Esses filmes antigos longos são geralmente muito bons, sendo quase uma NOVELA resumida num capítulo só.
Como esse aqui se destaca por ser o último de James Dean, acaba sendo valorizado pelo motivo errado. Pois a atuação de Dean não é lá essas coisas e nem o personagem é tão relevante assim para a história. Na verdade, aparece bem pouco e nem faz muita diferença.
Destaque mesmo para a dupla Taylor/Hudson. Ambos no auge do talento e da beleza. E para a história que vai num crescendo conforme a família vai se formando, aumentando e entrando em decadência, tudo em meio à busca pela riqueza e às inevitáveis mudanças trazidas pelo tempo. Discute o enraizado racismo norteamericano de modo muito mais eficaz que "E o Vento Levou", embora com as limitações da época..
É um filme que traz uma discussão válida e pouquíssimo explorada no cinema. Afinal, hospitais e médicos têm nossas vidas muitas vezes na mão, e dependendo do caráter das pessoas envolvidas, a vida de alguém de torna mera estatística. Quem já se sentiu tratado como lixo em hospitais públicos, simplesmente por não ter dinheiro, acaba se identificando, embora o filme não entre necessariamente nesse debate. E quando o médico simplesmente não se esforça o suficiente para salvar a pessoa por não ver ganho nenhum nisso? E quando um pobre morrendo pode beneficiar ricos à espera de transplante de órgãos, cujo tratamento bem sucedido pode trazer fama e reconhe$imento aos médicos envolvidos?
De fato, raramente vemos discussões desse tipo por aí (o que geralmente só acontece com casos de repercussão como o de Faustão), e elas são importantes, e esmiuçam porque tanta gente tem medo de médico e de hospital, afinal, vc pode entrar com um problema pequeno pra resolver e voltar com vários outros, ou pior, nem voltar.
Um retrato perfeito da idiotização generalizada da nossa geração.
Tão perfeito, mas TÃO perfeito, que se vc sai desse filme achando que viu alguma mensagem profunda ou edificante sendo passada, pode ter 100% de certeza que vc É um idiota. Não há margem para dúvidas.
A diretora (?) te joga na cara um roteiro que é praticamente um resumo da existência do Twitter (agora, X). Uma enorme e interminável discussão SOBRE O NADA. E é exatamente disso que trata esse neo clássico: sobre o NADA, sobre como uma geração de flocos de neve transforma uma boneca que é o símbolo da superficialidade e da futilidade feminina em mártir de uma "causa" que só existe em sua cabeça. E a prova definitiva do que digo é que o filme consegue perpetuar exatamente aquilo que, na imaginação "twitteira", tenta combater: permanece a Barbie intocada, permanece o culto àquilo que a boneca representa, e a Mattel fatura mais do que nunca vendendo superficialidade.
Como o filme trata DO NADA, claro que o resultado, e o proveito, só pode ser o NADA. A comédia não faz rir, o drama (?) causa vergonha alheia, as referências (?) te fazem perguntar o que Kubrick fez para merecer ser lembrado NISSO aqui. E no final, O MESMO DE SEMPRE, a mesma mensagem tosca e enfadonha repetida em cada filme da Disney, "aceitação" artificial de uma geração que não resolve problema real nenhum porque gasta todas as suas energias em combater, via teclado, problemas imaginários.
Sei, sei, vc é mulher e tal e acha isso mais murmurinho de incel, redpill, reaça ou coisa que o valha. Mas entenda que o problema aqui não é minha anônima pessoa. É VOCÊ aceitar como algo profundo algo tão pobre, previsível e medíocre como esse projeto de filme. É VOCÊ se achar "representada" por Margot Robbie. Ou pior, pela Barbie. Você assim está praticamente assinando um atestado de indigência mental e confirmando o que eu disse antes: o filme é feito para celebrar a idiotização humana.
O grande destaque aqui é mesmo a atuação de Nicolas Cage como Drácula. Ele se encaixou perfeitamente no personagem.
Porém, isso não tira o demérito do filme, que é o humor forçado e o gore que, de tão exagerado, resvala no puro mau gosto. Dá pra dar risada? Dá, mas fica o tempo todo a sensação que o filme poderia ser bem melhor, além do que, por trás da bizarrice e do "terror", ficamos com uma mensagem não mais profunda que qualquer filme básico da Disney. Zero profundidade.
A nota representa exatamente a qualidade do filme.
É um suspense que se vende como noir mas não convence.
A linguagem dos personagens é vulgar demais para a época retratada.
As cenas de ação/suspense também não fazem jus ao gênero. Tudo corrido/cortado, como se o diretor se lembrasse, de repente, que o público do filme é a geração de 2023, que não consegue prestar atenção em nada por muito tempo e se aborrece com qualquer cena que dure mais que três minutos.
O pior defeito, porém, é não aproveitar bem o elenco. Sabemos que Liam Neeson é um bom ator. Esse papel poderia servir exatamente para ele sair do estereótipo do "coroa durão" que ele tem encarnado nas duas últimas décadas. Mas eis que o diretor se lembra, também, que é assim que estamos acostumados a ver Neeson. E, de repente, estamos de novo num de seus filmes de ação genéricos onde ele faz coisas inimagináveis para sua idade.
Enfim, o filme se vende como noir mas não tem nem a atmosfera nem a elegância do gênero (linguajar vulgar demais). Mas não é um lixo, dá pra passar o tempo numa boa.
É o "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" da DC, SEM TIRAR NEM PÔR.
É a MESMA ideia, o MESMO apelo à nostalgia, a MESMA jogada para escanteio do personagem/ator principal em prol de outros personagens/atores mais atraentes/populares.
Falta só um aviso bem grande no cartaz do filme: POR FAVOR, SAUDOSISTAS, VENHAM ME ASSISTIR O QUANTO ANTES.
Sério, isso aqui é quando o apelo nostálgico beira o DESESPERO. O filme não faz o MENOR sentido, como a própria DC, atualmente, nos quadrinhos, não faz o menor sentido (quem acompanha sabe do que eu estou falando, uma sucessão interminável de reboots e eventos que nunca levam a lugar nenhum).
Assim como grande parte dos que dão nota aqui, suponho que eu deveria me entusiasmar com o Michael Keaton vestindo o uniforme de um personagem que não é mais dele há 31 anos. Mas não me entusiasmei nem um pouco mais do que vendo que Tobey Maguire vestindo o uniforme de Homem Aranha depois de passar muito da idade pra fazer isso.
