‘Arizona Nunca Mais’ inaugurou o estilo pastelão caipira dos irmãos Coen.
Estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter, 'Arizona Nunca Mais' conta a história estapafúrdia de um casal que resolve roubar um bebê para criar como seu.
Desde os anos 1980, os irmão Joel e Ethan Coen se especializaram na elaboração de comédias de estilo único, que fazem rir pelo deboche com a “caipirice” de certa parcela da população americana e pela paródia realizada com os gêneros cinematográficos. O ápice de sua produção provavelmente foi atingido com Fargo (1996) e o cult O Grande Lebowski (1998). Mas há riqueza também em suas obras menores. Uma delas é Arizona Nunca Mais, o segundo filme da dupla, dirigido em 1987. É uma comédia despretensiosa que parece apostar em uma mistura inusitada: há traços de um western combinados com o humor pastelão, somados a elementos de um road movie a la Mad Max.
O longa é estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter, ambos em início de carreira. Ele faz H.I. McDonnough, um ladrãozinho chave de cadeia com uma pegada espirituosa em cada uma de suas falas. Ao ser preso diversas vezes, quem tira o seu retrato é a policial Edwina “Ed”, e ambos acabam se apaixonando.
Quando ele é solto, eles se casam e vão resolvem construir sua vidinha modestamente em um trailer. Mas Ed descobre algo terrível: ela é estéril, o que joga um banho de água fria sobre os sonhos da dupla de formar uma família. Desesperados, eles acabam tendo uma ideia nada brilhante: ao ver a notícia de que o empresário do ramo imobiliário Nathan Arizona (Trey Wilson) acabou de ter quíntuplos, H.I. e Ed decidem que esta família não vai sentir falta de um dos filhos, já que é muita coisa para lidar. Roubam então o pequeno Nathan Júnior para criar como se fosse seu.
A partir daí, a trama de Arizona Nunca Mais se desenrola rumo às perseguições na estrada mais alucinadas e nonsense já mostradas no cinema até então. O cenário é o contexto amplamente explorado pelos Coen na maior parte de suas obras: um contexto formado por cidades interioranas nos Estados Unidos em que os moradores são como que versões ianques do Jeca Tatu.
Quase todos os personagens que circundam a trama são extremamente burros. Dentre os mais patéticos, estão dois irmãos criminosos que acabaram de fugir da prisão, onde se tornaram amigos de H.I. Gale (John Goodman, um dos atores mais bem aproveitados dentro da cinematografia dos irmãos Coen) e Evelle (William Forsythe) vão, de forma bem inconveniente, buscar acolhida na casa de H.I. e Ed. Mas quando eles desconfiam que o bebê presente na casa do casal talvez seja precioso, sua ambição pulsa e os ladrões resolvem ganhar algum dinheiro.
Ao sequestrar (mais uma vez) o lindo e sorridente bebê Nathan Júnior, eles dão vazão a uma corrida que envolve assaltos a bancos e a lojas de conveniência, explosões, uma perseguição com cachorros de rua (a cena mais hilária de Arizona Nunca Mais), bebês confortos esquecidos no meio da estrada e a entrada na história de um justiceiro meio Hell’s Angel, recém saído da prisão (papel de Randall “Tex” Cobb).
O marco inicial em um estilo peculiar de fazer comédia
Embora este seja apenas o segundo filme da dupla, Arizona Nunca Mais já evidencia a marca permanente do seu humor, cheio de situações patéticas e piadas espirituosas emitidas pelos caipiras que habitam suas obras.
Em uma delas, envolvendo um assalto, os ladrões mandam que os clientes de um banco parem e se deitem no chão. Um incauto rebate: “Senhor, a gente pode deitar e não ficar parado, ou ficar parado e não deitar. Os dois não dá”. Em outra cena, um sujeito compra bexigas num mercadinho e pergunta se elas são daquelas com formas engraçadas. O atendente idoso responde: “Se você acha a forma redonda engraçada, então sim”.
É tudo tão ridículo que se torna adorável, e nos faz torcer para os personagens de H.I. e Ed – por mais que, afinal, eles sejam dois ladrões de bebês. Por fim, preste atenção na participação de Frances McDormand (que no futuro se tornaria esposa de Joel Coen) e Sam McMurray, que fazem um casal de swingers com uma penca de filhos. Arizona Nunca Mais é um dos primeiros acertos de Joel e Ethan Coen na criação de algumas das comédias mais hilárias do cinema.
Ela provou ao mundo que uma mulher é capaz de liderar um país em meio a guerra sem perder sua humanidade.
O filme “Golda – A Mulher de Uma Nação” é um recorte histórico e político da Guerra do Yom Kippur, em 1973, sob a perspectiva de Golda Meir, a primeira mulher a ocupar o posto de primeira-ministra de Israel. A trama narra decisões de alto risco que ela teve que tomar durante o conflito.
Chamada de Dama de Ferro, Golda Meir foi a primeira – e única – mulher a chefiar Israel. Ela assumiu o cargo de primeira-ministra em 1969, aos 70 anos.
Natural de Kiev, de família judaica, migrou para a Palestina em 1921, depois ter vivido um tempo nos Estados Unidos, onde se formou na faculdade.
Ela começou a carreira política em 1932, quando engajou na Confederação Geral do Trabalho (Histadrut), onde exerceu uma série de cargos. Como líder do movimento, Golda foi uma das responsáveis pelas negociações com os britânicos para a partição da Palestina.
Na década de 1940 e durante a Segunda Guerra Mundial, foi chefe do departamento político da Agência Judaica (a maior autoridade em Israel sob administração britânica) e da Organização Sionista Mundial.
Golda foi uma de duas mulheres signatárias da declaração de independência de Israel, em 1948. Ela foi nomeada pelo então primeiro-ministro para o cargo embaixadora de Israel na União Soviética.
Entre 1949 e 1956, foi ministra do Trabalho e Segurança Social e, posteriormente, dos Negócios Estrangeiros.
Em 1969, após a morte do então primeiro-ministro, Levi Eshkol, tomou posse como primeira-ministra.
Diplomata experiente, Golda mostrou forte liderança durante a Guerra do Yom Kipur entre Israel e uma coalizão de países árabes, em outubro de 1973.
Naquele ano, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, durante o feriado judaico de Yom Kippur, ameaçando dominar o país. Israel lançou uma contraofensiva massiva antes que um cessar-fogo fosse estabelecido.
Golda Meir renunciou em 1974 por questões de saúde e morreu em 1978, aos 80 anos.
Golda Meir é profundamente reverenciada por pessoas de todo o mundo. Ela foi uma Primeira-Ministra forte mas compassiva que liderou corajosamente o seu país durante um devastador ataque surpresa do Egipto e da Síria. Ela foi uma líder sábia que sempre será lembrada e admirada.
Não me lembro da última vez que um trailer me atingiu com tanta força... da convicção que ela teve ao dizer que não iria se esconder no porão.
Esta é uma atuação vencedora do Oscar...Helen Mirren é A pessoa que interpretará GOLDA, uma das pessoas mais icônicas da história.
Adorei a frase: "Você esquece que em Israel lemos da direita para a esquerda" LOL, uma ótima frase.
O que quer que você pense desta mulher, ela ERA uma líder fascinante e sincera, com fortes convicções morais... para aqueles como eu, que estão interessados em uma visão mais profunda e completa da mulher.
Diplomata experiente, Golda mostrou forte liderança durante a Guerra do Yom Kipur entre Israel e uma coalizão de países árabes, em outubro de 1973.
Naquele ano, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, durante o feriado judaico de Yom Kippur, ameaçando dominar o país. Israel lançou uma contraofensiva massiva antes que um cessar-fogo fosse estabelecido.
No dia 17 de março de 1969, uma mulher assumiu pela primeira vez a chefia do governo israelense. O caráter resoluto de Golda Meir rendeu-lhe uma frase famosa de Ben Gurion, de quem havia sido ministra: “ela é o único homem nesse gabinete cheio de homens”.
Golda Meir (Meyerson), nascida Golda Mabovitch em Kiev, em 3 de maio de 1898, foi política, diplomata, a quarta primeira-ministra de Israel e a terceira mulher no mundo a assumir tão alto cargo. Sua política intransigente e seu estilo de liderança lhe valeram o epíteto de “Dama de Ferro”.
Antes de ser chefe de governo, foi embaixadora de Israel na União Soviética, ministra do Trabalho e ministra de Relações Exteriores.
Em 11 de setembro de 2020, a Rádio Novelo lançou em seu site, em seu canal no YouTube e em tocadores como Spotify e Deezer o podcast "Praia dos Ossos", que, em oito episódios, disseca o assassinato da socialite Ângela Diniz por seu namorado Raul Fernando do Amaral Street (conhecido como Doca) em 30 de dezembro de 1976. Fruto de pesquisas iniciadas em 2018 e dezenas de entrevistas realizadas pelas jornalistas Branca Vianna e Flora Thomson-Deveaux, o podcast tem colhido boa repercussão e críticas unânimes em elogiar o roteiro bem amarrado e repleto de detalhes.
Nem parece que os mesmos fatos tenham tido recepção tão diversa há quase 20 anos (mais precisamente, em 5 de junho de 2003), quando o programa "Linha Direta Justiça", da TV aberta, procurou reconstitui-los em um episódio de 36 minutos (que está disponível no YouTube). A atração, que ocupava o fim das noites de quinta-feira, tinha normalmente um apelo mais imediato, abordando casos recentes e terminando com a divulgação da foto do suspeito foragido, para que telespectadores pudessem contribuir com informações que auxiliassem em sua captura. O sucesso do formato deu uma nova ideia à emissora: por que não falar de crimes ocorridos há muitos anos passados, já resolvidos ou não, mas que tiveram repercussão histórica?
A primeira delas, e talvez mais relevante, é que a produção do "Praia dos Ossos" entrou em contato com Doca antes do lançamento, e — spoiler do sexto episódio — conseguiu inclusive entrevistá-lo (à revelia de sua família, pelo que consta), algo a que ele havia se negado a fazer para o "Linha Direta". A concordância em falar com as jornalistas por duas horas e meia denota um comportamento aparentemente incompatível com a vontade de proibir depois a divulgação da entrevista.
Talvez tenha ingressado no cálculo de consentir com esse novo reavivamento dos fatos a repercussão do podcast, que, embora tenha sido considerável, certamente não se equipara à de um programa exibido no horário nobre da maior emissora do país. Ainda, é evidente que oito episódios com aproximadamente uma hora de duração cada são muito mais eficazes em expor, com todas as dualidades e nuances, quem eram os personagens envolvidos. Tanto Doca como Ângela emergem de "Praia dos Ossos" como figuras complexas e multifacetadas, o que, convenhamos, é muito mais difícil de se fazer em um programa de pouco mais de meia hora, que tem de se socorrer de simplificações, dramatizações e repetições para se fazer entendido pelo público.
O foco também é diverso: enquanto o "Linha Direta Justiça" opera num crescendo, numa estrutura de três atos (antecedentes, crime propriamente dito e julgamentos — unidos por uma lógica linear de causa e consequência), o "Praia dos Ossos" trata do crime apenas no primeiro episódio. O podcast se concentra no antes e no depois. Os debates orais do primeiro júri (no qual Ângela recebeu epítetos como "prostituta de alto luxo da Babilônia" e "vênus lasciva") são confrontados na sequência com um retrato da vítima em três partes: sua infância e juventude, seu primeiro casamento e desquite, sua transformação na Pantera de Minas e como começou e terminou sua relação com o homem que a mataria. O sexto episódio é dedicado a um retrato de Doca, ao passo que o sétimo se dedica ao segundo julgamento ao qual ele foi submetido. O oitavo e último faz uma análise do impacto do crime para a sociedade brasileira e para o movimento feminista (o que inclui o célebre slogan "quem ama não mata").
A decupagem do "Praia dos Ossos" é, portanto, muito mais sofisticada, não linear e reminiscente de documentários de moldes clássicos (no sentido de ser calcado em entrevistas e arquivos da época, e não em dramatizações). Isso, contudo, não é suficiente para que opções do "Linha Direta Justiça" como, por exemplo, a utilização de uma paleta de cores tendente ao vermelho (talvez para ilustrar a passionalidade do crime, na visão dos dramaturgos) conduzam ao dever de indenizar. A pluralidade de abordagens possíveis dos fatos pelos meios de comunicação é um valor a ser preservado — o julgamento estético fica a cargo do público (como afirmou o STJ no REsp 736015/RJ).
O que as duas produções não deixam dúvidas é que, décadas depois, ainda há muito o que se discutir a respeito da morte de Ângela Diniz. E, havendo ainda o que extrair do caso, parece inviável que seja possível acolher a pretensão da família Street de impedir novas abordagens e rememorações desses fatos, seja por programas de TV, seja por podcasts.
Doca e Ângela "não podem ser desassociados da informação de fatos em que foram protagonistas, constituindo elementos inseparáveis desses acontecimentos".
A Rádio Novelo fez uma série com a história da Angela Diniz (Praia dos Ossos).
O podcast Praia dos Ossos é excelente, tem apenas 8 episódios, onde a Bianca e a Flora contam a história da Ângela desde a infância até os eventos do julgamento do seu assassino, e conta com uma entrevista do Doca.
Angela Diniz A Pantera De Minas vítima de um crime brutal e esse tipo de crime continua muito comum hoje em dia infelizmente... Excelente esse podcast da Rádio Novelo! Realmente um trabalho excepcional realizado pela Rádio Novelo.
Escute o podcast Praia dos Ossos foi devastador, mas extremamente necessário, essa história precisa ser contada. Fica também a recomendação para falar um pouco sobre O Caso Evandro (sei que o podcast tem muito material, mas um bom resumo como este do Doca pode ser um excelente conteúdo).
Defesa da honra é o argumento mais tosco que existe, quem faz essa argumentação praticamente assume o crime e deve ser condenado de forma exemplar.
"Saiu aplaudido por A P O I A D O R E S."
Esse brasil não é brincadeira mesmo.
É uma pena saber que ainda hoje existe muita gente (inclusive mulheres) que acredita nessa aberração de legitima defesa da honra.
Eu não conhecia a história toda, fui pesquisar o documentário da TV (Linha Direta Justiça 05/06/2003 Caso Ângela e Doca) e achei interessante.
Isis Valverde e Bianca Bin atuando novamente juntas desde Boogie Oogie.
A defesa de Doca alegou "legítima defesa da honra" para tentar absolvê-lo do caso, o que provocou indignação dos movimentos feministas. Ele alegou ter matado "por amor".
A tese era válida desde o Código Penal de 1940 e não pode ser usada mais no Brasil desde a Constituição de 1988.
O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo.
Na época, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) escreveu: "Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras", se referindo à estratégia da defesa de Doca Street de culpabilizar Ângela Diniz pelo crime.
Em 2006, Doca Street chegou a lançar um livro trinta anos depois do crime, chamado "Mea Culpa", onde conta a versão dele sobre o crime. O livro foi alvo de críticas da família da socialite.
Um filme necessário p/ o Brasil. Cinema Brasileiro ta de volta com MUITOS filmes.
E importante lembrar que a mídia teve grande influência na resolução do caso, mobilizando a opinião pública a olhar as falhas morais da Ângela e as qualidades do Doca. Foi uma coisa nojenta.
A VIDA DE BRIAN (A Vida de Brian, de Monty Python) -1979 -Este filme não é uma blasfêmia ácida contra a religião católica (na verdade: Jesus aparece brevemente em uma magnífica piada sobre o sermão da montanha), mas contra todas as religiões, sejam elas eles buscam a salvação da alma (como os monoteístas predominantes) ou a do homem (como os partidos políticos magistralmente satirizados aqui). O sucesso deste filme é colocar ao nível do chão o sacrilégio dessas duas visões e, a partir daí, iniciar seus golpes de sucesso. Na verdade, é um filme único, nem antes nem depois do cinema. Voltou a fazer um cocktail tão explosivo entre farsa, religião e política. Seus frames são uma festa, cheios de diálogos cortantes, que mesmo tendo ouvidos continuam a te fazer rir, e piadas visuais memoráveis que acentuam esses diálogos e situações malucas.
Golda Meir foi uma das figuras mais controversas do ambiente político do Oriente Médio. Também conhecida como a "Dama de Ferro de Israel", ela encarou uma situação repleta de complicações durante a Guerra do Yom Kippur.
Grandes líderes em momentos de inacreditável tensão, que exige desses uma acurada capacidade de análise do cenário que frente a eles se exibe e qual a melhor decisão a tomar diante do quadro apresentado costumam resultar em obras cinematográficas de imenso apelo, tanto junto ao público, como também com a crítica. Por outro lado, astros consagrados, que não possuem mais nada a provar a ninguém, quando dispostos a intrincadas transformações físicas a serviço do papel que tem em mãos, também costumam gerar a melhor das impressões entre audiências ao redor do mundo, em especial com aquelas que se veem envolvidas com os processos de votações dos grandes prêmios de Hollywood – como o Oscar, em particular. Um bom exemplo que combina tanto um viés quanto o outro é o drama O Destino de uma Nação (2017), que não apenas resgatou o primeiro-ministro britânico Winston Churchill durante as horas mais cruciais do combate durante a Segunda Guerra Mundial, como alcançou tal feito através de um quase irreconhecível Gary Oldman, que por este desempenho recebeu todos os reconhecimentos possíveis (inclusive, é claro, a cobiçada estatueta dourada da Academia). Pois é fácil antecipar que o mesmo deverá se suceder com Helen Mirren em Golda: A Mulher de uma Nação, longa que, se não se arrisca em almejar o inesperado, ao menos faz o que se propõe com imensa segurança e precisão, resultando não apenas em um filme que vai direto ao seu ponto de interesse, como também proporciona uma performance irretocável de uma das grandes damas do cinema mundial.
