“A vida é uma história contada por um idiota: cheia de som e fúria, significando nada.”
William Shakespeare – Macbeth, Ato V, Cena V.
Quando Clint Eastwood encarnou seu “pistoleiro sem nome” na célebre Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone, o gênero western ganhou um novo arquétipo. Não mais o cowboy bom-moço de outros clássicos do gênero, como os interpretados por John Wayne. Agora o protagonista demonstrava claramente sua moral duvidosa e seus óbvios traços de cinismo. Não é segredo para ninguém que ali o protagonista de western ganhou contornos bem mais humanos e quase que fronteiriços entre o herói e o anti-herói. Também seria óbvio dizer que os irmãos Coen conheciam muito bem essa evolução quando filmaram Onde Os Fracos Não Tem Vez. Mas a obra-prima de 2007 é muito mais que um simples decalque modernizado do gênero. Os diretores adicionaram elementos que modificaram sua estrutura e seu espírito. Se o longa-metragem o subverte ao dar o protagonismo a um anti-herói inequívoco, ele acaba também por modificar os próprios moldes dos vilões tradicionais, já que Anton Chiguhr é em tudo atípico.
Qualquer análise sobre Onde Os Fracos Não Tem Vez gravitará necessariamente em torno de seu anti-herói – um dos grandes vilões da história do cinema. Javier Bardem interpreta Chiguhr de modo assombrosamente inspirado e o compõe de uma série de maneirismos que revelam sua frieza, sua soberba e sua completa loucura. Seu corte de cabelo excêntrico parece ser usado por ele como uma ironia ou um deboche.
Impressiona seu ritualismo a cada cena. Ele caminha calmamente até suas vítimas e dialoga com elas sem jamais se exaltar. O personagem decide com lances de uma moeda se seu interlocutor morrerá ou viverá. Anton Chiguhr nega o livre arbítrio. Seus atos são reflexos de uma força que não demora a se revelar – o psicopata dos irmãos Coen encarna a própria força da morte. Irreprimível e atemporal. Nenhum dos personagens do longa-metragem apresenta registros de historicidade. Nada sabemos sobre eles. Nem suas motivações nem seus objetivos. Presente, passado e futuro tornam-se um só.
Se o tempo parece tão insignificante no filme, a solidão toma conta de seus enormes espaços desérticos. Nos primeiros minutos de Onde Os Fracos Não Tem Vez, são os planos gerais que nos dizem isso. Os diretores, realizando o melhor trabalho de direção de sua carreira, sabem que enquadrar a amplidão dessas locações diz muito mais que explicá-las com diálogos e narrações. Sabem que suas imagens exprimem melhor o peso do mundo sobre os ombros frágeis de homens cujas vidas valem tão pouco. Esse vazio é aumentado pela ausência de trilha sonora. Em seu lugar, o filme utiliza alguns ótimos efeitos. Valorizam-se os sons dos passos, das respirações ofegantes, dos disparos de armas e dos motores das caminhonetes que cortam as ermas estradas. O trabalho de edição e de mixagem de som valoriza os menores detalhes sonoros e um ótimo exemplo disso é visto na famosa “cena da moeda”, em que o ruído desagradável de um papel se abrindo anuncia o perigo em um momento importante.
Os irmãos Coen fazem um exímio trabalho na criação de suspense ao longo de todo o filme. Um dos momentos que mais facilmente enerva o espectador é aquele em que
o personagem Llewellyn Moss (Josh Brolin) descobre o transponder dentro da mala de dinheiro. Em silêncio absoluto, o plano se fecha em um close-up no rosto tenso do caçador. Corte para um plano médio entre ele e a porta, com a câmera estática. Corte novamente para o rosto de Moss, para a porta e, a seguir, mais uma vez para o rosto do personagem. Corte, então, para a soleira da porta, onde um feixe tênue de luz entra sorrateiramente e cria a expectativa de um disparo que virá a qualquer instante do extracampo.
Os cortes seguintes repetem o padrão e sustentam o suspense até a resolução da cena. Essa inteligente decupagem dispensa quaisquer cacoetes previsíveis do ator e quaisquer rasgos manjados da trilha sonora para criar tensão. Sem auxílio de muletas, o filme consegue um dos momentos mais impressionantes na história recente do cinema.
Se essa cena constrói todo o suspense pela iminência do embate entre Anton Chiguhr e Llewellyn Moss,
o possível assassinato do último pelo primeiro, que tanta expectativa criou no público, surge na tela de modo inesperadamente prosaico. É neste momento que a obra muda subitamente seu ponto de vista e a morte de Moss é mostrada pelo olhos do xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) como se fosse apenas mais um crime. Uma morte qualquer, sem nenhuma glória e que o filme mal permite que se sinta. A escolha é surpreendente e o filme zomba do envolvimento do espectador. Quem vive e quem morre é algo que não parece ter a menor importância em Onde Os Fracos Não Tem Vez. O que interessa mesmo é a força destrutiva personificada em Chiguhr e que chega sem dar avisos. Repentina como o arrombamento da fechadura (marca ritualística do psicopata) e assustadora como o head-on que registra a chegada do protagonista do outro lado de uma porta.
É importante notar também que até esse momento, a câmera centrava-se basicamente nos travellings, muitas vezes fechados nos pés dos personagens e que permitiram a criação de todo o clima de perseguição implacável entre
Chiguhr e Moss. Curiosamente, a obsessão de ambos em perseguir uma mala de dinheiro, que se reflete na própria obsessão da câmera por seguir em seu encalço, acaba sendo esvaziada de sentido. Os protagonistas trilham um caminho eivado de violência e de morte, mas nunca fica claro o porquê de toda a devastação que causam, nem aonde pretendem chegar com uma perseguição que nunca parece ter fim nem razão. Penso que aqui chegamos ao fulcro da obra-prima dos irmãos Coen – Anton Chighur e Llewellyn Moss são uma alegoria da nossa própria história. Sempre fomos eficientes em matar. Matamos em nome da fé, da ausência dela, de uma postura ideológica ou da sua contrária. Criamos razões e aperfeiçoamos os métodos. Matamos uns aos outros como animais em outro tipo de selva. Não é por acaso que Chiguhr utiliza uma arma de matar gado quando ataca suas vítimas.
Mas a questão maior e mais espinhosa de Onde Os Fracos Não Tem Vez é: para onde a história nos conduz
enquanto deixamos nosso rastro de ruína? A mensagem final não é nada otimista. O mal segue adiante. Prevalece e se renova. E seguimos com ele sem qualquer ponto de chegada. Somos todos como o xerife Ed Tom Bell e seu velho pai – cavalgando sem norte em um sonho banal.
Nota: 5/5 (Obra-prima)
𝙏𝙚𝙤𝙧𝙞𝙖𝙨 𝙄𝙣𝙨𝙖𝙣𝙖𝙨 - 🎬
𝘖𝘯𝘥𝘦 𝘰𝘴 𝘍𝘳𝘢𝘤𝘰𝘴 𝘯ã𝘰 𝘵𝘦𝘮 𝘝𝘦𝘻
Existe uma teoria no filme "Onde os Fracos não têm Vez" que fala que o xerife "Ed Tom Bell", personagem interpretado por Tommy Lee Jones, e o assassino "Anton Chigurh", interpretado por Javier Bardem, são na verdade a mesma pessoa.
Vamos entender: Chigurh seria o alter-ego ruim de Tom Bell, sendo a representação da sua violência.
Existem algumas pistas no filme, por exemplo: Em uma cena, o xerife chega ao quarto de hotel onde Chigurh havia se escondido e, um momento antes de abrir a maçaneta, o reflexo de Chigurh aparece refletido nela. Chigurh vê que alguém está entrando, porém ao entrar não há ninguém no quarto, o xerife se vê sozinho.
Outros pontos:
Ambos os personagens sentam-se na frente da TV, bebendo leite, observando seus reflexos na TV desligada.
O xerife se aposenta logo após Chigurh pegar o dinheiro, como se agora ele não precisasse mais trabalhar.
O xerife sempre chega atrasado nos crimes cometidos pelo assassino ou nos locais onde Chigurh se escondia, sempre permitindo que ele fuja.
Os dois personagens em momento algum se encontram durante a história.
A esposa do xerife pede para ele não machucar ninguém.
O xerife, em uma cena, disse que Deus não entrou em sua vida e, se fosse Deus, pensaria da mesma forma, dando a entender que ele não era uma boa pessoa.
A cena da ponte em que o Moss está todo ensanguentado de um tiro feito pelo assassino chigurh, enquanto ele atravessa a ponte três jovens vem em sua direção, e Moss pede a jaqueta de um dos jovens porém o mesmo lhe pede dinheiro 💴.,
Em outra cena já para o final do filme chigurh sofre um assistente de carro ele precisar sair e ir embora, mais com o braço quebrado ele senta na calçada, tem duas crianças de bicicleta, ele pedi a camisa de uma delas, aí uma delas dá a camisa de graça.
Essa é apenas uma das teorias do filme, as outras ficaram para outra postagem.
"Quero o livro grego que, segundo você, nunca foi escrito. Um livro que é tudo sobre comédia. Provavelmente a única cópia conservada do livro de poesia de Aristóteles. Há muitos livros sobre comédia. Por que esse livro é tão perigoso? "
"O riso mata o medo, e sem medo não pode haver fé. Aquele que não teme o diabo não precisa mais de Deus".
- O nome da rosa por Umberto Eco.
O Nome da Rosa, primeiro romance de ficção de Umberto Eco, não é uma obra fácil de ser adaptada para o audiovisual. Carregada de debates teológicos e de filosofia, com passagens inteiras escritas em latim e mantidas assim pelo menos nas primeiras edições do livro, sua transposição para um roteiro cinematográfico foi sem dúvida um desafio que acabou passando por diversos escritores, quatro deles finalmente levando os créditos pelo texto final. Muitos afirmam, torcendo o nariz, que o longa de 1986 é, no máximo, a versão aguada do romance, mas tenho para mim que ele é muito mais uma versão interessante de seu próprio jeito da obra de Eco executada com muito rigor técnico por Jean-Jacques Annaud.
É inegável que o roteiro centra seus esforços narrativos na investigação, pelo frade franciscano William de Baskerville (Sean Connery) e seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), de mortes misteriosas que ocorrem em um monastério beneditino ao norte da Itália aonde eles vão para um debate teológico com emissários do Papa. Para todos os efeitos, trata-se de um Sherlock Holmes medieval (o uso do nome Baskerville por Eco não foi coincidência, claro) – ou uma versão de Guilherme de Ockham – descortinando, um a um, os pecados da batina, incluindo a força cega e destruidora da Inquisição comandada por Bernardo Gui (F. Murray Abraham, que só aparece no terço final, mas cuja presença ameaçadora é sentida desde o começo) em que o culpado é bem menos importante do que o porquê dos atos criminosos, o que retira o longa de uma mera obra investigativa localizada temporalmente em época inusitada. Os debates teológicos da obra original são drasticamente resumidos ou eliminados, mas diria que o roteiro, por incrível que pareça, acaba capturando bem o espírito “contraventor” e “herege” do trabalho do autor italiano, contrapondo ciência e religião, mas sem simplesmente negar um ou outro.
Os maiores problemas do filme estão em seu começo e em seu fim apenas, mas sem que eles afetem sobremaneira o resultado final. A apresentação de William de Baskerville como um Sherlock Holmes de hábito é marretada no texto de maneira exageradamente didática, o que retira muito da naturalidade da chegada do protagonista e seu pupilo à abadia, algo que, depois, é suavizado, ainda que sejam constantes demais as perguntas feitas por William a Adso de forma a explicar detalhadamente ao espectador o que por muitas vezes já ficou evidente ou que não precisava ficar tão evidente assim. Por seu turno, o final peca por ser redondinho e feliz demais, traindo um pouco – mas não completamente, como muitos defendem – a atmosfera pesada, suja e claustrofóbica que impera ao longo das mais de duas horas de projeção.
No entanto, o miolo é absolutamente fascinante. Para começar, Sean Connery está muito bem como um cínico e altamente científico investigador que se recusa desde o início a acreditar em explicações bíblicas para as mortes, encontrando uma lógica muito terrena e mesquinha para tudo que observa, justamente seguindo a linha do famoso Guilherme de Ockham, cujo método levaria à cunhagem do termo Navalha de Ockham, que prega pela explicação mais simples como a mais provável. Christian Slater funciona também muito bem como seu assistente que fala muito pouco, mas que simboliza o processo de transformação de um garoto de olhar arregalado em um homem maduro, algo que acontece em diversos níveis, incluindo o amoroso com sua relação quase instintiva com a bela e paupérrima moça sem nome (vivida por Valentina Vargas) do vilarejo ao sopé do monastério.
Outro destaque é a inspiradíssima escalação de Ron Pearlman como Salvatore, o monge corcunda que fala em diversas línguas ao mesmo tempo e que é essencial para a investigação de William e para o desfecho da história. Uma figura monstruosa, apresentada inicialmente de maneira brilhante apenas com um jogo de sombras que literalmente o transforma em um gárgula, o personagem logo mostra diversas facetas que em quase todos os momentos coloca Pearlman, em seu primeiro papel de destaque, tomando conta do cenário mesmo diante da imponente presença de Connery.
Falando em cenário, este talvez seja o grande “personagem” do longa. Ainda que alguns interiores tenham sido fotografados em uma abadia alemã, grande parte do que vemos em tela é um gigantesco cenário construído a duras penas no topo de uma colina nas imediações de Roma que acabou sendo o maior cenário fora de estúdio construído na Europa desde nada menos do que Cleópatra, de 23 anos antes. E o esforço mais do que valeu a pena, pois a imersão é completa nesse ambiente inóspito, de torres altas, pátios desertos e uma mistura fascinante de pensamento retrógrado com a manutenção cuidadosa de obras-primas da literatura em uma biblioteca labiríntica belíssima que, porém, ninguém pode ter acesso. Essa sensacional reconstrução de um monastério do século XIV vem acompanhada de figurinos detalhados representando as diferentes ordens religiosas, além de props cuidadosas que permitem o mergulho completo na Idade Média, com cozinhas ensanguentadas, quartos espartanos e salas de jantar opressivas que extraem toda a alegria de partilhar comida.
Na trilha sonora, James Horner compõe peças muito originais e bem diferentes do que ele mesmo estava acostumado, pendendo, claro, para sons de órgão que evocam o ambiente pesadamente religioso que comanda a fita, mas sem deixar de pontilhar a iluminação de William de Baskerville de um lado e a inocência de Adso de Melk de outro, em uma combinação única que Annaud cirurgicamente sincroniza em sua obra. Ao ressaltar musicalmente a espiritualidade dos protagonistas, Horner e Annaud deixam ainda mais evidente a sujeira que marca o dogma religioso sendo levado às últimas consequências.
O Nome da Rosa é uma corajosa adaptação de um livro complexo que funciona exatamente por saber ressaltar o material mais próprio para o meio cinematográfico, aplainando e inevitavelmente simplificando as discussões teológicas e filosóficas de Umberto Eco. O resultado é um longa investigativo medieval que cumpre sua função de cutucar pensamentos antiquados – sejam eles quais forem – e mostrar que a busca pelo conhecimento e pela iluminação deve ser constante, mesmo que ela cobre um preço alto.
O filme “O nome da Rosa”, baseado no livro de Umberto Eco, se passa no ano de 1327, em um mosteiro beneditino na Itália, que possuía uma biblioteca com grande acervo de livros, tanto cristãos quanto clássicos gregos considerados pelos muitos religiosos como pagãos, porém poucos tinham acesso à biblioteca.
O mundo nessa época via a supremacia da Igreja Católica que detinha o saber, educava o povo com vistas à submissão e exercia grande influência sobre muitos governos instituídos, por vezes ela se uniu ao poder monárquico.
Poucos conheciam o real significado de seus dogmas e para garantir seu poder, qualquer questionamento, reflexão ou ação contrária a seus preceitos era julgada e punida pela Santa Inquisição, uma espécie de tribunal instaurado a fim de punir os hereges. As mulheres também sofreram muitas perseguições por parte da Igreja nesse período, pois, eram consideradas como demoníacas causadoras do pecado e feiticeiras. A Inquisição foi um movimento de tal tamanho que muitos soberanos e nobres a temiam, podem-se citar grandes personagens da história como Galileu, Giordano Bruno e Joana Dar’c que sofreram com o jugo desse movimento de repressão religiosa.
O monge franciscano William de Baskerville é designado a desvendar crimes que estavam ocorrendo em um mosteiro beneditino italiano, nele religiosos foram encontrados mortos após o manuseio de um determinado livro, e sem divulgar o que haviam lido foram vítimas de envenenamento.
O livro que esses homens leram era um clássico de Aristóteles que falava sobre o riso. Essa expressão humana de contentamento era considerada perigosa por um dos monges da história, o Venerável Jorge, que tudo fazia de tudo para manter as rígidas disciplinas no mosteiro.
No filme William que tem uma postura humanista e racional num mundo guiado pela fé, ele representa o intelectual renascentista e com suas investigações percebe o real motivo vos crimes que culminou na instalação de um tribunal da Santa Inquisição presidido pelo inquisidor Bernardo Gui, um personagem histórico real.
Umberto Eco, autor da história, nos revela conflitos medievais onde ocorriam abusos de poder, ostentação, injustiças e demagogia. Esse mundo era dominado pela da Igreja Católica que mantinha todo o conhecimento produzido até então, e não permitia a homens comuns terem acesso aos dogmas religiosos em que a Igreja estava embasada. Ela, por assim dizer mantinha a sete chaves tudo o que considerava pagão e herege; que pudesse vir a ser prejudicial à ordem e o poder já estabelecido.
Questões específicas:
Relação entre a produção do conhecimento e a Igreja Católica;
Os cristãos poderiam utilizar da filosofia grega pagã tudo o que fosse útil, desde que se situassem no passado. O contexto educacional compartilhado por diversos pensadores da época via a necessidade catequética do povo. Em suas escolas rudimentares repassavam aos comuns, conceitos básicos sobre a doutrina cerceada pelo misticismo e temor, ler as escrituras o que constituía a parte principal dos estudos e escrever. Com o passar dos tempos os métodos de estudo se aprofundaram com a introdução de novas disciplinas, surgindo escolas como as paroquiais, depois as monásticas e episcopais, as escolas palatinas, as escolas catedrais e posteriormente culminaram com o surgimento da primeira organização liberal da Idade Média, as universidades, com destaque para a de Paris, Bolonha, Salermo, Oxford, Coimbra, entre outras.
Papel da biblioteca e do livro na produção e na disseminação do conhecimento;
Os livros na Idade Média eram raros escritos em grego ou latim por monges copistas que por vezes substituíam palavras ou letras por símbolos, para economizar tinta e papel muito caros nesse período da história, para conseguir montar uma biblioteca era algo que dependia de uma grande quantia de dinheiro, por isso eram raras e valiosíssimas.
A Igreja para manter seu poder disseminou a ideia de que os livros e as bibliotecas eram perigosos, para as pessoas que tinham pouca ou nenhuma instrução e que constituíam a maioria da população medieval.
Nos tempos medievais todo o saber transmitido passava pelo crivo da Igreja e tudo que viesse a ser repassado no ensino deveria contribuir para o desenvolvimento da doutrina e teria de ser compatível com a fé. Por isso as bibliotecas eram fechadas com acesso restrito, assim, não seria revelado o conteúdo de certos livros considerados impróprios e hereges que poderiam ameaçar a hegemonia da Igreja Católica com a divulgação dos mesmos.
Segundo as palavras do próprio personagem William de Baskerville: “Porque ela contém uma sabedoria diferente da nossa e ideias que nos fariam por em dúvida a invalibilidade da palavra de Deus e a dúvida, Adso é inimiga da fé”.
Porém, para os poucos intelectuais da época, os livros tinham o saber necessário que poderia trazer o desenvolvimento intelectual, tecnológico e científico tão necessário e já almejado na época, por isso eles eram favoráveis que as bibliotecas e livros tão raros, fossem mais consultados.
Quais são os saberes privilegiados nesse período e quem são os considerados sábios?
A educação dava fundamental importância à leitura das Escrituras e a escrever; mais tarde com a sistematização das disciplinas ou ciências na renascença carolíngia, surge o quadrivium ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música), logo após também se inclui o trivium ou ensino literário (gramática, dialética e retórica). Nas Universidades que inicialmente eram chamadas de studium generale que agregavam mestres e discípulos. Logo esses locais passaram a ser referência ao estudo universal do saber e é o legado dos tempos medievais para a atualidade. Lá se encontrava a efervescência cultural. Os ramos do saber que eram ministrados nas universidades dividiam-se em artes (literatura, arquitetura, pintura, música); e, medicina, direito e teologia. Eram considerados sábios na época medieval os clérigos que eram os mestres nas escolas existentes.
Foi lançado em 1996, é um filme que transcende gêneros e surpreende o público com sua mistura única de ação, horror e comédia. Dirigido por Robert Rodriguez e escrito por Quentin Tarantino, o filme se destaca por sua narrativa imprevisível e seus personagens memoráveis extremamente carismáticos.
A trama segue os irmãos criminosos Seth e Richie Gecko, interpretados por George Clooney e Quentin Tarantino, respectivamente. Após uma série de crimes, os irmãos fogem para o México, onde planejam se esconder. No entanto, seu destino toma um rumo inesperado quando encontram um bar decadente conhecido como "Titty Twister", que se revela um verdadeiro antro de vampiros demoníacos sedentos por sangue.
O filme é uma montanha-russa de emoções, começando como um thriller criminal tenso e transformando-se em um frenesi de horror sobrenatural. A transição abrupta de gêneros é uma das características mais marcantes de "Um Drink no Inferno", desafiando as expectativas do público e mantendo a tensão elevada até o final da trama.
A escolha de elenco é impecável, com George Clooney entregando uma performance carismática como Seth Gecko, enquanto Quentin Tarantino adiciona um toque de insanidade ao seu personagem, Richie. O elenco ainda conta com atuações sólidas de Harvey Keitel, Juliette Lewis, Salma Hayek entre outros, todo o elenco de apoio é fenomenal.
O diretor Robert Rodriguez traz sua assinatura visual única para o filme, combinando sequências de ação estilizadas com imagens gráficas de horror e muito gore. Além do trabalho incrível de maquiagem do gênio Tom Savini, que também interpreta o personagem Sex Machine no filme.
A cinematografia intensa e a trilha sonora pulsante, que inclui músicas de artistas como ZZ Top e Tito & Tarantula, contribuem para a atmosfera e ritmo eletrizante do filme. Além disso, "Um Drink no Inferno" é conhecido por suas cenas icônicas, como a dança sedutora de Salma Hayek como a vampira Santanico Pandemonium e a banda de Rock icônica e Demoníaca. Esses momentos, juntamente com diálogos afiados e humor negro, elevam o filme para além das convenções dos gêneros tradicionais.