Enfim, muita gente vibrou, eu não vi nada além de uma confusão sem sentido e apelo nostálgico desnecessário. O melhor da DC segue tendo os nomes Nolan e Snyder envolvidos. O resto continua sendo resto.
Se o "Dublê de Corpo" remete a "Um Corpo Que Cai", este aqui remete a "Psicose".
De Palma foi sem dúvida o discípulo mais famoso de Hitchcock.
Mas a questão é, superou ou igualou o mestre?
Eu diria que não.
Vejam que aqui, já entrando na década de 80, o diretor já contava com muito mais liberdade de ação, podendo até se dar ao luxo de abrir seu filme com uma longa cena de nudez e quase masturbação feminina, o que seria impensável na época de "Psicose".
Ainda assim, mesmo com a possibilidade de criar uma história muito mais intensa, De Palma não consegue entregar mais que um suspense que, sim, funciona muito bem, mas de modo algum merece a alcunha de CLÁSSICO como o filme do grande Hitch. Eu entendo que a partir de um dado ponto o diretor precisava se distanciar da sua referência óbvia para simplesmente não criar uma imitação, pura e simples, de "Psicose". Ele consegue fazer isso, embora o motivo do vilão (vilã?) da história resvale no território da psicanálise, como aconteceu com Norman Bates. Da mesma forma, matar a protagonista no começo do filme não parece uma sacada tão genial quando já tinha sido feito por Hitch de forma brilhante. Eu diria, com esses e outros exemplos (por exemplo, a cena final) que De Palma chegou perto de até criar uma obra prima, mas precisamente por emular seu mestre de forma tão nítida e indisfarçada é que o filme perde força.
Digamos assim: um pouco mais de originalidade e esse seria um clássico. Do jeito que ficou, é "apenas" um bom filme de suspense. Talvez fosse apenas isso que De Palma queria fazer, afinal de contas.
Quem gosta de filmes de James Bond tem a obrigação de gostar desse aqui também.
Porque é no mínimo tão absurdo quanto.
O vilão desse filme, por exemplo, parece saído direto de um filme de James Bond. Sim, ele também tem um plano terrível envolvendo dominação mundial. E, sim, ele também entrega todo seu plano meticulosamente elaborado para o herói.
Definitivamente, não dá pra levar a sério. Mas uma coisa é certa: se vc for assistir esse filme, vc tem que se forçar pra não rir de algumas situações genuinamente hilárias. Eu, que não sou fã do gênero nem do Jackie Chan, acabei rindo bastante. Recomendo assistir depois de algum filme muito tenso ou pesado, pra relaxar mesmo.
OBS: Quem viu "O Estrangeiro" sabe que Chan é um ótimo ator. Essas comédias básicas não usam dez por cento do potencial dele.
É o que já disseram e redisseram quinhentas vezes aqui, é um filme fraco, fraquíssimo, mas talvez valha a conferida por ter um Willem Dafoe fazendo um vilão completamente SURTADO. Com direito a risadinha macabra e tudo o mais.
E esse tal Jason Patric? Carisma de uma porta, não é à toa que sumiu.
É um suspense "ok", o ator principal faz um bom trabalho (embora seu personagem passe do modo "cara assustado" para "serial killer" muito rápido e convenientemente), só não gostei do final, achei confuso, claro que estavam querendo passar uma lição de moral, mas não vi lógica nas atitudes do cara.
Quase uma releitura de "Um Corpo Que Cai" do mestre Hitchcock para os anos 80.
Parecidíssimo mesmo em alguns momentos. Inclusive em ser protagonizado por um "cara comum".
Tirando alguns momentos nada a ver, algumas cenas que o bom gosto de Hitch nunca aprovaria, é um entretenimento mais do que razoável, bem acima da média para a década (os exageradíssimos anos 80) na verdade.
Só pela Amy Irving já dá pra sacar que o filme é praticamente uma continuação de Carrie, A Estranha.
Mas, como dito já muitas vezes aqui, não chega perto em termos de criar uma história realmente envolvente.
A narrativa é MUITO confusa. Tive que voltar o filme várias vezes pra ver se entendia o que estava acontecendo. Aí nessas horas a gente pensa, talvez seja um filme "cabeça", que demande um maior grau de atenção para ser entendido. Ou não, talvez seja só confuso mesmo.
Mas ainda é melhor do que 99% dos filmes de terror de hoje em dia, isso pode ter certeza.
Eis aqui uma cinebiografia do tamanho certo. Com um total de 3:12 horas de duração, o filme tem o tamanho certo para narrar a história do biografado de uma forma minimamente aceitável, destacando os momentos mais importantes dessa que foi uma figura negra das mais notórias na história da humanidade (não apenas dos Estados Unidos).
Além o acerto no tamanho do filme, temos também que destacar a escolha de Denzel Washington para interpretar Malcolm X. Dá para perceber, quando o verdadeiro Malcolm aparece, no final do filme, que Washington não se parecia, realmente, com o cara, mas ele fez um trabalho de interpretação tão completo, se dedicou de tal forma, que por momentos vc consegue esquecer que são duas pessoas distintas. Sem dúvida esse poderia perfeitamente ter sido o primeiro Oscar de Denzel Washington, assim como Angela Basset poderia facilmente ganhar um como coadjuvante.
O grande "desacerto" do filme vem no final. Spike Lee decidiu colocar, após o inevitável final trágico de X, um longo desfecho onde, basicamente, esmiuça o terror do racismo contra negros com a ajuda de cenas da vida real e até mesmo do velho Nelson Mandela. É um discurso de viés nitidamente político que com certeza não acrescenta nada ao filme, já que tudo o que se diz já havia ficado bem claro pela história contada. Essa parte poderia facilmente ter sido cortada. Recentemente, Lázaro Ramos fez algo parecido em seu filme de estreia, "Medida Provisória", e o resultado ficou igualmente panfletário.
Voltando ao filme, Lee acertou ao mostrar diferentes fases da vida de Malcolm, pecando apenas quanto à sua infância, que mal é mostrada. Mas temos o jovem Malcolm tentando se "esbranquiçar", se envolvendo com mulheres brancas com o fito de "dominá-las" (Freud explica) e até mesmo virando uma espécie de gângster com o codinome de "Red". Temos enfim sua prisão e sua conversão ao islamismo, primeiro sob a forma de uma tal "Nação do Islã", liderada por uma figura quase messiânica chamada Elijah Muhammad, depois de uma forma mais completa, associando-se o islamismo tradicional, com direito a peregrinação à Meca e tudo o mais.