A homenageada em questão é ninguém menos do que Golda Meir, a quarta primeira-ministra do recém-criado estado de Israel, responsável pelo comando do país entre 1969 e 1974. Período esses anos de grandes provações, talvez tenha sido o maior deles o conflito que entrou para a história como A Guerra de Yom Kippur. O batismo se deu pois foi justamente durante o feriado religioso de Yom Kippur que tropas árabes tanto do Egito quanto da Síria decidiram atacar os israelenses, por acreditarem que nesse dia suas forças estariam desmobilizadas – o que, de fato, assim se encontravam. De Meir foi exigida uma resposta imediata, assim como também a exigência de um chamado de apoio ao governo dos Estados Unidos, através do secretário de estado Henry Kissinger, com o envio de maquinaria e armamento para que pudessem se defender. O envolvimento norte-americano acabou resultando em protesto das nações árabes, que pararam de exportar combustível fóssil para a América, levando ao início da crise do petróleo. Era, portanto, como um gigantesco castelo de cartas, do qual apenas um movimento em falso foi capaz de colocar em risco uma estrutura que há décadas vinha sendo laboriosamente construída.
Golda Meir não é uma figura inédita no audiovisual. Provavelmente a primeira a interpretá-la em uma obra de ficção foi a oscarizada Ingrid Bergman, no telefilme Uma Mulher Chamada Golda (1982), que além de ter sido seu último desempenho enquanto atriz (ela viria a falecer, com apenas 67 anos, vítima de um câncer de seio, no mesmo ano do lançamento desse projeto), ainda lhe rendeu (como despedida) um Globo de Ouro e um Emmy. Meir é muito citada, ainda que não chegue a aparecer em cena, no israelense O Dia do Perdão (2000), de Amos Gitai, e teve participação decisiva no histórico Munique (2005), de Steven Spielberg, no qual ganhou o rosto de Lynn Cohen. Nenhuma dessas abordagens, porém, foi tão fundo quanto essa dirigida por Guy Nattiv (vencedor do Oscar pelo curta Skin, 2018, que posteriormente foi adaptado por ele mesmo no longa Skin: À Flor da Pele, 2018). Nascido em Tel Aviv, não nega a influência que a ex-líder de sua pátria teve na sua formação. Por isso mesmo, reconhece o quão inútil seria seguir com uma reconstituição tradicional, nos moldes início-meio-e-fim. A escolha de centrar esse olhar em um momento específico – e relevante – acaba por fazer a (positiva) diferença.
Mas talvez de nada isso adiantasse não tivesse ao seu lado uma performance maiúscula como a oferecida por Helen Mirren, que deixa de lado qualquer vaidade em nome das exigências dessa personagem. Dona de quatro indicações ao Oscar e cinco ao Bafta (em cinema), em ambas as premiações ganhou pelo retrato que ofereceu como a monarca Elizabeth II em A Rainha (2006), vitórias arrebatadoras e nunca sequer questionadas. Pois bem, em Golda ela segue o mesmo modelo de sublimação pessoal, ao desaparecer por trás de uma figura altamente reconhecível, mas que, a partir dessa composição – que parte de próteses e de uma delicada maquiagem e vai até um cuidado no gestual e na empostação da voz – acabará por se confundir com a própria identidade da atriz. Seja em momentos pontuais e por demais sutis, como um olhar fugidio para uma funcionária cujo filho está diretamente envolvido no campo de batalha, até outros que beiram a comicidade, quando desiste de uma espera em vão para que seus ministros e comandados prestem a reverência necessária e se levantem da mesa para que ela possa, enfim, se sentar com a honra que lhe é devida, ela ganha uma força ainda maior nas relações por demais breves, mas nunca menos que marcantes, que estabelece com dois interlocutores essenciais ao intento de definir seu caráter durante os dias abordados: a assistente-pessoal e braço direito vivida pela francesa Camille Cottin (Dez Por Cento, 2015-2020), sensível quando possível, assertiva quando necessária, e com o californiano Liev Schreiber, que faz do seu Kissinger um tipo comedido, ainda que ciente do seu potencial de mudar o jogo, se mostrando o parceiro ideal para a protagonista nas passagens que mais dela exigiram.
Não se reconhece a ausência de informações cadastrais – para isso, há sempre o Google e a Wikipedia para atender os curiosos. De onde veio e o que se deu com Meir após os eventos aqui retratados, é não mais do que consequência: a soma do que viveu até aquele momento é o que agora se apresenta, e seu destino a partir de então é não mais do que fruto desse esforço e comprometimento. Dessa forma, Nattiv e Mirren encaram com seriedade e precisão o roteiro lapidado por Nicholas Martin (Florence: Quem é essa Mulher?, 2016), e a partir dessa união constroem não apenas a imagem de uma senhora doente e frágil, que não conseguia largar o cigarro e que gostava de se ocupar com tarefas na cozinha, ao mesmo tempo em que se via envolta por debates e questionamentos que tiveram influência determinante na vida de milhares. “Serão eles responsáveis por uma nação de órfãos e viúvas”, declarou ao ameaçar seus oponentes. Muitos, no entanto, a veem como tal, dado o passar dos anos. Eis aqui um desenho que não tem medo dessa controvérsia, mostrando acertos e deslizes, mas que, quando combinadas, ilustram alguém que lutou, até o último instante, pelo que de fato acreditava. Uma verdade da qual não se pode fugir.
Essas temporadas do Black Mirror estão ficando cada vez mais realistas.
O problema não é a tecnologia, são as pessoas...
Não há outra maneira de combater um exército dirigido pela IA do que com um exército semelhante. O bom de tudo isto é que os soldados humanos (e pilotos, etc.) serão desnecessários num futuro próximo, pelo que o número de mortos em guerras futuras deverá diminuir. Na verdade, o que mais temo é que no futuro as decisões que terão impacto nas vidas dos civis sejam tomadas pela IA (portanto, o “centro de comando” não será humano também)
É como assistir a um filme de terror da vida real porque é baseado em tecnologia real e atual. 😭E isso é apenas o que colocaram no documentário, quem sabe o que está sendo feito em laboratórios secretos.🥺
Há séculos que inventamos formas de matar e torturar uns aos outros, mas temos a audácia de falar sobre a moral de uma IA😂
Os antigos filmes do Exterminador do Futuro começam a parecer um futuro cada vez mais provável para a humanidade.
o interessante da ficção científica é que quase sempre ela é plausível. pessoas que ignoraram filmes como Terminator, War Games, The Corbin Project, Ghost in the Shell e outros são aquelas que simplesmente não sabem que tais ideias não são do futuro, mas sim que o futuro é de facto agora. IA. pretende ser a ponte entre o software de hardware e a compreensão do mundo real. a parte assustadora é que tudo isso fará com que poucos tenham mais poder do que qualquer grupo de pessoas deveria ter, muito menos uma máquina.
Este é obra prima de Mario Monicelli. O filme, considerado um clássico, retrata os costumes da cavalaria medieval através da comédia satírica. Na Itália, recebeu o prêmio de melhor fotografia, melhor figurino e melhor trilha sonora. É inspirado no Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.[carece de fontes] No enredo, Brancaleone e seus homens enfrentam perigos como a peste negra, os sarracenos, os bizantinos e bárbaros, focalizando temas como as relações sociais do feudalismo e o poder da Igreja Católica. O contexto histórico é a Baixa Idade Média, quando o trinômiopeste, fome e guerra marca a crise do século XIV e do próprio sistema feudal.
Esse filme é genial! Muito engraçado e crítico ao mesmo tempo. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
"Será puro, quem purificar o impuro". 👐🙌.
Na base do improviso e do imprevisto, na busca incerta cheia de percalços pela conquista do desconhecido, uma paródia quixotesca da aventura humana.
Ícone de filme. Muito bom! Super fiel à idade média. Com pouco dinheiro fez e faz sucesso e vai continuar por décadas e décadas :)
Um clássico do cinema italiano. Uma época de ouro do cinema italiano com grandes diretores, atores e atrizes que batia de frente com o cinema dos grandes estúdios de Hollywood e ganhava grandes prêmios internacionais de cinema. Parabéns e obrigado pela criação!
Vocês talvez não sabem, mas o humor mais importante dos filmes de Brancaleone fica no linguagem: é um italiano inventado, falso antigo, cheio de referências irônicas e regionais, que acho impossível que sejam traduzidas perfeitamente em uma outra língua! O filme mesmo é cheio de referências irônicas da identidade e da cultura italiana contemporânea. O trabalho linguístico do filme foi tam genial que algumas gírias são utilizadas até hoje na língua falada! A tradução portuguesa é ótima, mas infelizmente acho que por um estrangeiro quem não fala um italiano quasi perfeito seria quasi impossível apreciar a ironia genial do filme..
É fantástico do início ao fim.
Aurocastro la perdemmo, ma ad oltremare ci aspettano sanguine et gloria. Qual lupo che si avventa et leone che abbranca, marciamo alle Terre Sante! BRANCA, BRANCA, BRANCA! LEOOOOON!!!!
Quem veio assistir o filme apenas porque o professor indicou, dá um Like.
Resumo do Filme no Contexto Histórico:
O filme “O Incrível Exército de Brancaleone” apresenta o sistema da sociedade feudal da Idade Média. Mostra as estruturas políticas, religiosas, culturais e mentais da época em que se passa.
Brancaleone, um cavaleiro que apesar do título vive em uma cabana pobre com seu insubordinado cavalo Aquilante deixa bem clara a hierarquia medieval onde mais importante do que a situação financeira era a classe social.
quatro amigos maltrapilhos roubam um pergaminho que dá ao seu possuidor o direito de tomar o feudo de Aurocastro. Mesmo sendo os novos donos do papel eles não podem tomar posse da região porque são meros servos. Para isso eles recorrem ao falido cavaleiro
em busca de um acordo pelas terras.
A atividade comercial é representada por Habacuc, um velho judeu que sabe ler e viaja carregando seu imenso baú cheio de mercadorias.
Bom negociador e esperto ele logo se interessa pelo pergaminho e apresenta os maltrapilhos à Brancalone visando obter algum lucro da situação.
Como na Idade Média a única maneira de tornar-se nobre ou adquirir uma herança era se casar com a filha de um senhor feudal, Brancaleone vai participar de um torneio de cavalaria cujo premio era o saudoso e desejado casamento.
Como era pobre e não possuía equipamentos de qualidade, que custavam caro,Brancaleone acaba perdendo e é obrigado a aceitar a proposta de dominar o feudo de Aurocastro e dividir suas riquezas com os donos do pergaminho.
.Os cavaleiros nessa época obedeciam às leis de cavalaria, e uma delas era que se dois cavaleiros se cruzassem num mesmo caminho deveriam lutar para que o vencedor seguisse viagem. Foi o que aconteceu com Brancaleone ao encontrar um cavaleiro bizantino.
Os dois iniciam uma luta, mas o filme apresenta o bizantino como trapaceiro que quer levar vantagem em tudo. Ele sempre pede tréguas na luta quando está e desvantagem, entre outras coisas.
Essa visão por parte dos italianos se deve ao ressentimento deixado pela parte do império de Roma que ruíra (Ocidental), deixada de lado pela outra metade (Oriental).
Outra característica feudal predominante na época é o Teocentrismo e as Cruzadas.
Quando Brancaleone e seus companheiros seguem viagem encontram um feudo e o invadem. Logo descobrem que o local estava infestado pela peste e pensam que vão morrer. Desesperados eles encontram um grande grupo de fiéis em busca da Terra Prometida que alega que quem luta em defesa da fé é livrado de todo o mal, recebendo salvação e libertação do sofrimento material. Brancaleone e seus companheiros juntam-se a eles a fim de lutar contra os infiéis.
Na época as Cruzadas eram muito disseminadas. Os cavaleiros lutavam em nome de Deus em busca de riquezas, prestígio e também garantia de salvação eterna.
Outro trecho do filme em que as leis de cavalaria são abordadas é quando Brancaleone e sua tropa encontram Matelda e seu tutor.
Á beira da morte o velho faz com que ele prometa cuidar e levar a jovem até seu prometido preservando sua honra. Mesmo apaixonado por ela Brancaleone é obrigado a rejeitá-la
porque é dever dos cavaleiros protegerem donzelas em perigo e mantê-las puras.
Mesmo com o aviso de captura o pai do cavaleiro não paga o resgate,
o que mostra falta de compaixão e solidariedade provavelmente o que os romanos do ocidente sentiram dos vizinhos orientais na época de crise que levou os à ruína.
Uma vez por ano a população de Aurocastro era “visitada” pelos Sarracenos que levavam tudo de valor, além da peste negra, do ataque dos bizantinos e bárbaros.
As pilhagens eram muito comuns na época, daí a necessidade de um bom exército em cada feudo.
Os homens acabam sendo capturados e só são salvos pela fé, ou melhor, pela influencia que ela exercia sobre as pessoas na Idade Média.
O grupo que lutava em nome de Deus aparece e pede que o verdadeiro dono do feudo, que reaparece, não se vingue dos homens que lhe roubaram alegando que eles haviam prometido lutar nas Cruzadas e nenhum homem pode tirar a vida daquele que promete lutar pela fé.
O planeta foi devastado por um misterioso cataclismo e, no meio da desolação, um pai e seu filho estão indo para a costa em busca de um lugar seguro para se instalar. Durante a viagem eles cruzarão com outros sobreviventes.
Opinião pessoal:
A primeira vez que a vi, não lhe dei muita atenção, pois estava viajando de ônibus para outra cidade há muitos anos. Com o passar do tempo ficou-me gravada a imagem, o cenário onde o enredo passa e me deparei com o livro que comecei a ler, imaginando todas aquelas paisagens cinzentas, desoladoras, sem esperança, e não lhes nego que em várias passagens do livro derrame lágrimas ao ler diante da crueza da história. Então olhei novamente para o filme, que é fiel aos detalhes do livro; e entendi que é um filme muito subestimado para ser tão lindamente angustiante.
Este não é um filme qualquer sobre o fim do mundo, pois os fatos que levaram ao cataclismo global, é minimizado a tal ponto de nem sequer entender o que aconteceu antes da trama principal. O que realmente importante nesta dura jornada é o amor de pai, a força de vontade e a esperança num panorama de morte e destruição, que deixa uma mensagem que durará se nos mantivermos realmente "humanos".
Vida e arte sempre andam de mãos dadas, por mais que não seja óbvio ou visível.
Mussum, o Filmis não é um filme voltado especificamente para o icônico personagem de Os Trapalhões. Tampouco é um recorte da vida do artista Antônio Carlos Bernardes Gomes. É, na verdade, um pouco de ambos, posicionado em uma zona de intersecção entre personagem e artista. No filme do talentoso Sílvio Guindane somos apresentados a situações chave da vida de Antônio Carlos (ou Mussum) que serviram como seus principais alicerces tanto em sua trajetória pessoal quanto na carreira artística construída através de várias frentes. Acompanhamos no drama com quase duas horas de duração episódios que remetem desde a infância de Mussum até seus últimos dias enquanto membro de seu famigerado grupo de humor. Entre crises de risos e cenas tocantes, percebemos uma pessoa e um personagem moldado por elementos que fogem de seu núcleo familiar: seja fugindo de casa para participar de rodas de samba ou sendo obrigado a apresentar para o público um pouco de seu natural senso de humor, que discutivelmente herdou de sua mãe. O Rio de Janeiro, o amor pela música, o péssimo talento para futebol e até mesmo participação de Cartola e Elza Soares não apenas marcaram a vida de Antônio como também são parte fundamental do estabelecimento dele enquanto multiartista.
Silvio Guindane divide seu personagem principal, e sua narrativa, em três grandes frentes pontuadas por três momentos da vida do protagonista: a infância, a entrada na vida adulta e a consolidação enquanto artista. Nesse primeiro momento, é muito explorada a relação do pequeno Antônio Carlos com sua mãe Malvina – algo que permeia o filme em sua totalidade. Aqui, Guindane constrói um ambiente leve, que através de suas mais diversas sutilezas faz do pequeno casebre de Malvina e de seu filho um lugar acolhedor. Há uma dinâmica de encenação pautada pelo humor inocente do ainda jovem Mussum e pela presença impressionante da atriz Cacau Protásio: nesse primeiro terço, a atriz ganha destaque por seu apurado senso de humor e entrega dramática pontual. Aqui, uma cena ganha destaque.
Quando Antônio Carlos inicia suas aulas no colégio, muito do que aprende, ele traz para casa. Então, em certo dia, ele resolve ensinar sua mãe a escrever seu próprio nome, para poder, finalmente, assinar documentos. A cena em questão revela o potencial de Cacau em sequências dramáticas; sua atuação, entre o encanto quase infantil de poder se reconhecer no papel e o choro engasgado de quem nunca pode assinar o próprio nome, é um dos pontos altos de Mussum, capaz de emocionar até a mais dura das almas. O sorriso de Malvina, de uma espontaneidade tamanha, aproxima a personagem do espectador.
Em um segundo momento, o humorista Yuri Marçal assume a função de dar vida a Antônio Carlos já em sua maioridade, com emprego no exército, já quase na idade adulta. Aqui, ganhamos os primeiros nuances do artista Mussum: já introduzindo no samba, ele e sua banda ganham destaque no cenário carioca principalmente por parcerias com, por exemplo, Elza Soares. Aqui, Sílvio Guindane já apresenta a faceta humorística de Antônio Carlos – parte essa bem executada e cumprida por Marçal. Contudo, se no lado da comédia o filme ganha (e muito) com a entrada do humorista, isso não ocorre na esfera do drama: o ator parece não conseguir sustentar os trechos mais dramáticos de Mussum. Seu trabalho corporal se destaca quando o assunto é fazer rir e já percebemos, nesse momento, primeiros lapsos de gags de humor corporal assumidas pelo personagem Mussum. Nesse estágio da vida, existem os primeiros embates da vida adulta de Antônio Carlos, entre a carreira militar e uma possível aposta na música enquanto ocupação profissional. Se no primeiro terço do filme a leveza é destaque, nesse novo segmento percebemos mais rigor formal por parte da direção; como se a parte lúdica da vida acabasse, dando voz à sobriedade da vida adulta.
Chega em cena, então, Aílton Graça, a escolha perfeita para interpretar Mussum em sua idade adulta. Já estabelecido no ramo da música, novos desafios são propostos na vida de Antônio Carlos: lidar com seu grupo de samba e compromissos da vida de ator – no início trabalhando para Chico Anysio e, depois, em Os Trapalhões. Aílton é uma presença firme e é dono absoluto de toda a encenação. Seu tato humorístico é tanto que a câmera parece nunca querer desgrudar dele: cada segundo de sua atuação é valioso como uma performance efêmera. Toda a transformação corporal do ator e sua capacidade de presença são impressionantes; todo e qualquer detalhe de seu trabalho vale a pena ser notado. No drama, ele se sobressai, conseguindo dar conta dos lados mais obscuros do humorista Mussum – como o medo de perder a mãe e seu problema com o álcool. O final do filme, construído em cima de um catártico discurso, dá ao espectador um pouco do gosto de como a arte salvou – e ainda salva – vidas de crianças da periferia das capitais. A arte não apenas foi tema na vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes: foi a responsável em apresentar ao mundo um talento único.
