Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Filme lançado durante a guerra que já mostra vários elementos que não estavam só na ficção: um campo de concentração de prisioneiros e a guerra fria entre as potências por cientistas e tecnologia, tudo isso em um clima no melhor estilo de livros do Graham Greene ou John le Carré. O clima do filme, mesmo com situações forçadas em vários momentos, funciona perfeitamente bem, te envolve, cria apreensões e situações cômicas dignas de um filme do Billy Wilder. Achei que faltou mais enredo para a personagem da Margaret Lockwood, que só serve de muleta como figura feminina para Rex Harrison (que está ótimo), mas eram os anos 40, nada de novo no front. A cena final é incrível e icônica. Um filme que merece ser revisto nos dias atuais, e pensar que saiu no começo da guerra, imagina vendo em um cinema na época o impacto que teve.
Eu peguei isto passando na TV Cultura no final dos anos 90 e me apaixonei. Nunca havia visto inteiro até agora, mas devo ter visto mais de uma hora de filme na época. Acredito que foi meu primeiro contato com a obra de Goethe, acompanhei uns anos depois quando a peça foi montada na íntegra com o Bruno Ganz (acho que 2001) e fui acabar lendo o livro em 2006. Poder ver inteiro em uma boa qualidade foi uma bela experiência, a maneira como o diretor mistura o livro com o mundo contemporâneo brincando com a metalinguagem do teatro torna este filme único. É divertido ao mesmo tempo que é a mais pura arte. Os efeitos em stop motion e as marionetes dão o toque final, mostrando que a simplicidade é quase sempre o melhor caminho do que as parafernalhas deste mundo de CGI que vivemos.
Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Fui assistir sem saber absolutamente nada, há anos planejo começar a ver as obras da diretora e finalmente iniciei por este. É deveras estranho, assisti de madrugada depois das 3 da manhã e não senti sono. Mas confesso que teve momentos que achei cheio de significados e outros completamente vazio. Há histórias que mereciam mais tempo na tela e outras menos. Mas é muito interessante como somos meros voyeurs de momentos ínfimos de uma história de amor, vemos apenas um lampejo de um todo, como quando estamos na mesa do lado e acompanhamos uma discussão ou um momento de ternura. Gostei da proposta, gostei de vários momentos, mas ficou um sentimento de que poderia ser algo mais se conseguíssemos nos conectar mais... mas daí, talvez, seria só mais um filme como tantos outros. O filme pode não agradar muita gente, mas tem personalidade. Me vi em várias situações. Gostei.
O filme é bem ruim, maaaaaas a nota reflete um pouco a nostalgia que ele me trás. Eu adorava quando era pequeno, mas realmente pouca coisa salva. Dizer que o efeito é ruim para época, não sei não, funcionava muito bem com as crianças da época. Mas é impressionante como o cara descobre que é um lobisomem e simplesmente não existe nenhum momento entre pai e filho com uma conversa mais aprofundada sobre esse fato. Isso era o mínimo que se esperava. O cara mostra para a cidade inteira que é um lobisomem e o pai simplesmente some por um tempão até aparecer de novo com algumas linhas de conversa bem meia boca. Chama a atenção isso ter sido escrito pelo Jeph Loeb, um dos maiores escritores de quadrinhos uma década depois, responsável pelo O Longo Dia das Bruxas (Para mim, uma das melhores histórias escritas para o Batman) entre outras (Superman: As Quatro Estações ou Hulk: Cinza). O cara realmente se desenvolveu bem na arte de escrever depois disso aqui mudando para os quadrinhos. No fim, acaba sendo divertido para quem viu na época, se você nunca viu meu conselho é ficar bem longe.
