você tem a mesma opinião que eu de que a falta de expressão dele esconde um tédio impassível, “John Wick 3: Parabellum” não vai funcionar para você.
“John Wick 3: Parabellum” é um filme sobre cenas de ação, e não um filme sobre uma história que tem ação. As cenas de ação são inquestionáveis de boa, mas a história em si é chata e ver Keanu Reeves atuando sem vontade é desanimador.
Órfãs da Tempestade
3.8 33 Assista Agora“Órfãos da Tempestade”, originalmente uma peça francesa chamada 'Les Deux Orphelines' que estreou em janeiro de 1874, é um melodrama emocionante que apresentou não uma, mas duas jovens donzelas inocentes em perigo. D.W. Griffith se concentra nas duas principais personagens, Henriette e Louise, e dão a elas bastante tempo em tela, o que deixa o filme bastante meloso e chato.
Além do melodrama, o filme entrega cenas muito repetitivas e sequências exageradas também. O tempo de duração de “Órfãos da Tempestade” é incrivelmente longo, com duas horas e meia. O ritmo geral poderia ter sido muito melhor, embora a edição seja excelente, às vezes até impressionante.
Sempre ansioso para ajudar a edificar o público, o diretor estava particularmente interessado em um filme da Revolução Francesa por causa do fascínio e medo dos Estados Unidos pelo bolchevismo naquela época. O cenário da Revolução Francesa permitiu que o diretor recriasse eventos históricos famosos, e isso foi ótimo para o filme, pois esses momentos trazem ação, cortando a chatice do drama que o “Órfãos da Tempestade” apresenta. Lembrando que a Revolução nem está na peça original da qual o filme se baseia.
O diretor não poupou gastos em sua reprodução da Paris do século 18, projetado para ser uma superprodução, o longa-metragem contém cenários luxuosos recriando Versaille, Notre Dame e outros locais famosos, povoado com centenas de figurantes em trajes de época.
O cenário histórico arrebatador e as excelentes atuações, transformam “Órfãos da Tempestade” em uma maravilha técnica. Não é inovador, mas ainda assim, o design de produção é impressionante com cenários incríveis e muito realistas. Os figurinos também são lindos, e toda a ação do filme é muito bem executada.
Victor Frankenstein
3.0 424 Assista Agora“Você conhece essa história” são as primeiras palavras ditas em 'Victor Frankenstein' que deveriam ter sido levadas mais a sério pelos cineastas, que transformaram o conto bem trilhado de Mary Shelley, em um filme de ação e fantasia com um pouco de estilo steampunk extremamente frenético e irritante.
O filme articula bem a busca da ciência e o estudo da medicina como um empreendimento profundamente romântico e até sedutor. Victor e Igor só ficam felizes juntos quando ultrapassam os limites absolutos do progresso científico.
O roteiro de Max Landis é extremamente sábio e infinitamente alusivo. O Frankenstein aqui é de Mary Shelley, mas sua história de fundo inclui um irmão, Henry, que é o nome do personagem interpretado em 'Frankenstein' de James Whale de 1933. Um inspetor de polícia rastreando Victor e seu novo amigo recebe uma história de origem própria.
Ao longo do filme, muitos dos subenredos começam a ser deixados de lado, e o desenvolvimento da criação do monstro principal de Victor é praticamente ignorado enquanto o filme se apressa para um clímax bagunçado emocionalmente plano.
O roteiro abusa das doses constantes de tensão homoerótica que ele prepara para Victor e Igor; os dois chegam perto o suficiente para se beijar com frequência suficiente para que alguém se pergunte se uma cena de sexo poderia ter sido incluída em um rascunho anterior do roteiro, simplesmente irritante.
O diretor McGuigan merece algum crédito por criar uma Londres do século 19 fantástica com um pouco de estilo steampunk, mas juntar os toques modernos do filme com seu cenário de época, não foi uma boa escolha do diretor, e suas cenas de ação em particular deixam muito a desejar.
É inútil lamentar o fluxo interminável de remakes, reinicializações e adaptações Hollywoodianas baseado na história de Frankenstein. É melhor, em vez disso, esperar uma nova perspectiva e respeito pelo material de origem ou, pelo menos, uma compreensão firme do que tornou o material de origem um artefato duradouro da cultura pop.