Um detalhe interessante no filme é como é explorada a diferença prática entre cristianismo e islamismo. Numa das cenas na prisão, Malcolm reage agressivamente quando alguém tenta lhe passar um sermão sobre o lado bom da religião cristã, perguntando o que Jesus já fez por ele na vida. Isso é interessante porque é público e notório que se pode ser, e muitos de fato o são, cristão apenas "em tese", na teoria, mas na prática o cristianismo é muitas vezes irrealizável. Já o islamismo exige ser vivivo e praticado, não pode nunca permanecer como uma religião apenas idealizada. Assim quando começa a pregação na cadeia, Malcolm a princípio acha que estão apenas tentando apenas lhe vender uma nova ilusão, mas com o tempo percebe que essa diferença prática, de que o Islã exige ser realizado na vida real, exige uma postura nova e atitudes novas de quem se converte, faz uma enorme diferença e acaba "se rendendo" à religião de tal forma que, tempos depois, quando descobre que os líderes da Nação do Islã também podem ser tão corruptos quanto os líderes cristãos, acaba se afastando e fundando seu próprio grupo, tentando ficar o mais próximo possível do verdadeiro islamismo.
Até que ponto esse filme retrata a realidade, retrata quem foi o verdadeiro Malcolm X? Sabemos que se baseou em uma autobiografia do líder negro. Por isso, evidentemente, apresenta uma imagem meio que idealizada do cara. Porém, como faz questão de mostrar que o sujeito de fato cometeu vários crimes na vida, e inclusive chegou a pregar a total segregação de pessoas brancas, num arianismo às avessas, dá para perceber que houve um esforço para não descambar para a hagiografia. Vale mencionar a transformação do personagem retratada pelo filme. O Malcolm X do final é outro homem em relação ao do início. Sua conversão ao islamismo se tornou completa, e ele passou a adotar uma postura radicalmente diferente, já aceitando que nem todos homens brancos eram ruins ou racistas, mas que podem haver pessoas boas e más em todas as raças, religiões e lugares.
No geral o filme é um sólido 9/10, mas poderia ser até nota 10 se não fosse aquela parte final, panfletária, e se tivesse uma parte dedicada à infância do cara. Faltou também mostrar o embate com o outro grande líder negro da época, Martin Luther King, que só aparece no final, em pessoa.
"Rusty James"= James enferrujado. Qualquer ligação com James Dean não é mera coincidência.
De fato, como alguns outros notaram aqui, o protagonista da história emula James Dean, assim como seu irmão emula Marlon Brando. O filme inclusive é todo em preto e branco, exatamente como os filmes de Dean.
A história aqui é, em tudo, uma homenagem ao "rebelde sem causa" tão perfeitamente representado por James Dean.
Se no seu megaclássico O Poderoso Chefão Francis Ford Coppola juntou um time respeitabilíssimo de atores, revelando ao mundo os talentos de Al Pacino e Robert De Niro, aqui ele juntou uma turma de promissores futuros astros (Matt Dillon, Mickey Rourke, Diane Lane, Laurence Fishburne, Nicholas Cage) para contar uma história que tem um notório viés existencialista, e que às vezes parece emular propositalmente, além dos já mencionados filmes de James Dean, a literatura de Albert Camus. Com efeito, muitas vezes vendo o filme, veio à minha mente "O Estrangeiro" de Camus e seu "herói" Mersault, um personagem emblemático da literatura moderna que aqui aparece dividido em duas partes: o lado "rebelde" que se cansou de tudo e o lado "cansado de tudo" que sonha, fantasia em ser rebelde, mas não consegue.
A sensação de estar dentro de uma história "camusiana" aumenta exponencialmente na última cena. A morte de um dos irmãos protagonistas seria certamente digna de Mersault, tal o grau de gratuidade, de absurdo da situação. Mersault, como se sabe, "apenas" existe. Ele não tem fé, não tem grandes objetivos nem propósitos na vida. Nasceu e segue vivendo, como por instinto, mas se choca quando percebe que "os outros" dão tanta importância à vida e às suas implicações, quando tudo nela parece arbitrário, gratuito, vão. A morte de um dos irmãos é complementada pelo final do outro, afinal livre de tudo em sua moto, encarnando finalmente o rebelde que tanto queria ser mas nunca conseguiu, olhando o mar imenso em sua volta sem ter nem a mais mínima ideia do que fazer com o "resto" de sua existência terrena.
Sim, esse filminho aqui te decepciona quando vc não recebe o que o seu nome (ao menos em português) promete, já que isso aqui NÃO É o típico filme de adolescente oitentista, não temos aquelas longas cenas de briga, bullying, ou pretenso machismo, até existem algumas cenas levemente reminiscentes dos "Curtindo a Vida Adoidado" da vida, mas no geral o filme quer evidentemente ser muito mais profundo que isso, por isso mesmo merece que se dediquem muito mais linhas a ele que o típico produto dos anos 80 (uma época tão nostálgica, mas quase sem substância alguma).
Se vc achar esse filme "chato", provavelmente achará literatura existencialista "chata" também. Isso não é demérito nem teu nem do filme. Provavelmente não é o que vc esperava pelo título do filme. Vai para o próximo e deixe essa pequena jóia aqui reservada àqueles que sabem apreciar uma história que vai além da obviedade e entrega um conto sobre a alienação e a angústia existencial da juventude de um jeito que só um autor do calibre de Albert Camus poderia fazer. E acredite, trazer Camus para a discussão sobre um filme indica que esse merece, com certeza, ao menos uma conferida atenciosa uma vez na vida.
Às vezes esses filmes feitos para a televisão são fraquíssimos, mesmo por causa das restrições de orçamento e das limitações do meio (não pode mostrar nudez, nem violência excessiva, etc). Pelo menos em dois casos que eu vi o filme realmente vale a pena pelo menos uma conferida.
Um deles é "Dark Night of the Scarecrow" (A Vingança do Espantalho, de 1981), que, dentro de certas restrições, consegue construir uma atmosfera de terror mais convincente que muitos filmes famosos.
O outro é este aqui.