Um filme ignorado, injustamente, pelos grandes festivais. Vencedor de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro e indicado a dois Oscars. Junto com Gritos e Sussurros é o melhor Bergman da década de 70. Que baita filme, forte, cheio de áreas cinzentas, com as duas atrizes dando tudo de si. Ingrid e Liv estão estupendas. O texto é maravilhoso. Para mim me remeteu muito a frase do Oscar Wilde "No início, os filhos amam os pais. Depois de um certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam". Eva, no filme, é tão presa a seus traumas e ressentimentos que não consegue mais ver a mãe como um ser humano, com falhas e sonhos, com erros e acertos. Quantos filhos culpam seus pais por tudo? Como diria o nosso poeta Renato Russo "Isto é um absurdo, são crianças como vocês, o que vocês vão ser quando crescer". Amei o filme, passei por uma fase de julgamento de meus pais, hoje os entendo e consigo dar todo o amor que tenho a eles. Um filme necessário, intenso e maravilhoso.
Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Berlim. Me falaram que a diretora não era fácil, mas para mim o filme estava indo muito bem até a meia hora final, quando se desloca para a Alemanha de fato. Adorei o ritmo, os silêncios apesar do título, a delicadeza de Iro e a fotografia. Fiquei vidrado e não senti nenhum sono apesar de assistir de madrugada. Interessante como a diretora utiliza do catártico jogo de futebol (Alemanha e Itália na semifinal da Copa do Mundo de 2006) para demarcar toda a cronologia do personagem, a partir daí é possível entender que o assassinato do começo do filme se passa em 1999 e a cena final provavelmente uns 30 anos depois. São detalhes. Me perdi em vários momentos, mas me remeteu a um texto do Ademir Luiz que colo um trecho aqui: "A grande arte não precisa fazer ninguém se sentir “cabeça” por estar diante dela. Muitas vezes ocorre o contrário: sentimo-nos estúpidos por não conseguirmos alcançar o pensamento ou as intenções de um grande artista. Quando isso ocorre, a culpa é sempre nossa, jamais do artista, se ele já passou pelo crivo do tempo e da história. O recomendável é tentarmos de novo, mas se desistimos quem perde mais somos nós, não a Arte". Portanto, que venham mais filmes de Angela Schanelec.
Indicado ao prêmio Um Certo Olhar e vencedor do de Melhor Atriz na categoria no Festival de Cannes. Jasmine Trinca é o grande trunfo do filme, que atuação, que presença, que baita entrega ao papel. Há situações forçadas, não gostei muito do personagem do psicólogo, mas no geral, a mensagem principal do filme soa muito bem no final, gera reflexão e acho que vai tocar cada pessoa de maneira diferente. O ex-marido dá vontade de pegar na porrada e deixar sem uma perna, no mínimo. Faz a gente pensar em quantas mulheres vivem em situação tão parecida e em como existe homem babaca nesse mundo. A cópia que eu tinha para assistir estava com vários problemas na reprodução da imagem, ficava travando, mas deu para assistir relativamente bem. Acho que se fosse dirigido por uma mulher seria bem melhor.
É legal, diverte e tal, mas o que cansa demais aqui (assim como em The Boys) é que deviam focar mais no roteiro do que em tentar ficar chocando adolescente o tempo todo. Chega a ser tosco. Meio impressionante como a série consegue te deixar colado na tela, querendo mais, mas quando a gente analisa friamente, há personagens muito mal escritos e flutuam de acordo com o que a narrativa precisa que aconteça (bem parecido com Game of Thrones). No geral é uma série legal de assistir, mas não passa disso. Uns furos gigantes no roteiro. Uma pena que Chance Perdomo tenha morrido, seu personagem era um dos melhores.
O curta trás todo o estilo de Rohmer, tem sua impressão digital. Acredito que essa história de que a filmagem foi recebida por um estranho e depois fizeram a montagem tenha sido uma piada interna entre ele e o Godard para se criar um mito em torno da obra, mas que não faz muito sentido já que o próprio Godard aparece na filmagem. É bem legal e bem simples também, funciona por conta disso, como tudo do Rohmer, é uma cena cotidiana. Engraçado é ver que o bife simplesmente some quase por completo do prato de Charlotte entre um take e outro.
Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É legal de assistir até com os diálogos dos realizadores por trás das imagens, a cena das crianças entrando no ônibus fez eu me imaginar de volta a escola e de como deve ter sido divertido para as crianças realizar este filme. A cena em que aparece todos bebendo água do mesmo copo fez meu corpo tremer de aflição, principalmente neste mundo pós covid. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas que seguem este estilo, a cena deles tentando filmar o trânsito em ordem e não conseguindo foi ótima também, que loucura aquilo.