Apesar de todo o entusiasmo desta produção em querer tentar, ainda que de maneira desesperada, trazer mais uma nova adaptação de Frankenstein, 'Victor Frankenstein' é uma bagunça e desnecessariamente barulhenta também.
Meu Pé de Laranja Lima
3.9 343O livro já pisou nos cinemas lá em 1970, e nesse mesmo ano a história chegava à televisão, em uma novela da TV Tupi. Ciente da ausência de 'Meu Pé de Laranja Lima' na cultura brasileira dos anos 2000, "Meu Pé de Laranja Lima" retorna ao cinema mais melancólico e completo.
Marcos Bernstein exalta a qualidade biográfica da obra original, colocando o autor como personagem também. É Vasconcelos (Caco Ciocler) que abre o filme, ao receber em casa o primeiro exemplar do livro, e dá início à narrativa que depois será conduzida pelo menino Zezé (João Guilherme Ávila).
A visão de Zezé sobre sua própria vida é o que importa nesta nova versão de "Meu Pé de Laranja Lima". Marcos Bernstein não se preocupa em explicar didaticamente a vida do personagem, e o universo de Zezé vai se desdobrando aos poucos.
"Meu Pé de Laranja Lima" tem uma realidade propositalmente anacrônica, onde convivem celulares e carros antigos, há um estranhamento temporal na nova versão do clássico infantil. Esse anacronismo proposital desloca no tempo a história, originalmente publicada em 1968 pelo escritor José Mauro de Vasconcelos.
Marcos Bernstein adapta fielmente a essência do livro de Vasconcelo, não transformando "Meu Pé de Laranja Lima" em um melodrama comercial, ou até mesmo um filme bobo infantil servindo-se das travessuras de Zezé como alívio cômico.
"Meu Pé de Laranja Lima" peca, no entanto, com o exagero da trilha sonora de Armand Amar, que de forma indicativa, orienta o espectador sobre os sentimentos de cada cena. "Meu Pé de Laranja Lima" não se trata de uma infância pobre cheia de fantasias, mas da lembrança dessa infância, onde imaginação e realidade se confundem.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
3.9 1,1K Assista Agora“John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” foi dirigido por Chad Stahelski, que criou grande parte da ação acrobática em 'Matrix', continua fazendo um bom trabalhar em suas coreografias nas cenas de ação aqui, mas não dá para dizer o mesmo sobre o enredo.
John Wick passa o filme matando os bandidos ligados a clubes, então descobre que há uma recompensa de US$ 7 milhões por sua cabeça que, em uma cena divertida de Nova York, resulta em um alerta que inspira todo vagabundo e músico de rua a tentar matá-lo.
Para mim, Keanu Reeves continua sendo um uma escolha estranha, a sensação ao ver o ator trabalhando nesse filme, é de que ele simplesmente não acredita nele. “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” é o tipo de filme em que alguém te contrata para matar a irmã, depois tenta te matar porque você se recusou e depois tenta te matar porque você obedeceu. Talvez dê para entender um pouco porque Keanu Reeves soa tão fora de órbita.
A produção capricha em seus cenários e ambientes altamente estilizados: uma catacumba escura iluminada por fachos de luz e flashes; uma sala literal de espelhos iluminada por cores caleidoscópicas; uma estação de metrô toda branca decorada com respingos de sangue vermelho brilhante derramado por inúmeros atiradores mortos.
Wick de Reeves é indestrutível. Atingido no estômago, apunhalado na coxa, atropelado por três carros em três ocasiões distintas, ele se levanta, tira a poeira, recarrega e cambaleando um pouco, desfere ainda mais confusão, mas não se preocupe, ele usa o primeiro terno à prova de balas moderno do mundo, então, naturalmente, todos lhe dão a cortesia de não atirar no rosto dele.
Quando o filme faz uma pausa longa o suficiente para avançar a história, que muitas vezes comete o erro de demorar um pouco demais, felizmente, há um suprimento inesgotável de capangas para matar logo em seguida. Toda vez que “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” ameaçar atolar, você pode ter certeza de que logo haverá derramamento de sangue e ossos quebrados.
