Tive a curiosidade em assistir esse filme por ter recebido a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1958 e ser soviético, pois acho que nunca havia assistido um filme da URSS antes. Infelizmente, não me agradou muito. Considerei muitas cenas exageradamente dramáticas. Cito duas:
- a cena onde o Mark diz que ama a Veronika e aparentemente a estupra (como fica subentendido) devido a negação dela, onde tudo ocorre em meio a um caos com ataques aéreos, com ela correndo, sendo impedida e quebrando um vidro depois, com uma música bastante dramática ao fundo. Aqui entra uma questão de gosto pessoal, mas uma cena mais crua teria me impactado mais;
- a cena da morte de Boris, onde ele é baleado entre aquelas árvores após salvar um amigo e leva um tempo considerável a cair no chão, onde em seguida as árvores filmadas de baixo se intercalam com cenas do casamento entre a Veronika e o Mark, uma montagem que me incomodou também.
Sinto que esse filme procurou ao máximo me fazer sentir a tristeza que permeia a história, enquanto eu preferiria receber elementos que me possibilitassem experienciá-la por mim mesmo. Além disso há coincidências no roteiro que me incomodaram um pouco,
como a criança que a Veronika salva justamente se chamar Boris e a cena na enfermaria onde os homens condenam a ex-companheira de um dos soldados feridos que o trocou por outro homem enquanto ele estava no campo de batalha, o que se aproxima muito da situação da Veronika (mesmo que eu creio que ela tenha se casado por vergonha pelo estupro, que eu supus ter ocorrido).
A beleza da fotografia do filme é indiscutível, as cenas de multidão, tanto no início quanto no fim do filme, são muito bem executadas e relação com as cegonhas também é interessante, porém esse longa não se tornou memorável para mim.
A maneira como essa filme trata a nudez feminina foi o que mais me chamou a atenção. Anos 60 e seios sendo mostrados sem tabu, como somente mais uma parte do corpo humano.
Safe merece um lugar especial na filmografia hollywoodiana dos anos 90, tendo uma direção bastante padrão para essa década e ao mesmo tempo um roteiro tão diferenciado. Eu diria que esse filme trata com originalidade uma temática um pouco "gasta", que seria esse adoecimento físico e mental em uma sociedade capitalista, individualista e sem grandes propósitos em fugir de uma vida óbvia. A atuação da Julianne Moore é precisa, muito mais convincente e orgânica do que em "Still Alice", na minha opinião.
Interessante perceber o como ela vai piorando fisicamente e ficando cada vez mais fraca ao longo do filme, mesmo estando em um lugar "melhor". Destaco duas cenas da segunda parte: quando a Carol e familiares veem a casa do Peter Dunning, que tem uma vida bastante luxuosa paga por pacientes que ele trata repetindo frases de autoajuda; e o discurso que a Carol faz quando recebe o bolo de aniversário, um amontoado de palavras-chave e ideias vazias que ela só repete e no fundo não parece entender verdadeiramente o que significam.
A cena do Harry encontrando a Cynthia no campo de batalha é cômica, não conseguia acreditar que ninguém achou aquilo meio exagerado enquanto elaboravam o roteiro (esse trecho, inclusive, não consta no conto homônimo do Hemingway ao qual o filme se baseia).
A cena do jogo de tênis em que todos os expectadores viram a cabeça de um lado para o outro acompanhando a bola e a câmera aproxima no rosto estático do Bruno encarando o Guy é icônica.
Gosto dos filmes antigos de Hollywood pela falta de pretensão (aos olhos de hoje) e diálogos um pouco caricatos. Me entretém e geralmente não exige uma grande atenção e reflexão. "Rain" me pegou de surpresa. Bastante profundo no que se propõe, feito antes da onda de censura dos bons costumes vigorar na Hollywood da época. Sigo refletindo sobre ele. Há uma frase de uma organização ambientalista que se aplica bem à Sadie Thompson: "You can't control what is wild".