Ao final, "Um Drink no Inferno" é um testemunho surreal da colaboração dinâmica entre Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, resultando em uma experiência cinematográfica única e inesquecível. Seja pelo choque de gêneros, personagens cativantes ou reviravoltas surpreendentes, o filme continua a ser celebrado pelo público como um clássico cult que desafia as expectativas e continua mantendo sua incrível relevância ao longo dos anos.
Ele foi lançado em 1999, é uma sequência que, infelizmente, não conseguiu capturar a magia e a intensidade do filme original. Enquanto o primeiro "Um Drink no Inferno" cativou os espectadores com sua mistura única de crime e horror, a continuação deixou muito a desejar, e hoje é até esquecida pelos fãs do gênero.
Uma das principais falhas de "Texas Blood Money" é sua falta de originalidade. Ao contrário do filme anterior, que introduziu uma reviravolta inesperada ao transformar um thriller de assalto em um filme de vampiros, a sequência parece depender excessivamente de fórmulas já conhecidas. A trama é previsível, arrastada, sem graça, seguindo tropo*s desgastados do gênero de horror, o que resulta em uma narrativa sem nenhuma surpresa ou emoções genuínas.
A ausência dos membros do elenco original, como George Clooney e Quentin Tarantino, também é uma lacuna notável. A falta desses personagens carismáticos e da dinâmica única que eles trouxeram para o primeiro filme deixa um vazio que os novos personagens não conseguem preencher. (Culpa de um roteiro e uma trama bem mais ou menos) Isso contribui para uma desconexão emocional com a história, já que os espectadores não conseguem se envolver da mesma forma.
Além disso, as interpretações em "Texas Blood Money" são superficiais e não tem o mesmo desenvolvimento que tornou os personagens do filme original tão memoráveis. A falta de investimento emocional nos protagonistas diminui a qualidade da experiência cinematográfica, tornando difícil para o público se importar com o destino desses personagens. E falando do elenco apesar de ter o sempre ótimo Robert Patrick, o filme carece de nomes que possam sustentar as subtramas, se é que realmente exista alguma subtrama. Perdão para quem gostou do personagem mas (Duane Whitaker) é um péssimo ator e torna tudo muito caricato, a sua atuação me incomodou desde a primeira cena que o personagem aparece.
A qualidade da produção também deixa a desejar. Os elementos visuais, desde a cinematografia, efeitos especiais e as maquiagens, não conseguem alcançar os padrões estabelecidos pelo filme original, algo que foi extremamente elogiado pela crítica e público no anterior. A atmosfera única e envolvente do primeiro "Um Drink no Inferno" é substituída por uma estética genérica, pouco inspirada que faz o público torcer para que o chegue logo ao final, para ver se algo bom surge.
Analisando, "From Dusk Till Dawn 2: Texas Blood Money" chegamos a conclusão que o filme, realmente não consegue replicar a fórmula de sucesso do seu antecessor. Com uma trama previsível, personagens pouco desenvolvidos, interpretações cafonas e uma tremenda falta de originalidade, a sequência fica aquém das expectativas e se destaca mais como uma sombra pálida, sem vida e sem sabor do que foi um filme verdadeiramente inovador.
* Um tropo (do grego τρόπος, transl. trópos, 'direção', 'giro', do verbo trépo, "girar"), é uma figura de linguagem ou da retórica onde ocorre uma mudança de significado, seja interna (em nível do pensamento) ou externa (em nível da palavra).
As verdadeiras obras de arte têm esta característica: não perdem o encanto com o passar dos anos. Um verdadeiro clássico!!! Dustin Hoffman, numa de suas melhores performances!
𝙅𝙤𝙜𝙤𝙨 𝙈𝙤𝙧𝙩𝙖𝙞𝙨 ("𝙎𝙖𝙬") 𝖫𝖺𝗇ç𝖺𝖽𝗈 𝖾𝗆 𝟤𝟢𝟢𝟦, 𝖽𝗂𝗋𝗂𝗀𝗂𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝖩𝖺𝗆𝖾𝗌 𝖶𝖺𝗇 𝖾 𝗋𝗈𝗍𝖾𝗂𝗋𝗂𝗓𝖺𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝖫𝖾𝗂𝗀𝗁 𝖶𝗁𝖺𝗇𝗇𝖾𝗅𝗅, é 𝗎𝗆 𝗍𝗁𝗋𝗂𝗅𝗅𝖾𝗋 𝗉𝗌𝗂𝖼𝗈𝗅ó𝗀𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗋𝖾𝖽𝖾𝖽𝖾f𝗂𝗇𝗂𝗎 𝗈 𝗀ê𝗇𝖾𝗋𝗈 𝖽𝖾 𝗁𝗈𝗋𝗋𝗈𝗋 𝗇𝖺 𝖽é𝖼𝖺𝖽𝖺 𝖽𝖾 𝟤𝟢𝟢𝟢 𝖾 𝗌𝖾 𝗍𝗈𝗋𝗇𝗈𝗎 𝗎𝗆 í𝖼𝗈𝗇𝖾 𝖽𝖺 𝖼𝗎𝗅𝗍𝗎𝗋𝖺 𝗉𝗈𝗉. Em 2004, o cinema de horror foi submetido a uma revolução sádica e intelectual com o lançamento de "Jogos Mortais". Dirigido pelo novato James Wan, este filme deixou uma marca indelével na mente do público, apresentando uma narrativa complexa e tortuosa que desafiou as convenções do gênero. A trama se desenrola em um cenário claustrofóbico, onde duas vítimas acordam acorrentadas em um banheiro sujo e são forçadas a enfrentar jogos macab7ros elaborados por um serial killer conhecido como Jigsaw. Enquanto a história se desenrola, os espectadores são levados a uma jornada psicológica e emocional, onde as linhas entre vítima e agressor se tornam tênues. O icônico boneco de marionete, usado por Jigsaw para comunicar suas regras e filosofias distorcidas, tornou-se um símbolo instantaneamente reconhecível da franquia. As armadilhas elaboradas e sádicas, projetadas para testar a moralidade e a apreciação pela vida, cativaram a audiência, enquanto a busca incessante pela verdade mantinha os espectadores à beira de seus assentos, totalmente envolvidos pela atmosfera do longa. O sucesso de "Jogos Mortais" pode ser atribuído à sua originalidade e à abordagem inovadora de Wan e Whannell. O filme adotou uma narrativa não linear, revelando flashbacks e reviravoltas de cortar o fôlego, oferecendo uma experiência cinematográfica totalmente envolvente e angustiante. O elenco, encabeçado por Cary Elwes e Leigh Whannell, entregou performances intensas que capturaram o desespero e a angústia de suas circunstâncias. Tobin Bell, como Jigsaw, personificou a frieza calculista do antagonista de maneira arrepiante, temos também a presença sempre marcante de Danny Glover como o detetive David Tapp, que investiga todos os acontecimentos da história. A trilha sonora de Charlie Clouser contribuiu para a atmosfera tensa do filme, enquanto a cinematografia de David A. Armstrong destacou a decadência e o desespero que permeavam o universo sombrio de "Jogos Mortais". O filme teve um impacto duradouro, gerando uma franquia que se estendeu por vários filmes, jogos e outros produtos relacionados a franquia. A complexidade moral e as reviravoltas imprevisíveis solidificaram "Jogos Mortais" como um clássico moderno do horror, desafiando as expectativas e deixando uma marca indelével na história do cinema atual.
É um filme de terror lançado em 2005, dirigido por Jaume Collet-Serra, estrelado por Elisha Cuthbert, Chad Michael Murray, Jared Padalecki e um ótimo elenco.
Vamos a algumas curiosidades sobre esse filme tão querido pelo público:
𝐑𝐞𝐦𝐚𝐤𝐞 𝐈𝐧𝐬𝐩𝐢𝐫𝐚𝐝𝐨: "A Casa de Cera" é um remake do filme homônimo de 1953. No entanto, a versão de 2005 apresenta uma abordagem mais moderna, sombria e rejuvenescida da história e da trama, considerado um dos remakes que deram certo na década de 2000.
𝐄𝐥𝐞𝐧𝐜𝐨 𝐉𝐨𝐯𝐞𝐦: O filme conta com um elenco jovem e talentoso, incluindo Elisha Cuthbert, Chad Michael Murray, Jared Padalecki e até mesmo Paris Hilton, todo o elenco foi muito elogiado pela crítica e principalmente pelo público por suas interpretações, o sucesso foi tão grande que até hoje, o elenco se reúne em convenções mundo a fora sobre filmes de terror. Obs: parte da crítica pegou um pouco no pé de Paris Hilton.
𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐝𝐞 𝐂𝐞𝐫𝐚 𝐑𝐞𝐚𝐥: Para criar a casa de cera, uma réplica em tamanho real foi construída para as filmagens. Isso acrescentou uma autenticidade perturbadora às cenas, já que os atores interagiram com um ambiente físico, claustrofóbico e verossímil, dando um toque de realidade que fez total diferença na trama.
𝐌á𝐬𝐜𝐚𝐫𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐂𝐞𝐫𝐚 𝐀𝐮𝐭ê𝐧𝐭𝐢𝐜𝐚𝐬: As máscaras usadas pelos personagens no filme foram feitas de cera real, um trabalho incrível da equipe de efeitos especiais, mas que dava muito trabalho durante as gravações, já que os objetos de cena, ficavam moles com o calor das luzes no estúdio.
𝐄𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨𝐬 𝐏𝐫á𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬: O filme faz uso extensivo de efeitos práticos, especialmente nas cenas de horror e violência. O diretor Jaume Collet-Serra fez o possível para utilizar o mínimo possível de CGI na produção, um diferencial entre os filmes de horror dos anos 2000, que costumavam abusar de efeitos digitais.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐈𝐧𝐪𝐮𝐢𝐞𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞: A trilha sonora do filme, composta por John Ottman, complementa eficazmente as cenas de suspense e terror, aumentando progressivamente a tensão ao longo do filme, o compositor se tornou um especialista em filmes do gênero.
𝐃𝐞𝐬𝐚𝐟𝐢𝐨𝐬 𝐃𝐮𝐫𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐚𝐬 𝐅𝐢𝐥𝐦𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬: A filmagem enfrentou alguns desafios, incluindo condições climáticas adversas. As baixas temperaturas e a neve afetaram as filmagens, mas a equipe conseguiu superar esses obstáculos, apesar que parte do elenco sofreu bastante com gripes e resfriados.
𝐏𝐚𝐫𝐢𝐬 𝐇𝐢𝐥𝐭𝐨𝐧 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐀𝐭𝐫𝐢𝐳: A participação de Paris Hilton no filme foi notável, pois ela era mais conhecida por sua presença na mídia e carreira de socialite. Sua participação foi recebida com uma surpreendente recepção positiva, não tanto pelos críticos, mas acabou ganhando um carinho especial do público.
𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐀𝐥𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐢𝐯𝐨: O filme originalmente tinha um final diferente do que foi lançado nos cinemas. Porém, eu não vou contar vocês podem encontrar ele em algumas versões em DVD, Blu-ray e também no YouTube, se não foi retirado.
𝐑𝐞𝐜𝐞𝐩𝐜ã𝐨 𝐌𝐢𝐬𝐭𝐚: "A Casa de Cera" recebeu críticas mistas dos críticos, mas encontrou um público fiel entre os fãs de filmes de terror. A presença de elementos clássicos de horror e um enredo intrigante, cheio de mortes criativas e interpretações carismáticas contribuíram para o filme se tornar um dos queridinhos dos fãs do gênero.
Essas são algumas curiosidades sobre o filme "A Casa de Cera", proporcionando para vocês, uma visão dos bastidores da produção das escolhas criativas e todas as dificuldades que a equipe de produção e o elenco enfrentaram durante as gravações do longa.
Vozes de vivos e mortos constroem a narrativa de ‘A Sociedade da Neve’.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, a impactante produção espanhola 'A Sociedade da Neve', do cineasta catalão J. A. Bayona, reconstitui a história trágica do acidente aéreo ocorrido na Cordilheira dos Andes em 1972.
Ocineasta catalão J.A. Bayona, reconhecido por obras como O Orfanato, O Impossível e Jurassic World: Reino Ameaçado, os dois últimos já realizados em Hollywood, teve de fazer algumas importantes escolhas dramáticas e estéticas para abordar uma história única de sobrevivência, porém já amplamente conhecida, em A Sociedade da Neve. A trama envolve os jogadores de rúgbi uruguaios do time Old Christian, bem como alguns familiares e amigos, que estavam a bordo do avião que caiu na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972. A produção está na disputa pelo Oscar em categorias como Melhor Filme Internacional, além de Cabelo e Maquiagem e pelo Goya, maior prêmio do cinema espanhol, em 13 categorias, incluindo Melhor Filme e Direção.
Para conquistar tanto novos espectadores quanto aqueles já familiarizados com essa história real, é quase imprescindível surpreender. Bayona, ao dirigir A Sociedade da Neve, construiu uma narrativa envolvente, que entrelaça as vozes dos sobreviventes com aquelas que não resistiram. Numa Turcatti (interpretado por Enzo Vogrincic), um dos jogadores que morreram nos Andes, assume o papel de narrador principal, proporcionando uma perspectiva única a essa narrativa coletiva.
O filme mergulha na cena impactante do acidente, capturando os sons da colisão e o rangido dos ossos quebrando, evitando clichês óbvios, mas mantendo-se fiel ao que foi visto em filmes como Vivos! (1993), dirigido por Frank Marshall, com Ethan Hawke interpretando Nando Parrado, ou Os Sobreviventes dos Andes (1976), do cubano-mexicano René Cordona. Embora filmado principalmente na Sierra Nevada, na Espanha, o filme não perde a autenticidade ao explorar a resistência de Nando (interpretado por Agustín Pardella), que se recusa a aceitar a morte, mesmo cercado por corpos congelados.
‘A Sociedade da Neve’: antropofagia
Bayona aborda o delicado tema do canibalismo de forma não sensacionalista, explorando como os sobreviventes enfrentam a terrível necessidade de consumir carne humana para sobreviver. Isso suscita questões morais e religiosas entre os personagens, acrescentando camadas de complexidade à narrativa. À medida que os dias passam, o filme combina o desespero dos sobreviventes com cenas de ação que resultam em novas mortes, algumas causadas por avalanches enquanto buscam abrigo na fuselagem do voo 571 da Força Aérea Uruguaia.
A Sociedade da Neve se destaca ao criar uma ponte entre vivos e mortos por meio da sociedade forjada pela tragédia, apoiada por um personagem que sabe que vai morrer e autoriza o consumo de sua carne. No entanto, o filme, com suas duas horas e meia de duração, corre o risco de se tornar um tanto repetitivo, apesar de nunca ser enfadonho. Uma edição mais dinâmica poderia ter tornado a experiência mais palatável, evitando a repetição excessiva das mortes, que, ao invés de comover, podem ter o efeito contrário sobre alguns espectadores, as banalizando dentro da narrativa.
Um ponto de crítica adicional reside em certos momentos de excesso melodramático e inverossimilhança em diálogos, que, ao tentarem ser poéticos ou filosóficos, destoam do tom mais realista da narrativa, soando falsos, forçados.
A produção, embora tenha envolvido uma equipe reduzida filmando no local do acidente, principalmente nas montanhas, incluindo a Sierra Nevada na Espanha, a 2000 metros de altitude, proporciona uma experiência cinematográfica única, imersiva e envolvente. A forte campanha de promoção intensiva da Netflix, que o produziu, já rendeu indicações ao Globo de Ouro de Melhor Filme Internacional e Trilha Sonora.
Em 1966, enquanto filmava cenas de luta para a série O Besouro Verde, Bruce Lee estava sendo acusado de ser muito rígido com os dublês, ele queria que as lutas parecessem legítimas, e estava pegando pesado durante as gravações, várias reclamações foram feitas, que Bruce estava batendo de verdade e usando força excessiva nos golpes das cenas.
Todas essas queixas foram feitas para o coordenador de dublês (Bennie Dobbins) que decidiu chamar um experiente lutador chamado (Gene LeBell), que depois de sair das lutas profissionais estava tentando a vida como dublê em Hollywood, Bennie acreditava que Gene teria capacidade para humilhar o ator se fosse necessário. Obs: "quem disse isso foi o próprio (Bennie Dobbins) em entrevista".
Na época, Gene LeBell fazia acrobacias e era dublê há apenas quatro anos. Porem ele foi um lutador profissional por trinta anos, treinou vários estilos de luta, como judô, luta livre, Karatê e até Jiu-jitsu Brasileiro, um dos primeiros a praticar a arte, ele conquistou campeonatos e venceu mestres de artes marciais em vários torneios. Depois de ganhar "mais de 200 troféus" em combates profissionais, decidiu tentar lutar pelo entretenimento em Hollywood e se tornou dublê, depois abriu sua própria escola de dublês.
𝘝𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘢 𝘧𝘢𝘮𝘪𝘨𝘦𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘭𝘶𝘵𝘢:
Durante a gravação de uma cena, os dois começaram a se desentender Lebell segurou o ator com força pelos ombros, que se irritou, foi então que aconteceu a pequena luta.
Bruce disse que poderia o derrubar facilmente, Gene aceitou o desafio e pediu para Bruce o atacar. Os companheiros de treino de Bruce e seu agente, tentaram avisar que LeBell era um famoso lutador, e que era para Bruce tomar cuidado, Bruce não ligou e quis colocar isso a prova.
É quando Bruce parte para cima, mas é surpreendido e imobilizado com facilidade por LeBell, que o ergueu do chão, lhe travando totalmente. Por mais que Bruce fizesse força, ele não conseguia se soltar, entre vários berros ele diz: "Ponha-me no chão ou eu mato você!"
Rindo LeBell respondeu: "Eu não posso te derrubar ou você vai me matar." Ele segurou e caminhou com Lee nos ombros pelo set, por mais um tempo, antes de colocá-lo no chão e dizer que estava apenas brincando.
Bruce Lee estava furioso, pensou em atacar novamente mas foi retirado, por seus amigos e seu agente do estúdio.
Mais tarde, exatamente dois meses depois, o dublê contou que os dois se acertaram, Bruce Lee telefonou para ele, houve um pedidos de desculpas de ambos: "E LeBell foi trabalhar com [Lee] na escola dele. Ensinei a ele judô, luta livre e coisas assim, e claro algumas finalizações, mais tarde Gene trabalhou em alguns filmes com Bruce Lee.
LeBell disse que Bruce Lee lhe ensinou a maioria dos chutes e golpes que são perfeitos para o cinema.
Gene os usa até hoje e os ensina para que os dublês os utilizem em cenas de filmes. LeBell Sobre Bruce Lee: "Um homem maravilhoso, maravilhoso e um grande artista marcial, o melhor com quem já trabalhei."
Fonte: Revista Rolling Stone e The Hollywood Reporter
Me faz lembrar toda melancolia, crises existenciais e inquietação presentes nos filmes do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. Khouri ainda valoriza os closes fechados. Muitas vezes as imagens, principalmente através dos olhares, falam por si só, dispensando diálogos. Fotografia em p&b exuberante.
Esse filme é um ícone do Cinema Novo, que era inspirado na Nouvelle Vague francesa! Filme espetacular que aborda a vida com seus problemas psicológicos e personagens em busca de fuga através dos prazeres da noite! Interpretação espetacular dos quatro atores, Gabriele Tinti, com uma beleza que lembra Montgomery Clift, sempre depressivo e com um olhar mergulhado no vazio, exatamente como o personagem de Norma Benguel! Uma maravilha de filme!
Hugo Khouri teve alguma influência do Antonioni para explorar o vazio dos personagens de seus filmes.Não é simplesmente um filme no qual dois homens levam garotas de programa para ter só uma noite de prazer,mas também reflexões da vida e o vazio que cada um dos personagens procuram para preencher em suas vidas. excelente e uma história interessante.
Atores fantásticos! Um diretor simplesmente louco! Trilha sonora de primeira, fotografia impecável! Mas...falta algo que até hoje não sei o que é. E sou dessa geração. Enfim, Mestre Khoury é mestre Khoury...
Walter Hugo Khouri era um cineasta dos mais inquietos e,ao mesmo tempo sutis. Quer e consegue captar dramas psíquicos e existenciais, o vazio de uma vida burguesa e narcísica etc. Como poucos, porém,não cai na mesmice do super estímulo sensorial... Gênio!!!
‘Vidas Passadas’ é uma linda história de amor, transitoriedade e impermanência.
Longa-metragem de estreia da cineasta sul-coreana Celine Song, 'Vidas Passadas' disputa o Oscar nas categorias de melhor filme e roteiro original.
Longa-metragem de estreia da diretora sul-coreana Celine Song, indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme e roteiro original, Vidas Passadas nos guia através do tempo em vários sentidos, objetivos e subjetivos. As palavras “24 anos antes” surgem na tela após uma breve cena de abertura em um bar de Nova York: a cineasta e roteirista vai nos conduzir em uma série de saltos temporais, antes de poderemos analisar a situação.
O primeiro desses saltos nos leva a Seul, capital da Coreia do Sul, onde Na Young (Seung-ah Moon), aos 12 anos, vive com seus pais e irmã. Ela volta para casa da escola com Hae Sung (Seung-min Yim), um garoto que, desta vez, obteve notas melhores que as dela, causando sua irritação. Ele a chama de “psicopata”, como se isso fosse uma qualidade admirável. Os dois compartilham um dia de brincadeiras, escalando esculturas em um parque, com seus rostos desaparecendo e reaparecendo – um vislumbre da transitoriedade que empresta ao filme uma atmosfera alegremente preocupada com a fragilidade.
A emocionante notícia para Na Young é que ela e sua família estão se mudando para o Canadá. Além dessa transformação, ela ganha um nome inglês, Nora Moon, que soa como a heroína de um conto de fadas. Hae Sung fica chateado com sua partida, mas, afinal, ele é apenas uma criança, e superará isso. No entanto, não é o que acontece. O filme, como um todo, abraça a ideia de que nem sempre superamos as coisas, oferecendo uma bem-vinda repreensão às nossas incessantes demandas por encerramento.
Doze anos depois, Hae Sung, agora adulto (Teo Yoo), entra em contato com Nora (Greta Lee, excelente), agora uma aspirante a dramaturga em Nova York. Em sintonia com os mecanismos do amor moderno, eles se conectam pelo Facebook, substituindo cartas por videochamadas, telas de laptop congeladas e mensagens que chegam às três horas da manhã, devido ao fuso horário.
Alguns elementos, contudo, permanecem atemporais. A reação de Nora ao reencontrar seu antigo amigo é capturada em uma cena filmada na rua, de cima, na qual ela dá um pulo enquanto caminha, como se mal pudesse conter a vontade de começar a dançar. Esse toque encantador e à moda antiga é ainda mais surpreendente, dado que a Nora adulta é séria, contida. Hae Sung recorda que, na infância, Nora costumava chorar muito. “Você não pode chorar em Nova York?”, ele pergunta.
A resposta de Nora revela uma mudança em sua atitude diante do amigo/crush de infância: ela, que raramente deixa de ser encantadora, mostra lampejos crescentes de severidade. Isso sugere que o encanto por si só não é suficiente para sobreviver na vida na cidade; é preciso ser forte. Essa percepção leva Nora a interromper abruptamente a conversa com Hae Sung durante uma videochamada, dizendo: “Quero que a gente pare de conversar por um tempo”.
