Sempre (!) é excelente ver um filme grandioso, mesmo quando se trata de uma grande merda, mas quando todo esse colosso é acompanhado por um filme sincero, atraente e divertido tudo fica muito melhor. Círculo de Fogo possui uma premissa bem próxima de um tolo sonho infantil, mas que pelo empenho crítico e sério realizado pela sua equipe criadora (principalmente del Toro) traz uma verdade à tela, difícil até mesmo para dramas realistas italianos. Como é bom ficar na ponta da cadeira do cinema assistindo uma luta entre um alienígena monstruoso gigantesco e um super robô operado por soldados sem nos sentir ridículos. A tensão passadas pelas cenas de ação evocam uma habilidade tão grande de câmera que impressiona. Notem que são raros os planos fixos ou mesmo travellings muito abertos, dando sempre a impressão de que a câmera estivesse ali em baixo ao meio da confusão. O design de produção (destaque uníssono para a direção de arte) esbarra na perfeição. Desde a complexidade orgânica da anatomia interna dos Kaijus, até mesmo da riqueza de detalhes dos cenários, mesmo os menos utilizados como o patio de construção da muralha ou a sala do interessantíssimo Hannibal Chau. Tendo tudo isso a seu favor seria fácil se tratar de um dos melhores filmes do ano, certo? Quase certo. O grande pecado aqui é justamente o roteiro, não que fosse esperado algo complexo e tocante, mas no minimo original. É quase um desperdício ver um longa com toda essa estrutura visual possuir personagens, assim como suas relações, tão limitados e engessados. O clímax já é antecipado minutos antes, nos dando a impressão de já termos assistido muito daquilo. Uma pena, mas mesmo assim se trata de um projeto único extremamente bem executado de um dos principais gênios criativos do cinema atual.
Acho que filmes de gênero tem um trunfo (ou uma responsabilidade) a mais que outros. Seria a motivação. Dessa forma comedias devem fazer rir, terrores causar medo e ai por diante. Partindo daí Anjos da Lei já começa vencendo. É muito engraçado! É ótimo ver boas gags aliadas a diálogos ágeis e irônicos. As atuações, muitas vezes parecem (e aposto que foram) nadando em improvisações e tiradas internas. A direção sabe tirar proveito disso tudo de uma maneira muito natural e espontânea. Pena que para um filme pleno, nos causar sensações não seja o bastante. É inegável, o roteiro é fraco e sem estrutura. Apelando para desfechos padrões e óbvios. É claro que ele também possui bons momentos, principalmente nas dinâmicas comparando as diferenças entre as tribos e costumes de cada geração. Isso junto a uma singela homenagem (repleta de referencias) aos high school movies dos anos 80 e 90. Uma ótima e eclética comédia!
Tente imaginar um filme onde no meio das filmagens o roteirista resolve mudar completamente o texto escrito. As filmagens continuam, mas antes do fim ele percebe que o roteiro original era mais interessante. O diretor, muito talentoso, diz que não tem problema e que tudo se resolve na ilha de edição. Porém, restando apenas a sequencia final, o roteirista morre atropelado por um trem levando consigo a ultima edição (ainda não lida) do roteiro, deixando o encargo de encerrar o longa ao montador, que tem problemas com bebida. Nada do que escrevi é verdade, claro, mas se encaixa de uma maneira tão perfeita em Relação Mortal que mais interessante seria fazer um filme com essa premissa. Um roteiro vago, vazio e sem nexo. Emoldurado por um trabalho de montagem sofrível, deixando as sequencias todas truncadas e sem nenhum ritmo. Mais de uma vez somos jogados de uma cena melancólica, ou mesmo encerrada por algum desfecho pesado (como algum misterioso e esquecido assassinato) para outra em um contexto tão oposto e distante (notem que dias ensolarados com sonoplastia de pássaros cantando são comuns) que nos deixa ainda mais perdidos. A direção de Mary Harron sem nenhuma dúvida já esteve melhor. Até é possível notar elementos interessantes, mesmo que remetendo a Psicopata Americano. Mas em geral seu trabalho é raso (vide direção de elenco) e disperso.