Outro grande mérito do filme de Guindane é saber lidar com a música enquanto instrumento de linguagem. Seja a partir de um melancólico dedilha de Cartola ou aos mais alegres sambas da banda de Mussum, a montagem é certeira em saber pontuar sua atuação a partir dos ritmos das músicas. Nenhuma cena musicada é igual à outra, todas tem suas particularidades de duração, de número de planos e de grau de ruptura entre as imagens. A música, dessa forma, é mais do que um requinte sensorial: é algo que constrói a linguagem do filme.
Mussum, o Filmis é uma tocante viagem através da vida de Antônio Carlos ao mesmo tempo em que constrói a carreira de Mussum enquanto personagem. Guindane, além de arrancar nossos mais sinceros risos e mais tristes lágrimas, consegue também mostrar como os percalços da vida não apenas transformaram a pessoa Antônio, mas como ajudou a construir a identidade de Mussum enquanto personagem. Vida e arte sempre andam de mãos dadas, por mais que não seja óbvio ou visível. Se não fossem as escapadas do pequeno Antônio Carlos para sambas de esquina, quem sabe o que seria dele?
A vulnerabilidade assusta. A sinceridade também. O silêncio, muitas vezes escolhido como forma de neutralizar esses sentimentos, cria tensão e angústia. O não dito é enigmático, mas tão poderoso quanto qualquer forma de comunicação verbal. Em O Acidente, o diretor Bruno Carboni realiza um grande retrato de pequenos detalhes capazes de dar sentido àquilo que não é falado. O filme já inicia com o incidente incitante presente no título: Joana, enquanto pedala pela cidade, encontra-se envolvida em um acidente de carro e é gravada pelo menino Maicon, de doze anos, que estava no banco de carona do automóvel de sua mãe Elaine. Depois do ocorrido, Joana e sua namorada Cecília se veem envolvidas em um jogo de xadrez com a mãe de Maicon e seu pai, Cléber. O acidente parece não ter abalado Joana, que, mesmo grávida, sequer menciona o acontecimento com sua companheira em um primeiro momento; o fato só aparenta atormentar a protagonista quando esta descobre que o vídeo gravado por Maicon foi publicado em uma rede social. A partir daqui, Joana fica particularmente interessada pelo menino e por suas gravações amadoras.
A apatia é uma marca da personagem principal do início ao fim do filme. Quase sempre é enquadrada sozinha, ou quando é vista em um conjunto sempre aparenta haver um oceano de distância entre a outra pessoa. É justamente nos momentos pontuais em que essa lógica é quebrada que surge todo o mérito da direção de Bruno Carboni: os detalhes. Parafraseando, aqui, uma fala do menino Maicon: os detalhes mostram aquilo que a vida deixa passar. Esse é um dos encantos do próprio cinema – conseguir apresentar, por meio do detalhe, uma poética que o olho humano não é capaz ou não quer notar. A relação de Joana com Cecília é marcada por certa distância e frieza, mas uma cena específica consegue conotar que, para além desse jogo de cinismo, há uma dinâmica de afeto muito íntima e particular. As duas, quando deitadas na cama, entrelaçam suas mãos e conduzem um honesto balé de carícias enquanto sussurram palavras inteligíveis uma para a outra. Se o silêncio e o afastamento entre ambas diz que nesta não existe nada intimidade, a dança das mãos aponta para uma direção contrária. Em outra cena, diversos amigos se reúnem no apartamento do casal para celebrar seu casamento. Depois de um emocionante discurso de um dos convidados, um corte nos leva até Joana e Cecília abraçadas no centro da sala dançando; enquanto isso, a música ultrapassa o limite diegético e parecemos estar vendo uma sequência onírica. Ali, os dois corpos estão unidos em um só. Nada é dito: tudo é mostrado.
Joana e Maicon compartilham, de uma maneira torta, similaridades em suas relações interpessoais. A frase do garoto aqui parafraseada por mim se dá em um diálogo com a protagonista no qual ele tenta justificar o porquê de gravar meros detalhes da vida – como um desenho na fachada da escola ou o voar dos pássaros. Quando na presença dos pais, Maicon parece engessado, obrigado a estar ali. Sua sensibilidade não é vista através de grandes gestos de carinho, mas sim por meio da câmera de seu celular. O detalhe, para ele, é uma exceção da vida, breves adendos que compõem a figura maior. Assim como para Joana, é um olhar marco da vida que revela sua verdadeira potência. As gravações de Maicon não dão importância para paisagens ou visões estéticas rebuscadas: tudo o que importa são os detalhes que constroem o mundo.
A direção do estreante em longa-metragens Bruno Carboni é assertiva ao nos apresentar as dinâmicas dos protagonistas ao utilizar certo cinismo. Ao longo do filme, poucas (ou nenhuma) vezes vemos aquilo que os personagens veem ou sabemos o que eles sabem. A focalização é completamente externa, tudo que Joana ou Maicon fazem não é possível de ser antecipado pelo espectador. Estamos sempre distantes. Eles sempre parecem esconder alguma coisa – Cecília, inclusive, verbaliza isso para Joana. Esse distanciamento torna as ações dos protagonistas como impensadas, não justificadas por jogos de causa e consequência. Em dado momento do filme, parece que estamos apenas acompanhando, sem julgamentos ou posicionamentos morais, trechos de um cotidiano onde não há drama. As possibilidades dramáticas, para deixar registrado, são deixadas em segundo plano – vide o aborto natural sofrido por Joana na segunda metade do filme. Carboni conduz o filme de um modo a dar à imagem um tom quase inocente, assim como as gravações de Maicon. Estamos vendo um específico recorte cotidiano. Não há drama, não há conflito: apenas pessoas vivendo.
O que o filme parece dar a entender é que, após o atropelamento, o cotidiano de Joana, antes completamente letárgico, ganhou, no mínimo, certa dinamicidade. Um evento, uma imagem, uma gravação, deu novos contornos à vida dela. Não é mistério, tampouco drama: apenas algo a mais, uma nova relação. Em dados momentos, Joana aparenta buscar drama para sua vida – principalmente quando tenta confrontar os pais do menino. É perceptível que a aproximação com Maicon se dá por sentir que os dois são parecidos: quietos, vulneráveis e curiosos. Suas ações, muitas vezes paradoxais, são um modo de dizer que muitas vezes a vida não possui explicações: há apenas uma zona cinzenta que nosso entendimento comum não é capaz de compreender, como diria Friedrich Durrenmatt. Nos últimos minutos do filme, quando Elaine busca dar um ponto final à relação de Joana com Maicon, a jovem a abraça e chora copiosamente. Como se uma parte de si tivesse morrido. E, de certa forma, isso aconteceu. Ela há de deixar Maicon e, com ele, seus segredos e suas partes mais frágeis.
"Besouro Azul" queria ser único e virou genérico...
Do início ao fim, o foco é a família. Há uma crise de identidade, uma perda e, eventualmente, o personagem começa a entender seus superpoderes. O vilão é tão sem graça que a explicação de sua motivação no final não faz o menor sentido. E assim, tudo termina com um final feliz, o herói fica com a mocinha e é isso. Fim da história!
"Isso não é identidade, é estereótipo"
Expectativa: Valorizar os atores latinos. Realidade: Pesar a mão nos estereótipos.
acho que todos os filmes que trazem culturas diferentes deveriam se inspirar em pantera negra, se aprofundar com respeito e cautela, mostrando o quão lindo determinada cultura é, e não tornando o filme em um poço de estereótipos preconceituosos.
Incrível como para Hollywood, em pleno 2023, qualquer pessoa "não caucasiana" seja retratada, na maioria das vezes, da forma mais estereotipada possível.
Tia Virgínia não é exatamente sobre Virgínia. É sobre como sua família disfuncional a fez ser como ela é. Perto do Natal, Virginia, responsável por tomar conta de sua mãe em estado terminal, recebe suas duas irmãs, Vanda e Valquíria, para comemorar o dia vinte e cinco de dezembro. O filme se passa apenas em um dia: a véspera do Natal. As três irmãs são interpretadas pelas brilhantes Vera Holtz, Arlete Salles e Louise Cardoso, respectivamente. Ao longo desse dia, os mais diversos confrontos, físicos e verbais, marcam negativamente a data de celebração. A iminente morte da mãe também pauta toda a relação entre as três irmãs que possuem uma diferente relação com a perda da matriarca da família: desde o futuro da casa até o estado mental de Virgínia.
Uma primeira marca estética do filme de Fábio Meira é a construção de um cenário completamente lotado de objetos cênicos. A casa, pertencente à mãe da família, é repleta dos mais variados tipos de prataria e enfeites requintados. O apartamento em nada reflete a idosa: seu olhar vazio e suas mínimas expressões perante a vida representam um curioso contraste com a pompa do apartamento. Louças caras, grandes e belos quadros, sofás estilizados. Tudo é uma marca de um passado que não existe mais. Passado, inclusive, parece ser a única coisa que ainda move Virgínia. A protagonista parece não aceitar que sua mãe já perdeu a lucidez há algum tempo. Virgínia faz de tudo para não acreditar no fim que se aproxima: inventa conversas, conversa como se a mãe ainda a ouvisse e coloca na conta da matriarca algumas decisões suas. Vanda e Valquíria, no entanto, surgem para puxar Virgínia novamente para a realidade. Brigas e mais brigas marcam a tônica entre as três. Anteriormente presa ao passado, o choque de realidade de Virgínia é bruto, comprometendo sua sanidade e sua relação com aqueles à sua volta.
A encenação construída por Fábio Meira faz jus a todos os conflitos envolvendo a família. O espectador não é poupado de nenhum detalhe. Os breves momentos de paz são realmente breves: quando as três irmãs estão em tela, é como se fossemos puxados por um buraco negro forte composto por puro ressentimento. Nada escapa da câmera. Não há ação sugerida ou dinâmicas abertas à interpretação. Toda a raiva, a amargura e um torto senso de amor é entregue ao espectador em sua forma mais pura. As ações físicas das protagonistas, sempre muito pesadas, quase biomecânicas, levam os conflitos quase às vias de fato. Por mais que seja um filme que tente explorar algumas gags humorísticas, o que fica como marca é o conflito, a dor, a perda.
Ainda sobre humor, cabe aqui um pequeno apêndice. O humor é utilizado, aqui, de dois modos muito distintos: o primeiro deles acontece de modo nada natural: sequências pesadas, de muita descarga emocional, são interpeladas por alguma ou outra piada que não casam aquilo que o próprio filme propõe enquanto graça. Nesses momentos, além de não causar um efeito humorístico fortuito, também joga a grande tensão dramática por água abaixo. Em Tia Virgínia, essa ruptura não se encaixa. E não funciona justamente porque o modus operandi de seu humor é baseado no absurdo. É aqui que mora o grande mérito de Fábio Meira: pequenas performances humorísticas que culminam em um humor estranho, de riso difícil, misturado com preocupação.
Para manter o absurdo em dia, vemos diversos planos democráticos, como dira Bazin. O corte parece nunca vir. É agoniante ver algumas sequências de maior tensão sem nenhuma intrusão da montagem. Como dito antes, nada escapa da câmera e tudo é aquilo que é: nada é sugerido. Não se pode confundir isso com didatismo demasiado, de jeito algum. A imagem é clara e cristalina, mas a relação das irmãs transita entre amor e ódio, dor e acalento. Existe apenas uma sequência em que a câmera parece fugir, se esconder. Nesta cena, o diretor parece, por uma única vez, respeitar a intimidade das irmãs, que entre tapas e mais tapas vão em direção a um quarto desocupado e descontam fisicamente umas nas outras aquilo que vêm resguardando durante anos.
Uma das cenas finais é quase um filme à parte. Em meio à caótica ceia de Natal, Virgínia surge completamente maquiada e vestindo um beirando ao kitsch, com flores e plantas. Enquanto Valquíria tenta dizer algumas palavras sobre família, amor e carinho, Virgínia vai ao toca disco e coloca, no máximo volume, um sonoro bolero. Ela começa a dançar. E dançar. E dançar. Tudo em um belíssimo plano. E a dança continua de modo desengonçado, sem noção rítmica. Mas mesmo assim é bela. Vera Holtz consegue emular uma força performática próxima daquilo que Gena Rowlands produz em Uma mulher sob a influência. O balé atrapalhado de Virgínia vem junto de palavras fortes lançadas em direção ao restante da família. Atônitos, todos observam sem dizer nenhuma palavra. Essa falta de reação marca aquele humor absurdo antes citado. Lembra – e talvez eu me arrependa dessa conexão – um pouco do senso de humor de Toni Erdmann, construído a partir de performances patéticas de seus personagens.
Tia Virgínia pode se perder um pouco em algumas sequências que vão para o lado contrário do humor absurdo, mas definitivamente é um filme que, quando acerta, acerta forte. Arlete Salles e Louise Cardoso entregam sólidas atuações, mas Vera Holtz eleva (e muito) o nível do filme. Assim como Virgínia, Holtz é a dona absoluta do filme.
O longa “Som da Liberdade” (Sound of Freedom) vai estrear no Brasil no dia 21 de setembro. O anúncio foi feito pela Paris Filmes.
O filme é considerado como uma das maiores surpresas de bilheteria do ano, com bilheteria acumulada de 163 milhões de dólares nos Estados Unidos. Protagonizado por Jim Caviezel, de “A Paixão de Cristo”, o longa conta com direção e roteiro do mexicano Alejandro Monteverde, de “Little Boy” e “Bella”, e produção de Eduardo Verástegui.
Por que o drama de Jim Caviezel está chocando Hollywood?
Primeiramente, é necessário dizer que Sound of Freedom é um grande sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. Até aqui, o filme fez algo próximo de U$ 163 milhões de dólares apenas em território norte-americano, visto que ainda não foi lançado internacionalmente, o que acontecerá nos próximos dias e meses. Lembrando que o filme está há menos de uma mês em cartaz. Ou seja, ainda há chão para a obra conquistar números ainda mais expressivos.
Contudo, há quem diga que os números de bilheteria do longa são inflados e irreais. Isso porque, nos Estados Unidos, alguns espectadores alegaram que foram assistir Sound of Freedom esperando salas lotadas (visto que os ingressos apareciam esgotados). Contudo, ao chegarem nos locais, os mesmos espectadores relataram que encontraram cinemas vazios. O que deixou algumas pessoas com o pé atrás e se perguntando: há alguém financiando a produção de maneira oculta, comprando ingressos para inflar os números de bilheteria?
Apesar de isso ser apenas uma teoria de alguns indivíduos e não existir comprovação de fatos, há uma outra polêmica ligada à projeção que também tem acendido debates: direita vs. esquerda. Sim, Sound of Freedom também não escapou da política, apesar de não abordar temas políticos em sua narrativa. Isso porque o filme foi amplamente elogiado e divulgado por pessoas conservadoras e por figuras de direita dos EUA. O que acabou afastando da obra aqueles que se identificam mais com a esquerda.
Inclusive, todo essa questão política que envolve Sound of Freedom começou com alegações de que a produção tem ligações com o QAnon, um grupo extremista de direita que apoia o ex-presidente Donald Trump. Assim como outros movimentos radicais (tanto de esquerda quanto de direita), a organização é acusada de alimentar conspirações e incitar seus membros a cometerem ações violentas. E, tudo isso, claro, não caiu bem com aqueles que pesquisaram mais sobre o longa.
Para alimentar ainda mais a situação polêmica, Jim Caviezel, o astro do projeto, já foi visto falando publicamente em eventos que apoiam conspirações divulgadas pelo QAnon. Por outro lado, a Angel Studios, produtora de Sound of Freedom, declarou que não há conexões entre a obra e grupos extremistas, e que o filme tem apenas o objetivo de conscientizar o público de uma causa importante através de uma história real e heroica.
Inspirado no clássico “Madame Bovary”, o livro escrito por Gustave Flaubert que escandalizou a França no século XIX, essa delícia de filme apresenta uma espécie de versão moderna de sua protagonista. Entretanto, mais do que simplesmente adaptar a história, Gemma Bovery insere o livro na própria narrativa, tarefa esta que cabe ao voyeur interpretado por Fabrice Luchini. Fã declarado do livro, o personagem não apenas reconhece as semelhanças entre Emma e Gemma como passa a admirá-la de longe, numa mistura de fascínio pela obra literária e pela própria musa. É esta mescla o trunfo do filme, auxiliada pelo (habitual) bom trabalho do ator.
Eu tinha lido que Arnold não podia ter filme de culto, mas esse tem todas as críticas. Um pai coragem luta para continuar a manter viva a filha que foi mordida por um zumbi, no seu processo de transformação. Foi um desastre no cinema, mas se você assistir, você encontrará um filme com uma ótima ambientação, momentos de tensão, uma fotografia brutal e a primeira vez que vejo Arnold atuar
Conseguiram fazer de um tema de ficção bastante batido uma história sombria, mas, também de muito amor, e de profunda humanidade. Me emociono sempre que assisto. Abigail Breslin é uma atriz impecável. Valeu.
Nossa me emocionei.Foi uma terrível luta contra a maldita doença. Mas o amor entre pai e filha superou todos os limites.
O amor dela pelo pai era tão grande que resistiu aos instintos. Foi forte até o fim! Que bom que
Conheça o “Sisu”, o segredo finlandês para a felicidade e resiliência.
Descubra o segredo finlandês para a felicidade e resiliência. Aprenda o "sisu", a determinação que coloca a Finlândia no topo do ranking mundial.
Você já ouviu falar do “sisu”? É um conceito e modo de vida profundamente enraizado na cultura finlandesa há mais de 500 anos. Embora não exista uma tradução direta, o “sisu” está relacionado à determinação.
Mas, afinal, por que os finlandeses são os mais felizes do mundo?
