Nada absolutamente digno de uma longa dissertação sobre, exceto talvez o ator principal (também em “A Tempestade do Século”) que realmente é carismático e se esforça.
O final te dá “aquela” sensação de perda de tempo.
É um “filme-catástrofe” onde, pelo menos, somos poupados daquele dramalhão e chororô típicos de Michael Bay, Roland Emmerich, etc. Tem uma premissa pouco explorada e dois bons atores como protagonistas (Aaron Eckhart e Hilary Swank).
Algumas coisas forçam a barra demais, mas vale pelo “entertainment value“.
Filme russo bom é um autêntico “achado” e este não foge à regra. É um filme que retrata um lado “heróico” da Rússia em um contexto de guerra (no caso, a segunda), o que deve dar ao público russo um certo orgulho nacionalista, mas nós, do outro lado, sabemos o quanto a própria Rússia, encapsulada na extinta União Soviética, era também responsável por atrocidades capazes de chocar meio mundo.
Não é de todo ruim, tem uma fotografia interessante e alguns atores até se ESFORÇAM para atuar bem.
Eis um “slasher” que, enfim, parece feito em e para 2022.
Na verdade não sei se “slasher” seria o termo mais apropriado. A “matança” demora a começar e, quando começa, parece que estamos assistindo outra película. Durante a maior parte do tempo, parece que estamos assistindo um daqueles dramas cheios de “significados”, em que o prazer é maior de tentar decifrar que diabos o diretor quer dizer do que em efetivamente assistir ao filme.
Mas enfim, se quiser considerar isso um mérito, os personagens, especialmente os jovens, falam exatamente como a geração “tuiteira” de nossa época, problematizando tudo, especialmente a sexualidade.
Eu posso imaginar a reação da “tradicional família norte-americana” a este filme. Censura!!! Em que mundo estamos vivendo?? Agora quem tenta defender o “correto” é vilão e quem defende o “errado” é herói? Que mundo é esse, meu Deus? Só existem dois sexos! Etc, etc. A “tradicional família brasileira” não ficaria muito atrás, já que é uma cópia da norte-americana, e tão artificial quanto ela.
O que nos traz ao primeiro problema do roteiro, o que os jovens estão fazendo no local? Foram forçados? É tudo uma experiência? Ou o diretor está trabalhando com nossa imaginação, -"veja só o que gostariam de fazer conosco?"
Na última hipótese, sim, a história “funciona”, porque, advinha só, caros gays, bissexuais, transexuais e afins: É ISTO QUE MUITA GENTE GOSTARIA DE FAZER COM VOCÊS!! Sem tirar nem por! É isto que a “tradicional família brasileira” gostaria de fazer com vocês! Chocados? Suas mães nunca os exporiam a isso? Se pensam assim, vocês ainda não aprenderam a conhecer o “todo” da experiência humana (para falar de modo bem pomposo).
Cansado de Kevin Bacon e seus papéis repetitivos, poderia torcer o nariz para mais este “vilão” dele, não fosse um papel que lhe caísse como uma luva. Sim, é difícil imaginar outro ator se encaixando tão bem no papel, ele tem uma incrível capacidade de ser detestável, especialmente fingindo ser o oposto do que pensa.
Não quero fazer deste um comentário “daqueles”, interminável, então vou me resumir: o filme decepciona como “slasher”, poderia deixar o “trabalho” do assassino, digamos, mais “espaçado”, mas como uma reflexão sobre a nossa época e como ela trabalha com os questionamentos sobre a sexualidade humana, vale, no mínimo, uma olhada.
Algumas sequências, no entanto, são lamentáveis e outras desnecessárias. A cena da cantoria a là “High School Musical” é de dar vergonha alheia. Eu tive que pular. As cenas de sexo (“ei, por que NÓS não podemos?”), como SEMPRE no gênero, absolutamente desnecessárias. Sem falar que uma das cenas deixa outra questão do filme em aberto:
Um dos membros da “seita” é homossexual. Ele alicia os mais “afoitos” e os entrega ao chefe para que sejam “corrigidos”. Mas eles são contra a homossexualidade. Por que endossam o comportamento dele, que transa com outros caras? Querem dizer que o sujeito é o gay que se odeia? É um instrumento útil para o grupo e será descartado a seu tempo? Essa parte eu não achei muito lógica.
Para quem queira filmes slasher mais “eficazes”, recomendo que passe longe. Quem tem horror a “modernidades” sexuais, também, a não ser que queira passar o fim de semana “chocados”, “horrorizados” com o fim da civilização. Mas, QUEM queira assistir um filme que realmente PARECE feito em 2022, a nossa época, com suas problematizações ao redor de NADA, essa pessoa certamente deve assistir.
Num gênero tão saturado por repetições, a película pelo menos acrescenta toques de originalidade no roteiro que a individualizam, e também dá um tapa na cara nada discreto em quem se recusa a enxergar um palmo à frente do nariz, mas quer mudar, e regular, a vida sexual do vizinho.
Eis o primeiro (e provavelmente último) crossover entre Pocahontas e uma franquia de terror na história do cinema.
Este filme conseguiu realizar uma proeza que dificilmente se consegue, especialmente em uma época em que o conceito de sequência já se diluiu tanto que nenhuma história parece mais ter sentido senão como estopim para uma série infindável de continuações: é o MELHOR filme de uma franquia que já existe há trinta e cinco anos, o que talvez não seja dizer muito quando se trata de uma franquia fraca como Predador, mas que certamente quer dizer que É POSSÍVEL pegar uma fórmula “surrada” e extrair dela algo que presta, principalmente se o diretor/roteirista realmente estiver afim de contar uma história, não apenas apresentar uma coleção aleatória de sustos e mortes para o público.
O personagem central da franquia, o alienígena mais adorável do cinema, nunca esteve tão assustador como aqui. É impressionante o quanto este filme consegue ser violento, a ponto de ser macabro. A morte dos animais vai “chocar” a geração pseudo-sentimental de hoje, claro, mas o filme todo, especialmente as mortes “de gente” é de dar um belo nó no estômago. Nem quando o Predador se juntou aos adoráveis xenomorfos nos filmes Alien vs Predador eu vi sequências de violência tão visceral como aqui. O que é interessante pelo fato de a protagonista do filme ser a Pocahontas!
Sério, a princípio a ideia que vem quando olhamos a protagonista é: LACRAÇÃO! (os americanos diriam: WOKE!). Um alien perigosíssimo que encara o Schwarzenegger numa boa vai enfrentar uma indiazinha desta vez? “Lacração!!!” Isso só até assistirmos o filme e entendermos o porque da jovenzinha sobreviver até o fim. AQUI ESTÁ a lição autêntica do feminismo, a única que presta: a mulher é sempre a que morre por último, é sempre a sobrevivente, a “final girl”, porque nunca esperamos nada dela, porque nunca a vemos como ameaça, e aí os homens vão se lançando ao desafio e morrendo uma um, enquanto a mulher usa a razão e dá um jeito de sobreviver.
Claro, você pode imaginar que a protagonista emula uma mulher de 2022 num contexto fora de época (1719 na América colonial, em meio a uma tribo comanche), mas é aqui mesmo, como eu disse, que o feminismo justifica sua razão de ser, porque, desde sempre, a mulher é de fato a que sobrevive e mantém a espécie, enquanto o homem vai caçar, lutar e morrer. Isso entre os índios, os africanos, os europeus, os esquimós. A mulher é frágil (“Não precisamos de uma cozinheira”), uma constatação que não é de 2022, é eterna, mas por isso mesmo ela tem essa necessidade de ser protegida que A garante e NOS garante.
A “final girl” é uma tradição desse gênero de filmes, este aqui não foge à regra, mas por incrível que pareça aqui a ideia se vende bem, porque na maioria das vezes temos uma “mocinha” chorona que escapa por pura conveniência de roteiro, aqui temos uma autêntica SOBREVIVENTE, que vai se moldando à situação e usando de sua vantagem natural de, como índia, estar intimamente ligada à terra e à natureza, o que não é o caso dos invasores (nem o homem branco nem o alienígena, por mais recursos que tenham).
Sim, é óbvio que há conveniências de roteiro. O desfile de cadáveres antes de chegarmos ao “confronto final” está ali para a garota sobreviver. Num confronto imediato, não teria porque ela sobreviver um minuto que fosse. Mas não é disso que trata a luta pela sobrevivência, “dar um jeito” de escapar vivo?
