Homens africanos usados como bucha de canhão na 1ª Guerra Mundial.
O título original de Herói de Sangue é Tirailleurs, nome que designa os fuzileiros da infantaria colonial francesa, cujas atuações mais famosas se deram durante as duas guerras mundiais. Esse recrutamento não se limitava ao Senegal; na verdade, vinha de toda a “África Ocidental Francesa”, largo território que hoje representa 8 países africanos, onde a França escravizava e/ou explorava desumanamente os habitantes locais. Ou seja, cometia os mesmos crimes contra a humanidade que as nações europeias cometeram em suas colônias de África e Ásia. Essas divisões acabaram recebendo o adjetivo de “tirailleurs sénégalais“, por ter sido neste país que se formou o primeiro regimento “tirailleur” africano — e essa distinção é necessária, porque também haviam tirailleurs na “Indochina Francesa”, hoje Vietnã, Laos, Camboja e a província de Cantão/Guangdong, na China.
O roteiro de Olivier Demangel e Mathieu Vadepied se coloca como memória desse pedaço da História que a França quer esquecer, e embora não dedique tempo a dar nome às atrocidades cometidas pelos franceses no continente africano (só para ficar nos tirailleurs, não nos esqueçamos do horrendo Massacre de Thiaroye, evento para o qual há um ótimo filme de Ousmane Sembène lançado em 1988), fala o suficiente para qualquer espectador com o mínimo de entendimento sobre a dinâmica do capital colonizador europeu odiar ainda mais esse processo. Thierno Diallo (Alassane Diong, em interpretação contida, mas muito marcante) é capturado e forçado, junto de tantos outros jovens senegaleses, a servir de bucha de canhão nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial e, para protegê-lo, seu pai também se alista no Exército. A interpretação de Omar Sy para o personagem do pai é digna de aplausos, principalmente porque o roteiro trabalha tanto a parte emotiva da relação paterna quanto os dilemas que um pai-soldado protegendo um filho-soldado podem trazer.
A produção foi muito certeira em filmar a obra em francês e fula (ou pular), pois a questão da língua dá um peso muito grande à mensagem que a obra pretende transmitir. O cerne é político: trata de legado histórico e de memória, mas a abordagem para isso vem através da convivência entre soldados de diferentes etnias africanas, com seus conflitos internos, seus crimes, sua humanidade, lealdade, coragem ou erros e covardia. Um filme que, assim como outras obras sobre esse momento histórico que focam na essência humana e na transformação do ser humano em meio ao horror da guerra (A Grande Ilusão, Nada de Novo no Front ou Glória Feita de Sangue, só para citar alguns) está preocupado com as vítimas e procura entender como a busca por um escape do inferno transforma uma pessoa para pior. Nessa esteira entra as diferentes relações entre pais e filhos, vista entre os protagonistas e também na figura do Tenente Chambreau (Jonas Bloquet, que aparece pouco, mas está muito bem no filme, com destaque para a fantástica cena em que ele conversa com Diallo, oferecendo-lhe uma bebida pela primeira vez).
Mathieu Vadepied usa a câmera na mão em momentos-chave da obra, e filma muito bem os embates dos soldados africanos contra os alemães. O diretor também sabe explorar o silêncio, uma qualidade que infelizmente está se perdendo no cinema de nossos tempos. Quando utilizado no momento certo, o silêncio tem a capacidade de tornar tensa uma sequência inteira, e permitir reflexões adicionais àquilo que o roteiro ou mesmo a atuação de um elenco tão bom quanto o que temos neste filme é capaz de entregar. Herói de Sangue mostra um aspecto propositalmente esquecido da colonização francesa na África, o de uso descartável de homens negros na linha de frente da Grande Guerra, mas fala da sobrevivência, da força de um laço emotivo, dos problemas de relacionamento e principalmente da memória dessas pessoas que foram vistas como dispensáveis, e hoje, tardiamente, têm o seu sacrifício lembrado e valorizado.
Apesar da montagem abrupta e com um critério de continuidade narrativamente confuso em algumas cenas (com saltos estranhos entre dia e noite, interrupção de falas sem um motivo relevante ou mudança espacial aleatória), a fita tem grande impacto sobre o espectador porque a direção consegue contar uma boa história a partir de diferentes caminhos de interpretação e possibilidades de análise. Há que se elogiar também a fotografia noturna de Luis Armando Arteaga, que consegue fazer algo visualmente belo, mas não monocromático e nem predominantemente impossível de enxergar; e a música de Alexandre Desplat, que cria algo sóbrio e plenamente a serviço da história, sem inventar bobagens musicais e querer chamar atenção para si. Há, inclusive, um momento importante de passagem suave e progressiva de uma cena de silêncio para uma composição épica de ataque que chega e se recolhe na hora certa.
Ao narrar a história dos vencidos e dos dominados, Herói de Sangue expande a nossa visão para as relações de poder que tivemos ao longo da História e nos convida a pensar sobre o que faremos com esta memória, com estas informações, com a possibilidade de acertar social e politicamente. Basta saber se esse pensamento encontra solo fértil em tempos como os nossos. Até agora, a guerra tem sido um ato de repetição estúpida da humanidade. E a cada novo filme sobre um conflito armado e a cada nova reflexão sobre a destruição que eles têm o poder de trazer, a grande pergunta da civilização ecoa: até quando?
Hirsch está se preparando mais uma vez para o novo thriller de ação terrorista O Engenheiro e aqui ele está interpretando um ex-agente do Mossad que reuniu uma unidade de elite de agentes e mercenários para rastrear os extremistas responsáveis por um atentado mortal em Israel. Balas e bravatas disparam no tempo decorrido, então confira no trailer!
Quando se pensa em ação, o ator Emil Hirsch geralmente não vem à mente como uma estrela de ação. O ator construiu silenciosamente uma filmografia de adrenalina, incluindo o thriller militar quase perfeito Lone Survivor, juntamente com outros títulos, incluindo Pursuit, Never Grow Old e The Darkest Hour.
SINOPSE
Na veia de “Homeland” e “Fauda” vem este thriller de ação baseado em fatos reais e estrelado por Emile Hirsch (Into the Wild) e Tzahi Halevi (Bethlehem). Enquanto Israel é abalado por uma série de atentados terroristas, a filha de um senador dos EUA é morta em uma explosão sangrenta. Agora, o ex-agente do Mossad Etan (Hirsch) deve liderar uma equipe secreta de elite de agentes e mercenários para encontrar o homem responsável - o indescritível "Engenheiro". Eles podem encontrar e destruir o louco antes que mais vidas inocentes sejam perdidas?
‘Barbie’ acerta em cheio ao agregar alegria a uma mensagem poderosa
Esperado filme de Greta Gerwig, 'Barbie' oferta ao espectador uma obra consistente e leve sobre os problemas enfrentados pelas mulheres.
Dentro do mundo capitalista, tudo que for tóxico e existir por tempo suficiente poderá ser ressignificado como objeto de desejo. Talvez este seja um dos resumos possíveis para Barbie, o esperado longa de Greta Gerwig, certamente o maior sucesso recente no marketing cinematográfico. Mesmo nós, mulheres que fomos criadas brincando de Barbies sabendo que elas eram o pior tipo de exemplo para as meninas, parecemos estar sedentas para entrar no universo barbiecore que passou a circular nos últimos meses (e talvez seja também por isso, essa nossa tendência a “absolver” produtos culturais problemáticos, que Barbie chegue a nós na mesma época em que Xuxa é redesignada como cult por seus antigos baixinhos).
Era tanta expectativa em torno do lançamento que é quase impossível que Barbie fosse uma obra-prima. Mas, certamente, não se pode dizer que este não seja um filme muito divertido, e – sim, altamente favorável à Mattel, a fabricante da boneca. De todo modo, a grande riqueza dele está no roteiro sagaz, escrito por Greta Gerwig e seu marido, o também cineasta Noah Baumbach, que é repleto de tiradas cabeçudas direcionadas ao público da dupla – como na cena, por exemplo, em que um Ken tenta impressionar uma Barbie fazendo uma comparação entre Stephen Malkmus, do Pavement, com Lou Reed.
Barbie (Margot Robbie) e Ken (Ryan Gosling): casal imperfeito.
Ou seja: este não é um filme para as crianças – não que haja alguma restrição, mas pelo simples fato de que elas não acharão muita graça. É claro que há toda uma história bem acessível e meio óbvia de empoderamento feminino, que deve agradar os mais jovens ou os menos afeitos às afetações cinéfilas (a piada sobre O Poderoso Chefão é uma das mais engraçadas do filme).
Mas Barbie, na verdade, fala menos da nocividade do produto milionário da Mattel e opta em mirar a um alvo mais delicado: os homens – sobretudo, os brancos.
O mundo (im)perfeito da Barbielândia
O roteiro de Barbie é perfeitamente construído para atiçar a nostalgia, ficando bem claro que há ali as mãos e a mente de quem já brincou muito com a boneca. Tudo está lá: as roupas cor de rosa, as casas todas abertas, os Corvettes conversíveis, as roupas colecionáveis, os pés permanentemente inclinados da Barbie, a falta de genitália, o recurso de “voar” para ir de um lugar a outro nas mãos das donas. As Barbies, como sugere a cena de abertura – uma brincadeira divertida referenciando 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick – foram uma verdadeira revolução.
Até então, as meninas brincavam com bonecas que eram apenas seus bebês, sedimentando nelas aos poucos um modelo apenas de existência: ser mãe e dona de casa. Mas quando a loiríssima Barbie chega em cena, com seu maiô e batom vermelho, ela propõe outro parâmetro para essas crianças: o de entrar no mundo do trabalho e ser o que elas quiserem (contanto que sejam lindas, femininas e magras, claro).
A “Barbielândia”, o ambiente apresentado no filme em que vivem as bonecas em suas várias versões, é um mundo sem nenhum conflito, onde tudo é bonito, alegre, colorido e sorridente. Só que – essa é a primeira sacada de Greta Gerwig – neste universo, as mulheres são o centro, e os homens simplesmente são um apêndice delas.
Quando o mundo perfeito da Barbie começa a ruir, a Barbie Estereotípica (Margot Robbie) precisa descobrir o que fazer para voltar à inércia de sua vida perfeita. Ao pesquisar, ela acaba chegando na Barbie Esquisita (Kate McKinnon) – uma sacada incrível: a Barbie estragada pelas meninas que cortaram seu cabelo, queimaram, quebraram suas pernas – para encontrar uma solução. E ela vem ao estilo Matrix: Barbie Estereotípica tem que optar por permanecer no sonho ou conhecer a verdade.
Os Kens são uma atração à parte em ‘Barbie’. Imagem: Divulgação. É claro que não há exatamente uma escolha, e a Barbie Estereotípica acaba indo parar no mundo de “verdade”, o dos humanos, em que há sentimentos conflitantes e sujeitos mal-intencionados. Junto a ela, cola em seu Corvette o seu “namorado” Ken (Ryan Gosling, adorável no papel), um apaixonado meio banana que simplesmente não sabe quem é sem a cara metade.
A trama se desenrola a partir daí – quando Barbie toma altas doses de decepção sobre a vida lá fora, e Ken começa a vislumbrar uma existência bem melhor para ele e seus amigos. E essa miragem surge a partir do contato com um conceito: patriarcado (que Ken, hilariamente, acredita ter a ver com homens e cavalos).
As consequências disso, como pode se imaginar, são terríveis. Mas essa ideia é concretizada no filme de maneira leve e divertida – e talvez se possa dizer aqui que Greta Gerwig acerta em fazer circular uma mensagem poderosa (a de que as mulheres têm em mãos a chave para se libertar de homens abusivos) em forma de uma grande piada.
Ok, Barbie com certeza é uma obra blockbuster feita sob medida para vender milhões de produtos cor de rosa. Também diria que o filme poderia muito bem ser condensado em meia hora a menos. Ainda assim, isso não tira o brilho da criação absolutamente inventiva de Gerwig, que acrescenta em sua já bela filmografia mais uma obra memorável.
Nota: 8/10
PS: 💌 Barbie é um fenômeno mesmo 😂❤️!!! Barbie dará mais bilheteria que Oppenheimer pois tem um marketing melhor? É o filme do momento???
Barbie é um filme mais comercial, não que isso seja ruim, só que são dois filmes muito diferentes.
Nunca pensei que poderia existir um filme voltado aos investigadores atormentados por não concluirem certos crimes e o diretor Dominik Moll foi lá e fez.
La Nuit du 12 não se prontifica a solucionar o mistério, vide o enunciado no início dele, no entanto foi um dos suspenses que mais souberam me conduzir.
Em uma pequena cidade na França, uma moça de 21 anos chamada Clara Royer (Lula Cotton-Frapier) passa momentos divertidos na casa da melhor amiga. Ela, que mora nas redondezas, resolve ir para casa a pé. No caminho, ela é brutalmente assassinada: um homem joga álcool no seu rosto e em seguida ateia fogo. Este é o mote inicial de A Noite do Dia 12, thriller dirigido por Dominik Moll e que se sagrou grande vencedor do César, considerado o “Oscar francês”.
O longa ganhou seis prêmios (entre eles, o de melhor filme, diretor e ator coadjuvante) e levantou muita discussão por ser uma ficção inspirada em um caso real – narrado no livro 18.3: Une année à la PJ, da escritora Pauline Guéna. A riqueza do filme está justamente em sua capacidade de subverter os recursos do thriller – a busca de peças que aos poucos vão se encaixando em prol de uma solução – e, quiçá, até de criticar a febre de true crime, que o diretor diz não gostar. Estamos diante muito mais de uma história de frustrações em torno de questões de gênero.
Dito de outra forma, A Noite do Dia 12 narra o caso de uma equipe cheia de policiais homens que investiga um feminicídio (a terminologia jurídica não existe na França, fazendo com que não haja dados oficiais deste tipo de crime por lá).
A investigação sobre a morte de Clara vai levando a vários suspeitos, todos homens com quem ela teve algum tipo de envolvimento sexual. Por consequência, os policiais começam a insinuar respostas de que ela estava pedindo para ser assassinada. Mas logo, o novo chefe do departamento, Yohan (Bastien Bouillon, vencedor do César de melhor ator revelação) começa a se confrontar com os seus próprios preconceitos.
Isto ocorre, por exemplo, em uma cena marcante em que ele interroga a melhor amiga de Clara, que acusa a polícia de culpar a vítima por se apaixonar muito facilmente. O diálogo é suficiente para que haja uma quebra e Yohan seja “possuído” pela fixação de solucionar o caso, que bate nos empecilhos do descaso, das pistas confusas e da falta de orçamento para investigações.
Ao mesmo tempo, Yohan trabalha ao lado do policial mais calejado da equipe, Marceau (Bouli Lanners, vencedor do César de melhor ator coadjuvante), que, por razões pessoais, também se envolve avidamente na tentativa de solucionar o assassinato de Clara.
A investigação do feminicídio sob um olhar pessimista
Os louros conquistados por A Noite do Dia 12 parecem todos justificados. O fato é que o longa-metragem de Dominik Moll consegue provocar sensações incômodas no espectador – e não aquelas costumeiramente causadas por filmes de investigação policial.
O cenário frio e algo deserto do interior da França colabora para que o filme se torne uma experiência desconfortável. Tal como em outros detetives famosos, Yohan vai se tornando um investigador atormentado por um “fantasma”, e não consegue mais soltar do caso pelo fato de notar que não tem exatamente as ferramentas adequadas para investigar o assassinato de Clara.
Em certo momento, uma detetive mulher entra na equipe e solta uma frase que ressoa na mente no público: “os homens causam os feminicídios, e são também os homens os responsáveis por investigá-los”. Esta pérola do roteiro explicita que o caso de Clara é apenas um entre tantos outros – de tantas Claras que foram mortas por vários homens ao mesmo tempo, como imagina Yohan em certo momento.
A frustração em torno da solução dos feminicídios (não apenas em encontrar os assassinos, mas sim em descobrir o que fazer para que deixem de ocorrer) encontra ainda uma rica analogia no ciclismo praticado por Yohan, sempre de maneira circular, dentro de um velódromo, como se nunca saísse do lugar. Com um roteiro muito inspirado e capaz de provocar incômodo, A Noite do Dia 12 é um filmaço.
Estava sentido falta desse tipo de filme nas telonas. Ridley Scott e Joaquim Phoenix juntos!!?? Sinto Cheiro de Oscar mano. Finalmente um filme moderno de Napoleão. E ainda mais com essa lenda interpretando ele
Por que ninguém está falando da representação dos quadros clássicos, como o cavalo na esfinge e a autocoroação? É simplesmente lindo!