Trata-se de ter a coragem de avançar diante da adversidade e enfrentar probabilidades quase impossíveis. E é justamente esse segredo que tem colocado a Finlândia no topo do ranking de países mais felizes do mundo pelos últimos seis anos consecutivos.
E. Elisabet Lahti, uma renomada psicóloga finlandesa e pesquisadora do “sisu”, revela em seu livro “Poder Gentil: Uma Revolução em Como Pensamos, Lideramos e Somos Bem-Sucedidos Usando a Arte Gentil do Sisu” três dicas fundamentais para quem deseja incorporar o “sisu” em suas vidas, assim como os finlandeses:
Busque um propósito de vida além de si mesmo Pesquisas conduzidas pela psicóloga Angela Duckworth demonstraram que podemos suportar muito mais quando trabalhamos por algo que contribui para o mundo além de nós mesmos.
Elisabet compartilha sua experiência pessoal ao completar uma expedição de corrida de 1.500 milhas pela Nova Zelândia, dedicando-a à conscientização sobre a violência familiar. Ela afirma que conectar-se a um propósito maior nos momentos desafiadores nos ajuda a seguir em frente.
Seja resiliente treinando Antes de embarcar na sua corrida épica, Elisabet treinou quase todos os dias durante dois anos. Ela aconselha que a prática e a preparação são fundamentais para acessar o “sisu” interior.
Estudos mostram que nossos corpos possuem reservas ocultas que naturalmente acessamos quando mais precisamos delas. Quanto mais nos desafiamos, mais fortalecemos nossa resiliência.
Gentileza consigo mesmo e conexão com a natureza A autora compartilha um importante aprendizado sobre a necessidade de equilíbrio entre determinação e compaixão. Em sua jornada de treinamento, ela se machucou, mas em vez de desistir ou se esforçar ainda mais, ela decidiu permitir que seu corpo se curasse.
Isso a levou a uma terceira opção, na qual ela incorporou o ciclismo à sua expedição. Reduzindo a velocidade, ela pôde desfrutar da beleza da paisagem ao seu redor e alcançar sua meta de 1.500 milhas.
Da teoria à prática Na Finlândia, caminhar e explorar trilhas na natureza são partes essenciais da cultura local. Essa conexão com a natureza ajuda a encontrar uma calma interior e uma sensação de felicidade que sustentam nos momentos difíceis.
Então, se você deseja descobrir o segredo da felicidade finlandesa e cultivar sua própria resiliência, siga essas dicas e embarque em uma jornada inspiradora de determinação, propósito e conexão com a natureza.
‘O Fim do Sonho Americano’: a radiografia do abismo entre ricos e pobres.
Em ‘O Fim do Sonho Americano’, Noam Chomsky lista dez princípios que propiciam a concentração de poder e renda no planeta.
As oito pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo patrimônio que 3,6 bilhões de integrantes da metade mais pobre. No documentário O Fim do Sonho Americano (2015), Noam Chomsky, considerado um dos intelectuais mais influentes da atualidade, faz uma espécie de “radiografia” das causas que cavam esse abismo.
No filme dirigido por Peter Hutchison, Kelly Nyks e Jared P. Scott, Chomsky enumera dez princípios da concentração de renda e poder no mundo. Formado por entrevistas filmadas durante quatro anos, o documentário tem apenas 1h10min de duração. A brevidade da projeção é inversamente proporcional à profundidade das considerações feitas.
Como o título indica, a análise enfoca os Estados Unidos, mas é claramente válida como abordagem do capitalismo financeiro global. Qual seria, afinal, esse “sonho americano”? É a possibilidade de reverter o fato de nascer pobre trabalhando intensamente. Mais uma vez recorrendo ao título, pode-se ver que Chomsky é crítico dessa ideia.
Um dos assuntos que recebe destaque nas entrevistas é a democracia. Segundo o filósofo, o simples fato da existência da desigualdade extrema já tem um “efeito corrosivo na democracia”. Grandes corporações financiam partidos políticos. Quando estão no exercício de seus mandatos, os políticos servem de “avatares” dos donos dessas grandes empresas, elaborando e aprovando leis para atender aos interesses desses grandes detentores de renda e poder, gerando ainda mais concentração de renda e poder. O círculo vicioso é tão tradicional que foi descrito em 1776, por Adam Smith, em A Riqueza das Nações.
O enfraquecimento dos laços de solidariedade é outro dos dez princípios listados pelo entrevistado. A união é prejudicial para os poderosos, porque significa a luta por melhores condições de vida por parte daqueles que compõem as camadas mais inferiores da pirâmide. Os ataques à seguridade social e à escola pública, por exemplo, lançam a ideia de que não é justo, benéfico ou rentável preocupar-se em garantir um bem social para o outro se eu não estou tendo retorno financeiro direto.
Não representa nenhum “crime” contar o final de O Fim do Sonho Americano. Como conclusão, Chomsky pede que as pessoas invistam na união. Um apelo considerável, depois de toda a contextualização feita.
Shakira contou à revista Allure a reação de seus filhos ao assistir o filme da Barbie, e não foi nada positiva: "Meus filhos odiaram esse filme. Eles se sentiram castrados. E eu concordo, até certo ponto. Estou criando dois meninos e quero que eles se sintam poderosos também respeitando as mulheres. Gosto quando a cultura pop empodera as mulheres sem tirar dos homens a possibilifade de serem homens, de também proteger e prover. Acredito em oferecer às mulheres as ferramentas e a confiança de que podemos fazer tudo sem perdermos nossa essência, nossa feminilidade. Acredito que os homens tem um papel na sociedade e as mulheres também. Nós nos complementamos e isso não deve se perder." (Linda e sensata 😏)
ANÁLISE: ‘Barbie’- Precisamos falar sobre Ken
Estrondoso sucesso mundial de bilheteria, 'Barbie', filme da cineasta norte-americana Greta Gerwig, é tanto sobre a jornada feminista de sua protagonista quanto a respeito do encantamento do boneco Ken pelo patriarcado.
Longa-metragem da cineasta norte-americana Greta Gerwig, Barbie, estrondoso sucesso mundial de bilheteria, tem sido acusado por muitos de seus detratores de ser misândrico. Ou seja, de difundir ódio contra os homens, ao questionar o patriarcado, sistema sustentado há milênios por pilares culturais, sociais, econômicos e políticos que beneficiam os homens em detrimento das mulheres.
Sim, o filme, cuja narrativa é construída em torno de sua personagem-título, boneca fabricada pela empresa de brinquedos Mattel, Inc. lançada em 9 de março de 1959. tem uma evidente e inegável abordagem feminista.
Quem conhece a filmografia de Gerwig, que inclui títulos como Lady Bird – A Hora de Voar e Adoráveis Mulheres, sabe que a diretora, roteirista e atriz têm focado em narrativas com protagonistas femininas que se digladiam com estruturas familiares, sociais e econômicas limitadoras, quando não opressivas. Portanto, Barbie não é uma novidade na trajetória artística de Gerwig. Pelo contrário: é um passo a mais, orgânico e coerente com sua obra fílmica, que já lhe rendeu três indicações ao Oscar.
No longa, a boneca Barbie, vivida pela atriz australiana Margot Robbie,
pertence a um subgrupo da marca – ela é um estereótipo, ou seja, é linda, loira, alta, magra, tem pernas longas, pés delicados, moldados para andar sobre saltos altos. Não tem profissão definida, ou qualquer talento intelectual digno de nota. Sua aparência, portanto, mantém seu status quo na Barbieland, mundo cor de rosa onde há bonecas de outras etnias, escritoras, políticas, médicas, em um calculado projeto politicamente correto de diversidade. Mas a rainha, a razão de ser do lugar todo e da marca, é ela.
Acontece que a protagonista do filme, cuja vida é uma eterna festa, sempre leve e solta, mas não exatamente livre, um belo dia começa a ter estranhos pensamentos sobre a morte e seu corpo perfeito apresenta preocupantes anomalias. Os pés já não parecem mais moldados para sapatos de salto alto e, como uma mulher de carne e osso, ela passa a acumular celulite. Barbie já não é a mesma e, para voltar a ser a sua normalidade, ou seja, a ser “perfeita”, ela precisa empreender uma jornada rumo ao mundo real, onde sua dona pode estar atravessando dias difíceis.
Junto a ela, sem ter sido exatamente, convidado, vai Ken (Ryan Gosling).
Costela de Barbie
Na Barbieland, os Kens – há vários deles, de diferentes etnias, mas todos de certa forma pertencentes a um padrão de beleza – são acessórios das Barbies, como se tivessem sido criados a partir de suas costelas, em uma analogia à metáfora patriarcal bíblica. Vivem em função das bonecas. E o Ken estereótipo, loiro, alto, forte, ariano, segue sua Barbie a todos os lugares aonde ela vá, e com ela acaba partindo rumo ao chamado Mundo Real sem saber o que lá vai encontrar.
Ao chegar a Los Angeles, sede da Matell, o casal de bonecos descobre muito rapidamente que vivia em um mundo de fantasia, distorcido. Barbie acreditava ser, há décadas, um modelo de comportamento para as mulheres reais, as empoderando e lhes servindo como exemplo a ser seguindo. Não é verdade! Para seu choque, entre as garotas mais jovens, inclusive, ela é desprezada, por encarnar um símbolo de opressão. Basta por seus pés delicados na vida real, que a boneca começa a ser assediada, inclusive sexualmente, e julgada por sua aparência. A experiência de Ken é um tanto diferente.
Se de onde veio, todo o poder se concentrava nas mãos das Barbies, do sexo oposto, no Mundo Real quem manda, inclusive na própria fábrica de brinquedos que produz os bonecos, são homens. Tudo parece existir em função e para eles. É o País das Maravilhas para Ken, que de mero e submisso coadjuvante passa ambicionar o protagonismo.
Mesmo sem ter grande habilidades, ou formação, capazes de lhe garantir um lugar ao sol, ter “nascido” homem (e branco) já lhe garante muitos privilégios. Ele, então, resolve importar para Barbieland o patriarcado, que lá, sem grande demora, começa a se estabelecer como sistema social e político, fazendo com que as Barbies, por meio de coação e um tanto de inércia, acreditem ser melhor assim, o naturalizando como sistema a ser seguido.
Qualquer semelhança com a vida aqui fora, assim sendo, não é mera coincidência.
Essa busca quase involuntária de Ken pelo protagonismo, tanto em seu mundo quanto dentro da narrativa do filme, é um dos trunfos de Barbie. Greta Gerwig, ao contrário do que vozes mais conservadoras e reacionárias tentam pregar, não fez um filme anti-homem.
O roteiro, assinado por ela e seu marido, o também diretor Noah Baumbach (de História de um Casamento), coloca em questão o patriarcado como forma inquestionável de existência, e denuncia a masculinidade hegemônica, tóxica e violenta, que nega às mulheres voz, espaço e agenciamento, mas também impede os homens de encarar as suas fragilidades, seus desejos e sentimentos mais profundos. Sim, o patriarcado vitimiza muito homens e meninos!
Ao se despedir do mundo de faz de conta e de Ken, para voltar ao Mundo Real e se tornar uma mulher de fato, e não mais uma boneca, Barbie diz ao pretenso namorado que ele e os outros Kens também precisam se encontrar, sair da forma, para buscar suas verdades, e saber quem de fato são, para além da comodidade das construções sociais e culturais que os encaixotam.
Precisamos, neste momento no qual o filme se torna um fenômeno, falar tanto a respeito de Barbie quanto sobre Ken.
O diretor britânico Guy Hamilton teve uma carreira bastante eclética, apesar de suas primeiras obras serem filmes de ação, entre eles quatro de James Bond, Comando 10 de Navarone e este Remo: Desarmado e Perigoso. Com roteiro de Christopher Wood, adaptado da série de livros The Destroyer, de Richard Sapir e Warren Murphy, acompanhamos a trajetória de um policial de Nova York (Fred Ward), que tem sua morte forjada e passa a trabalhar para uma organização secreta e recebe uma nova identidade: Remo Williams. Ele é treinado pelo coreano Chiun (Joel Grey) e tem como principal objetivo o cumprimento do “11º Mandamento”. Lançado em 1985, Remo: Desarmado e Perigoso é um perfeito exemplar do cinema de ação daquele período. Seja por seu ritmo, trilha sonora, temática, estrutura narrativa e visual. Fred Ward esbanja carisma no papel-título, que foi planejado para se transformar em uma franquia à la 007. No entanto, a bilheteria não respondeu como esperado e o projeto foi arquivado. Uma pena.
Curiosidades, bastidores, novidades, e até segredos escondidos de "Remo - Desarmado e Perigoso" e da sua filmagem!
O papel de Chuin
O papel de Chiun foi oferecido a Joel Grey várias vezes antes que ele o aceitasse, mas ele relutou porque não achava que ele era o tipo certo de ator para o papel. Além disso, Grey não tinha nenhuma experiência anterior com artes marciais (e não recebeu tal treinamento para o filme quando foi convidado). O que mudou a mente de Grey foi um encontro com Carl Fullerton, maquiador do filme. Grey disse que se ele pudesse fazê-lo paracer com um coreano de 80 anos de idade, ele iria aceitar o trabalho. Fullerton venceu o desafio e um teste privado foi realizado entre ele e Grey. Com Chiun escalado, Fullerton recebeu uma indicação ao Oscar por seu trabalho.
Plantação de maconha
Uma enorme quantidade de plantas de maconha maduras ficam claramente visíveis enquanto Remo e Rayner caminham pela base do Exército, despertando o desejo de saber o que o Exército estava realmente testando em Mount Promise.
Lutadores de Sinanju
Alguns dos atores que fizeram testes para o papel de Remo Williams alegaram ser proficientes na arte marcial do Sinanju, não percebendo que era uma ficção derivada dos romances de Destroyer, nos quais o filme foi baseado.
Piloto para TV
Um piloto para TV foi feito e foi ao ar, mas nunca se tornou série. Jeffrey Meek foi escalado como Remo Williams e Roddy McDowall como Chiun. Craig Safan permaneceu como o compositor série.
Dica: https: // cinefilosparasempre. blogspot. com /2015 /11/ remo-desarmado-e-perigoso-remos. html
Adaptada da obra de Par Lagerkvist, publicada na década de 1950, a história apresenta a vida do homem que teve sua vida poupada quando Jesus Cristo foi escolhido para ser crucificado. A minissérie narra sua trajetória após a morte de Cristo.
Antes de condenar Jesus de Nazaré a morrer crucificado, o procurador romano Pôncio Pilatos oferece à multidão o perdão e a liberdade a um de dois condenados: Jesus ou ao infame ladrão e assassino Barrabás.
A multidão escolhe Barrabás, que é libertado para voltar à sua vida de perdição. No entanto, depois de cruzar o caminho com o Messias, Barrabás não voltará a ser o mesmo, e iniciará uma longa e brutal peregrinação que repercutirá o seu coração e o seu espírito.
Um poderoso drama bíblico dirigido por Richard Fleischer e estrelado pelo grande Anthony Quinn.
O longa “Som da Liberdade” (Sound of Freedom) vai estrear no Brasil no dia 21 de setembro. O anúncio foi feito pela Paris Filmes.
POR QUE SOUND OF FREEDOM É O FILME MAIS POLÊMICO DO ANO?
Para entendermos melhor a polêmica por trás de Sound of Freedom, precisamos entender quem é Tim Ballard, uma pessoa real ao qual o longa diz se basear. Pouco conhecido no Brasil, o homem é um ex-profissional da Agência de Investigações de Segurança Interna (HSI*) da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e fundador da Operation Underground Railroad (O.U.R.), uma fundação sem fins lucrativos, anti-tráfico sexual, com sede nos Estados Unidos. Ballard atribuiu à sua organização o resgate de milhares de vítimas do tráfico de pessoas - informação que foi contestada pela mídia através de alegações de falta de transparência e exagero nas histórias.
Dito isso, uma das primeiras questões debatidas a respeito de Sound of Freedom começa com a afirmação, feita pelo próprio filme, de que ele seria baseado em fatos reais. Uma parte dos críticos argumenta não haver documentos que comprovem a veracidade dos acontecimentos ali apresentados, alegando também que Tim Ballard sempre foi conhecido por defender teorias da conspiração sem embasamento - como a existência de uma elite financeira global que sequestra crianças para beber seu sangue com a intenção de rejuvenescer.
Em contraparte, quem apoia Ballard afirma que os ataques ao longa-metragem são devidamente coordenados, partindo exatamente dessa elite e com o intuito de jogar para baixo do tapete verdades que não querem expostas à luz. Censura e críticas vazias ao filme surgem como as maiores acusações.
"Infelizmente, os teóricos da conspiração são predominantes na América. Muitas informações inúteis são espalhadas. Mais de um milhão de pessoas assistiram a Sound of Freedom nos cinemas da AMC. Mais do que em qualquer outra cadeia de teatro do planeta. Ainda assim, as pessoas afirmam falsamente o contrário. É tão bizarro”, colocou recentemente Adam Aron, presidente da rede de cinema AMC, sobre as acusações de que sua companhia estaria boicotando Sound of Freedom.
De qualquer forma, seja você crente ou descrente da palavra de Tim Ballard, vale colocar que Sound of Freedom tem data de lançamento em solo brasileiro em 21 de setembro de 2023. O filme contou inicialmente com um investimento de pouco mais de US$14 milhões, ultrapassando a casa dos US$ 163 milhões angariados em bilheteria.
* A HSI é uma divisão da ICE e o principal braço investigativo do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), responsável pela investigação de crimes e ameaças transnacionais.
Arizona Nunca Mais
3.6 256 Assista Agora‘Arizona Nunca Mais’ inaugurou o estilo pastelão caipira dos irmãos Coen.
Estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter, 'Arizona Nunca Mais' conta a história estapafúrdia de um casal que resolve roubar um bebê para criar como seu.
Desde os anos 1980, os irmão Joel e Ethan Coen se especializaram na elaboração de comédias de estilo único, que fazem rir pelo deboche com a “caipirice” de certa parcela da população americana e pela paródia realizada com os gêneros cinematográficos. O ápice de sua produção provavelmente foi atingido com Fargo (1996) e o cult O Grande Lebowski (1998). Mas há riqueza também em suas obras menores. Uma delas é Arizona Nunca Mais, o segundo filme da dupla, dirigido em 1987. É uma comédia despretensiosa que parece apostar em uma mistura inusitada: há traços de um western combinados com o humor pastelão, somados a elementos de um road movie a la Mad Max.