Não dava nada pra esse telefilme aqui. Assisti uma vez e não vi nada além de uma história incoerente pra passar o tempo. Mas vendo uma segunda vez e prestando atenção no enredo, não é que o negócio funciona e até te prende do início ao fim?
Claro que as duas atrizes protagonistas não são lá essas coisas. Claro que a cena final é bem "nada a ver" com o resto do roteiro. Claro que o clímax da história abusa da boa vontade do telespectador. Mas apesar desses defeitos, a história prende o suficiente para vc chegar até o fim realmente querendo saber como ela termina. O antagonista (Robert Carradine) atua bem o suficiente para convencer no papel e te deixar ansioso pelas reações e atitudes do personagem. E a situação descrita (trote que termina mal) não é explorada à exaustão no cinema, razão mais que suficiente para tornar o filme, senão realista, ao menos instigante o bastante pra valer uma conferida.
Homem Aranha misturado com Homem de Ferro, exceto que o Besouro Azul é um personagem fraquíssimo mesmo nos quadrinhos, sem dez por cento da graça de um desses dois.
Esse é o tipo de filme de ação que "funciona" para mim.
Não gosto daqueles filmes rocambolescos ou "tarantinescos" com o protagonista fazendo coisas que até Deus dúvida protegido pela conveniência do roteiro. É legal quando o filme tem ação, mas consegue ser minimamente crível.
Também não gosto muito de Tom Cruise. Sempre o achei um ator extremamente supervalorizado por causa de sua aparência, mas limitadíssimo em suas atuações. Sempre o mesmo tipo de personagem. Acho que aqui ele "funciona" para mim pelo mesmo motivo que eu gostei dele no "Nascido em 4 de Julho", porque está fora de sua zona de conforto. Embora, diga-se, qualquer ator tarimbado conseguiria fazer um trabalho igualmente competente.
Já Jamie Foxx convence muito nesse papel de "man on the street". Ele não faz nenhum esforço pra te convencer que realmente pode ser um mero motorista de táxi em Los Angeles, assim como poderia ser Ray Charles.
Acho que o filme funciona para mim porque cria uma atmosfera de ação/suspense convincente do início ao fim, ambientado à noite, com diálogos acima da média nesse gênero (alguns dão até uma impressão de profundidade insuspeita para esse tipo de filme). É mais ou menos como "um dia na vida" de um cidadão comum de uma grande megalópole norteamericana, com a diferença que esses tipos de acontecimentos passam despercebidos da maioria de nós, enquanto para o protagonista ele tem o infortúnio de ter acordado com o pé esquerdo no dia e presenciar coisas que só ouviria falar através dos telejornais.
Você está lendo essa seção de comentários se perguntando se vale a pena assistir este filme?
Bom, minha dica aqui é: IGNORE sumariamente todos os comentários negativos aqui. Simplesmente IGNORE. O filme é uma obra prima. Pura e simplesmente uma obra prima. Muito sensível e extremamente bem feito.
É chover no molhado falar na atuação do então menino prodígio Chris Bale (perceberam o trocadilho?). Ele já era aquilo que sabemos que é hoje, um dos grandes atores de Hollywood. Mas o grande responsável pelo show aqui nem é ele, é o diretor mesmo.
Todo mundo que conhece o mínimo do mínimo de cinema moderno sabe que Spielberg é um mestre do melodrama. Pensa num sujeito melodramático. A grande maioria dos filmes dele peca nesse sentido, parecendo querer extrair do público emoção à toda força.
Mas em alguns ele acerta exatamente no tom. "Império do Sol" é um deles.
Esse filme é muito indicado para aquela parcela do público que se emociona com uma obra como "Cinema Paradiso". Digamos, se vc acabou de assistir "Cinema Paradiso", vc pode aproveitar o embalo e as lágrimas já acumuladas e assistir "Império do Sol" na sequência. Uma tarde inteira de lágrimas garantida.
Mas não é uma choradeira forçada do tipo novela mexicana. Não, é emoção genuína, extraída de dentro de ti por mestres no assunto. É um aflorar de sensações e emoções que surge naturalmente, enquanto o filme vai nos revelando lados da experiência humana que tentamos ignorar mas que às vezes nos chamam de volta pra realidade.
Eu não vou me alongar muito aqui, porque nem adianta, ninguém vai ler de qualquer forma. Só vou resumir que, na carreira muitíssimo bem sucedida de Spielberg, esse filme aqui certamente figura entre os melhores dos melhores, lá junto com Tubarão e E.T. mesmo. História muito bem construída, com atores perfeitamente encaixados nos papéis, um jovem promissor Chris Bale (rara promessa infantil que vingou) e uma mensagem antibélica que até poderia ser piegas, se Spielberg não tivesse conseguido trabalhá-la de forma genuinamente tocante e convincente.
Tem a Margot, o Will Ferrell, a Dua Lipa, muita diversidade (2023 né) e até o Ryan Gosling deixando de lado um pouco aquele tipo "sério e durão" dele, vai valer a pena no mínimo como curiosidade.
Adam Warlock e Alto Evolucionário vão valer o filme inteiro. As piadinhas do Quill e cia realmente funcionaram nos dois outros filmes, mas tudo demais cansa. E que bom que o Thor não está no filme.
Napoleão
3.1 323 Assista AgoraPodemos esperar algo aqui simplesmente por ter esse nome envolvido: Ridley Scott.
Scott é um diretor à moda antiga e certamente vai realizar um trabalho à altura de Gladiador ou O Último Duelo.
Se fosse um filme da Disney, podíamos ter certeza de ver o milagre da miscigenação em plena França de Napoleão!! Com uma Josefina latina!
Assim Caminha a Humanidade
4.2 229 Assista AgoraEsses filmes antigos longos são geralmente muito bons, sendo quase uma NOVELA resumida num capítulo só.
Como esse aqui se destaca por ser o último de James Dean, acaba sendo valorizado pelo motivo errado. Pois a atuação de Dean não é lá essas coisas e nem o personagem é tão relevante assim para a história. Na verdade, aparece bem pouco e nem faz muita diferença.
Destaque mesmo para a dupla Taylor/Hudson. Ambos no auge do talento e da beleza. E para a história que vai num crescendo conforme a família vai se formando, aumentando e entrando em decadência, tudo em meio à busca pela riqueza e às inevitáveis mudanças trazidas pelo tempo. Discute o enraizado racismo norteamericano de modo muito mais eficaz que "E o Vento Levou", embora com as limitações da época..