Joaquim Phoenix é o ator perfeito, pra esse papel, acertaram em cheio
Estou empolgado por esse filme. Já estudei muito a história de Napoleão e ele é uma figura histórica muito interessante. Sei que o filme vai retratar muito da relação dele com Josephine, mas eu tenho mais interesse em ver a batalha das pirâmides, Waterloo, e claro, Austerlitz. Não sei se o filme vai mostrar toda a trajetória do imperador, a fuga de Elba, o exílio final em Santa Helena, mas de qualquer forma, tenho alta expectativa.
Tudo o herói faz coisas erradas ao longo da história existiram muitos assim como, Alexandre o grande Júlio César Genghis Khan, Aníbal e muitos outros e também figuras históricas como Cleópatra, Napoleão não seria diferente deles ele pode ter sido um herói pra França mas ele cometeu algumas crueldades que as coalizões usaram como propaganda contra ele nas guerras napoleônicas
Saiba mais aqui: https : / / www . youtube .com / watch? v = P0zEarJakew
Intenso e sensual ‘O Rio do Desejo’ surpreende com sua trama erótica amazônica!
Dirigido pelo baiano Sérgio Machado, 'O Rio do Desejo' é um dos melhores filmes nacionais de 2023. Encabeçam o elenco Daniel Oliveira, Sophie Charlotte e Gabriel Leone.
Há filmes brasileiros que, infelizmente, não recebem a atenção que merecem. É o caso do ótimo O Rio do Desejo, longa-metragem do cineasta baiano Sérgio Machado, que já pode ser visto na plataforma de streaming Globoplay.
Coprodução do Canal Brasil, O Rio do Desejo nos leva como espectadores ao coração da Amazônia, que serve de cenário para uma trágica história de amor e desejos não ditos e represados. Em uma pequena localidade às margens de um rio de intensa navegação fluvial, o policial militar Dalberto, vivido por Daniel Oliveira (de Cazuza – O Tempo Não Para), se apaixona por Anaira, papel de Sophie Charlotte, que em breve será vista nas telas como a protagonista de Meu Nome É Gal, cinebiografia da cantora Gal Costa.
Anaira vive um relação abusiva com seu companheiro e, quando conhece Dalberto, vê a chance de mudar de vida. É amor à primeira vista. O PM se casa com a moça e a leva para morar na casa ribeirinha que divide com os dois irmãos, o fotógrafo Dalmo, interpretado pelo ótimo Romulo Braga, e pelo caçula da família, o organizador de festas e músico Armando, personagem defendido pelo astro Gabriel Leone, de Eduardo e Mônica.
Insatisfeito com a profissão, Dalberto decide abandonar a farda e comprar um barco para transporte de pessoas e mercadorias pela Bacia Amazônica. A rotina do casal muda quando o barqueiro sai em viagem de trabalho, para levar ao Peru um foragido da Justiça, e deixa a esposa em companhia dos irmãos.
Desacostumados com a presença feminina de uma mulher tão jovem e bonita dentro de casa, eles começam a cobiçar a cunhada, cada um a sua maneira.
Com uma belíssima fotografia de Sergio Teijillo, da série Narcos, O Rio do Desejo capta a exuberância da geografia amazônica, a intensa beleza das paisagens da floresta, mas não de forma exótica ou ilustrativa. A natureza, com sua mata densa e, sobretudo, as águas caudalosas do rio, que ambientam a trama, são encharcados pelo intenso desejo provocado pela presença de Anaira e seu impacto sobre os três irmãos.
Sérgio Machado, que traz no currículo o excelente Cidade Baixa (2005), protagonizado por Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga, reafirma em O Rio do Desejo que sabe como poucos retratar em seu cinema as armadilhas do amor e do desejo. Intenso, tenso e muito sensual, é um dos bons filmes nacionais de 2023.
‘Canção ao Longe’ é um drama delicado sobre uma mulher em busca de si mesma!
Filme de Clarissa Campolina, 'Canção ao Longe' traz a história de uma jovem arquiteta negra que procura retomar o contato com o pai.
Filme que marca a estreia solo na direção de Clarissa Campolina, Canção ao Longe inicia com uma cena marcante: uma menina negra que vê as paredes de sua casa desmoronar, enquanto ela ainda está dentro. Trata-se de um recurso poético potente que vai se conectar com a história sensível – e feminina – contada no longa.
O drama acompanha a vida de Jimena (papel de Mônica Maria), uma jovem mulher negra que se sente perdida em seu lugar no mundo. Ela mora com a mãe e a avó (que são brancas) em Belo Horizonte e desenvolve sua carreira como arquiteta. Mas há uma inquietação dentro de si que é simbolizada pela distância do pai, um peruano que voltou para o país de origem, abandonando a família.
Essa ausência deixa um vazio em Jimena que só cresce com o tempo. Ao querer saber do pai, de quem a mãe e a avó falam pouco, ela intenta descobrir sobre si e sobre seu lugar no mundo. Para isso, começa a trocar cartas com o pai depois de bastante tempo sem contato.
‘Canção ao Longe’: uma história de crescimento
Pode-se talvez encaixar o sensível Canção ao Longe dentro do tradicional gênero coming of age, muito explorado na literatura, no qual se acompanha o amadurecimento de um personagem que rompe a casca da adolescência para enfrentar as dores de se tornar adulto.
Contudo, o filme de Clarissa Campolina traz camadas a mais ao abordar a questão da raça. Filha de um casal interracial, Jimena sofre pela falta de referenciais pretos, assim como ela. A única chance que parece ter para achar esse lugar é o pai – o que também coloca uma grande expectativa sobre quais os retornos que terá dele. “Perdi as contas de quantas vezes tive que responder se sou adotada”, escreve ela em carta ao pai.
Toda esta história é tratada de maneira muito suave neste filme em que o feminino também parece transbordar, sem apelar a clichês. Outro trunfo é que Jimena é encarnada lindamente pela atriz e artista visual Mônica Maria, que consegue nos entregar a tristeza pulsante, mas sutil, que vive dentro da arquiteta. Seu olhar vazio ecoa na tela e permanece com o espectador até depois do fim do filme.
Procurar a si mesma e o seu lugar tem a ver, também, com a perspectiva geográfica, espacial. Jimena sente que precisa romper com a casa da mãe e da avó, que representam um modelo de mundo com o qual ela não se identifica. Ao mesmo tempo, ela encontra algumas pistas sobre o passado pelas cartas do pai, mesmo que ele pareça resistente a lhe entregar um pouco mais sobre a própria vida.
O que o roteiro (escrito por Clarissa Campolina, Caetano Gotardo e Sara Pinheiro) vai sutilmente nos revelando é que talvez Jimena só possa eclodir à medida em que adquirir forças para quebrar tudo, metaforicamente falando. Ela precisa “matar” a mãe e o pai para poder ir achando um espaço de existência que faça sentido – o que também pode aparecer na relação que ela vai construindo com um namorado e o filho dele.
Repleto de silêncios e de momentos fortes (um deles é a cena sublime em que a cantora Juliana Perdigão aparece cantando Caetano Veloso em uma janela), Canção ao Longe é um pequeno filme (em duração) que surpreende em sua delicadeza.
A Praga’ resgata obra perdida de José Mojica Marins, o Zé do Caixão!
Filme inédito encontrado no lixo, 'A Praga' tem roteiro assinado pelo escritor pulp Rubens Francisco Lucchetti. Texto originalmente era de um episódio do programa 'Além, Muito Além do Além' na década de 1960.
Em maio de 2012, o cineasta José Mojica Marins esteve em Curitiba para participar da estreia do espetáculo À Meia-noite Levarei Teu Cadáver, da companhia Vigor Mortis. A peça era uma homenagem ao legado do cineasta paulista, comandada pelo diretor Paulo Biscaia Filho. No fim do espetáculo, o intérprete do personagem Zé do Caixão cumprimentou o público e anunciou aos gritos: “A Praga vem aí!”.
O agouro demorou a acontecer. Isso porque o filme A Praga chega aos cinemas comerciais em diversas cidades do país nesta semana depois de mais de quatro décadas de espera. O roteiro, assinado pelo escritor pulp Rubens Francisco Lucchetti, era de um episódio do programa Além, Muito Além do Além na década de 1960.
Nos anos 1970, Mojica quis levar a história para o cinema, mas o projeto foi engavetado por falta de recursos e os negativos foram dados como perdidos. O produtor Eugenio Puppo, como conta o crítico Marcelo Miranda em uma matéria para a Folha de S. Paulo, encontrou os rolos em sacos de lixo enquanto preparava uma mostra retrospectiva sobre o cineasta.
Em 2007, depois de um intenso trabalho de restauração que virou o documentário A Última Praga de Mojica, exibido antes de A Praga, a obra voltou à etapa de filmagens e ganhou uma dublagem e efeitos visuais.
A trama acompanha um homem que, durante uma viagem, ridiculariza uma velha senhora. Ela, então, lhe joga uma praga que o faz ter terríveis pesadelos e o leva a um estado de loucura e paranoia.
Em maio do ano passado, o filme foi exibido no Cine Passeio, em Curitiba, em uma sessão especial. Uma década depois do anúncio do próprio Mojica. O diretor não chegou a ver o lançamento da obra, pois morreu em 2020.
Diferenças para outros trabalhos
A Praga difere de outros trabalhos de José Mojica Marins por ele não atuar, sendo apenas o narrador que convida o espectador a mergulhar na história de Juvenal (interpretado por Felipe Von Rhein), jovem que ignora os perigos de se aproximar de uma velha senhora, provocando-a até que ela despeje sua ira nele.
O filme inicia com um relato de Puppo sobre o seu trabalho com Mojica, apresentando os bastidores da trama que será mostrada na sequência. Cenas do diretor atrás das câmeras, preparando sua fala e concentrando para entrar em cena são os motes do direcionamento dado por Eugenio.
Este deslumbrante filme de época dirigido por Bille August, duas vezes ganhador da Palma de Ouro em Cannes, vai te deixar sem folego!
“Um Homem de Sorte” é um envolvente drama de época dirigido por Bille August, duas vezes ganhador da Palma de Ouro em Cannes, baseado no livro “Lykke-Per” do autor dinamarquês Henrik Pontoppidan, ganhador do Nobel de Literatura. O filme nos transporta para a Dinamarca do final do século XIX, onde conhecemos Peter Andreas Sidenius, interpretado por Esben Smed, um jovem estudante de engenharia com uma família religiosa em Jutland. Determinado a buscar novas oportunidades, Peter deixa sua cidade natal e parte para Copenhague.
No ambiente cosmopolita da cidade grande, Peter se envolve com a família Solomon e seus caminhos se cruzam com Jakobe, interpretada por Katrine Greis-Rosenthal, a filha mais velha da família, que já está prometida a Eybert, vivido por Rasmus Bjerg.
O protagonista lida com questões relacionadas à sua fé e criação religiosa, enquanto enfrenta desafios em seus relacionamentos e tenta encontrar seu lugar na sociedade. O filme também aborda a temática do orgulho e como ele pode ser tanto uma força motivadora quanto uma armadilha para o protagonista.
A jornada de Peter é retratada com uma abordagem contemplativa, permitindo que as cenas se desenvolvam de forma orgânica. A cinematografia é habilmente utilizada para retratar a atmosfera da época, com paisagens dinamarquesas deslumbrantes como pano de fundo.
“Um Homem de Sorte” é um filme que nos leva a refletir sobre temas universais, como a identidade, ambição e o impacto das escolhas em nossas vidas. Com performances convincentes, direção competente e uma narrativa envolvente, o filme proporciona uma experiência cinematográfica memorável.
É vagamente baseado no estupro coletivo de Cheryl Araujo em 1983 em New Bedford, Massachusetts , e no julgamento resultante que recebeu cobertura nacional (e também foi o foco de um episódio da série de documentários de 2020 da Netflix Trial by Media). O filme explora os temas de classismo , misoginia , transtorno de estresse pós-traumático , slut shaming , culpabilização da vítima e empoderamento das mulheres .
“THE TROYAN WOMEN” 1971 (“AS TROYANAS”), do diretor Michael Cacoyannis (diretor das emblemáticas Electra” e “Zorba, o grego”), estrelado por Katharine Hepburn (Hécuba), Vanessa Redgrave (Andrômaca), Irene Papas (Helena, melhor atriz premiada por National Board of Review), Geneviève Bujold (Casandra), Patrick Magee (Menelao) e Brian Blessed (Talthybi Música: incrível banda sonora de Mikis Theodorakis (amigo de Cacoyannis) e a voz particular de Maria Farantouri (cantora grega de renome universal além de uma ativista política e cultural comprometida). Baseado na obra de Eurípides, esta fita trata da destruição de Tróia na Grécia antiga em vingança pela morte de Aquiles onde as mulheres troianas em sua solidão e desamparo pela morte de suas famílias; pais, maridos, filhos, netos, serão destinadas à escravidão e levadas às cortes dos príncipes gregos, também mostra a tirania da guerra que de forma desmesurada arremetia contra os mais frágeis; crianças, mulheres e idosos ensombrando ainda mais o confronto campal. Uma das grandes tragédias gregas no seu formato original de peça teatral, aqui a vemos numa adaptação cinematográfica muito bem representada por estas grandiosas e sólidas atrizes.
‘Asteroid City’ revela o esgotamento do cinema de Wes Anderson.
Novo longa-metragem do americano Wes Anderson, 'Asteroid City' é visualmente impactante, inventivo e repleto de “sacadas” de roteiro, mas suas pretensões formais sufocam sua alma, refém das ambições do cineasta.
Mais recente longa-metragem do cineasta norte-americano Wes Anderson, Asteroid City, que estreia nesta semana nos cinemas brasileiros, não é fácil de apresentar a um potencial espectador que não seja familiarizado com a obra do diretor. É propositalmente cifrado. Ambicioso, é mais um metafilme do que um filme, porque ao mesmo tempo em que discute a intersecção entre as linguagens cinematográfica, televisiva e teatral, é intrigantemente disfuncional: não parece estar nem lá nem cá em termos de forma e conteúdo. E isso não é, necessariamente, um defeito em um primeiro momento.
Situado em 1955, em uma localidade no meio do deserto, onde o céu azul grita artificialidade, o que mais chama a atenção é o fabuloso design de produção (cenografia e direção de arte) de Anderson, uma de suas marcas registradas. A ação principal se passa numa cidadezinha desolada, com pouco mais de um motel, uma lanchonete e uma oficina mecânica. A localidade se chama Asteroid City, porque lá caiu um asteroide anos antes.
A rocha especial, do tamanho de uma bola de vôlei, foi preservada e, embora não seja nada demais, atrai uma reunião anual de jovens estudantes e suas famílias para alguns dias de diversão em um acampamento de ciências. Nesse cartão postal vintage, tipicamente andersoniano, o diretor e roteirista, a partir de uma história sonhada com o colaborador de longa data Roman Coppola (filho do cineasta Francis Ford Coppla), cria um filme que, na verdade, é uma peça teatral (mas, no fundo, é um filme ou programa de TV). Estaria Wes Anderson, mais uma vez, discutindo a artificialidade? É claro que sim!
A ação é enquadrada no contexto de um programa de televisão em preto e branco que está sendo narrado por um apresentador, interpretado por Bryan Cranston (de Breaking Bad). A certa altura, o personagem aparece no set do drama Asteroid City, este em cores, como se tivesse sido transportado para dentro do programa de TV, que leva o mesmo nome do filme ao qual estamos a assistir.
Para tornar tudo ainda mais metalinguístico, essa atração televisiva – mais semelhante a uma peça do que com o telefilme que pretende ser – tem como foco o ato da criação da própria obra.
Enquanto isso, assistimos a um escritor (Edward Norton), talvez um alter ego do próprio Anderson que constrói a ação de Asteroid City no que parece ser um cenário. Sim, esse jogo auto reflexivo, intertextual, atinge aqui proporções muito complexas, quase confusas.
Quando uma personagem, a estrela de cinema de Midge Campbell (Scarlett Johansson), pergunta a outro protagonista, o fotógrafo de guerra Augie Steenbeck (Jason Schwartzman) por que ele acabou de queimar a mão em uma chapa que estava usando para cozinhar um sanduíche de queijo grelhado, ele responde que está escrito no roteiro. Mais uma vez, a fronteira entre real e ficção e totalmente borrada.