O longa é estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter, ambos em início de carreira. Ele faz H.I. McDonnough, um ladrãozinho chave de cadeia com uma pegada espirituosa em cada uma de suas falas. Ao ser preso diversas vezes, quem tira o seu retrato é a policial Edwina “Ed”, e ambos acabam se apaixonando.
Quando ele é solto, eles se casam e vão resolvem construir sua vidinha modestamente em um trailer. Mas Ed descobre algo terrível: ela é estéril, o que joga um banho de água fria sobre os sonhos da dupla de formar uma família. Desesperados, eles acabam tendo uma ideia nada brilhante: ao ver a notícia de que o empresário do ramo imobiliário Nathan Arizona (Trey Wilson) acabou de ter quíntuplos, H.I. e Ed decidem que esta família não vai sentir falta de um dos filhos, já que é muita coisa para lidar. Roubam então o pequeno Nathan Júnior para criar como se fosse seu.
A partir daí, a trama de Arizona Nunca Mais se desenrola rumo às perseguições na estrada mais alucinadas e nonsense já mostradas no cinema até então. O cenário é o contexto amplamente explorado pelos Coen na maior parte de suas obras: um contexto formado por cidades interioranas nos Estados Unidos em que os moradores são como que versões ianques do Jeca Tatu.
Quase todos os personagens que circundam a trama são extremamente burros. Dentre os mais patéticos, estão dois irmãos criminosos que acabaram de fugir da prisão, onde se tornaram amigos de H.I. Gale (John Goodman, um dos atores mais bem aproveitados dentro da cinematografia dos irmãos Coen) e Evelle (William Forsythe) vão, de forma bem inconveniente, buscar acolhida na casa de H.I. e Ed. Mas quando eles desconfiam que o bebê presente na casa do casal talvez seja precioso, sua ambição pulsa e os ladrões resolvem ganhar algum dinheiro.
Ao sequestrar (mais uma vez) o lindo e sorridente bebê Nathan Júnior, eles dão vazão a uma corrida que envolve assaltos a bancos e a lojas de conveniência, explosões, uma perseguição com cachorros de rua (a cena mais hilária de Arizona Nunca Mais), bebês confortos esquecidos no meio da estrada e a entrada na história de um justiceiro meio Hell’s Angel, recém saído da prisão (papel de Randall “Tex” Cobb).
O marco inicial em um estilo peculiar de fazer comédia
Embora este seja apenas o segundo filme da dupla, Arizona Nunca Mais já evidencia a marca permanente do seu humor, cheio de situações patéticas e piadas espirituosas emitidas pelos caipiras que habitam suas obras.
Em uma delas, envolvendo um assalto, os ladrões mandam que os clientes de um banco parem e se deitem no chão. Um incauto rebate: “Senhor, a gente pode deitar e não ficar parado, ou ficar parado e não deitar. Os dois não dá”. Em outra cena, um sujeito compra bexigas num mercadinho e pergunta se elas são daquelas com formas engraçadas. O atendente idoso responde: “Se você acha a forma redonda engraçada, então sim”.
É tudo tão ridículo que se torna adorável, e nos faz torcer para os personagens de H.I. e Ed – por mais que, afinal, eles sejam dois ladrões de bebês. Por fim, preste atenção na participação de Frances McDormand (que no futuro se tornaria esposa de Joel Coen) e Sam McMurray, que fazem um casal de swingers com uma penca de filhos. Arizona Nunca Mais é um dos primeiros acertos de Joel e Ethan Coen na criação de algumas das comédias mais hilárias do cinema.
Golda: A Mulher De Uma Nação
3.0 63Ela provou ao mundo que uma mulher é capaz de liderar um país em meio a guerra sem perder sua humanidade.
O filme “Golda – A Mulher de Uma Nação” é um recorte histórico e político da Guerra do Yom Kippur, em 1973, sob a perspectiva de Golda Meir, a primeira mulher a ocupar o posto de primeira-ministra de Israel. A trama narra decisões de alto risco que ela teve que tomar durante o conflito.
Quem é Golda Meir?
Chamada de Dama de Ferro, Golda Meir foi a primeira – e única – mulher a chefiar Israel. Ela assumiu o cargo de primeira-ministra em 1969, aos 70 anos.
Natural de Kiev, de família judaica, migrou para a Palestina em 1921, depois ter vivido um tempo nos Estados Unidos, onde se formou na faculdade.
Ela começou a carreira política em 1932, quando engajou na Confederação Geral do Trabalho (Histadrut), onde exerceu uma série de cargos. Como líder do movimento, Golda foi uma das responsáveis pelas negociações com os britânicos para a partição da Palestina.
Na década de 1940 e durante a Segunda Guerra Mundial, foi chefe do departamento político da Agência Judaica (a maior autoridade em Israel sob administração britânica) e da Organização Sionista Mundial.
Golda foi uma de duas mulheres signatárias da declaração de independência de Israel, em 1948. Ela foi nomeada pelo então primeiro-ministro para o cargo embaixadora de Israel na União Soviética.
Entre 1949 e 1956, foi ministra do Trabalho e Segurança Social e, posteriormente, dos Negócios Estrangeiros.
Em 1969, após a morte do então primeiro-ministro, Levi Eshkol, tomou posse como primeira-ministra.
Diplomata experiente, Golda mostrou forte liderança durante a Guerra do Yom Kipur entre Israel e uma coalizão de países árabes, em outubro de 1973.
Naquele ano, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, durante o feriado judaico de Yom Kippur, ameaçando dominar o país. Israel lançou uma contraofensiva massiva antes que um cessar-fogo fosse estabelecido.
Golda Meir renunciou em 1974 por questões de saúde e morreu em 1978, aos 80 anos.
Golda Meir é profundamente reverenciada por pessoas de todo o mundo. Ela foi uma Primeira-Ministra forte mas compassiva que liderou corajosamente o seu país durante um devastador ataque surpresa do Egipto e da Síria. Ela foi uma líder sábia que sempre será lembrada e admirada.
Não me lembro da última vez que um trailer me atingiu com tanta força... da convicção que ela teve ao dizer que não iria se esconder no porão.
Esta é uma atuação vencedora do Oscar...Helen Mirren é A pessoa que interpretará GOLDA, uma das pessoas mais icônicas da história.
Adorei a frase: "Você esquece que em Israel lemos da direita para a esquerda" LOL, uma ótima frase.
O que quer que você pense desta mulher, ela ERA uma líder fascinante e sincera, com fortes convicções morais... para aqueles como eu, que estão interessados em uma visão mais profunda e completa da mulher.
Uma Mulher Chamada Golda
3.7 2Diplomata experiente, Golda mostrou forte liderança durante a Guerra do Yom Kipur entre Israel e uma coalizão de países árabes, em outubro de 1973.
Naquele ano, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel, durante o feriado judaico de Yom Kippur, ameaçando dominar o país. Israel lançou uma contraofensiva massiva antes que um cessar-fogo fosse estabelecido.
No dia 17 de março de 1969, uma mulher assumiu pela primeira vez a chefia do governo israelense. O caráter resoluto de Golda Meir rendeu-lhe uma frase famosa de Ben Gurion, de quem havia sido ministra: “ela é o único homem nesse gabinete cheio de homens”.
Golda Meir (Meyerson), nascida Golda Mabovitch em Kiev, em 3 de maio de 1898, foi política, diplomata, a quarta primeira-ministra de Israel e a terceira mulher no mundo a assumir tão alto cargo. Sua política intransigente e seu estilo de liderança lhe valeram o epíteto de “Dama de Ferro”.
Antes de ser chefe de governo, foi embaixadora de Israel na União Soviética, ministra do Trabalho e ministra de Relações Exteriores.
Angela
2.5 81Em 11 de setembro de 2020, a Rádio Novelo lançou em seu site, em seu canal no YouTube e em tocadores como Spotify e Deezer o podcast "Praia dos Ossos", que, em oito episódios, disseca o assassinato da socialite Ângela Diniz por seu namorado Raul Fernando do Amaral Street (conhecido como Doca) em 30 de dezembro de 1976. Fruto de pesquisas iniciadas em 2018 e dezenas de entrevistas realizadas pelas jornalistas Branca Vianna e Flora Thomson-Deveaux, o podcast tem colhido boa repercussão e críticas unânimes em elogiar o roteiro bem amarrado e repleto de detalhes.
Nem parece que os mesmos fatos tenham tido recepção tão diversa há quase 20 anos (mais precisamente, em 5 de junho de 2003), quando o programa "Linha Direta Justiça", da TV aberta, procurou reconstitui-los em um episódio de 36 minutos (que está disponível no YouTube). A atração, que ocupava o fim das noites de quinta-feira, tinha normalmente um apelo mais imediato, abordando casos recentes e terminando com a divulgação da foto do suspeito foragido, para que telespectadores pudessem contribuir com informações que auxiliassem em sua captura. O sucesso do formato deu uma nova ideia à emissora: por que não falar de crimes ocorridos há muitos anos passados, já resolvidos ou não, mas que tiveram repercussão histórica?
A primeira delas, e talvez mais relevante, é que a produção do "Praia dos Ossos" entrou em contato com Doca antes do lançamento, e — spoiler do sexto episódio — conseguiu inclusive entrevistá-lo (à revelia de sua família, pelo que consta), algo a que ele havia se negado a fazer para o "Linha Direta". A concordância em falar com as jornalistas por duas horas e meia denota um comportamento aparentemente incompatível com a vontade de proibir depois a divulgação da entrevista.
Talvez tenha ingressado no cálculo de consentir com esse novo reavivamento dos fatos a repercussão do podcast, que, embora tenha sido considerável, certamente não se equipara à de um programa exibido no horário nobre da maior emissora do país. Ainda, é evidente que oito episódios com aproximadamente uma hora de duração cada são muito mais eficazes em expor, com todas as dualidades e nuances, quem eram os personagens envolvidos. Tanto Doca como Ângela emergem de "Praia dos Ossos" como figuras complexas e multifacetadas, o que, convenhamos, é muito mais difícil de se fazer em um programa de pouco mais de meia hora, que tem de se socorrer de simplificações, dramatizações e repetições para se fazer entendido pelo público.
O foco também é diverso: enquanto o "Linha Direta Justiça" opera num crescendo, numa estrutura de três atos (antecedentes, crime propriamente dito e julgamentos — unidos por uma lógica linear de causa e consequência), o "Praia dos Ossos" trata do crime apenas no primeiro episódio. O podcast se concentra no antes e no depois. Os debates orais do primeiro júri (no qual Ângela recebeu epítetos como "prostituta de alto luxo da Babilônia" e "vênus lasciva") são confrontados na sequência com um retrato da vítima em três partes: sua infância e juventude, seu primeiro casamento e desquite, sua transformação na Pantera de Minas e como começou e terminou sua relação com o homem que a mataria. O sexto episódio é dedicado a um retrato de Doca, ao passo que o sétimo se dedica ao segundo julgamento ao qual ele foi submetido. O oitavo e último faz uma análise do impacto do crime para a sociedade brasileira e para o movimento feminista (o que inclui o célebre slogan "quem ama não mata").
A decupagem do "Praia dos Ossos" é, portanto, muito mais sofisticada, não linear e reminiscente de documentários de moldes clássicos (no sentido de ser calcado em entrevistas e arquivos da época, e não em dramatizações). Isso, contudo, não é suficiente para que opções do "Linha Direta Justiça" como, por exemplo, a utilização de uma paleta de cores tendente ao vermelho (talvez para ilustrar a passionalidade do crime, na visão dos dramaturgos) conduzam ao dever de indenizar. A pluralidade de abordagens possíveis dos fatos pelos meios de comunicação é um valor a ser preservado — o julgamento estético fica a cargo do público (como afirmou o STJ no REsp 736015/RJ).
O que as duas produções não deixam dúvidas é que, décadas depois, ainda há muito o que se discutir a respeito da morte de Ângela Diniz. E, havendo ainda o que extrair do caso, parece inviável que seja possível acolher a pretensão da família Street de impedir novas abordagens e rememorações desses fatos, seja por programas de TV, seja por podcasts.
Doca e Ângela "não podem ser desassociados da informação de fatos em que foram protagonistas, constituindo elementos inseparáveis desses acontecimentos".
Angela
2.5 81A Rádio Novelo fez uma série com a história da Angela Diniz (Praia dos Ossos).
O podcast Praia dos Ossos é excelente, tem apenas 8 episódios, onde a Bianca e a Flora contam a história da Ângela desde a infância até os eventos do julgamento do seu assassino, e conta com uma entrevista do Doca.
Angela Diniz A Pantera De Minas vítima de um crime brutal e esse tipo de crime continua muito comum hoje em dia infelizmente... Excelente esse podcast da Rádio Novelo! Realmente um trabalho excepcional realizado pela Rádio Novelo.
Escute o podcast Praia dos Ossos foi devastador, mas extremamente necessário, essa história precisa ser contada. Fica também a recomendação para falar um pouco sobre O Caso Evandro (sei que o podcast tem muito material, mas um bom resumo como este do Doca pode ser um excelente conteúdo).
Defesa da honra é o argumento mais tosco que existe, quem faz essa argumentação praticamente assume o crime e deve ser condenado de forma exemplar.
"Saiu aplaudido por A P O I A D O R E S."
Esse brasil não é brincadeira mesmo.
É uma pena saber que ainda hoje existe muita gente (inclusive mulheres) que acredita nessa aberração de legitima defesa da honra.
Eu não conhecia a história toda, fui pesquisar o documentário da TV (Linha Direta Justiça 05/06/2003 Caso Ângela e Doca) e achei interessante.
Isis Valverde e Bianca Bin atuando novamente juntas desde Boogie Oogie.
A defesa de Doca alegou "legítima defesa da honra" para tentar absolvê-lo do caso, o que provocou indignação dos movimentos feministas. Ele alegou ter matado "por amor".
A tese era válida desde o Código Penal de 1940 e não pode ser usada mais no Brasil desde a Constituição de 1988.
O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo.
Na época, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) escreveu: "Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras", se referindo à estratégia da defesa de Doca Street de culpabilizar Ângela Diniz pelo crime.
Em 2006, Doca Street chegou a lançar um livro trinta anos depois do crime, chamado "Mea Culpa", onde conta a versão dele sobre o crime. O livro foi alvo de críticas da família da socialite.
Um filme necessário p/ o Brasil. Cinema Brasileiro ta de volta com MUITOS filmes.
E importante lembrar que a mídia teve grande influência na resolução do caso, mobilizando a opinião pública a olhar as falhas morais da Ângela e as qualidades do Doca. Foi uma coisa nojenta.
A Vida de Brian
4.2 560 Assista AgoraA VIDA DE BRIAN (A Vida de Brian, de Monty Python) -1979 -Este filme não é uma blasfêmia ácida contra a religião católica (na verdade: Jesus aparece brevemente em uma magnífica piada sobre o sermão da montanha), mas contra todas as religiões, sejam elas eles buscam a salvação da alma (como os monoteístas predominantes) ou a do homem (como os partidos políticos magistralmente satirizados aqui). O sucesso deste filme é colocar ao nível do chão o sacrilégio dessas duas visões e, a partir daí, iniciar seus golpes de sucesso. Na verdade, é um filme único, nem antes nem depois do cinema. Voltou a fazer um cocktail tão explosivo entre farsa, religião e política. Seus frames são uma festa, cheios de diálogos cortantes, que mesmo tendo ouvidos continuam a te fazer rir, e piadas visuais memoráveis que acentuam esses diálogos e situações malucas.
Golda: A Mulher De Uma Nação
3.0 63Golda Meir foi uma das figuras mais controversas do ambiente político do Oriente Médio. Também conhecida como a "Dama de Ferro de Israel", ela encarou uma situação repleta de complicações durante a Guerra do Yom Kippur.
Grandes líderes em momentos de inacreditável tensão, que exige desses uma acurada capacidade de análise do cenário que frente a eles se exibe e qual a melhor decisão a tomar diante do quadro apresentado costumam resultar em obras cinematográficas de imenso apelo, tanto junto ao público, como também com a crítica. Por outro lado, astros consagrados, que não possuem mais nada a provar a ninguém, quando dispostos a intrincadas transformações físicas a serviço do papel que tem em mãos, também costumam gerar a melhor das impressões entre audiências ao redor do mundo, em especial com aquelas que se veem envolvidas com os processos de votações dos grandes prêmios de Hollywood – como o Oscar, em particular. Um bom exemplo que combina tanto um viés quanto o outro é o drama O Destino de uma Nação (2017), que não apenas resgatou o primeiro-ministro britânico Winston Churchill durante as horas mais cruciais do combate durante a Segunda Guerra Mundial, como alcançou tal feito através de um quase irreconhecível Gary Oldman, que por este desempenho recebeu todos os reconhecimentos possíveis (inclusive, é claro, a cobiçada estatueta dourada da Academia). Pois é fácil antecipar que o mesmo deverá se suceder com Helen Mirren em Golda: A Mulher de uma Nação, longa que, se não se arrisca em almejar o inesperado, ao menos faz o que se propõe com imensa segurança e precisão, resultando não apenas em um filme que vai direto ao seu ponto de interesse, como também proporciona uma performance irretocável de uma das grandes damas do cinema mundial.
A homenageada em questão é ninguém menos do que Golda Meir, a quarta primeira-ministra do recém-criado estado de Israel, responsável pelo comando do país entre 1969 e 1974. Período esses anos de grandes provações, talvez tenha sido o maior deles o conflito que entrou para a história como A Guerra de Yom Kippur. O batismo se deu pois foi justamente durante o feriado religioso de Yom Kippur que tropas árabes tanto do Egito quanto da Síria decidiram atacar os israelenses, por acreditarem que nesse dia suas forças estariam desmobilizadas – o que, de fato, assim se encontravam. De Meir foi exigida uma resposta imediata, assim como também a exigência de um chamado de apoio ao governo dos Estados Unidos, através do secretário de estado Henry Kissinger, com o envio de maquinaria e armamento para que pudessem se defender. O envolvimento norte-americano acabou resultando em protesto das nações árabes, que pararam de exportar combustível fóssil para a América, levando ao início da crise do petróleo. Era, portanto, como um gigantesco castelo de cartas, do qual apenas um movimento em falso foi capaz de colocar em risco uma estrutura que há décadas vinha sendo laboriosamente construída.