Creio que gostei deste filme por me identificar com essa necessidade de abandonar tudo e só sair por aí. A relação entre o casal é muito bem construída e te deixa com vontade de conhecer alguém que te entenda e diga as coisas certas nas horas certas. Algumas coisas são bem desnecessárias
(acho difícil que pessoas em plenas condições mentais matem e queimem alguém e consigam se recuperar disso em seguida ou que dois jovens consigam enganar a polícia dessa maneira)
Se é para fazer um filme de ficção científica, que seja no mínimo um absurdo a altura deste. Estava completamente imerso, tendo a certeza de que se tornaria um dos favoritos da vida, mas aquele
Filme ruim, clichê, novela das 8, mas a mensagem que passa é bonita e acho que é bastante importante para o contexto venezuelano, onde os direitos LGBT são bem limitados, mesmo comparados à realidade sul-americana. Entretanto, meu senso crítico não permite que eu ignore as atuações ruins, os diálogos mal construídos, reações exageradas dos personagens, as coincidências também exageradas que fogem à realidade (
A Delírio encontra justamente o cara que ela gostava quando adolescente, depois a mesma do nada assume o programa de televisão, aleatoriamente um cara filma o médico homossexual sendo espancado, a mina dá o fora no Armando justamente em frente ao pôster com a foto do cara que ele usava no chat, dentre outras
). Mas na sessão de cinema em que vi esse filme, todo mundo ria das piadas óbvias e saiu sorrindo no final. Talvez eu que seja muito chato.
Filme bastante estranho. A Julie do início nada tem a ver com a Julie da segunda parte. A sensação é que não é somente uma mudança de hábitos decorrentes do trauma do baile, mas sim como se fossem duas pessoas diferentes, de personalidades completamente distintas. Além disso, a história é chata. Vale somente pela atuação magistral de Bette Davis.
Ao longo do desenrolar da história (ou do dia em que ela é retratada) eu achei bacana de acompanhar, mas nada incrível, inclusive estava um pouco incomodado com a falta de centralidade da trama, me dava a impressão de que era apenas um monte de personagens para lá e para cá. Até acontecer o último ato, para onde tudo culmina. Me pegou de surpresa de uma maneira positiva e me fez ficar vidrado. Bastante impactante e bem executado o encerramento.
Porém, teria gostado mais se ele tivesse encerrado com aquele homem com deficiência mental colocando a foto do Malcolm X e do Luther King na parede da pizzaria seguido pelos textos dos mesmos antes dos créditos. Faria bastante sentido, pois acabou sendo feita uma coisa que eles desaprovam em seus escritos para que a sua imagem de representatividade negra fosse pendurada no estabelecimento, deixando bem claras (ou escuras) as discussões que o Spike Lee queria provocar.
- não há um romance gay, mas sim uma amizade entre dois gays como foco central, o que é bastante difícil de encontrar pois sempre existe uma tensão sexual envolvida; - os mais jovens são os mais sensatos e o professor que estava no armário acaba sendo aquele que mais teve problemas em lidar com sua sexualidade; - não há nenhum beijo gay, cena de sexo, etc. em geral temáticas gays sempre puxam para momentos picantes que deixem o expectador excitado e acabam por contribuir para essa ideia de perversão que permeia a homossexualidade masculina. aqui isso não é o foco.
A personagem da Véra Clouzot é muito irritante e burra, chega a ser irrealista demais um ser humano tão sem noção assim, que mal reage a um detetive empurrando ela no táxi, confessa tudo ao mesmo detetive que bizarramente estava no quarto observando ela dormir, tira um tempinho em toda a cena pra ter uma tontura e dizer o como se arrepende do que fez, me agoniou muito. O detetive também é muito aleatório e mal desenvolvido, aparece no necrotério do nada, faz umas perguntas, vê umas roupas e bum: está lá ele na penúltima cena prendendo o casal com uma frase de efeito. Concordo que a cena do MIchel Delassalle na banheira aparecendo para a Christina é excelente, mas ela não salva o filme. Por mim, a história acabava ali mesmo, com ela tendo o ataque cardíaco e aquele cadáver se levantando da banheira, num clima sobrenatural, sem explicar nada depois.