Vale a pena assistir ao menos uma vez na vida.
Coma
3.6 55 Assista AgoraÉ um filme que traz uma discussão válida e pouquíssimo explorada no cinema. Afinal, hospitais e médicos têm nossas vidas muitas vezes na mão, e dependendo do caráter das pessoas envolvidas, a vida de alguém de torna mera estatística. Quem já se sentiu tratado como lixo em hospitais públicos, simplesmente por não ter dinheiro, acaba se identificando, embora o filme não entre necessariamente nesse debate. E quando o médico simplesmente não se esforça o suficiente para salvar a pessoa por não ver ganho nenhum nisso? E quando um pobre morrendo pode beneficiar ricos à espera de transplante de órgãos, cujo tratamento bem sucedido pode trazer fama e reconhe$imento aos médicos envolvidos?
De fato, raramente vemos discussões desse tipo por aí (o que geralmente só acontece com casos de repercussão como o de Faustão), e elas são importantes, e esmiuçam porque tanta gente tem medo de médico e de hospital, afinal, vc pode entrar com um problema pequeno pra resolver e voltar com vários outros, ou pior, nem voltar.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraUm retrato perfeito da idiotização generalizada da nossa geração.
Tão perfeito, mas TÃO perfeito, que se vc sai desse filme achando que viu alguma mensagem profunda ou edificante sendo passada, pode ter 100% de certeza que vc É um idiota. Não há margem para dúvidas.
A diretora (?) te joga na cara um roteiro que é praticamente um resumo da existência do Twitter (agora, X). Uma enorme e interminável discussão SOBRE O NADA. E é exatamente disso que trata esse neo clássico: sobre o NADA, sobre como uma geração de flocos de neve transforma uma boneca que é o símbolo da superficialidade e da futilidade feminina em mártir de uma "causa" que só existe em sua cabeça. E a prova definitiva do que digo é que o filme consegue perpetuar exatamente aquilo que, na imaginação "twitteira", tenta combater: permanece a Barbie intocada, permanece o culto àquilo que a boneca representa, e a Mattel fatura mais do que nunca vendendo superficialidade.
Como o filme trata DO NADA, claro que o resultado, e o proveito, só pode ser o NADA. A comédia não faz rir, o drama (?) causa vergonha alheia, as referências (?) te fazem perguntar o que Kubrick fez para merecer ser lembrado NISSO aqui. E no final, O MESMO DE SEMPRE, a mesma mensagem tosca e enfadonha repetida em cada filme da Disney, "aceitação" artificial de uma geração que não resolve problema real nenhum porque gasta todas as suas energias em combater, via teclado, problemas imaginários.
Sei, sei, vc é mulher e tal e acha isso mais murmurinho de incel, redpill, reaça ou coisa que o valha. Mas entenda que o problema aqui não é minha anônima pessoa. É VOCÊ aceitar como algo profundo algo tão pobre, previsível e medíocre como esse projeto de filme. É VOCÊ se achar "representada" por Margot Robbie. Ou pior, pela Barbie. Você assim está praticamente assinando um atestado de indigência mental e confirmando o que eu disse antes: o filme é feito para celebrar a idiotização humana.
Da lista: FILMES QUE NÃO DEVERIAM EXISTIR.
Nota ZERO.
Vermelho, Branco e Sangue Azul
3.6 301 Assista AgoraDepois de Bridgerton ou seja lá como aquilo se chama, falta uma série onde toda família real britânica é gay ou no mínimo bissexual.
Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe
3.2 251 Assista AgoraO grande destaque aqui é mesmo a atuação de Nicolas Cage como Drácula. Ele se encaixou perfeitamente no personagem.
Porém, isso não tira o demérito do filme, que é o humor forçado e o gore que, de tão exagerado, resvala no puro mau gosto. Dá pra dar risada? Dá, mas fica o tempo todo a sensação que o filme poderia ser bem melhor, além do que, por trás da bizarrice e do "terror", ficamos com uma mensagem não mais profunda que qualquer filme básico da Disney. Zero profundidade.
Sombras de um Crime
2.4 59 Assista AgoraA nota representa exatamente a qualidade do filme.
É um suspense que se vende como noir mas não convence.
A linguagem dos personagens é vulgar demais para a época retratada.
As cenas de ação/suspense também não fazem jus ao gênero. Tudo corrido/cortado, como se o diretor se lembrasse, de repente, que o público do filme é a geração de 2023, que não consegue prestar atenção em nada por muito tempo e se aborrece com qualquer cena que dure mais que três minutos.
O pior defeito, porém, é não aproveitar bem o elenco. Sabemos que Liam Neeson é um bom ator. Esse papel poderia servir exatamente para ele sair do estereótipo do "coroa durão" que ele tem encarnado nas duas últimas décadas. Mas eis que o diretor se lembra, também, que é assim que estamos acostumados a ver Neeson. E, de repente, estamos de novo num de seus filmes de ação genéricos onde ele faz coisas inimagináveis para sua idade.
Enfim, o filme se vende como noir mas não tem nem a atmosfera nem a elegância do gênero (linguajar vulgar demais). Mas não é um lixo, dá pra passar o tempo numa boa.
The Flash
3.1 747 Assista AgoraÉ o "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" da DC, SEM TIRAR NEM PÔR.
É a MESMA ideia, o MESMO apelo à nostalgia, a MESMA jogada para escanteio do personagem/ator principal em prol de outros personagens/atores mais atraentes/populares.
Falta só um aviso bem grande no cartaz do filme: POR FAVOR, SAUDOSISTAS, VENHAM ME ASSISTIR O QUANTO ANTES.
Sério, isso aqui é quando o apelo nostálgico beira o DESESPERO. O filme não faz o MENOR sentido, como a própria DC, atualmente, nos quadrinhos, não faz o menor sentido (quem acompanha sabe do que eu estou falando, uma sucessão interminável de reboots e eventos que nunca levam a lugar nenhum).
Assim como grande parte dos que dão nota aqui, suponho que eu deveria me entusiasmar com o Michael Keaton vestindo o uniforme de um personagem que não é mais dele há 31 anos. Mas não me entusiasmei nem um pouco mais do que vendo que Tobey Maguire vestindo o uniforme de Homem Aranha depois de passar muito da idade pra fazer isso.