Golda Meir não é uma figura inédita no audiovisual. Provavelmente a primeira a interpretá-la em uma obra de ficção foi a oscarizada Ingrid Bergman, no telefilme Uma Mulher Chamada Golda (1982), que além de ter sido seu último desempenho enquanto atriz (ela viria a falecer, com apenas 67 anos, vítima de um câncer de seio, no mesmo ano do lançamento desse projeto), ainda lhe rendeu (como despedida) um Globo de Ouro e um Emmy. Meir é muito citada, ainda que não chegue a aparecer em cena, no israelense O Dia do Perdão (2000), de Amos Gitai, e teve participação decisiva no histórico Munique (2005), de Steven Spielberg, no qual ganhou o rosto de Lynn Cohen. Nenhuma dessas abordagens, porém, foi tão fundo quanto essa dirigida por Guy Nattiv (vencedor do Oscar pelo curta Skin, 2018, que posteriormente foi adaptado por ele mesmo no longa Skin: À Flor da Pele, 2018). Nascido em Tel Aviv, não nega a influência que a ex-líder de sua pátria teve na sua formação. Por isso mesmo, reconhece o quão inútil seria seguir com uma reconstituição tradicional, nos moldes início-meio-e-fim. A escolha de centrar esse olhar em um momento específico – e relevante – acaba por fazer a (positiva) diferença.
Mas talvez de nada isso adiantasse não tivesse ao seu lado uma performance maiúscula como a oferecida por Helen Mirren, que deixa de lado qualquer vaidade em nome das exigências dessa personagem. Dona de quatro indicações ao Oscar e cinco ao Bafta (em cinema), em ambas as premiações ganhou pelo retrato que ofereceu como a monarca Elizabeth II em A Rainha (2006), vitórias arrebatadoras e nunca sequer questionadas. Pois bem, em Golda ela segue o mesmo modelo de sublimação pessoal, ao desaparecer por trás de uma figura altamente reconhecível, mas que, a partir dessa composição – que parte de próteses e de uma delicada maquiagem e vai até um cuidado no gestual e na empostação da voz – acabará por se confundir com a própria identidade da atriz. Seja em momentos pontuais e por demais sutis, como um olhar fugidio para uma funcionária cujo filho está diretamente envolvido no campo de batalha, até outros que beiram a comicidade, quando desiste de uma espera em vão para que seus ministros e comandados prestem a reverência necessária e se levantem da mesa para que ela possa, enfim, se sentar com a honra que lhe é devida, ela ganha uma força ainda maior nas relações por demais breves, mas nunca menos que marcantes, que estabelece com dois interlocutores essenciais ao intento de definir seu caráter durante os dias abordados: a assistente-pessoal e braço direito vivida pela francesa Camille Cottin (Dez Por Cento, 2015-2020), sensível quando possível, assertiva quando necessária, e com o californiano Liev Schreiber, que faz do seu Kissinger um tipo comedido, ainda que ciente do seu potencial de mudar o jogo, se mostrando o parceiro ideal para a protagonista nas passagens que mais dela exigiram.
Não se reconhece a ausência de informações cadastrais – para isso, há sempre o Google e a Wikipedia para atender os curiosos. De onde veio e o que se deu com Meir após os eventos aqui retratados, é não mais do que consequência: a soma do que viveu até aquele momento é o que agora se apresenta, e seu destino a partir de então é não mais do que fruto desse esforço e comprometimento. Dessa forma, Nattiv e Mirren encaram com seriedade e precisão o roteiro lapidado por Nicholas Martin (Florence: Quem é essa Mulher?, 2016), e a partir dessa união constroem não apenas a imagem de uma senhora doente e frágil, que não conseguia largar o cigarro e que gostava de se ocupar com tarefas na cozinha, ao mesmo tempo em que se via envolta por debates e questionamentos que tiveram influência determinante na vida de milhares. “Serão eles responsáveis por uma nação de órfãos e viúvas”, declarou ao ameaçar seus oponentes. Muitos, no entanto, a veem como tal, dado o passar dos anos. Eis aqui um desenho que não tem medo dessa controvérsia, mostrando acertos e deslizes, mas que, quando combinadas, ilustram alguém que lutou, até o último instante, pelo que de fato acreditava. Uma verdade da qual não se pode fugir.
Explorando o Desconhecido: Robôs Assassinos
2.6 6 Assista AgoraEssas temporadas do Black Mirror estão ficando cada vez mais realistas.
O problema não é a tecnologia, são as pessoas...
Não há outra maneira de combater um exército dirigido pela IA do que com um exército semelhante. O bom de tudo isto é que os soldados humanos (e pilotos, etc.) serão desnecessários num futuro próximo, pelo que o número de mortos em guerras futuras deverá diminuir. Na verdade, o que mais temo é que no futuro as decisões que terão impacto nas vidas dos civis sejam tomadas pela IA (portanto, o “centro de comando” não será humano também)
É como assistir a um filme de terror da vida real porque é baseado em tecnologia real e atual. 😭E isso é apenas o que colocaram no documentário, quem sabe o que está sendo feito em laboratórios secretos.🥺
Há séculos que inventamos formas de matar e torturar uns aos outros, mas temos a audácia de falar sobre a moral de uma IA😂
Os antigos filmes do Exterminador do Futuro começam a parecer um futuro cada vez mais provável para a humanidade.
o interessante da ficção científica é que quase sempre ela é plausível. pessoas que ignoraram filmes como Terminator, War Games, The Corbin Project, Ghost in the Shell e outros são aquelas que simplesmente não sabem que tais ideias não são do futuro, mas sim que o futuro é de facto agora. IA. pretende ser a ponte entre o software de hardware e a compreensão do mundo real. a parte assustadora é que tudo isso fará com que poucos tenham mais poder do que qualquer grupo de pessoas deveria ter, muito menos uma máquina.
O Incrível Exército de Brancaleone
4.0 136 Assista AgoraEste é obra prima de Mario Monicelli.
O filme, considerado um clássico, retrata os costumes da cavalaria medieval através da comédia satírica. Na Itália, recebeu o prêmio de melhor fotografia, melhor figurino e melhor trilha sonora. É inspirado no Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.[carece de fontes] No enredo, Brancaleone e seus homens enfrentam perigos como a peste negra, os sarracenos, os bizantinos e bárbaros, focalizando temas como as relações sociais do feudalismo e o poder da Igreja Católica. O contexto histórico é a Baixa Idade Média, quando o trinômiopeste, fome e guerra marca a crise do século XIV e do próprio sistema feudal.
Esse filme é genial! Muito engraçado e crítico ao mesmo tempo. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
"Será puro, quem purificar o impuro". 👐🙌.
Na base do improviso e do imprevisto, na busca incerta cheia de percalços pela conquista do desconhecido, uma paródia quixotesca da aventura humana.
Ícone de filme. Muito bom! Super fiel à idade média. Com pouco dinheiro fez e faz sucesso e vai continuar por décadas e décadas :)
Um clássico do cinema italiano. Uma época de ouro do cinema italiano com grandes diretores, atores e atrizes que batia de frente com o cinema dos grandes estúdios de Hollywood e ganhava grandes prêmios internacionais de cinema.
Parabéns e obrigado pela criação!
Vocês talvez não sabem, mas o humor mais importante dos filmes de Brancaleone fica no linguagem: é um italiano inventado, falso antigo, cheio de referências irônicas e regionais, que acho impossível que sejam traduzidas perfeitamente em uma outra língua! O filme mesmo é cheio de referências irônicas da identidade e da cultura italiana contemporânea. O trabalho linguístico do filme foi tam genial que algumas gírias são utilizadas até hoje na língua falada! A tradução portuguesa é ótima, mas infelizmente acho que por um estrangeiro quem não fala um italiano quasi perfeito seria quasi impossível apreciar a ironia genial do filme..
É fantástico do início ao fim.
Aurocastro la perdemmo, ma ad oltremare ci aspettano sanguine et gloria. Qual lupo che si avventa et leone che abbranca, marciamo alle Terre Sante!
BRANCA, BRANCA, BRANCA!
LEOOOOON!!!!
P/ mim, a cena
da morte de Habacuc
morreu tendo esperança
Quem veio assistir o filme apenas porque o professor indicou, dá um Like.
Resumo do Filme no Contexto Histórico:
O filme “O Incrível Exército de Brancaleone” apresenta o sistema da sociedade feudal da Idade Média. Mostra as estruturas políticas, religiosas, culturais e mentais da época em que se passa.
Brancaleone, um cavaleiro que apesar do título vive em uma cabana pobre com seu insubordinado cavalo Aquilante deixa bem clara a hierarquia medieval onde mais importante do que a situação financeira era a classe social.
Outro ponto em que isso fica bem claro é quando
quatro amigos maltrapilhos roubam um pergaminho que dá ao seu possuidor o direito de tomar o feudo de Aurocastro. Mesmo sendo os novos donos do papel eles não podem tomar posse da região porque são meros servos. Para isso eles recorrem ao falido cavaleiro
A atividade comercial é representada por Habacuc, um velho judeu que sabe ler e viaja carregando seu imenso baú cheio de mercadorias.
Bom negociador e esperto ele logo se interessa pelo pergaminho e apresenta os maltrapilhos à Brancalone visando obter algum lucro da situação.
Como na Idade Média a única maneira de tornar-se nobre ou adquirir uma herança era se casar com a filha de um senhor feudal, Brancaleone vai participar de um torneio de cavalaria cujo premio era o saudoso e desejado casamento.
Como era pobre e não possuía equipamentos de qualidade, que custavam caro,Brancaleone acaba perdendo e é obrigado a aceitar a proposta de dominar o feudo de Aurocastro e dividir suas riquezas com os donos do pergaminho.
.Os cavaleiros nessa época obedeciam às leis de cavalaria, e uma delas era que se dois cavaleiros se cruzassem num mesmo caminho deveriam lutar para que o vencedor seguisse viagem. Foi o que aconteceu com Brancaleone ao encontrar um cavaleiro bizantino.
Os dois iniciam uma luta, mas o filme apresenta o bizantino como trapaceiro que quer levar vantagem em tudo. Ele sempre pede tréguas na luta quando está e desvantagem, entre outras coisas.
Outra característica feudal predominante na época é o Teocentrismo e as Cruzadas.
Quando Brancaleone e seus companheiros seguem viagem encontram um feudo e o invadem. Logo descobrem que o local estava infestado pela peste e pensam que vão morrer. Desesperados eles encontram um grande grupo de fiéis em busca da Terra Prometida que alega que quem luta em defesa da fé é livrado de todo o mal, recebendo salvação e libertação do sofrimento material. Brancaleone e seus companheiros juntam-se a eles a fim de lutar contra os infiéis.
Outro trecho do filme em que as leis de cavalaria são abordadas é quando Brancaleone e sua tropa encontram Matelda e seu tutor.
Á beira da morte o velho faz com que ele prometa cuidar e levar a jovem até seu prometido preservando sua honra. Mesmo apaixonado por ela Brancaleone é obrigado a rejeitá-la
Mais uma vez o bizantino é visto como
traidor afinal ele abusa da moça e não conta a verdade mesmo após Brancaleone levar a culpa e ser condenado à morte.
Matelda é levada para um convento onde deve pagar pelo pecado cometido
Em outro ponto o ressentimento italiano fica ainda mais claro.
O cavaleiro bizantino se oferece como falso refém para que Brancaleone peça um resgate a sua família e eles dividam a riqueza.
Mesmo com o aviso de captura o pai do cavaleiro não paga o resgate,
Ao chegarem a Aurocastro Brancaleone e sua tropa são muito bem recebidos como novos donos da terra.
Uma vez por ano a população de Aurocastro era “visitada” pelos Sarracenos que levavam tudo de valor, além da peste negra, do ataque dos bizantinos e bárbaros.
Os homens acabam sendo capturados e só são salvos pela fé, ou melhor, pela influencia que ela exercia sobre as pessoas na Idade Média.
O grupo que lutava em nome de Deus aparece e pede que o verdadeiro dono do feudo, que reaparece, não se vingue dos homens que lhe roubaram alegando que eles haviam prometido lutar nas Cruzadas e nenhum homem pode tirar a vida daquele que promete lutar pela fé.
Dessa forma Brancaleone e seu exército
são salvos e resolvem seguir viagem com o grupo tendo como destino a Terra Santa. Já que haviam perdido Aurocastro
A Estrada
3.6 1,3K Assista AgoraO planeta foi devastado por um misterioso cataclismo e, no meio da desolação, um pai e seu filho estão indo para a costa em busca de um lugar seguro para se instalar. Durante a viagem eles cruzarão com outros sobreviventes.
Opinião pessoal:
A primeira vez que a vi, não lhe dei muita atenção, pois estava viajando de ônibus para outra cidade há muitos anos. Com o passar do tempo ficou-me gravada a imagem, o cenário onde o enredo passa e me deparei com o livro que comecei a ler, imaginando todas aquelas paisagens cinzentas, desoladoras, sem esperança, e não lhes nego que em várias passagens do livro derrame lágrimas ao ler diante da crueza da história. Então olhei novamente para o filme, que é fiel aos detalhes do livro; e entendi que é um filme muito subestimado para ser tão lindamente angustiante.
Este não é um filme qualquer sobre o fim do mundo, pois os fatos que levaram ao cataclismo global, é minimizado a tal ponto de nem sequer entender o que aconteceu antes da trama principal. O que realmente importante nesta dura jornada é o amor de pai, a força de vontade e a esperança num panorama de morte e destruição, que deixa uma mensagem que durará se nos mantivermos realmente "humanos".
Mussum: O Filmis
3.7 166 Assista AgoraVida e arte sempre andam de mãos dadas, por mais que não seja óbvio ou visível.
Mussum, o Filmis não é um filme voltado especificamente para o icônico personagem de Os Trapalhões. Tampouco é um recorte da vida do artista Antônio Carlos Bernardes Gomes. É, na verdade, um pouco de ambos, posicionado em uma zona de intersecção entre personagem e artista. No filme do talentoso Sílvio Guindane somos apresentados a situações chave da vida de Antônio Carlos (ou Mussum) que serviram como seus principais alicerces tanto em sua trajetória pessoal quanto na carreira artística construída através de várias frentes. Acompanhamos no drama com quase duas horas de duração episódios que remetem desde a infância de Mussum até seus últimos dias enquanto membro de seu famigerado grupo de humor. Entre crises de risos e cenas tocantes, percebemos uma pessoa e um personagem moldado por elementos que fogem de seu núcleo familiar: seja fugindo de casa para participar de rodas de samba ou sendo obrigado a apresentar para o público um pouco de seu natural senso de humor, que discutivelmente herdou de sua mãe. O Rio de Janeiro, o amor pela música, o péssimo talento para futebol e até mesmo participação de Cartola e Elza Soares não apenas marcaram a vida de Antônio como também são parte fundamental do estabelecimento dele enquanto multiartista.
Silvio Guindane divide seu personagem principal, e sua narrativa, em três grandes frentes pontuadas por três momentos da vida do protagonista: a infância, a entrada na vida adulta e a consolidação enquanto artista. Nesse primeiro momento, é muito explorada a relação do pequeno Antônio Carlos com sua mãe Malvina – algo que permeia o filme em sua totalidade. Aqui, Guindane constrói um ambiente leve, que através de suas mais diversas sutilezas faz do pequeno casebre de Malvina e de seu filho um lugar acolhedor. Há uma dinâmica de encenação pautada pelo humor inocente do ainda jovem Mussum e pela presença impressionante da atriz Cacau Protásio: nesse primeiro terço, a atriz ganha destaque por seu apurado senso de humor e entrega dramática pontual. Aqui, uma cena ganha destaque.
Quando Antônio Carlos inicia suas aulas no colégio, muito do que aprende, ele traz para casa. Então, em certo dia, ele resolve ensinar sua mãe a escrever seu próprio nome, para poder, finalmente, assinar documentos. A cena em questão revela o potencial de Cacau em sequências dramáticas; sua atuação, entre o encanto quase infantil de poder se reconhecer no papel e o choro engasgado de quem nunca pode assinar o próprio nome, é um dos pontos altos de Mussum, capaz de emocionar até a mais dura das almas. O sorriso de Malvina, de uma espontaneidade tamanha, aproxima a personagem do espectador.
Em um segundo momento, o humorista Yuri Marçal assume a função de dar vida a Antônio Carlos já em sua maioridade, com emprego no exército, já quase na idade adulta. Aqui, ganhamos os primeiros nuances do artista Mussum: já introduzindo no samba, ele e sua banda ganham destaque no cenário carioca principalmente por parcerias com, por exemplo, Elza Soares. Aqui, Sílvio Guindane já apresenta a faceta humorística de Antônio Carlos – parte essa bem executada e cumprida por Marçal. Contudo, se no lado da comédia o filme ganha (e muito) com a entrada do humorista, isso não ocorre na esfera do drama: o ator parece não conseguir sustentar os trechos mais dramáticos de Mussum. Seu trabalho corporal se destaca quando o assunto é fazer rir e já percebemos, nesse momento, primeiros lapsos de gags de humor corporal assumidas pelo personagem Mussum. Nesse estágio da vida, existem os primeiros embates da vida adulta de Antônio Carlos, entre a carreira militar e uma possível aposta na música enquanto ocupação profissional. Se no primeiro terço do filme a leveza é destaque, nesse novo segmento percebemos mais rigor formal por parte da direção; como se a parte lúdica da vida acabasse, dando voz à sobriedade da vida adulta.
Chega em cena, então, Aílton Graça, a escolha perfeita para interpretar Mussum em sua idade adulta. Já estabelecido no ramo da música, novos desafios são propostos na vida de Antônio Carlos: lidar com seu grupo de samba e compromissos da vida de ator – no início trabalhando para Chico Anysio e, depois, em Os Trapalhões. Aílton é uma presença firme e é dono absoluto de toda a encenação. Seu tato humorístico é tanto que a câmera parece nunca querer desgrudar dele: cada segundo de sua atuação é valioso como uma performance efêmera. Toda a transformação corporal do ator e sua capacidade de presença são impressionantes; todo e qualquer detalhe de seu trabalho vale a pena ser notado. No drama, ele se sobressai, conseguindo dar conta dos lados mais obscuros do humorista Mussum – como o medo de perder a mãe e seu problema com o álcool. O final do filme, construído em cima de um catártico discurso, dá ao espectador um pouco do gosto de como a arte salvou – e ainda salva – vidas de crianças da periferia das capitais. A arte não apenas foi tema na vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes: foi a responsável em apresentar ao mundo um talento único.
