Vencedor do Prêmio do Juri da competição Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Fui assistir achando que era um Panahi e acabei recebendo um Kiarostami de brinde, só fui descobrir nos créditos finais da película que Abbas Kiarostami era o responsável pela história e roteiro. Combinação perfeita à parte, o filme funciona muito bem como uma denúncia de uma realidade muito parecida com o Brasil que é o Irã. Os super ricos esbanjam enquanto grande parte da população vive no limite entre a sobrevivência e a pobreza. Achei que o filme não precisava começar pelo final, acho que se chegasse no final e desenvolvesse melhor seria um choque maior ao espectador. O filme tem momentos que parece travar, como o relacionamento frio do personagem principal com sua noiva, que poderia também ter ajudado a nos conectarmos aos personagens. Não deixa de ser um filme muito bom e necessário.
Vencedor do prêmio de Melhor Ator e do Grande Prêmio no Festival de Cannes e de mais quatro Oscars. Ray Milland é o grande trunfo do filme, apesar de quase todo o resto funcionar muito bem, entrega uma atuação ímpar. Apesar de ser um filme de 1945, ele foi lançado comercialmente em janeiro de 1946, que é o ano em que o filme se passa já que o feriado judeu do Yom Kipur ocorre em um sábado (em 1945 foi de um domingo para uma segunda). A direção do Billy Wilder é muito competente como sempre, mas me pareceu um filme diferente de todos os outros que assisti dele. A música de Miklós Rózsa me incomodou bastante, funciona muito bem para causar o desconforto que quer passar no começo, mas depois fica só cansativa mesmo, com momentos que parecia mais a trilha de um filme de ficção científica. Um filme bem a frente do seu tempo, mostrando o outro lado da glamourização da bebida alcoólica que ocorria nos EUA em um pouco mais de uma década após o fim da lei seca no país. Recomendadíssimo!
Indicado ao Leopardo de Ouro e vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Locarno. Segundo filme da trilogia do deserto do diretor Nacer Khemir, que mantém o mesmo lirismo do filme anterior (Andarilhos do Deserto). Apesar de dar a mesma nota, preferi o primeiro filme, acho que consegui tirar mais informações que faziam sentido para mim dele. Acho que neste há mais simbolismos nos detalhes, mensagens em ações que não parecem tão importantes. Para mim, o mais importante de toda a história são as tartarugas no quintal, que representam o tempo, pois é ele que figura como protagonista. Elenco afiado e a parte técnica é lindíssima de se ver. Um filme sensorial.
Um dos filmes demorei demais para assistir, mas confesso que senti uma pontinha de decepção. A animação é ótima e há realmente muita coisa interessante, mas ao mesmo tempo que o filme parece longo demais, também parece muito curto e corrido em outros aspectos. Os personagens não tem muita profundidade, todo o clima político-social fica confuso (uma pena, pois foi o que achei mais interessante), tramas apressadas. Não li o manga e fiquei bastante curioso e interessado, pois deve ter um desenvolvimento dessas coisas que comentei. A animação é o ponto alto e o final aberto meio surrealista funciona muito bem. Há personagens coadjuvantes que cativam. Vale a assistida, apesar das minhas críticas o filme pende mais para os pontos positivos.
Filme esnobado pelo Oscar com apenas uma indicação para Melhor Diretor. Acho que a última vez que assisti foi quando comprei o DVD uns vinte anos atrás. Não lembrava absolutamente nada do final do filme, então foi quase como assistir pela primeira vez. Que filmaço! O clima noir misturado com todo o estilo lynchiano casam de maneira perfeita. Assisti pela primeira vez muito novo e não devo ter entendido muita coisa, mas lembro de ter gostado muito. Agora o filme me parece ainda muito melhor do que antes, há tantas sutilezas e um certo deboche do american way of life que Lynch foi usar em Twin Peaks. Apesar de inconstante, a atuação de Kyle MacLachlan tem seus grandes momentos como o desconforto em ter que dizer "I love you too" para a personagem de Laura Dern enquanto dançam. Filme obrigatório, dos maiores filmes americanos da década de 80, que não envelheceu nada mal. Acho que seria redundante falar sobre a Isabella Rossellini, né?
É uma série em seis capítulos, apesar de existir uma versão com cortes feita para o mercado estadunidense que acabou ganhando o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Assisti a série e não tenho intenção de ver a edição com cortes. É Bergman na sua mais pura forma, cheio de camadas e com uma construção de personagens que é uma verdadeira aula. Liv Ullmann e Erland Josephson brilham demais. As ações que não são contadas entre os capítulos é o que Bergman soube aproveitar melhor para construir sua história, sem precisar nos dar todos os detalhes, fica a critério do telespectador preencher essas lacunas da maneira que for mais conveniente.