Filmaço. Roteiro incrível que faz jus à indicação ao Oscar de roteiro original. A maneira como o personagem do Reverendo Toller é apresentado e a gradual mudança de visão dele sobre a relação da igreja com a empresa que comete crimes ambientais é feita primorosamente. A reflexão envolvendo ambientalismo e religião é muito pertinente. Interessante notar a
fala do Jeffers quando justifica a relação entre a instituição religiosa e a empresa Balq, alegando que o dinheiro deles ajuda no alcance das pessoas. Alcance, pelo visto, utilizado somente para um reflexão sempre pessoal e individual de autossalvação, e nunca uma reflexão global sobre toda a destruição da suposta "criação divina" que chamamos de natureza.
Fiquei num estado de concentração total ao longo de toda a história, absorto na trama e sentindo a crescente angústia do Toller que culminaria no final do filme. E aí surgiu o defeito que impediu que esse se tornasse um dos favoritos da vida:
o final não me agradou nem um pouco. Entendo que o Toller se explodir na durante a cerimônia seria um pouco óbvio. Talvez um final ao estilo Luz de Inverno teria me agradado, com o Toller abdicando de toda a reflexão e criticismo que ele construiu, optando por ignorar todos os problemas da instituição religiosa e seguindo a vida de sempre e fechando os olhos para a Balq. Mas esse encontro com a Mary no final foi o mais clichê que poderia acontecer, mesmo com a deixa de que poderia ser um delírio do Toller.
Mas em resumo: obra espetacular que poderia ter substituído vários dos indicados a melhor filme. Atuação magistral do Ethan Hawke.
Em termos de atenção aos detalhes, esse é um dos filmes mais bem produzidos que já assisti. Nada é ao acaso, cada detalhe das cenas é meticulosamente pensado. Assim, tendo em vista esse viés contemplativo e analítico, sugiro que ele seja assistido sozinho, no escuro e com bastante atenção. Destaco a cena
no escritório policial quando as testemunhas estão analisando o Jef Costello, bem como os álibis. Há um entra e sai de cômodos, com portas abrindo e fechando o tempo todo seguindo o inspetor policial. A edição nessa sequência é impecável, me impressionou muito.
não pelo desfecho em si, mas pela rapidez com que as coisas se sucederam, distoou um pouco dos cuidados que reparei no restante do filme.
Mas é um filme lindo. Te deixa com vontade de viver aquela vida, sempre com terno, casaco e chapéu estilosos, falando somente o estritamente necessário e sempre com uma expressão digna de capa da Vogue.
Um documentário cru sobre como determinadas representações diárias ao longo do desenvolvimento de um homem resultam no que entendemos por um "terrorista islâmico". Infância perdida e vida dedicada a matar em nome de uma idelogia (mais do que em nome de um deus).
Quando Voam as Cegonhas
4.3 72Tive a curiosidade em assistir esse filme por ter recebido a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1958 e ser soviético, pois acho que nunca havia assistido um filme da URSS antes. Infelizmente, não me agradou muito. Considerei muitas cenas exageradamente dramáticas. Cito duas:
- a cena onde o Mark diz que ama a Veronika e aparentemente a estupra (como fica subentendido) devido a negação dela, onde tudo ocorre em meio a um caos com ataques aéreos, com ela correndo, sendo impedida e quebrando um vidro depois, com uma música bastante dramática ao fundo. Aqui entra uma questão de gosto pessoal, mas uma cena mais crua teria me impactado mais;
- a cena da morte de Boris, onde ele é baleado entre aquelas árvores após salvar um amigo e leva um tempo considerável a cair no chão, onde em seguida as árvores filmadas de baixo se intercalam com cenas do casamento entre a Veronika e o Mark, uma montagem que me incomodou também.