‘Asteroid City’: trama
A trama principal de Asteroid City diz respeito ao “relacionamento” (não chega a tanto) entre Augie e Midge, que acompanham seus respectivos filhos (vividos, respectivamente, Jake Ryan e Grace Edwards) em sua ida ao tal acampamento de Ciências. Isso acontece durante uma quarentena que o governo norte-americano impôs a Asteroid City depois que uma nave alienígena chega e seu piloto, que parece ser um extraterrestre, rouba o asteroide. Uma subtrama envolve o descarte dos restos mortais da falecida mulher de Augie, os quais ele carrega em um Tupperware.
É quando o sogro de Augie (vivido por Tom Hanks) aparece para ajudar a lidar com as três filhas de Augie, Andrômeda, Pandora e Cassiopeia (vividas pelas trigêmeas Ella, Gracie e Willan Faris). Esse avô, um dos raros personagens desagradáveis na carreira de Tom Hanks, os ajuda a enterrar as cinzas de sua mãe temporariamente – lembrando que eles podem não ter os direitos legais de usar o acampamento espacial como uma sepultura. “Eu questionaria se isso é mesmo um enredo”, diz Augie, em uma fala que soa como se Anderson estivesse questionando o próprio filme.
Refém
Asteroid City, apesar da originalidade e ousadia de sua proposta, é muito melhor como conceito, ideia, do que como filme. São poucos os momentos memoráveis. Em um deles, vários integrantes do elenco de Asteroid City (o filme dentro do filme) aparecem espontaneamente cantando “Dear Alien (Who Art in Heaven)”, escrita por Anderson em parcerias com Jarvis Cocker (da banda Pulp) e interpretada por um grupo que inclui o brasileiro Seu Jorge, que atuou em A Vida Aquática de Steve Zissou. É uma das poucas cenas orgânicas e espontâneas do hiperartifical Asteroid City.
O filme, talvez, seja o autorretrato de um artista que não sabe mais o que quer dizer, ou mesmo como fazê-lo, por já ter esgotado as próprias soluções formais, estéticas, que se impõem ao conteúdo: “Não sei mais dizer o que quero dizer” é uma das falas que mais ressoa ao fim do filme.
Visualmente impactante, inventivo, como toda a obra de Wes Anderson, Asteroid City é repleto de “sacadas” de roteiro, mas suas preocupações formais sufocam sua alma, e o filme parece ser refém de suas ambições. Está tudo conectado, mas não funciona, não sai do lugar, como o carro de Augie e seus filhos, preso no deserto.
PS: A distribuidora no Brasil foi esperta, vai esperar o público brasileiro baixar por torrent para ver se gostam do filme, para aí sim liberar nos cinemas.
Gostava bastante do estilo do Wes, para mim as animações stop Motion e o “ O Grande Hotel Budapeste ” são os melhores filmes que ele já fez.
Infelizmente parece que o Wes Anderson vem se tornando uma caricatura de si mesmo. Cada vez mais atores de calibre, o visual e a cinematografia cada vez mais tentando reforçar o estilo Wes Anderson, tudo isso em detrimento das histórias que vão se tornando cada vez menos interessantes, pulverizadas entre tantos personagens... É uma pena. O último que vi, The French Dispatch, é de uma chatice tremenda apesar de visualmente criativo, como sempre.
Saudades de quando Wes fazia filmes que além de beijar nossos olhos, tocavam nossos corações.
Tinha que ser mulher e mãe! Parabéns a Dona Pureza, que garra, que força! 💖💖💖💖💖💖
A saga de dona Pureza Loyola, a mulher que partiu em busca do filho e, no caminho, denunciou a existência do trabalho escravo moderno no Brasil Em sua caminhada solitária à procura do filho, Pureza passou por fazendas, registrou maus tratos, gravou vozes de gente oprimida à base de chicote e trouxe à tona as condições terríveis de trabalho a que pessoas simples eram submetidas, em plenos anos 90. A corajosa mulher enfrentou gente armada e políticos e mudou para sempre a história do trabalho no Brasil. Dona Pureza Loyola era viúva e cuidava do filho trabalhando em uma olaria, em Bacabal, Maranhão. Em 1992, seu querido rebento resolveu que iria buscar uma vida melhor em garimpos do Pará. Ele desapareceu. Sem dar notícias, Pureza abandonou a casa na cidade maranhense e iniciou uma epopeia por fazendas, carvoarias e garimpos do Maranhão e Pará.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça. É preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca. Maria, Maria mistura a dor e a alegria 🎶🎶 sem dúvidas essa música foi feita pra você dona Pureza ❣️
Onde Pureza passava, oferecendo serviço de limpadora e cozinheira, ela encontrava pessoas escravizadas. Gente com falta de esperança nos olhos de tanto sofrimento da labuta. Olhares e vocabulário simples, quase todos não sabiam ler ou contar dinheiro. Eram homens e mulheres escravizados dentro de fazendas, feudos modernos. Em um sistema em que a pessoa era agregada na fazenda, mas não conseguia sair porque contraía dívidas na venda do local. A caminhada de Pureza ocorreu entre 1993 e 1996. Ela passou pelos estados do Maranhão e Pará e fez uma quantidade enorme de registros em fotos, áudios e até vídeos. Encontrou pessoas que foram escravizadas 10, 15 até 20 vezes dentro de fazendas. Quando levou a denúncia para o Estado, muitos políticos tentaram tirar sua legitimidade, pois alguns deles eram donos das fazendas escravizadoras. Parece incrível, mas até meados dos anos 90, havia uma negação do próprio Estado sobre a existência de trabalho escravo no país.
Eu lembro do movimento que o governo fez na época para encontrar e libertar pessoas escravizadas mas, não sabia que foi por causa da guerreira Pureza
A coisa mudou com as denúncias de Pureza. O então presidente FHC, aconselhado por Ruth Cardoso, abriu portaria e iniciou os grupos móveis do Ministério Público do Trabalho que, junto com a polícia especializada e procuradores, percorriam fazendas e libertavam pessoas. E nos primeiros anos foram mais de 50 mil indivíduos que viviam em condições indignas. Dona Pureza recebeu prêmios internacionais, um deles da maior organização abolicionista do mundo. Além disso, tem seu nome colocado no hall da fama e honra das mulheres que desafiaram sistemas e não quebraram apenas as suas correntes, mas também às de seus semelhantes.
Nossa incrível essa história, eu não tinha conhecimento! Parabéns aos responsáveis dessa história por compartilhar com a gente.
O filho de Pureza voltou, viveu um inferno, mas esteve novamente nos braços da mãe, que lhe deu liberdade e conseguiu, através de muita coragem, garantir, que, ao menos o Estado, se comprometesse a quebrar as correntes que, apesar da Lei Áurea, promulgada a mais de 100 anos antes de dona Pureza peregrinar pelas fazendas de escravizados modernos, continuava prendendo trabalhadores pobres, que se viam reféns da exploração daqueles que se aproveitam da miséria para explorar o outro.
Um orgulho para o nosso país ter uma senhora assim e só hoje aos 54 anos soube desta história tão digna ,só que no nosso país este ato de coragem amor não são falados pela grande mídia lamentável...
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Quais são as QUINZE curiosidades sobre Steve Jobs?
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Quais são as 15 curiosidades sobre Steve Jobs? 15 curiosidades sobre Steve Jobs:
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
A Owner Entertainment e a Cinecolor estão prestes a lançar “Tração”, filme de ação que pretende ser uma espécie de versão brasileira de “Velozes e Furiosos”, só que com motos.
A trama aborda o universo das competições de motocross. O longa é do diretor André Luís Camargo (“Amor, Confuso Amor”), que também atua na produção. O elenco ainda conta com Marcos Pasquim (“Morde & Assopra”), Fiuk (“O Galã”), Duda Nagle (“Cúmplices de um Resgate”) e outros astros.
A história acompanha Ajax, um piloto profissional de motocross que sofre pela perda da mãe de sua filha. Certo dia, Ajax e seus amigos são abordados pelo político milionário DiMello com a proposta de uma grande competição com várias categorias de motos e muito dinheiro. No caso,
eles acabam caindo em uma armadilha e usam da velocidade sobre rodas para escapar desse golpe.
Pode ser o começo para uma franquia de ação brasileira
Durante a pré-estreia do filme, que aconteceu na segunda-feira (19/6) em São Paulo, o elenco comentou sobre a experiência de gravar um longa de ação no Brasil. Devido ao custo de produção, o gênero é bastante escasso no país, tendo poucos representantes de destaque como “Bacurau” (2019) e “Tropa de Elite” (2007). Mesmo assim, nenhum dos mencionados conta com cenas de velocidade como “Tração”.
“Eu estou muito ansioso, porque além das dificuldades que tivemos por causa da pandemia, é a primeira vez que vai ter drift no cinema nacional e estar fazendo parte dessa história em um filme de ação é muito especial”, declarou Fiuk em entrevista à Caras durante a première.
Vale mencionar que o ator pratica drift há mais de 10 anos. O esporte engloba competições de carro, onde os veículos são colocados para derrapar pelas curvas de um circuito. Este gênero de competição foi abordado no terceiro filme da franquia “Velozes e Furiosos” – “Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio”, de 2006.
Sem dar muitos detalhes sobre o seu papel, o ator revelou que o personagem pode ganhar maior destaque num possível segundo filme. “Ele é meio misterioso, talvez quando surgir o segundo filme o pessoal vai entender mais sobre ele, mas ele aparece em um momento específico da trama”, declarou.
Cenas de luta desafiadoras
Diante das cenas em alta velocidade, as sequências de ação foram um desafio para a produção e para o elenco. “A gente estava fazendo uma perseguição de carro que era um jipe que parecia um controle remoto gigante, só que era o dia mais frio do ano, geada lá em Santa Catarina, a gente dirigindo um carro sem vidro em alta velocidade, e cinema tem que repetir tudo 500 vezes”, revelou Duda Nagle.
O ator ainda disse que uma das cenas de luta foi filmada em cima de uma ponte. Em outra, onde acontece um tiroteio, ele declara que saiu “arrebentado” e “todo dolorido”. No enredo, Nagle interpreta John e descreveu seu personagem como uma “figura enigmática” que vai causar um impacto positivo na história. Além disso, para viver o personagem ele precisou passar por uma preparação intensiva.
“Eu pude usar várias técnicas de estudo, eu brinco que são estudos das artes dramáticas e marciais, porque é a mistura de luta com armas, as artes marciais, com as artes dramáticas”, explicou.
O elenco é completado por André Ramiro (“Tropa de Elite”), Paola Rodrigues (“Desafio Egito na Pegada”), Bruna Altieri (“Sistema Bruto”) e Mauricio Meirelles (“Foi Mau”).
Assistir a filmes como Bem-vindos de Novo auxiliam na compreensão do cinema que dá certo. Apesar de integralmente artesanal, contando com pouquíssimos recursos, Marcos Yoshi usa de seus parentes como objeto de estudo para dissecar questões tocantes a qualquer ser humano. Identificação familiar, imigração e pertencimento cultural estão entre elas. Aqui, observamos um círculo parental de descendência nipônica, mas que poderá ser absorvido por qualquer outro grupo. Pelos olhos atentos do diretor, aprendemos mais sobre nossa existência.
O pilar da trama são seus pais, o patriarca mais ainda. Ambos são dekasseguis, descendentes japoneses que tem a entrada facilitada na terra do sol nascente para atuar na linha de produção de diversas fábricas. Apesar das condições precárias de trabalho e da carga horária excessiva, diversos brasileiros com traços asiáticos embarcam nessa jornada por um salário maior ao que se tem acesso por aqui. Roberto e Yayoko Yoshisaki se distanciaram dos três filhos - Marcos, Nathalie e Cintya - na virada do milênio e permaneceram no Japão até 2013. Nesse meio tempo, juntaram alguns trocados, viram seus corpos envelhecerem de tanto labutarem em precárias circunstâncias e perderam o amadurecimento da prole, que foi designada aos tios e avós. Naturalmente, ao ver seus pais regressarem - quase uma década e meia depois -, o trio não mais os reconhece da mesma forma.
É nessa lacuna de tempo e espaço que o realizadora pergunta diversas vezes em narrações em off: "vale a pena abdicar tanto da família para, em tese, lhe proporcionar uma vida mais confortável?". As respostas são dadas através de imagens. O dinheiro que os pais mandam não é tão abundante como se prometia, mas Roberto não se permite desistir. Ele é uma figura à moda antiga, que se põe em último lugar, somou problemas de saúde ao longo do tempo e diz não saber "nada" sobre seus filhos. O provedor, aqui tão destacado em diversos momentos triviais, não conhece atividades de lazer. Seus assuntos são afazeres e nada mais.
Nesse Yin Yang matrimonial, Yayoko é a outra parte da filosofia. Ela prefere a família, demonstra com mais facilidade seus anseios e é a amansadora do progenitor. É ela que tenta recuperar o afeto entre todos, trocado por um programa entre governos que fez crescer ânsias das crias para com o país das flores de cerejeira. Aliás, nesse vai e vem, na temporada de verão de 2007, o triângulo de herdeiros chegou a cruzar o planeta, visitou rapidamente os pais e foi escalado por Roberto para atuar em esteiras de grandes multinacionais. A justificativa? "Aprender sobre como ganhar e dar valor ao dinheiro". Sim, mais uma vez o capital é quem dita as regras. O estrago foi tanto que as irmãs não mais pretendem pôr os pés na ilha.
Bem-Vindos de Novo é um filme simples e até não muito preocupado com a estética, afinal proliferam enquadramentos trêmulos, cortes bruscos e saltos temporais confusos durante sua narrativa. Entretanto, a busca de Yoshi é mais do que examinar sua situação, e sim quase apelar para estar mais próximo de quem ama. O realizador usa a câmera como um subterfúgio. O pai fica sem graça, não gosta de ser filmado. A mãe se sente bem, crê estar agradando o filho carente. Marcos é mais um de nós. Quando longe de quem honramos, qualquer motivo é aceitável para nos reconectarmos. E nesse caso, aqui, é o cinema.
Só em saber que o filme não é da Disney acho que o filme vai ser top e brutal ❤
Kraven - O Caçador é a história visceral sobre como e por que um dos vilões mais icônicos da Marvel surgiu. Vindo de um lar criminoso, ele que sobreviveu a um ataque de leão e ganhou uma conexão especial com os animais, Sergei Kravinoff, ou Kraven (Aaron Taylor-Johnson), é um dos maiores anti-heróis da Marvel e já viveu inúmeros embates com Peter Parker. Neste spin-off, que é mais um filme do universo Marvel na Sony, situado antes de sua notória vingança contra o Homem-Aranha, quando um inimigo entra na lista deste personagem dos mais icônicos, só há uma maneira de sair.
Meu maior medo é eles conseguirem incorporar o Homem Aranha nesse universo, primeiro ele terá que ser um vilão 😅
Reparem, as aranhas que descem em cima do Kraven tem o mesmo design da aranha no uniforme do homem aranha do Andrew Garfield. Coincidência?! CREIO QUE NÃO!!!!
Torcendo p/ o Rhino ser inspirado na primeira aparição dele nas HQs. Mostrando os conflitos e etc brabo pra caramba.
Queria uma adaptação da última caçada de Kraven, faça isso Sony
Para quem não conhece o personagem dos quadrinhos, o personagem foi apresentado originalmente em 1964.
Sergei Kravinoff é um imigrante russo e caçador que adora praticar caça nas savanas africanas. Além de usar só suas mãos como arma, para ter poderes além das capacidades humanas, Kraven utiliza uma poção mágica.
Seus poderes são força, velocidade, agilidade, reflexos, resistência, energia e sentidos além da capacidade humana. Tudo isso o confere poder suficiente para brigar com elefantes, gorilas e até mesmo rinocerontes, ao mesmo tempo que consegue correr numa velocidade equivalente a de um um guepardo.
Depois de conquistar vários desafios, ele se torna obcecado para provar que é o maior caçador do mundo.
Quando o vilão descobre a existência do Homem-Aranha, por intermédio do Camaleão (que é meio-irmão de Kraven), o caçador entende que o herói é a presa definitiva e parte para Nova York.