Indicado ao Leão de Ouro e vencedor de Melhor Roteiro no Festival de Veneza. Fiquei na dúvida entre dar uma nota 7 ou 8 para o filme, acabei optando pela maior pelo final ácido e cheio de mensagens sobre a situação atual no mundo. O filme tem um ritmo estranho, há momentos que transcorre de maneira perfeita e simplesmente trava de maneira repentina, há esse ritmo esquisito por quase toda a película. O que mais vale é a ideia em forma de crítica tanto a história do Chile como ao momento atual onde essa onda ultraconservadora assola a América do Sul. O elenco dá um show e a mão de Larraín é sempre competente. Dei uma pesquisada rápida sobre os filhos do Pinochet depois do filme e é um mar de lodo. No final fica a tristeza de ver como somos arrastados para esses ciclos históricos que se recusam a morrer.
Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Interpretação no Festival de Berlim. Um filme meio difícil de assistir em certos aspectos, é arrastado e tem momentos que é corrido e não envolve tanto, mas é um bom filme. Destaque para a música de Marco Biscarini e Daniele Furlati. O filme vale mesmo a pena por conta de Elio Germano, que é um dos maiores atores italianos (e do mundo) de sua geração, em uma performance monstro como de costume. O cara simplesmente supera qualquer expectativa em qualquer papel que resolva interpretar, do mais simples ao mais complexo, de principal à coadjuvante. O filme merece ser visto por ele, apesar de ter uma parte técnica muito boa também, seu único problema é narrativo em momentos pontuais.
Fui assistir sem esperar muita coisa e quebrei a cara. Achei o curta muito bom mesmo se ignorarmos o significado por trás dele, as imagens são lindas, o ator transmite tanto mesmo sem falar nada. Apesar de haver um paralelo entre o homem afastado de Teerã durante a revolução no país, há também um forte aspecto no personagem que é uma característica daquele povo, que é seguir em frente da maneira que é possível, de tentar ver beleza naquilo em seu entorno e de chegar ao seu objetivo com bom humor. Acho que tem tudo isso e muito mais em camadas aqui. Kiarostami é gênio!
Indicado no Festival de Cannes que não ocorreu devido a pandemia. Tenho vários filmes da Kawase comigo para assistir, mas nunca havia visto nenhum até este e já me arrependo amargamente, preciso colocar as obras dela em dia. Achei o filme simplesmente maravilhoso, tocante e emocionante. Só uma mulher para conseguir fazer um filme com esta visão tão perfeita do que é ser mãe, do que é ser mulher, do que é a maternidade. Estava esperando algo completamente diferente pela sinopse, e acabou sendo catártico. Chorei, me preocupei com praticamente todos os personagens, torci por eles. Lindo! Um dos melhores filmes de 2020, que foi um ano sem muitos lançamentos e sem filmes tão bons. Parte técnica e elenco primoroso. Recomendo muito.
Fechando a trilogia de Apu com um ótimo filme. Discordo quando dizem que é o filme mais comercial só por ter um ritmo mais fácil que os outros, acho que o ritmo mais fácil se dá pela própria dinâmica do filme que é muito boa e nos pega direto no coração. Soumitra Chatterjee faz um ótimo Apu, mas fiquei imaginando que legal que seria termos o mesmo ator desde o começo como o Jean-Pierre Léaud nos filmes do Truffaut. Sharmila Tagore é um deleite, se você assiste este filme e não fica completamente apaixonado é porque seu coração já morreu. Uma das mulheres mais lindas que o cinema já viu. Uma trilogia cheia de sofrimento, despedaça a gente. O desfecho é lindo.
O filme original é um filme infantil, por isso tem tanta gente aqui que assistiu na infância adorou. Galera reclamando de criança prodígio em filme, mas adora Os Goonies. Aceitem que vocês não são mais o público alvo deste tipo de produções, cresçam e tentem aproveitar com um olhar mais infantil que irão pelo menos sair do filme entretidos. Eu achei bem legal, cumpre muito bem o que acaba prometendo. É emocionante todas as conexões com o filme original. O elenco funciona, mesmo demorando um pouco para acontecer, quando o filme realmente acontece funciona tudo muito bem. Adorei os personagens e aguardo ansioso para a continuação que sai agora em 2024.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes e Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. Como é que eu demorei tanto para assistir este filme? Simplesmente brilhante! Merecia a Palma de Ouro, merecia tudo que é prêmio. Sorrentino é com certeza o que o cinema italiano tem de melhor nos últimos anos. Toni Servillo dá um show como protagonista, interpretação brilhante. Simplesmente tudo no filme funciona, qualidade técnica e narrativa perfeitas. O filme tem todos os elementos contrabalanceados, há desde comédia a um senso nostálgico que faz a gente nem esconder a lágrima que escorre na cena final. Um filme sobre a vida, sobre envelhecer, sobre lugares e principalmente sobre memórias. Lindo demais!