O primeiro filme era uma potente dose de filme B preso a algo semelhante à realidade. “John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar” é muito apaixonado por sua própria extravagância e caminha por um espaço vazio, Keanu Reeves volta invadindo covis de bandidos altamente protegidos e os mata derramando e espirrando muito sangue, em um história vazia, com absolutamente sem nada para acompanhar.
Lírio Partido
4.0 97 Assista AgoraCom "Lírio Partido" o diretor D.W. Griffith, "limpa" um pouco a sua imagem após o lançamento dos seus dois últimos filmes, talvez ele possa ter entregue a primeira história de amor inter-racial do cinema, mas sem abandonar as suas controvérsias. "Lírio Partido" por mais ingênuo que ele possa parecer, é um longa-metragem xenófobo.
Em vez de usar um ator chinês real para o papel principal, D.W. Griffith escalou Richard Barthelmess como o sacerdote budista, há um uso pesado de maquiagem no rosto do ator para ele parecer ainda mais chinês. O filme foi primeiro conhecido como 'The Yellow Man and the Girl' ('O Homem Amarelo e a Garota'). Além disso, os intertítulos frequentemente exibem palavras como “chink” e “heathen” para se referir a Huan e outros imigrantes asiáticos, termos considerados racistas.
Lillian Gish disse a D.W. Griffith que ela era muito velha para interpretar uma jovem garota em "Lírio Partido", e talvez ela fosse. Nascida em 1896, ela tinha 23 anos quando o diretor preparou essa produção em 1919. Griffith queria uma estrela, e Gish era isso. Incrivelmente, em uma época em que os atores mudos nunca paravam de trabalhar, este foi seu 64º filme.
A narrativa do longa-metragem é uma reminiscência de uma tragédia de Shakespeare, com laços significativos com “Romeu e Julieta’. No entanto, D.W. Griffith usa o tema complexo e controverso das relações raciais para preparar o cenário para sua trágica história de amor. Lembrando que o casamento entre as raças era um crime em 1919.
Griffith filmou "Lírio Partido" quase inteiramente em sets, criando uma atmosfera nebulosa à beira do rio para sugerir vidas escondidas. O quarto de Cheng é um refúgio no andar de cima de sua loja. Lucy e Battling moram em uma sala sem janelas, onde ele se senta à mesa, devorando suas refeições e bebendo, enquanto ela se encolhe em um canto.
O diretor usa cores para aprimorar o estilo visual do filme e enfatizar certos elementos narrativos. "Lírio Partido" geralmente é tingido de verde durante as cenas ao ar livre e azul durante as cenas noturnas ao ar livre. Em uma cena, a tonalidade vermelha significa a iluminação de uma lâmpada. A encenação e a iluminação do filme são bastante normais para a era do cinema mudo.
A relação entre Huan e Lucy é muito comovente, porém extremamente melodramática. Além disso, a representação de Donald Crisp do pai bêbado e abusivo faz dele o antagonista perfeito. O personagem de Huan é muito simpático, apesar dos pesares. No geral, é um filme muito bom e um excelente exemplo da capacidade de D.W. Griffith de criar uma narrativa coesa sem a ajuda do som, apesar de extremamente racistas.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista Agora"John Wick: De Volta ao Jogo" pouco acrescenta ao gênero thriller de vingança, exceto por algumas fotos elegantes. As primeiras vezes que vemos um ângulo de câmera inteligente é ligeiramente impressionante. Quando a mesma tomada é repetida monotonamente ao longo do filme, é um dos muitos aspectos irritantes deste filme estupidamente violento.
Keanu Reeves interpreta John Wick, um homem de poucas palavras e muitas armas. Quando o conhecemos, ele está de luto por sua esposa (Bridget Moynahan), que morreu de uma doença não especificada. Eu entendo que o personagem está afundado em tristeza e cansado após uma vida inteira dedicada ao crime, mas a atuação de Keanu Reeves é desanimadora.
Os cineastas Chad Stahelski e David Leitch, fizeram seus nomes como dublês e coordenadores de filmes de ação. A luta, o tiro e a direção são filmados com clareza, a ação é fácil de acompanhar e é difícil encontrar falhas em "John Wick: De Volta ao Jogo", o longa é como um exercício de coreografia e edição.