Mais 12 anos se desenrolam. Nora, agora morando no East Village, está casada com Arthur (John Magaro), um escritor que conheceu em uma residência criativa em Montauk. Enquanto isso, a vida de Hae Sung, agora engenheiro, parece ter estagnado. Ele ainda sai para beber em Seul com seus amigos e deveria estar prestes a se casar, mas, como ele mesmo admite: “Sou muito comum”. A única coisa extraordinária nele é a intensidade persistente de seus sentimentos por Nora.
Ele então viaja para Nova York, faz o check-in em um quarto de hotel e espera por Nora em um parque, alisando nervosamente o cabelo e as roupas, como se tivesse 12 anos novamente, prestes a receber um prêmio. Quando Nora finalmente chama seu nome, a câmera permanece nele, capturando a onda de emoção em seu rosto – uma espécie de espanto, gratidão e êxtase.
‘Vidas Passadas’: romance do agora
Vidas Passadas, a partir desse momento, sai do âmbito dos diálogos e entra em movimento, ganha ação. Apesar da raridade desses momentos, sua escassez não pode ser considerada uma falha, pelo contrário. Pode-se afirmar que o filme de Song é um romance – talvez o romance – do agora, do século 21. É um filme notavelmente cauteloso, calmo e refinado. Um observador cético pode até sugerir que, como o próprio título, a narrativa flerta com a timidez, evitando o excesso tanto em seus personagens quanto em suas composições visuais, bastante minimalistas. Mas não é apenas isso.
Experimente contar todas as cenas com espelhos e janelas. Em todos os aspectos, Song convida à reflexão. O filme toca fundo. Em parte, isso se deve à sua melancolia. Diferentemente dos passeios noturnos em Manhattan, clássico de Woody Allen (1979), onde o amor florescia enquanto os personagens de Woody Allen e Diane Keaton estavam sentados em um banco, ao lado da icônica Ponte da Rua 59, Hae Sung e Nora permanecem rigidamente na frente da Ponte do Brooklyn à luz do dia, enquanto outro casal, atrás deles, se beija. A vida real os atropela.
O filme de Celine Song pode não ser exatamente uma história de amor. Suspeita-se que seu verdadeiro tema seja a transitoriedade e a impermanência, das quais o amor é, ao mesmo tempo, vítima e fruto. Observe Arthur, tentando docemente aprender coreano, e preocupado porque Nora, quando sonha, fala coreano enquanto dorme. Ouça Nora, enquanto fala sobre Hae Sung: “Ele é tão coreano. Eu me sinto tão não coreana quando estou com ele”.
Vidas Passadas, apesar de sua aparente frieza, nos desafia com perguntas difíceis, abissais, que nos desconcertam. O filme não hesita em nos fazer refletir sobre as profundezas de experiências interculturais – e, sobretudo, existenciais. Quando Hae Sung, em um dos diálogos mais essenciais do filme, se refere a Nora como “alguém que parte”, suas palavras são cruéis ou honestas? O inevitável desfecho, que nos leva às lágrimas, apenas acentua sua complexidade e profundidade. É um grande filme que encanta e dói!
O excelente ‘Anatomia de uma Queda’ discute os conceitos de verdade e Justiça.
Indicado a cinco Oscar, incluindo melhor filme, direção, atriz e roteiro original, 'Anatomia de uma Queda' é um extraordinário exemplo de narrativa cinematográfica.
Envolvente e agudamente inteligente drama psicológico dirigido pela cineasta francesa Justine Triet, Anatomia de uma Queda conquistou, com sua narrativa intrigante, a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2023 e cinco indicações ao Oscar, entre elas as de melhor filme, direção e roteiro original. A produção também venceu o Globo de Ouro nas categorias de melhor filme internacional e roteiro. Todo esse reconhecimento é muito merecido.
O longa-metragem desenrola-se em arcos efervescentes de estranha e intrigante eletricidade em torno de Sandra (vivida pela alemã Sandra Hüller, em desempenho antológico, também indicado ao Oscar de melhor atriz), uma figura inteligente, tensa – e bastante elusiva. No chalé parcialmente reformado nos Alpes franceses, onde ela mora com seu marido francês Samuel (Samuel Theis) e o filho Daniel (a revelação Milo Machado Greiner), uma entrevista com ela, uma escritora de sucesso, se transforma numa atmosfera de sedução entre a autora e a jovem entrevistadora.
Durante a conversa, um elemento inusitado interrompe a cena quando música explode em volume ensurdecedor no andar superior, onde Samuel trabalha, como uma espécie de piada amarga e de mau gosto: ouve-se uma versão roqueira do clássico misógino do rapper norte-americano 50 Cent, “P.I.M.P”. A situação força Sandra a interromper a entrevista, e ao sair, Zoé, a entrevistadora, observa Daniel levando seu cachorro Snoop para passear na neve imaculadamente branca, imagem que evoca a baixa visão do garoto. Quando Daniel retorna, descobre seu pai morto sob a janela do sótão, onde ele trabalhava, com sangue manchando a neve, não mais imaculada.
Um ano depois, Sandra agora está no banco dos réus, e a narrativa se desdobra com complexidade. Alemã nativa com fluência em francês e inglês, ela se alterna entre idiomas de maneira fascinante, adicionando uma camada intrigante ao enredo: estaria ela se comunicando de forma efetiva, se defendendo de forma convincente? À medida em que a acusação e a defesa apresentam evidências, a verdade, que está no centro nevrálgica da narrativa, é posta à prova, e a credibilidade das testemunhas, especialmente a da própria Sandra, torna-se crucial.
O filme atinge seu ápice quando a acusação apresenta uma gravação contundente de uma discussão entre Sandra e o marido, revelando acusações de traição e plágio do romance que a tornou famosa, que ela teria usurpado dele. A defesa recontextualiza habilmente a situação, levantando questões sobre as motivações por trás da gravação e instigando reflexões sobre ciúmes profissionais e egos literários.
No tribunal, o filho enlutado, Daniel, enfrenta o dilema de escolher entre condenar seu pai, insistindo em seu suicídio, ou implicar assassinato por parte de sua mãe. Em meio a um ambiente onde “os fatos não se importam com seus sentimentos”, as emoções emergem como os únicos fatos relevantes.
‘Anatomia de uma Queda’: culpabilidade
A câmera inquieta do diretor de fotografia Simon Beaufils contribui para a narrativa, mudando constantemente o ponto de vista e oferecendo visões alternativas. A dualidade entre o calor emocional e a frieza analítica permeia toda a trama, especialmente na personagem de Sandra, que, em momentos de solidão, revela uma humanidade complexa, longe de rótulos simplistas. Ela é muito ambígua.
Entre os polos de “culpado” e “inocente”, o filme explora um espectro de culpabilidade e cumplicidade em tons vívidos, pulsantes. Anatomia de uma Queda desvenda o absurdo de buscar um veredito binário, um senso de Justiça, em um cenário moral complexo. Sandra é apresentada como uma mãe amorosa, mas também como uma esposa acusada de assassinato, destacando a impossibilidade de reduzir a complexidade humana a categorias simples. E é por isso que Anatomia de uma Queda é tão brilhante e corajoso: não oferece respostas fáceis.
Mais cedo começamos o especial 'Os 5 Motivos'! Durante 2 semanas vamos conversar sobre todos os indicados das categorias de atuação do Oscar 2024, falando os 5 principais pontos que podem levar cada um deles a receber a estatueta. E só para finalizar o primeiro dia em grande estilo, vamos falar sobre Sandra Huller.
Sandra Huller é Atriz no filme "Anatomia de Uma Queda", dirigido por Justine Triet. O longa conta a história de um homem que é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho de 11 anos com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma "morte suspeita": é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. A viúva é indiciada, tendo seu próprio filho no meio do conflito, entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam na relação mãe-filho, pois o menino é a única testemunha do acontecido.
Confira abaixo os 5 motivos que darão o Oscar 2024 de Melhor Atriz para Sandra Huller:
1 - A polêmica do filme não ser o representante da França e o crescimento até o Oscar!
Já falamos sobre a polêmica da França não ter escolhido "Anatomia de Uma Queda" por motivos políticos, e o quanto isso pode ter tirado uma vitória garantida do país em Melhor Filme Internacional. Lembrando que o longa venceu a Palma de Ouro em Cannes!
A produtora Neon foi inteligente, manteve uma campanha firme, e surpreendeu com 5 indicações ao Oscar, incluindo Direção, Roteiro Original, e Melhor Filme. Ou seja, o Oscar mostrou o quanto gosta do filme.
O erro da França pode ter um pequeno ponto positivo. O filme ganhou muita evidência! A polêmica de não ter sido selecionado manteve o burburinho sobre o filme por muito mais tempo. E as pessoas que assistiam foram confirmando que o filme era realmente bom e aumentava as críticas sobre a escolha da França.
Tudo isso ajudou a manter Sandra Huller sempre no topo das apostas e nas rodas de conversa.
2 - A brilhante temporada de Sandra Huller com 2 dos principais filmes do ano: "Anatomia de Uma Queda" e "Zona de Interesse"
Sandra teve uma grande temporada.
Ela estreou em Cannes com 2 dos principais filmes do Festival! Tanto, que em diversas das premiações da críticas (e no BAFTA) ela conseguia dupla indicação: Melhor Atriz por "Anatomia de Uma Queda" e Melhor Atriz Coadjuvante por "Zona de Interesse". Poucos atores conseguem fazer um ano assim.
3 - Sandra já ganhou diversos prêmios na Europa!
Sandra pode ter chego agora em Hollywood e está em sua primeira temporada de prêmios. Mas ela já é muito premiada na Europa!
Filmes como "Requiem" de 2006, e "As Faces de Toni Erdmann" de 2016 lhe deram diversos prêmios importantes da Europa, e uma carreira de muitos personagens incríveis. Ou seja, essa vitória é só a consagração americana de uma grande atriz.
4 - O favoritismo de Sandra Huller pelos votantes europeus!
Aliás, já que falamos da Europa. A dupla indicação no BAFTA mostra o quanto a atriz é querida por lá. E esses votos podem refletir em peso no Oscar!
A Neon pode estar fazendo uma campanha muito forte na Europa para que a atriz tenha o apoio dos votantes para crescer ainda mais.
5 - A disputa entre Emma Stone e Lily Gladstone pode favorecer um terceiro nome! Se você acompanha premiações, já sabe o que acontece quando os votos acabam divididos.
Vamos explicar: o Oscar dá o prêmio para quem mais tiver votos em primeiro lugar. Assim, Emma Stone e Lily Gladstone podem acabar dividindo os votos, sem ter um favoritismo muito certo. E isso pode acabar favorecendo um terceiro nome, que no momento parece ser Sandra Huller!
Em 2009, o sul-africano Neil Blomkamp pegou todo o mundo de surpresa com o mais improvável hit do ano, o delirante Distrito 9 (District 9), sci-fi de orçamento baixo para os padrões do gênero, que tornou- se um cult instantâneo. Não foi em vão. A trama trata basicamente de uma invasão alienígena, como muitas que já vimos, mas os detalhes fazem toda a diferença. Uma enorme nave pousa sobre a cidade de Joanesburgo, na África do Sul e os alienígenas que a controlavam pedem asilo por ali. Ao contrário do que imaginavam, porém, passam a ser hostilizados, obrigados a viver em péssimas condições numa miserável colônia chamada Distrito 9, de onde são proibidos de sair. Ao entrar acidentalmente em contato com uma substância alienígena, Wikus van der Merwe, empregado de uma empresa privada militar encarregada de realocar os aliens para outro distrito, passa a desenvolver uma mutação que aos poucos o iguala às criaturas. Contar mais seria estragar a surpresa de quem não conhece o filme, mas essa simples trama é o ponto de partida para uma controversa e excitante coleção de reviravoltas. A partir do momento em que é capturado, Wikus começa a conhecer melhor sua própria raça – a humana – e é aí que passa a gradativamente se afeiçoar aos monstros que antes repudiava. O filme, uma escancarada alegoria do apartheid, mantém suas metáforas sempre em primeiro plano, bastante visíveis (e o fato de que, mesmo assim, boa parte do público não tenha sequer notado qual o verdadeiro assunto, é apenas assustador). Isso, porém, jamais o desmerece. Blomkamp se assemelha a Paul Verhoeven em sua falta de sutileza, que na verdade não é uma falta, mas o próprio projeto estético do diretor. A eloquência é justamente sua maior qualidade. Distrito 9 é vibrante do início ao fim, mas se fosse apenas isso não teria metade do impacto. Conforme a história avança, as criaturas gosmentas passam a me parecer bem menos asquerosas que os humanos. Para mim, a presença de tal mensagem num filme emocionante e divertido como esse o torna imediatamente especial.
O filme é conhecido por sua abordagem satírica em relação à militarização e propaganda. Paul Verhoeven, o diretor, pretendia criar uma sátira da sociedade militarista, mesmo que algumas pessoas inicialmente tenham interpretado o filme de forma literal.
𝐏𝐫𝐨𝐩𝐚𝐠𝐚𝐧𝐝𝐚 𝐧𝐨 𝐅𝐢𝐥𝐦𝐞:
O filme incorpora elementos de propaganda militar fictícia, apresentando vídeos de recrutamento e notícias durante toda a narrativa. Esses elementos de propaganda ajudam a reforçar a visão satírica do diretor sobre a sociedade representada no filme.
𝐀𝐮𝐬ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐓𝐫𝐚𝐣𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐄𝐧𝐞𝐫𝐠𝐢𝐚:
No livro de Heinlein, os soldados usam trajes de energia, mas no filme esses trajes não foram incluídos devido a restrições orçamentárias. Verhoeven optou por uma estética mais tradicional de ficção científica militar, como uniformes e armaduras convencionais.
𝐂𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐁𝐚𝐭𝐚𝐥𝐡𝐚 𝐞𝐦 𝐆𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞 𝐄𝐬𝐜𝐚𝐥𝐚:
O filme é notável por suas cenas de batalha em grande escala, que envolvem confrontos intensos entre humanos e insetos alienígenas. As sequências de ação são visualmente impressionantes e contribuíram para o apelo do filme como um épico de ficção científica até hoje.
𝐄𝐥𝐞𝐧𝐜𝐨 𝐉𝐨𝐯𝐞𝐦 𝐞 𝐭𝐚𝐥𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬𝐨:
O elenco principal do filme incluiu atores relativamente jovens na época, como Casper Van Dien, Denise Richards e Neil Patrick Harris. O elenco foi escolhido para se adequar à representação de jovens soldados recrutados.
𝐈𝐧𝐟𝐥𝐮ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐧𝐨 𝐆ê𝐧𝐞𝐫𝐨:
"Tropas Estelares" teve uma influência significativa no gênero de ficção científica militar. Embora tenha recebido críticas mistas inicialmente, ao longo do tempo o filme ganhou status cult, sendo lembrado pelos fãs como uma obra única dentro do gênero.
𝐃𝐢𝐟𝐞𝐫𝐞𝐧ç𝐚𝐬 𝐞𝐦 𝐑𝐞𝐥𝐚çã𝐨 𝐚𝐨 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨:
O filme diverge consideravelmente do romance de Heinlein em termos de tom e interpretação da mensagem. Heinlein escreveu um livro com uma abordagem mais séria e patriótica, enquanto Verhoeven optou por uma sátira mais sombria e crítica.
𝐏𝐫ê𝐦𝐢𝐨𝐬 𝐞 𝐈𝐧𝐝𝐢𝐜𝐚çõ𝐞𝐬:
Embora não tenha sido um grande sucesso de bilheteria, "Tropas Estelares" foi indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 1998. Os efeitos especiais, particularmente nas cenas de batalha, foram reconhecidos por sua alta qualidade e CGI impressionantes para a época.
"𝙏𝙧𝙤𝙥𝙖𝙨 𝙀𝙨𝙩𝙚𝙡𝙖𝙧𝙚𝙨" é reconhecido por sua abordagem única à ficção científica militar e sua crítica satírica ao militarismo e à propaganda. O filme continua sendo objeto de análise como um dos melhores do gênero, além da discussão devido à sua natureza provocativa e à sua representação distorcida de elementos do livro original.
CURIOSIDADE: O diretor Paul Verhoeven, que sempre foi conhecido pelo estilo explícito em Hollywood, nasceu e cresceu na Holanda ocupada pelos "Bigodistas", onde ele via corpo de gente fvzil4da e qu3imada na esquina todo santo dia ao sair na rua; em entrevista, ele disse que ao ser escalado para dirigir o filme, ele ponderou fazer uma crítica simples ao militarismo cego, mas mudou de ideia e optou por fazer o filme "mais f4sc1sta possível", pois o argumento dele é de que "essa ideologia só serve para matar insetos e nada mais".
PS: Assim como Robocop (mesmo diretor) um filme com muitas camadas. Ação crua e crítica social sem apelação. Um clássico!
Independente de toda a discussão político-ideológica, é um filme que diverte e muito! O universo do filme é muito interessante, insetos gigantes, insetos comedores de cérebro, telecinese, as divisões militares, a tecnologia de locomoção pelo espaço, o modo como se vestem e agem, tudo isso junto com o roteiro cheio de ação e as reviravoltas do filme deixam ele incrível! É para ver e rever!
Regravar com mais fidelidade ao livro ia ser muito interessante.
𝐀𝐭𝐮𝐚çõ𝐞𝐬 𝐍𝐨𝐭á𝐯𝐞𝐢𝐬: A performance de Jodie Foster como Clarice Starling e Anthony Hopkins como Hannibal Lecter é frequentemente elogiada. Hopkins, em particular, recebeu aclamação por sua interpretação icônica do inteligente e sinistro Hannibal Lecter, ganhando o Oscar de Melhor Ator por seu papel.
𝐃𝐢𝐫𝐞çã𝐨 𝐇𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐨𝐬𝐚: A direção de Jonathan Demme é frequentemente elogiada pela maneira como ele construiu a tensão e a atmosfera do filme. Sua abordagem visual e narrativa contribuiu significativamente para o suspense e o horror psicológico do filme.
𝐑𝐨𝐭𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐈𝐧𝐭𝐞𝐥𝐢𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞: Baseado no livro de Thomas Harris, o roteiro adaptado por Ted Tally é elogiado por sua inteligência e capacidade de manter o público envolvido. A história é complexa, cheia de reviravoltas e diálogos memoráveis.
𝐀𝐭𝐞𝐧çã𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐃𝐞𝐭𝐚𝐥𝐡𝐞𝐬: A atenção aos detalhes na construção dos personagens, cenários e enredo é frequentemente destacada. Cada elemento é cuidadosamente trabalhado para contribuir para a experiência geral do filme.
𝐒𝐮𝐬𝐩𝐞𝐧𝐬𝐞 𝐏𝐬𝐢𝐜𝐨𝐥ó𝐠𝐢𝐜𝐨: "O Silêncio dos Inocentes" é também elogiado por seu suspense psicológico. O filme foca na mente dos personagens e na relação intrigante entre Clarice e Hannibal, em vez de depender apenas de elementos de horror visual.
𝐑𝐞𝐥𝐞𝐯â𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐂𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥: O filme teve um impacto significativo na cultura popular e estabeleceu um padrão para filmes de suspense e terror psicológico. Cenas e diálogos do filme tornaram-se parte do cânone cinematográfico.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐌𝐞𝐦𝐨𝐫á𝐯𝐞𝐥: A trilha sonora de Howard Shore é frequentemente mencionada como um componente vital do sucesso do filme. A música contribui para a atmosfera tensa e é reconhecida como uma das trilhas sonoras mais icônicas do cinema.
No geral, "𝐎 𝐒𝐢𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐈𝐧𝐨𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬" é elogiado por sua qualidade técnica, performances excepcionais e impacto duradouro no cinema. Ele continua sendo uma referência no gênero de suspense e psicologia criminal.
‘A Favorita’ subverte o conceito de filme histórico convencional.
'A Favorita', de Yorgos Lanthimos, resgata a figura da rainha Anne da Grã Bretanha para falar de manipulação, do poder e do feminino.
Os amantes de filmes históricos podem ficar um tanto frustrados com A Favorita, ótimo longa-metragem do cineasta grego Yorgos Lanthimos, recordista, ao lado de Roma, em indicações ao Oscar, disputando o prêmio em dez categorias. O excelente roteiro de Daborah Davis e Tony McNamara, embora preciso em relação à maior parte dos fatos retratados, não se preocupa tanto em contextualizar o espectador, dispensando recursos mais tradicionais, como textos didáticos introdutórios. Seu foco é outro: retrata as relações perigosas entre a rainha Anne (a excepcional Olivia Colman), Sarah Churchil (Rachel Weisz, de O Jardineiro Fiel) e a camareira Abigail Hill (Emma Stone, de La La Land – Cantando as Estações).
Ao longo da última década, Lanthimos, por conta de filmes como Dente Canino (2009), A Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), tornou-se um dos diretores mais cultuados pela crítica internacional. Dono de um cinema muito original, para não dizer peculiar, o grego prima pelo exagero, que vai do cinismo ao poético em um estalar dedos, sem um excluir o outro. Todos esses traços excêntricos estão presentes em A Favorita, talvez seu longa mais palatável, perfeito para levar sua estética (e ética) a um público mais amplo.
Embora Anne, cujo reinado durou entre 1707 e 1714, tenha sido uma monarca importante, a primeira da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e Irlanda juntas), e o filme se ocupe (bem) das maquinações políticas à época, Lanthimos está mais interessado em discutir outro tipo de poder, de manipulação. Muito frágil, física e emocionalmente, a rainha, além de dores torturantes (sofria de gota e diabetes), carregava em si o gigantesco trauma de ter engravidado 17 vezes sem conseguir criar um filho sequer. Todos morreram, antes ou depois de nascerem. No lugar dessas crianças, criava coelhos, a quem dava os nomes dos bebês perdidos.
Sarah, amiga de juventude de Anne e esposa de um nobre importante na vida militar do Império Britânico, é uma eminência parda, que atua nos bastidores e exerce forte influência sobre a rainha, com quem, segundo o filme, mantém um caso amoroso há muitos anos. A relação entre as duas mulheres começa a deteriorar quando Abigail, prima empobrecida da duquesa, chega à corte e se torna camareira de Anne, conquistando sua confiança e afeto, até assumir o lugar que antes era exclusivo de Sarah.
Construído em episódios, como capítulos de um livro, A Favorita é um jogo, no qual as três protagonistas de alguma forma brincam e desafiam umas as outras, fazendo uso de artimanhas de poder, mas também eróticas e amorosas, em uma teia muito original, que faz lembrar o clássico Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick, e Ligações Perigosas (1988), de Stephen Frears, ambos também indicados ao Oscar de melhor filme. Lanthimos não faz uma obra reverente à história da Grã-Bretanha. Talvez por ser estrangeiro, lança um olhar cáustico, porém humano, em direção ao decadentismo da aristocracia no século 18.