Vencedor do Prêmio de Melhor Diretor em uma competição paralela no Festival de Berlim. Achei o filme muito bom, mas confesso que entendo que não deva funcionar com uma grande maioria, me contorcia assistindo querendo participar da conversa, tive vontades descontroladas de bater na mesa e xingar todo mundo com suas visões limitadas transbordando a burguesia alienada que vive em uma realidade paralela. O discurso de Nikolai querendo tratar a morte como algo de um mal no sentido religioso e ignorando completamente a compreensão da natureza sob um contexto geral é patético. Aliás, muito interessante notar como a natureza é ignorada em quase todos os discursos, sendo sobreposta por uma falsa razão de cunho muitas vezes religioso cristão. Eu, que moro na Europa de hoje, talvez tenha gostado tanto do filme por ter escancarado o europeu como ainda são hoje, como lidam e encaram as coisas com sua visão extremamente limitada com valores construídos há seculos com seu eurocentrismo e valores ocidentais como absolutos. Um filme necessário para entender como a Europa pensa hoje, interessante também notar, que apesar do filme se passar no século XIX, há assuntos tratados que passam pelo futuro como o genocídio armênio, e há uma cena que parece misturar tanto a Primeira Guerra quanto a Revolução de 1917. Enfim, achei muito bom e funcionou muito bem para mim. Enrolei para ver por conta dos comentários negativos, mas devia ter visto antes.
Assisti de novo para ver se consigo terminar de ver a série toda que nunca consegui. A animação é bem divertida, com cenas de ação, humor e com vários personagens antigos e novos sendo colocados no tabuleiro. Quem diria que Ahsoka iria virar uma personagem tão icônica, não? É divertido, para uma faixa etária mais infantil, assim como essas coisas tem que ser... afinal, eu me apaixonei por este universo quando tinha uns 5 anos.
Vencedor de um tal Grande Prêmio Técnico no Festival de Cannes (não me perguntem que prêmio é este, não tenho ideia, deve ter sido um prêmio especial daquele ano) e indicado a 5 Oscars (vencedor de Melhor Direção de Arte). Não pude estar com minha irmã quando ela faleceu e este filme me abriu várias feridas, foi bem difícil para mim assisti-lo. Achei um filme grandioso do diretor, que conseguiu combinar tudo aquilo de melhor que ele foi construindo até aqui em sua carreira. Tudo funciona, o clima claustrofóbico, a construção das personagens, o vermelho predominante. Harriet Andersson brilha como nunca, tanto que consegue ofuscar Liv e Ingrid. Os 15 minutos finais é simplesmente catártico.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor do Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. A atuação do Caleb Landry Jones é o que o filme tem de melhor realmente, mas acho que há conveniências demais no roteiro. Diretor perde muito tempo com cenas que não levam a lugar nenhum e acaba omitindo ou distorcendo várias coisas mais importantes. O elenco todo está muito bem e ajuda a dar o tom certo ao filme. É muito interessante o tipo de discussão que o filme acaba trazendo no final, já que mesmo a Austrália tendo restringido a lei do porte de arma depois de 1996, hoje o país tem mais armas do que na época. Simplesmente uma história, principalmente se for buscar os fatos depois de assistir ao filme, que é difícil acreditar como pode ocorrer. O filme tenta humanizar o personagem, mas depois de ler sobre a parte final que o filme não mostra fica difícil enxergá-lo de maneira muito humanizada.
Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Berlim. Fui assistir pensando que ia gostar bem menos do que acabei gostando. Apesar do ritmo o filme passou muito rápido para mim. O prêmio de melhor diretor se justifica, imagens lindíssimas. Em um mundo onde os horrores mostrados no filme ainda são bem costumeiros (não vamos esquecer o Massacre de Odessa inclusive celebrado por alguns políticos ucranianos que continuam no poder) é interessante ver o personagem preservando sua humanidade se mantendo distante de tudo que está acontecendo ao redor dele, me identifiquei em vários níveis com o personagem. A falta de diálogo, para mim, ajudou a manter o clima do filme: denso, claustrofóbico e desumanizador. Um filme que me entregou mais do que prometia.
Indicado ao Olho de Ouro, que premia documentários no Festival de Cannes. Se eu, que não conheço Recife, fiquei emocionado, imagina quem conhece. Meu avô, nascido na cidade, sempre me contava sobre ela com um brilho no olhar e está nos meus planos visitar a cidade o quanto antes. Fui assistir ao filme sem saber do que se tratava e muito menos que era um documentário. Achei lindo! Kleber Mendonça consegue dosar tudo muito bem sem tornar nada cansativo, uma verdadeira carta de amor ao cinema, a cidade e a própria história que conecta tudo isso. Assisto muito pouco documentários e fico pensando o tanto de coisa que estou perdendo. Estou familiarizado com boa parte da obra do diretor, mas ainda não assisti O Som ao Redor, falha minha que espero remediar ainda este ano. Aqui temos várias referências ao filme em questão que acho legal ter assistido antes. Mas não me atrapalhou em nada curtir este. Filmaço, um dos melhores do ano.