A inserção da típica perseguição da história num contexto indígena, “primitivo” dá uma dignidade insuspeita ao filme. Pois eles estão nesse momento mesmo lutando contra um “elemento alienígena” que, pouco a pouco, vai aniquilá-los. Então o Predador ganha ares de uma profundidade inimaginada ao se tornar símbolo do caçador que vem de fora apenas buscando “presas fáceis” na terra. Sem conceber que pode encontrar inimigos à altura.
O filme tem algumas sequências sensacionais e outras nem tanto, mas eu diria que é 90% aproveitável. Algumas cenas são sanguinolentas demais, fora que não me lembro de ter visto tantos animais sendo mortos num filme.
Outro detalhe: a participação dos “caras-pálidas” poderia ter sido reduzida drasticamente ou até cortada totalmente. Ok, o “homem branco” é o autêntico terror do indígena, mas quantos filmes na história temos focados em protagonistas índios? Eu só lembro de Pocahontas e Apocalypto. Claro que os sujeitos estão ali advinha para quê?
Em suma: não deixe de assistir este filme preocupado com “lacração”. Dificilmente a franquia Predador terá um outro melhor que este. É um filme incrivelmente violento que faz os dois primeiros da franquia parecerem “Sessão da Tarde”.
A garota mandou bem demais e o alien nunca esteve tão assustador.
Pensem num amontoado de clichês de ação, todos juntos num mesmo filme, mas juntos da pior forma possível.
Os russos têm tudo pra criar um cinema próprio, e mais interessante ainda que o norte-americano, mas se limitam a importar os piores clichês possíveis de Hollywood (tanto em ação quanto "terror") e o resultado é sempre um produto inferior.
Desafio qualquer um a assistir isso aqui até o fim sem pular cenas!
A coisa mais difícil é um filme de terror com começo, meio e fim, que realmente se proponha a contar uma história, uma história com pé e cabeça, e não seja uma mera coleção de sustos, berros e mortes aleatórias, uma mera desculpa pra criar N sequências (N repetições da mesma ideia).
Este filme húngaro aqui merece entrar numa seleta galeria de filmes de terror "raiz", galeria que a cada ano parece se reduzir mais, apesar de alguns deslizes e cenas muito exageradas ou repetitivas, tem uma história interessante, uma atmosfera carregada e um protagonista que convence na atuação, além de uma garotinha que consegue a proeza de não ser chata.
Se gosta de terror sem vísceras expostas, nem putaria ou excesso de gritaria, eis uma ótima pedida.
OBS: quem viu algo de pedofilia na relação entre o protagonista e a menina precisa urgentemente checar a cabeça!
Filme fraquíssimo, que tenta reciclar pela ENÉSIMA vez aquela história xarope de exorcismo.
Até daria pra assistir se a atriz principal não fosse chatíssima (e a dublagem brasileira não ajuda nem um pouco). Quando a moça começa a berrar e se lamuriar, haja saco!
Um filme sobre um ex-ator pornô escroto que representa à perfeição o chamado "lixo branco" (white trash) norte-americano. Tem como isso dar certo?
Esta mistura exótica aqui de drama e comédia tenta responder isso.
Sem querer soar clichê mas já soando, estamos aqui no outro lado do "sonho americano". Os personagens são "gente como a gente" e as situações mostradas, nada absolutamente que não possa ocorrer em situações normais. A atuação dos atores é o mais próximo possível da realidade. Pessoas que falam palavrão, que tentam se virar de qualquer jeito (dentro ou fora da lei), pessoas que deixam de lado princípios e convicções por uma transa. E uma adolescente que tem o "sonho" de ser atriz pornô (=de ser um mero objeto sexual).
Isso choca alguém? Isso TE choca? Então é sinal que o diretor sabe onde está pisando e quem está cutucando com vara curta.
Os Estados Unidos são um país cheio de gente assim, pessoas que lembram (incomodamente) os brasileiros: sujeitos com moral de ocasião, que têm como preocupação essencial SOBREVIVER, não importa como. Não é isso que Hollywood VENDE. Não, a indústria do cinema vende um país onde "todos os sonhos se realizam", onde qualquer pé-rapado mora numa mansão ou num apartamento de luxo. Esse país, como o Brasil rico, existe para TÃO poucos que, na prática, não existe! O grosso dos norte-americanos não se reconhece em Hollywood e por isso mesmo idolatra sua indústria de ilusão.
O que fascina num filme como Red Rocket é esse passeio no "wild side" que nós podemos fazer habitualmente na vida real mas nunca no reino da fantasia, onde AINDA precisamos de heróis. Aqui o "herói" é um ex-ator pornô decadente que vende drogas e alicia menores para a pornografia. Um cara que aprendeu a olhar o ser humano de modo inteiramente objetificado. Seu corpo não tem qualquer valor pra ele, ele tem até dificuldade de se manter vestido na frente dos outros.
Ora, pergunta-se, e Tarantino "et alia" não se esbaldam no politicamente incorreto? Um personagem assim não estaria à vontade no universo "tarantinesco"? Não, porque Tarantino vai pro lado da paródia, do sarcasmo, do exagero, enquanto Sean Baker vai pro lado do visceralmente real. Nada que Mikey ou os outros personagens deste filme fazem é forçado ou exagerado, nada é algo que você não encontraria no mundo real. Esta é uma diferença vital. O tom exagerado de Tarantino "protege" o cara, e o mantém "a salvo" em Hollywood. É tudo uma grande paródia, no fim das contas. No caso de Baker, e deste filme em particular, a realidade bate na nossa cara, e nós rimos no momento mais dramático e choramos no momento mais cômico porque nos podemos enxergar perfeitamente como Mikey, como NUNCA podemos fazer com um personagem de Tarantino.
A performance de Simon Rex é o ponto alto do filme, mas todos os atores, sem excessão, entregam atuações convincentes. O filme é uma mistura interessante de drama e comédia, a tal ponto que não se sabe onde termina um e onde começa outra. Para mim, que NÃO GOSTO de comédia por princípio, funciona melhor assim.
Eu acho o filme uma nota 9 (4,5) pelo modo convincente que o diretor executa sua proposta. Mas entendo a nota média, porque o filme certamente não é pra qualquer um e porque grande parte das pessoas o assistirá esperando um "plot twist" ou uma reviravolta que não virá, pois chegamos ao final do filme no mesmo ponto onde o começamos.
Não é o que Hollywood costuma nos dar. Um "happy ending" é o mínimo que pedimos, certo? Mas não existem happy endings, existem sim é adolescentes cujo "sonho" é ser atriz pornô, adolescentes que praticamente SE ENTREGAM ao aliciamento que, segundo o politicamente correto, é coisa de mentes pervertidas.
Ótimo filme.
OBS: por se tratar de uma película sobre um ex-ator pornô eu achei que o filme pegou leve demais na sexualidade. Mas em compensação o diretor pesou a mão na cena final, com o que acredito seja a maior sequência de nu frontal masculino de um filme "mainstream" que eu já vi. Se não gosta desse tipo de coisa em cena, nem assista. A cena é desnecessariamente explícita e algo surpreendente pois o filme nem mostra direito o ato sexual, só brevíssimos cortes.
A ideia é muito boa e realmente parece mover a franquia um passo adiante, ao contrário dos dois filmes anteriores: dinossauros à solta no mundo!
Resta saber se foi bem executada ou se só ficou na vontade mesmo.
De longe, o maior acerto do filme é trazer de volta os atores originais, ESPECIALMENTE Sam Neil e Laura Dern. Eu sou crítico desse apelo nostálgico atual da cultura pop, acho que isso indica mais uma estagnação criativa do que qualquer outra coisa. MAS, neste caso, compensa, porque Sam Neil e Laura Dern são atores MUITO melhores que Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Digamos, dão de 10 a 4. Passam muito mais veracidade na atuação.
Agora, a situação apresentada pelo roteiro foi bem executada ou ficamos no "é só isso?" Depende do ponto de vista. Por um lado, vemos em ação a adaptação de diferentes pessoas e comunidades ao convívio com répteis gigantes, alguns transformando-se em alimento, outros em alvo de caçada, e outros em animais de estimação bizarros. Eu imaginava antes de assistir que a produção NÃO teria orçamento para desenvolver VISUALMENTE bem essa premissa, e estava certo. Pois, como disseram antes nestes comentários, uma praga de insetos toma muito tempo de tela que deveria ser dedicado a nossos amigos dinossauros.
Isso é de todo ruim?
De novo, depende.