Visualmente impecável, da fotografia à luz de velas e com o uso de grandes angulares de Robbie Ryan aos figurinos de Sandy Powell, A Favorita, contudo, não permite que o estético se sobreponha ao dramático. É engraçado, provocativo e muito moderno, apesar de a trama se passar há mais de 300 anos. Indicadas ao Oscar de atriz coadjuvante, Rachel Weisz, equilibrando o masculino e o feminino, e Emma Stone, deliciosamente vil, brilham muito, mas é de Olivia Colman o grande espetáculo. Vencedora da Copa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza e do Globo de Ouro, além de indicada ao prêmio da Academia, a britânica está extraordinária como a rainha Anne, ao mesmo tempo patética e poderosa, frágil e voluntariosa. É dela a imagem final do filme, que ressoa e atordoa.
"𝙇𝙖𝙜𝙧𝙞𝙢𝙖𝙨 𝙙𝙤 𝙎𝙤𝙡" (𝙏𝙚𝙖𝙧𝙨 𝙤𝙛 𝙩𝙝𝙚 𝙎𝙪𝙣) é um filme de ação e drama militar lançado em 2003, dirigido por Antoine Fuqua e estrelado por Bruce Willis.
Aqui estão alguns pontos que fazem deste um filme excelente:
𝐀𝐭𝐮𝐚çõ𝐞𝐬 𝐈𝐦𝐩𝐚𝐜𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬: Bruce Willis oferece uma performance sólida como o tenente A.K. Waters. Sua habilidade em transmitir as emoções do personagem, especialmente no contexto de um filme de ação, contribui para a autenticidade da narrativa. 𝐅𝐨𝐭𝐨𝐠𝐫𝐚𝐟𝐢𝐚 𝐞 𝐃𝐢𝐫𝐞çã𝐨: A cinematografia de "Lágrimas do Sol" é muitas vezes elogiada por capturar paisagens deslumbrantes da selva africana. Antoine Fuqua, conhecido por seu estilo visual marcante, proporciona sequências de ação bem coreografadas e momentos intensos.
𝐓𝐞𝐦𝐚𝐬 𝐑𝐞𝐥𝐞𝐯𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬: O filme aborda questões humanitárias, éticas e morais relacionadas a conflitos em zonas de guerra. A exploração desses temas adiciona profundidade à trama, provocando reflexões sobre o papel das forças militares em situações de crise.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐄𝐧𝐯𝐨𝐥𝐯𝐞𝐧𝐭𝐞: A trilha sonora, muitas vezes composta por Hans Zimmer em colaboração com Lisa Gerrard, é elogiada por complementar efetivamente a atmosfera do filme. A música contribui para a emoção das cenas e intensifica a experiência do espectador.
𝐏𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐁𝐞𝐦 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐯𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝𝐨𝐬: Além do protagonista, "Lágrimas do Sol" apresenta personagens secundários que têm suas próprias histórias e evoluções ao longo do filme. Isso contribui para uma narrativa mais rica e envolvente.
𝐂𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀çã𝐨 𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬: As sequências de ação são notáveis pela sua realidade e intensidade. O filme evita muitos exageros comuns em filmes do gênero, focando em retratar a brutalidade e a complexidade de situações de conflito.
𝐌𝐢𝐬𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐆ê𝐧𝐞𝐫𝐨𝐬: O filme consegue mesclar elementos de ação, drama e thriller militar de maneira equilibrada, proporcionando uma experiência cinematográfica abrangente e cativante.
𝐂𝐨𝐧𝐬𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚: "𝐋á𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐨𝐥" não se limita a ser apenas um filme de ação; ele levanta questões sobre refugiados, direitos humanos e a responsabilidade militar em situações de crise, proporcionando uma reflexão mais profunda sobre as complexidades da guerra.
Em resumo, "𝐋á𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐨𝐥" é elogiado por sua emocionante narrativa, performances convincentes, cinematografia envolvente e abordagem sensível a questões sociais e éticas. Esses elementos combinados contribuem para um filme que transcende as expectativas típicas do gênero de ação militar.
‘Saltburn’ divide opiniões, apostando na estética do choque.
'Saltburn', novo filme da cineasta britânica Emerald Fennell, é uma corrosiva e hipersexualizada sátira social, mas esbarra em sua abordagem por vezes superficial e cosmética.
Arecepção de Saltburn, o segundo filme da cineasta britânica Emerald Fennell, tem gerado, até o momento, divergências de opinião significativas. O longa-metragem, disponível no Amazon Prime Vídeo, explora a intrusão de um indivíduo de classe média em uma família inglesa extraordinariamente rica e aristocrática.
De um lado, há espectadores e a maioria dos críticos que categorizam o filme como uma confusão exuberante, mas autocomplacente de provocação até certo ponto vazia. Por outro lado, existem aqueles que o veem como um thriller erótico envolvente e bem-sucedido, repleto de momentos impactantes em uma releitura de Fennell de obras como Teorema, obra-prima do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, do romance clássico Brideshead Revisited, de Evelyn Waugh, e, por fim, dos livros e das adaptações para o cinema de O Talentoso Ripley, livro da norte-americana Patricia Highsmith.
Embora haja consenso sobre a estética exuberante e atraente de Saltburn, imagens desconfortáveis, como a de um personagem bebendo água do banho de outro, e o desfecho chocante e meio pretensioso do filme, provocam debates sobre se são expressões da genialidade da diretora ou simples truques baratos e vazios, sob medida para chocar o espectador.
A polêmica em torno de Saltburn não é tanto uma consequência da intenção do filme como sátira social, mas, sim, derivada de suas artimanhas criativas: provocar visualmente, retratar a riqueza aristocrática e a devassidão de maneira luxuosa, e sublinhar desejos de maneira escancarada e abusada.
Saltburn é uma obra focada em sensações, e Fennell demonstra habilidade nesse aspecto. O filme faz uso extensivo de montagens suntuosas, escolhas nostálgicas de trilha sonora (a trama se passa na primeira década deste século), destacando-se especialmente “Time to Pretend”, do MGMT, e “Murder on the Dance Floor”, de Sophie Ellis-Bextor, e dioramas de beleza e vigor intensos.
‘Saltburn’: o enredo
A narrativa inicia com um Oliver Quick adulto (interpretado pelo ator irlandês Barry Keoghan, de Os Banshees de Inisherin) declarando nunca ter estado “apaixonado” pelo lindamente distante Felix Catton de Jacob Elordi (da série Euphoria e o Elvis de Priscilla), enquanto se deleita com closes detalhados do suor de Felix, sua nuca, seus músculos abdominais, seu narcisismo. Tudo observado voyeuristicamente através de uma janela. Isso, de maneira sucinta, estabelece que o filme trata de intoxicação e fixação de Oliver por ele.
A proposta é fazer com que o espectador olhe e sinta primeiro, deixando o pensamento para depois (embora seja válido destacar que mais reflexão pode resultar na desconstrução de toda a trama).
Esse clima, essas sensações emanadas pelo filme, são cativantes, mas também podem distrair, compensar em excesso e até enganar. Apesar dos esforços de sátira em relação à classe social privilegiada, Saltburn parece, em grande medida, ser nada além de luxuoso. O filme se deleita na grandiosidade da mansão que lhe dá título, em reviravoltas na trama que beiram o ridículo, e nas excentricidades aristocráticas representadas pelos excelentes Rosamund Pike e Richard E. Grant, interpretando os pais de Felix.
Vazio
A lógica subjacente – personagens superficiais, descartáveis, e uma trama carente de fundamentação navegando em uma aura sedutora – ecoa, de certa forma, a abordagem de Euphoria, também uma obra que aposta no poder de choque, uma marca da contemporaneidade. Saltburn, assim como a série da HBO, é colorido, intenso, exuberante, excessivamente provocante e, por vezes, frustrantemente superficial, embora jamais monótono, é preciso dizer. Essa abordagem inspirou uma resposta dividida entre público e crítica. Seria Saltburn genial ou vazio? Genuinamente excitante ou apenas provocativo? Arrojado ou tolo?
A inclinação é sempre para a segunda resposta a essas perguntas, pois Saltburn parece superestimar seu poder, confundindo provocação com profundidade. Mais criticamente, há uma tendência a superestimar, mas também subestimar seu próprio impacto – não há como negar que o filme mexe e muito com o público. Sua repercussão é prova disso.
Os esforços de Fennell para provocar por meio de nudez, sexo e violência, embora desconfortáveis, carecem de uma base sólida em termos de construção de personagens humanos que realmente justifique tudo isso. Alguns momentos chegam a meio termo – como o banho de Oliver ou o ato sexual oral em Venetia durante sua menstruação -, sendo, de fato, muito provocativos para um público cada vez mais puritano. Mas, pelo menos, essas cenas tentam materializar o consumo da riqueza dos Catton pelo protagonista de uma maneira carnal.
Contudo, cenas como Oliver fazendo sexo na cova de Felix ou dançando nu na mansão que conquistou sem um propósito claro parecem oportunidades apenas para exibir um ator talentoso e atraente se contorcendo na terra molhada e dançando sem roupas. Não muito mais. A que leva o choque que essas cenas provocam no espectador? Chocam, sim, mas no fundo não querem dizer muito, não.
O que destaca é que a intenção do filme como uma sátira excitante, um retrato do desejo, se torna, por fim, amarga, o que é bem interessante. Como Fennell já fez em Bela Vingança, longa que lhe deu o Oscar de melhor roteiro original, o desfecho é surpreendente, mas não exatamente catártico, porque também sombrio, amargo. O problema é que a cineasta e roteirista não consegue mascarar a ausência de uma intenção coesa, de uma especificidade de personagens, lugar ou ideia. O filme carece dessa consistência, resultando um tanto cosmético, o que compromete seu impacto e deixa sua narrativa flutuando numa espécie de vácuo muito chique.
Saltburn está indicado a cinco Bafta (o Oscar britânico) em cinco categorias, incluindo melhor ator (Barry Keoghan), atriz coadjuvante (Rosemund Pike), ator coadjuvante (Jacob Elordi) e melhor filme britânico.
Muito bom filme, o crime não compensa só traz desgraça.
Esse filme 🎥 é muito bom retratando problemas familiares e conflitos gue toda família infelizmente tem não somos perfeitos temos nossos defeitos e qualidades e o filme traz a toma essa outra situação o de ficar contrabadeando tendo falcatruas e roubos o filme e bom recomendo para guem guiser assistir 😮😮
Uso a frase dos peaky blianders cabalho lerdo e mulheres lijeiras
Excelente trabalho sobre cruel situação drasticamente, ainda tão atual e pior, sobre a violência doméstica contra as mulheres. Atores ótimos. Não conhecia a atriz protagonista. Roteiro, direção, fotografia, figurino, edição...Parabéns! Triste é saber que tantos relacionamentos tóxicos e abusivos, levam à violência física, psicológica...So quem convive com um narcisista compreende bem o personagem
Atuação magistral do nosso saudoso Domingos Montagner...
O filme "O Demolidor" aparentemente parece ser apenas mais um bom filme de ação dos anos 90, onde um "herói" tenta impedir um vilão de dominar o mundo. Mas ele é muito mais do que isso. O filme tem uma crítica social extremamente inteligente, que se prova a cada ano mais certeira. Muitas pessoas dizem, que aquele futuro do filme é praticamente uma previsão do nosso presente, ou uma perspectiva futuro que estamos construindo. No filme, o estado rege todas as regras da civilização, controla absolutamente tudo na vida das pessoas. Por exemplo, como devemos nos vestir, o que comer e beber, o que se pode ver na TV, ouvir, falar, proíbe bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, beijar, proíbe até mesmo engravidar sem autorização. Tudo que o governo acha que pode fazer "mal" para as pessoas, ele proíbe. E se a pessoa quebrar qualquer regra, ou tentar questionar o estado, leva multa ou é presa imediatamente. O "politicamente correto", se é que esse termo é realmente o correto, tomou conta de tudo ao extremo. As pessoas que têm pensamento contrário, opiniões diferentes do estado, foram obrigadas a viver nos esgotos ou seriam presas como marginais, passando fome e tendo que roubar para se alimentar, elas são consideradas a escória da sociedade. Enquanto as pessoas que vivem nessa bolha têm fartura, se aproveitando de sua própria hipocrisia. Os policiais não usam mais armas, não são mais treinados. Na verdade, ninguém mais pode ter armas; literalmente, elas só existem em museus. Todos são proibidos de aprender autodefesa, artes marciais também foram proibidas. O estado passou a decidir cada passo da população, que vive em uma superficial e imaginária paz, percebendo ou não a opressão que os cerca. Tudo isso é mostrado no filme com sutilezas e, algumas vezes, de forma explícita. Claro, existem muitas outras críticas sociais dentro do filme, que falarei em outros textos. Na sua opinião, o filme "O Demolidor" realmente acertou em suas previsões? Ou é um exagero dizer isso, já que na maior parte do mundo, inclusive no Brasil, ainda somos teoricamente um país com liberdade! O que acham?
Ótimo filme. O drama da doença e o sofrimento a cada dia do pistoleiro durão. No final, cenas brutais . John Wayne já era para receber um Oscar por esse filme, mas a Hollywood miserável não deu ao veterano ator, dono de excelentes filmes em sua carreira. Foi-lhe dar em seu último filme, quando ele colocou um tapa-olho. Pouco tempo depois, descobriu-se que ele estava com câncer . Ele foi receber o Oscar já bem magro, abatido pela doença, mesmo assim com muito orgulho pelo ainda que tardio prêmio.
Esse filme tem tudo a ver com o que John Wayne estava passando na realidade. Nessa época ele estava com o câncer bem avançado. O filme é de 1976 Wayne faleceu em virtude do câncer em 1979. Pouco tempo depois de ter recebido uma homenagem especial pela academia de Hollywood.
Timothée Chalamet é um Willy Wonka jovem e sonhador em prequel divertida, ainda que adocicada.
'Wonka', que narra a juventude do protagonista de 'A Fantástica Fábrica de Chocolates', se destaca por sua leveza, brilho, elenco afiado e números musicais grandiosos.
Amais recente encarnação de Willy Wonka, interpretada por Timothée Chalamet (de Duna) em Wonka, surge na telona como uma figura bem mais jovem, doce e notavelmente menos excêntrica do que suas versões anteriores. Ele embarca em sua jornada do herói com uma aura de sonho e um sorriso permanente nos lábios, mantendo uma atitude positiva, ocasionalmente cantando, dançando de forma um tanto desajeitada e criando doces peculiares, como os chocolates salgados com as “lágrimas agridoces de um palhaço russo”, conhecidos como hoverchocs.
A resiliência – ou seria insistência? – das franquias cinematográficas é evidente em Wonka, novo musical original que explora os primeiros empreendimentos do jovem Willy. O filme se destaca por sua leveza e brilho, e é repleto de artistas talentosos que parecem se divertir (muito) com suas interpretações, mesmo quando assumem papéis malvados.
A qualidade mais evidente dessa encarnação jovem de Willy Wonka é a sua gentileza. Há uma ausência quase absoluta da misantropia sombria presente no romance Charlie e a Fábrica de Chocolate, de Roald Dahl, best-seller de 1964 que gerou diversas adaptações, incluindo filmes anteriores e um musical na Broadway.
A narrativa de Dahl e suas adaptações anteriores apresentam um menino pobre, Charlie, que realiza uma visita transformadora à fábrica de chocolate do enigmático e algo perverso Willy Wonka. Dirigido por Paul King, Wonka retrocede no tempo para quando Willy era um esforçado empreendedor sem dinheiro nos bolsos, mas repleto de encantos e aspirações.
Após anos viajando pelo mundo, ele busca realizar seus sonhos doces em uma cidade que remete à Europa, com uma arquitetura espetacular e espaço para números musicais grandiosos. Seus desafios surgem na forma de um cartel chocolateiro e a dona malvada de uma estalagem, Sra. Scrubbit (Olivia Colman, excepcional como sempre), que escraviza seus hóspedes pobretões.
‘Wonka’: excesso de doçura
Wonka apresenta canções antigas e novas, coreografias envolventes, um rio de chocolate, mas não chega a inovar. Entre seus atrativos está um Chalamet carismático e entusiasmado, de movimentos desajeitados, com seus cabelos sempre desarrumados balançando sob o chapéu de Willy. O desempenho lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical).
O filme enfatiza Willy como protagonista absoluto. Embora ele logo encontre uma parceira infantil, Noodle (Calah Lane, muito carismática), a mais jovem entre os servos de Sra. Scrubbit. E é Willy, desta vez, quem assume o papel do ingênuo de olhos arregalados que, na história e no filme original era o garoto Charlie.
A personalidade afável de Willy nesta versão o distancia do excêntrico chapeleiro louco de Dahl, aproximando-o espiritualmente do gentil protagonista ursino dos filmes de King, os ótimos Paddington e Paddington 2. Como o personagem Paddington, Willy, o fabricante de doces, logo encontra uma comunidade solidária em seu novo ambiente digitalmente aprimorado. Além disso, recebe calor maternal de Sally Hawkins (de A Forma da Água), compartilha momentos cômicos com um impagável Hugh Grant (aqui como um Oompa-Loompa pistola) e se envolve em escapadas criativas que evidenciam as habilidades de King na construção da narrativa de ação. O filme, no entanto, com sua duração de duas horas, prolonga-se um pouco além do necessário.
O roteiro de King e Simon Farnaby poderia, também, adicionar um tom mais crítico a Wonka; que, às vezes, é adocicado demais – o filme funciona melhor quando explora o humor. Isso não chega a ser surpreendente, dada a reconceituação da personalidade de Wonka por King (sem a presença de ameaça) e a influência da “disneyficação” do entretenimento infantil.
As mudanças no Mundo de Wonka ao longo dos anos, especialmente na caracterização dos Oompa-Loompas, refletem uma evolução significativa. O filme de 1971 com Gene Wilder os retratava com pele laranja e cabelos verdes, uma representação que Tim Burton abandonou em seu filme de 2005 estrelado por Johnny Depp, e que King restaurou.
Um dos desafios para os cineastas contemporâneos ao adaptar a obra de Dahl é aproveitar os elementos agradáveis sem replicar suas facetas menos atraentes. Wonka contorna parte dessas questões por anteceder a notoriedade de Willy, e é possível que em uma eventual sequência, os Oompa-Loompas tenham alcançado uma maior autonomia. Até lá, espera-se que a aversão de Dahl por personagens gordos, evidenciada infelizmente no filme por meio de um chefe de polícia glutão (Keegan-Michael Key), seja deixada para trás.
Wonka, por fim, busca abraçar a gentileza com uma sinceridade espontânea, convidando o espectador a soltar a imaginação, destacando a perspectiva divertida de que um dia Timothée Chalamet se transformará, com alguma sorte, em um Gene Wilder e, esperamos, não em um Johnny Depp.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista Agora“A vida é uma história contada por um idiota: cheia de som e fúria, significando nada.”
William Shakespeare – Macbeth, Ato V, Cena V.
Quando Clint Eastwood encarnou seu “pistoleiro sem nome” na célebre Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone, o gênero western ganhou um novo arquétipo. Não mais o cowboy bom-moço de outros clássicos do gênero, como os interpretados por John Wayne. Agora o protagonista demonstrava claramente sua moral duvidosa e seus óbvios traços de cinismo. Não é segredo para ninguém que ali o protagonista de western ganhou contornos bem mais humanos e quase que fronteiriços entre o herói e o anti-herói. Também seria óbvio dizer que os irmãos Coen conheciam muito bem essa evolução quando filmaram Onde Os Fracos Não Tem Vez. Mas a obra-prima de 2007 é muito mais que um simples decalque modernizado do gênero. Os diretores adicionaram elementos que modificaram sua estrutura e seu espírito. Se o longa-metragem o subverte ao dar o protagonismo a um anti-herói inequívoco, ele acaba também por modificar os próprios moldes dos vilões tradicionais, já que Anton Chiguhr é em tudo atípico.
Qualquer análise sobre Onde Os Fracos Não Tem Vez gravitará necessariamente em torno de seu anti-herói – um dos grandes vilões da história do cinema. Javier Bardem interpreta Chiguhr de modo assombrosamente inspirado e o compõe de uma série de maneirismos que revelam sua frieza, sua soberba e sua completa loucura. Seu corte de cabelo excêntrico parece ser usado por ele como uma ironia ou um deboche.
Impressiona seu ritualismo a cada cena. Ele caminha calmamente até suas vítimas e dialoga com elas sem jamais se exaltar. O personagem decide com lances de uma moeda se seu interlocutor morrerá ou viverá. Anton Chiguhr nega o livre arbítrio. Seus atos são reflexos de uma força que não demora a se revelar – o psicopata dos irmãos Coen encarna a própria força da morte. Irreprimível e atemporal. Nenhum dos personagens do longa-metragem apresenta registros de historicidade. Nada sabemos sobre eles. Nem suas motivações nem seus objetivos. Presente, passado e futuro tornam-se um só.
Se o tempo parece tão insignificante no filme, a solidão toma conta de seus enormes espaços desérticos. Nos primeiros minutos de Onde Os Fracos Não Tem Vez, são os planos gerais que nos dizem isso. Os diretores, realizando o melhor trabalho de direção de sua carreira, sabem que enquadrar a amplidão dessas locações diz muito mais que explicá-las com diálogos e narrações. Sabem que suas imagens exprimem melhor o peso do mundo sobre os ombros frágeis de homens cujas vidas valem tão pouco. Esse vazio é aumentado pela ausência de trilha sonora. Em seu lugar, o filme utiliza alguns ótimos efeitos. Valorizam-se os sons dos passos, das respirações ofegantes, dos disparos de armas e dos motores das caminhonetes que cortam as ermas estradas. O trabalho de edição e de mixagem de som valoriza os menores detalhes sonoros e um ótimo exemplo disso é visto na famosa “cena da moeda”, em que o ruído desagradável de um papel se abrindo anuncia o perigo em um momento importante.
Os irmãos Coen fazem um exímio trabalho na criação de suspense ao longo de todo o filme. Um dos momentos que mais facilmente enerva o espectador é aquele em que
o personagem Llewellyn Moss (Josh Brolin) descobre o transponder dentro da mala de dinheiro. Em silêncio absoluto, o plano se fecha em um close-up no rosto tenso do caçador. Corte para um plano médio entre ele e a porta, com a câmera estática. Corte novamente para o rosto de Moss, para a porta e, a seguir, mais uma vez para o rosto do personagem. Corte, então, para a soleira da porta, onde um feixe tênue de luz entra sorrateiramente e cria a expectativa de um disparo que virá a qualquer instante do extracampo.
Se essa cena constrói todo o suspense pela iminência do embate entre Anton Chiguhr e Llewellyn Moss,
o possível assassinato do último pelo primeiro, que tanta expectativa criou no público, surge na tela de modo inesperadamente prosaico. É neste momento que a obra muda subitamente seu ponto de vista e a morte de Moss é mostrada pelo olhos do xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) como se fosse apenas mais um crime. Uma morte qualquer, sem nenhuma glória e que o filme mal permite que se sinta. A escolha é surpreendente e o filme zomba do envolvimento do espectador. Quem vive e quem morre é algo que não parece ter a menor importância em Onde Os Fracos Não Tem Vez. O que interessa mesmo é a força destrutiva personificada em Chiguhr e que chega sem dar avisos. Repentina como o arrombamento da fechadura (marca ritualística do psicopata) e assustadora como o head-on que registra a chegada do protagonista do outro lado de uma porta.