Indicado a Palma de Ouro em Cannes, que para mim era o favorito ao prêmio mesmo concorrendo com o Amor do Haneke. Um dos meus filmes preferidos da vida, assisti de novo hoje e me emocionou da mesma maneira de quando vi no cinema. O filme é forte, bate em você de um jeito sem dó, os personagens são realistas, profundos e cheio de traumas que vão sendo montados como um quebra-cabeça pelo espectador. Marion Cotillard é rainha e mostra tudo e muito mais aqui, que entrega! Acho que o que mais me pega nele é o pensamento de que as pessoas, por mais diferentes que sejam, podem fazer um relacionamento dar certo se ambas querem e se empenham para isso, portanto se uma relação falhou é porque não era tão importante assim para uma delas ou até para ambas, é no que acredito. O filme é brutal e transborda amor ao mesmo tempo, difícil outro que tenha me tocado assim desse jeito.
Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza de onde saiu com outros 3 prêmios fora da competição oficial, também ganhou 2 Oscars incluindo o de melhor diretor. Hoje, há exatos 5 anos, eu estava em Cong na Irlanda, cidade que serviu para as filmagens deste filme, vivi ali um dos melhores dias da minha antiga vida até que uma semana depois ela foi completamente destruída fazendo com que eu nunca assistisse este filme. Uma espécie de comédia romântica com testosterona onde a competência do diretor consegue deslumbrar a gente como sempre. Wayne e O'Hara estão lindos demais e todo o elenco de apoio funciona. Interessante notar que o turismo na Irlanda só surgiu depois e por causa deste filme, já que muitos descendentes resolveram voltar para visitar o país depois de assisti-lo. Há uma estátua de bronze em Cong de John Wayne carregando no colo Maureen O'Hara e foi onde tomei o melhor café no país exatamente onde ficava o pub do filme, que hoje é uma espécie de restaurante para os turistas. Finalmente consegui assistir em uma espécie de ritual para exorcizar antigos demônios e adorei. Um dos grandes filmes do diretor.
Indicado a duas premiações paralelas no Festival de Veneza. Adorei o filme, simples e direto recheado de personagens que só acrescentam densidade ao filme, cada um com sua história e particularidade. Excelente diretora e a trilha música meio caótica da um belo tom. E minha surpresa quando aparece o Caetano Veloso (hehehehehehe). Fui assistir porque sou fã da Tihana Lazovic, que faz uma coadjuvante, mas o elenco conta ainda com a veterana Dominique Sanda e a talentosa Alba Rohrwacher. A garotinha rouba todas as cenas e o pavão é a cereja no bolo. Gostei muito da direção e fiquei na expectativa dos próximos filmes dela. Adoro filme assim: simples, história bem amarrada e personagens cativantes. Tudo transcorre em menos de um dia, então temos pedaços de um todo, como se fossemos um convidado para o almoço da família.
Filme que estreou no Festival de Berlim fora de competições. Adorei a montagem do filme, as cenas documentais de uma Romênia marcada historicamente ao mesmo tempo em que se passa a narrativa que está sendo contada deu um tom vibrante ao filme. Talvez funcionasse melhor para algumas pessoas se as interpretações não fossem tão robóticas por conta da escolha artística deles lerem um texto que é totalmente documental, mas para mim a ideia funcionou muito bem. Acho que o filme peca só em contextualizar algumas coisas, como por exemplo a Rádio Free Europe que existe até hoje, completamente financiada pelo governo dos Estados Unidos para países que consideram que não há liberdade de informação, que vai desde países europeus, Ásia e até o Oriente Médio, e que não passa de propaganda imperialista capitalista. Não defendendo a forma de "socialismo" que veio na ramificação do stalinismo em que vivia a Romênia na época. Um filme que me surpreendeu de um diretor que vem me conquistando a cada filme.
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O que dizer deste filme do Fellini sendo Fellini? É o puro neorealismo italiano e achei melhor do que o Ladrões de Bicicletas do De Sica. Achei que os personagens foram tão bem trabalhados, de uma maneira tão profunda e realista que impressiona. Anthony Quinn esbanja talento e Giulietta Masina, como sempre, é uma força da natureza. O desfecho é arrebatador. O personagem do trapezista é extremamente chato, queria dar um murros na cara dele mais do que na do Anthony Quinn. Faz a gente ficar pensando dias depois sobre a natureza humana e sobre as condições que levam algumas pessoas a serem quem são.
Ouro Carmim
4.0 10Vencedor do Prêmio do Juri da competição Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Fui assistir achando que era um Panahi e acabei recebendo um Kiarostami de brinde, só fui descobrir nos créditos finais da película que Abbas Kiarostami era o responsável pela história e roteiro. Combinação perfeita à parte, o filme funciona muito bem como uma denúncia de uma realidade muito parecida com o Brasil que é o Irã. Os super ricos esbanjam enquanto grande parte da população vive no limite entre a sobrevivência e a pobreza. Achei que o filme não precisava começar pelo final, acho que se chegasse no final e desenvolvesse melhor seria um choque maior ao espectador. O filme tem momentos que parece travar, como o relacionamento frio do personagem principal com sua noiva, que poderia também ter ajudado a nos conectarmos aos personagens. Não deixa de ser um filme muito bom e necessário.