Nos outros cinco filmes, o que vimos? Dinossauros variados e uma perseguição implacável movida por um dino tamanho família. Mesmo padrão repetido cinco vezes. Desta vez, seja por questões orçamentárias ou não, o fato é que romperam com o lugar comum. Os dinos já não "chocam" mais ninguém pois já convivemos com eles há 30 anos. Então agora o dilema tem que ser outro.
Eu sinceramente acho que este é o melhor dessa segunda leva de filmes. Não apenas por fugirem da repetição incômoda de cenas de perseguição, mas por terem sido obrigados a avançar a história, ao menos minimamente. Isso não quer dizer que seja uma obra prima da sétima arte (aliás o primeiro também não é) mas pelo menos torna o filme assistível.
No geral, como "O Exterminador do Futuro", está é uma franquia que JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR. Não vejo mais como avançar essa história. Se (SE) eles decidirem fechar a história aqui, por incrível que pareça a saga terminará de forma razoavelmente decente, o que é quase um milagre após SEIS filmes.
Esses filmes de ação geralmente incomodam pelo excesso de absurdos, como o sujeito enfrentando desarmado quinhentos caras com fuzil.
Este aqui, ao contrário, incomoda pela PIEGUICE.
É como se o filme tivesse sido produzido pela Disney.
Além dos criminosos mais burros que o cinema já produziu, a relação que se estabelece entre a protagonista e o menino beira a vergonha alheia, e o final é perfeitinho demais.
Nota 2 pelo Sam Worthington e pela Lena. O menino é muito chato.
Por ser um filme nacional e ter a direção do simpático Lázaro Ramos eu assisti QUERENDO que se tratasse de uma obra inesquecível, até porque o cinema brasileiro dificilmente me empolga (ultimamente, só gostei de "Loop").
De fato o filme TEM um bom mote, mas a execução, talvez por ser o primeiro filme de Ramos, deixa mesmo a desejar, e o final é panfletário DEMAIS. Eu achei que fosse implicância dos bozominions, mas não, é panfletário MESMO. Menos, Lázaro, menos!
Destaque para Taís Araújo (claro), Seu Jorge e Adriana Esteves, a vilã "oficial" do Brasil. Essa mulher tem uma facilidade de ser detestável que só vendo!
No geral, o saldo é até positivo. Porque é um filme nacional sem excesso de piadas e vulgaridade, que se dispõe a debater um assunto sério (e muito em voga hoje em dia). Talvez nas mãos de um diretor mais experiente, a história teria rendido mais.
Primeiro filme dos irmãos Russo que eu vejo depois do EVENTO chamado Vingadores: Ultimato (maior bilheteria da história).
O que chama mais atenção no filme, além do nome dos diretores, claro, é a presença de um monte de fera no elenco, inclusive "nosso homem em Hollywood", o multitalentoso Wagner Moura.
É uma película "Netflix" com uma pegada James Bond e John Wick, e o fato de ser baseada num livro só é menos óbvio que o de estar destinada a virar uma franquia.
Gosto de Ryan Gosling desde "O Primeiro Homem" e "Blade Runner 2049", onde percebi que o sujeito SABE atuar, e embora ele não pareça ser uma escolha muito acertada pra fazer o tipo "herói de ação invencível", antes de assistir eu já sabia que ele daria conta fácil da tarefa. O roteiro não exige muito do ator, e o perfil do personagem (um agente ultradiscreto) combina perfeitamente com Gosling.
Chris Evans está obviamente se divertindo pacas com a chance de ser "mau" depois de uma década interpretando (muito bem) o certinho e ultra politicamente correto Capitão América. Seu vilão "bondiano" é caricato (com um bigodinho que me fez lembrar do Capitão América nazista) e tem as melhores tiradas do filme ("Não se pode fazer uma omelete sem matar pessoas"), conseguindo fazer rir enquanto tortura um cara aqui, sequestra uma criança ali, humilha uma mulher acolá.
Ana de Armas é incrivelmente linda e tem um diferencial em relação a Gal Gadot: sabe atuar. Não que sua personagem exija muito dela, mas dá conta do recado fácil.
Já o nosso Wagner Moura faz só uma pequena participação, mas faz, claro, um ótimo trabalho. Queria que ele tivesse um papel maior, mas o pouco que aparece ele rouba a cena.
A mão dos irmãos Russo é visível na ação frenética do filme, que mal dá tempo do sujeito respirar, os caras sabem como te manter entretido na frente de uma tela, e como nos filmes da Marvel você tem um "tour" por vários locais icônicos, o que dá ao filme um visual fantástico.
Vale a pena para se entreter e até para DAR RISADA, já que muitas partes são HILÁRIAS (de tão absurdas).
Digamos que o sujeito (Gosling) conseguiria sobreviver a uma explosão atômica!
Para o fraquíssimo "padrão Netflix" tá de bom tamanho.
O filme é ruim D.E.M.A.I.S., mas se você conseguir assistir pelo menos até a metade, dou um dica: assista até o final, porque o final é HILÁRIO de tão ruim!! Eu cheguei a rir alto da tosquice do roteiro!
Os fãs casuais do MCU não tem como saber isso, mas em 2004, por ocasião da chegada do número 500 do gibi dos Vingadores, a Marvel bolou um evento, chamado Vingadores: A Queda (Avengers Disassembled) que tinha como epicentro exatamente um colapso inesperado e total de Wanda Maximoff, vulgo Feiticeira Escarlate, colapso esse que praticamente pôs fim aos Vingadores (servindo de mote para o grupo ser reestruturado totalmente, passando a incluir, pela primeira vez em 40 anos, o Homem-Aranha em suas fileiras) e, um pouco mais tarde, resultou num outro evento chamado "Dinastia M" (uma realidade alternativa onde Magneto era o senhor do mundo) e em mudanças drásticas e definitivas nos personagens mutantes da Marvel. Uma frase que entrou para a história dos quadrinhos, "No more mutants!" (Chega de mutantes!) culminou na fase mais sombria da história dos X-Men, onde a população de mutantes na terra diminiu drasticamente, e os mutantes passaram a ser mais perseguidos e odiados do que nunca.
Pode-se dizer que esse colapso de Wanda resultou em mudanças tão significativas no Universo Marvel dos quadrinhos que ela praticamente sozinha o criou como o conhecemos hoje. Isso porque Wanda, até "A Queda", era tão somente uma heroína típica, mutante, muito poderosa, mas um membro a mais nos Vingadores. A partir dali, a personagem foi estabelecida como uma das mais poderosas de todo o Universo Marvel, pois seu poder de alterar probabilidades (ela faz coisas altamente improváveis acontecerem) aliado a seu conhecimento de magia e a sua personalidade instável (ela havia se casado com o Visão nos quadrinhos e, de fato, "criado" filhos de mentirinha com seu poder) a tornavam um ser extremamente poderoso, perigoso e imprevisível.
Dentro do Universo Marvel quadrinístico, personagens poderosos demais são comuns. Mas personagens capazes de alterar TODA a realidade e a moldar a seu bel-prazer são poucos, o que, claro, é conveniente às vezes quando os roteiristas têm que consertar algumas coisas ou apagar eventos inconvenientes.
No caso de Wanda, seu poder cada vez maior é podado não apenas pela existência de seres poderosos como Xavier, Dr. Estranho, Franklin Richards, etc, mas também pela própria personalidade instável dela, que nunca foi de fato "má", mas apenas confusa. Pois sendo filha adotiva de Magneto, foi treinada por ele para ser, junto com seu irmão Mercúrio (Pietro), uma criminosa terrorista mutante (algo que não foi aproveitado no MCU, por razões óbvias) mas acabou se regenerando e se juntando aos Vingadores, o que não a impedia de "sucumbir" vez ou outra seu lado negro e se tornar vilã. Até seu colapso, as mudanças de personalidade eram temporárias, mas naquele momento se percebeu que alguém como Wanda, com o poder dela, simplesmente NÃO PODE ter uma personalidade instável. Porque ela pode simplesmente fazer o mundo inteiro desaparecer se acordar deprimida.
Deixando de lado o desenvolvimento da personalidade de Wanda nos quadrinhos, ei-nos em 2022, na chamada fase 4 do MCU, no universo Marvel tal qual concebido, até aqui, para o cinema.
Novamente, parece se tratar de uma fase de transição, onde o colapso de Wanda, desta vez, serve para abrir portas para incluir novas tramas, subtramas e contingentes de personagens até então ignorados no MCU. Se nos quadrinhos ela destruiu os Vingadores e causou um estrago incomensurável para os X-Men, o que resultaria, no MCU tal qual desenvolvido até agora, da descoberta do potencial avassalador do poder dela?