Embora nunca tenha aparecido nos cinemas, o vilão já teve histórias icônicas, em particular “A Ultima Caçada De Kraven”, de 1987, considerada a história mais sombria de toda a trajetória do Homem-Aranha – a resposta da Marvel ao “Cavaleiro das Trevas”
O quarto longa da Sony focado num inimigo do Homem-Aranha foi escrito por Richard Wenk (“O Protetor”), teve seu roteiro revisado por Art Marcum e Matt Holloway (dupla de “Homem de Ferro”), e conta com direção de JC Chandor (“Operação Fronteira”).
A prévia sugere mais a origem de um anti-vilão que um vilão, com Kraven se rebelando contra as barbáries de seu pai. Além desta produção, Taylor-Johnson (Na Mira do Atirador, Tenet, O Garoto de Liverpool) assinou um contrato múltiplo para retratar o personagem em várias obras, prevendo um encontro com o Homem-Aranha em seu futuro.
A violência de algumas cenas explica porque esse é o primeiro filme do universo Marvel da Sony com classificação etária para maiores – R-Rated nos EUA.
Se todo filme de herói tivesse essa pegada +18 iam ser de longe as melhores produções do cinema, estilo Logan e Deadpool, pelo trailer deu p/ ter um bom hype, era p/ os filmes de Venom (2018 e 2021) ter sido dessa maneira, imagina um carnage insano como parece que vai ser o Kraven hahaha
‘Bem-vindos de novo’ emociona ao falar sobre a reaproximação de uma família!
Documentário de Marcos Yoshi, 'Bem-vindos de novo' aborda a história de uma família cujos pais foram para o Japão para trabalhar, afastando-se fisicamente dos filhos.
Os registros feitos em câmeras VHS pelas famílias durante os anos 80 e 90 têm sido matéria-prima valiosa para os documentários brasileiros. Ao menos desde Elena (2012), de Petra Costa, sabemos que há ali um tipo de memória que já não é mais produzida, neste mundo em que a onipresença de celulares (e, por consequência, de performances) se tornou a regra.
Mas, por vezes, essas visões do passado podem também servir para recuperar um pouco de um passado melancólico, ao mesmo tempo em que se misturam com a produção de novas memórias sobre o presente. O tocante documentário Bem-vindos de novo, longa-metragem de estreia de Marcos Yoshi, explora a ideia desta fusão para abordar um tema duro para ele: a história de sua família.
Marcos é sansei, ou seja, é um filho de terceira geração de imigrantes japoneses no Brasil. Mas a história de sua família nuclear é, de certa forma, um retrato das crises brasileiras e das promessas ilusórias do capitalismo. Seus pais, Roberto e Yayoko Yoshisaki, criaram os 3 filhos tocando um pequeno negócio em Foz do Iguaçu.
Quando a empresa começa a ruir, eles tomam uma decisão radical: o de ir ao Japão para trabalhar e juntar dinheiro, enquanto deixam os filhos sob o cuidado dos avós. Inserem-se no fenômeno conhecido como dekassegui, em que descendentes de japoneses retornam temporariamente para o país de origem no intuito de trabalhar.
O que era para durar apenas 2 anos acaba durando 13. Quando eles retornam, há um processo de redescoberta entre os pais e os filhos que Marcos decide registrar em forma de filme (que se tornou resultado de sua dissertação de mestrado em Cinema na ECA-USP). O resultado é um documentário relativamente simples, enquanto formato, cujo foco está em trazer a subjetividade da experiência do filho – que cresceu, em suas próprias palavras, como um “órfão de pais vivos”- sempre em primeiro plano.
Um retrato duro da crise do capitalismo em um plano individual
Bem-vindos de novo encontra sua singularidade ao conseguir unificar dois aspectos que, por vezes, aparecem divorciados na nossa percepção individual: a vida política, social, e os impactos nas vivências particulares dos indivíduos. Ao começo do filme, Marcos Yoshi diz se espantar que seus pais nunca relacionaram os perrengues financeiros que passavam com as sucessivas crises econômicas do Brasil.
Ainda que esse não seja o foco desse filme delicado, há uma espécie de denúncia sobre a falência inerente ao sistema capitalista, em que a vida se torna um eterno processo de produção – tal como um rato que passa o tempo correndo em uma roda sem chegar a lugar nenhum. O que o filme vai mostrando é o preço caro que a escolha desses pais (o de deixar os filhos para trás, justamente para conseguir dinheiro para sustentá-los) está cobrando hoje de toda essa família.
Ao retornar ao Brasil, conforme o documentário tristemente nos mostra, Roberto e Yayoko Yoshisaki continuam tendo que girar essa roda infinita, o que vai elevando neles o grau de frustração e raiva – sentimentos que vão sendo revelados sobretudo em Roberto, dando luz a cenas fortes, como quando o pai chora por não ver muita saída para ele e a mulher.
O grau de intimidade exibido nesses registros só é possível pelo fato de que foram capturados pelo olhar do filho, que também buscar trazer à tona o fato de que há artifícios usados neste processo. Isso se mostra, por exemplo, quando Marcos resolve incluir uma cena em que meio “dirige” os pais para entrem em um carro para poder capturar o ângulo desejado.
Mesmo quando há artificialidade, há também uma atmosfera tocante da proximidade. Yoshi declarou que, muitas vezes, os pais expressaram a sensação de que ninguém iria assistir a um filme sobre eles. Ainda assim, foram generosos e não deixaram nunca de colaborar – talvez por carregarem certa culpa pelos seus anos de ausência.
Como o diretor vai amarrando a história contada com suas próprias considerações, acaba dando espaço para que haja insights valiosos sobre a dinâmica da família. Como explica em certo momento: embora tenha sido feito para poder se aproximar de seus pais, Bem-vindos de novo também acaba funcionando como uma estratégia para que eles possam conhecer o filho.
Aitaré da Praia (1925), dirigido por Gentil Roiz, representa de forma lírica diversos contrastes sociais, alguns conflitos românticos e elementos culturais no contexto do Ciclo Cinematográfico de Recife (1922 – 1931), em mais uma produção da Aurora Filme, que se insere num momento de expansão da indústria cinematográfica nacional, marcado por uma busca de identidade e por uma marcha em direção à profissionalização do setor.
Segundo registros da Cinemateca Brasileira, houve também uma versão desse filme produzida em 1927, sob direção de Ary Severo, Jota Soares e Luiz Maranhão. O contexto dessa produção é dado através das seguintes notas: “MAM/Ciclo de Recife informa que Edson Chagas adquiriu um negativo incompleto da produção homônima de 1925, da extinta Aurora Filme, e refilmou algumas partes extraviadas”. Outra nota de contexto é dada através da revista Cinearte, em diferentes datas: 5 de outubro e 28 de dezembro de 1927, e 18 de janeiro de 1928, falando da “compra dos negativos e refilmagens das partes “piores” que foram suprimidas da primeira versão. A mesma fonte, em 21 de março de 1928, anuncia a conclusão das refilmagens”.
Ambientado em um vilarejo litorâneo, o filme narra a história do pescador Aitaré, que se envolve romanticamente com Cora. Nesta relação, podemos ver a exploração do embate entre tradição e modernidade, evidenciado tanto na descrição das belas praias da região quanto na introdução do ambiente sofisticado da aristocracia recifense, indo de encontro às transformações sociais em curso no Brasil dos anos 1920. No desenvolvimento da fita, o espectador se depara com uma porção de elementos regionais, como o cotidiano dos jangadeiros, as canções e as festas. Em meio à história de amor, porém, revela-se um conflito de aspecto histórico e também classista e racista, o que acabará conduzindo o drama ao desalento.
Quando Cora conta à sua mãe, D. Guilhermina, a paixão por Aitaré, ouve uma veemente reprovação, acompanhada da seguinte fala: “Este mestiço por quem te apaixonaste é o último descendente de uma raça que há cem anos passados imperou com todo o despotismo neste recanto. Aqui consumaram-se fatos terríveis, verdadeiros atos de atrocidade. Tu, minha filha, tu queres casar com o último de uma raça que foi nossa maior inimiga? O sangue maldito daquela raça ainda deve imperar, influindo no caráter do homem a quem, na tua ingenuidade, amas”.
Levando em conta as falas anteriores de que Aitaré era um “pobre pescador, sem educação e sem futuro”, e somando esta forte exposição preconceituosa em relação ao sangue indígena, temos um dos muitos pacotes de arranjo e aprovação ou recusa de casamentos em diversos lugares do Brasil, até mesmo entre famílias pobres: a origem étnica do pretendente e sua posição social eram julgadas e poderiam ser utilizadas como motivação para a família impedir o matrimônio.
Apesar de filmar bem as cenas no litoral e ter uma interessante mise-en-scène na primeira parte da obra, a montagem truncada e o final abrupto e um tanto confuso de Aitaré da Praia atrapalham bastante o filme a se desenvolver bem. Também não se pode ignorar o aspecto monótono e cansativo de algumas sequências, prejudicando o envolvimento do espectador.
Apesar de suas limitações, a fita merece ser apreciada num específico contexto de produção, especialmente quando lembramos que traz uma cena com blackface. A obra oferece uma visão bastante conhecida dos brasileiros sobre tradição e modernidade, questões de classe, etnia e mobilidade social. É uma contribuição importante para o cinema brasileiro, refletindo a busca por identidade em uma época de grande entusiasmo na nossa Sétima Arte.
Casa Izabel’ é poderosa alegoria sobre hipocrisia e poder no Brasil de ontem e hoje – Olhar de Cinema.
Filme que abriu o Olhar de Cinema, 'Casa Izabel', dirigido por Gil Baroni, aborda a ditadura, identidades de gênero e o contexto histórico atual, em obra pujante e com elenco em grande atuação.
Na sequência inicial de Casa Izabel, impactante longa-metragem do cineasta paranaense Gil Baroni que abriu na noite de quarta-feira, em uma Ópera de Arame lotada, o festival Olhar de Cinema, vê-se um homem (Andrei Moscheto) chegar de ônibus a uma propriedade rural imponente, em estilo colonial brasileiro. O ano é 1970 e o país está em plena ditadura.
O visitante, sujeito corpulento, bastante tímido, hesitante, é recebido por Dália, uma empregada, com ares de governanta, que lhe apresenta de modo levemente autoritário, ainda que sem perder a polidez, as regras do estabelecimento, uma espécie de hotel-fazenda – o lugar se chama Casa Grande Izabel, o que nos revela um tanto sobre o passado do lugar.
Armas devem ser deixadas na recepção, em hipótese alguma os hóspedes deverão abordar assuntos de caráter pessoal, íntimo, com os demais visitantes e está terminantemente proibida a “fornicação”. Em seguida, o recém-chegado é conduzido por outra funcionária, Leila (Jorge Neto), na verdade um rapaz jovem, vestido de mulher, ao andar superior, onde ele também poderá escolher trajes femininos que vestirá enquanto lá estiver. Também lhe é solicitado que escolha um nome feminino, de sua preferência. Opta por Regina, e é informado que significa rainha em latim.
Aos poucos, por meio de uma narrativa tensa, imersa em uma saborosa mistura de mistério e humor, vamos descobrindo o que é a Casa Izabel. Trata-se de um inusitado refúgio para homens maduros, casados, que gostam de viver a fantasia de trajar roupas femininas exuberantes, de se sentirem como mulheres ricas que se conhecem há muito tempo, e partilham de cumplicidade, porque guardam um traço comum: fora dali, no mundo masculino, são todos militares de carreira.
Espécie de alegoria buñuelesca sobre a hipocrisia e o poder no Brasil. Casa Izabel é mais um acerto de Gil Baroni, diretor de Alice Júnior, premiada comédia dramática teen protagonizada por uma adolescente trans, também roteirizada pelo talentoso Luiz Bertazzo. Ambos são filmes queer, que discutem cada um à sua maneira identidades de gênero, mas Casa Izabel é uma obra mais madura, grave e perturbadora, porque fala do que não se vê, do que está oculto, em uma sociedade que se orgulha de seu conservadorismo, de suas convenções sociais rígidas.
Bertazzo se baseou livremente em Casa Susanna, livro de fotografias que mostra os frequentadores do lugar que lhe dá título: homens estadunidenses travestidos de mulher que se reuniam secretamente, entre os anos 1950 e 60, aos fins de semana nessa propriedade isolada, em Catskills, no estado de Nova York
Ditadura
Mas Casa Izabel conta uma história bem brasileira. Dália (Laura Haddad, excelente) não é apenas uma serviçal. Ela vive na pele a dor de não saber o que aconteceu com o filho, um estudante universitário, militante de esquerda, que desapareceu sem deixar rastros. É empregada há anos da casa, que leva o nome de sua dona, vivida por um esplêndido Luís Melo. Ela/ele, doente, às portas da morte, vive trancado em um quarto fétido, onde assiste a filmes caseiros que retratam os dias dias de glória do estabelecimento.
Com medo de ser abandonada, Izabel promete deixar, quando morrer, a fazenda à empregada e seus filhos – o outro, na verdade um sobrinho, é Leila, que recebe e serve, também vestido de mulher, os hóspedes.
O elenco de Casa Izabel, grande vencedor da última edição do Cine PE, realizado em Recife, é, sem exagero, espetacular. Além de Melo, estão em cena grandes atores paranaenses, como o saudoso Luiz Carlos Pazello (que partiu em abril passado), Zeca Cenovicz, Andrei Moschetto, Sidy Correia, Otávio Linhares, Fábio Silvestre e a revelação Jorge Neto, que arrasa como Leila.
Aplaudidíssimo na gelada mas fervilhante sessão de abertura do Olhar de Cinema, Casa Izabel é um filme que nos atropela, porque nos diz respeito. Rodado em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, é uma obra que se remete ao passado, mas fala de um Brasil mais presente do que imaginamos, do que gostaríamos, onde estruturas de poder oligárquicas, patriarcais e falso moralistas se perpetuam através do tempo. Não poderia ter sido uma escolha melhor para inaugurar o maior evento cinematográfico do Paraná.
Preparar o lenço p/ o final de ano, espero sentir a mesma emoção quanto no clássico com a Whoopi Goldberg, não estraguem algo tão lindo e emocionante 😢
A Cor Púrpura: nem mesmo a vi0l3nci4 é capaz de destruir a esperança... O antigo é lindo, comovente e uma superação surpreendente. Eu espero que esse filme possa transmitir essa luta que as duas irmãs tiveram, principalmente a mais velha. Eu estou ansiosa!
A cor purpura (1985) recebeu 11 indicações ao Oscar e merecia ter ganho todas, somente o racismo da academia explica o filme não ter ganho nada. Uma obra única e atemporal, não sei se o reboot vai superar o clássico. Mas com certeza irei ver no cinema
Calma Halle Bailey, mal te superamos em A pequena sereia e vc já veio arrebenta o coração assim!
Herói de Sangue
3.2 2 Assista AgoraHomens africanos usados como bucha de canhão na 1ª Guerra Mundial.
O título original de Herói de Sangue é Tirailleurs, nome que designa os fuzileiros da infantaria colonial francesa, cujas atuações mais famosas se deram durante as duas guerras mundiais. Esse recrutamento não se limitava ao Senegal; na verdade, vinha de toda a “África Ocidental Francesa”, largo território que hoje representa 8 países africanos, onde a França escravizava e/ou explorava desumanamente os habitantes locais. Ou seja, cometia os mesmos crimes contra a humanidade que as nações europeias cometeram em suas colônias de África e Ásia. Essas divisões acabaram recebendo o adjetivo de “tirailleurs sénégalais“, por ter sido neste país que se formou o primeiro regimento “tirailleur” africano — e essa distinção é necessária, porque também haviam tirailleurs na “Indochina Francesa”, hoje Vietnã, Laos, Camboja e a província de Cantão/Guangdong, na China.
O roteiro de Olivier Demangel e Mathieu Vadepied se coloca como memória desse pedaço da História que a França quer esquecer, e embora não dedique tempo a dar nome às atrocidades cometidas pelos franceses no continente africano (só para ficar nos tirailleurs, não nos esqueçamos do horrendo Massacre de Thiaroye, evento para o qual há um ótimo filme de Ousmane Sembène lançado em 1988), fala o suficiente para qualquer espectador com o mínimo de entendimento sobre a dinâmica do capital colonizador europeu odiar ainda mais esse processo. Thierno Diallo (Alassane Diong, em interpretação contida, mas muito marcante) é capturado e forçado, junto de tantos outros jovens senegaleses, a servir de bucha de canhão nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial e, para protegê-lo, seu pai também se alista no Exército. A interpretação de Omar Sy para o personagem do pai é digna de aplausos, principalmente porque o roteiro trabalha tanto a parte emotiva da relação paterna quanto os dilemas que um pai-soldado protegendo um filho-soldado podem trazer.