Enfim, muita gente vibrou, eu não vi nada além de uma confusão sem sentido e apelo nostálgico desnecessário. O melhor da DC segue tendo os nomes Nolan e Snyder envolvidos. O resto continua sendo resto.
Vestida Para Matar
3.8 252 Assista AgoraSe o "Dublê de Corpo" remete a "Um Corpo Que Cai", este aqui remete a "Psicose".
De Palma foi sem dúvida o discípulo mais famoso de Hitchcock.
Mas a questão é, superou ou igualou o mestre?
Eu diria que não.
Vejam que aqui, já entrando na década de 80, o diretor já contava com muito mais liberdade de ação, podendo até se dar ao luxo de abrir seu filme com uma longa cena de nudez e quase masturbação feminina, o que seria impensável na época de "Psicose".
Ainda assim, mesmo com a possibilidade de criar uma história muito mais intensa, De Palma não consegue entregar mais que um suspense que, sim, funciona muito bem, mas de modo algum merece a alcunha de CLÁSSICO como o filme do grande Hitch. Eu entendo que a partir de um dado ponto o diretor precisava se distanciar da sua referência óbvia para simplesmente não criar uma imitação, pura e simples, de "Psicose". Ele consegue fazer isso, embora o motivo do vilão (vilã?) da história resvale no território da psicanálise, como aconteceu com Norman Bates. Da mesma forma, matar a protagonista no começo do filme não parece uma sacada tão genial quando já tinha sido feito por Hitch de forma brilhante. Eu diria, com esses e outros exemplos (por exemplo, a cena final) que De Palma chegou perto de até criar uma obra prima, mas precisamente por emular seu mestre de forma tão nítida e indisfarçada é que o filme perde força.
Digamos assim: um pouco mais de originalidade e esse seria um clássico. Do jeito que ficou, é "apenas" um bom filme de suspense. Talvez fosse apenas isso que De Palma queria fazer, afinal de contas.
O Terno de 2 Bilhões de Dólares
2.7 511 Assista AgoraQuem gosta de filmes de James Bond tem a obrigação de gostar desse aqui também.
Porque é no mínimo tão absurdo quanto.
O vilão desse filme, por exemplo, parece saído direto de um filme de James Bond. Sim, ele também tem um plano terrível envolvendo dominação mundial. E, sim, ele também entrega todo seu plano meticulosamente elaborado para o herói.
Definitivamente, não dá pra levar a sério. Mas uma coisa é certa: se vc for assistir esse filme, vc tem que se forçar pra não rir de algumas situações genuinamente hilárias. Eu, que não sou fã do gênero nem do Jackie Chan, acabei rindo bastante. Recomendo assistir depois de algum filme muito tenso ou pesado, pra relaxar mesmo.
OBS: Quem viu "O Estrangeiro" sabe que Chan é um ótimo ator. Essas comédias básicas não usam dez por cento do potencial dele.
Velocidade Máxima 2
2.5 287 Assista AgoraÉ o que já disseram e redisseram quinhentas vezes aqui, é um filme fraco, fraquíssimo, mas talvez valha a conferida por ter um Willem Dafoe fazendo um vilão completamente SURTADO. Com direito a risadinha macabra e tudo o mais.
E esse tal Jason Patric? Carisma de uma porta, não é à toa que sumiu.
Encurralados
2.4 39 Assista AgoraNunca tinha visto um filme turco na vida.
É um suspense "ok", o ator principal faz um bom trabalho (embora seu personagem passe do modo "cara assustado" para "serial killer" muito rápido e convenientemente), só não gostei do final, achei confuso, claro que estavam querendo passar uma lição de moral, mas não vi lógica nas atitudes do cara.
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista AgoraQuase uma releitura de "Um Corpo Que Cai" do mestre Hitchcock para os anos 80.
Parecidíssimo mesmo em alguns momentos. Inclusive em ser protagonizado por um "cara comum".
Tirando alguns momentos nada a ver, algumas cenas que o bom gosto de Hitch nunca aprovaria, é um entretenimento mais do que razoável, bem acima da média para a década (os exageradíssimos anos 80) na verdade.
A Fúria
3.3 63 Assista AgoraSó pela Amy Irving já dá pra sacar que o filme é praticamente uma continuação de Carrie, A Estranha.
Mas, como dito já muitas vezes aqui, não chega perto em termos de criar uma história realmente envolvente.
A narrativa é MUITO confusa. Tive que voltar o filme várias vezes pra ver se entendia o que estava acontecendo. Aí nessas horas a gente pensa, talvez seja um filme "cabeça", que demande um maior grau de atenção para ser entendido. Ou não, talvez seja só confuso mesmo.
Mas ainda é melhor do que 99% dos filmes de terror de hoje em dia, isso pode ter certeza.
Malcolm X
4.1 267 Assista AgoraEis aqui uma cinebiografia do tamanho certo. Com um total de 3:12 horas de duração, o filme tem o tamanho certo para narrar a história do biografado de uma forma minimamente aceitável, destacando os momentos mais importantes dessa que foi uma figura negra das mais notórias na história da humanidade (não apenas dos Estados Unidos).
Além o acerto no tamanho do filme, temos também que destacar a escolha de Denzel Washington para interpretar Malcolm X. Dá para perceber, quando o verdadeiro Malcolm aparece, no final do filme, que Washington não se parecia, realmente, com o cara, mas ele fez um trabalho de interpretação tão completo, se dedicou de tal forma, que por momentos vc consegue esquecer que são duas pessoas distintas. Sem dúvida esse poderia perfeitamente ter sido o primeiro Oscar de Denzel Washington, assim como Angela Basset poderia facilmente ganhar um como coadjuvante.
O grande "desacerto" do filme vem no final. Spike Lee decidiu colocar, após o inevitável final trágico de X, um longo desfecho onde, basicamente, esmiuça o terror do racismo contra negros com a ajuda de cenas da vida real e até mesmo do velho Nelson Mandela. É um discurso de viés nitidamente político que com certeza não acrescenta nada ao filme, já que tudo o que se diz já havia ficado bem claro pela história contada. Essa parte poderia facilmente ter sido cortada. Recentemente, Lázaro Ramos fez algo parecido em seu filme de estreia, "Medida Provisória", e o resultado ficou igualmente panfletário.