É importante notar também que até esse momento, a câmera centrava-se basicamente nos travellings, muitas vezes fechados nos pés dos personagens e que permitiram a criação de todo o clima de perseguição implacável entre
Chiguhr e Moss. Curiosamente, a obsessão de ambos em perseguir uma mala de dinheiro, que se reflete na própria obsessão da câmera por seguir em seu encalço, acaba sendo esvaziada de sentido. Os protagonistas trilham um caminho eivado de violência e de morte, mas nunca fica claro o porquê de toda a devastação que causam, nem aonde pretendem chegar com uma perseguição que nunca parece ter fim nem razão. Penso que aqui chegamos ao fulcro da obra-prima dos irmãos Coen – Anton Chighur e Llewellyn Moss são uma alegoria da nossa própria história. Sempre fomos eficientes em matar. Matamos em nome da fé, da ausência dela, de uma postura ideológica ou da sua contrária. Criamos razões e aperfeiçoamos os métodos. Matamos uns aos outros como animais em outro tipo de selva. Não é por acaso que Chiguhr utiliza uma arma de matar gado quando ataca suas vítimas.
Mas a questão maior e mais espinhosa de Onde Os Fracos Não Tem Vez é: para onde a história nos conduz
enquanto deixamos nosso rastro de ruína? A mensagem final não é nada otimista. O mal segue adiante. Prevalece e se renova. E seguimos com ele sem qualquer ponto de chegada. Somos todos como o xerife Ed Tom Bell e seu velho pai – cavalgando sem norte em um sonho banal.
Nota: 5/5 (Obra-prima)
𝙏𝙚𝙤𝙧𝙞𝙖𝙨 𝙄𝙣𝙨𝙖𝙣𝙖𝙨 - 🎬
𝘖𝘯𝘥𝘦 𝘰𝘴 𝘍𝘳𝘢𝘤𝘰𝘴 𝘯ã𝘰 𝘵𝘦𝘮 𝘝𝘦𝘻
Existe uma teoria no filme "Onde os Fracos não têm Vez" que fala que o xerife "Ed Tom Bell", personagem interpretado por Tommy Lee Jones, e o assassino "Anton Chigurh", interpretado por Javier Bardem, são na verdade a mesma pessoa.
Vamos entender: Chigurh seria o alter-ego ruim de Tom Bell, sendo a representação da sua violência.
Existem algumas pistas no filme, por exemplo: Em uma cena, o xerife chega ao quarto de hotel onde Chigurh havia se escondido e, um momento antes de abrir a maçaneta, o reflexo de Chigurh aparece refletido nela. Chigurh vê que alguém está entrando, porém ao entrar não há ninguém no quarto, o xerife se vê sozinho.
Outros pontos:
Ambos os personagens sentam-se na frente da TV, bebendo leite, observando seus reflexos na TV desligada.
O xerife se aposenta logo após Chigurh pegar o dinheiro, como se agora ele não precisasse mais trabalhar.
O xerife sempre chega atrasado nos crimes cometidos pelo assassino ou nos locais onde Chigurh se escondia, sempre permitindo que ele fuja.
Os dois personagens em momento algum se encontram durante a história.
A esposa do xerife pede para ele não machucar ninguém.
O xerife, em uma cena, disse que Deus não entrou em sua vida e, se fosse Deus, pensaria da mesma forma, dando a entender que ele não era uma boa pessoa.
A cena da ponte em que o Moss está todo ensanguentado de um tiro feito pelo assassino chigurh, enquanto ele atravessa a ponte três jovens vem em sua direção, e Moss pede a jaqueta de um dos jovens porém o mesmo lhe pede dinheiro 💴.,
Em outra cena já para o final do filme chigurh sofre um assistente de carro ele precisar sair e ir embora, mais com o braço quebrado ele senta na calçada, tem duas crianças de bicicleta, ele pedi a camisa de uma delas, aí uma delas dá a camisa de graça.
Essa é apenas uma das teorias do filme, as outras ficaram para outra postagem.
O Nome da Rosa
3.9 775 Assista AgoraJorge de Burgos: "O que você realmente quer? "
Guglielmo de Baskerville:
"Quero o livro grego que, segundo você, nunca foi escrito. Um livro que é tudo sobre comédia. Provavelmente a única cópia conservada do livro de poesia de Aristóteles. Há muitos livros sobre comédia. Por que esse livro é tão perigoso? "
Jorge de Burgos:
"Porque pertence a Aristóteles e vai te fazer rir".
Baskerville:
"O que é perturbador em que os homens possam rir? "
Abade:
"O riso mata o medo, e sem medo não pode haver fé. Aquele que não teme o diabo não precisa mais de Deus".
- O nome da rosa por Umberto Eco.
O Nome da Rosa, primeiro romance de ficção de Umberto Eco, não é uma obra fácil de ser adaptada para o audiovisual. Carregada de debates teológicos e de filosofia, com passagens inteiras escritas em latim e mantidas assim pelo menos nas primeiras edições do livro, sua transposição para um roteiro cinematográfico foi sem dúvida um desafio que acabou passando por diversos escritores, quatro deles finalmente levando os créditos pelo texto final. Muitos afirmam, torcendo o nariz, que o longa de 1986 é, no máximo, a versão aguada do romance, mas tenho para mim que ele é muito mais uma versão interessante de seu próprio jeito da obra de Eco executada com muito rigor técnico por Jean-Jacques Annaud.
É inegável que o roteiro centra seus esforços narrativos na investigação, pelo frade franciscano William de Baskerville (Sean Connery) e seu noviço Adso de Melk (Christian Slater), de mortes misteriosas que ocorrem em um monastério beneditino ao norte da Itália aonde eles vão para um debate teológico com emissários do Papa. Para todos os efeitos, trata-se de um Sherlock Holmes medieval (o uso do nome Baskerville por Eco não foi coincidência, claro) – ou uma versão de Guilherme de Ockham – descortinando, um a um, os pecados da batina, incluindo a força cega e destruidora da Inquisição comandada por Bernardo Gui (F. Murray Abraham, que só aparece no terço final, mas cuja presença ameaçadora é sentida desde o começo) em que o culpado é bem menos importante do que o porquê dos atos criminosos, o que retira o longa de uma mera obra investigativa localizada temporalmente em época inusitada. Os debates teológicos da obra original são drasticamente resumidos ou eliminados, mas diria que o roteiro, por incrível que pareça, acaba capturando bem o espírito “contraventor” e “herege” do trabalho do autor italiano, contrapondo ciência e religião, mas sem simplesmente negar um ou outro.
Os maiores problemas do filme estão em seu começo e em seu fim apenas, mas sem que eles afetem sobremaneira o resultado final. A apresentação de William de Baskerville como um Sherlock Holmes de hábito é marretada no texto de maneira exageradamente didática, o que retira muito da naturalidade da chegada do protagonista e seu pupilo à abadia, algo que, depois, é suavizado, ainda que sejam constantes demais as perguntas feitas por William a Adso de forma a explicar detalhadamente ao espectador o que por muitas vezes já ficou evidente ou que não precisava ficar tão evidente assim. Por seu turno, o final peca por ser redondinho e feliz demais, traindo um pouco – mas não completamente, como muitos defendem – a atmosfera pesada, suja e claustrofóbica que impera ao longo das mais de duas horas de projeção.
No entanto, o miolo é absolutamente fascinante. Para começar, Sean Connery está muito bem como um cínico e altamente científico investigador que se recusa desde o início a acreditar em explicações bíblicas para as mortes, encontrando uma lógica muito terrena e mesquinha para tudo que observa, justamente seguindo a linha do famoso Guilherme de Ockham, cujo método levaria à cunhagem do termo Navalha de Ockham, que prega pela explicação mais simples como a mais provável. Christian Slater funciona também muito bem como seu assistente que fala muito pouco, mas que simboliza o processo de transformação de um garoto de olhar arregalado em um homem maduro, algo que acontece em diversos níveis, incluindo o amoroso com sua relação quase instintiva com a bela e paupérrima moça sem nome (vivida por Valentina Vargas) do vilarejo ao sopé do monastério.
Outro destaque é a inspiradíssima escalação de Ron Pearlman como Salvatore, o monge corcunda que fala em diversas línguas ao mesmo tempo e que é essencial para a investigação de William e para o desfecho da história. Uma figura monstruosa, apresentada inicialmente de maneira brilhante apenas com um jogo de sombras que literalmente o transforma em um gárgula, o personagem logo mostra diversas facetas que em quase todos os momentos coloca Pearlman, em seu primeiro papel de destaque, tomando conta do cenário mesmo diante da imponente presença de Connery.
Falando em cenário, este talvez seja o grande “personagem” do longa. Ainda que alguns interiores tenham sido fotografados em uma abadia alemã, grande parte do que vemos em tela é um gigantesco cenário construído a duras penas no topo de uma colina nas imediações de Roma que acabou sendo o maior cenário fora de estúdio construído na Europa desde nada menos do que Cleópatra, de 23 anos antes. E o esforço mais do que valeu a pena, pois a imersão é completa nesse ambiente inóspito, de torres altas, pátios desertos e uma mistura fascinante de pensamento retrógrado com a manutenção cuidadosa de obras-primas da literatura em uma biblioteca labiríntica belíssima que, porém, ninguém pode ter acesso. Essa sensacional reconstrução de um monastério do século XIV vem acompanhada de figurinos detalhados representando as diferentes ordens religiosas, além de props cuidadosas que permitem o mergulho completo na Idade Média, com cozinhas ensanguentadas, quartos espartanos e salas de jantar opressivas que extraem toda a alegria de partilhar comida.
Na trilha sonora, James Horner compõe peças muito originais e bem diferentes do que ele mesmo estava acostumado, pendendo, claro, para sons de órgão que evocam o ambiente pesadamente religioso que comanda a fita, mas sem deixar de pontilhar a iluminação de William de Baskerville de um lado e a inocência de Adso de Melk de outro, em uma combinação única que Annaud cirurgicamente sincroniza em sua obra. Ao ressaltar musicalmente a espiritualidade dos protagonistas, Horner e Annaud deixam ainda mais evidente a sujeira que marca o dogma religioso sendo levado às últimas consequências.
O Nome da Rosa é uma corajosa adaptação de um livro complexo que funciona exatamente por saber ressaltar o material mais próprio para o meio cinematográfico, aplainando e inevitavelmente simplificando as discussões teológicas e filosóficas de Umberto Eco. O resultado é um longa investigativo medieval que cumpre sua função de cutucar pensamentos antiquados – sejam eles quais forem – e mostrar que a busca pelo conhecimento e pela iluminação deve ser constante, mesmo que ela cobre um preço alto.
O filme “O nome da Rosa”, baseado no livro de Umberto Eco, se passa no ano de 1327, em um mosteiro beneditino na Itália, que possuía uma biblioteca com grande acervo de livros, tanto cristãos quanto clássicos gregos considerados pelos muitos religiosos como pagãos, porém poucos tinham acesso à biblioteca.
O mundo nessa época via a supremacia da Igreja Católica que detinha o saber, educava o povo com vistas à submissão e exercia grande influência sobre muitos governos instituídos, por vezes ela se uniu ao poder monárquico.
Poucos conheciam o real significado de seus dogmas e para garantir seu poder, qualquer questionamento, reflexão ou ação contrária a seus preceitos era julgada e punida pela Santa Inquisição, uma espécie de tribunal instaurado a fim de punir os hereges. As mulheres também sofreram muitas perseguições por parte da Igreja nesse período, pois, eram consideradas como demoníacas causadoras do pecado e feiticeiras. A Inquisição foi um movimento de tal tamanho que muitos soberanos e nobres a temiam, podem-se citar grandes personagens da história como Galileu, Giordano Bruno e Joana Dar’c que sofreram com o jugo desse movimento de repressão religiosa.
O monge franciscano William de Baskerville é designado a desvendar crimes que estavam ocorrendo em um mosteiro beneditino italiano, nele religiosos foram encontrados mortos após o manuseio de um determinado livro, e sem divulgar o que haviam lido foram vítimas de envenenamento.
O livro que esses homens leram era um clássico de Aristóteles que falava sobre o riso. Essa expressão humana de contentamento era considerada perigosa por um dos monges da história, o Venerável Jorge, que tudo fazia de tudo para manter as rígidas disciplinas no mosteiro.
No filme William que tem uma postura humanista e racional num mundo guiado pela fé, ele representa o intelectual renascentista e com suas investigações percebe o real motivo vos crimes que culminou na instalação de um tribunal da Santa Inquisição presidido pelo inquisidor Bernardo Gui, um personagem histórico real.
Umberto Eco, autor da história, nos revela conflitos medievais onde ocorriam abusos de poder, ostentação, injustiças e demagogia. Esse mundo era dominado pela da Igreja Católica que mantinha todo o conhecimento produzido até então, e não permitia a homens comuns terem acesso aos dogmas religiosos em que a Igreja estava embasada. Ela, por assim dizer mantinha a sete chaves tudo o que considerava pagão e herege; que pudesse vir a ser prejudicial à ordem e o poder já estabelecido.
Questões específicas:
Relação entre a produção do conhecimento e a Igreja Católica;
Os cristãos poderiam utilizar da filosofia grega pagã tudo o que fosse útil, desde que se situassem no passado. O contexto educacional compartilhado por diversos pensadores da época via a necessidade catequética do povo. Em suas escolas rudimentares repassavam aos comuns, conceitos básicos sobre a doutrina cerceada pelo misticismo e temor, ler as escrituras o que constituía a parte principal dos estudos e escrever. Com o passar dos tempos os métodos de estudo se aprofundaram com a introdução de novas disciplinas, surgindo escolas como as paroquiais, depois as monásticas e episcopais, as escolas palatinas, as escolas catedrais e posteriormente culminaram com o surgimento da primeira organização liberal da Idade Média, as universidades, com destaque para a de Paris, Bolonha, Salermo, Oxford, Coimbra, entre outras.
Papel da biblioteca e do livro na produção e na disseminação do conhecimento;
Os livros na Idade Média eram raros escritos em grego ou latim por monges copistas que por vezes substituíam palavras ou letras por símbolos, para economizar tinta e papel muito caros nesse período da história, para conseguir montar uma biblioteca era algo que dependia de uma grande quantia de dinheiro, por isso eram raras e valiosíssimas.
A Igreja para manter seu poder disseminou a ideia de que os livros e as bibliotecas eram perigosos, para as pessoas que tinham pouca ou nenhuma instrução e que constituíam a maioria da população medieval.
Nos tempos medievais todo o saber transmitido passava pelo crivo da Igreja e tudo que viesse a ser repassado no ensino deveria contribuir para o desenvolvimento da doutrina e teria de ser compatível com a fé. Por isso as bibliotecas eram fechadas com acesso restrito, assim, não seria revelado o conteúdo de certos livros considerados impróprios e hereges que poderiam ameaçar a hegemonia da Igreja Católica com a divulgação dos mesmos.
Segundo as palavras do próprio personagem William de Baskerville: “Porque ela contém uma sabedoria diferente da nossa e ideias que nos fariam por em dúvida a invalibilidade da palavra de Deus e a dúvida, Adso é inimiga da fé”.
Porém, para os poucos intelectuais da época, os livros tinham o saber necessário que poderia trazer o desenvolvimento intelectual, tecnológico e científico tão necessário e já almejado na época, por isso eles eram favoráveis que as bibliotecas e livros tão raros, fossem mais consultados.
Quais são os saberes privilegiados nesse período e quem são os considerados sábios?
A educação dava fundamental importância à leitura das Escrituras e a escrever; mais tarde com a sistematização das disciplinas ou ciências na renascença carolíngia, surge o quadrivium ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música), logo após também se inclui o trivium ou ensino literário (gramática, dialética e retórica). Nas Universidades que inicialmente eram chamadas de studium generale que agregavam mestres e discípulos. Logo esses locais passaram a ser referência ao estudo universal do saber e é o legado dos tempos medievais para a atualidade. Lá se encontrava a efervescência cultural. Os ramos do saber que eram ministrados nas universidades dividiam-se em artes (literatura, arquitetura, pintura, música); e, medicina, direito e teologia. Eram considerados sábios na época medieval os clérigos que eram os mestres nas escolas existentes.
Code 8: Renegados – Parte II
2.7 31 Assista AgoraMuita coisa mudou desde que te foste embora. A aguardada sequela de Code 8 - Renegados
Um Drink no Inferno
3.7 1,4K Assista Agora𝙁𝙧𝙤𝙢 𝘿𝙪𝙨𝙠 𝙏𝙞𝙡𝙡 𝘿𝙖𝙬𝙣 - (𝙐𝙢 𝘿𝙧𝙞𝙣𝙠 𝙣𝙤 𝙄𝙣𝙛𝙚𝙧𝙣𝙤)
Foi lançado em 1996, é um filme que transcende gêneros e surpreende o público com sua mistura única de ação, horror e comédia. Dirigido por Robert Rodriguez e escrito por Quentin Tarantino, o filme se destaca por sua narrativa imprevisível e seus personagens memoráveis extremamente carismáticos.
A trama segue os irmãos criminosos Seth e Richie Gecko, interpretados por George Clooney e Quentin Tarantino, respectivamente. Após uma série de crimes, os irmãos fogem para o México, onde planejam se esconder. No entanto, seu destino toma um rumo inesperado quando encontram um bar decadente conhecido como "Titty Twister", que se revela um verdadeiro antro de vampiros demoníacos sedentos por sangue.
O filme é uma montanha-russa de emoções, começando como um thriller criminal tenso e transformando-se em um frenesi de horror sobrenatural. A transição abrupta de gêneros é uma das características mais marcantes de "Um Drink no Inferno", desafiando as expectativas do público e mantendo a tensão elevada até o final da trama.
A escolha de elenco é impecável, com George Clooney entregando uma performance carismática como Seth Gecko, enquanto Quentin Tarantino adiciona um toque de insanidade ao seu personagem, Richie. O elenco ainda conta com atuações sólidas de Harvey Keitel, Juliette Lewis, Salma Hayek entre outros, todo o elenco de apoio é fenomenal.
O diretor Robert Rodriguez traz sua assinatura visual única para o filme, combinando sequências de ação estilizadas com imagens gráficas de horror e muito gore. Além do trabalho incrível de maquiagem do gênio Tom Savini, que também interpreta o personagem Sex Machine no filme.
A cinematografia intensa e a trilha sonora pulsante, que inclui músicas de artistas como ZZ Top e Tito & Tarantula, contribuem para a atmosfera e ritmo eletrizante do filme.
Além disso, "Um Drink no Inferno" é conhecido por suas cenas icônicas, como a dança sedutora de Salma Hayek como a vampira Santanico Pandemonium e a banda de Rock icônica e Demoníaca. Esses momentos, juntamente com diálogos afiados e humor negro, elevam o filme para além das convenções dos gêneros tradicionais.
Ao final, "Um Drink no Inferno" é um testemunho surreal da colaboração dinâmica entre Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, resultando em uma experiência cinematográfica única e inesquecível. Seja pelo choque de gêneros, personagens cativantes ou reviravoltas surpreendentes, o filme continua a ser celebrado pelo público como um clássico cult que desafia as expectativas e continua mantendo sua incrível relevância ao longo dos anos.
Um Drink No Inferno 2: Texas Sangrento
2.5 142 Assista Agora𝙁𝙧𝙤𝙢 𝘿𝙪𝙨𝙠 𝙏𝙞𝙡𝙡 𝘿𝙖𝙬𝙣 2: 𝙏𝙚𝙭𝙖𝙨 𝘽𝙡𝙤𝙤𝙙 𝙈𝙤𝙣𝙚𝙮 (𝙐𝙢 𝘿𝙧𝙞𝙣𝙠 𝙣𝙤 𝙄𝙣𝙛𝙚𝙧𝙣𝙤 2: 𝙏𝙚𝙭𝙖𝙨 𝙎𝙖𝙣𝙜𝙧𝙚𝙣𝙩𝙤)
Ele foi lançado em 1999, é uma sequência que, infelizmente, não conseguiu capturar a magia e a intensidade do filme original. Enquanto o primeiro "Um Drink no Inferno" cativou os espectadores com sua mistura única de crime e horror, a continuação deixou muito a desejar, e hoje é até esquecida pelos fãs do gênero.
Uma das principais falhas de "Texas Blood Money" é sua falta de originalidade. Ao contrário do filme anterior, que introduziu uma reviravolta inesperada ao transformar um thriller de assalto em um filme de vampiros, a sequência parece depender excessivamente de fórmulas já conhecidas. A trama é previsível, arrastada, sem graça, seguindo tropo*s desgastados do gênero de horror, o que resulta em uma narrativa sem nenhuma surpresa ou emoções genuínas.
A ausência dos membros do elenco original, como George Clooney e Quentin Tarantino, também é uma lacuna notável. A falta desses personagens carismáticos e da dinâmica única que eles trouxeram para o primeiro filme deixa um vazio que os novos personagens não conseguem preencher. (Culpa de um roteiro e uma trama bem mais ou menos) Isso contribui para uma desconexão emocional com a história, já que os espectadores não conseguem se envolver da mesma forma.
Além disso, as interpretações em "Texas Blood Money" são superficiais e não tem o mesmo desenvolvimento que tornou os personagens do filme original tão memoráveis. A falta de investimento emocional nos protagonistas diminui a qualidade da experiência cinematográfica, tornando difícil para o público se importar com o destino desses personagens. E falando do elenco apesar de ter o sempre ótimo Robert Patrick, o filme carece de nomes que possam sustentar as subtramas, se é que realmente exista alguma subtrama. Perdão para quem gostou do personagem mas (Duane Whitaker) é um péssimo ator e torna tudo muito caricato, a sua atuação me incomodou desde a primeira cena que o personagem aparece.
A qualidade da produção também deixa a desejar. Os elementos visuais, desde a cinematografia, efeitos especiais e as maquiagens, não conseguem alcançar os padrões estabelecidos pelo filme original, algo que foi extremamente elogiado pela crítica e público no anterior. A atmosfera única e envolvente do primeiro "Um Drink no Inferno" é substituída por uma estética genérica, pouco inspirada que faz o público torcer para que o chegue logo ao final, para ver se algo bom surge.
Analisando, "From Dusk Till Dawn 2: Texas Blood Money" chegamos a conclusão que o filme, realmente não consegue replicar a fórmula de sucesso do seu antecessor. Com uma trama previsível, personagens pouco desenvolvidos, interpretações cafonas e uma tremenda falta de originalidade, a sequência fica aquém das expectativas e se destaca mais como uma sombra pálida, sem vida e sem sabor do que foi um filme verdadeiramente inovador.