"John Wick: De Volta ao Jogo" tem uma ideia, até certo ponto curiosa, o longa flerta um pouco com o absurdo e a comédia, mas ele sempre cai em um tom sério demais, o que na minha opinião foi uma escolha não muito certeira. O longa poderia ter se levado menos a sério e abusado um pouco da comédia para ficar ainda mais interessante.
Sem qualquer humanidade reconhecível para seus personagens, "John Wick: De Volta ao Jogo" permanece uma peça descartável de fantasia de vingança violenta, não há nada de novo ou de impressionante neste longa, mas os amantes de filmes de ação vão gostar muito das cenas bem coreografadas e editadas.
True Heart Susie
4.0 3Para quem conhece o diretor D. W. Griffith pelos seus mais famosos filmes, talvez vá se surpreender com “Susie, o Coração Puro”. Esse longa-metragem não tem ação e você descobrirá que é um filme sincero, profundo e verdadeiro de uma forma que os filmes raramente fazem, mas extremamente melodramático e um pouco bobo.
A atuação é muito boa e fundamental para “Susie, o Coração Puro”. Bobby Harron, faz um trabalho maravilhoso ao interpretar um jovem sincero e ingênuo que é enganado por uma mulher superficial. Ele tem um rosto extremamente sensível e quando você olha para ele, parece ser capaz de ver sua alma. Harron vai de um jovem desajeitado e sorridente, a um ministro autoconfiante. Tudo, incluindo a linguagem corporal mais sutil, nos convence de que seu personagem realmente passou de menino para homem.
Lillian Gish interpreta uma garota tímida e simples. Sua personagem passa para uma transformação gradual e a atriz consegue isso notavelmente bem, gradualmente acentuando suas melhores características.
Oscilando um pouco em seu ritmo, a obra é filmada com uma beleza excepcional, “Susie, o Coração Puro” é como uma carta de amor para os super românticos. A história em si é aquela que abrange todos os elementos de uma comédia romântica, para quem não curte muito o gênero, vai achar esse longa-metragem meloso e cansativo.
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraAmplamente considerado como um dos maiores filmes mudos já feitos, "A Paixão de Joana d'Arc" dirigido por Carl Theodor Dreyer, quase se perdeu na história. Polêmico na época em foi lançado, o filme foi criticado pela Igreja Católica, censurado por vários órgãos governamentais e até banido na Grã-Bretanha.
Pior ainda, o negativo master foi destruído em um incêndio, forçando o diretor a montar uma segunda versão do filme composta de tomadas alternativas e cenas não utilizadas, editadas o mais próximo possível da primeira versão. O negativo foi então destruído em um segundo incêndio e as impressões de lançamento sobreviventes foram submetidas a pesada edição e alteração nas mãos de censores e esforços de restauração equivocados.
Carl Theodor Dreyer foi para o túmulo acreditando que sua versão pretendida do filme havia se perdido para sempre. Por uma providência divina, em 1981 uma impressão completa da primeira versão não censurada do filme de Dreyer foi descoberta escondida em um armário de armazenamento em uma instituição mental em Oslo, Noruega. Essa impressão se tornou a base para uma das ressurreições mais importantes da história do cinema.
Você não pode conhecer a história do cinema mudo a menos que conheça o rosto de Renée Maria Falconetti. Em um meio sem palavras, onde os cineastas acreditavam que a câmera captava a essência dos personagens através de seus rostos, ver Falconetti nesse filme é olhar em olhos que nunca vão te abandonar. Esse foi o único filme que a atriz fez e é uma das melhores atuações que existe até os dias de hoje. Ela era uma atriz em Paris quando foi vista no palco de um pequeno teatro boulevard por Carl Theodor Dreyer. O diretor fez testes de tela sem maquiagem e encontrou o que procurava, uma mulher que personificava a simplicidade, o caráter e o sofrimento.
“A Paixão de Joana d'Arc” foi todo filmado em closes e tomadas médias. Os close-ups constantes criam uma intimidade temerosa sobrecarregando as defesas do espectador. Todos os rostos dos inquisidores são filmados sob luz forte, sem maquiagem, de modo que as fendas e falhas da pele parecem refletir uma vida interior doentia.