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Farrapo Humano
4.2 225 Assista AgoraVencedor do prêmio de Melhor Ator e do Grande Prêmio no Festival de Cannes e de mais quatro Oscars. Ray Milland é o grande trunfo do filme, apesar de quase todo o resto funcionar muito bem, entrega uma atuação ímpar. Apesar de ser um filme de 1945, ele foi lançado comercialmente em janeiro de 1946, que é o ano em que o filme se passa já que o feriado judeu do Yom Kipur ocorre em um sábado (em 1945 foi de um domingo para uma segunda). A direção do Billy Wilder é muito competente como sempre, mas me pareceu um filme diferente de todos os outros que assisti dele. A música de Miklós Rózsa me incomodou bastante, funciona muito bem para causar o desconforto que quer passar no começo, mas depois fica só cansativa mesmo, com momentos que parecia mais a trilha de um filme de ficção científica. Um filme bem a frente do seu tempo, mostrando o outro lado da glamourização da bebida alcoólica que ocorria nos EUA em um pouco mais de uma década após o fim da lei seca no país. Recomendadíssimo!
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O Colar Perdido da Pomba
3.8 8Indicado ao Leopardo de Ouro e vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Locarno. Segundo filme da trilogia do deserto do diretor Nacer Khemir, que mantém o mesmo lirismo do filme anterior (Andarilhos do Deserto). Apesar de dar a mesma nota, preferi o primeiro filme, acho que consegui tirar mais informações que faziam sentido para mim dele. Acho que neste há mais simbolismos nos detalhes, mensagens em ações que não parecem tão importantes. Para mim, o mais importante de toda a história são as tartarugas no quintal, que representam o tempo, pois é ele que figura como protagonista. Elenco afiado e a parte técnica é lindíssima de se ver. Um filme sensorial.
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Akira
4.3 869 Assista AgoraUm dos filmes demorei demais para assistir, mas confesso que senti uma pontinha de decepção. A animação é ótima e há realmente muita coisa interessante, mas ao mesmo tempo que o filme parece longo demais, também parece muito curto e corrido em outros aspectos. Os personagens não tem muita profundidade, todo o clima político-social fica confuso (uma pena, pois foi o que achei mais interessante), tramas apressadas. Não li o manga e fiquei bastante curioso e interessado, pois deve ter um desenvolvimento dessas coisas que comentei. A animação é o ponto alto e o final aberto meio surrealista funciona muito bem. Há personagens coadjuvantes que cativam. Vale a assistida, apesar das minhas críticas o filme pende mais para os pontos positivos.
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Veludo Azul
3.9 779 Assista AgoraFilme esnobado pelo Oscar com apenas uma indicação para Melhor Diretor. Acho que a última vez que assisti foi quando comprei o DVD uns vinte anos atrás. Não lembrava absolutamente nada do final do filme, então foi quase como assistir pela primeira vez. Que filmaço! O clima noir misturado com todo o estilo lynchiano casam de maneira perfeita. Assisti pela primeira vez muito novo e não devo ter entendido muita coisa, mas lembro de ter gostado muito. Agora o filme me parece ainda muito melhor do que antes, há tantas sutilezas e um certo deboche do american way of life que Lynch foi usar em Twin Peaks. Apesar de inconstante, a atuação de Kyle MacLachlan tem seus grandes momentos como o desconforto em ter que dizer "I love you too" para a personagem de Laura Dern enquanto dançam. Filme obrigatório, dos maiores filmes americanos da década de 80, que não envelheceu nada mal. Acho que seria redundante falar sobre a Isabella Rossellini, né?
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Cenas de um Casamento
4.4 232É uma série em seis capítulos, apesar de existir uma versão com cortes feita para o mercado estadunidense que acabou ganhando o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Assisti a série e não tenho intenção de ver a edição com cortes. É Bergman na sua mais pura forma, cheio de camadas e com uma construção de personagens que é uma verdadeira aula. Liv Ullmann e Erland Josephson brilham demais. As ações que não são contadas entre os capítulos é o que Bergman soube aproveitar melhor para construir sua história, sem precisar nos dar todos os detalhes, fica a critério do telespectador preencher essas lacunas da maneira que for mais conveniente.
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O Conde
3.2 97 Assista AgoraIndicado ao Leão de Ouro e vencedor de Melhor Roteiro no Festival de Veneza. Fiquei na dúvida entre dar uma nota 7 ou 8 para o filme, acabei optando pela maior pelo final ácido e cheio de mensagens sobre a situação atual no mundo. O filme tem um ritmo estranho, há momentos que transcorre de maneira perfeita e simplesmente trava de maneira repentina, há esse ritmo esquisito por quase toda a película. O que mais vale é a ideia em forma de crítica tanto a história do Chile como ao momento atual onde essa onda ultraconservadora assola a América do Sul. O elenco dá um show e a mão de Larraín é sempre competente. Dei uma pesquisada rápida sobre os filhos do Pinochet depois do filme e é um mar de lodo. No final fica a tristeza de ver como somos arrastados para esses ciclos históricos que se recusam a morrer.