Aqui não temos mais nenhuma das coisas que limitam a Feiticeira Escarlate tradicionalmente. Não temos seu irmão Mercúrio, não temos o Visão, nem seu pai adotivo Magneto. Também não temos os Vingadores, que serviam de esteio para a moça, para lhe dar uma ideia de família. Restou apenas um mote aproveitado dos quadrinhos (filhos falsos criados para dar à personagem uma ilusão de normalidade). Mas temos uma Wanda igualmente poderosa e versada em magia. O único personagem óbvio para servir de adversário a ela nesta fase seria o Doutor Estranho (o Professor Xavier também seria em tese, mas deixo isso mais pra frente).
Então, pelo menos à primeira vista, encaixar o colapso da Wanda num filme do Dr Estranho é uma das decisões mais inteligentes do MCU até aqui.
Resta saber se a ideia foi bem executada, e se o sacrifício da personagem servirá, realmente, para colocar o universo Marvel em uma nova era (c0mo serviu nos quadrinhos).
Posso dizer que a maioria das críticas dizendo que este filme é uma porcaria me desanimaram. Dos filmes da fase 4 até aqui, gostei de quase todos (Eternos, Shang-Chi e Viúva Negra), menos, claro, do para mim inassistível Homem-Aranha 3 e, agora, do Thor. Então se este filme do Doutor Estranho fosse realmente ruim, para mim seria difícil continuar empolgado com a Marvel nos cinemas (e na TV também, já que detestei Cavaleiro da Lua, por exemplo).
Mas nada disso: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um ÓTIMO filme, realmente, realmente MUITO bom, o melhor da fase 4 até agora!
Eu não falo apenas do apuro técnico. O visual é ACACHAPANTE! Aquela cena em que eles estão transitando entre as realidades, para mim, no MCU, só o encontro de Sersi com o Celestial (Eternos) supera. Novamente, me senti dentro de uma daqueles painéis inigualáveis do mestre Jack Kirby. Visual S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L. Sério, se fosse só pelo visual, o filme é nota DEZ!
Mas não, em termos de história mesmo, eu assisti e fiquei pensando, esse filme realmente ACRESCENTA algo ao MCU, ele realmente MOVE o universo para frente? Traz coisas, conceitos novos? Cria expectativas para os próximos filmes?
A resposta para todas as perguntas é um sonoro SIM, e eu tenho que lamentar que o filme que venha logo em sequência seja "Thor: Amor e Trovão". Um banho de água fria.
Porque olha só, não é só o "hype" nem a alegria de ver Senhor Fantástico e Professor Xavier interagindo com o Strange, é que realmente o número de portas e possibilidades que se abrem com a introdução do multiverso é incomensurável. Basicamente, o universo pode começar "de novo" com cada filme. Poderia, também, incluir TUDO o que já foi feito com heróis Marvel em live action (filmes e séries) como parte de uma mesma narrativa (os diversos Hulks, por exemplo).
O sujeito pode arguir que, no filme, essa ideia foi porcamente explorada, mas ela é, sim, uma ótima ideia a ser introduzida. Isso significa que teremos um Quarteto Fantástico que não faz parte do mesmo mundo dos (nossos) Vingadores? Sim, mas eles têm os Vingadores DELES, o que significa um novo Capitão América, um novo Homem de Ferro, etc.
O mote principal do filme, assim, foi plenamente aprovado por mim. Restou a execução da história em si, afinal, o filme tem que funcionar isoladamente, certo? Como uma história fechada. E FUNCIONA!! Não apenas é uma ótima história do Doutor Estranho (totalmente à vontade transitando entre mundos e mexendo com livros mágicos) que é, sim, o protagonista da história (aparece a maior parte do tempo, ao contrário do que alguns comentários aqui dão a entender), mas também é uma ótima conclusão para a participação de Wanda (Olsen) no MCU. Certo, eu gostaria que, na adaptação de um momento tão icônico para a personagem, estivessem presentes Mercúrio, Magneto, Visão e os Vingadores. Mas talvez se esse povo todo estivesse presente, o filme se tornaria caótico demais. Como temos que trabalhar com o que temos à mão, embora não seja um desenvolvimento perfeito, impecável, é o melhor que a personagem poderia ter nas condições atuais do MCU (em que a Marvel ainda está tendo que adaptar o papel de Magneto e X-Men no MCU).
No que o filme peca? Como sempre, Doutor Estranho fazendo piadas em momentos inapropriados e de modo totalmente desnecessário. A conclusão de algumas lutas (fáceis demais para a antagonista). E, claro, gostaria, como todo mundo, que os "Illuminati" fossem derrotados mais condignamente. O próprio Reed Richards faz questão de "entregar" o poder do aliado, tornando-o um alvo fácil (e na verdade Raio Negro poderia realmente reduzir Wanda à pó). Na verdade, o próprio Reed Richards, com tempo, conseguiria desenvolver alguma forma de paralisar a Wanda. E o Prof. Xavier poderia simplesmente APAGAR a mente dela (como fez com Magneto certa vez), e não há magia no mundo que resista a uma mente em branco! De qualquer forma, como se trata de apenas UM universo, não há porque lamentar a morte de Xavier e cia, já que sabemos que eles voltarão. O filme peca também, é claro, na solução muito fácil e conveniente de usar o poder de America Chavez (uma personagem interessante, por outro lado). Mas fazer o que? A vilã tem que ser derrotada de algum jeito né? Bem-vindos à Marvel/Disney.
A direção de Sam Raimi é um caso à parte, realmente, o sujeito tem um estilo próprio que é fácil distinguir (muitas vezes dá a impressão que o Homem-Aranha de Tobey Maguire vai aparecer andando pelas ruas), e os toques de terror (gente: sangue, massacre e zumbis no MCU!!!) realmente dão um clima diferente para o filme.
Não é um filme perfeito, mas, lamento desapontar aos descontentes, não é um filme ruim em hipótese alguma! Faltou uma maior exploração do "multiverso"? Faltou! Tudo é muito conveniente! É! Wanda surtou por pouca coisa? De certa forma sim, mas o problema real, repito, é a personalidade instável dela, junto com seu poder. Wanda simplesmente NÃO PODE ter problemas emocionais para resolver, ela tem que viver "se limando", tem que viver presa numa realidade perfeita, como ocorreu no filme!
Gostei muito de ter mais um filme do MCU para rever várias vezes, e aguardo agora o Pantera Negra!
Só agora percebi que não tinha dado nota ainda pra essa ótima obra de Villeneuve!
Acho que com esse aqui, Blade Runner 2049 e Duna já podemos dizer sem medo que o tio Denis é o atual MESTRE da ficção científica no cinema!
Este filme é muito bom, tem uma temática interessante e original e ótimas atuações, especialmente da Amy Adams. O final é meio fraquinho (daí não ser nota máxima), mas no geral é um dos melhores do gênero nós últimos tempos.
A minha expectativa é que esse gênero se torne recorrente no cinema e tenhamos filmes sobre John Lennon, Kurt Cobain, Janis Joplin, Ozzy, Lemmy, MJ, Madonna, Nina Simone, entre outros.
Herança Paranormal
2.3 68Nada absolutamente digno de uma longa dissertação sobre, exceto talvez o ator principal (também em “A Tempestade do Século”) que realmente é carismático e se esforça.
O final te dá “aquela” sensação de perda de tempo.
O Núcleo: Missão ao Centro da Terra
2.8 232 Assista AgoraÉ um “filme-catástrofe” onde, pelo menos, somos poupados daquele dramalhão e chororô típicos de Michael Bay, Roland Emmerich, etc. Tem uma premissa pouco explorada e dois bons atores como protagonistas (Aaron Eckhart e Hilary Swank).
Algumas coisas forçam a barra demais, mas vale pelo “entertainment value“.
Comboio 48 - A Última Resistência
2.9 4 Assista AgoraFilme russo bom é um autêntico “achado” e este não foge à regra. É um filme que retrata um lado “heróico” da Rússia em um contexto de guerra (no caso, a segunda), o que deve dar ao público russo um certo orgulho nacionalista, mas nós, do outro lado, sabemos o quanto a própria Rússia, encapsulada na extinta União Soviética, era também responsável por atrocidades capazes de chocar meio mundo.