Outro grande mérito do filme de Guindane é saber lidar com a música enquanto instrumento de linguagem. Seja a partir de um melancólico dedilha de Cartola ou aos mais alegres sambas da banda de Mussum, a montagem é certeira em saber pontuar sua atuação a partir dos ritmos das músicas. Nenhuma cena musicada é igual à outra, todas tem suas particularidades de duração, de número de planos e de grau de ruptura entre as imagens. A música, dessa forma, é mais do que um requinte sensorial: é algo que constrói a linguagem do filme.
Mussum, o Filmis é uma tocante viagem através da vida de Antônio Carlos ao mesmo tempo em que constrói a carreira de Mussum enquanto personagem. Guindane, além de arrancar nossos mais sinceros risos e mais tristes lágrimas, consegue também mostrar como os percalços da vida não apenas transformaram a pessoa Antônio, mas como ajudou a construir a identidade de Mussum enquanto personagem. Vida e arte sempre andam de mãos dadas, por mais que não seja óbvio ou visível. Se não fossem as escapadas do pequeno Antônio Carlos para sambas de esquina, quem sabe o que seria dele?
Nota: 4/ 5, ou seja, ótimo.
O Acidente
3.2 6Grande retrato de pequenos detalhes.
A vulnerabilidade assusta. A sinceridade também. O silêncio, muitas vezes escolhido como forma de neutralizar esses sentimentos, cria tensão e angústia. O não dito é enigmático, mas tão poderoso quanto qualquer forma de comunicação verbal. Em O Acidente, o diretor Bruno Carboni realiza um grande retrato de pequenos detalhes capazes de dar sentido àquilo que não é falado. O filme já inicia com o incidente incitante presente no título: Joana, enquanto pedala pela cidade, encontra-se envolvida em um acidente de carro e é gravada pelo menino Maicon, de doze anos, que estava no banco de carona do automóvel de sua mãe Elaine. Depois do ocorrido, Joana e sua namorada Cecília se veem envolvidas em um jogo de xadrez com a mãe de Maicon e seu pai, Cléber. O acidente parece não ter abalado Joana, que, mesmo grávida, sequer menciona o acontecimento com sua companheira em um primeiro momento; o fato só aparenta atormentar a protagonista quando esta descobre que o vídeo gravado por Maicon foi publicado em uma rede social. A partir daqui, Joana fica particularmente interessada pelo menino e por suas gravações amadoras.
A apatia é uma marca da personagem principal do início ao fim do filme. Quase sempre é enquadrada sozinha, ou quando é vista em um conjunto sempre aparenta haver um oceano de distância entre a outra pessoa. É justamente nos momentos pontuais em que essa lógica é quebrada que surge todo o mérito da direção de Bruno Carboni: os detalhes. Parafraseando, aqui, uma fala do menino Maicon: os detalhes mostram aquilo que a vida deixa passar. Esse é um dos encantos do próprio cinema – conseguir apresentar, por meio do detalhe, uma poética que o olho humano não é capaz ou não quer notar. A relação de Joana com Cecília é marcada por certa distância e frieza, mas uma cena específica consegue conotar que, para além desse jogo de cinismo, há uma dinâmica de afeto muito íntima e particular. As duas, quando deitadas na cama, entrelaçam suas mãos e conduzem um honesto balé de carícias enquanto sussurram palavras inteligíveis uma para a outra. Se o silêncio e o afastamento entre ambas diz que nesta não existe nada intimidade, a dança das mãos aponta para uma direção contrária. Em outra cena, diversos amigos se reúnem no apartamento do casal para celebrar seu casamento. Depois de um emocionante discurso de um dos convidados, um corte nos leva até Joana e Cecília abraçadas no centro da sala dançando; enquanto isso, a música ultrapassa o limite diegético e parecemos estar vendo uma sequência onírica. Ali, os dois corpos estão unidos em um só. Nada é dito: tudo é mostrado.
Joana e Maicon compartilham, de uma maneira torta, similaridades em suas relações interpessoais. A frase do garoto aqui parafraseada por mim se dá em um diálogo com a protagonista no qual ele tenta justificar o porquê de gravar meros detalhes da vida – como um desenho na fachada da escola ou o voar dos pássaros. Quando na presença dos pais, Maicon parece engessado, obrigado a estar ali. Sua sensibilidade não é vista através de grandes gestos de carinho, mas sim por meio da câmera de seu celular. O detalhe, para ele, é uma exceção da vida, breves adendos que compõem a figura maior. Assim como para Joana, é um olhar marco da vida que revela sua verdadeira potência. As gravações de Maicon não dão importância para paisagens ou visões estéticas rebuscadas: tudo o que importa são os detalhes que constroem o mundo.
A direção do estreante em longa-metragens Bruno Carboni é assertiva ao nos apresentar as dinâmicas dos protagonistas ao utilizar certo cinismo. Ao longo do filme, poucas (ou nenhuma) vezes vemos aquilo que os personagens veem ou sabemos o que eles sabem. A focalização é completamente externa, tudo que Joana ou Maicon fazem não é possível de ser antecipado pelo espectador. Estamos sempre distantes. Eles sempre parecem esconder alguma coisa – Cecília, inclusive, verbaliza isso para Joana. Esse distanciamento torna as ações dos protagonistas como impensadas, não justificadas por jogos de causa e consequência. Em dado momento do filme, parece que estamos apenas acompanhando, sem julgamentos ou posicionamentos morais, trechos de um cotidiano onde não há drama. As possibilidades dramáticas, para deixar registrado, são deixadas em segundo plano – vide o aborto natural sofrido por Joana na segunda metade do filme. Carboni conduz o filme de um modo a dar à imagem um tom quase inocente, assim como as gravações de Maicon. Estamos vendo um específico recorte cotidiano. Não há drama, não há conflito: apenas pessoas vivendo.
O que o filme parece dar a entender é que, após o atropelamento, o cotidiano de Joana, antes completamente letárgico, ganhou, no mínimo, certa dinamicidade. Um evento, uma imagem, uma gravação, deu novos contornos à vida dela. Não é mistério, tampouco drama: apenas algo a mais, uma nova relação. Em dados momentos, Joana aparenta buscar drama para sua vida – principalmente quando tenta confrontar os pais do menino. É perceptível que a aproximação com Maicon se dá por sentir que os dois são parecidos: quietos, vulneráveis e curiosos. Suas ações, muitas vezes paradoxais, são um modo de dizer que muitas vezes a vida não possui explicações: há apenas uma zona cinzenta que nosso entendimento comum não é capaz de compreender, como diria Friedrich Durrenmatt. Nos últimos minutos do filme, quando Elaine busca dar um ponto final à relação de Joana com Maicon, a jovem a abraça e chora copiosamente. Como se uma parte de si tivesse morrido. E, de certa forma, isso aconteceu. Ela há de deixar Maicon e, com ele, seus segredos e suas partes mais frágeis.
Nota: 4/5, portanto ótimo.
Besouro Azul
3.2 560 Assista Agora"Besouro Azul" queria ser único e virou genérico...
Do início ao fim, o foco é a família. Há uma crise de identidade, uma perda e, eventualmente, o personagem começa a entender seus superpoderes. O vilão é tão sem graça que a explicação de sua motivação no final não faz o menor sentido. E assim, tudo termina com um final feliz, o herói fica com a mocinha e é isso. Fim da história!
"Isso não é identidade, é estereótipo"
Expectativa: Valorizar os atores latinos.
Realidade: Pesar a mão nos estereótipos.
acho que todos os filmes que trazem culturas diferentes deveriam se inspirar em pantera negra, se aprofundar com respeito e cautela, mostrando o quão lindo determinada cultura é, e não tornando o filme em um poço de estereótipos preconceituosos.
Incrível como para Hollywood, em pleno 2023, qualquer pessoa "não caucasiana" seja retratada, na maioria das vezes, da forma mais estereotipada possível.
Tia Virgínia
3.9 26Família entre a dor e o amor.
Tia Virgínia não é exatamente sobre Virgínia. É sobre como sua família disfuncional a fez ser como ela é. Perto do Natal, Virginia, responsável por tomar conta de sua mãe em estado terminal, recebe suas duas irmãs, Vanda e Valquíria, para comemorar o dia vinte e cinco de dezembro. O filme se passa apenas em um dia: a véspera do Natal. As três irmãs são interpretadas pelas brilhantes Vera Holtz, Arlete Salles e Louise Cardoso, respectivamente. Ao longo desse dia, os mais diversos confrontos, físicos e verbais, marcam negativamente a data de celebração. A iminente morte da mãe também pauta toda a relação entre as três irmãs que possuem uma diferente relação com a perda da matriarca da família: desde o futuro da casa até o estado mental de Virgínia.
Uma primeira marca estética do filme de Fábio Meira é a construção de um cenário completamente lotado de objetos cênicos. A casa, pertencente à mãe da família, é repleta dos mais variados tipos de prataria e enfeites requintados. O apartamento em nada reflete a idosa: seu olhar vazio e suas mínimas expressões perante a vida representam um curioso contraste com a pompa do apartamento. Louças caras, grandes e belos quadros, sofás estilizados. Tudo é uma marca de um passado que não existe mais. Passado, inclusive, parece ser a única coisa que ainda move Virgínia. A protagonista parece não aceitar que sua mãe já perdeu a lucidez há algum tempo. Virgínia faz de tudo para não acreditar no fim que se aproxima: inventa conversas, conversa como se a mãe ainda a ouvisse e coloca na conta da matriarca algumas decisões suas. Vanda e Valquíria, no entanto, surgem para puxar Virgínia novamente para a realidade. Brigas e mais brigas marcam a tônica entre as três. Anteriormente presa ao passado, o choque de realidade de Virgínia é bruto, comprometendo sua sanidade e sua relação com aqueles à sua volta.
A encenação construída por Fábio Meira faz jus a todos os conflitos envolvendo a família. O espectador não é poupado de nenhum detalhe. Os breves momentos de paz são realmente breves: quando as três irmãs estão em tela, é como se fossemos puxados por um buraco negro forte composto por puro ressentimento. Nada escapa da câmera. Não há ação sugerida ou dinâmicas abertas à interpretação. Toda a raiva, a amargura e um torto senso de amor é entregue ao espectador em sua forma mais pura. As ações físicas das protagonistas, sempre muito pesadas, quase biomecânicas, levam os conflitos quase às vias de fato. Por mais que seja um filme que tente explorar algumas gags humorísticas, o que fica como marca é o conflito, a dor, a perda.
Ainda sobre humor, cabe aqui um pequeno apêndice. O humor é utilizado, aqui, de dois modos muito distintos: o primeiro deles acontece de modo nada natural: sequências pesadas, de muita descarga emocional, são interpeladas por alguma ou outra piada que não casam aquilo que o próprio filme propõe enquanto graça. Nesses momentos, além de não causar um efeito humorístico fortuito, também joga a grande tensão dramática por água abaixo. Em Tia Virgínia, essa ruptura não se encaixa. E não funciona justamente porque o modus operandi de seu humor é baseado no absurdo. É aqui que mora o grande mérito de Fábio Meira: pequenas performances humorísticas que culminam em um humor estranho, de riso difícil, misturado com preocupação.
Para manter o absurdo em dia, vemos diversos planos democráticos, como dira Bazin. O corte parece nunca vir. É agoniante ver algumas sequências de maior tensão sem nenhuma intrusão da montagem. Como dito antes, nada escapa da câmera e tudo é aquilo que é: nada é sugerido. Não se pode confundir isso com didatismo demasiado, de jeito algum. A imagem é clara e cristalina, mas a relação das irmãs transita entre amor e ódio, dor e acalento. Existe apenas uma sequência em que a câmera parece fugir, se esconder. Nesta cena, o diretor parece, por uma única vez, respeitar a intimidade das irmãs, que entre tapas e mais tapas vão em direção a um quarto desocupado e descontam fisicamente umas nas outras aquilo que vêm resguardando durante anos.
Uma das cenas finais é quase um filme à parte. Em meio à caótica ceia de Natal, Virgínia surge completamente maquiada e vestindo um beirando ao kitsch, com flores e plantas. Enquanto Valquíria tenta dizer algumas palavras sobre família, amor e carinho, Virgínia vai ao toca disco e coloca, no máximo volume, um sonoro bolero. Ela começa a dançar. E dançar. E dançar. Tudo em um belíssimo plano. E a dança continua de modo desengonçado, sem noção rítmica. Mas mesmo assim é bela. Vera Holtz consegue emular uma força performática próxima daquilo que Gena Rowlands produz em Uma mulher sob a influência. O balé atrapalhado de Virgínia vem junto de palavras fortes lançadas em direção ao restante da família. Atônitos, todos observam sem dizer nenhuma palavra. Essa falta de reação marca aquele humor absurdo antes citado. Lembra – e talvez eu me arrependa dessa conexão – um pouco do senso de humor de Toni Erdmann, construído a partir de performances patéticas de seus personagens.
Tia Virgínia pode se perder um pouco em algumas sequências que vão para o lado contrário do humor absurdo, mas definitivamente é um filme que, quando acerta, acerta forte. Arlete Salles e Louise Cardoso entregam sólidas atuações, mas Vera Holtz eleva (e muito) o nível do filme. Assim como Virgínia, Holtz é a dona absoluta do filme.
Nota: Muito Bom, ou seja, 3,5/5
Som da Liberdade
3.8 482 Assista AgoraO longa “Som da Liberdade” (Sound of Freedom) vai estrear no Brasil no dia 21 de setembro. O anúncio foi feito pela Paris Filmes.
O filme é considerado como uma das maiores surpresas de bilheteria do ano, com bilheteria acumulada de 163 milhões de dólares nos Estados Unidos. Protagonizado por Jim Caviezel, de “A Paixão de Cristo”, o longa conta com direção e roteiro do mexicano Alejandro Monteverde, de “Little Boy” e “Bella”, e produção de Eduardo Verástegui.
Por que o drama de Jim Caviezel está chocando Hollywood?
Primeiramente, é necessário dizer que Sound of Freedom é um grande sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. Até aqui, o filme fez algo próximo de U$ 163 milhões de dólares apenas em território norte-americano, visto que ainda não foi lançado internacionalmente, o que acontecerá nos próximos dias e meses. Lembrando que o filme está há menos de uma mês em cartaz. Ou seja, ainda há chão para a obra conquistar números ainda mais expressivos.
Contudo, há quem diga que os números de bilheteria do longa são inflados e irreais. Isso porque, nos Estados Unidos, alguns espectadores alegaram que foram assistir Sound of Freedom esperando salas lotadas (visto que os ingressos apareciam esgotados). Contudo, ao chegarem nos locais, os mesmos espectadores relataram que encontraram cinemas vazios. O que deixou algumas pessoas com o pé atrás e se perguntando: há alguém financiando a produção de maneira oculta, comprando ingressos para inflar os números de bilheteria?
Apesar de isso ser apenas uma teoria de alguns indivíduos e não existir comprovação de fatos, há uma outra polêmica ligada à projeção que também tem acendido debates: direita vs. esquerda. Sim, Sound of Freedom também não escapou da política, apesar de não abordar temas políticos em sua narrativa. Isso porque o filme foi amplamente elogiado e divulgado por pessoas conservadoras e por figuras de direita dos EUA. O que acabou afastando da obra aqueles que se identificam mais com a esquerda.
Inclusive, todo essa questão política que envolve Sound of Freedom começou com alegações de que a produção tem ligações com o QAnon, um grupo extremista de direita que apoia o ex-presidente Donald Trump. Assim como outros movimentos radicais (tanto de esquerda quanto de direita), a organização é acusada de alimentar conspirações e incitar seus membros a cometerem ações violentas. E, tudo isso, claro, não caiu bem com aqueles que pesquisaram mais sobre o longa.
Para alimentar ainda mais a situação polêmica, Jim Caviezel, o astro do projeto, já foi visto falando publicamente em eventos que apoiam conspirações divulgadas pelo QAnon. Por outro lado, a Angel Studios, produtora de Sound of Freedom, declarou que não há conexões entre a obra e grupos extremistas, e que o filme tem apenas o objetivo de conscientizar o público de uma causa importante através de uma história real e heroica.
Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte
3.5 51 Assista AgoraInspirado no clássico “Madame Bovary”, o livro escrito por Gustave Flaubert que escandalizou a França no século XIX, essa delícia de filme apresenta uma espécie de versão moderna de sua protagonista. Entretanto, mais do que simplesmente adaptar a história, Gemma Bovery insere o livro na própria narrativa, tarefa esta que cabe ao voyeur interpretado por Fabrice Luchini. Fã declarado do livro, o personagem não apenas reconhece as semelhanças entre Emma e Gemma como passa a admirá-la de longe, numa mistura de fascínio pela obra literária e pela própria musa. É esta mescla o trunfo do filme, auxiliada pelo (habitual) bom trabalho do ator.
Maggie: A Transformação
2.7 449Eu tinha lido que Arnold não podia ter filme de culto, mas esse tem todas as críticas. Um pai coragem luta para continuar a manter viva a filha que foi mordida por um zumbi, no seu processo de transformação. Foi um desastre no cinema, mas se você assistir, você encontrará um filme com uma ótima ambientação, momentos de tensão, uma fotografia brutal e a primeira vez que vejo Arnold atuar
Conseguiram fazer de um tema de ficção bastante batido uma história sombria, mas, também de muito amor, e de profunda humanidade. Me emociono sempre que assisto. Abigail Breslin é uma atriz impecável. Valeu.
Nossa me emocionei.Foi uma terrível luta contra a maldita doença. Mas o amor entre pai e filha superou todos os limites.
O amor dela pelo pai era tão grande que resistiu aos instintos. Foi forte até o fim! Que bom que
o pai não precisou tirar a vida da filha amada. Ela o poupou dessa tristeza além da que ele já estava tendo.
Sisu: Uma História De Determinação
3.5 226 Assista AgoraConheça o “Sisu”, o segredo finlandês para a felicidade e resiliência.