É a pior primeira temporada de uma série da franquia Star Trek, mas que vai melhorando muito na reta final e deixa a gente bem ansioso para a segunda.
Aquele capitão Lorca ganhou meu total desrespeito e minha antipatia já em uma das primeiras cenas em que coloca em uma mesma frase o Zefram Cochrane com o Elon Musk, fiquei pensando "putaquepariu! A gente vai ter que aguentar fã do Elon Musk até em 2255?"
Quem foi a ideia de fazer esses klingons? Um tremendo tiro no pé, descaracterizou toda a franquia e se criou um elefante branco na sala que não sei se resolvem até o final da série. Me incomodou demais isso.
A pena de perpétua para a Burnham é forçar demais também.
De resto a série vai crescendo e vai te envolvendo, os personagens vão se tornando bem interessantes e a relação de Stamets com Culber é linda demais. Já estou na segunda temporada que posso dizer que está beeeeeeeem melhor.
Filme de começo de carreira de Rasoulof e obrigatório para quem curte o diretor. A região sul do Irã é a que mais sofre com o abandono e com a pobreza no país, muito triste, pois é uma das regiões mais belas do país também. Aqui vemos um micro mundo com características sociais próprias e à parte do país, pessoas que vivem afastadas pela condição de pobreza em que estão submetidas. Parece algo tirado das Mil e Uma Noites misturado com o cinema cheio de simbologia da cultura iraniana. Aqui vemos quase um estágio embrionário de um lado estilístico do diretor que ele viria a aprimorar para realizar seu maravilhoso Os Campos Brancos. Há toda uma delicadeza e toda uma brutalidade no filme. Um choque tão comum para quem conhece o país.
Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio Especial no Festival de Berlim. Que filmaço! Nelson Xavier com mó pinta de galã e mandando muito bem, e Átila Iório roubando as cenas como o grande herói do filme. Ruy Guerra conseguiu fazer uma obra prima aqui, infelizmente a captação do som nessa época no cinema nacional era muito ruim, mesmo tendo assistido a cópia restaurada ainda tem momentos ruins de entender o diálogo. Acho que o filme podia explorar muito mais coisas, mas devido as tensões da época em que foi lançado entendo a necessidade de ser curto e direto. Merece ser visto e revisto, assisti logo depois da morte de Paulo César Peréio, um dos grandes atores brasileiros e que aqui fazia sua estreia de maneira brilhante e muito competente e ainda de quebra tem uma das melhores cenas do filme. Peréio vive! Infelizmente a fome no sertão também. Até quando?
Vencedor da Câmera de Ouro no Festival de Cannes. Difícil escrever sobre este filme, é um filme que você tem que sentir mais do que entender. Cheio de percepções e uma excelente fotografia. A relação do personagem principal com o sobrinho foi o que mais me cativou, acho que o ritmo cai um pouco mais para o final. O começo é meio estranho e não entendi muito bem, já que os amigos estavam no local do acidente, comentam sobre o mesmo até fazendo de que nada aconteceu com a criança, mas depois ele é notificado sobre o acidente enquanto faz massagem (o tio não reconheceu o próprio sobrinho no local?). É um bom filme que merece ser contemplado por quem curte este tipo de filme meio road movie, meio contemplativo, meio que não vai para lugar nenhum e cheio de significados escondidos.
Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
Pelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Vencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
Assisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
Que filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
Gestapo
3.7 11Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Filme lançado durante a guerra que já mostra vários elementos que não estavam só na ficção: um campo de concentração de prisioneiros e a guerra fria entre as potências por cientistas e tecnologia, tudo isso em um clima no melhor estilo de livros do Graham Greene ou John le Carré. O clima do filme, mesmo com situações forçadas em vários momentos, funciona perfeitamente bem, te envolve, cria apreensões e situações cômicas dignas de um filme do Billy Wilder. Achei que faltou mais enredo para a personagem da Margaret Lockwood, que só serve de muleta como figura feminina para Rex Harrison (que está ótimo), mas eram os anos 40, nada de novo no front. A cena final é incrível e icônica. Um filme que merece ser revisto nos dias atuais, e pensar que saiu no começo da guerra, imagina vendo em um cinema na época o impacto que teve.