Não é de todo ruim, tem uma fotografia interessante e alguns atores até se ESFORÇAM para atuar bem.
They/Them: O Acampamento
2.3 149Eis um “slasher” que, enfim, parece feito em e para 2022.
Na verdade não sei se “slasher” seria o termo mais apropriado. A “matança” demora a começar e, quando começa, parece que estamos assistindo outra película. Durante a maior parte do tempo, parece que estamos assistindo um daqueles dramas cheios de “significados”, em que o prazer é maior de tentar decifrar que diabos o diretor quer dizer do que em efetivamente assistir ao filme.
Mas enfim, se quiser considerar isso um mérito, os personagens, especialmente os jovens, falam exatamente como a geração “tuiteira” de nossa época, problematizando tudo, especialmente a sexualidade.
Eu posso imaginar a reação da “tradicional família norte-americana” a este filme. Censura!!! Em que mundo estamos vivendo?? Agora quem tenta defender o “correto” é vilão e quem defende o “errado” é herói? Que mundo é esse, meu Deus? Só existem dois sexos! Etc, etc. A “tradicional família brasileira” não ficaria muito atrás, já que é uma cópia da norte-americana, e tão artificial quanto ela.
O que nos traz ao primeiro problema do roteiro, o que os jovens estão fazendo no local? Foram forçados? É tudo uma experiência? Ou o diretor está trabalhando com nossa imaginação, -"veja só o que gostariam de fazer conosco?"
Na última hipótese, sim, a história “funciona”, porque, advinha só, caros gays, bissexuais, transexuais e afins: É ISTO QUE MUITA GENTE GOSTARIA DE FAZER COM VOCÊS!! Sem tirar nem por! É isto que a “tradicional família brasileira” gostaria de fazer com vocês! Chocados? Suas mães nunca os exporiam a isso? Se pensam assim, vocês ainda não aprenderam a conhecer o “todo” da experiência humana (para falar de modo bem pomposo).
Cansado de Kevin Bacon e seus papéis repetitivos, poderia torcer o nariz para mais este “vilão” dele, não fosse um papel que lhe caísse como uma luva. Sim, é difícil imaginar outro ator se encaixando tão bem no papel, ele tem uma incrível capacidade de ser detestável, especialmente fingindo ser o oposto do que pensa.
Não quero fazer deste um comentário “daqueles”, interminável, então vou me resumir: o filme decepciona como “slasher”, poderia deixar o “trabalho” do assassino, digamos, mais “espaçado”, mas como uma reflexão sobre a nossa época e como ela trabalha com os questionamentos sobre a sexualidade humana, vale, no mínimo, uma olhada.
Algumas sequências, no entanto, são lamentáveis e outras desnecessárias. A cena da cantoria a là “High School Musical” é de dar vergonha alheia. Eu tive que pular. As cenas de sexo (“ei, por que NÓS não podemos?”), como SEMPRE no gênero, absolutamente desnecessárias. Sem falar que uma das cenas deixa outra questão do filme em aberto:
Um dos membros da “seita” é homossexual. Ele alicia os mais “afoitos” e os entrega ao chefe para que sejam “corrigidos”. Mas eles são contra a homossexualidade. Por que endossam o comportamento dele, que transa com outros caras? Querem dizer que o sujeito é o gay que se odeia? É um instrumento útil para o grupo e será descartado a seu tempo? Essa parte eu não achei muito lógica.
Para quem queira filmes slasher mais “eficazes”, recomendo que passe longe. Quem tem horror a “modernidades” sexuais, também, a não ser que queira passar o fim de semana “chocados”, “horrorizados” com o fim da civilização. Mas, QUEM queira assistir um filme que realmente PARECE feito em 2022, a nossa época, com suas problematizações ao redor de NADA, essa pessoa certamente deve assistir.
Num gênero tão saturado por repetições, a película pelo menos acrescenta toques de originalidade no roteiro que a individualizam, e também dá um tapa na cara nada discreto em quem se recusa a enxergar um palmo à frente do nariz, mas quer mudar, e regular, a vida sexual do vizinho.
O Predador: A Caçada
3.6 663Eis o primeiro (e provavelmente último) crossover entre Pocahontas e uma franquia de terror na história do cinema.
Este filme conseguiu realizar uma proeza que dificilmente se consegue, especialmente em uma época em que o conceito de sequência já se diluiu tanto que nenhuma história parece mais ter sentido senão como estopim para uma série infindável de continuações: é o MELHOR filme de uma franquia que já existe há trinta e cinco anos, o que talvez não seja dizer muito quando se trata de uma franquia fraca como Predador, mas que certamente quer dizer que É POSSÍVEL pegar uma fórmula “surrada” e extrair dela algo que presta, principalmente se o diretor/roteirista realmente estiver afim de contar uma história, não apenas apresentar uma coleção aleatória de sustos e mortes para o público.
O personagem central da franquia, o alienígena mais adorável do cinema, nunca esteve tão assustador como aqui. É impressionante o quanto este filme consegue ser violento, a ponto de ser macabro. A morte dos animais vai “chocar” a geração pseudo-sentimental de hoje, claro, mas o filme todo, especialmente as mortes “de gente” é de dar um belo nó no estômago. Nem quando o Predador se juntou aos adoráveis xenomorfos nos filmes Alien vs Predador eu vi sequências de violência tão visceral como aqui. O que é interessante pelo fato de a protagonista do filme ser a Pocahontas!
Sério, a princípio a ideia que vem quando olhamos a protagonista é: LACRAÇÃO! (os americanos diriam: WOKE!). Um alien perigosíssimo que encara o Schwarzenegger numa boa vai enfrentar uma indiazinha desta vez? “Lacração!!!” Isso só até assistirmos o filme e entendermos o porque da jovenzinha sobreviver até o fim. AQUI ESTÁ a lição autêntica do feminismo, a única que presta: a mulher é sempre a que morre por último, é sempre a sobrevivente, a “final girl”, porque nunca esperamos nada dela, porque nunca a vemos como ameaça, e aí os homens vão se lançando ao desafio e morrendo uma um, enquanto a mulher usa a razão e dá um jeito de sobreviver.
Claro, você pode imaginar que a protagonista emula uma mulher de 2022 num contexto fora de época (1719 na América colonial, em meio a uma tribo comanche), mas é aqui mesmo, como eu disse, que o feminismo justifica sua razão de ser, porque, desde sempre, a mulher é de fato a que sobrevive e mantém a espécie, enquanto o homem vai caçar, lutar e morrer. Isso entre os índios, os africanos, os europeus, os esquimós. A mulher é frágil (“Não precisamos de uma cozinheira”), uma constatação que não é de 2022, é eterna, mas por isso mesmo ela tem essa necessidade de ser protegida que A garante e NOS garante.
A “final girl” é uma tradição desse gênero de filmes, este aqui não foge à regra, mas por incrível que pareça aqui a ideia se vende bem, porque na maioria das vezes temos uma “mocinha” chorona que escapa por pura conveniência de roteiro, aqui temos uma autêntica SOBREVIVENTE, que vai se moldando à situação e usando de sua vantagem natural de, como índia, estar intimamente ligada à terra e à natureza, o que não é o caso dos invasores (nem o homem branco nem o alienígena, por mais recursos que tenham).
Sim, é óbvio que há conveniências de roteiro. O desfile de cadáveres antes de chegarmos ao “confronto final” está ali para a garota sobreviver. Num confronto imediato, não teria porque ela sobreviver um minuto que fosse. Mas não é disso que trata a luta pela sobrevivência, “dar um jeito” de escapar vivo?
A inserção da típica perseguição da história num contexto indígena, “primitivo” dá uma dignidade insuspeita ao filme. Pois eles estão nesse momento mesmo lutando contra um “elemento alienígena” que, pouco a pouco, vai aniquilá-los. Então o Predador ganha ares de uma profundidade inimaginada ao se tornar símbolo do caçador que vem de fora apenas buscando “presas fáceis” na terra. Sem conceber que pode encontrar inimigos à altura.
O filme tem algumas sequências sensacionais e outras nem tanto, mas eu diria que é 90% aproveitável. Algumas cenas são sanguinolentas demais, fora que não me lembro de ter visto tantos animais sendo mortos num filme.
Outro detalhe: a participação dos “caras-pálidas” poderia ter sido reduzida drasticamente ou até cortada totalmente. Ok, o “homem branco” é o autêntico terror do indígena, mas quantos filmes na história temos focados em protagonistas índios? Eu só lembro de Pocahontas e Apocalypto. Claro que os sujeitos estão ali advinha para quê?