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A Vida Solitária de Antonio Ligabue
3.6 5 Assista AgoraIndicado ao Urso de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Interpretação no Festival de Berlim. Um filme meio difícil de assistir em certos aspectos, é arrastado e tem momentos que é corrido e não envolve tanto, mas é um bom filme. Destaque para a música de Marco Biscarini e Daniele Furlati. O filme vale mesmo a pena por conta de Elio Germano, que é um dos maiores atores italianos (e do mundo) de sua geração, em uma performance monstro como de costume. O cara simplesmente supera qualquer expectativa em qualquer papel que resolva interpretar, do mais simples ao mais complexo, de principal à coadjuvante. O filme merece ser visto por ele, apesar de ter uma parte técnica muito boa também, seu único problema é narrativo em momentos pontuais.
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Solução Nº1
3.4 1Fui assistir sem esperar muita coisa e quebrei a cara. Achei o curta muito bom mesmo se ignorarmos o significado por trás dele, as imagens são lindas, o ator transmite tanto mesmo sem falar nada. Apesar de haver um paralelo entre o homem afastado de Teerã durante a revolução no país, há também um forte aspecto no personagem que é uma característica daquele povo, que é seguir em frente da maneira que é possível, de tentar ver beleza naquilo em seu entorno e de chegar ao seu objetivo com bom humor. Acho que tem tudo isso e muito mais em camadas aqui. Kiarostami é gênio!
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Mães de Verdade
3.8 18 Assista AgoraIndicado no Festival de Cannes que não ocorreu devido a pandemia. Tenho vários filmes da Kawase comigo para assistir, mas nunca havia visto nenhum até este e já me arrependo amargamente, preciso colocar as obras dela em dia. Achei o filme simplesmente maravilhoso, tocante e emocionante. Só uma mulher para conseguir fazer um filme com esta visão tão perfeita do que é ser mãe, do que é ser mulher, do que é a maternidade. Estava esperando algo completamente diferente pela sinopse, e acabou sendo catártico. Chorei, me preocupei com praticamente todos os personagens, torci por eles. Lindo! Um dos melhores filmes de 2020, que foi um ano sem muitos lançamentos e sem filmes tão bons. Parte técnica e elenco primoroso. Recomendo muito.
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O Mundo de Apu
4.3 31Fechando a trilogia de Apu com um ótimo filme. Discordo quando dizem que é o filme mais comercial só por ter um ritmo mais fácil que os outros, acho que o ritmo mais fácil se dá pela própria dinâmica do filme que é muito boa e nos pega direto no coração. Soumitra Chatterjee faz um ótimo Apu, mas fiquei imaginando que legal que seria termos o mesmo ator desde o começo como o Jean-Pierre Léaud nos filmes do Truffaut. Sharmila Tagore é um deleite, se você assiste este filme e não fica completamente apaixonado é porque seu coração já morreu. Uma das mulheres mais lindas que o cinema já viu. Uma trilogia cheia de sofrimento, despedaça a gente. O desfecho é lindo.
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Ghostbusters: Mais Além
3.5 410 Assista AgoraO filme original é um filme infantil, por isso tem tanta gente aqui que assistiu na infância adorou. Galera reclamando de criança prodígio em filme, mas adora Os Goonies. Aceitem que vocês não são mais o público alvo deste tipo de produções, cresçam e tentem aproveitar com um olhar mais infantil que irão pelo menos sair do filme entretidos. Eu achei bem legal, cumpre muito bem o que acaba prometendo. É emocionante todas as conexões com o filme original. O elenco funciona, mesmo demorando um pouco para acontecer, quando o filme realmente acontece funciona tudo muito bem. Adorei os personagens e aguardo ansioso para a continuação que sai agora em 2024.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes e Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. Como é que eu demorei tanto para assistir este filme? Simplesmente brilhante! Merecia a Palma de Ouro, merecia tudo que é prêmio. Sorrentino é com certeza o que o cinema italiano tem de melhor nos últimos anos. Toni Servillo dá um show como protagonista, interpretação brilhante. Simplesmente tudo no filme funciona, qualidade técnica e narrativa perfeitas. O filme tem todos os elementos contrabalanceados, há desde comédia a um senso nostálgico que faz a gente nem esconder a lágrima que escorre na cena final. Um filme sobre a vida, sobre envelhecer, sobre lugares e principalmente sobre memórias. Lindo demais!