Conhecendo o trabalho de Niccol como diretor e roteirista é terrível ver como o universo de A Hospedeira é mal apresentado e repleto de lacunas. Talvez pela produção apressada, ou pelo seleto publico alvo definido pela mesma. O fato é que pouco funciona realmente na narrativa. A quantidade de diálogos expositivos (muitas vezes, muitas mesmo, entre a protagonista e uma singela vozinha em off) nos tira por completo do ritmo e da dinamicidade do filme, tornando tudo fragmentado e cansativo. O design de produção tenta fazer tanto que se perde logo nas primeiras sequencias. Simplesmente não há nenhuma harmonia, gerando cenas no minimo cômicas (visual Power Rangers dos veículos alienígenas). Apesar de tudo existem momentos onde somos cativados. Apesar se sempre se basear no clichê do amor cristão moderno, o roteiro é original e criativo. Algo que mesmo sem a estrutura necessária à tal trama é algo raro de se ver hoje em dia.
Sequencias são sempre filmes bastante delicados aonde qualquer movimento em falso pode ter péssimos resultados. Mas em Falando Grego a tragedia já está pronta antes dos créditos de abertura. Um filme com um roteiro completamente reciclado e previsível que tenta (desesperadamente) pegar de bobeira os fãs do mediano Casamento Grego. A direção de arte parece conhecer tão bem o país onde se passa a trama quanto os próprios turistas que chegam lá. Brega, exagerada e pobremente convencional. Donald Petrie sabe o que faz, embora parece que ele foi obrigado a dirigir. Nunca o vi tão no automático, fazendo que as boas gags fiquem mornas e as ruins, ofensivas. A direção de elenco se baseia no clássico pacotão anos 90 do humor para TV. Não que seja indispensável a melhor estruturação dos personagens para essa leve comedia, mas nem o minimo é alcançado. O que vemos é algo enlatado padrão só que dessa vez na cor azul e em grego.
O quão distante do cinema um filme pode estar? O Filho do Máskara mostra que não há limites... Não é arte, não é televisão, não é nem vídeo clipe. Analisando criticamente o filme funciona como o que nunca deve ser feito. O primeiro ponto percebido é o design de produção. Uma direção de arte digna da má fase Power Rangers, junto a foto, bastante semelhante aos comerciais da Tekpix. É difícil falar da direção, já que obviamente o diretor fugiu com o dinheiro. Não faz sentido as opções narrativas que são escolhidas, nem no mais barato cartoon vemos algo parecido. Como não poderia ser diferente a direção de elenco/atuações são incompetentes, artificiais e baratas. Não sendo incomum percebermos como personagens mais interessantes os figurantes. O mal gosto explorado até os confins!
Quanta sensibilidade! É ao mesmo tempo irônico e belíssimo notar que um filme sobre um bordel e suas prostitutas dialogue tão bem com atual sociedade que vivemos, machista e misógina. Note que simbolo profundo é a Mulher que Ri, algo como um boneco semi vivo a serviço do homem (física e emocionalmente) contra a sua vontade. A dinâmica entre as personagens é algo tão bonito e natural, que nos custa a lembrar que estamos vendo um filme. Ainda mais com a bela fotografia de Josée Deshaies , inteligente, fiel e funcional. É interessante percebermos que ao meio de uma palheta dessaturada (mesmo com os suntuosos vestidos coloridos) temos cenas tão claras e vivas como as que mostram a intimidade das meninas, seja em seus quartos ou nos outros cômodos da casa (note que disse casa e não Casa). Tudo muito bem orquestrado por Bonello, que sabe dar ritmo e conteúdo aos longos diálogos e situações vividas pelas garotas. A escolha do split screen, apesar de um tanto cafona na minha opinião, funciona muito bem. Passando a nítida ideia de uma continua concomitância entre as vidas de quem mora, trabalha e frequenta a Casa de Tolerância. Um filme pleno e atualíssimo, vide cena final.