Em suma: não deixe de assistir este filme preocupado com “lacração”. Dificilmente a franquia Predador terá um outro melhor que este. É um filme incrivelmente violento que faz os dois primeiros da franquia parecerem “Sessão da Tarde”.
A garota mandou bem demais e o alien nunca esteve tão assustador.
Missão: Rússia
1.6 2 Assista AgoraDifícil entender como um filme pode ser tão ruim.
Pensem num amontoado de clichês de ação, todos juntos num mesmo filme, mas juntos da pior forma possível.
Os russos têm tudo pra criar um cinema próprio, e mais interessante ainda que o norte-americano, mas se limitam a importar os piores clichês possíveis de Hollywood (tanto em ação quanto "terror") e o resultado é sempre um produto inferior.
Desafio qualquer um a assistir isso aqui até o fim sem pular cenas!
Post Mortem
2.9 54 Assista AgoraA coisa mais difícil é um filme de terror com começo, meio e fim, que realmente se proponha a contar uma história, uma história com pé e cabeça, e não seja uma mera coleção de sustos, berros e mortes aleatórias, uma mera desculpa pra criar N sequências (N repetições da mesma ideia).
Este filme húngaro aqui merece entrar numa seleta galeria de filmes de terror "raiz", galeria que a cada ano parece se reduzir mais, apesar de alguns deslizes e cenas muito exageradas ou repetitivas, tem uma história interessante, uma atmosfera carregada e um protagonista que convence na atuação, além de uma garotinha que consegue a proeza de não ser chata.
Se gosta de terror sem vísceras expostas, nem putaria ou excesso de gritaria, eis uma ótima pedida.
OBS: quem viu algo de pedofilia na relação entre o protagonista e a menina precisa urgentemente checar a cabeça!
Nota 8.
A Maldição de Rose
1.7 12 Assista AgoraFilme fraquíssimo, que tenta reciclar pela ENÉSIMA vez aquela história xarope de exorcismo.
Até daria pra assistir se a atriz principal não fosse chatíssima (e a dublagem brasileira não ajuda nem um pouco). Quando a moça começa a berrar e se lamuriar, haja saco!
Red Rocket
3.6 60 Assista AgoraUm filme sobre um ex-ator pornô escroto que representa à perfeição o chamado "lixo branco" (white trash) norte-americano. Tem como isso dar certo?
Esta mistura exótica aqui de drama e comédia tenta responder isso.
Sem querer soar clichê mas já soando, estamos aqui no outro lado do "sonho americano". Os personagens são "gente como a gente" e as situações mostradas, nada absolutamente que não possa ocorrer em situações normais. A atuação dos atores é o mais próximo possível da realidade. Pessoas que falam palavrão, que tentam se virar de qualquer jeito (dentro ou fora da lei), pessoas que deixam de lado princípios e convicções por uma transa. E uma adolescente que tem o "sonho" de ser atriz pornô (=de ser um mero objeto sexual).
Isso choca alguém? Isso TE choca? Então é sinal que o diretor sabe onde está pisando e quem está cutucando com vara curta.
Os Estados Unidos são um país cheio de gente assim, pessoas que lembram (incomodamente) os brasileiros: sujeitos com moral de ocasião, que têm como preocupação essencial SOBREVIVER, não importa como. Não é isso que Hollywood VENDE. Não, a indústria do cinema vende um país onde "todos os sonhos se realizam", onde qualquer pé-rapado mora numa mansão ou num apartamento de luxo. Esse país, como o Brasil rico, existe para TÃO poucos que, na prática, não existe! O grosso dos norte-americanos não se reconhece em Hollywood e por isso mesmo idolatra sua indústria de ilusão.
O que fascina num filme como Red Rocket é esse passeio no "wild side" que nós podemos fazer habitualmente na vida real mas nunca no reino da fantasia, onde AINDA precisamos de heróis. Aqui o "herói" é um ex-ator pornô decadente que vende drogas e alicia menores para a pornografia. Um cara que aprendeu a olhar o ser humano de modo inteiramente objetificado. Seu corpo não tem qualquer valor pra ele, ele tem até dificuldade de se manter vestido na frente dos outros.
Ora, pergunta-se, e Tarantino "et alia" não se esbaldam no politicamente incorreto? Um personagem assim não estaria à vontade no universo "tarantinesco"? Não, porque Tarantino vai pro lado da paródia, do sarcasmo, do exagero, enquanto Sean Baker vai pro lado do visceralmente real. Nada que Mikey ou os outros personagens deste filme fazem é forçado ou exagerado, nada é algo que você não encontraria no mundo real. Esta é uma diferença vital. O tom exagerado de Tarantino "protege" o cara, e o mantém "a salvo" em Hollywood. É tudo uma grande paródia, no fim das contas. No caso de Baker, e deste filme em particular, a realidade bate na nossa cara, e nós rimos no momento mais dramático e choramos no momento mais cômico porque nos podemos enxergar perfeitamente como Mikey, como NUNCA podemos fazer com um personagem de Tarantino.
A performance de Simon Rex é o ponto alto do filme, mas todos os atores, sem excessão, entregam atuações convincentes. O filme é uma mistura interessante de drama e comédia, a tal ponto que não se sabe onde termina um e onde começa outra. Para mim, que NÃO GOSTO de comédia por princípio, funciona melhor assim.
Eu acho o filme uma nota 9 (4,5) pelo modo convincente que o diretor executa sua proposta. Mas entendo a nota média, porque o filme certamente não é pra qualquer um e porque grande parte das pessoas o assistirá esperando um "plot twist" ou uma reviravolta que não virá, pois chegamos ao final do filme no mesmo ponto onde o começamos.
Não é o que Hollywood costuma nos dar. Um "happy ending" é o mínimo que pedimos, certo? Mas não existem happy endings, existem sim é adolescentes cujo "sonho" é ser atriz pornô, adolescentes que praticamente SE ENTREGAM ao aliciamento que, segundo o politicamente correto, é coisa de mentes pervertidas.
Ótimo filme.
OBS: por se tratar de uma película sobre um ex-ator pornô eu achei que o filme pegou leve demais na sexualidade. Mas em compensação o diretor pesou a mão na cena final, com o que acredito seja a maior sequência de nu frontal masculino de um filme "mainstream" que eu já vi. Se não gosta desse tipo de coisa em cena, nem assista. A cena é desnecessariamente explícita e algo surpreendente pois o filme nem mostra direito o ato sexual, só brevíssimos cortes.
Jurassic World: Domínio
2.8 548 Assista AgoraA ideia é muito boa e realmente parece mover a franquia um passo adiante, ao contrário dos dois filmes anteriores: dinossauros à solta no mundo!
Resta saber se foi bem executada ou se só ficou na vontade mesmo.
De longe, o maior acerto do filme é trazer de volta os atores originais, ESPECIALMENTE Sam Neil e Laura Dern. Eu sou crítico desse apelo nostálgico atual da cultura pop, acho que isso indica mais uma estagnação criativa do que qualquer outra coisa. MAS, neste caso, compensa, porque Sam Neil e Laura Dern são atores MUITO melhores que Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Digamos, dão de 10 a 4. Passam muito mais veracidade na atuação.
Agora, a situação apresentada pelo roteiro foi bem executada ou ficamos no "é só isso?" Depende do ponto de vista. Por um lado, vemos em ação a adaptação de diferentes pessoas e comunidades ao convívio com répteis gigantes, alguns transformando-se em alimento, outros em alvo de caçada, e outros em animais de estimação bizarros. Eu imaginava antes de assistir que a produção NÃO teria orçamento para desenvolver VISUALMENTE bem essa premissa, e estava certo. Pois, como disseram antes nestes comentários, uma praga de insetos toma muito tempo de tela que deveria ser dedicado a nossos amigos dinossauros.
Isso é de todo ruim?
De novo, depende.
Nos outros cinco filmes, o que vimos? Dinossauros variados e uma perseguição implacável movida por um dino tamanho família. Mesmo padrão repetido cinco vezes. Desta vez, seja por questões orçamentárias ou não, o fato é que romperam com o lugar comum. Os dinos já não "chocam" mais ninguém pois já convivemos com eles há 30 anos. Então agora o dilema tem que ser outro.
Eu sinceramente acho que este é o melhor dessa segunda leva de filmes. Não apenas por fugirem da repetição incômoda de cenas de perseguição, mas por terem sido obrigados a avançar a história, ao menos minimamente. Isso não quer dizer que seja uma obra prima da sétima arte (aliás o primeiro também não é) mas pelo menos torna o filme assistível.