Sinto que esse filme procurou ao máximo me fazer sentir a tristeza que permeia a história, enquanto eu preferiria receber elementos que me possibilitassem experienciá-la por mim mesmo. Além disso há coincidências no roteiro que me incomodaram um pouco,
como a criança que a Veronika salva justamente se chamar Boris e a cena na enfermaria onde os homens condenam a ex-companheira de um dos soldados feridos que o trocou por outro homem enquanto ele estava no campo de batalha, o que se aproxima muito da situação da Veronika (mesmo que eu creio que ela tenha se casado por vergonha pelo estupro, que eu supus ter ocorrido).
A beleza da fotografia do filme é indiscutível, as cenas de multidão, tanto no início quanto no fim do filme, são muito bem executadas e relação com as cegonhas também é interessante, porém esse longa não se tornou memorável para mim.
Onibaba: A Mulher Demônio
4.1 115A maneira como essa filme trata a nudez feminina foi o que mais me chamou a atenção. Anos 60 e seios sendo mostrados sem tabu, como somente mais uma parte do corpo humano.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraNão acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.
O Padre e a Moça
3.9 51"Não sei se é o Demônio mesmo ou se é Deus que tá no meu corpo."
Mal do Século
3.6 98 Assista AgoraSafe merece um lugar especial na filmografia hollywoodiana dos anos 90, tendo uma direção bastante padrão para essa década e ao mesmo tempo um roteiro tão diferenciado. Eu diria que esse filme trata com originalidade uma temática um pouco "gasta", que seria esse adoecimento físico e mental em uma sociedade capitalista, individualista e sem grandes propósitos em fugir de uma vida óbvia. A atuação da Julianne Moore é precisa, muito mais convincente e orgânica do que em "Still Alice", na minha opinião.
Interessante perceber o como ela vai piorando fisicamente e ficando cada vez mais fraca ao longo do filme, mesmo estando em um lugar "melhor". Destaco duas cenas da segunda parte: quando a Carol e familiares veem a casa do Peter Dunning, que tem uma vida bastante luxuosa paga por pacientes que ele trata repetindo frases de autoajuda; e o discurso que a Carol faz quando recebe o bolo de aniversário, um amontoado de palavras-chave e ideias vazias que ela só repete e no fundo não parece entender verdadeiramente o que significam.
As Neves do Kilimanjaro
3.4 20 Assista AgoraEnfadonho.
A cena do Harry encontrando a Cynthia no campo de batalha é cômica, não conseguia acreditar que ninguém achou aquilo meio exagerado enquanto elaboravam o roteiro (esse trecho, inclusive, não consta no conto homônimo do Hemingway ao qual o filme se baseia).
Pacto Sinistro
4.1 292 Assista AgoraPara mim, mais do que o roteiro, os pontos fortes desse filme são edição e direção. Impecáveis.
A cena do jogo de tênis em que todos os expectadores viram a cabeça de um lado para o outro acompanhando a bola e a câmera aproxima no rosto estático do Bruno encarando o Guy é icônica.
O Pecado Da Carne
3.9 15 Assista AgoraGosto dos filmes antigos de Hollywood pela falta de pretensão (aos olhos de hoje) e diálogos um pouco caricatos. Me entretém e geralmente não exige uma grande atenção e reflexão. "Rain" me pegou de surpresa. Bastante profundo no que se propõe, feito antes da onda de censura dos bons costumes vigorar na Hollywood da época. Sigo refletindo sobre ele. Há uma frase de uma organização ambientalista que se aplica bem à Sadie Thompson: "You can't control what is wild".
Encurralado
3.9 431 Assista AgoraUma aula de direção (nos dois sentidos).
Odödliga
3.6 18Creio que gostei deste filme por me identificar com essa necessidade de abandonar tudo e só sair por aí. A relação entre o casal é muito bem construída e te deixa com vontade de conhecer alguém que te entenda e diga as coisas certas nas horas certas. Algumas coisas são bem desnecessárias
(a história da irmã da Em, por exemplo, por mim nem colocava)
(acho difícil que pessoas em plenas condições mentais matem e queimem alguém e consigam se recuperar disso em seguida ou que dois jovens consigam enganar a polícia dessa maneira)
Violent
3.8 9Filme lindo. Parece um sonho. O final é sensacional.