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Fausto
4.2 45Eu peguei isto passando na TV Cultura no final dos anos 90 e me apaixonei. Nunca havia visto inteiro até agora, mas devo ter visto mais de uma hora de filme na época. Acredito que foi meu primeiro contato com a obra de Goethe, acompanhei uns anos depois quando a peça foi montada na íntegra com o Bruno Ganz (acho que 2001) e fui acabar lendo o livro em 2006. Poder ver inteiro em uma boa qualidade foi uma bela experiência, a maneira como o diretor mistura o livro com o mundo contemporâneo brincando com a metalinguagem do teatro torna este filme único. É divertido ao mesmo tempo que é a mais pura arte. Os efeitos em stop motion e as marionetes dão o toque final, mostrando que a simplicidade é quase sempre o melhor caminho do que as parafernalhas deste mundo de CGI que vivemos.
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Toda Uma Noite
3.9 8 Assista AgoraIndicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Fui assistir sem saber absolutamente nada, há anos planejo começar a ver as obras da diretora e finalmente iniciei por este. É deveras estranho, assisti de madrugada depois das 3 da manhã e não senti sono. Mas confesso que teve momentos que achei cheio de significados e outros completamente vazio. Há histórias que mereciam mais tempo na tela e outras menos. Mas é muito interessante como somos meros voyeurs de momentos ínfimos de uma história de amor, vemos apenas um lampejo de um todo, como quando estamos na mesa do lado e acompanhamos uma discussão ou um momento de ternura. Gostei da proposta, gostei de vários momentos, mas ficou um sentimento de que poderia ser algo mais se conseguíssemos nos conectar mais... mas daí, talvez, seria só mais um filme como tantos outros. O filme pode não agradar muita gente, mas tem personalidade. Me vi em várias situações. Gostei.
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O Garoto do Futuro
3.0 168 Assista AgoraO filme é bem ruim, maaaaaas a nota reflete um pouco a nostalgia que ele me trás. Eu adorava quando era pequeno, mas realmente pouca coisa salva. Dizer que o efeito é ruim para época, não sei não, funcionava muito bem com as crianças da época. Mas é impressionante como o cara descobre que é um lobisomem e simplesmente não existe nenhum momento entre pai e filho com uma conversa mais aprofundada sobre esse fato. Isso era o mínimo que se esperava. O cara mostra para a cidade inteira que é um lobisomem e o pai simplesmente some por um tempão até aparecer de novo com algumas linhas de conversa bem meia boca. Chama a atenção isso ter sido escrito pelo Jeph Loeb, um dos maiores escritores de quadrinhos uma década depois, responsável pelo O Longo Dia das Bruxas (Para mim, uma das melhores histórias escritas para o Batman) entre outras (Superman: As Quatro Estações ou Hulk: Cinza). O cara realmente se desenvolveu bem na arte de escrever depois disso aqui mudando para os quadrinhos. No fim, acaba sendo divertido para quem viu na época, se você nunca viu meu conselho é ficar bem longe.
Sonata de Outono
4.5 493Um filme ignorado, injustamente, pelos grandes festivais. Vencedor de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro e indicado a dois Oscars. Junto com Gritos e Sussurros é o melhor Bergman da década de 70. Que baita filme, forte, cheio de áreas cinzentas, com as duas atrizes dando tudo de si. Ingrid e Liv estão estupendas. O texto é maravilhoso. Para mim me remeteu muito a frase do Oscar Wilde "No início, os filhos amam os pais. Depois de um certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam". Eva, no filme, é tão presa a seus traumas e ressentimentos que não consegue mais ver a mãe como um ser humano, com falhas e sonhos, com erros e acertos. Quantos filhos culpam seus pais por tudo? Como diria o nosso poeta Renato Russo "Isto é um absurdo, são crianças como vocês, o que vocês vão ser quando crescer". Amei o filme, passei por uma fase de julgamento de meus pais, hoje os entendo e consigo dar todo o amor que tenho a eles. Um filme necessário, intenso e maravilhoso.