Voltando ao filme, Lee acertou ao mostrar diferentes fases da vida de Malcolm, pecando apenas quanto à sua infância, que mal é mostrada. Mas temos o jovem Malcolm tentando se "esbranquiçar", se envolvendo com mulheres brancas com o fito de "dominá-las" (Freud explica) e até mesmo virando uma espécie de gângster com o codinome de "Red". Temos enfim sua prisão e sua conversão ao islamismo, primeiro sob a forma de uma tal "Nação do Islã", liderada por uma figura quase messiânica chamada Elijah Muhammad, depois de uma forma mais completa, associando-se o islamismo tradicional, com direito a peregrinação à Meca e tudo o mais.
Um detalhe interessante no filme é como é explorada a diferença prática entre cristianismo e islamismo. Numa das cenas na prisão, Malcolm reage agressivamente quando alguém tenta lhe passar um sermão sobre o lado bom da religião cristã, perguntando o que Jesus já fez por ele na vida. Isso é interessante porque é público e notório que se pode ser, e muitos de fato o são, cristão apenas "em tese", na teoria, mas na prática o cristianismo é muitas vezes irrealizável. Já o islamismo exige ser vivivo e praticado, não pode nunca permanecer como uma religião apenas idealizada. Assim quando começa a pregação na cadeia, Malcolm a princípio acha que estão apenas tentando apenas lhe vender uma nova ilusão, mas com o tempo percebe que essa diferença prática, de que o Islã exige ser realizado na vida real, exige uma postura nova e atitudes novas de quem se converte, faz uma enorme diferença e acaba "se rendendo" à religião de tal forma que, tempos depois, quando descobre que os líderes da Nação do Islã também podem ser tão corruptos quanto os líderes cristãos, acaba se afastando e fundando seu próprio grupo, tentando ficar o mais próximo possível do verdadeiro islamismo.
Até que ponto esse filme retrata a realidade, retrata quem foi o verdadeiro Malcolm X? Sabemos que se baseou em uma autobiografia do líder negro. Por isso, evidentemente, apresenta uma imagem meio que idealizada do cara. Porém, como faz questão de mostrar que o sujeito de fato cometeu vários crimes na vida, e inclusive chegou a pregar a total segregação de pessoas brancas, num arianismo às avessas, dá para perceber que houve um esforço para não descambar para a hagiografia. Vale mencionar a transformação do personagem retratada pelo filme. O Malcolm X do final é outro homem em relação ao do início. Sua conversão ao islamismo se tornou completa, e ele passou a adotar uma postura radicalmente diferente, já aceitando que nem todos homens brancos eram ruins ou racistas, mas que podem haver pessoas boas e más em todas as raças, religiões e lugares.
No geral o filme é um sólido 9/10, mas poderia ser até nota 10 se não fosse aquela parte final, panfletária, e se tivesse uma parte dedicada à infância do cara. Faltou também mostrar o embate com o outro grande líder negro da época, Martin Luther King, que só aparece no final, em pessoa.
O Selvagem da Motocicleta
4.0 227 Assista Agora"Rusty James"= James enferrujado. Qualquer ligação com James Dean não é mera coincidência.
De fato, como alguns outros notaram aqui, o protagonista da história emula James Dean, assim como seu irmão emula Marlon Brando. O filme inclusive é todo em preto e branco, exatamente como os filmes de Dean.
A história aqui é, em tudo, uma homenagem ao "rebelde sem causa" tão perfeitamente representado por James Dean.
Se no seu megaclássico O Poderoso Chefão Francis Ford Coppola juntou um time respeitabilíssimo de atores, revelando ao mundo os talentos de Al Pacino e Robert De Niro, aqui ele juntou uma turma de promissores futuros astros (Matt Dillon, Mickey Rourke, Diane Lane, Laurence Fishburne, Nicholas Cage) para contar uma história que tem um notório viés existencialista, e que às vezes parece emular propositalmente, além dos já mencionados filmes de James Dean, a literatura de Albert Camus. Com efeito, muitas vezes vendo o filme, veio à minha mente "O Estrangeiro" de Camus e seu "herói" Mersault, um personagem emblemático da literatura moderna que aqui aparece dividido em duas partes: o lado "rebelde" que se cansou de tudo e o lado "cansado de tudo" que sonha, fantasia em ser rebelde, mas não consegue.
A sensação de estar dentro de uma história "camusiana" aumenta exponencialmente na última cena. A morte de um dos irmãos protagonistas seria certamente digna de Mersault, tal o grau de gratuidade, de absurdo da situação. Mersault, como se sabe, "apenas" existe. Ele não tem fé, não tem grandes objetivos nem propósitos na vida. Nasceu e segue vivendo, como por instinto, mas se choca quando percebe que "os outros" dão tanta importância à vida e às suas implicações, quando tudo nela parece arbitrário, gratuito, vão. A morte de um dos irmãos é complementada pelo final do outro, afinal livre de tudo em sua moto, encarnando finalmente o rebelde que tanto queria ser mas nunca conseguiu, olhando o mar imenso em sua volta sem ter nem a mais mínima ideia do que fazer com o "resto" de sua existência terrena.
Sim, esse filminho aqui te decepciona quando vc não recebe o que o seu nome (ao menos em português) promete, já que isso aqui NÃO É o típico filme de adolescente oitentista, não temos aquelas longas cenas de briga, bullying, ou pretenso machismo, até existem algumas cenas levemente reminiscentes dos "Curtindo a Vida Adoidado" da vida, mas no geral o filme quer evidentemente ser muito mais profundo que isso, por isso mesmo merece que se dediquem muito mais linhas a ele que o típico produto dos anos 80 (uma época tão nostálgica, mas quase sem substância alguma).
Se vc achar esse filme "chato", provavelmente achará literatura existencialista "chata" também. Isso não é demérito nem teu nem do filme. Provavelmente não é o que vc esperava pelo título do filme. Vai para o próximo e deixe essa pequena jóia aqui reservada àqueles que sabem apreciar uma história que vai além da obviedade e entrega um conto sobre a alienação e a angústia existencial da juventude de um jeito que só um autor do calibre de Albert Camus poderia fazer. E acredite, trazer Camus para a discussão sobre um filme indica que esse merece, com certeza, ao menos uma conferida atenciosa uma vez na vida.