Viagens Alucinantes
3.7 186Se é para fazer um filme de ficção científica, que seja no mínimo um absurdo a altura deste. Estava completamente imerso, tendo a certeza de que se tornaria um dos favoritos da vida, mas aquele
final clichê, com o Eddie falando "I love you, Emily" estragou toda a proposta do filme
Azul e Não Tão Rosa
3.7 36Filme ruim, clichê, novela das 8, mas a mensagem que passa é bonita e acho que é bastante importante para o contexto venezuelano, onde os direitos LGBT são bem limitados, mesmo comparados à realidade sul-americana. Entretanto, meu senso crítico não permite que eu ignore as atuações ruins, os diálogos mal construídos, reações exageradas dos personagens, as coincidências também exageradas que fogem à realidade (
A Delírio encontra justamente o cara que ela gostava quando adolescente, depois a mesma do nada assume o programa de televisão, aleatoriamente um cara filma o médico homossexual sendo espancado, a mina dá o fora no Armando justamente em frente ao pôster com a foto do cara que ele usava no chat, dentre outras
Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
4.3 497 Assista Agora"Violence! Violence!"
Uma Mulher Fantástica
4.1 421 Assista AgoraLindo. A cena da dança ao som de "Queen" do Matthew Herbert é primorosa. Execução, mensagem e música lindas.
Jezebel
3.9 111Filme bastante estranho. A Julie do início nada tem a ver com a Julie da segunda parte. A sensação é que não é somente uma mudança de hábitos decorrentes do trauma do baile, mas sim como se fossem duas pessoas diferentes, de personalidades completamente distintas. Além disso, a história é chata. Vale somente pela atuação magistral de Bette Davis.
A Noite Americana
4.3 188- Já tomei minha decisão. Vou abandonar a minha carreira.
- Boa ideia. Abandone sua carreira. ~sai sorrindo
Um Balde de Sangue
3.7 23 Assista AgoraAssisti no cinema chapado. Baita experiência e baita filme. Mescla de engraçado e macabro.
Faça a Coisa Certa
4.2 397Ao longo do desenrolar da história (ou do dia em que ela é retratada) eu achei bacana de acompanhar, mas nada incrível, inclusive estava um pouco incomodado com a falta de centralidade da trama, me dava a impressão de que era apenas um monte de personagens para lá e para cá. Até acontecer o último ato, para onde tudo culmina. Me pegou de surpresa de uma maneira positiva e me fez ficar vidrado. Bastante impactante e bem executado o encerramento.
Porém, teria gostado mais se ele tivesse encerrado com aquele homem com deficiência mental colocando a foto do Malcolm X e do Luther King na parede da pizzaria seguido pelos textos dos mesmos antes dos créditos. Faria bastante sentido, pois acabou sendo feita uma coisa que eles desaprovam em seus escritos para que a sua imagem de representatividade negra fosse pendurada no estabelecimento, deixando bem claras (ou escuras) as discussões que o Spike Lee queria provocar.
Derrubando Barreiras
3.5 216Grande surpresa esse filme. Assume vários clichês, mas nenhum deles relacionados com a temática gay porque:
- não há um romance gay, mas sim uma amizade entre dois gays como foco central, o que é bastante difícil de encontrar pois sempre existe uma tensão sexual envolvida;
- os mais jovens são os mais sensatos e o professor que estava no armário acaba sendo aquele que mais teve problemas em lidar com sua sexualidade;
- não há nenhum beijo gay, cena de sexo, etc. em geral temáticas gays sempre puxam para momentos picantes que deixem o expectador excitado e acabam por contribuir para essa ideia de perversão que permeia a homossexualidade masculina. aqui isso não é o foco.