Sempre desejei ver um filme de terror que fosse verdadeiramente um documentário. Catfish chega bem perto. De estrutura bastante simples, sem nunca se preocupar em parecer amador, o que acaba funcionando perfeitamente para o filme, já que passa uma nítida impressão de surpresa, algo como se até mesmo os envolvidos foram descobrindo os fatos, não só na mesma ordem, mas junto com o espectador. O doc narra uma história de final bastante previsível, mas impressiona na forma como trabalha o seu clímax. Longe de se posicionar moralmente, não querendo julgar, ou constranger os seus personagens, mas sim explica-los. Mostrando razões intimas e dores internas e profundas. Só peca por esmiuçar tanto os fatos além dos fatos, que acaba por não nôs dar brecha para mais nenhuma interpretação, impondo uma explicação sensível, mas unica e indiscutível. Um filme atualíssimo que consegue vencer as barreiras dos tradicionais mockumentary, já que pouco importa se é uma história verídica ou não. Uma vez que se trata de um drama tão realista e delicado.
Não sei quem disse isso, mas um bom filme não é só feito de boas idéias. Aqui um exemplo clássico de como um argumento muito interessante gerou um roteiro chocho e por fim um filme medíocre. É difícil nomear culpados, mas sem dúvida alguma a direção fica muito bem cotada. Dotado de um ritmo frenético (no pior sentido da palavra), bastante típico de animações feitas para televisão com seus cortes rápidos e planos curtíssimos. Isso aliado ao design gráfico se torna quase um risco convulsivo pela quantidade (e exagero) de cores gritantes e texturas (muitas vezes completamente pasteurizadas). Voltando estritamente a direção, rapidamente notamos um tom vago e perdido à narração. Não se preocupam em criar uma estrutura para nada. Protagonista, o próprio universo diegético, relações inter personagens. Tudo é jogado as pressas, sem muito acabamento. O roteiro até exibe algumas situações e tiradas interessantes e engraçadas, mas logo fica claro que o ponto alto da comédia da animação são mesmo as gags visuais de acidentes, ou seja, o clássico pastelão, que aqui pouco funciona. Não há nada de novo em Fuga do Planeta Terra e muito pouco de bom.
Habemus Papam é no minimo um filme corajoso, para não dizer profético. Não que seja grandes novidades abordar o sacro em sua faceta mais humana, mas a escrachada sutileza cômica com que Moretti retrata os cardeais se torna um exercício genial, que acaba por evocar uma serie de simbolismos profundos e maravilhosos. A cena inicial onde a luz acaba ilustra bem a situação que permeia o filme inteiro. Um grupo de pessoas poderosas, "sábias" que deveriam servir de guias e pastores, mas buscam a cima de tudo (assim como todos nós) uma orientação para os momentos sombrios da vida. A belíssima atuação de Michel Piccoli, reflete com um cuidado lento e preciso o medo dos homens perante o novo, o peso insuportável (muitas vezes por opção) da mudança. Mas é justamente enquanto vamos sentindo essas passagens que notamos uma pequena falha no roteiro, que acaba prejudicando todo o filme, não por completo. O roteiro atira em mais direções que consegue acertar. A grande quantidade de excelentes situações mal exploradas faz com que o filme fique vago e pouco preciso. Tornando também alguns ótimos personagens quase descartáveis. Ao fim, percebemos que gostaríamos de ter visto mais do que vimos, mesmo tendo adorado o que foi assistido.