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Music
3.6 4Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Berlim. Me falaram que a diretora não era fácil, mas para mim o filme estava indo muito bem até a meia hora final, quando se desloca para a Alemanha de fato. Adorei o ritmo, os silêncios apesar do título, a delicadeza de Iro e a fotografia. Fiquei vidrado e não senti nenhum sono apesar de assistir de madrugada. Interessante como a diretora utiliza do catártico jogo de futebol (Alemanha e Itália na semifinal da Copa do Mundo de 2006) para demarcar toda a cronologia do personagem, a partir daí é possível entender que o assassinato do começo do filme se passa em 1999 e a cena final provavelmente uns 30 anos depois. São detalhes. Me perdi em vários momentos, mas me remeteu a um texto do Ademir Luiz que colo um trecho aqui: "A grande arte não precisa fazer ninguém se sentir “cabeça” por estar diante dela. Muitas vezes ocorre o contrário: sentimo-nos estúpidos por não conseguirmos alcançar o pensamento ou as intenções de um grande artista. Quando isso ocorre, a culpa é sempre nossa, jamais do artista, se ele já passou pelo crivo do tempo e da história. O recomendável é tentarmos de novo, mas se desistimos quem perde mais somos nós, não a Arte". Portanto, que venham mais filmes de Angela Schanelec.
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Lucky
3.2 17Indicado ao prêmio Um Certo Olhar e vencedor do de Melhor Atriz na categoria no Festival de Cannes. Jasmine Trinca é o grande trunfo do filme, que atuação, que presença, que baita entrega ao papel. Há situações forçadas, não gostei muito do personagem do psicólogo, mas no geral, a mensagem principal do filme soa muito bem no final, gera reflexão e acho que vai tocar cada pessoa de maneira diferente. O ex-marido dá vontade de pegar na porrada e deixar sem uma perna, no mínimo. Faz a gente pensar em quantas mulheres vivem em situação tão parecida e em como existe homem babaca nesse mundo. A cópia que eu tinha para assistir estava com vários problemas na reprodução da imagem, ficava travando, mas deu para assistir relativamente bem. Acho que se fosse dirigido por uma mulher seria bem melhor.
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Gen V (1ª Temporada)
3.7 229 Assista AgoraÉ legal, diverte e tal, mas o que cansa demais aqui (assim como em The Boys) é que deviam focar mais no roteiro do que em tentar ficar chocando adolescente o tempo todo. Chega a ser tosco. Meio impressionante como a série consegue te deixar colado na tela, querendo mais, mas quando a gente analisa friamente, há personagens muito mal escritos e flutuam de acordo com o que a narrativa precisa que aconteça (bem parecido com Game of Thrones). No geral é uma série legal de assistir, mas não passa disso. Uns furos gigantes no roteiro. Uma pena que Chance Perdomo tenha morrido, seu personagem era um dos melhores.
Charlotte e seu Bife
3.5 12O curta trás todo o estilo de Rohmer, tem sua impressão digital. Acredito que essa história de que a filmagem foi recebida por um estranho e depois fizeram a montagem tenha sido uma piada interna entre ele e o Godard para se criar um mito em torno da obra, mas que não faz muito sentido já que o próprio Godard aparece na filmagem. É bem legal e bem simples também, funciona por conta disso, como tudo do Rohmer, é uma cena cotidiana. Engraçado é ver que o bife simplesmente some quase por completo do prato de Charlotte entre um take e outro.
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Ordem e Desordem
3.6 2Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É legal de assistir até com os diálogos dos realizadores por trás das imagens, a cena das crianças entrando no ônibus fez eu me imaginar de volta a escola e de como deve ter sido divertido para as crianças realizar este filme. A cena em que aparece todos bebendo água do mesmo copo fez meu corpo tremer de aflição, principalmente neste mundo pós covid. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas que seguem este estilo, a cena deles tentando filmar o trânsito em ordem e não conseguindo foi ótima também, que loucura aquilo.