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Malmkrog
3.3 11Vencedor do Prêmio de Melhor Diretor em uma competição paralela no Festival de Berlim. Achei o filme muito bom, mas confesso que entendo que não deva funcionar com uma grande maioria, me contorcia assistindo querendo participar da conversa, tive vontades descontroladas de bater na mesa e xingar todo mundo com suas visões limitadas transbordando a burguesia alienada que vive em uma realidade paralela. O discurso de Nikolai querendo tratar a morte como algo de um mal no sentido religioso e ignorando completamente a compreensão da natureza sob um contexto geral é patético. Aliás, muito interessante notar como a natureza é ignorada em quase todos os discursos, sendo sobreposta por uma falsa razão de cunho muitas vezes religioso cristão. Eu, que moro na Europa de hoje, talvez tenha gostado tanto do filme por ter escancarado o europeu como ainda são hoje, como lidam e encaram as coisas com sua visão extremamente limitada com valores construídos há seculos com seu eurocentrismo e valores ocidentais como absolutos. Um filme necessário para entender como a Europa pensa hoje, interessante também notar, que apesar do filme se passar no século XIX, há assuntos tratados que passam pelo futuro como o genocídio armênio, e há uma cena que parece misturar tanto a Primeira Guerra quanto a Revolução de 1917. Enfim, achei muito bom e funcionou muito bem para mim. Enrolei para ver por conta dos comentários negativos, mas devia ter visto antes.
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Star Wars: A Guerra dos Clones
3.4 172Assisti de novo para ver se consigo terminar de ver a série toda que nunca consegui. A animação é bem divertida, com cenas de ação, humor e com vários personagens antigos e novos sendo colocados no tabuleiro. Quem diria que Ahsoka iria virar uma personagem tão icônica, não? É divertido, para uma faixa etária mais infantil, assim como essas coisas tem que ser... afinal, eu me apaixonei por este universo quando tinha uns 5 anos.
Gritos e Sussurros
4.3 472Vencedor de um tal Grande Prêmio Técnico no Festival de Cannes (não me perguntem que prêmio é este, não tenho ideia, deve ter sido um prêmio especial daquele ano) e indicado a 5 Oscars (vencedor de Melhor Direção de Arte). Não pude estar com minha irmã quando ela faleceu e este filme me abriu várias feridas, foi bem difícil para mim assisti-lo. Achei um filme grandioso do diretor, que conseguiu combinar tudo aquilo de melhor que ele foi construindo até aqui em sua carreira. Tudo funciona, o clima claustrofóbico, a construção das personagens, o vermelho predominante. Harriet Andersson brilha como nunca, tanto que consegue ofuscar Liv e Ingrid. Os 15 minutos finais é simplesmente catártico.
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Nitram
3.7 33Indicado a Palma de Ouro e vencedor do Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. A atuação do Caleb Landry Jones é o que o filme tem de melhor realmente, mas acho que há conveniências demais no roteiro. Diretor perde muito tempo com cenas que não levam a lugar nenhum e acaba omitindo ou distorcendo várias coisas mais importantes. O elenco todo está muito bem e ajuda a dar o tom certo ao filme. É muito interessante o tipo de discussão que o filme acaba trazendo no final, já que mesmo a Austrália tendo restringido a lei do porte de arma depois de 1996, hoje o país tem mais armas do que na época. Simplesmente uma história, principalmente se for buscar os fatos depois de assistir ao filme, que é difícil acreditar como pode ocorrer. O filme tenta humanizar o personagem, mas depois de ler sobre a parte final que o filme não mostra fica difícil enxergá-lo de maneira muito humanizada.
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Luz Natural
2.9 3Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Berlim. Fui assistir pensando que ia gostar bem menos do que acabei gostando. Apesar do ritmo o filme passou muito rápido para mim. O prêmio de melhor diretor se justifica, imagens lindíssimas. Em um mundo onde os horrores mostrados no filme ainda são bem costumeiros (não vamos esquecer o Massacre de Odessa inclusive celebrado por alguns políticos ucranianos que continuam no poder) é interessante ver o personagem preservando sua humanidade se mantendo distante de tudo que está acontecendo ao redor dele, me identifiquei em vários níveis com o personagem. A falta de diálogo, para mim, ajudou a manter o clima do filme: denso, claustrofóbico e desumanizador. Um filme que me entregou mais do que prometia.
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Retratos Fantasmas
4.1 233 Assista AgoraIndicado ao Olho de Ouro, que premia documentários no Festival de Cannes. Se eu, que não conheço Recife, fiquei emocionado, imagina quem conhece. Meu avô, nascido na cidade, sempre me contava sobre ela com um brilho no olhar e está nos meus planos visitar a cidade o quanto antes. Fui assistir ao filme sem saber do que se tratava e muito menos que era um documentário. Achei lindo! Kleber Mendonça consegue dosar tudo muito bem sem tornar nada cansativo, uma verdadeira carta de amor ao cinema, a cidade e a própria história que conecta tudo isso. Assisto muito pouco documentários e fico pensando o tanto de coisa que estou perdendo. Estou familiarizado com boa parte da obra do diretor, mas ainda não assisti O Som ao Redor, falha minha que espero remediar ainda este ano. Aqui temos várias referências ao filme em questão que acho legal ter assistido antes. Mas não me atrapalhou em nada curtir este. Filmaço, um dos melhores do ano.