A produção foi muito certeira em filmar a obra em francês e fula (ou pular), pois a questão da língua dá um peso muito grande à mensagem que a obra pretende transmitir. O cerne é político: trata de legado histórico e de memória, mas a abordagem para isso vem através da convivência entre soldados de diferentes etnias africanas, com seus conflitos internos, seus crimes, sua humanidade, lealdade, coragem ou erros e covardia. Um filme que, assim como outras obras sobre esse momento histórico que focam na essência humana e na transformação do ser humano em meio ao horror da guerra (A Grande Ilusão, Nada de Novo no Front ou Glória Feita de Sangue, só para citar alguns) está preocupado com as vítimas e procura entender como a busca por um escape do inferno transforma uma pessoa para pior. Nessa esteira entra as diferentes relações entre pais e filhos, vista entre os protagonistas e também na figura do Tenente Chambreau (Jonas Bloquet, que aparece pouco, mas está muito bem no filme, com destaque para a fantástica cena em que ele conversa com Diallo, oferecendo-lhe uma bebida pela primeira vez).
Mathieu Vadepied usa a câmera na mão em momentos-chave da obra, e filma muito bem os embates dos soldados africanos contra os alemães. O diretor também sabe explorar o silêncio, uma qualidade que infelizmente está se perdendo no cinema de nossos tempos. Quando utilizado no momento certo, o silêncio tem a capacidade de tornar tensa uma sequência inteira, e permitir reflexões adicionais àquilo que o roteiro ou mesmo a atuação de um elenco tão bom quanto o que temos neste filme é capaz de entregar. Herói de Sangue mostra um aspecto propositalmente esquecido da colonização francesa na África, o de uso descartável de homens negros na linha de frente da Grande Guerra, mas fala da sobrevivência, da força de um laço emotivo, dos problemas de relacionamento e principalmente da memória dessas pessoas que foram vistas como dispensáveis, e hoje, tardiamente, têm o seu sacrifício lembrado e valorizado.
Apesar da montagem abrupta e com um critério de continuidade narrativamente confuso em algumas cenas (com saltos estranhos entre dia e noite, interrupção de falas sem um motivo relevante ou mudança espacial aleatória), a fita tem grande impacto sobre o espectador porque a direção consegue contar uma boa história a partir de diferentes caminhos de interpretação e possibilidades de análise. Há que se elogiar também a fotografia noturna de Luis Armando Arteaga, que consegue fazer algo visualmente belo, mas não monocromático e nem predominantemente impossível de enxergar; e a música de Alexandre Desplat, que cria algo sóbrio e plenamente a serviço da história, sem inventar bobagens musicais e querer chamar atenção para si. Há, inclusive, um momento importante de passagem suave e progressiva de uma cena de silêncio para uma composição épica de ataque que chega e se recolhe na hora certa.
Ao narrar a história dos vencidos e dos dominados, Herói de Sangue expande a nossa visão para as relações de poder que tivemos ao longo da História e nos convida a pensar sobre o que faremos com esta memória, com estas informações, com a possibilidade de acertar social e politicamente. Basta saber se esse pensamento encontra solo fértil em tempos como os nossos. Até agora, a guerra tem sido um ato de repetição estúpida da humanidade. E a cada novo filme sobre um conflito armado e a cada nova reflexão sobre a destruição que eles têm o poder de trazer, a grande pergunta da civilização ecoa: até quando?
Nota: 3,5/ 5 (ou seja, Muito Bom)
O Engenheiro
2.3 7 Assista AgoraHirsch está se preparando mais uma vez para o novo thriller de ação terrorista O Engenheiro e aqui ele está interpretando um ex-agente do Mossad que reuniu uma unidade de elite de agentes e mercenários para rastrear os extremistas responsáveis por um atentado mortal em Israel. Balas e bravatas disparam no tempo decorrido, então confira no trailer!
Quando se pensa em ação, o ator Emil Hirsch geralmente não vem à mente como uma estrela de ação. O ator construiu silenciosamente uma filmografia de adrenalina, incluindo o thriller militar quase perfeito Lone Survivor, juntamente com outros títulos, incluindo Pursuit, Never Grow Old e The Darkest Hour.
SINOPSE
Na veia de “Homeland” e “Fauda” vem este thriller de ação baseado em fatos reais e estrelado por Emile Hirsch (Into the Wild) e Tzahi Halevi (Bethlehem). Enquanto Israel é abalado por uma série de atentados terroristas, a filha de um senador dos EUA é morta em uma explosão sangrenta. Agora, o ex-agente do Mossad Etan (Hirsch) deve liderar uma equipe secreta de elite de agentes e mercenários para encontrar o homem responsável - o indescritível "Engenheiro". Eles podem encontrar e destruir o louco antes que mais vidas inocentes sejam perdidas?
Barbie
3.9 1,6K Assista Agora‘Barbie’ acerta em cheio ao agregar alegria a uma mensagem poderosa
Esperado filme de Greta Gerwig, 'Barbie' oferta ao espectador uma obra consistente e leve sobre os problemas enfrentados pelas mulheres.
Dentro do mundo capitalista, tudo que for tóxico e existir por tempo suficiente poderá ser ressignificado como objeto de desejo. Talvez este seja um dos resumos possíveis para Barbie, o esperado longa de Greta Gerwig, certamente o maior sucesso recente no marketing cinematográfico. Mesmo nós, mulheres que fomos criadas brincando de Barbies sabendo que elas eram o pior tipo de exemplo para as meninas, parecemos estar sedentas para entrar no universo barbiecore que passou a circular nos últimos meses (e talvez seja também por isso, essa nossa tendência a “absolver” produtos culturais problemáticos, que Barbie chegue a nós na mesma época em que Xuxa é redesignada como cult por seus antigos baixinhos).
Era tanta expectativa em torno do lançamento que é quase impossível que Barbie fosse uma obra-prima. Mas, certamente, não se pode dizer que este não seja um filme muito divertido, e – sim, altamente favorável à Mattel, a fabricante da boneca. De todo modo, a grande riqueza dele está no roteiro sagaz, escrito por Greta Gerwig e seu marido, o também cineasta Noah Baumbach, que é repleto de tiradas cabeçudas direcionadas ao público da dupla – como na cena, por exemplo, em que um Ken tenta impressionar uma Barbie fazendo uma comparação entre Stephen Malkmus, do Pavement, com Lou Reed.
Barbie (Margot Robbie) e Ken (Ryan Gosling): casal imperfeito.
Ou seja: este não é um filme para as crianças – não que haja alguma restrição, mas pelo simples fato de que elas não acharão muita graça. É claro que há toda uma história bem acessível e meio óbvia de empoderamento feminino, que deve agradar os mais jovens ou os menos afeitos às afetações cinéfilas (a piada sobre O Poderoso Chefão é uma das mais engraçadas do filme).
Mas Barbie, na verdade, fala menos da nocividade do produto milionário da Mattel e opta em mirar a um alvo mais delicado: os homens – sobretudo, os brancos.
O mundo (im)perfeito da Barbielândia
O roteiro de Barbie é perfeitamente construído para atiçar a nostalgia, ficando bem claro que há ali as mãos e a mente de quem já brincou muito com a boneca. Tudo está lá: as roupas cor de rosa, as casas todas abertas, os Corvettes conversíveis, as roupas colecionáveis, os pés permanentemente inclinados da Barbie, a falta de genitália, o recurso de “voar” para ir de um lugar a outro nas mãos das donas. As Barbies, como sugere a cena de abertura – uma brincadeira divertida referenciando 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick – foram uma verdadeira revolução.
Até então, as meninas brincavam com bonecas que eram apenas seus bebês, sedimentando nelas aos poucos um modelo apenas de existência: ser mãe e dona de casa. Mas quando a loiríssima Barbie chega em cena, com seu maiô e batom vermelho, ela propõe outro parâmetro para essas crianças: o de entrar no mundo do trabalho e ser o que elas quiserem (contanto que sejam lindas, femininas e magras, claro).
A “Barbielândia”, o ambiente apresentado no filme em que vivem as bonecas em suas várias versões, é um mundo sem nenhum conflito, onde tudo é bonito, alegre, colorido e sorridente. Só que – essa é a primeira sacada de Greta Gerwig – neste universo, as mulheres são o centro, e os homens simplesmente são um apêndice delas.
Quando o mundo perfeito da Barbie começa a ruir, a Barbie Estereotípica (Margot Robbie) precisa descobrir o que fazer para voltar à inércia de sua vida perfeita. Ao pesquisar, ela acaba chegando na Barbie Esquisita (Kate McKinnon) – uma sacada incrível: a Barbie estragada pelas meninas que cortaram seu cabelo, queimaram, quebraram suas pernas – para encontrar uma solução. E ela vem ao estilo Matrix: Barbie Estereotípica tem que optar por permanecer no sonho ou conhecer a verdade.
Os Kens são uma atração à parte em ‘Barbie’. Imagem: Divulgação.
É claro que não há exatamente uma escolha, e a Barbie Estereotípica acaba indo parar no mundo de “verdade”, o dos humanos, em que há sentimentos conflitantes e sujeitos mal-intencionados. Junto a ela, cola em seu Corvette o seu “namorado” Ken (Ryan Gosling, adorável no papel), um apaixonado meio banana que simplesmente não sabe quem é sem a cara metade.
A trama se desenrola a partir daí – quando Barbie toma altas doses de decepção sobre a vida lá fora, e Ken começa a vislumbrar uma existência bem melhor para ele e seus amigos. E essa miragem surge a partir do contato com um conceito: patriarcado (que Ken, hilariamente, acredita ter a ver com homens e cavalos).
As consequências disso, como pode se imaginar, são terríveis. Mas essa ideia é concretizada no filme de maneira leve e divertida – e talvez se possa dizer aqui que Greta Gerwig acerta em fazer circular uma mensagem poderosa (a de que as mulheres têm em mãos a chave para se libertar de homens abusivos) em forma de uma grande piada.
Ok, Barbie com certeza é uma obra blockbuster feita sob medida para vender milhões de produtos cor de rosa. Também diria que o filme poderia muito bem ser condensado em meia hora a menos. Ainda assim, isso não tira o brilho da criação absolutamente inventiva de Gerwig, que acrescenta em sua já bela filmografia mais uma obra memorável.
Nota: 8/10
PS: 💌 Barbie é um fenômeno mesmo 😂❤️!!! Barbie dará mais bilheteria que Oppenheimer pois tem um marketing melhor? É o filme do momento???
Barbie é um filme mais comercial, não que isso seja ruim, só que são dois filmes muito diferentes.
A Noite do Dia 12
3.8 14Nunca pensei que poderia existir um filme voltado aos investigadores atormentados por não concluirem certos crimes e o diretor Dominik Moll foi lá e fez.
La Nuit du 12 não se prontifica a solucionar o mistério, vide o enunciado no início dele, no entanto foi um dos suspenses que mais souberam me conduzir.
Em uma pequena cidade na França, uma moça de 21 anos chamada Clara Royer (Lula Cotton-Frapier) passa momentos divertidos na casa da melhor amiga. Ela, que mora nas redondezas, resolve ir para casa a pé. No caminho, ela é brutalmente assassinada: um homem joga álcool no seu rosto e em seguida ateia fogo. Este é o mote inicial de A Noite do Dia 12, thriller dirigido por Dominik Moll e que se sagrou grande vencedor do César, considerado o “Oscar francês”.
O longa ganhou seis prêmios (entre eles, o de melhor filme, diretor e ator coadjuvante) e levantou muita discussão por ser uma ficção inspirada em um caso real – narrado no livro 18.3: Une année à la PJ, da escritora Pauline Guéna. A riqueza do filme está justamente em sua capacidade de subverter os recursos do thriller – a busca de peças que aos poucos vão se encaixando em prol de uma solução – e, quiçá, até de criticar a febre de true crime, que o diretor diz não gostar. Estamos diante muito mais de uma história de frustrações em torno de questões de gênero.
Dito de outra forma, A Noite do Dia 12 narra o caso de uma equipe cheia de policiais homens que investiga um feminicídio (a terminologia jurídica não existe na França, fazendo com que não haja dados oficiais deste tipo de crime por lá).
A investigação sobre a morte de Clara vai levando a vários suspeitos, todos homens com quem ela teve algum tipo de envolvimento sexual. Por consequência, os policiais começam a insinuar respostas de que ela estava pedindo para ser assassinada. Mas logo, o novo chefe do departamento, Yohan (Bastien Bouillon, vencedor do César de melhor ator revelação) começa a se confrontar com os seus próprios preconceitos.
Isto ocorre, por exemplo, em uma cena marcante em que ele interroga a melhor amiga de Clara, que acusa a polícia de culpar a vítima por se apaixonar muito facilmente. O diálogo é suficiente para que haja uma quebra e Yohan seja “possuído” pela fixação de solucionar o caso, que bate nos empecilhos do descaso, das pistas confusas e da falta de orçamento para investigações.
Ao mesmo tempo, Yohan trabalha ao lado do policial mais calejado da equipe, Marceau (Bouli Lanners, vencedor do César de melhor ator coadjuvante), que, por razões pessoais, também se envolve avidamente na tentativa de solucionar o assassinato de Clara.
A investigação do feminicídio sob um olhar pessimista
Os louros conquistados por A Noite do Dia 12 parecem todos justificados. O fato é que o longa-metragem de Dominik Moll consegue provocar sensações incômodas no espectador – e não aquelas costumeiramente causadas por filmes de investigação policial.
O cenário frio e algo deserto do interior da França colabora para que o filme se torne uma experiência desconfortável. Tal como em outros detetives famosos, Yohan vai se tornando um investigador atormentado por um “fantasma”, e não consegue mais soltar do caso pelo fato de notar que não tem exatamente as ferramentas adequadas para investigar o assassinato de Clara.
Em certo momento, uma detetive mulher entra na equipe e solta uma frase que ressoa na mente no público: “os homens causam os feminicídios, e são também os homens os responsáveis por investigá-los”. Esta pérola do roteiro explicita que o caso de Clara é apenas um entre tantos outros – de tantas Claras que foram mortas por vários homens ao mesmo tempo, como imagina Yohan em certo momento.
A frustração em torno da solução dos feminicídios (não apenas em encontrar os assassinos, mas sim em descobrir o que fazer para que deixem de ocorrer) encontra ainda uma rica analogia no ciclismo praticado por Yohan, sempre de maneira circular, dentro de um velódromo, como se nunca saísse do lugar. Com um roteiro muito inspirado e capaz de provocar incômodo, A Noite do Dia 12 é um filmaço.
Napoleão
3.1 323 Assista AgoraEstava sentido falta desse tipo de filme nas telonas. Ridley Scott e Joaquim Phoenix juntos!!?? Sinto Cheiro de Oscar mano. Finalmente um filme moderno de Napoleão. E ainda mais com essa lenda interpretando ele
Por que ninguém está falando da representação dos quadros clássicos, como o cavalo na esfinge e a autocoroação? É simplesmente lindo!
Joaquim Phoenix é o ator perfeito, pra esse papel, acertaram em cheio
Estou empolgado por esse filme. Já estudei muito a história de Napoleão e ele é uma figura histórica muito interessante. Sei que o filme vai retratar muito da relação dele com Josephine, mas eu tenho mais interesse em ver a batalha das pirâmides, Waterloo, e claro, Austerlitz. Não sei se o filme vai mostrar toda a trajetória do imperador, a fuga de Elba, o exílio final em Santa Helena, mas de qualquer forma, tenho alta expectativa.
Tudo o herói faz coisas erradas ao longo da história existiram muitos assim como, Alexandre o grande Júlio César Genghis Khan, Aníbal e muitos outros e também figuras históricas como Cleópatra, Napoleão não seria diferente deles ele pode ter sido um herói pra França mas ele cometeu algumas crueldades que as coalizões usaram como propaganda contra ele nas guerras napoleônicas
Saiba mais aqui: https : / / www . youtube .com / watch? v = P0zEarJakew
O Rio do Desejo
3.4 45Intenso e sensual ‘O Rio do Desejo’ surpreende com sua trama erótica amazônica!
Dirigido pelo baiano Sérgio Machado, 'O Rio do Desejo' é um dos melhores filmes nacionais de 2023. Encabeçam o elenco Daniel Oliveira, Sophie Charlotte e Gabriel Leone.
Há filmes brasileiros que, infelizmente, não recebem a atenção que merecem. É o caso do ótimo O Rio do Desejo, longa-metragem do cineasta baiano Sérgio Machado, que já pode ser visto na plataforma de streaming Globoplay.