No geral, como "O Exterminador do Futuro", está é uma franquia que JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR. Não vejo mais como avançar essa história. Se (SE) eles decidirem fechar a história aqui, por incrível que pareça a saga terminará de forma razoavelmente decente, o que é quase um milagre após SEIS filmes.
Em Fuga
1.9 6Esses filmes de ação geralmente incomodam pelo excesso de absurdos, como o sujeito enfrentando desarmado quinhentos caras com fuzil.
Este aqui, ao contrário, incomoda pela PIEGUICE.
É como se o filme tivesse sido produzido pela Disney.
Além dos criminosos mais burros que o cinema já produziu, a relação que se estabelece entre a protagonista e o menino beira a vergonha alheia, e o final é perfeitinho demais.
Nota 2 pelo Sam Worthington e pela Lena. O menino é muito chato.
No Lugar Errado
1.8 15A despedida de Willis?
Medida Provisória
3.6 432Por ser um filme nacional e ter a direção do simpático Lázaro Ramos eu assisti QUERENDO que se tratasse de uma obra inesquecível, até porque o cinema brasileiro dificilmente me empolga (ultimamente, só gostei de "Loop").
De fato o filme TEM um bom mote, mas a execução, talvez por ser o primeiro filme de Ramos, deixa mesmo a desejar, e o final é panfletário DEMAIS. Eu achei que fosse implicância dos bozominions, mas não, é panfletário MESMO. Menos, Lázaro, menos!
Destaque para Taís Araújo (claro), Seu Jorge e Adriana Esteves, a vilã "oficial" do Brasil. Essa mulher tem uma facilidade de ser detestável que só vendo!
No geral, o saldo é até positivo. Porque é um filme nacional sem excesso de piadas e vulgaridade, que se dispõe a debater um assunto sério (e muito em voga hoje em dia). Talvez nas mãos de um diretor mais experiente, a história teria rendido mais.
Agente Oculto
3.2 380 Assista AgoraPrimeiro filme dos irmãos Russo que eu vejo depois do EVENTO chamado Vingadores: Ultimato (maior bilheteria da história).
O que chama mais atenção no filme, além do nome dos diretores, claro, é a presença de um monte de fera no elenco, inclusive "nosso homem em Hollywood", o multitalentoso Wagner Moura.
É uma película "Netflix" com uma pegada James Bond e John Wick, e o fato de ser baseada num livro só é menos óbvio que o de estar destinada a virar uma franquia.
Gosto de Ryan Gosling desde "O Primeiro Homem" e "Blade Runner 2049", onde percebi que o sujeito SABE atuar, e embora ele não pareça ser uma escolha muito acertada pra fazer o tipo "herói de ação invencível", antes de assistir eu já sabia que ele daria conta fácil da tarefa. O roteiro não exige muito do ator, e o perfil do personagem (um agente ultradiscreto) combina perfeitamente com Gosling.
Chris Evans está obviamente se divertindo pacas com a chance de ser "mau" depois de uma década interpretando (muito bem) o certinho e ultra politicamente correto Capitão América. Seu vilão "bondiano" é caricato (com um bigodinho que me fez lembrar do Capitão América nazista) e tem as melhores tiradas do filme ("Não se pode fazer uma omelete sem matar pessoas"), conseguindo fazer rir enquanto tortura um cara aqui, sequestra uma criança ali, humilha uma mulher acolá.
Ana de Armas é incrivelmente linda e tem um diferencial em relação a Gal Gadot: sabe atuar. Não que sua personagem exija muito dela, mas dá conta do recado fácil.
Já o nosso Wagner Moura faz só uma pequena participação, mas faz, claro, um ótimo trabalho. Queria que ele tivesse um papel maior, mas o pouco que aparece ele rouba a cena.
A mão dos irmãos Russo é visível na ação frenética do filme, que mal dá tempo do sujeito respirar, os caras sabem como te manter entretido na frente de uma tela, e como nos filmes da Marvel você tem um "tour" por vários locais icônicos, o que dá ao filme um visual fantástico.
Vale a pena para se entreter e até para DAR RISADA, já que muitas partes são HILÁRIAS (de tão absurdas).
Digamos que o sujeito (Gosling) conseguiria sobreviver a uma explosão atômica!
Para o fraquíssimo "padrão Netflix" tá de bom tamanho.
Vi e verei de novo!
Segredos do Passado
3.4 91O nome do filme em português é "Segredos do Passado".
É um suspense tipo "Supercine" que vale a pena por três motivos:
a) a paisagem australiana
b) ter uma história minimamente decente, embora com os clichês inevitáveis do gênero
c) Eric Bana
Nota justa.
Uma Foto Antes de Morrer
1.7 25 Assista AgoraO filme é ruim D.E.M.A.I.S., mas se você conseguir assistir pelo menos até a metade, dou um dica: assista até o final, porque o final é HILÁRIO de tão ruim!! Eu cheguei a rir alto da tosquice do roteiro!
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
3.5 1,2K Assista AgoraOs fãs casuais do MCU não tem como saber isso, mas em 2004, por ocasião da chegada do número 500 do gibi dos Vingadores, a Marvel bolou um evento, chamado Vingadores: A Queda (Avengers Disassembled) que tinha como epicentro exatamente um colapso inesperado e total de Wanda Maximoff, vulgo Feiticeira Escarlate, colapso esse que praticamente pôs fim aos Vingadores (servindo de mote para o grupo ser reestruturado totalmente, passando a incluir, pela primeira vez em 40 anos, o Homem-Aranha em suas fileiras) e, um pouco mais tarde, resultou num outro evento chamado "Dinastia M" (uma realidade alternativa onde Magneto era o senhor do mundo) e em mudanças drásticas e definitivas nos personagens mutantes da Marvel. Uma frase que entrou para a história dos quadrinhos, "No more mutants!" (Chega de mutantes!) culminou na fase mais sombria da história dos X-Men, onde a população de mutantes na terra diminiu drasticamente, e os mutantes passaram a ser mais perseguidos e odiados do que nunca.
Pode-se dizer que esse colapso de Wanda resultou em mudanças tão significativas no Universo Marvel dos quadrinhos que ela praticamente sozinha o criou como o conhecemos hoje. Isso porque Wanda, até "A Queda", era tão somente uma heroína típica, mutante, muito poderosa, mas um membro a mais nos Vingadores. A partir dali, a personagem foi estabelecida como uma das mais poderosas de todo o Universo Marvel, pois seu poder de alterar probabilidades (ela faz coisas altamente improváveis acontecerem) aliado a seu conhecimento de magia e a sua personalidade instável (ela havia se casado com o Visão nos quadrinhos e, de fato, "criado" filhos de mentirinha com seu poder) a tornavam um ser extremamente poderoso, perigoso e imprevisível.
Dentro do Universo Marvel quadrinístico, personagens poderosos demais são comuns. Mas personagens capazes de alterar TODA a realidade e a moldar a seu bel-prazer são poucos, o que, claro, é conveniente às vezes quando os roteiristas têm que consertar algumas coisas ou apagar eventos inconvenientes.
No caso de Wanda, seu poder cada vez maior é podado não apenas pela existência de seres poderosos como Xavier, Dr. Estranho, Franklin Richards, etc, mas também pela própria personalidade instável dela, que nunca foi de fato "má", mas apenas confusa. Pois sendo filha adotiva de Magneto, foi treinada por ele para ser, junto com seu irmão Mercúrio (Pietro), uma criminosa terrorista mutante (algo que não foi aproveitado no MCU, por razões óbvias) mas acabou se regenerando e se juntando aos Vingadores, o que não a impedia de "sucumbir" vez ou outra seu lado negro e se tornar vilã. Até seu colapso, as mudanças de personalidade eram temporárias, mas naquele momento se percebeu que alguém como Wanda, com o poder dela, simplesmente NÃO PODE ter uma personalidade instável. Porque ela pode simplesmente fazer o mundo inteiro desaparecer se acordar deprimida.
Deixando de lado o desenvolvimento da personalidade de Wanda nos quadrinhos, ei-nos em 2022, na chamada fase 4 do MCU, no universo Marvel tal qual concebido, até aqui, para o cinema.