* Um tropo (do grego τρόπος, transl. trópos, 'direção', 'giro', do verbo trépo, "girar"), é uma figura de linguagem ou da retórica onde ocorre uma mudança de significado, seja interna (em nível do pensamento) ou externa (em nível da palavra).
Pequeno Grande Homem
3.9 57 Assista AgoraAs verdadeiras obras de arte têm esta característica: não perdem o encanto com o passar dos anos. Um verdadeiro clássico!!!
Dustin Hoffman, numa de suas melhores performances!
Jogos Mortais
3.7 1,6K Assista Agora𝙅𝙤𝙜𝙤𝙨 𝙈𝙤𝙧𝙩𝙖𝙞𝙨 ("𝙎𝙖𝙬")
𝖫𝖺𝗇ç𝖺𝖽𝗈 𝖾𝗆 𝟤𝟢𝟢𝟦, 𝖽𝗂𝗋𝗂𝗀𝗂𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝖩𝖺𝗆𝖾𝗌 𝖶𝖺𝗇 𝖾 𝗋𝗈𝗍𝖾𝗂𝗋𝗂𝗓𝖺𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝖫𝖾𝗂𝗀𝗁 𝖶𝗁𝖺𝗇𝗇𝖾𝗅𝗅, é 𝗎𝗆 𝗍𝗁𝗋𝗂𝗅𝗅𝖾𝗋 𝗉𝗌𝗂𝖼𝗈𝗅ó𝗀𝗂𝖼𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗋𝖾𝖽𝖾𝖽𝖾f𝗂𝗇𝗂𝗎 𝗈 𝗀ê𝗇𝖾𝗋𝗈 𝖽𝖾 𝗁𝗈𝗋𝗋𝗈𝗋 𝗇𝖺 𝖽é𝖼𝖺𝖽𝖺 𝖽𝖾 𝟤𝟢𝟢𝟢 𝖾 𝗌𝖾 𝗍𝗈𝗋𝗇𝗈𝗎 𝗎𝗆 í𝖼𝗈𝗇𝖾 𝖽𝖺 𝖼𝗎𝗅𝗍𝗎𝗋𝖺 𝗉𝗈𝗉.
Em 2004, o cinema de horror foi submetido a uma revolução sádica e intelectual com o lançamento de "Jogos Mortais". Dirigido pelo novato James Wan, este filme deixou uma marca indelével na mente do público, apresentando uma narrativa complexa e tortuosa que desafiou as convenções do gênero.
A trama se desenrola em um cenário claustrofóbico, onde duas vítimas acordam acorrentadas em um banheiro sujo e são forçadas a enfrentar jogos macab7ros elaborados por um serial killer conhecido como Jigsaw. Enquanto a história se desenrola, os espectadores são levados a uma jornada psicológica e emocional, onde as linhas entre vítima e agressor se tornam tênues.
O icônico boneco de marionete, usado por Jigsaw para comunicar suas regras e filosofias distorcidas, tornou-se um símbolo instantaneamente reconhecível da franquia. As armadilhas elaboradas e sádicas, projetadas para testar a moralidade e a apreciação pela vida, cativaram a audiência, enquanto a busca incessante pela verdade mantinha os espectadores à beira de seus assentos, totalmente envolvidos pela atmosfera do longa.
O sucesso de "Jogos Mortais" pode ser atribuído à sua originalidade e à abordagem inovadora de Wan e Whannell. O filme adotou uma narrativa não linear, revelando flashbacks e reviravoltas de cortar o fôlego, oferecendo uma experiência cinematográfica totalmente envolvente e angustiante.
O elenco, encabeçado por Cary Elwes e Leigh Whannell, entregou performances intensas que capturaram o desespero e a angústia de suas circunstâncias. Tobin Bell, como Jigsaw, personificou a frieza calculista do antagonista de maneira arrepiante, temos também a presença sempre marcante de Danny Glover como o detetive David Tapp, que investiga todos os acontecimentos da história.
A trilha sonora de Charlie Clouser contribuiu para a atmosfera tensa do filme, enquanto a cinematografia de David A. Armstrong destacou a decadência e o desespero que permeavam o universo sombrio de "Jogos Mortais".
O filme teve um impacto duradouro, gerando uma franquia que se estendeu por vários filmes, jogos e outros produtos relacionados a franquia. A complexidade moral e as reviravoltas imprevisíveis solidificaram "Jogos Mortais" como um clássico moderno do horror, desafiando as expectativas e deixando uma marca indelével na história do cinema atual.
A Casa de Cera
3.1 2,1K Assista Agora𝘼 𝘾𝙖𝙨𝙖 𝙙𝙚 𝘾𝙚𝙧𝙖" ("𝙃𝙤𝙪𝙨𝙚 𝙤𝙛 𝙒𝙖𝙭")
É um filme de terror lançado em 2005, dirigido por Jaume Collet-Serra, estrelado por Elisha Cuthbert, Chad Michael Murray, Jared Padalecki e um ótimo elenco.
Vamos a algumas curiosidades sobre esse filme tão querido pelo público:
𝐑𝐞𝐦𝐚𝐤𝐞 𝐈𝐧𝐬𝐩𝐢𝐫𝐚𝐝𝐨: "A Casa de Cera" é um remake do filme homônimo de 1953. No entanto, a versão de 2005 apresenta uma abordagem mais moderna, sombria e rejuvenescida da história e da trama, considerado um dos remakes que deram certo na década de 2000.
𝐄𝐥𝐞𝐧𝐜𝐨 𝐉𝐨𝐯𝐞𝐦: O filme conta com um elenco jovem e talentoso, incluindo Elisha Cuthbert, Chad Michael Murray, Jared Padalecki e até mesmo Paris Hilton, todo o elenco foi muito elogiado pela crítica e principalmente pelo público por suas interpretações, o sucesso foi tão grande que até hoje, o elenco se reúne em convenções mundo a fora sobre filmes de terror. Obs: parte da crítica pegou um pouco no pé de Paris Hilton.
𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐝𝐞 𝐂𝐞𝐫𝐚 𝐑𝐞𝐚𝐥: Para criar a casa de cera, uma réplica em tamanho real foi construída para as filmagens. Isso acrescentou uma autenticidade perturbadora às cenas, já que os atores interagiram com um ambiente físico, claustrofóbico e verossímil, dando um toque de realidade que fez total diferença na trama.
𝐌á𝐬𝐜𝐚𝐫𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐂𝐞𝐫𝐚 𝐀𝐮𝐭ê𝐧𝐭𝐢𝐜𝐚𝐬: As máscaras usadas pelos personagens no filme foram feitas de cera real, um trabalho incrível da equipe de efeitos especiais, mas que dava muito trabalho durante as gravações, já que os objetos de cena, ficavam moles com o calor das luzes no estúdio.
𝐄𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨𝐬 𝐏𝐫á𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬: O filme faz uso extensivo de efeitos práticos, especialmente nas cenas de horror e violência. O diretor
Jaume Collet-Serra fez o possível para utilizar o mínimo possível de CGI na produção, um diferencial entre os filmes de horror dos anos 2000, que costumavam abusar de efeitos digitais.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐈𝐧𝐪𝐮𝐢𝐞𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞: A trilha sonora do filme, composta por John Ottman, complementa eficazmente as cenas de suspense e terror, aumentando progressivamente a tensão ao longo do filme, o compositor se tornou um especialista em filmes do gênero.
𝐃𝐞𝐬𝐚𝐟𝐢𝐨𝐬 𝐃𝐮𝐫𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐚𝐬 𝐅𝐢𝐥𝐦𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬: A filmagem enfrentou alguns desafios, incluindo condições climáticas adversas. As baixas temperaturas e a neve afetaram as filmagens, mas a equipe conseguiu superar esses obstáculos, apesar que parte do elenco sofreu bastante com gripes e resfriados.
𝐏𝐚𝐫𝐢𝐬 𝐇𝐢𝐥𝐭𝐨𝐧 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐀𝐭𝐫𝐢𝐳: A participação de Paris Hilton no filme foi notável, pois ela era mais conhecida por sua presença na mídia e carreira de socialite. Sua participação foi recebida com uma surpreendente recepção positiva, não tanto pelos críticos, mas acabou ganhando um carinho especial do público.
𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐀𝐥𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐢𝐯𝐨: O filme originalmente tinha um final diferente do que foi lançado nos cinemas. Porém, eu não vou contar vocês podem encontrar ele em algumas versões em DVD, Blu-ray e também no YouTube, se não foi retirado.
𝐑𝐞𝐜𝐞𝐩𝐜ã𝐨 𝐌𝐢𝐬𝐭𝐚: "A Casa de Cera" recebeu críticas mistas dos críticos, mas encontrou um público fiel entre os fãs de filmes de terror. A presença de elementos clássicos de horror e um enredo intrigante, cheio de mortes criativas e interpretações carismáticas contribuíram para o filme se tornar um dos queridinhos dos fãs do gênero.
Essas são algumas curiosidades sobre o filme "A Casa de Cera", proporcionando para vocês, uma visão dos bastidores da produção das escolhas criativas e todas as dificuldades que a equipe de produção e o elenco enfrentaram durante as gravações do longa.
A Sociedade da Neve
4.2 719 Assista AgoraVozes de vivos e mortos constroem a narrativa de ‘A Sociedade da Neve’.
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, a impactante produção espanhola 'A Sociedade da Neve', do cineasta catalão J. A. Bayona, reconstitui a história trágica do acidente aéreo ocorrido na Cordilheira dos Andes em 1972.
Ocineasta catalão J.A. Bayona, reconhecido por obras como O Orfanato, O Impossível e Jurassic World: Reino Ameaçado, os dois últimos já realizados em Hollywood, teve de fazer algumas importantes escolhas dramáticas e estéticas para abordar uma história única de sobrevivência, porém já amplamente conhecida, em A Sociedade da Neve. A trama envolve os jogadores de rúgbi uruguaios do time Old Christian, bem como alguns familiares e amigos, que estavam a bordo do avião que caiu na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972. A produção está na disputa pelo Oscar em categorias como Melhor Filme Internacional, além de Cabelo e Maquiagem e pelo Goya, maior prêmio do cinema espanhol, em 13 categorias, incluindo Melhor Filme e Direção.
Para conquistar tanto novos espectadores quanto aqueles já familiarizados com essa história real, é quase imprescindível surpreender. Bayona, ao dirigir A Sociedade da Neve, construiu uma narrativa envolvente, que entrelaça as vozes dos sobreviventes com aquelas que não resistiram. Numa Turcatti (interpretado por Enzo Vogrincic), um dos jogadores que morreram nos Andes, assume o papel de narrador principal, proporcionando uma perspectiva única a essa narrativa coletiva.
O filme mergulha na cena impactante do acidente, capturando os sons da colisão e o rangido dos ossos quebrando, evitando clichês óbvios, mas mantendo-se fiel ao que foi visto em filmes como Vivos! (1993), dirigido por Frank Marshall, com Ethan Hawke interpretando Nando Parrado, ou Os Sobreviventes dos Andes (1976), do cubano-mexicano René Cordona. Embora filmado principalmente na Sierra Nevada, na Espanha, o filme não perde a autenticidade ao explorar a resistência de Nando (interpretado por Agustín Pardella), que se recusa a aceitar a morte, mesmo cercado por corpos congelados.
‘A Sociedade da Neve’: antropofagia
Bayona aborda o delicado tema do canibalismo de forma não sensacionalista, explorando como os sobreviventes enfrentam a terrível necessidade de consumir carne humana para sobreviver. Isso suscita questões morais e religiosas entre os personagens, acrescentando camadas de complexidade à narrativa. À medida que os dias passam, o filme combina o desespero dos sobreviventes com cenas de ação que resultam em novas mortes, algumas causadas por avalanches enquanto buscam abrigo na fuselagem do voo 571 da Força Aérea Uruguaia.
A Sociedade da Neve se destaca ao criar uma ponte entre vivos e mortos por meio da sociedade forjada pela tragédia, apoiada por um personagem que sabe que vai morrer e autoriza o consumo de sua carne. No entanto, o filme, com suas duas horas e meia de duração, corre o risco de se tornar um tanto repetitivo, apesar de nunca ser enfadonho. Uma edição mais dinâmica poderia ter tornado a experiência mais palatável, evitando a repetição excessiva das mortes, que, ao invés de comover, podem ter o efeito contrário sobre alguns espectadores, as banalizando dentro da narrativa.
Um ponto de crítica adicional reside em certos momentos de excesso melodramático e inverossimilhança em diálogos, que, ao tentarem ser poéticos ou filosóficos, destoam do tom mais realista da narrativa, soando falsos, forçados.
A produção, embora tenha envolvido uma equipe reduzida filmando no local do acidente, principalmente nas montanhas, incluindo a Sierra Nevada na Espanha, a 2000 metros de altitude, proporciona uma experiência cinematográfica única, imersiva e envolvente. A forte campanha de promoção intensiva da Netflix, que o produziu, já rendeu indicações ao Globo de Ouro de Melhor Filme Internacional e Trilha Sonora.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista Agora𝐎 𝐃𝐔𝐁𝐋Ê 𝐐𝐔𝐄 "𝐇𝐔𝐌𝐈𝐋𝐇𝐎𝐔" 𝐁𝐑𝐔𝐂𝐄 𝐋𝐄𝐄 - 🎬
𝖠 𝗉𝗈𝗅ê𝗆𝗂𝖼𝖺 𝖼𝖾𝗇𝖺 𝖽𝖾 𝗅𝗎𝗍𝖺 𝖽𝗈 𝖥𝗂𝗅𝗆𝖾 "𝖤𝗋𝖺 𝗎𝗆𝖺 𝖵𝖾𝗓 𝖾𝗆 𝖧𝗈𝗅𝗅𝗒𝗐𝗈𝗈𝖽" é 𝖻𝖺𝗌𝖾𝖺𝖽𝖺 𝖾𝗆 𝗎𝗆𝖺 𝖻𝗋𝗂𝗀𝖺 𝗋𝖾𝖺𝗅 𝖽𝖾 𝖡𝗋𝗎𝖼𝖾 𝖫𝖾𝖾 𝗇𝗈 𝗌𝖾𝗍 𝖽𝖾 𝖿𝗂𝗅𝗆𝖺𝗀𝖾𝗆 𝖼𝗈𝗆 𝗎𝗆 𝖽𝗎𝖻𝗅ê 𝖼𝗁𝖺𝗆𝖺𝖽𝗈 𝖦𝖾𝗇𝖾 𝖫𝖾𝖡𝖾𝗅𝗅. 𝖠𝗅𝗀𝗎𝗇𝗌 𝖿ã𝗌 𝖽𝗈 𝖺𝗍𝗈𝗋 𝗇ã𝗈 𝖼𝗈𝗇𝖼𝗈𝗋𝖽𝖺𝗆 𝖼𝗈𝗆 𝖺 𝗋𝖾𝗉𝗋𝖾𝗌𝖾𝗇𝗍𝖺çã𝗈 𝗍𝗋𝖺𝗓𝗂𝖽𝖺 𝗉𝗈𝗋 𝖰𝗎𝖾𝗇𝗍𝗂n T𝖺𝗋𝖺𝗇𝗍𝗂𝗇𝗈, 𝗆𝖺𝗌 𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗋𝖾𝖺𝗅𝗆𝖾𝗇𝗍𝖾 𝖺𝖼𝗈𝗇𝗍𝖾𝖼𝖾𝗎 𝗇𝖺 𝗅𝗎𝗍𝖺?
𝖵𝖺𝗆𝗈𝗌 𝖺𝗈𝗌 𝖿𝖺𝗍𝗈𝗌:
Em 1966, enquanto filmava cenas de luta para a série O Besouro Verde, Bruce Lee estava sendo acusado de ser muito rígido com os dublês, ele queria que as lutas parecessem legítimas, e estava pegando pesado durante as gravações, várias reclamações foram feitas, que Bruce estava batendo de verdade e usando força excessiva nos golpes das cenas.
Todas essas queixas foram feitas para o coordenador de dublês (Bennie Dobbins) que decidiu chamar um experiente lutador chamado (Gene LeBell), que depois de sair das lutas profissionais estava tentando a vida como dublê em Hollywood, Bennie acreditava que Gene teria capacidade para humilhar o ator se fosse necessário. Obs: "quem disse isso foi o próprio (Bennie Dobbins) em entrevista".
Na época, Gene LeBell fazia acrobacias e era dublê há apenas quatro anos. Porem ele foi um lutador profissional por trinta anos, treinou vários estilos de luta, como judô, luta livre, Karatê e até Jiu-jitsu Brasileiro, um dos primeiros a praticar a arte, ele conquistou campeonatos e venceu mestres de artes marciais em vários torneios. Depois de ganhar "mais de 200 troféus" em combates profissionais, decidiu tentar lutar pelo entretenimento em Hollywood e se tornou dublê, depois abriu sua própria escola de dublês.
𝘝𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘢 𝘧𝘢𝘮𝘪𝘨𝘦𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘭𝘶𝘵𝘢:
Durante a gravação de uma cena, os dois começaram a se desentender Lebell segurou o ator com força pelos ombros, que se irritou, foi então que aconteceu a pequena luta.
Bruce disse que poderia o derrubar facilmente, Gene aceitou o desafio e pediu para Bruce o atacar. Os companheiros de treino de Bruce e seu agente, tentaram avisar que LeBell era um famoso lutador, e que era para Bruce tomar cuidado, Bruce não ligou e quis colocar isso a prova.
É quando Bruce parte para cima, mas é surpreendido e imobilizado com facilidade por LeBell, que o ergueu do chão, lhe travando totalmente. Por mais que Bruce fizesse força, ele não conseguia se soltar, entre vários berros ele diz: "Ponha-me no chão ou eu mato você!"
Rindo LeBell respondeu: "Eu não posso te derrubar ou você vai me matar." Ele segurou e caminhou com Lee nos ombros pelo set, por mais um tempo, antes de colocá-lo no chão e dizer que estava apenas brincando.
Bruce Lee estava furioso, pensou em atacar novamente mas foi retirado, por seus amigos e seu agente do estúdio.
Mais tarde, exatamente dois meses depois, o dublê contou que os dois se acertaram, Bruce Lee telefonou para ele, houve um pedidos de desculpas de ambos: "E LeBell foi trabalhar com [Lee] na escola dele. Ensinei a ele judô, luta livre e coisas assim, e claro algumas finalizações, mais tarde Gene trabalhou em alguns filmes com Bruce Lee.
LeBell disse que Bruce Lee lhe ensinou a maioria dos chutes e golpes que são perfeitos para o cinema.
Gene os usa até hoje e os ensina para que os dublês os utilizem em cenas de filmes.
LeBell Sobre Bruce Lee: "Um homem maravilhoso, maravilhoso e um grande artista marcial, o melhor com quem já trabalhei."
Fonte: Revista Rolling Stone e The Hollywood Reporter
Noite Vazia
4.1 88Me faz lembrar toda melancolia, crises existenciais e inquietação presentes nos filmes do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. Khouri ainda valoriza os closes fechados. Muitas vezes as imagens, principalmente através dos olhares, falam por si só, dispensando diálogos. Fotografia em p&b exuberante.
Esse filme é um ícone do Cinema Novo, que era inspirado na Nouvelle Vague francesa! Filme espetacular que aborda a vida com seus problemas psicológicos e personagens em busca de fuga através dos prazeres da noite! Interpretação espetacular dos quatro atores, Gabriele Tinti, com uma beleza que lembra Montgomery Clift, sempre depressivo e com um olhar mergulhado no vazio, exatamente como o personagem de Norma Benguel! Uma maravilha de filme!
Hugo Khouri teve alguma influência do Antonioni para explorar o vazio dos personagens de seus filmes.Não é simplesmente um filme no qual dois homens levam garotas de programa para ter só uma noite de prazer,mas também reflexões da vida e o vazio que cada um dos personagens procuram para preencher em suas vidas. excelente e uma história interessante.
Atores fantásticos!
Um diretor simplesmente louco!
Trilha sonora de primeira, fotografia impecável!
Mas...falta algo que até hoje não sei o que é. E sou dessa geração. Enfim, Mestre Khoury é mestre Khoury...
Walter Hugo Khouri era um cineasta dos mais inquietos e,ao mesmo tempo sutis.
Quer e consegue captar dramas psíquicos e existenciais, o vazio de uma vida burguesa e narcísica etc.
Como poucos, porém,não cai na mesmice do super estímulo sensorial...
Gênio!!!
Vidas Passadas
4.2 750 Assista Agora‘Vidas Passadas’ é uma linda história de amor, transitoriedade e impermanência.
Longa-metragem de estreia da cineasta sul-coreana Celine Song, 'Vidas Passadas' disputa o Oscar nas categorias de melhor filme e roteiro original.
Longa-metragem de estreia da diretora sul-coreana Celine Song, indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme e roteiro original, Vidas Passadas nos guia através do tempo em vários sentidos, objetivos e subjetivos. As palavras “24 anos antes” surgem na tela após uma breve cena de abertura em um bar de Nova York: a cineasta e roteirista vai nos conduzir em uma série de saltos temporais, antes de poderemos analisar a situação.
O primeiro desses saltos nos leva a Seul, capital da Coreia do Sul, onde Na Young (Seung-ah Moon), aos 12 anos, vive com seus pais e irmã. Ela volta para casa da escola com Hae Sung (Seung-min Yim), um garoto que, desta vez, obteve notas melhores que as dela, causando sua irritação. Ele a chama de “psicopata”, como se isso fosse uma qualidade admirável. Os dois compartilham um dia de brincadeiras, escalando esculturas em um parque, com seus rostos desaparecendo e reaparecendo – um vislumbre da transitoriedade que empresta ao filme uma atmosfera alegremente preocupada com a fragilidade.
A emocionante notícia para Na Young é que ela e sua família estão se mudando para o Canadá. Além dessa transformação, ela ganha um nome inglês, Nora Moon, que soa como a heroína de um conto de fadas. Hae Sung fica chateado com sua partida, mas, afinal, ele é apenas uma criança, e superará isso. No entanto, não é o que acontece. O filme, como um todo, abraça a ideia de que nem sempre superamos as coisas, oferecendo uma bem-vinda repreensão às nossas incessantes demandas por encerramento.
Doze anos depois, Hae Sung, agora adulto (Teo Yoo), entra em contato com Nora (Greta Lee, excelente), agora uma aspirante a dramaturga em Nova York. Em sintonia com os mecanismos do amor moderno, eles se conectam pelo Facebook, substituindo cartas por videochamadas, telas de laptop congeladas e mensagens que chegam às três horas da manhã, devido ao fuso horário.
Alguns elementos, contudo, permanecem atemporais. A reação de Nora ao reencontrar seu antigo amigo é capturada em uma cena filmada na rua, de cima, na qual ela dá um pulo enquanto caminha, como se mal pudesse conter a vontade de começar a dançar. Esse toque encantador e à moda antiga é ainda mais surpreendente, dado que a Nora adulta é séria, contida. Hae Sung recorda que, na infância, Nora costumava chorar muito. “Você não pode chorar em Nova York?”, ele pergunta.