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Ferrugem e Osso
3.9 822 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro em Cannes, que para mim era o favorito ao prêmio mesmo concorrendo com o Amor do Haneke. Um dos meus filmes preferidos da vida, assisti de novo hoje e me emocionou da mesma maneira de quando vi no cinema. O filme é forte, bate em você de um jeito sem dó, os personagens são realistas, profundos e cheio de traumas que vão sendo montados como um quebra-cabeça pelo espectador. Marion Cotillard é rainha e mostra tudo e muito mais aqui, que entrega! Acho que o que mais me pega nele é o pensamento de que as pessoas, por mais diferentes que sejam, podem fazer um relacionamento dar certo se ambas querem e se empenham para isso, portanto se uma relação falhou é porque não era tão importante assim para uma delas ou até para ambas, é no que acredito. O filme é brutal e transborda amor ao mesmo tempo, difícil outro que tenha me tocado assim desse jeito.
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Depois do Vendaval
3.7 63 Assista AgoraIndicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza de onde saiu com outros 3 prêmios fora da competição oficial, também ganhou 2 Oscars incluindo o de melhor diretor. Hoje, há exatos 5 anos, eu estava em Cong na Irlanda, cidade que serviu para as filmagens deste filme, vivi ali um dos melhores dias da minha antiga vida até que uma semana depois ela foi completamente destruída fazendo com que eu nunca assistisse este filme. Uma espécie de comédia romântica com testosterona onde a competência do diretor consegue deslumbrar a gente como sempre. Wayne e O'Hara estão lindos demais e todo o elenco de apoio funciona. Interessante notar que o turismo na Irlanda só surgiu depois e por causa deste filme, já que muitos descendentes resolveram voltar para visitar o país depois de assisti-lo. Há uma estátua de bronze em Cong de John Wayne carregando no colo Maureen O'Hara e foi onde tomei o melhor café no país exatamente onde ficava o pub do filme, que hoje é uma espécie de restaurante para os turistas. Finalmente consegui assistir em uma espécie de ritual para exorcizar antigos demônios e adorei. Um dos grandes filmes do diretor.
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Il paradiso del pavone
3.8 1Indicado a duas premiações paralelas no Festival de Veneza. Adorei o filme, simples e direto recheado de personagens que só acrescentam densidade ao filme, cada um com sua história e particularidade. Excelente diretora e a trilha música meio caótica da um belo tom. E minha surpresa quando aparece o Caetano Veloso (hehehehehehe). Fui assistir porque sou fã da Tihana Lazovic, que faz uma coadjuvante, mas o elenco conta ainda com a veterana Dominique Sanda e a talentosa Alba Rohrwacher. A garotinha rouba todas as cenas e o pavão é a cereja no bolo. Gostei muito da direção e fiquei na expectativa dos próximos filmes dela. Adoro filme assim: simples, história bem amarrada e personagens cativantes. Tudo transcorre em menos de um dia, então temos pedaços de um todo, como se fossemos um convidado para o almoço da família.
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Letra Maiúscula
3.2 6Filme que estreou no Festival de Berlim fora de competições. Adorei a montagem do filme, as cenas documentais de uma Romênia marcada historicamente ao mesmo tempo em que se passa a narrativa que está sendo contada deu um tom vibrante ao filme. Talvez funcionasse melhor para algumas pessoas se as interpretações não fossem tão robóticas por conta da escolha artística deles lerem um texto que é totalmente documental, mas para mim a ideia funcionou muito bem. Acho que o filme peca só em contextualizar algumas coisas, como por exemplo a Rádio Free Europe que existe até hoje, completamente financiada pelo governo dos Estados Unidos para países que consideram que não há liberdade de informação, que vai desde países europeus, Ásia e até o Oriente Médio, e que não passa de propaganda imperialista capitalista. Não defendendo a forma de "socialismo" que veio na ramificação do stalinismo em que vivia a Romênia na época. Um filme que me surpreendeu de um diretor que vem me conquistando a cada filme.
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A Estrada da Vida
4.3 228 Assista AgoraVencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O que dizer deste filme do Fellini sendo Fellini? É o puro neorealismo italiano e achei melhor do que o Ladrões de Bicicletas do De Sica. Achei que os personagens foram tão bem trabalhados, de uma maneira tão profunda e realista que impressiona. Anthony Quinn esbanja talento e Giulietta Masina, como sempre, é uma força da natureza. O desfecho é arrebatador. O personagem do trapezista é extremamente chato, queria dar um murros na cara dele mais do que na do Anthony Quinn. Faz a gente ficar pensando dias depois sobre a natureza humana e sobre as condições que levam algumas pessoas a serem quem são.
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