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Star Trek: Discovery (1ª Temporada)
4.0 137 Assista AgoraÉ a pior primeira temporada de uma série da franquia Star Trek, mas que vai melhorando muito na reta final e deixa a gente bem ansioso para a segunda.
Aquele capitão Lorca ganhou meu total desrespeito e minha antipatia já em uma das primeiras cenas em que coloca em uma mesma frase o Zefram Cochrane com o Elon Musk, fiquei pensando "putaquepariu! A gente vai ter que aguentar fã do Elon Musk até em 2255?"
Quem foi a ideia de fazer esses klingons? Um tremendo tiro no pé, descaracterizou toda a franquia e se criou um elefante branco na sala que não sei se resolvem até o final da série. Me incomodou demais isso.
A pena de perpétua para a Burnham é forçar demais também.
De resto a série vai crescendo e vai te envolvendo, os personagens vão se tornando bem interessantes e a relação de Stamets com Culber é linda demais. Já estou na segunda temporada que posso dizer que está beeeeeeeem melhor.
Ilha de Ferro
3.8 7Filme de começo de carreira de Rasoulof e obrigatório para quem curte o diretor. A região sul do Irã é a que mais sofre com o abandono e com a pobreza no país, muito triste, pois é uma das regiões mais belas do país também. Aqui vemos um micro mundo com características sociais próprias e à parte do país, pessoas que vivem afastadas pela condição de pobreza em que estão submetidas. Parece algo tirado das Mil e Uma Noites misturado com o cinema cheio de simbologia da cultura iraniana. Aqui vemos quase um estágio embrionário de um lado estilístico do diretor que ele viria a aprimorar para realizar seu maravilhoso Os Campos Brancos. Há toda uma delicadeza e toda uma brutalidade no filme. Um choque tão comum para quem conhece o país.
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Os Fuzis
4.1 73Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio Especial no Festival de Berlim. Que filmaço! Nelson Xavier com mó pinta de galã e mandando muito bem, e Átila Iório roubando as cenas como o grande herói do filme. Ruy Guerra conseguiu fazer uma obra prima aqui, infelizmente a captação do som nessa época no cinema nacional era muito ruim, mesmo tendo assistido a cópia restaurada ainda tem momentos ruins de entender o diálogo. Acho que o filme podia explorar muito mais coisas, mas devido as tensões da época em que foi lançado entendo a necessidade de ser curto e direto. Merece ser visto e revisto, assisti logo depois da morte de Paulo César Peréio, um dos grandes atores brasileiros e que aqui fazia sua estreia de maneira brilhante e muito competente e ainda de quebra tem uma das melhores cenas do filme. Peréio vive! Infelizmente a fome no sertão também. Até quando?
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Inside the Yellow Cocoon Shell
3.5 3Vencedor da Câmera de Ouro no Festival de Cannes. Difícil escrever sobre este filme, é um filme que você tem que sentir mais do que entender. Cheio de percepções e uma excelente fotografia. A relação do personagem principal com o sobrinho foi o que mais me cativou, acho que o ritmo cai um pouco mais para o final. O começo é meio estranho e não entendi muito bem, já que os amigos estavam no local do acidente, comentam sobre o mesmo até fazendo de que nada aconteceu com a criança, mas depois ele é notificado sobre o acidente enquanto faz massagem (o tio não reconheceu o próprio sobrinho no local?). É um bom filme que merece ser contemplado por quem curte este tipo de filme meio road movie, meio contemplativo, meio que não vai para lugar nenhum e cheio de significados escondidos.
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O Casamento de Muriel
3.8 238Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
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Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
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O Ovo da Serpente
4.0 131Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 523 Assista AgoraPelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Bom Trabalho
3.8 77 Assista AgoraVencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
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Houve uma Vez Dois Verões
3.4 211Assisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
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Dias de Ira
4.3 38 Assista AgoraQue filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
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A Fonte das Mulheres
4.2 128Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
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La Chimera
3.7 19Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
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Dor de Dente
3.0 1Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
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