A resposta de Nora revela uma mudança em sua atitude diante do amigo/crush de infância: ela, que raramente deixa de ser encantadora, mostra lampejos crescentes de severidade. Isso sugere que o encanto por si só não é suficiente para sobreviver na vida na cidade; é preciso ser forte. Essa percepção leva Nora a interromper abruptamente a conversa com Hae Sung durante uma videochamada, dizendo: “Quero que a gente pare de conversar por um tempo”.
Mais 12 anos se desenrolam. Nora, agora morando no East Village, está casada com Arthur (John Magaro), um escritor que conheceu em uma residência criativa em Montauk. Enquanto isso, a vida de Hae Sung, agora engenheiro, parece ter estagnado. Ele ainda sai para beber em Seul com seus amigos e deveria estar prestes a se casar, mas, como ele mesmo admite: “Sou muito comum”. A única coisa extraordinária nele é a intensidade persistente de seus sentimentos por Nora.
Ele então viaja para Nova York, faz o check-in em um quarto de hotel e espera por Nora em um parque, alisando nervosamente o cabelo e as roupas, como se tivesse 12 anos novamente, prestes a receber um prêmio. Quando Nora finalmente chama seu nome, a câmera permanece nele, capturando a onda de emoção em seu rosto – uma espécie de espanto, gratidão e êxtase.
‘Vidas Passadas’: romance do agora
Vidas Passadas, a partir desse momento, sai do âmbito dos diálogos e entra em movimento, ganha ação. Apesar da raridade desses momentos, sua escassez não pode ser considerada uma falha, pelo contrário. Pode-se afirmar que o filme de Song é um romance – talvez o romance – do agora, do século 21. É um filme notavelmente cauteloso, calmo e refinado. Um observador cético pode até sugerir que, como o próprio título, a narrativa flerta com a timidez, evitando o excesso tanto em seus personagens quanto em suas composições visuais, bastante minimalistas. Mas não é apenas isso.
Experimente contar todas as cenas com espelhos e janelas. Em todos os aspectos, Song convida à reflexão. O filme toca fundo. Em parte, isso se deve à sua melancolia. Diferentemente dos passeios noturnos em Manhattan, clássico de Woody Allen (1979), onde o amor florescia enquanto os personagens de Woody Allen e Diane Keaton estavam sentados em um banco, ao lado da icônica Ponte da Rua 59, Hae Sung e Nora permanecem rigidamente na frente da Ponte do Brooklyn à luz do dia, enquanto outro casal, atrás deles, se beija. A vida real os atropela.
O filme de Celine Song pode não ser exatamente uma história de amor. Suspeita-se que seu verdadeiro tema seja a transitoriedade e a impermanência, das quais o amor é, ao mesmo tempo, vítima e fruto. Observe Arthur, tentando docemente aprender coreano, e preocupado porque Nora, quando sonha, fala coreano enquanto dorme. Ouça Nora, enquanto fala sobre Hae Sung: “Ele é tão coreano. Eu me sinto tão não coreana quando estou com ele”.
Vidas Passadas, apesar de sua aparente frieza, nos desafia com perguntas difíceis, abissais, que nos desconcertam. O filme não hesita em nos fazer refletir sobre as profundezas de experiências interculturais – e, sobretudo, existenciais. Quando Hae Sung, em um dos diálogos mais essenciais do filme, se refere a Nora como “alguém que parte”, suas palavras são cruéis ou honestas? O inevitável desfecho, que nos leva às lágrimas, apenas acentua sua complexidade e profundidade. É um grande filme que encanta e dói!
Anatomia de uma Queda
4.0 809 Assista AgoraO excelente ‘Anatomia de uma Queda’ discute os conceitos de verdade e Justiça.
Indicado a cinco Oscar, incluindo melhor filme, direção, atriz e roteiro original, 'Anatomia de uma Queda' é um extraordinário exemplo de narrativa cinematográfica.
Envolvente e agudamente inteligente drama psicológico dirigido pela cineasta francesa Justine Triet, Anatomia de uma Queda conquistou, com sua narrativa intrigante, a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2023 e cinco indicações ao Oscar, entre elas as de melhor filme, direção e roteiro original. A produção também venceu o Globo de Ouro nas categorias de melhor filme internacional e roteiro. Todo esse reconhecimento é muito merecido.
O longa-metragem desenrola-se em arcos efervescentes de estranha e intrigante eletricidade em torno de Sandra (vivida pela alemã Sandra Hüller, em desempenho antológico, também indicado ao Oscar de melhor atriz), uma figura inteligente, tensa – e bastante elusiva. No chalé parcialmente reformado nos Alpes franceses, onde ela mora com seu marido francês Samuel (Samuel Theis) e o filho Daniel (a revelação Milo Machado Greiner), uma entrevista com ela, uma escritora de sucesso, se transforma numa atmosfera de sedução entre a autora e a jovem entrevistadora.
Durante a conversa, um elemento inusitado interrompe a cena quando música explode em volume ensurdecedor no andar superior, onde Samuel trabalha, como uma espécie de piada amarga e de mau gosto: ouve-se uma versão roqueira do clássico misógino do rapper norte-americano 50 Cent, “P.I.M.P”. A situação força Sandra a interromper a entrevista, e ao sair, Zoé, a entrevistadora, observa Daniel levando seu cachorro Snoop para passear na neve imaculadamente branca, imagem que evoca a baixa visão do garoto. Quando Daniel retorna, descobre seu pai morto sob a janela do sótão, onde ele trabalhava, com sangue manchando a neve, não mais imaculada.
Um ano depois, Sandra agora está no banco dos réus, e a narrativa se desdobra com complexidade. Alemã nativa com fluência em francês e inglês, ela se alterna entre idiomas de maneira fascinante, adicionando uma camada intrigante ao enredo: estaria ela se comunicando de forma efetiva, se defendendo de forma convincente? À medida em que a acusação e a defesa apresentam evidências, a verdade, que está no centro nevrálgica da narrativa, é posta à prova, e a credibilidade das testemunhas, especialmente a da própria Sandra, torna-se crucial.
O filme atinge seu ápice quando a acusação apresenta uma gravação contundente de uma discussão entre Sandra e o marido, revelando acusações de traição e plágio do romance que a tornou famosa, que ela teria usurpado dele. A defesa recontextualiza habilmente a situação, levantando questões sobre as motivações por trás da gravação e instigando reflexões sobre ciúmes profissionais e egos literários.
No tribunal, o filho enlutado, Daniel, enfrenta o dilema de escolher entre condenar seu pai, insistindo em seu suicídio, ou implicar assassinato por parte de sua mãe. Em meio a um ambiente onde “os fatos não se importam com seus sentimentos”, as emoções emergem como os únicos fatos relevantes.
‘Anatomia de uma Queda’: culpabilidade
A câmera inquieta do diretor de fotografia Simon Beaufils contribui para a narrativa, mudando constantemente o ponto de vista e oferecendo visões alternativas. A dualidade entre o calor emocional e a frieza analítica permeia toda a trama, especialmente na personagem de Sandra, que, em momentos de solidão, revela uma humanidade complexa, longe de rótulos simplistas. Ela é muito ambígua.
Entre os polos de “culpado” e “inocente”, o filme explora um espectro de culpabilidade e cumplicidade em tons vívidos, pulsantes. Anatomia de uma Queda desvenda o absurdo de buscar um veredito binário, um senso de Justiça, em um cenário moral complexo. Sandra é apresentada como uma mãe amorosa, mas também como uma esposa acusada de assassinato, destacando a impossibilidade de reduzir a complexidade humana a categorias simples. E é por isso que Anatomia de uma Queda é tão brilhante e corajoso: não oferece respostas fáceis.
Mais cedo começamos o especial 'Os 5 Motivos'! Durante 2 semanas vamos conversar sobre todos os indicados das categorias de atuação do Oscar 2024, falando os 5 principais pontos que podem levar cada um deles a receber a estatueta. E só para finalizar o primeiro dia em grande estilo, vamos falar sobre Sandra Huller.
Sandra Huller é Atriz no filme "Anatomia de Uma Queda", dirigido por Justine Triet. O longa conta a história de um homem que é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho de 11 anos com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma "morte suspeita": é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. A viúva é indiciada, tendo seu próprio filho no meio do conflito, entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam na relação mãe-filho, pois o menino é a única testemunha do acontecido.
Confira abaixo os 5 motivos que darão o Oscar 2024 de Melhor Atriz para Sandra Huller:
1 - A polêmica do filme não ser o representante da França e o crescimento até o Oscar!
Já falamos sobre a polêmica da França não ter escolhido "Anatomia de Uma Queda" por motivos políticos, e o quanto isso pode ter tirado uma vitória garantida do país em Melhor Filme Internacional. Lembrando que o longa venceu a Palma de Ouro em Cannes!
A produtora Neon foi inteligente, manteve uma campanha firme, e surpreendeu com 5 indicações ao Oscar, incluindo Direção, Roteiro Original, e Melhor Filme. Ou seja, o Oscar mostrou o quanto gosta do filme.
O erro da França pode ter um pequeno ponto positivo. O filme ganhou muita evidência! A polêmica de não ter sido selecionado manteve o burburinho sobre o filme por muito mais tempo. E as pessoas que assistiam foram confirmando que o filme era realmente bom e aumentava as críticas sobre a escolha da França.
Tudo isso ajudou a manter Sandra Huller sempre no topo das apostas e nas rodas de conversa.
2 - A brilhante temporada de Sandra Huller com 2 dos principais filmes do ano: "Anatomia de Uma Queda" e "Zona de Interesse"
Sandra teve uma grande temporada.
Ela estreou em Cannes com 2 dos principais filmes do Festival! Tanto, que em diversas das premiações da críticas (e no BAFTA) ela conseguia dupla indicação: Melhor Atriz por "Anatomia de Uma Queda" e Melhor Atriz Coadjuvante por "Zona de Interesse". Poucos atores conseguem fazer um ano assim.
3 - Sandra já ganhou diversos prêmios na Europa!
Sandra pode ter chego agora em Hollywood e está em sua primeira temporada de prêmios. Mas ela já é muito premiada na Europa!
Filmes como "Requiem" de 2006, e "As Faces de Toni Erdmann" de 2016 lhe deram diversos prêmios importantes da Europa, e uma carreira de muitos personagens incríveis. Ou seja, essa vitória é só a consagração americana de uma grande atriz.
4 - O favoritismo de Sandra Huller pelos votantes europeus!
Aliás, já que falamos da Europa. A dupla indicação no BAFTA mostra o quanto a atriz é querida por lá. E esses votos podem refletir em peso no Oscar!
A Neon pode estar fazendo uma campanha muito forte na Europa para que a atriz tenha o apoio dos votantes para crescer ainda mais.
5 - A disputa entre Emma Stone e Lily Gladstone pode favorecer um terceiro nome!
Se você acompanha premiações, já sabe o que acontece quando os votos acabam divididos.
Vamos explicar: o Oscar dá o prêmio para quem mais tiver votos em primeiro lugar. Assim, Emma Stone e Lily Gladstone podem acabar dividindo os votos, sem ter um favoritismo muito certo. E isso pode acabar favorecendo um terceiro nome, que no momento parece ser Sandra Huller!
Distrito 9
3.7 2,0K Assista AgoraEm 2009, o sul-africano Neil Blomkamp pegou todo o mundo de surpresa com o mais improvável hit do ano, o delirante Distrito 9 (District 9), sci-fi de orçamento baixo para os padrões do gênero, que tornou- se um cult instantâneo. Não foi em vão.
A trama trata basicamente de uma invasão alienígena, como muitas que já vimos, mas os detalhes fazem toda a diferença. Uma enorme nave pousa sobre a cidade de Joanesburgo, na África do Sul e os alienígenas que a controlavam pedem asilo por ali. Ao contrário do que imaginavam, porém, passam a ser hostilizados, obrigados a viver em péssimas condições numa miserável colônia chamada Distrito 9, de onde são proibidos de sair. Ao entrar acidentalmente em contato com uma substância alienígena, Wikus van der Merwe, empregado de uma empresa privada militar encarregada de realocar os aliens para outro distrito, passa a desenvolver uma mutação que aos poucos o iguala às criaturas.
Contar mais seria estragar a surpresa de quem não conhece o filme, mas essa simples trama é o ponto de partida para uma controversa e excitante coleção de reviravoltas. A partir do momento em que é capturado, Wikus começa a conhecer melhor sua própria raça – a humana – e é aí que passa a gradativamente se afeiçoar aos monstros que antes repudiava.
O filme, uma escancarada alegoria do apartheid, mantém suas metáforas sempre em primeiro plano, bastante visíveis (e o fato de que, mesmo assim, boa parte do público não tenha sequer notado qual o verdadeiro assunto, é apenas assustador). Isso, porém, jamais o desmerece. Blomkamp se assemelha a Paul Verhoeven em sua falta de sutileza, que na verdade não é uma falta, mas o próprio projeto estético do diretor. A eloquência é justamente sua maior qualidade.
Distrito 9 é vibrante do início ao fim, mas se fosse apenas isso não teria metade do impacto. Conforme a história avança, as criaturas gosmentas passam a me parecer bem menos asquerosas que os humanos. Para mim, a presença de tal mensagem num filme emocionante e divertido como esse o torna imediatamente especial.
Tropas Estelares
3.5 467 Assista Agora𝙏𝙧𝙤𝙥𝙖𝙨 𝙀𝙨𝙩𝙚𝙡𝙖𝙧𝙚𝙨" ("𝙎𝙩𝙖𝙧𝙨𝙝𝙞𝙥 𝙏𝙧𝙤𝙤𝙥𝙚𝙧𝙨")
É 𝗎𝗆 𝖿𝗂𝗅𝗆𝖾 𝖽𝖾 𝖿𝗂𝖼çã𝗈 𝖼𝗂𝖾𝗇𝗍í𝖿𝗂𝖼𝖺 𝗅𝖺𝗇ç𝖺𝖽𝗈 𝖾𝗆 𝟣𝟫𝟫𝟩, 𝖽𝗂𝗋𝗂𝗀𝗂𝖽𝗈 𝗉𝗈𝗋 𝖯𝖺𝗎𝗅 𝖵𝖾𝗋𝗁𝗈𝖾𝗏𝖾𝗇 𝖾 𝖻𝖺𝗌𝖾𝖺𝖽𝗈 𝗇𝗈 𝗋𝗈𝗆𝖺𝗇𝖼𝖾 𝗁𝗈𝗆ô𝗇𝗂𝗆𝗈 𝖽𝖾 𝖱𝗈b𝖾𝗋𝗍 𝖠. 𝖧𝖾𝗂𝗇𝗅𝖾𝗂𝗇
𝐀𝐪𝐮𝐢 𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐦𝐚𝐬 𝐜𝐮𝐫𝐢𝐨𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞𝐬 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐨 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞:
𝐒á𝐭𝐢𝐫𝐚 𝐏𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐞 𝐌𝐢𝐥𝐢𝐭𝐚𝐫:
O filme é conhecido por sua abordagem satírica em relação à militarização e propaganda. Paul Verhoeven, o diretor, pretendia criar uma sátira da sociedade militarista, mesmo que algumas pessoas inicialmente tenham interpretado o filme de forma literal.
𝐏𝐫𝐨𝐩𝐚𝐠𝐚𝐧𝐝𝐚 𝐧𝐨 𝐅𝐢𝐥𝐦𝐞:
O filme incorpora elementos de propaganda militar fictícia, apresentando vídeos de recrutamento e notícias durante toda a narrativa. Esses elementos de propaganda ajudam a reforçar a visão satírica do diretor sobre a sociedade representada no filme.
𝐀𝐮𝐬ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐓𝐫𝐚𝐣𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐄𝐧𝐞𝐫𝐠𝐢𝐚:
No livro de Heinlein, os soldados usam trajes de energia, mas no filme esses trajes não foram incluídos devido a restrições orçamentárias. Verhoeven optou por uma estética mais tradicional de ficção científica militar, como uniformes e armaduras convencionais.
𝐂𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐁𝐚𝐭𝐚𝐥𝐡𝐚 𝐞𝐦 𝐆𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞 𝐄𝐬𝐜𝐚𝐥𝐚:
O filme é notável por suas cenas de batalha em grande escala, que envolvem confrontos intensos entre humanos e insetos alienígenas. As sequências de ação são visualmente impressionantes e contribuíram para o apelo do filme como um épico de ficção científica até hoje.
𝐄𝐥𝐞𝐧𝐜𝐨 𝐉𝐨𝐯𝐞𝐦 𝐞 𝐭𝐚𝐥𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬𝐨:
O elenco principal do filme incluiu atores relativamente jovens na época, como Casper Van Dien, Denise Richards e Neil Patrick Harris. O elenco foi escolhido para se adequar à representação de jovens soldados recrutados.
𝐈𝐧𝐟𝐥𝐮ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐧𝐨 𝐆ê𝐧𝐞𝐫𝐨:
"Tropas Estelares" teve uma influência significativa no gênero de ficção científica militar. Embora tenha recebido críticas mistas inicialmente, ao longo do tempo o filme ganhou status cult, sendo lembrado pelos fãs como uma obra única dentro do gênero.
𝐃𝐢𝐟𝐞𝐫𝐞𝐧ç𝐚𝐬 𝐞𝐦 𝐑𝐞𝐥𝐚çã𝐨 𝐚𝐨 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨:
O filme diverge consideravelmente do romance de Heinlein em termos de tom e interpretação da mensagem. Heinlein escreveu um livro com uma abordagem mais séria e patriótica, enquanto Verhoeven optou por uma sátira mais sombria e crítica.
𝐏𝐫ê𝐦𝐢𝐨𝐬 𝐞 𝐈𝐧𝐝𝐢𝐜𝐚çõ𝐞𝐬:
Embora não tenha sido um grande sucesso de bilheteria, "Tropas Estelares" foi indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 1998. Os efeitos especiais, particularmente nas cenas de batalha, foram reconhecidos por sua alta qualidade e CGI impressionantes para a época.
"𝙏𝙧𝙤𝙥𝙖𝙨 𝙀𝙨𝙩𝙚𝙡𝙖𝙧𝙚𝙨" é reconhecido por sua abordagem única à ficção científica militar e sua crítica satírica ao militarismo e à propaganda. O filme continua sendo objeto de análise como um dos melhores do gênero, além da discussão devido à sua natureza provocativa e à sua representação distorcida de elementos do livro original.
CURIOSIDADE: O diretor Paul Verhoeven, que sempre foi conhecido pelo estilo explícito em Hollywood, nasceu e cresceu na Holanda ocupada pelos "Bigodistas", onde ele via corpo de gente fvzil4da e qu3imada na esquina todo santo dia ao sair na rua; em entrevista, ele disse que ao ser escalado para dirigir o filme, ele ponderou fazer uma crítica simples ao militarismo cego, mas mudou de ideia e optou por fazer o filme "mais f4sc1sta possível", pois o argumento dele é de que "essa ideologia só serve para matar insetos e nada mais".
PS: Assim como Robocop (mesmo diretor) um filme com muitas camadas. Ação crua e crítica social sem apelação. Um clássico!
Independente de toda a discussão político-ideológica, é um filme que diverte e muito! O universo do filme é muito interessante, insetos gigantes, insetos comedores de cérebro, telecinese, as divisões militares, a tecnologia de locomoção pelo espaço, o modo como se vestem e agem, tudo isso junto com o roteiro cheio de ação e as reviravoltas do filme deixam ele incrível! É para ver e rever!
Regravar com mais fidelidade ao livro ia ser muito interessante.
O Silêncio dos Inocentes
4.4 2,8K Assista Agora𝟳 𝗽𝗼𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗽𝗼𝘀𝗶𝘁𝗶𝘃𝗼𝘀 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗼 𝗙𝗶𝗹𝗺𝗲: 𝗢 𝗦𝗶𝗹𝗲𝗻𝗰𝗶𝗼 𝗱𝗼𝘀 𝗜𝗻𝗼𝗰𝗲𝗻𝘁𝗲𝘀
𝖮 𝖲𝗂𝗅ê𝗇𝖼𝗂𝗈 𝖽𝗈𝗌 𝖨𝗇𝗈𝖼𝖾𝗇𝗍𝖾𝗌" (1991) é 𝖺𝗆𝗉𝗅𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝖾 𝖼𝗈𝗇𝗌𝗂𝖽𝖾𝗋𝖺𝖽𝗈 𝗎𝗆 𝖼𝗅á𝗌𝗌𝗂𝖼𝗈 𝖽𝗈 𝖼𝗂𝗇𝖾𝗆𝖺 𝖽𝖾𝗌𝖽𝖾 𝗌𝖾𝗎 𝗅𝖺𝗇ç𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈.
𝖠𝗊𝗎𝗂 𝖾𝗌𝗍ã𝗈 𝟩 𝗉𝗈𝗇𝗍𝗈𝗌 𝗉𝗈𝗌𝗂𝗍𝗂𝗏𝗈𝗌 𝗊𝗎𝖾 𝖺𝗃𝗎𝖽𝖺𝗆 𝖺 𝖿𝖺𝗓𝖾𝗋 𝖾𝗌𝗌𝖾 𝖿𝗂𝗅𝗆𝖾 𝖺𝗍𝖾𝗆𝗉𝗈𝗋𝖺𝗅:
𝐀𝐭𝐮𝐚çõ𝐞𝐬 𝐍𝐨𝐭á𝐯𝐞𝐢𝐬: A performance de Jodie Foster como Clarice Starling e Anthony Hopkins como Hannibal Lecter é frequentemente elogiada. Hopkins, em particular, recebeu aclamação por sua interpretação icônica do inteligente e sinistro Hannibal Lecter, ganhando o Oscar de Melhor Ator por seu papel.
𝐃𝐢𝐫𝐞çã𝐨 𝐇𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐨𝐬𝐚: A direção de Jonathan Demme é frequentemente elogiada pela maneira como ele construiu a tensão e a atmosfera do filme. Sua abordagem visual e narrativa contribuiu significativamente para o suspense e o horror psicológico do filme.
𝐑𝐨𝐭𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐈𝐧𝐭𝐞𝐥𝐢𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞: Baseado no livro de Thomas Harris, o roteiro adaptado por Ted Tally é elogiado por sua inteligência e capacidade de manter o público envolvido. A história é complexa, cheia de reviravoltas e diálogos memoráveis.
𝐀𝐭𝐞𝐧çã𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐃𝐞𝐭𝐚𝐥𝐡𝐞𝐬: A atenção aos detalhes na construção dos personagens, cenários e enredo é frequentemente destacada. Cada elemento é cuidadosamente trabalhado para contribuir para a experiência geral do filme.
𝐒𝐮𝐬𝐩𝐞𝐧𝐬𝐞 𝐏𝐬𝐢𝐜𝐨𝐥ó𝐠𝐢𝐜𝐨: "O Silêncio dos Inocentes" é também elogiado por seu suspense psicológico. O filme foca na mente dos personagens e na relação intrigante entre Clarice e Hannibal, em vez de depender apenas de elementos de horror visual.