Novamente, parece se tratar de uma fase de transição, onde o colapso de Wanda, desta vez, serve para abrir portas para incluir novas tramas, subtramas e contingentes de personagens até então ignorados no MCU. Se nos quadrinhos ela destruiu os Vingadores e causou um estrago incomensurável para os X-Men, o que resultaria, no MCU tal qual desenvolvido até agora, da descoberta do potencial avassalador do poder dela?
Aqui não temos mais nenhuma das coisas que limitam a Feiticeira Escarlate tradicionalmente. Não temos seu irmão Mercúrio, não temos o Visão, nem seu pai adotivo Magneto. Também não temos os Vingadores, que serviam de esteio para a moça, para lhe dar uma ideia de família. Restou apenas um mote aproveitado dos quadrinhos (filhos falsos criados para dar à personagem uma ilusão de normalidade). Mas temos uma Wanda igualmente poderosa e versada em magia. O único personagem óbvio para servir de adversário a ela nesta fase seria o Doutor Estranho (o Professor Xavier também seria em tese, mas deixo isso mais pra frente).
Então, pelo menos à primeira vista, encaixar o colapso da Wanda num filme do Dr Estranho é uma das decisões mais inteligentes do MCU até aqui.
Resta saber se a ideia foi bem executada, e se o sacrifício da personagem servirá, realmente, para colocar o universo Marvel em uma nova era (c0mo serviu nos quadrinhos).
Posso dizer que a maioria das críticas dizendo que este filme é uma porcaria me desanimaram. Dos filmes da fase 4 até aqui, gostei de quase todos (Eternos, Shang-Chi e Viúva Negra), menos, claro, do para mim inassistível Homem-Aranha 3 e, agora, do Thor. Então se este filme do Doutor Estranho fosse realmente ruim, para mim seria difícil continuar empolgado com a Marvel nos cinemas (e na TV também, já que detestei Cavaleiro da Lua, por exemplo).
Mas nada disso: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um ÓTIMO filme, realmente, realmente MUITO bom, o melhor da fase 4 até agora!
Eu não falo apenas do apuro técnico. O visual é ACACHAPANTE! Aquela cena em que eles estão transitando entre as realidades, para mim, no MCU, só o encontro de Sersi com o Celestial (Eternos) supera. Novamente, me senti dentro de uma daqueles painéis inigualáveis do mestre Jack Kirby. Visual S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L. Sério, se fosse só pelo visual, o filme é nota DEZ!
Mas não, em termos de história mesmo, eu assisti e fiquei pensando, esse filme realmente ACRESCENTA algo ao MCU, ele realmente MOVE o universo para frente? Traz coisas, conceitos novos? Cria expectativas para os próximos filmes?
A resposta para todas as perguntas é um sonoro SIM, e eu tenho que lamentar que o filme que venha logo em sequência seja "Thor: Amor e Trovão". Um banho de água fria.
Porque olha só, não é só o "hype" nem a alegria de ver Senhor Fantástico e Professor Xavier interagindo com o Strange, é que realmente o número de portas e possibilidades que se abrem com a introdução do multiverso é incomensurável. Basicamente, o universo pode começar "de novo" com cada filme. Poderia, também, incluir TUDO o que já foi feito com heróis Marvel em live action (filmes e séries) como parte de uma mesma narrativa (os diversos Hulks, por exemplo).
O sujeito pode arguir que, no filme, essa ideia foi porcamente explorada, mas ela é, sim, uma ótima ideia a ser introduzida. Isso significa que teremos um Quarteto Fantástico que não faz parte do mesmo mundo dos (nossos) Vingadores? Sim, mas eles têm os Vingadores DELES, o que significa um novo Capitão América, um novo Homem de Ferro, etc.
O mote principal do filme, assim, foi plenamente aprovado por mim. Restou a execução da história em si, afinal, o filme tem que funcionar isoladamente, certo? Como uma história fechada. E FUNCIONA!! Não apenas é uma ótima história do Doutor Estranho (totalmente à vontade transitando entre mundos e mexendo com livros mágicos) que é, sim, o protagonista da história (aparece a maior parte do tempo, ao contrário do que alguns comentários aqui dão a entender), mas também é uma ótima conclusão para a participação de Wanda (Olsen) no MCU. Certo, eu gostaria que, na adaptação de um momento tão icônico para a personagem, estivessem presentes Mercúrio, Magneto, Visão e os Vingadores. Mas talvez se esse povo todo estivesse presente, o filme se tornaria caótico demais. Como temos que trabalhar com o que temos à mão, embora não seja um desenvolvimento perfeito, impecável, é o melhor que a personagem poderia ter nas condições atuais do MCU (em que a Marvel ainda está tendo que adaptar o papel de Magneto e X-Men no MCU).
No que o filme peca? Como sempre, Doutor Estranho fazendo piadas em momentos inapropriados e de modo totalmente desnecessário. A conclusão de algumas lutas (fáceis demais para a antagonista). E, claro, gostaria, como todo mundo, que os "Illuminati" fossem derrotados mais condignamente. O próprio Reed Richards faz questão de "entregar" o poder do aliado, tornando-o um alvo fácil (e na verdade Raio Negro poderia realmente reduzir Wanda à pó). Na verdade, o próprio Reed Richards, com tempo, conseguiria desenvolver alguma forma de paralisar a Wanda. E o Prof. Xavier poderia simplesmente APAGAR a mente dela (como fez com Magneto certa vez), e não há magia no mundo que resista a uma mente em branco! De qualquer forma, como se trata de apenas UM universo, não há porque lamentar a morte de Xavier e cia, já que sabemos que eles voltarão. O filme peca também, é claro, na solução muito fácil e conveniente de usar o poder de America Chavez (uma personagem interessante, por outro lado). Mas fazer o que? A vilã tem que ser derrotada de algum jeito né? Bem-vindos à Marvel/Disney.
A direção de Sam Raimi é um caso à parte, realmente, o sujeito tem um estilo próprio que é fácil distinguir (muitas vezes dá a impressão que o Homem-Aranha de Tobey Maguire vai aparecer andando pelas ruas), e os toques de terror (gente: sangue, massacre e zumbis no MCU!!!) realmente dão um clima diferente para o filme.
Não é um filme perfeito, mas, lamento desapontar aos descontentes, não é um filme ruim em hipótese alguma! Faltou uma maior exploração do "multiverso"? Faltou! Tudo é muito conveniente! É! Wanda surtou por pouca coisa? De certa forma sim, mas o problema real, repito, é a personalidade instável dela, junto com seu poder. Wanda simplesmente NÃO PODE ter problemas emocionais para resolver, ela tem que viver "se limando", tem que viver presa numa realidade perfeita, como ocorreu no filme!
Gostei muito de ter mais um filme do MCU para rever várias vezes, e aguardo agora o Pantera Negra!
Terra Sem Lei
3.1 29 Assista AgoraEmile Hirsch (irmão mais novo do Jack Black) + John Cusack (irreconhecível) + faroeste= assista sem medo de ser feliz
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraSó agora percebi que não tinha dado nota ainda pra essa ótima obra de Villeneuve!
Acho que com esse aqui, Blade Runner 2049 e Duna já podemos dizer sem medo que o tio Denis é o atual MESTRE da ficção científica no cinema!
Este filme é muito bom, tem uma temática interessante e original e ótimas atuações, especialmente da Amy Adams. O final é meio fraquinho (daí não ser nota máxima), mas no geral é um dos melhores do gênero nós últimos tempos.
Coração de Cavaleiro
3.7 610Antes de tentar a sorte como cowboy gay e palhaço do crime, Heath experimentou até a cavalaria!
Cara esforçado!
Agente Oculto
3.2 380 Assista AgoraCapitão Nascimento+ Capitão América+ Neil Armstrong+ Irmãos Russo com Ana de Armas de brinde?
Nessas horas é que eu embarco nessa besteira de "hype".
Elvis
3.8 759A minha expectativa é que esse gênero se torne recorrente no cinema e tenhamos filmes sobre John Lennon, Kurt Cobain, Janis Joplin, Ozzy, Lemmy, MJ, Madonna, Nina Simone, entre outros.
Uma Foto Antes de Morrer
1.7 25 Assista AgoraA surpresa é o filme no Brasil não se chamar "O Flash Assassino", "O Click do Mal", "A Câmera do Terror", etc.
Caranguejo Negro
2.7 123 Assista AgoraPor MENOS Liam Neeson e Jason Statham nos filmes de ação e MAIS Noomi Rapace!
Essa mulher é fantástica! O roteiro pode ser o mais clichê e conveniente possível, mas a atuação sempre convence!