Coprodução do Canal Brasil, O Rio do Desejo nos leva como espectadores ao coração da Amazônia, que serve de cenário para uma trágica história de amor e desejos não ditos e represados. Em uma pequena localidade às margens de um rio de intensa navegação fluvial, o policial militar Dalberto, vivido por Daniel Oliveira (de Cazuza – O Tempo Não Para), se apaixona por Anaira, papel de Sophie Charlotte, que em breve será vista nas telas como a protagonista de Meu Nome É Gal, cinebiografia da cantora Gal Costa.
Anaira vive um relação abusiva com seu companheiro e, quando conhece Dalberto, vê a chance de mudar de vida. É amor à primeira vista. O PM se casa com a moça e a leva para morar na casa ribeirinha que divide com os dois irmãos, o fotógrafo Dalmo, interpretado pelo ótimo Romulo Braga, e pelo caçula da família, o organizador de festas e músico Armando, personagem defendido pelo astro Gabriel Leone, de Eduardo e Mônica.
Insatisfeito com a profissão, Dalberto decide abandonar a farda e comprar um barco para transporte de pessoas e mercadorias pela Bacia Amazônica. A rotina do casal muda quando o barqueiro sai em viagem de trabalho, para levar ao Peru um foragido da Justiça, e deixa a esposa em companhia dos irmãos.
Desacostumados com a presença feminina de uma mulher tão jovem e bonita dentro de casa, eles começam a cobiçar a cunhada, cada um a sua maneira.
Com uma belíssima fotografia de Sergio Teijillo, da série Narcos, O Rio do Desejo capta a exuberância da geografia amazônica, a intensa beleza das paisagens da floresta, mas não de forma exótica ou ilustrativa. A natureza, com sua mata densa e, sobretudo, as águas caudalosas do rio, que ambientam a trama, são encharcados pelo intenso desejo provocado pela presença de Anaira e seu impacto sobre os três irmãos.
Sérgio Machado, que traz no currículo o excelente Cidade Baixa (2005), protagonizado por Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga, reafirma em O Rio do Desejo que sabe como poucos retratar em seu cinema as armadilhas do amor e do desejo. Intenso, tenso e muito sensual, é um dos bons filmes nacionais de 2023.
Canção ao Longe
2.7 2‘Canção ao Longe’ é um drama delicado sobre uma mulher em busca de si mesma!
Filme de Clarissa Campolina, 'Canção ao Longe' traz a história de uma jovem arquiteta negra que procura retomar o contato com o pai.
Filme que marca a estreia solo na direção de Clarissa Campolina, Canção ao Longe inicia com uma cena marcante: uma menina negra que vê as paredes de sua casa desmoronar, enquanto ela ainda está dentro. Trata-se de um recurso poético potente que vai se conectar com a história sensível – e feminina – contada no longa.
O drama acompanha a vida de Jimena (papel de Mônica Maria), uma jovem mulher negra que se sente perdida em seu lugar no mundo. Ela mora com a mãe e a avó (que são brancas) em Belo Horizonte e desenvolve sua carreira como arquiteta. Mas há uma inquietação dentro de si que é simbolizada pela distância do pai, um peruano que voltou para o país de origem, abandonando a família.
Essa ausência deixa um vazio em Jimena que só cresce com o tempo. Ao querer saber do pai, de quem a mãe e a avó falam pouco, ela intenta descobrir sobre si e sobre seu lugar no mundo. Para isso, começa a trocar cartas com o pai depois de bastante tempo sem contato.
‘Canção ao Longe’: uma história de crescimento
Pode-se talvez encaixar o sensível Canção ao Longe dentro do tradicional gênero coming of age, muito explorado na literatura, no qual se acompanha o amadurecimento de um personagem que rompe a casca da adolescência para enfrentar as dores de se tornar adulto.
Contudo, o filme de Clarissa Campolina traz camadas a mais ao abordar a questão da raça. Filha de um casal interracial, Jimena sofre pela falta de referenciais pretos, assim como ela. A única chance que parece ter para achar esse lugar é o pai – o que também coloca uma grande expectativa sobre quais os retornos que terá dele. “Perdi as contas de quantas vezes tive que responder se sou adotada”, escreve ela em carta ao pai.
Toda esta história é tratada de maneira muito suave neste filme em que o feminino também parece transbordar, sem apelar a clichês. Outro trunfo é que Jimena é encarnada lindamente pela atriz e artista visual Mônica Maria, que consegue nos entregar a tristeza pulsante, mas sutil, que vive dentro da arquiteta. Seu olhar vazio ecoa na tela e permanece com o espectador até depois do fim do filme.
Procurar a si mesma e o seu lugar tem a ver, também, com a perspectiva geográfica, espacial. Jimena sente que precisa romper com a casa da mãe e da avó, que representam um modelo de mundo com o qual ela não se identifica. Ao mesmo tempo, ela encontra algumas pistas sobre o passado pelas cartas do pai, mesmo que ele pareça resistente a lhe entregar um pouco mais sobre a própria vida.
O que o roteiro (escrito por Clarissa Campolina, Caetano Gotardo e Sara Pinheiro) vai sutilmente nos revelando é que talvez Jimena só possa eclodir à medida em que adquirir forças para quebrar tudo, metaforicamente falando. Ela precisa “matar” a mãe e o pai para poder ir achando um espaço de existência que faça sentido – o que também pode aparecer na relação que ela vai construindo com um namorado e o filho dele.
Repleto de silêncios e de momentos fortes (um deles é a cena sublime em que a cantora Juliana Perdigão aparece cantando Caetano Veloso em uma janela), Canção ao Longe é um pequeno filme (em duração) que surpreende em sua delicadeza.
A Praga
3.4 13A Praga’ resgata obra perdida de José Mojica Marins, o Zé do Caixão!
Filme inédito encontrado no lixo, 'A Praga' tem roteiro assinado pelo escritor pulp Rubens Francisco Lucchetti. Texto originalmente era de um episódio do programa 'Além, Muito Além do Além' na década de 1960.
Em maio de 2012, o cineasta José Mojica Marins esteve em Curitiba para participar da estreia do espetáculo À Meia-noite Levarei Teu Cadáver, da companhia Vigor Mortis. A peça era uma homenagem ao legado do cineasta paulista, comandada pelo diretor Paulo Biscaia Filho. No fim do espetáculo, o intérprete do personagem Zé do Caixão cumprimentou o público e anunciou aos gritos: “A Praga vem aí!”.
O agouro demorou a acontecer. Isso porque o filme A Praga chega aos cinemas comerciais em diversas cidades do país nesta semana depois de mais de quatro décadas de espera. O roteiro, assinado pelo escritor pulp Rubens Francisco Lucchetti, era de um episódio do programa Além, Muito Além do Além na década de 1960.
Nos anos 1970, Mojica quis levar a história para o cinema, mas o projeto foi engavetado por falta de recursos e os negativos foram dados como perdidos. O produtor Eugenio Puppo, como conta o crítico Marcelo Miranda em uma matéria para a Folha de S. Paulo, encontrou os rolos em sacos de lixo enquanto preparava uma mostra retrospectiva sobre o cineasta.
Em 2007, depois de um intenso trabalho de restauração que virou o documentário A Última Praga de Mojica, exibido antes de A Praga, a obra voltou à etapa de filmagens e ganhou uma dublagem e efeitos visuais.
A trama acompanha um homem que, durante uma viagem, ridiculariza uma velha senhora. Ela, então, lhe joga uma praga que o faz ter terríveis pesadelos e o leva a um estado de loucura e paranoia.
Em maio do ano passado, o filme foi exibido no Cine Passeio, em Curitiba, em uma sessão especial. Uma década depois do anúncio do próprio Mojica. O diretor não chegou a ver o lançamento da obra, pois morreu em 2020.
Diferenças para outros trabalhos
A Praga difere de outros trabalhos de José Mojica Marins por ele não atuar, sendo apenas o narrador que convida o espectador a mergulhar na história de Juvenal (interpretado por Felipe Von Rhein), jovem que ignora os perigos de se aproximar de uma velha senhora, provocando-a até que ela despeje sua ira nele.
O filme inicia com um relato de Puppo sobre o seu trabalho com Mojica, apresentando os bastidores da trama que será mostrada na sequência. Cenas do diretor atrás das câmeras, preparando sua fala e concentrando para entrar em cena são os motes do direcionamento dado por Eugenio.
Um Homem de Sorte
3.5 77Este deslumbrante filme de época dirigido por Bille August, duas vezes ganhador da Palma de Ouro em Cannes, vai te deixar sem folego!
“Um Homem de Sorte” é um envolvente drama de época dirigido por Bille August, duas vezes ganhador da Palma de Ouro em Cannes, baseado no livro “Lykke-Per” do autor dinamarquês Henrik Pontoppidan, ganhador do Nobel de Literatura. O filme nos transporta para a Dinamarca do final do século XIX, onde conhecemos Peter Andreas Sidenius, interpretado por Esben Smed, um jovem estudante de engenharia com uma família religiosa em Jutland. Determinado a buscar novas oportunidades, Peter deixa sua cidade natal e parte para Copenhague.
No ambiente cosmopolita da cidade grande, Peter se envolve com a família Solomon e seus caminhos se cruzam com Jakobe, interpretada por Katrine Greis-Rosenthal, a filha mais velha da família, que já está prometida a Eybert, vivido por Rasmus Bjerg.
O protagonista lida com questões relacionadas à sua fé e criação religiosa, enquanto enfrenta desafios em seus relacionamentos e tenta encontrar seu lugar na sociedade. O filme também aborda a temática do orgulho e como ele pode ser tanto uma força motivadora quanto uma armadilha para o protagonista.
A jornada de Peter é retratada com uma abordagem contemplativa, permitindo que as cenas se desenvolvam de forma orgânica. A cinematografia é habilmente utilizada para retratar a atmosfera da época, com paisagens dinamarquesas deslumbrantes como pano de fundo.
“Um Homem de Sorte” é um filme que nos leva a refletir sobre temas universais, como a identidade, ambição e o impacto das escolhas em nossas vidas. Com performances convincentes, direção competente e uma narrativa envolvente, o filme proporciona uma experiência cinematográfica memorável.
Acusados
3.9 202 Assista AgoraÉ vagamente baseado no estupro coletivo de Cheryl Araujo em 1983 em New Bedford, Massachusetts , e no julgamento resultante que recebeu cobertura nacional (e também foi o foco de um episódio da série de documentários de 2020 da Netflix Trial by Media). O filme explora os temas de classismo , misoginia , transtorno de estresse pós-traumático , slut shaming , culpabilização da vítima e empoderamento das mulheres .
As Troianas
3.9 17“THE TROYAN WOMEN” 1971 (“AS TROYANAS”), do diretor Michael Cacoyannis (diretor das emblemáticas Electra” e “Zorba, o grego”), estrelado por Katharine Hepburn (Hécuba), Vanessa Redgrave (Andrômaca), Irene Papas (Helena, melhor atriz premiada por National Board of Review), Geneviève Bujold (Casandra), Patrick Magee (Menelao) e Brian Blessed (Talthybi Música: incrível banda sonora de Mikis Theodorakis (amigo de Cacoyannis) e a voz particular de Maria Farantouri (cantora grega de renome universal além de uma ativista política e cultural comprometida).
Baseado na obra de Eurípides, esta fita trata da destruição de Tróia na Grécia antiga em vingança pela morte de Aquiles onde as mulheres troianas em sua solidão e desamparo pela morte de suas famílias; pais, maridos, filhos, netos, serão destinadas à escravidão e levadas às cortes dos príncipes gregos, também mostra a tirania da guerra que de forma desmesurada arremetia contra os mais frágeis; crianças, mulheres e idosos ensombrando ainda mais o confronto campal. Uma das grandes tragédias gregas no seu formato original de peça teatral, aqui a vemos numa adaptação cinematográfica muito bem representada por estas grandiosas e sólidas atrizes.
Asteroid City
3.1 191 Assista Agora‘Asteroid City’ revela o esgotamento do cinema de Wes Anderson.
Novo longa-metragem do americano Wes Anderson, 'Asteroid City' é visualmente impactante, inventivo e repleto de “sacadas” de roteiro, mas suas pretensões formais sufocam sua alma, refém das ambições do cineasta.
Mais recente longa-metragem do cineasta norte-americano Wes Anderson, Asteroid City, que estreia nesta semana nos cinemas brasileiros, não é fácil de apresentar a um potencial espectador que não seja familiarizado com a obra do diretor. É propositalmente cifrado. Ambicioso, é mais um metafilme do que um filme, porque ao mesmo tempo em que discute a intersecção entre as linguagens cinematográfica, televisiva e teatral, é intrigantemente disfuncional: não parece estar nem lá nem cá em termos de forma e conteúdo. E isso não é, necessariamente, um defeito em um primeiro momento.
Situado em 1955, em uma localidade no meio do deserto, onde o céu azul grita artificialidade, o que mais chama a atenção é o fabuloso design de produção (cenografia e direção de arte) de Anderson, uma de suas marcas registradas. A ação principal se passa numa cidadezinha desolada, com pouco mais de um motel, uma lanchonete e uma oficina mecânica. A localidade se chama Asteroid City, porque lá caiu um asteroide anos antes.
A rocha especial, do tamanho de uma bola de vôlei, foi preservada e, embora não seja nada demais, atrai uma reunião anual de jovens estudantes e suas famílias para alguns dias de diversão em um acampamento de ciências. Nesse cartão postal vintage, tipicamente andersoniano, o diretor e roteirista, a partir de uma história sonhada com o colaborador de longa data Roman Coppola (filho do cineasta Francis Ford Coppla), cria um filme que, na verdade, é uma peça teatral (mas, no fundo, é um filme ou programa de TV). Estaria Wes Anderson, mais uma vez, discutindo a artificialidade? É claro que sim!
A ação é enquadrada no contexto de um programa de televisão em preto e branco que está sendo narrado por um apresentador, interpretado por Bryan Cranston (de Breaking Bad). A certa altura, o personagem aparece no set do drama Asteroid City, este em cores, como se tivesse sido transportado para dentro do programa de TV, que leva o mesmo nome do filme ao qual estamos a assistir.
Para tornar tudo ainda mais metalinguístico, essa atração televisiva – mais semelhante a uma peça do que com o telefilme que pretende ser – tem como foco o ato da criação da própria obra.
Enquanto isso, assistimos a um escritor (Edward Norton), talvez um alter ego do próprio Anderson que constrói a ação de Asteroid City no que parece ser um cenário. Sim, esse jogo auto reflexivo, intertextual, atinge aqui proporções muito complexas, quase confusas.
Quando uma personagem, a estrela de cinema de Midge Campbell (Scarlett Johansson), pergunta a outro protagonista, o fotógrafo de guerra Augie Steenbeck (Jason Schwartzman) por que ele acabou de queimar a mão em uma chapa que estava usando para cozinhar um sanduíche de queijo grelhado, ele responde que está escrito no roteiro. Mais uma vez, a fronteira entre real e ficção e totalmente borrada.
‘Asteroid City’: trama
A trama principal de Asteroid City diz respeito ao “relacionamento” (não chega a tanto) entre Augie e Midge, que acompanham seus respectivos filhos (vividos, respectivamente, Jake Ryan e Grace Edwards) em sua ida ao tal acampamento de Ciências. Isso acontece durante uma quarentena que o governo norte-americano impôs a Asteroid City depois que uma nave alienígena chega e seu piloto, que parece ser um extraterrestre, rouba o asteroide. Uma subtrama envolve o descarte dos restos mortais da falecida mulher de Augie, os quais ele carrega em um Tupperware.
É quando o sogro de Augie (vivido por Tom Hanks) aparece para ajudar a lidar com as três filhas de Augie, Andrômeda, Pandora e Cassiopeia (vividas pelas trigêmeas Ella, Gracie e Willan Faris). Esse avô, um dos raros personagens desagradáveis na carreira de Tom Hanks, os ajuda a enterrar as cinzas de sua mãe temporariamente – lembrando que eles podem não ter os direitos legais de usar o acampamento espacial como uma sepultura. “Eu questionaria se isso é mesmo um enredo”, diz Augie, em uma fala que soa como se Anderson estivesse questionando o próprio filme.