𝐑𝐞𝐥𝐞𝐯â𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐂𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥: O filme teve um impacto significativo na cultura popular e estabeleceu um padrão para filmes de suspense e terror psicológico. Cenas e diálogos do filme tornaram-se parte do cânone cinematográfico.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐌𝐞𝐦𝐨𝐫á𝐯𝐞𝐥: A trilha sonora de Howard Shore é frequentemente mencionada como um componente vital do sucesso do filme. A música contribui para a atmosfera tensa e é reconhecida como uma das trilhas sonoras mais icônicas do cinema.
No geral, "𝐎 𝐒𝐢𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐈𝐧𝐨𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬" é elogiado por sua qualidade técnica, performances excepcionais e impacto duradouro no cinema. Ele continua sendo uma referência no gênero de suspense e psicologia criminal.
A Favorita
3.9 1,2K Assista Agora‘A Favorita’ subverte o conceito de filme histórico convencional.
'A Favorita', de Yorgos Lanthimos, resgata a figura da rainha Anne da Grã Bretanha para falar de manipulação, do poder e do feminino.
Os amantes de filmes históricos podem ficar um tanto frustrados com A Favorita, ótimo longa-metragem do cineasta grego Yorgos Lanthimos, recordista, ao lado de Roma, em indicações ao Oscar, disputando o prêmio em dez categorias. O excelente roteiro de Daborah Davis e Tony McNamara, embora preciso em relação à maior parte dos fatos retratados, não se preocupa tanto em contextualizar o espectador, dispensando recursos mais tradicionais, como textos didáticos introdutórios. Seu foco é outro: retrata as relações perigosas entre a rainha Anne (a excepcional Olivia Colman), Sarah Churchil (Rachel Weisz, de O Jardineiro Fiel) e a camareira Abigail Hill (Emma Stone, de La La Land – Cantando as Estações).
Ao longo da última década, Lanthimos, por conta de filmes como Dente Canino (2009), A Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), tornou-se um dos diretores mais cultuados pela crítica internacional. Dono de um cinema muito original, para não dizer peculiar, o grego prima pelo exagero, que vai do cinismo ao poético em um estalar dedos, sem um excluir o outro. Todos esses traços excêntricos estão presentes em A Favorita, talvez seu longa mais palatável, perfeito para levar sua estética (e ética) a um público mais amplo.
Embora Anne, cujo reinado durou entre 1707 e 1714, tenha sido uma monarca importante, a primeira da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e Irlanda juntas), e o filme se ocupe (bem) das maquinações políticas à época, Lanthimos está mais interessado em discutir outro tipo de poder, de manipulação. Muito frágil, física e emocionalmente, a rainha, além de dores torturantes (sofria de gota e diabetes), carregava em si o gigantesco trauma de ter engravidado 17 vezes sem conseguir criar um filho sequer. Todos morreram, antes ou depois de nascerem. No lugar dessas crianças, criava coelhos, a quem dava os nomes dos bebês perdidos.
Sarah, amiga de juventude de Anne e esposa de um nobre importante na vida militar do Império Britânico, é uma eminência parda, que atua nos bastidores e exerce forte influência sobre a rainha, com quem, segundo o filme, mantém um caso amoroso há muitos anos. A relação entre as duas mulheres começa a deteriorar quando Abigail, prima empobrecida da duquesa, chega à corte e se torna camareira de Anne, conquistando sua confiança e afeto, até assumir o lugar que antes era exclusivo de Sarah.
Construído em episódios, como capítulos de um livro, A Favorita é um jogo, no qual as três protagonistas de alguma forma brincam e desafiam umas as outras, fazendo uso de artimanhas de poder, mas também eróticas e amorosas, em uma teia muito original, que faz lembrar o clássico Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick, e Ligações Perigosas (1988), de Stephen Frears, ambos também indicados ao Oscar de melhor filme. Lanthimos não faz uma obra reverente à história da Grã-Bretanha. Talvez por ser estrangeiro, lança um olhar cáustico, porém humano, em direção ao decadentismo da aristocracia no século 18.
Visualmente impecável, da fotografia à luz de velas e com o uso de grandes angulares de Robbie Ryan aos figurinos de Sandy Powell, A Favorita, contudo, não permite que o estético se sobreponha ao dramático. É engraçado, provocativo e muito moderno, apesar de a trama se passar há mais de 300 anos. Indicadas ao Oscar de atriz coadjuvante, Rachel Weisz, equilibrando o masculino e o feminino, e Emma Stone, deliciosamente vil, brilham muito, mas é de Olivia Colman o grande espetáculo. Vencedora da Copa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza e do Globo de Ouro, além de indicada ao prêmio da Academia, a britânica está extraordinária como a rainha Anne, ao mesmo tempo patética e poderosa, frágil e voluntariosa. É dela a imagem final do filme, que ressoa e atordoa.
Lágrimas do Sol
3.7 348 Assista Agora"𝙇𝙖𝙜𝙧𝙞𝙢𝙖𝙨 𝙙𝙤 𝙎𝙤𝙡" (𝙏𝙚𝙖𝙧𝙨 𝙤𝙛 𝙩𝙝𝙚 𝙎𝙪𝙣) é um filme de ação e drama militar lançado em 2003, dirigido por Antoine Fuqua e estrelado por Bruce Willis.
Aqui estão alguns pontos que fazem deste um filme excelente:
𝐀𝐭𝐮𝐚çõ𝐞𝐬 𝐈𝐦𝐩𝐚𝐜𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬: Bruce Willis oferece uma performance sólida como o tenente A.K. Waters. Sua habilidade em transmitir as emoções do personagem, especialmente no contexto de um filme de ação, contribui para a autenticidade da narrativa.
𝐅𝐨𝐭𝐨𝐠𝐫𝐚𝐟𝐢𝐚 𝐞 𝐃𝐢𝐫𝐞çã𝐨: A cinematografia de "Lágrimas do Sol" é muitas vezes elogiada por capturar paisagens deslumbrantes da selva africana. Antoine Fuqua, conhecido por seu estilo visual marcante, proporciona sequências de ação bem coreografadas e momentos intensos.
𝐓𝐞𝐦𝐚𝐬 𝐑𝐞𝐥𝐞𝐯𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬: O filme aborda questões humanitárias, éticas e morais relacionadas a conflitos em zonas de guerra. A exploração desses temas adiciona profundidade à trama, provocando reflexões sobre o papel das forças militares em situações de crise.
𝐓𝐫𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐒𝐨𝐧𝐨𝐫𝐚 𝐄𝐧𝐯𝐨𝐥𝐯𝐞𝐧𝐭𝐞: A trilha sonora, muitas vezes composta por Hans Zimmer em colaboração com Lisa Gerrard, é elogiada por complementar efetivamente a atmosfera do filme. A música contribui para a emoção das cenas e intensifica a experiência do espectador.
𝐏𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐁𝐞𝐦 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐯𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝𝐨𝐬: Além do protagonista, "Lágrimas do Sol" apresenta personagens secundários que têm suas próprias histórias e evoluções ao longo do filme. Isso contribui para uma narrativa mais rica e envolvente.
𝐂𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀çã𝐨 𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬: As sequências de ação são notáveis pela sua realidade e intensidade. O filme evita muitos exageros comuns em filmes do gênero, focando em retratar a brutalidade e a complexidade de situações de conflito.
𝐌𝐢𝐬𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐆ê𝐧𝐞𝐫𝐨𝐬: O filme consegue mesclar elementos de ação, drama e thriller militar de maneira equilibrada, proporcionando uma experiência cinematográfica abrangente e cativante.
𝐂𝐨𝐧𝐬𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚: "𝐋á𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐨𝐥" não se limita a ser apenas um filme de ação; ele levanta questões sobre refugiados, direitos humanos e a responsabilidade militar em situações de crise, proporcionando uma reflexão mais profunda sobre as complexidades da guerra.
Em resumo, "𝐋á𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐨𝐥" é elogiado por sua emocionante narrativa, performances convincentes, cinematografia envolvente e abordagem sensível a questões sociais e éticas. Esses elementos combinados contribuem para um filme que transcende as expectativas típicas do gênero de ação militar.
Saltburn
3.5 856‘Saltburn’ divide opiniões, apostando na estética do choque.
'Saltburn', novo filme da cineasta britânica Emerald Fennell, é uma corrosiva e hipersexualizada sátira social, mas esbarra em sua abordagem por vezes superficial e cosmética.
Arecepção de Saltburn, o segundo filme da cineasta britânica Emerald Fennell, tem gerado, até o momento, divergências de opinião significativas. O longa-metragem, disponível no Amazon Prime Vídeo, explora a intrusão de um indivíduo de classe média em uma família inglesa extraordinariamente rica e aristocrática.
De um lado, há espectadores e a maioria dos críticos que categorizam o filme como uma confusão exuberante, mas autocomplacente de provocação até certo ponto vazia. Por outro lado, existem aqueles que o veem como um thriller erótico envolvente e bem-sucedido, repleto de momentos impactantes em uma releitura de Fennell de obras como Teorema, obra-prima do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, do romance clássico Brideshead Revisited, de Evelyn Waugh, e, por fim, dos livros e das adaptações para o cinema de O Talentoso Ripley, livro da norte-americana Patricia Highsmith.
Embora haja consenso sobre a estética exuberante e atraente de Saltburn, imagens desconfortáveis, como a de um personagem bebendo água do banho de outro, e o desfecho chocante e meio pretensioso do filme, provocam debates sobre se são expressões da genialidade da diretora ou simples truques baratos e vazios, sob medida para chocar o espectador.
A polêmica em torno de Saltburn não é tanto uma consequência da intenção do filme como sátira social, mas, sim, derivada de suas artimanhas criativas: provocar visualmente, retratar a riqueza aristocrática e a devassidão de maneira luxuosa, e sublinhar desejos de maneira escancarada e abusada.
Saltburn é uma obra focada em sensações, e Fennell demonstra habilidade nesse aspecto. O filme faz uso extensivo de montagens suntuosas, escolhas nostálgicas de trilha sonora (a trama se passa na primeira década deste século), destacando-se especialmente “Time to Pretend”, do MGMT, e “Murder on the Dance Floor”, de Sophie Ellis-Bextor, e dioramas de beleza e vigor intensos.
‘Saltburn’: o enredo
A narrativa inicia com um Oliver Quick adulto (interpretado pelo ator irlandês Barry Keoghan, de Os Banshees de Inisherin) declarando nunca ter estado “apaixonado” pelo lindamente distante Felix Catton de Jacob Elordi (da série Euphoria e o Elvis de Priscilla), enquanto se deleita com closes detalhados do suor de Felix, sua nuca, seus músculos abdominais, seu narcisismo. Tudo observado voyeuristicamente através de uma janela. Isso, de maneira sucinta, estabelece que o filme trata de intoxicação e fixação de Oliver por ele.
A proposta é fazer com que o espectador olhe e sinta primeiro, deixando o pensamento para depois (embora seja válido destacar que mais reflexão pode resultar na desconstrução de toda a trama).
Esse clima, essas sensações emanadas pelo filme, são cativantes, mas também podem distrair, compensar em excesso e até enganar. Apesar dos esforços de sátira em relação à classe social privilegiada, Saltburn parece, em grande medida, ser nada além de luxuoso. O filme se deleita na grandiosidade da mansão que lhe dá título, em reviravoltas na trama que beiram o ridículo, e nas excentricidades aristocráticas representadas pelos excelentes Rosamund Pike e Richard E. Grant, interpretando os pais de Felix.
Vazio
A lógica subjacente – personagens superficiais, descartáveis, e uma trama carente de fundamentação navegando em uma aura sedutora – ecoa, de certa forma, a abordagem de Euphoria, também uma obra que aposta no poder de choque, uma marca da contemporaneidade. Saltburn, assim como a série da HBO, é colorido, intenso, exuberante, excessivamente provocante e, por vezes, frustrantemente superficial, embora jamais monótono, é preciso dizer. Essa abordagem inspirou uma resposta dividida entre público e crítica. Seria Saltburn genial ou vazio? Genuinamente excitante ou apenas provocativo? Arrojado ou tolo?
A inclinação é sempre para a segunda resposta a essas perguntas, pois Saltburn parece superestimar seu poder, confundindo provocação com profundidade. Mais criticamente, há uma tendência a superestimar, mas também subestimar seu próprio impacto – não há como negar que o filme mexe e muito com o público. Sua repercussão é prova disso.
Os esforços de Fennell para provocar por meio de nudez, sexo e violência, embora desconfortáveis, carecem de uma base sólida em termos de construção de personagens humanos que realmente justifique tudo isso. Alguns momentos chegam a meio termo – como o banho de Oliver ou o ato sexual oral em Venetia durante sua menstruação -, sendo, de fato, muito provocativos para um público cada vez mais puritano. Mas, pelo menos, essas cenas tentam materializar o consumo da riqueza dos Catton pelo protagonista de uma maneira carnal.
Contudo, cenas como Oliver fazendo sexo na cova de Felix ou dançando nu na mansão que conquistou sem um propósito claro parecem oportunidades apenas para exibir um ator talentoso e atraente se contorcendo na terra molhada e dançando sem roupas. Não muito mais. A que leva o choque que essas cenas provocam no espectador? Chocam, sim, mas no fundo não querem dizer muito, não.
O que destaca é que a intenção do filme como uma sátira excitante, um retrato do desejo, se torna, por fim, amarga, o que é bem interessante. Como Fennell já fez em Bela Vingança, longa que lhe deu o Oscar de melhor roteiro original, o desfecho é surpreendente, mas não exatamente catártico, porque também sombrio, amargo. O problema é que a cineasta e roteirista não consegue mascarar a ausência de uma intenção coesa, de uma especificidade de personagens, lugar ou ideia. O filme carece dessa consistência, resultando um tanto cosmético, o que compromete seu impacto e deixa sua narrativa flutuando numa espécie de vácuo muito chique.
Saltburn está indicado a cinco Bafta (o Oscar britânico) em cinco categorias, incluindo melhor ator (Barry Keoghan), atriz coadjuvante (Rosemund Pike), ator coadjuvante (Jacob Elordi) e melhor filme britânico.
Cabeça a Prêmio
2.8 61 Assista AgoraMuito bom filme, o crime não compensa só traz desgraça.
Esse filme 🎥 é muito bom retratando problemas familiares e conflitos gue toda família infelizmente tem não somos perfeitos temos nossos defeitos e qualidades e o filme traz a toma essa outra situação o de ficar contrabadeando tendo falcatruas e roubos o filme e bom recomendo para guem guiser assistir 😮😮
Uso a frase dos peaky blianders cabalho lerdo e mulheres lijeiras
Trilha do final...liiindaa
Vidas Partidas
3.3 34 Assista AgoraExcelente trabalho sobre cruel situação drasticamente, ainda tão atual e pior, sobre a violência doméstica contra as mulheres.
Atores ótimos.
Não conhecia a atriz protagonista.
Roteiro, direção, fotografia, figurino, edição...Parabéns!
Triste é saber que tantos relacionamentos tóxicos e abusivos, levam à violência física, psicológica...So quem convive com um narcisista compreende bem o personagem
Atuação magistral do nosso saudoso Domingos Montagner...
O Demolidor
3.3 405 Assista AgoraO filme "O Demolidor" aparentemente parece ser apenas mais um bom filme de ação dos anos 90, onde um "herói" tenta impedir um vilão de dominar o mundo.
Mas ele é muito mais do que isso. O filme tem uma crítica social extremamente inteligente, que se prova a cada ano mais certeira. Muitas pessoas dizem, que aquele futuro do filme é praticamente uma previsão do nosso presente, ou uma perspectiva futuro que estamos construindo.
No filme, o estado rege todas as regras da civilização, controla absolutamente tudo na vida das pessoas. Por exemplo, como devemos nos vestir, o que comer e beber, o que se pode ver na TV, ouvir, falar, proíbe bebidas alcoólicas, cigarro, sexo, beijar, proíbe até mesmo engravidar sem autorização. Tudo que o governo acha que pode fazer "mal" para as pessoas, ele proíbe. E se a pessoa quebrar qualquer regra, ou tentar questionar o estado, leva multa ou é presa imediatamente.
O "politicamente correto", se é que esse termo é realmente o correto, tomou conta de tudo ao extremo. As pessoas que têm pensamento contrário, opiniões diferentes do estado, foram obrigadas a viver nos esgotos ou seriam presas como marginais, passando fome e tendo que roubar para se alimentar, elas são consideradas a escória da sociedade.
Enquanto as pessoas que vivem nessa bolha têm fartura, se aproveitando de sua própria hipocrisia.
Os policiais não usam mais armas, não são mais treinados. Na verdade, ninguém mais pode ter armas; literalmente, elas só existem em museus. Todos são proibidos de aprender autodefesa, artes marciais também foram proibidas. O estado passou a decidir cada passo da população, que vive em uma superficial e imaginária paz, percebendo ou não a opressão que os cerca.
Tudo isso é mostrado no filme com sutilezas e, algumas vezes, de forma explícita. Claro, existem muitas outras críticas sociais dentro do filme, que falarei em outros textos.
Na sua opinião, o filme "O Demolidor" realmente acertou em suas previsões? Ou é um exagero dizer isso, já que na maior parte do mundo, inclusive no Brasil, ainda somos teoricamente um país com liberdade! O que acham?
O Último Pistoleiro
3.7 49 Assista AgoraÓtimo filme. O drama da doença e o sofrimento a cada dia do pistoleiro durão. No final, cenas brutais . John Wayne já era para receber um Oscar por esse filme, mas a Hollywood miserável não deu ao veterano ator, dono de excelentes filmes em sua carreira. Foi-lhe dar em seu último filme, quando ele colocou um tapa-olho. Pouco tempo depois, descobriu-se que ele estava com câncer . Ele foi receber o Oscar já bem magro, abatido pela doença, mesmo assim com muito orgulho pelo ainda que tardio prêmio.
Esse filme tem tudo a ver com o que John Wayne estava passando na realidade. Nessa época ele estava com o câncer bem avançado. O filme é de 1976 Wayne faleceu em virtude do câncer em 1979. Pouco tempo depois de ter recebido uma homenagem especial pela academia de Hollywood.
Wonka
3.4 390 Assista AgoraTimothée Chalamet é um Willy Wonka jovem e sonhador em prequel divertida, ainda que adocicada.
'Wonka', que narra a juventude do protagonista de 'A Fantástica Fábrica de Chocolates', se destaca por sua leveza, brilho, elenco afiado e números musicais grandiosos.
Amais recente encarnação de Willy Wonka, interpretada por Timothée Chalamet (de Duna) em Wonka, surge na telona como uma figura bem mais jovem, doce e notavelmente menos excêntrica do que suas versões anteriores. Ele embarca em sua jornada do herói com uma aura de sonho e um sorriso permanente nos lábios, mantendo uma atitude positiva, ocasionalmente cantando, dançando de forma um tanto desajeitada e criando doces peculiares, como os chocolates salgados com as “lágrimas agridoces de um palhaço russo”, conhecidos como hoverchocs.
A resiliência – ou seria insistência? – das franquias cinematográficas é evidente em Wonka, novo musical original que explora os primeiros empreendimentos do jovem Willy. O filme se destaca por sua leveza e brilho, e é repleto de artistas talentosos que parecem se divertir (muito) com suas interpretações, mesmo quando assumem papéis malvados.
A qualidade mais evidente dessa encarnação jovem de Willy Wonka é a sua gentileza. Há uma ausência quase absoluta da misantropia sombria presente no romance Charlie e a Fábrica de Chocolate, de Roald Dahl, best-seller de 1964 que gerou diversas adaptações, incluindo filmes anteriores e um musical na Broadway.
A narrativa de Dahl e suas adaptações anteriores apresentam um menino pobre, Charlie, que realiza uma visita transformadora à fábrica de chocolate do enigmático e algo perverso Willy Wonka. Dirigido por Paul King, Wonka retrocede no tempo para quando Willy era um esforçado empreendedor sem dinheiro nos bolsos, mas repleto de encantos e aspirações.
Após anos viajando pelo mundo, ele busca realizar seus sonhos doces em uma cidade que remete à Europa, com uma arquitetura espetacular e espaço para números musicais grandiosos. Seus desafios surgem na forma de um cartel chocolateiro e a dona malvada de uma estalagem, Sra. Scrubbit (Olivia Colman, excepcional como sempre), que escraviza seus hóspedes pobretões.
‘Wonka’: excesso de doçura
Wonka apresenta canções antigas e novas, coreografias envolventes, um rio de chocolate, mas não chega a inovar. Entre seus atrativos está um Chalamet carismático e entusiasmado, de movimentos desajeitados, com seus cabelos sempre desarrumados balançando sob o chapéu de Willy. O desempenho lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical).
O filme enfatiza Willy como protagonista absoluto. Embora ele logo encontre uma parceira infantil, Noodle (Calah Lane, muito carismática), a mais jovem entre os servos de Sra. Scrubbit. E é Willy, desta vez, quem assume o papel do ingênuo de olhos arregalados que, na história e no filme original era o garoto Charlie.
A personalidade afável de Willy nesta versão o distancia do excêntrico chapeleiro louco de Dahl, aproximando-o espiritualmente do gentil protagonista ursino dos filmes de King, os ótimos Paddington e Paddington 2. Como o personagem Paddington, Willy, o fabricante de doces, logo encontra uma comunidade solidária em seu novo ambiente digitalmente aprimorado. Além disso, recebe calor maternal de Sally Hawkins (de A Forma da Água), compartilha momentos cômicos com um impagável Hugh Grant (aqui como um Oompa-Loompa pistola) e se envolve em escapadas criativas que evidenciam as habilidades de King na construção da narrativa de ação. O filme, no entanto, com sua duração de duas horas, prolonga-se um pouco além do necessário.
O roteiro de King e Simon Farnaby poderia, também, adicionar um tom mais crítico a Wonka; que, às vezes, é adocicado demais – o filme funciona melhor quando explora o humor. Isso não chega a ser surpreendente, dada a reconceituação da personalidade de Wonka por King (sem a presença de ameaça) e a influência da “disneyficação” do entretenimento infantil.
As mudanças no Mundo de Wonka ao longo dos anos, especialmente na caracterização dos Oompa-Loompas, refletem uma evolução significativa. O filme de 1971 com Gene Wilder os retratava com pele laranja e cabelos verdes, uma representação que Tim Burton abandonou em seu filme de 2005 estrelado por Johnny Depp, e que King restaurou.
Um dos desafios para os cineastas contemporâneos ao adaptar a obra de Dahl é aproveitar os elementos agradáveis sem replicar suas facetas menos atraentes. Wonka contorna parte dessas questões por anteceder a notoriedade de Willy, e é possível que em uma eventual sequência, os Oompa-Loompas tenham alcançado uma maior autonomia. Até lá, espera-se que a aversão de Dahl por personagens gordos, evidenciada infelizmente no filme por meio de um chefe de polícia glutão (Keegan-Michael Key), seja deixada para trás.
Wonka, por fim, busca abraçar a gentileza com uma sinceridade espontânea, convidando o espectador a soltar a imaginação, destacando a perspectiva divertida de que um dia Timothée Chalamet se transformará, com alguma sorte, em um Gene Wilder e, esperamos, não em um Johnny Depp.