As Diabólicas
4.2 208 Assista AgoraA edição do filme é primorosa, não há como negar. Porém, achei chato.
A personagem da Véra Clouzot é muito irritante e burra, chega a ser irrealista demais um ser humano tão sem noção assim, que mal reage a um detetive empurrando ela no táxi, confessa tudo ao mesmo detetive que bizarramente estava no quarto observando ela dormir, tira um tempinho em toda a cena pra ter uma tontura e dizer o como se arrepende do que fez, me agoniou muito. O detetive também é muito aleatório e mal desenvolvido, aparece no necrotério do nada, faz umas perguntas, vê umas roupas e bum: está lá ele na penúltima cena prendendo o casal com uma frase de efeito. Concordo que a cena do MIchel Delassalle na banheira aparecendo para a Christina é excelente, mas ela não salva o filme. Por mim, a história acabava ali mesmo, com ela tendo o ataque cardíaco e aquele cadáver se levantando da banheira, num clima sobrenatural, sem explicar nada depois.
Fé Corrompida
3.7 375 Assista AgoraFilmaço. Roteiro incrível que faz jus à indicação ao Oscar de roteiro original. A maneira como o personagem do Reverendo Toller é apresentado e a gradual mudança de visão dele sobre a relação da igreja com a empresa que comete crimes ambientais é feita primorosamente.
A reflexão envolvendo ambientalismo e religião é muito pertinente. Interessante notar a
fala do Jeffers quando justifica a relação entre a instituição religiosa e a empresa Balq, alegando que o dinheiro deles ajuda no alcance das pessoas. Alcance, pelo visto, utilizado somente para um reflexão sempre pessoal e individual de autossalvação, e nunca uma reflexão global sobre toda a destruição da suposta "criação divina" que chamamos de natureza.
Fiquei num estado de concentração total ao longo de toda a história, absorto na trama e sentindo a crescente angústia do Toller que culminaria no final do filme. E aí surgiu o defeito que impediu que esse se tornasse um dos favoritos da vida:
o final não me agradou nem um pouco. Entendo que o Toller se explodir na durante a cerimônia seria um pouco óbvio. Talvez um final ao estilo Luz de Inverno teria me agradado, com o Toller abdicando de toda a reflexão e criticismo que ele construiu, optando por ignorar todos os problemas da instituição religiosa e seguindo a vida de sempre e fechando os olhos para a Balq. Mas esse encontro com a Mary no final foi o mais clichê que poderia acontecer, mesmo com a deixa de que poderia ser um delírio do Toller.
Mas em resumo: obra espetacular que poderia ter substituído vários dos indicados a melhor filme. Atuação magistral do Ethan Hawke.
O Samurai
4.2 145Em termos de atenção aos detalhes, esse é um dos filmes mais bem produzidos que já assisti. Nada é ao acaso, cada detalhe das cenas é meticulosamente pensado. Assim, tendo em vista esse viés contemplativo e analítico, sugiro que ele seja assistido sozinho, no escuro e com bastante atenção. Destaco a cena
no escritório policial quando as testemunhas estão analisando o Jef Costello, bem como os álibis. Há um entra e sai de cômodos, com portas abrindo e fechando o tempo todo seguindo o inspetor policial. A edição nessa sequência é impecável, me impressionou muito.
A cena final me decepcionou um pouco,
não pelo desfecho em si, mas pela rapidez com que as coisas se sucederam, distoou um pouco dos cuidados que reparei no restante do filme.
Mas é um filme lindo. Te deixa com vontade de viver aquela vida, sempre com terno, casaco e chapéu estilosos, falando somente o estritamente necessário e sempre com uma expressão digna de capa da Vogue.
Sobre Pais e Filhos
3.8 32 Assista AgoraUm documentário cru sobre como determinadas representações diárias ao longo do desenvolvimento de um homem resultam no que entendemos por um "terrorista islâmico". Infância perdida e vida dedicada a matar em nome de uma idelogia (mais do que em nome de um deus).