Refém
Asteroid City, apesar da originalidade e ousadia de sua proposta, é muito melhor como conceito, ideia, do que como filme. São poucos os momentos memoráveis. Em um deles, vários integrantes do elenco de Asteroid City (o filme dentro do filme) aparecem espontaneamente cantando “Dear Alien (Who Art in Heaven)”, escrita por Anderson em parcerias com Jarvis Cocker (da banda Pulp) e interpretada por um grupo que inclui o brasileiro Seu Jorge, que atuou em A Vida Aquática de Steve Zissou. É uma das poucas cenas orgânicas e espontâneas do hiperartifical Asteroid City.
O filme, talvez, seja o autorretrato de um artista que não sabe mais o que quer dizer, ou mesmo como fazê-lo, por já ter esgotado as próprias soluções formais, estéticas, que se impõem ao conteúdo: “Não sei mais dizer o que quero dizer” é uma das falas que mais ressoa ao fim do filme.
Visualmente impactante, inventivo, como toda a obra de Wes Anderson, Asteroid City é repleto de “sacadas” de roteiro, mas suas preocupações formais sufocam sua alma, e o filme parece ser refém de suas ambições. Está tudo conectado, mas não funciona, não sai do lugar, como o carro de Augie e seus filhos, preso no deserto.
PS: A distribuidora no Brasil foi esperta, vai esperar o público brasileiro baixar por torrent para ver se gostam do filme, para aí sim liberar nos cinemas.
Gostava bastante do estilo do Wes, para mim as animações stop Motion e o “ O Grande Hotel Budapeste ” são os melhores filmes que ele já fez.
Infelizmente parece que o Wes Anderson vem se tornando uma caricatura de si mesmo. Cada vez mais atores de calibre, o visual e a cinematografia cada vez mais tentando reforçar o estilo Wes Anderson, tudo isso em detrimento das histórias que vão se tornando cada vez menos interessantes, pulverizadas entre tantos personagens... É uma pena. O último que vi, The French Dispatch, é de uma chatice tremenda apesar de visualmente criativo, como sempre.
Saudades de quando Wes fazia filmes que além de beijar nossos olhos, tocavam nossos corações.
Pureza
4.0 94 Assista AgoraTinha que ser mulher e mãe! Parabéns a Dona Pureza, que garra, que força! 💖💖💖💖💖💖
A saga de dona Pureza Loyola, a mulher que partiu em busca do filho e, no caminho, denunciou a existência do trabalho escravo moderno no Brasil
Em sua caminhada solitária à procura do filho, Pureza passou por fazendas, registrou maus tratos, gravou vozes de gente oprimida à base de chicote e trouxe à tona as condições terríveis de trabalho a que pessoas simples eram submetidas, em plenos anos 90.
A corajosa mulher enfrentou gente armada e políticos e mudou para sempre a história do trabalho no Brasil.
Dona Pureza Loyola era viúva e cuidava do filho trabalhando em uma olaria, em Bacabal, Maranhão. Em 1992, seu querido rebento resolveu que iria buscar uma vida melhor em garimpos do Pará. Ele desapareceu.
Sem dar notícias, Pureza abandonou a casa na cidade maranhense e iniciou uma epopeia por fazendas, carvoarias e garimpos do Maranhão e Pará.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça. É preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca. Maria, Maria mistura a dor e a alegria 🎶🎶 sem dúvidas essa música foi feita pra você dona Pureza ❣️
Onde Pureza passava, oferecendo serviço de limpadora e cozinheira, ela encontrava pessoas escravizadas. Gente com falta de esperança nos olhos de tanto sofrimento da labuta.
Olhares e vocabulário simples, quase todos não sabiam ler ou contar dinheiro. Eram homens e mulheres escravizados dentro de fazendas, feudos modernos. Em um sistema em que a pessoa era agregada na fazenda, mas não conseguia sair porque contraía dívidas na venda do local.
A caminhada de Pureza ocorreu entre 1993 e 1996. Ela passou pelos estados do Maranhão e Pará e fez uma quantidade enorme de registros em fotos, áudios e até vídeos.
Encontrou pessoas que foram escravizadas 10, 15 até 20 vezes dentro de fazendas. Quando levou a denúncia para o Estado, muitos políticos tentaram tirar sua legitimidade, pois alguns deles eram donos das fazendas escravizadoras.
Parece incrível, mas até meados dos anos 90, havia uma negação do próprio Estado sobre a existência de trabalho escravo no país.
Eu lembro do movimento que o governo fez na época para encontrar e libertar pessoas escravizadas mas, não sabia que foi por causa da guerreira Pureza
A coisa mudou com as denúncias de Pureza. O então presidente FHC, aconselhado por Ruth Cardoso, abriu portaria e iniciou os grupos móveis do Ministério Público do Trabalho que, junto com a polícia especializada e procuradores, percorriam fazendas e libertavam pessoas.
E nos primeiros anos foram mais de 50 mil indivíduos que viviam em condições indignas.
Dona Pureza recebeu prêmios internacionais, um deles da maior organização abolicionista do mundo.
Além disso, tem seu nome colocado no hall da fama e honra das mulheres que desafiaram sistemas e não quebraram apenas as suas correntes, mas também às de seus semelhantes.
Nossa incrível essa história, eu não tinha conhecimento! Parabéns aos responsáveis dessa história por compartilhar com a gente.
O filho de Pureza voltou, viveu um inferno, mas esteve novamente nos braços da mãe, que lhe deu liberdade e conseguiu, através de muita coragem, garantir, que, ao menos o Estado, se comprometesse a quebrar as correntes que, apesar da Lei Áurea, promulgada a mais de 100 anos antes de dona Pureza peregrinar pelas fazendas de escravizados modernos, continuava prendendo trabalhadores pobres, que se viam reféns da exploração daqueles que se aproveitam da miséria para explorar o outro.
Um orgulho para o nosso país ter uma senhora assim e só hoje aos 54 anos soube desta história tão digna ,só que no nosso país este ato de coragem amor não são falados pela grande mídia lamentável...
Steve Jobs: Um Hippie Milionário
3.3 3As QUINZE curiosidades sobre Steve Jobs:
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Steve Jobs: One Last Thing
2.6 3Quais são as QUINZE curiosidades sobre Steve Jobs?
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Steve Jobs: O Homem e a Máquina
3.7 16 Assista AgoraQuais são as 15 curiosidades sobre Steve Jobs?
15 curiosidades sobre Steve Jobs:
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Steve Jobs: Como Ele Mudou o Mundo
3.6 20Quais são as 15 curiosidades sobre Steve Jobs?
Steve Jobs co-fundou a Apple em 1976, junto com Steve Wozniak, na garagem de sua casa em Los Altos, Califórnia.
Ele foi adotado logo após seu nascimento, em São Francisco, Califórnia, por Paul e Clara Jobs.
Antes de fundar a Apple, Jobs trabalhou na Atari, onde ajudou a desenvolver o jogo "Breakout".
Ele foi responsável por alguns dos produtos mais icônicos da Apple, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
Steve Jobs foi demitido da Apple em 1985 após uma disputa de poder interna. No entanto, ele retornou à empresa em 1997 e a ajudou a se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Além da Apple, Jobs também fundou a empresa de animação Pixar, que foi responsável por filmes de sucesso como "Toy Story" e "Procurando Nemo".
Ele era conhecido por seu estilo de apresentação carismático e cativante, que incluía a famosa frase "One more thing..." (Mais uma coisa...) antes de revelar um novo produto ou recurso.
Steve Jobs era um perfeccionista e insistia em design elegante e funcionalidade intuitiva em seus produtos.
Ele era conhecido por seu estilo de liderança exigente e por ser um perfeccionista detalhista. Ele acreditava que a combinação de hardware, software e serviços era essencial para criar uma experiência de usuário excepcional.
Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas em 2003 e passou por tratamentos médicos, incluindo uma cirurgia de transplante de fígado. Infelizmente, ele faleceu em 5 de outubro de 2011.
O discurso de formatura de Steve Jobs na Universidade Stanford em 2005 se tornou um dos mais famosos da história. Ele compartilhou sua perspectiva sobre a vida, a morte e a importância de seguir sua paixão.
Jobs era conhecido por sua visão de futuro e suas previsões sobre a evolução da tecnologia. Ele antecipou o impacto dos dispositivos móveis, serviços de música digital e computação em nuvem.
Durante sua vida, Jobs registrou mais de 300 patentes relacionadas a produtos da Apple e inovações tecnológicas.
Ele era conhecido por seu estilo de vestir característico, que incluía camisetas de gola alta preta, jeans e tênis New Balance.
Após sua morte, Steve Jobs foi homenageado e sua contribuição para a indústria da tecnologia foi reconhecida em todo o mundo. Sua visão e liderança deixaram um legado duradouro na Apple e na indústria de tecnologia como um todo.
Essas são apenas algumas curiosidades sobre a vida de Steve Jobs, um dos ícones mais influentes da história da tecnologia.
Tração
1.4 1 Assista AgoraA Owner Entertainment e a Cinecolor estão prestes a lançar “Tração”, filme de ação que pretende ser uma espécie de versão brasileira de “Velozes e Furiosos”, só que com motos.
A trama aborda o universo das competições de motocross. O longa é do diretor André Luís Camargo (“Amor, Confuso Amor”), que também atua na produção. O elenco ainda conta com Marcos Pasquim (“Morde & Assopra”), Fiuk (“O Galã”), Duda Nagle (“Cúmplices de um Resgate”) e outros astros.
A história acompanha Ajax, um piloto profissional de motocross que sofre pela perda da mãe de sua filha. Certo dia, Ajax e seus amigos são abordados pelo político milionário DiMello com a proposta de uma grande competição com várias categorias de motos e muito dinheiro. No caso,
eles acabam caindo em uma armadilha e usam da velocidade sobre rodas para escapar desse golpe.
Pode ser o começo para uma franquia de ação brasileira
Durante a pré-estreia do filme, que aconteceu na segunda-feira (19/6) em São Paulo, o elenco comentou sobre a experiência de gravar um longa de ação no Brasil. Devido ao custo de produção, o gênero é bastante escasso no país, tendo poucos representantes de destaque como “Bacurau” (2019) e “Tropa de Elite” (2007). Mesmo assim, nenhum dos mencionados conta com cenas de velocidade como “Tração”.
“Eu estou muito ansioso, porque além das dificuldades que tivemos por causa da pandemia, é a primeira vez que vai ter drift no cinema nacional e estar fazendo parte dessa história em um filme de ação é muito especial”, declarou Fiuk em entrevista à Caras durante a première.
Vale mencionar que o ator pratica drift há mais de 10 anos. O esporte engloba competições de carro, onde os veículos são colocados para derrapar pelas curvas de um circuito. Este gênero de competição foi abordado no terceiro filme da franquia “Velozes e Furiosos” – “Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio”, de 2006.
Sem dar muitos detalhes sobre o seu papel, o ator revelou que o personagem pode ganhar maior destaque num possível segundo filme. “Ele é meio misterioso, talvez quando surgir o segundo filme o pessoal vai entender mais sobre ele, mas ele aparece em um momento específico da trama”, declarou.
Cenas de luta desafiadoras
Diante das cenas em alta velocidade, as sequências de ação foram um desafio para a produção e para o elenco. “A gente estava fazendo uma perseguição de carro que era um jipe que parecia um controle remoto gigante, só que era o dia mais frio do ano, geada lá em Santa Catarina, a gente dirigindo um carro sem vidro em alta velocidade, e cinema tem que repetir tudo 500 vezes”, revelou Duda Nagle.
O ator ainda disse que uma das cenas de luta foi filmada em cima de uma ponte. Em outra, onde acontece um tiroteio, ele declara que saiu “arrebentado” e “todo dolorido”. No enredo, Nagle interpreta John e descreveu seu personagem como uma “figura enigmática” que vai causar um impacto positivo na história. Além disso, para viver o personagem ele precisou passar por uma preparação intensiva.
“Eu pude usar várias técnicas de estudo, eu brinco que são estudos das artes dramáticas e marciais, porque é a mistura de luta com armas, as artes marciais, com as artes dramáticas”, explicou.
O elenco é completado por André Ramiro (“Tropa de Elite”), Paola Rodrigues (“Desafio Egito na Pegada”), Bruna Altieri (“Sistema Bruto”) e Mauricio Meirelles (“Foi Mau”).
Bem-Vindos de Novo
3.4 6Assistir a filmes como Bem-vindos de Novo auxiliam na compreensão do cinema que dá certo. Apesar de integralmente artesanal, contando com pouquíssimos recursos, Marcos Yoshi usa de seus parentes como objeto de estudo para dissecar questões tocantes a qualquer ser humano. Identificação familiar, imigração e pertencimento cultural estão entre elas. Aqui, observamos um círculo parental de descendência nipônica, mas que poderá ser absorvido por qualquer outro grupo. Pelos olhos atentos do diretor, aprendemos mais sobre nossa existência.
O pilar da trama são seus pais, o patriarca mais ainda. Ambos são dekasseguis, descendentes japoneses que tem a entrada facilitada na terra do sol nascente para atuar na linha de produção de diversas fábricas. Apesar das condições precárias de trabalho e da carga horária excessiva, diversos brasileiros com traços asiáticos embarcam nessa jornada por um salário maior ao que se tem acesso por aqui. Roberto e Yayoko Yoshisaki se distanciaram dos três filhos - Marcos, Nathalie e Cintya - na virada do milênio e permaneceram no Japão até 2013. Nesse meio tempo, juntaram alguns trocados, viram seus corpos envelhecerem de tanto labutarem em precárias circunstâncias e perderam o amadurecimento da prole, que foi designada aos tios e avós. Naturalmente, ao ver seus pais regressarem - quase uma década e meia depois -, o trio não mais os reconhece da mesma forma.
É nessa lacuna de tempo e espaço que o realizadora pergunta diversas vezes em narrações em off: "vale a pena abdicar tanto da família para, em tese, lhe proporcionar uma vida mais confortável?". As respostas são dadas através de imagens. O dinheiro que os pais mandam não é tão abundante como se prometia, mas Roberto não se permite desistir. Ele é uma figura à moda antiga, que se põe em último lugar, somou problemas de saúde ao longo do tempo e diz não saber "nada" sobre seus filhos. O provedor, aqui tão destacado em diversos momentos triviais, não conhece atividades de lazer. Seus assuntos são afazeres e nada mais.
Nesse Yin Yang matrimonial, Yayoko é a outra parte da filosofia. Ela prefere a família, demonstra com mais facilidade seus anseios e é a amansadora do progenitor. É ela que tenta recuperar o afeto entre todos, trocado por um programa entre governos que fez crescer ânsias das crias para com o país das flores de cerejeira. Aliás, nesse vai e vem, na temporada de verão de 2007, o triângulo de herdeiros chegou a cruzar o planeta, visitou rapidamente os pais e foi escalado por Roberto para atuar em esteiras de grandes multinacionais. A justificativa? "Aprender sobre como ganhar e dar valor ao dinheiro". Sim, mais uma vez o capital é quem dita as regras. O estrago foi tanto que as irmãs não mais pretendem pôr os pés na ilha.
Bem-Vindos de Novo é um filme simples e até não muito preocupado com a estética, afinal proliferam enquadramentos trêmulos, cortes bruscos e saltos temporais confusos durante sua narrativa. Entretanto, a busca de Yoshi é mais do que examinar sua situação, e sim quase apelar para estar mais próximo de quem ama. O realizador usa a câmera como um subterfúgio. O pai fica sem graça, não gosta de ser filmado. A mãe se sente bem, crê estar agradando o filho carente. Marcos é mais um de nós. Quando longe de quem honramos, qualquer motivo é aceitável para nos reconectarmos. E nesse caso, aqui, é o cinema.
Fonte: Papo de cinema
Kraven, o Caçador
8Wolverine: "Picado por um garfo."
Homem aranha: "Picado por uma aranha."
Kraven: "Picado por um leão."
Só em saber que o filme não é da Disney acho que o filme vai ser top e brutal ❤
Kraven - O Caçador é a história visceral sobre como e por que um dos vilões mais icônicos da Marvel surgiu. Vindo de um lar criminoso, ele que sobreviveu a um ataque de leão e ganhou uma conexão especial com os animais, Sergei Kravinoff, ou Kraven (Aaron Taylor-Johnson), é um dos maiores anti-heróis da Marvel e já viveu inúmeros embates com Peter Parker. Neste spin-off, que é mais um filme do universo Marvel na Sony, situado antes de sua notória vingança contra o Homem-Aranha, quando um inimigo entra na lista deste personagem dos mais icônicos, só há uma maneira de sair.