Sem as convenções de continuidade, o tempo no longa-metragem torna-se irreal. O julgamento parece ocorrer em um único dia, mas também pode ter ocorrido por muitos dias. Carl Theodor Dreyer queria evitar as tentações pitorescas de um drama histórico. Não há cenário aqui, além de paredes e arcos. Nada foi colocado para parecer bonito. As capelas, as casas e o pátio eclesiástico foram construídos com uma estranha geometria em que janelas e portas criam harmonias visuais discordantes (o filme foi feito no auge do expressionismo alemão e da vanguarda francesa).
“A Paixão de Joana d'Arc” é um filme com coisas ferozmente pertinentes a dizer sobre uma França que o atual Papa ainda descreve como a "filha mais velha da Igreja" e sobre a proximidade da morte em todas as nossas vidas. O longa-metragem é um dos poucos filmes que transforma o público em testemunha ou congregante de um evento espiritual extraordinário.
O Rio do Desejo
3.4 45"O Rio do Desejo" é um verdadeiro dramalhão novelesco amazônico com imagens bonitas da região. O filme é baseado no conto “O Adeus do Comandante”, do amazonense Milton Hatoum. O filme é lento no começo, deixando que os personagens afloram os desejos que a trama exige que sejam evocados.
A lentidão da trama logo é tomada por uma rapidez de exposição do final. O ritmo do filme é conflitante, assim que o confronto é estabelecido o filme acelera demais. Ao terminar "O Rio do Desejo" tive aquela sensação de que ficou faltando algo.
O enredo do longa-metragem nacional se apropria de um tema batido que são os dramas fraternais. Os personagens são parentes diretos em confronto por um reconhecimento, um sentimento e uma paixão. O que me fez pensar em já ter visto essa história antes.
O grande conflito, que é a traição entre os três personagens, tem seu tom pintado logo no começo e é apontado em todos os lugares. Nas cores na única roupa pertencente à mãe, a visita ao sítio e a foto onipresente do pai deles, tudo aponta para o grande confronto. Eu achei que isso enfraqueceu muito a trama e a deixou repetitiva também.
Os personagens do longa-metragem se perdem no genérico e sem tridimensionalidade. O trio de atores fazem um bom trabalho juntos, a dinâmica do elenco deixa os sentimentos mais vividos na tela. Sophie Charlotte poderia ter uma personagem com mais profundidade, além de uma mulher a ser conquistada, e atriz conseguiria entregar mais se lhe dessem mais. Daniel de Oliveira e Gabriel Leone dominam as atenções.
A fotografia de Sergio Teijillo é bonita, ele soube captar a exuberância da geografia amazônica e sua intensa beleza. Sérgio Machado entrega uma produção que mostra as belezas da Amazônia e sentimentos críveis à flor da pele, mas também entrega um melodrama batido composto por personagens rasos e genéricos.
Nimona
4.1 235 Assista AgoraAlgumas emoções e temas convincentes são sugeridos, mas raramente bem expressos em "Nimona", uma fantasia de ficção científica animada, às vezes fofa, baseado na HQ de mesmo nome de ND Stevenson. O filme começa muito bem e prometendo muito, mas depois cai na mesmice.
Essa animação parece mais uma lista dramatizada de tiques estilísticos e batidas emocionais dos maiores sucessos dos estúdios de animação da Pixar e da DreamWorks. Há alguns trocadilhos levemente simpáticos para os adultos se divertirem um pouco também, piadas bobas e um monte de declamação raivosa sobre questionar a autoridade, ser fiel a si mesmo e outros clichês batidos.
A animação, no que está começando a parecer um estilo Netflix, tem personagens com traços nítidos, cenários com bordas angulares, uma paleta de cores distinta (estilo "Klaus" outro da Netflix). Várias expressões faciais dos personagens principais parecem mais um mimetismo obediente do que um veículo conveniente para suas emoções.
O longa-metragem tem um bom material em mãos, mas entrega um filme muito barulhento e agitado. A história poderia ter sido menos. Ainda assim, essa animação Netflix tem uma emoção genuína, ela começa e termina muito bem, mas o seu recheio é uma bagunça barulhenta desnecessária.