Descubra o segredo finlandês para a felicidade e resiliência. Aprenda o "sisu", a determinação que coloca a Finlândia no topo do ranking mundial.
Você já ouviu falar do “sisu”?
É um conceito e modo de vida profundamente enraizado na cultura finlandesa há mais de 500 anos. Embora não exista uma tradução direta, o “sisu” está relacionado à determinação.
Mas, afinal, por que os finlandeses são os mais felizes do mundo?
Trata-se de ter a coragem de avançar diante da adversidade e enfrentar probabilidades quase impossíveis. E é justamente esse segredo que tem colocado a Finlândia no topo do ranking de países mais felizes do mundo pelos últimos seis anos consecutivos.
E. Elisabet Lahti, uma renomada psicóloga finlandesa e pesquisadora do “sisu”, revela em seu livro “Poder Gentil: Uma Revolução em Como Pensamos, Lideramos e Somos Bem-Sucedidos Usando a Arte Gentil do Sisu” três dicas fundamentais para quem deseja incorporar o “sisu” em suas vidas, assim como os finlandeses:
Busque um propósito de vida além de si mesmo
Pesquisas conduzidas pela psicóloga Angela Duckworth demonstraram que podemos suportar muito mais quando trabalhamos por algo que contribui para o mundo além de nós mesmos.
Elisabet compartilha sua experiência pessoal ao completar uma expedição de corrida de 1.500 milhas pela Nova Zelândia, dedicando-a à conscientização sobre a violência familiar. Ela afirma que conectar-se a um propósito maior nos momentos desafiadores nos ajuda a seguir em frente.
Seja resiliente treinando
Antes de embarcar na sua corrida épica, Elisabet treinou quase todos os dias durante dois anos. Ela aconselha que a prática e a preparação são fundamentais para acessar o “sisu” interior.
Estudos mostram que nossos corpos possuem reservas ocultas que naturalmente acessamos quando mais precisamos delas. Quanto mais nos desafiamos, mais fortalecemos nossa resiliência.
Gentileza consigo mesmo e conexão com a natureza
A autora compartilha um importante aprendizado sobre a necessidade de equilíbrio entre determinação e compaixão. Em sua jornada de treinamento, ela se machucou, mas em vez de desistir ou se esforçar ainda mais, ela decidiu permitir que seu corpo se curasse.
Isso a levou a uma terceira opção, na qual ela incorporou o ciclismo à sua expedição. Reduzindo a velocidade, ela pôde desfrutar da beleza da paisagem ao seu redor e alcançar sua meta de 1.500 milhas.
Da teoria à prática
Na Finlândia, caminhar e explorar trilhas na natureza são partes essenciais da cultura local. Essa conexão com a natureza ajuda a encontrar uma calma interior e uma sensação de felicidade que sustentam nos momentos difíceis.
Então, se você deseja descobrir o segredo da felicidade finlandesa e cultivar sua própria resiliência, siga essas dicas e embarque em uma jornada inspiradora de determinação, propósito e conexão com a natureza.
Requiem for the American Dream
4.4 64‘O Fim do Sonho Americano’: a radiografia do abismo entre ricos e pobres.
Em ‘O Fim do Sonho Americano’, Noam Chomsky lista dez princípios que propiciam a concentração de poder e renda no planeta.
As oito pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo patrimônio que 3,6 bilhões de integrantes da metade mais pobre. No documentário O Fim do Sonho Americano (2015), Noam Chomsky, considerado um dos intelectuais mais influentes da atualidade, faz uma espécie de “radiografia” das causas que cavam esse abismo.
No filme dirigido por Peter Hutchison, Kelly Nyks e Jared P. Scott, Chomsky enumera dez princípios da concentração de renda e poder no mundo. Formado por entrevistas filmadas durante quatro anos, o documentário tem apenas 1h10min de duração. A brevidade da projeção é inversamente proporcional à profundidade das considerações feitas.
Como o título indica, a análise enfoca os Estados Unidos, mas é claramente válida como abordagem do capitalismo financeiro global. Qual seria, afinal, esse “sonho americano”? É a possibilidade de reverter o fato de nascer pobre trabalhando intensamente. Mais uma vez recorrendo ao título, pode-se ver que Chomsky é crítico dessa ideia.
Um dos assuntos que recebe destaque nas entrevistas é a democracia. Segundo o filósofo, o simples fato da existência da desigualdade extrema já tem um “efeito corrosivo na democracia”. Grandes corporações financiam partidos políticos. Quando estão no exercício de seus mandatos, os políticos servem de “avatares” dos donos dessas grandes empresas, elaborando e aprovando leis para atender aos interesses desses grandes detentores de renda e poder, gerando ainda mais concentração de renda e poder. O círculo vicioso é tão tradicional que foi descrito em 1776, por Adam Smith, em A Riqueza das Nações.
O enfraquecimento dos laços de solidariedade é outro dos dez princípios listados pelo entrevistado. A união é prejudicial para os poderosos, porque significa a luta por melhores condições de vida por parte daqueles que compõem as camadas mais inferiores da pirâmide. Os ataques à seguridade social e à escola pública, por exemplo, lançam a ideia de que não é justo, benéfico ou rentável preocupar-se em garantir um bem social para o outro se eu não estou tendo retorno financeiro direto.
Não representa nenhum “crime” contar o final de O Fim do Sonho Americano. Como conclusão, Chomsky pede que as pessoas invistam na união. Um apelo considerável, depois de toda a contextualização feita.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraShakira contou à revista Allure a reação de seus filhos ao assistir o filme da Barbie, e não foi nada positiva:
"Meus filhos odiaram esse filme. Eles se sentiram castrados. E eu concordo, até certo ponto.
Estou criando dois meninos e quero que eles se sintam poderosos também respeitando as mulheres. Gosto quando a cultura pop empodera as mulheres sem tirar dos homens a possibilifade de serem homens, de também proteger e prover. Acredito em oferecer às mulheres as ferramentas e a confiança de que podemos fazer tudo sem perdermos nossa essência, nossa feminilidade. Acredito que os homens tem um papel na sociedade e as mulheres também. Nós nos complementamos e isso não deve se perder."
(Linda e sensata 😏)
ANÁLISE: ‘Barbie’- Precisamos falar sobre Ken
Estrondoso sucesso mundial de bilheteria, 'Barbie', filme da cineasta norte-americana Greta Gerwig, é tanto sobre a jornada feminista de sua protagonista quanto a respeito do encantamento do boneco Ken pelo patriarcado.
Longa-metragem da cineasta norte-americana Greta Gerwig, Barbie, estrondoso sucesso mundial de bilheteria, tem sido acusado por muitos de seus detratores de ser misândrico. Ou seja, de difundir ódio contra os homens, ao questionar o patriarcado, sistema sustentado há milênios por pilares culturais, sociais, econômicos e políticos que beneficiam os homens em detrimento das mulheres.
Sim, o filme, cuja narrativa é construída em torno de sua personagem-título, boneca fabricada pela empresa de brinquedos Mattel, Inc. lançada em 9 de março de 1959. tem uma evidente e inegável abordagem feminista.
Quem conhece a filmografia de Gerwig, que inclui títulos como Lady Bird – A Hora de Voar e Adoráveis Mulheres, sabe que a diretora, roteirista e atriz têm focado em narrativas com protagonistas femininas que se digladiam com estruturas familiares, sociais e econômicas limitadoras, quando não opressivas. Portanto, Barbie não é uma novidade na trajetória artística de Gerwig. Pelo contrário: é um passo a mais, orgânico e coerente com sua obra fílmica, que já lhe rendeu três indicações ao Oscar.
No longa, a boneca Barbie, vivida pela atriz australiana Margot Robbie,
pertence a um subgrupo da marca – ela é um estereótipo, ou seja, é linda, loira, alta, magra, tem pernas longas, pés delicados, moldados para andar sobre saltos altos. Não tem profissão definida, ou qualquer talento intelectual digno de nota. Sua aparência, portanto, mantém seu status quo na Barbieland, mundo cor de rosa onde há bonecas de outras etnias, escritoras, políticas, médicas, em um calculado projeto politicamente correto de diversidade. Mas a rainha, a razão de ser do lugar todo e da marca, é ela.
Acontece que a protagonista do filme, cuja vida é uma eterna festa, sempre leve e solta, mas não exatamente livre, um belo dia começa a ter estranhos pensamentos sobre a morte e seu corpo perfeito apresenta preocupantes anomalias. Os pés já não parecem mais moldados para sapatos de salto alto e, como uma mulher de carne e osso, ela passa a acumular celulite. Barbie já não é a mesma e, para voltar a ser a sua normalidade, ou seja, a ser “perfeita”, ela precisa empreender uma jornada rumo ao mundo real, onde sua dona pode estar atravessando dias difíceis.
Costela de Barbie
Na Barbieland, os Kens – há vários deles, de diferentes etnias, mas todos de certa forma pertencentes a um padrão de beleza – são acessórios das Barbies, como se tivessem sido criados a partir de suas costelas, em uma analogia à metáfora patriarcal bíblica. Vivem em função das bonecas. E o Ken estereótipo, loiro, alto, forte, ariano, segue sua Barbie a todos os lugares aonde ela vá, e com ela acaba partindo rumo ao chamado Mundo Real sem saber o que lá vai encontrar.
Ao chegar a Los Angeles, sede da Matell, o casal de bonecos descobre muito rapidamente que vivia em um mundo de fantasia, distorcido. Barbie acreditava ser, há décadas, um modelo de comportamento para as mulheres reais, as empoderando e lhes servindo como exemplo a ser seguindo. Não é verdade! Para seu choque, entre as garotas mais jovens, inclusive, ela é desprezada, por encarnar um símbolo de opressão. Basta por seus pés delicados na vida real, que a boneca começa a ser assediada, inclusive sexualmente, e julgada por sua aparência. A experiência de Ken é um tanto diferente.
Se de onde veio, todo o poder se concentrava nas mãos das Barbies, do sexo oposto, no Mundo Real quem manda, inclusive na própria fábrica de brinquedos que produz os bonecos, são homens. Tudo parece existir em função e para eles. É o País das Maravilhas para Ken, que de mero e submisso coadjuvante passa ambicionar o protagonismo.
Mesmo sem ter grande habilidades, ou formação, capazes de lhe garantir um lugar ao sol, ter “nascido” homem (e branco) já lhe garante muitos privilégios. Ele, então, resolve importar para Barbieland o patriarcado, que lá, sem grande demora, começa a se estabelecer como sistema social e político, fazendo com que as Barbies, por meio de coação e um tanto de inércia, acreditem ser melhor assim, o naturalizando como sistema a ser seguido.
Essa busca quase involuntária de Ken pelo protagonismo, tanto em seu mundo quanto dentro da narrativa do filme, é um dos trunfos de Barbie. Greta Gerwig, ao contrário do que vozes mais conservadoras e reacionárias tentam pregar, não fez um filme anti-homem.
O roteiro, assinado por ela e seu marido, o também diretor Noah Baumbach (de História de um Casamento), coloca em questão o patriarcado como forma inquestionável de existência, e denuncia a masculinidade hegemônica, tóxica e violenta, que nega às mulheres voz, espaço e agenciamento, mas também impede os homens de encarar as suas fragilidades, seus desejos e sentimentos mais profundos. Sim, o patriarcado vitimiza muito homens e meninos!
Ao se despedir do mundo de faz de conta e de Ken, para voltar ao Mundo Real e se tornar uma mulher de fato, e não mais uma boneca, Barbie diz ao pretenso namorado que ele e os outros Kens também precisam se encontrar, sair da forma, para buscar suas verdades, e saber quem de fato são, para além da comodidade das construções sociais e culturais que os encaixotam.
Precisamos, neste momento no qual o filme se torna um fenômeno, falar tanto a respeito de Barbie quanto sobre Ken.
Remo: Desarmado e Perigoso
3.1 61O diretor britânico Guy Hamilton teve uma carreira bastante eclética, apesar de suas primeiras obras serem filmes de ação, entre eles quatro de James Bond, Comando 10 de Navarone e este Remo: Desarmado e Perigoso. Com roteiro de Christopher Wood, adaptado da série de livros The Destroyer, de Richard Sapir e Warren Murphy, acompanhamos a trajetória de um policial de Nova York (Fred Ward), que tem sua morte forjada e passa a trabalhar para uma organização secreta e recebe uma nova identidade: Remo Williams. Ele é treinado pelo coreano Chiun (Joel Grey) e tem como principal objetivo o cumprimento do “11º Mandamento”. Lançado em 1985, Remo: Desarmado e Perigoso é um perfeito exemplar do cinema de ação daquele período. Seja por seu ritmo, trilha sonora, temática, estrutura narrativa e visual. Fred Ward esbanja carisma no papel-título, que foi planejado para se transformar em uma franquia à la 007. No entanto, a bilheteria não respondeu como esperado e o projeto foi arquivado. Uma pena.
Curiosidades, bastidores, novidades, e até segredos escondidos de "Remo - Desarmado e Perigoso" e da sua filmagem!
O papel de Chuin
O papel de Chiun foi oferecido a Joel Grey várias vezes antes que ele o aceitasse, mas ele relutou porque não achava que ele era o tipo certo de ator para o papel. Além disso, Grey não tinha nenhuma experiência anterior com artes marciais (e não recebeu tal treinamento para o filme quando foi convidado). O que mudou a mente de Grey foi um encontro com Carl Fullerton, maquiador do filme. Grey disse que se ele pudesse fazê-lo paracer com um coreano de 80 anos de idade, ele iria aceitar o trabalho. Fullerton venceu o desafio e um teste privado foi realizado entre ele e Grey. Com Chiun escalado, Fullerton recebeu uma indicação ao Oscar por seu trabalho.
Plantação de maconha
Uma enorme quantidade de plantas de maconha maduras ficam claramente visíveis enquanto Remo e Rayner caminham pela base do Exército, despertando o desejo de saber o que o Exército estava realmente testando em Mount Promise.
Lutadores de Sinanju
Alguns dos atores que fizeram testes para o papel de Remo Williams alegaram ser proficientes na arte marcial do Sinanju, não percebendo que era uma ficção derivada dos romances de Destroyer, nos quais o filme foi baseado.
Piloto para TV
Um piloto para TV foi feito e foi ao ar, mas nunca se tornou série. Jeffrey Meek foi escalado como Remo Williams e Roddy McDowall como Chiun. Craig Safan permaneceu como o compositor série.
Dica: https: // cinefilosparasempre. blogspot. com /2015 /11/ remo-desarmado-e-perigoso-remos. html
Barrabás
3.6 31Adaptada da obra de Par Lagerkvist, publicada na década de 1950, a história apresenta a vida do homem que teve sua vida poupada quando Jesus Cristo foi escolhido para ser crucificado. A minissérie narra sua trajetória após a morte de Cristo.
Antes de condenar Jesus de Nazaré a morrer crucificado, o procurador romano Pôncio Pilatos oferece à multidão o perdão e a liberdade a um de dois condenados: Jesus ou ao infame ladrão e assassino Barrabás.
A multidão escolhe Barrabás, que é libertado para voltar à sua vida de perdição.
No entanto, depois de cruzar o caminho com o Messias, Barrabás não voltará a ser o mesmo, e iniciará uma longa e brutal peregrinação que repercutirá o seu coração e o seu espírito.
Um poderoso drama bíblico dirigido por Richard Fleischer e estrelado pelo grande Anthony Quinn.
Som da Liberdade
3.8 482 Assista AgoraO longa “Som da Liberdade” (Sound of Freedom) vai estrear no Brasil no dia 21 de setembro. O anúncio foi feito pela Paris Filmes.
POR QUE SOUND OF FREEDOM É O FILME MAIS POLÊMICO DO ANO?
Para entendermos melhor a polêmica por trás de Sound of Freedom, precisamos entender quem é Tim Ballard, uma pessoa real ao qual o longa diz se basear. Pouco conhecido no Brasil, o homem é um ex-profissional da Agência de Investigações de Segurança Interna (HSI*) da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e fundador da Operation Underground Railroad (O.U.R.), uma fundação sem fins lucrativos, anti-tráfico sexual, com sede nos Estados Unidos. Ballard atribuiu à sua organização o resgate de milhares de vítimas do tráfico de pessoas - informação que foi contestada pela mídia através de alegações de falta de transparência e exagero nas histórias.
Dito isso, uma das primeiras questões debatidas a respeito de Sound of Freedom começa com a afirmação, feita pelo próprio filme, de que ele seria baseado em fatos reais. Uma parte dos críticos argumenta não haver documentos que comprovem a veracidade dos acontecimentos ali apresentados, alegando também que Tim Ballard sempre foi conhecido por defender teorias da conspiração sem embasamento - como a existência de uma elite financeira global que sequestra crianças para beber seu sangue com a intenção de rejuvenescer.
Em contraparte, quem apoia Ballard afirma que os ataques ao longa-metragem são devidamente coordenados, partindo exatamente dessa elite e com o intuito de jogar para baixo do tapete verdades que não querem expostas à luz. Censura e críticas vazias ao filme surgem como as maiores acusações.
"Infelizmente, os teóricos da conspiração são predominantes na América. Muitas informações inúteis são espalhadas. Mais de um milhão de pessoas assistiram a Sound of Freedom nos cinemas da AMC. Mais do que em qualquer outra cadeia de teatro do planeta. Ainda assim, as pessoas afirmam falsamente o contrário. É tão bizarro”, colocou recentemente Adam Aron, presidente da rede de cinema AMC, sobre as acusações de que sua companhia estaria boicotando Sound of Freedom.
De qualquer forma, seja você crente ou descrente da palavra de Tim Ballard, vale colocar que Sound of Freedom tem data de lançamento em solo brasileiro em 21 de setembro de 2023. O filme contou inicialmente com um investimento de pouco mais de US$14 milhões, ultrapassando a casa dos US$ 163 milhões angariados em bilheteria.
* A HSI é uma divisão da ICE e o principal braço investigativo do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), responsável pela investigação de crimes e ameaças transnacionais.
Toc Toc Toc: Ecos do Além
2.6 235 Assista Agora"Escuro para esconder o mal feito" já é lugar comum no gênero terror😂
Susto não é terror, uso de jumpscare é equivalente um comediante de standup fazer cócegas na plateia pra faze-los rirem