Meu maior medo é eles conseguirem incorporar o Homem Aranha nesse universo, primeiro ele terá que ser um vilão 😅
Reparem, as aranhas que descem em cima do Kraven tem o mesmo design da aranha no uniforme do homem aranha do Andrew Garfield. Coincidência?! CREIO QUE NÃO!!!!
Torcendo p/ o Rhino ser inspirado na primeira aparição dele nas HQs. Mostrando os conflitos e etc brabo pra caramba.
Queria uma adaptação da última caçada de Kraven, faça isso Sony
Para quem não conhece o personagem dos quadrinhos, o personagem foi apresentado originalmente em 1964.
Sergei Kravinoff é um imigrante russo e caçador que adora praticar caça nas savanas africanas. Além de usar só suas mãos como arma, para ter poderes além das capacidades humanas, Kraven utiliza uma poção mágica.
Seus poderes são força, velocidade, agilidade, reflexos, resistência, energia e sentidos além da capacidade humana. Tudo isso o confere poder suficiente para brigar com elefantes, gorilas e até mesmo rinocerontes, ao mesmo tempo que consegue correr numa velocidade equivalente a de um um guepardo.
Depois de conquistar vários desafios, ele se torna obcecado para provar que é o maior caçador do mundo.
Quando o vilão descobre a existência do Homem-Aranha, por intermédio do Camaleão (que é meio-irmão de Kraven), o caçador entende que o herói é a presa definitiva e parte para Nova York.
Embora nunca tenha aparecido nos cinemas, o vilão já teve histórias icônicas, em particular “A Ultima Caçada De Kraven”, de 1987, considerada a história mais sombria de toda a trajetória do Homem-Aranha – a resposta da Marvel ao “Cavaleiro das Trevas”
– que termina em suicídio
O quarto longa da Sony focado num inimigo do Homem-Aranha foi escrito por Richard Wenk (“O Protetor”), teve seu roteiro revisado por Art Marcum e Matt Holloway (dupla de “Homem de Ferro”), e conta com direção de JC Chandor (“Operação Fronteira”).
A prévia sugere mais a origem de um anti-vilão que um vilão, com Kraven se rebelando contra as barbáries de seu pai. Além desta produção, Taylor-Johnson (Na Mira do Atirador, Tenet, O Garoto de Liverpool) assinou um contrato múltiplo para retratar o personagem em várias obras, prevendo um encontro com o Homem-Aranha em seu futuro.
A violência de algumas cenas explica porque esse é o primeiro filme do universo Marvel da Sony com classificação etária para maiores – R-Rated nos EUA.
Se todo filme de herói tivesse essa pegada +18 iam ser de longe as melhores produções do cinema, estilo Logan e Deadpool, pelo trailer deu p/ ter um bom hype, era p/ os filmes de Venom (2018 e 2021) ter sido dessa maneira, imagina um carnage insano como parece que vai ser o Kraven hahaha
Bem-Vindos de Novo
3.4 6‘Bem-vindos de novo’ emociona ao falar sobre a reaproximação de uma família!
Documentário de Marcos Yoshi, 'Bem-vindos de novo' aborda a história de uma família cujos pais foram para o Japão para trabalhar, afastando-se fisicamente dos filhos.
Os registros feitos em câmeras VHS pelas famílias durante os anos 80 e 90 têm sido matéria-prima valiosa para os documentários brasileiros. Ao menos desde Elena (2012), de Petra Costa, sabemos que há ali um tipo de memória que já não é mais produzida, neste mundo em que a onipresença de celulares (e, por consequência, de performances) se tornou a regra.
Mas, por vezes, essas visões do passado podem também servir para recuperar um pouco de um passado melancólico, ao mesmo tempo em que se misturam com a produção de novas memórias sobre o presente. O tocante documentário Bem-vindos de novo, longa-metragem de estreia de Marcos Yoshi, explora a ideia desta fusão para abordar um tema duro para ele: a história de sua família.
Marcos é sansei, ou seja, é um filho de terceira geração de imigrantes japoneses no Brasil. Mas a história de sua família nuclear é, de certa forma, um retrato das crises brasileiras e das promessas ilusórias do capitalismo. Seus pais, Roberto e Yayoko Yoshisaki, criaram os 3 filhos tocando um pequeno negócio em Foz do Iguaçu.
Quando a empresa começa a ruir, eles tomam uma decisão radical: o de ir ao Japão para trabalhar e juntar dinheiro, enquanto deixam os filhos sob o cuidado dos avós. Inserem-se no fenômeno conhecido como dekassegui, em que descendentes de japoneses retornam temporariamente para o país de origem no intuito de trabalhar.
O que era para durar apenas 2 anos acaba durando 13. Quando eles retornam, há um processo de redescoberta entre os pais e os filhos que Marcos decide registrar em forma de filme (que se tornou resultado de sua dissertação de mestrado em Cinema na ECA-USP). O resultado é um documentário relativamente simples, enquanto formato, cujo foco está em trazer a subjetividade da experiência do filho – que cresceu, em suas próprias palavras, como um “órfão de pais vivos”- sempre em primeiro plano.
Um retrato duro da crise do capitalismo em um plano individual
Bem-vindos de novo encontra sua singularidade ao conseguir unificar dois aspectos que, por vezes, aparecem divorciados na nossa percepção individual: a vida política, social, e os impactos nas vivências particulares dos indivíduos. Ao começo do filme, Marcos Yoshi diz se espantar que seus pais nunca relacionaram os perrengues financeiros que passavam com as sucessivas crises econômicas do Brasil.
Ainda que esse não seja o foco desse filme delicado, há uma espécie de denúncia sobre a falência inerente ao sistema capitalista, em que a vida se torna um eterno processo de produção – tal como um rato que passa o tempo correndo em uma roda sem chegar a lugar nenhum. O que o filme vai mostrando é o preço caro que a escolha desses pais (o de deixar os filhos para trás, justamente para conseguir dinheiro para sustentá-los) está cobrando hoje de toda essa família.
Ao retornar ao Brasil, conforme o documentário tristemente nos mostra, Roberto e Yayoko Yoshisaki continuam tendo que girar essa roda infinita, o que vai elevando neles o grau de frustração e raiva – sentimentos que vão sendo revelados sobretudo em Roberto, dando luz a cenas fortes, como quando o pai chora por não ver muita saída para ele e a mulher.
O grau de intimidade exibido nesses registros só é possível pelo fato de que foram capturados pelo olhar do filho, que também buscar trazer à tona o fato de que há artifícios usados neste processo. Isso se mostra, por exemplo, quando Marcos resolve incluir uma cena em que meio “dirige” os pais para entrem em um carro para poder capturar o ângulo desejado.
Mesmo quando há artificialidade, há também uma atmosfera tocante da proximidade. Yoshi declarou que, muitas vezes, os pais expressaram a sensação de que ninguém iria assistir a um filme sobre eles. Ainda assim, foram generosos e não deixaram nunca de colaborar – talvez por carregarem certa culpa pelos seus anos de ausência.
Como o diretor vai amarrando a história contada com suas próprias considerações, acaba dando espaço para que haja insights valiosos sobre a dinâmica da família. Como explica em certo momento: embora tenha sido feito para poder se aproximar de seus pais, Bem-vindos de novo também acaba funcionando como uma estratégia para que eles possam conhecer o filho.
Aitaré da Praia
3.3 12Romance, identidade e desalento.
Aitaré da Praia (1925), dirigido por Gentil Roiz, representa de forma lírica diversos contrastes sociais, alguns conflitos românticos e elementos culturais no contexto do Ciclo Cinematográfico de Recife (1922 – 1931), em mais uma produção da Aurora Filme, que se insere num momento de expansão da indústria cinematográfica nacional, marcado por uma busca de identidade e por uma marcha em direção à profissionalização do setor.
Segundo registros da Cinemateca Brasileira, houve também uma versão desse filme produzida em 1927, sob direção de Ary Severo, Jota Soares e Luiz Maranhão. O contexto dessa produção é dado através das seguintes notas: “MAM/Ciclo de Recife informa que Edson Chagas adquiriu um negativo incompleto da produção homônima de 1925, da extinta Aurora Filme, e refilmou algumas partes extraviadas”. Outra nota de contexto é dada através da revista Cinearte, em diferentes datas: 5 de outubro e 28 de dezembro de 1927, e 18 de janeiro de 1928, falando da “compra dos negativos e refilmagens das partes “piores” que foram suprimidas da primeira versão. A mesma fonte, em 21 de março de 1928, anuncia a conclusão das refilmagens”.
Ambientado em um vilarejo litorâneo, o filme narra a história do pescador Aitaré, que se envolve romanticamente com Cora. Nesta relação, podemos ver a exploração do embate entre tradição e modernidade, evidenciado tanto na descrição das belas praias da região quanto na introdução do ambiente sofisticado da aristocracia recifense, indo de encontro às transformações sociais em curso no Brasil dos anos 1920. No desenvolvimento da fita, o espectador se depara com uma porção de elementos regionais, como o cotidiano dos jangadeiros, as canções e as festas. Em meio à história de amor, porém, revela-se um conflito de aspecto histórico e também classista e racista, o que acabará conduzindo o drama ao desalento.
Quando Cora conta à sua mãe, D. Guilhermina, a paixão por Aitaré, ouve uma veemente reprovação, acompanhada da seguinte fala: “Este mestiço por quem te apaixonaste é o último descendente de uma raça que há cem anos passados imperou com todo o despotismo neste recanto. Aqui consumaram-se fatos terríveis, verdadeiros atos de atrocidade. Tu, minha filha, tu queres casar com o último de uma raça que foi nossa maior inimiga? O sangue maldito daquela raça ainda deve imperar, influindo no caráter do homem a quem, na tua ingenuidade, amas”.
Levando em conta as falas anteriores de que Aitaré era um “pobre pescador, sem educação e sem futuro”, e somando esta forte exposição preconceituosa em relação ao sangue indígena, temos um dos muitos pacotes de arranjo e aprovação ou recusa de casamentos em diversos lugares do Brasil, até mesmo entre famílias pobres: a origem étnica do pretendente e sua posição social eram julgadas e poderiam ser utilizadas como motivação para a família impedir o matrimônio.
Apesar de filmar bem as cenas no litoral e ter uma interessante mise-en-scène na primeira parte da obra, a montagem truncada e o final abrupto e um tanto confuso de Aitaré da Praia atrapalham bastante o filme a se desenvolver bem. Também não se pode ignorar o aspecto monótono e cansativo de algumas sequências, prejudicando o envolvimento do espectador.
Apesar de suas limitações, a fita merece ser apreciada num específico contexto de produção, especialmente quando lembramos que traz uma cena com blackface. A obra oferece uma visão bastante conhecida dos brasileiros sobre tradição e modernidade, questões de classe, etnia e mobilidade social. É uma contribuição importante para o cinema brasileiro, refletindo a busca por identidade em uma época de grande entusiasmo na nossa Sétima Arte.
Casa Izabel
3.4 3Casa Izabel’ é poderosa alegoria sobre hipocrisia e poder no Brasil de ontem e hoje – Olhar de Cinema.
Filme que abriu o Olhar de Cinema, 'Casa Izabel', dirigido por Gil Baroni, aborda a ditadura, identidades de gênero e o contexto histórico atual, em obra pujante e com elenco em grande atuação.
Na sequência inicial de Casa Izabel, impactante longa-metragem do cineasta paranaense Gil Baroni que abriu na noite de quarta-feira, em uma Ópera de Arame lotada, o festival Olhar de Cinema, vê-se um homem (Andrei Moscheto) chegar de ônibus a uma propriedade rural imponente, em estilo colonial brasileiro. O ano é 1970 e o país está em plena ditadura.
O visitante, sujeito corpulento, bastante tímido, hesitante, é recebido por Dália, uma empregada, com ares de governanta, que lhe apresenta de modo levemente autoritário, ainda que sem perder a polidez, as regras do estabelecimento, uma espécie de hotel-fazenda – o lugar se chama Casa Grande Izabel, o que nos revela um tanto sobre o passado do lugar.
Armas devem ser deixadas na recepção, em hipótese alguma os hóspedes deverão abordar assuntos de caráter pessoal, íntimo, com os demais visitantes e está terminantemente proibida a “fornicação”. Em seguida, o recém-chegado é conduzido por outra funcionária, Leila (Jorge Neto), na verdade um rapaz jovem, vestido de mulher, ao andar superior, onde ele também poderá escolher trajes femininos que vestirá enquanto lá estiver. Também lhe é solicitado que escolha um nome feminino, de sua preferência. Opta por Regina, e é informado que significa rainha em latim.
Aos poucos, por meio de uma narrativa tensa, imersa em uma saborosa mistura de mistério e humor, vamos descobrindo o que é a Casa Izabel. Trata-se de um inusitado refúgio para homens maduros, casados, que gostam de viver a fantasia de trajar roupas femininas exuberantes, de se sentirem como mulheres ricas que se conhecem há muito tempo, e partilham de cumplicidade, porque guardam um traço comum: fora dali, no mundo masculino, são todos militares de carreira.
Espécie de alegoria buñuelesca sobre a hipocrisia e o poder no Brasil. Casa Izabel é mais um acerto de Gil Baroni, diretor de Alice Júnior, premiada comédia dramática teen protagonizada por uma adolescente trans, também roteirizada pelo talentoso Luiz Bertazzo. Ambos são filmes queer, que discutem cada um à sua maneira identidades de gênero, mas Casa Izabel é uma obra mais madura, grave e perturbadora, porque fala do que não se vê, do que está oculto, em uma sociedade que se orgulha de seu conservadorismo, de suas convenções sociais rígidas.
Bertazzo se baseou livremente em Casa Susanna, livro de fotografias que mostra os frequentadores do lugar que lhe dá título: homens estadunidenses travestidos de mulher que se reuniam secretamente, entre os anos 1950 e 60, aos fins de semana nessa propriedade isolada, em Catskills, no estado de Nova York
Ditadura
Mas Casa Izabel conta uma história bem brasileira. Dália (Laura Haddad, excelente) não é apenas uma serviçal. Ela vive na pele a dor de não saber o que aconteceu com o filho, um estudante universitário, militante de esquerda, que desapareceu sem deixar rastros. É empregada há anos da casa, que leva o nome de sua dona, vivida por um esplêndido Luís Melo. Ela/ele, doente, às portas da morte, vive trancado em um quarto fétido, onde assiste a filmes caseiros que retratam os dias dias de glória do estabelecimento.
Com medo de ser abandonada, Izabel promete deixar, quando morrer, a fazenda à empregada e seus filhos – o outro, na verdade um sobrinho, é Leila, que recebe e serve, também vestido de mulher, os hóspedes.
O elenco de Casa Izabel, grande vencedor da última edição do Cine PE, realizado em Recife, é, sem exagero, espetacular. Além de Melo, estão em cena grandes atores paranaenses, como o saudoso Luiz Carlos Pazello (que partiu em abril passado), Zeca Cenovicz, Andrei Moschetto, Sidy Correia, Otávio Linhares, Fábio Silvestre e a revelação Jorge Neto, que arrasa como Leila.
Aplaudidíssimo na gelada mas fervilhante sessão de abertura do Olhar de Cinema, Casa Izabel é um filme que nos atropela, porque nos diz respeito. Rodado em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, é uma obra que se remete ao passado, mas fala de um Brasil mais presente do que imaginamos, do que gostaríamos, onde estruturas de poder oligárquicas, patriarcais e falso moralistas se perpetuam através do tempo. Não poderia ter sido uma escolha melhor para inaugurar o maior evento cinematográfico do Paraná.
A Cor Púrpura
3.5 102Preparar o lenço p/ o final de ano, espero sentir a mesma emoção quanto no clássico com a Whoopi Goldberg, não estraguem algo tão lindo e emocionante 😢
A Cor Púrpura: nem mesmo a vi0l3nci4 é capaz de destruir a esperança... O antigo é lindo, comovente e uma superação surpreendente. Eu espero que esse filme possa transmitir essa luta que as duas irmãs tiveram, principalmente a mais velha. Eu estou ansiosa!
A cor purpura (1985) recebeu 11 indicações ao Oscar e merecia ter ganho todas, somente o racismo da academia explica o filme não ter ganho nada. Uma obra única e atemporal, não sei se o reboot vai superar o clássico. Mas com certeza irei ver no cinema
Calma Halle Bailey, mal te superamos em A pequena sereia e vc já veio arrebenta o coração assim!