Eu Vi o Que Você Fez... e Eu Sei Quem …
3.0 67Às vezes esses filmes feitos para a televisão são fraquíssimos, mesmo por causa das restrições de orçamento e das limitações do meio (não pode mostrar nudez, nem violência excessiva, etc). Pelo menos em dois casos que eu vi o filme realmente vale a pena pelo menos uma conferida.
Um deles é "Dark Night of the Scarecrow" (A Vingança do Espantalho, de 1981), que, dentro de certas restrições, consegue construir uma atmosfera de terror mais convincente que muitos filmes famosos.
O outro é este aqui.
Não dava nada pra esse telefilme aqui. Assisti uma vez e não vi nada além de uma história incoerente pra passar o tempo. Mas vendo uma segunda vez e prestando atenção no enredo, não é que o negócio funciona e até te prende do início ao fim?
Claro que as duas atrizes protagonistas não são lá essas coisas. Claro que a cena final é bem "nada a ver" com o resto do roteiro. Claro que o clímax da história abusa da boa vontade do telespectador. Mas apesar desses defeitos, a história prende o suficiente para vc chegar até o fim realmente querendo saber como ela termina. O antagonista (Robert Carradine) atua bem o suficiente para convencer no papel e te deixar ansioso pelas reações e atitudes do personagem. E a situação descrita (trote que termina mal) não é explorada à exaustão no cinema, razão mais que suficiente para tornar o filme, senão realista, ao menos instigante o bastante pra valer uma conferida.
Besouro Azul
3.2 560 Assista AgoraHomem Aranha misturado com Homem de Ferro, exceto que o Besouro Azul é um personagem fraquíssimo mesmo nos quadrinhos, sem dez por cento da graça de um desses dois.
Mas pior que Shazam não tem como ser.
A Pequena Sereia
3.3 527 Assista AgoraEsse recado foi MODERADO.
Motivo: Infração dos Termos de Uso. Comentários ofensivos.
Equipe Filmow.com
A Mãe
3.1 170 Assista AgoraNão assisti ainda, nem sei se vou assistir, mas consigo ver a Noomi Rapace convencendo nesse papel, nunca a Jennifer Lopez.
Colateral
3.6 613 Assista AgoraEsse é o tipo de filme de ação que "funciona" para mim.
Não gosto daqueles filmes rocambolescos ou "tarantinescos" com o protagonista fazendo coisas que até Deus dúvida protegido pela conveniência do roteiro. É legal quando o filme tem ação, mas consegue ser minimamente crível.
Também não gosto muito de Tom Cruise. Sempre o achei um ator extremamente supervalorizado por causa de sua aparência, mas limitadíssimo em suas atuações. Sempre o mesmo tipo de personagem. Acho que aqui ele "funciona" para mim pelo mesmo motivo que eu gostei dele no "Nascido em 4 de Julho", porque está fora de sua zona de conforto. Embora, diga-se, qualquer ator tarimbado conseguiria fazer um trabalho igualmente competente.
Já Jamie Foxx convence muito nesse papel de "man on the street". Ele não faz nenhum esforço pra te convencer que realmente pode ser um mero motorista de táxi em Los Angeles, assim como poderia ser Ray Charles.
Acho que o filme funciona para mim porque cria uma atmosfera de ação/suspense convincente do início ao fim, ambientado à noite, com diálogos acima da média nesse gênero (alguns dão até uma impressão de profundidade insuspeita para esse tipo de filme). É mais ou menos como "um dia na vida" de um cidadão comum de uma grande megalópole norteamericana, com a diferença que esses tipos de acontecimentos passam despercebidos da maioria de nós, enquanto para o protagonista ele tem o infortúnio de ter acordado com o pé esquerdo no dia e presenciar coisas que só ouviria falar através dos telejornais.
Nota 4/8.
Império do Sol
4.2 455 Assista AgoraVocê está lendo essa seção de comentários se perguntando se vale a pena assistir este filme?
Bom, minha dica aqui é: IGNORE sumariamente todos os comentários negativos aqui. Simplesmente IGNORE. O filme é uma obra prima. Pura e simplesmente uma obra prima. Muito sensível e extremamente bem feito.
É chover no molhado falar na atuação do então menino prodígio Chris Bale (perceberam o trocadilho?). Ele já era aquilo que sabemos que é hoje, um dos grandes atores de Hollywood. Mas o grande responsável pelo show aqui nem é ele, é o diretor mesmo.
Todo mundo que conhece o mínimo do mínimo de cinema moderno sabe que Spielberg é um mestre do melodrama. Pensa num sujeito melodramático. A grande maioria dos filmes dele peca nesse sentido, parecendo querer extrair do público emoção à toda força.
Mas em alguns ele acerta exatamente no tom. "Império do Sol" é um deles.
Esse filme é muito indicado para aquela parcela do público que se emociona com uma obra como "Cinema Paradiso". Digamos, se vc acabou de assistir "Cinema Paradiso", vc pode aproveitar o embalo e as lágrimas já acumuladas e assistir "Império do Sol" na sequência. Uma tarde inteira de lágrimas garantida.
Mas não é uma choradeira forçada do tipo novela mexicana. Não, é emoção genuína, extraída de dentro de ti por mestres no assunto. É um aflorar de sensações e emoções que surge naturalmente, enquanto o filme vai nos revelando lados da experiência humana que tentamos ignorar mas que às vezes nos chamam de volta pra realidade.
Eu não vou me alongar muito aqui, porque nem adianta, ninguém vai ler de qualquer forma. Só vou resumir que, na carreira muitíssimo bem sucedida de Spielberg, esse filme aqui certamente figura entre os melhores dos melhores, lá junto com Tubarão e E.T. mesmo. História muito bem construída, com atores perfeitamente encaixados nos papéis, um jovem promissor Chris Bale (rara promessa infantil que vingou) e uma mensagem antibélica que até poderia ser piegas, se Spielberg não tivesse conseguido trabalhá-la de forma genuinamente tocante e convincente.
Filme nota 10, ignorem os haters.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraTem a Margot, o Will Ferrell, a Dua Lipa, muita diversidade (2023 né) e até o Ryan Gosling deixando de lado um pouco aquele tipo "sério e durão" dele, vai valer a pena no mínimo como curiosidade.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 804 Assista AgoraAdam Warlock e Alto Evolucionário vão valer o filme inteiro. As piadinhas do Quill e cia realmente funcionaram nos dois outros filmes, mas tudo demais cansa. E que bom que o Thor não está no filme.