Muitos filmes são ruins, mas alguns poucos são tão bisonhos que acabam marcando uma década inteira. É difícil escrever sobre Abraham Lincon Caçador de Vampiros, tamanha a baixa qualidade aliada a uma enorme pretensão dos realizadores. Comecemos pelo mais entristecedor fato, Burton envolvido em um projeto desse. Simplesmente não dá para entender. Será que foi um projeto déspota para algum parente sem talento? A direção de Bekmambetov, ao menos é bastante coerente com toda a catástrofe que é o filme. Descuidada, desorientada e pedante. Torando o filme sem coesão e tedioso. Mas o troféu de mestre amador vai mesmo para o montador (cujo o nome não terei o trabalho de procurar). Impressionante! Sequencias com mudanças bruscas na geografia, desconexões nos vestuários e até uma maquiagem (sim. Mal feita) de ferimentos que teima em sumir e aparecer minutos depois. Uma ideia infantil, mas engraçada aliada a uma produção incompetente e gananciosa, resultando no pior filme que vi no ano!
Um espetáculo, mesmo que vazio, um espetáculo. Seguindo uma grande leva que parece apenas se importar em encher a tela dos cinemas com belas imagens, Oblivion sabe perfeitamente como nos inserir, de maneira bastante natural, em um universo fantástico. Optando pelo cenário pós apocalíptico, é interessante notar como muitas paisagens parecem ter ficado mais bonitas do que quando a humanindade estava lá. Algo como se a Terra tivesse se curado muito bem sem seus novatos passageiros. As cenas de ação são fantásticas, ao mesmo tempo que são grandiosas sabem imprimir o esforço sofrido pelo personagem, passando a ideia que fazer aquilo não é fácil, o cara que faz que é habilidoso! Mas existem dois problemas no filme que quase o arruinaram, o deixando vago e completamente esquecível. Os dois relacionados ao roteiro. O primeiro é a necessidade de tornar o protagonista um super humano, seja fisicamente, seja moralmente. O preciosismo que tratam Cruise chega a ser irritante, sempre o colocando como perfeito, inclusive nos enquadramentos. Outro ponto, é a própria conclusão da história. Apesar de simples desde o inicio, o roteiro assume um tom tão formulaico ao fim que nos arranca ainda mais do drama central. Um filme grandioso, mais no papel do que na tela.
Passado a dinastia Pixar, começam a florescer vários projetos originais de animações americanas de alta qualidade. Estúdios, como a DreamWorks aprenderam da pior maneira (Vide Shrek) que até a melhor das franquias infantis não dura para sempre. Mas vamos ao filme. A Origem dos Guardiões é satisfatório por conseguir um equilíbrio fantástico, ela sabe ser um filme infantil pura e simplesmente, mas bem estruturado e divertido, fazendo dele um filme global que agrada qualquer idade. Não por conter sub tramas complexas inteligíveis apenas para adultos, mas por ser sincero o suficiente para nos contar uma história simples, bonita e repleta de magia (por mais piegas que isso soe). Se apoiar em contos e lendas do fabulário infantil é um acerto, mesmo que alguns dos apresentados (incluso o protagonista) só existam no hemisfério norte (ou só nos EUA). Contra balanceando esse fato há a direção leve e fluida de Peter Ramsey que não se importa em nos apresentar os personagens pouco à pouco, ao longo de todo o filme. Mesmo já as conhecendo tão bem a riqueza de pequenos detalhes (sotaque, vestuário, manias, etc.) sempre nos surpreende, algo semelhante a história real por traz da lenda. Ao fim saímos satisfeitos e com um certo sorriso infantil na cara, não coincidentemente.
A melhor maneira (a única segura) de assistir um filme é ir fazê-lo sem nenhuma expectativa. Aprendi isso a muito tempo, mas infelizmente nem sempre consigo. Odeio comédias românticas. Muito. Mas assim mesmo fui assistir (de coração aberto!) Sem Reservas. Motivado somente pela temática gastronômica, confesso, mas ao menos motivado. O filme começa. O ritmo é bom, a fotografia, apesar de básica, é funcional, parece que a direção sabe o que fazer (os planos na cozinha não deixam de ser muito bonitos). Nas atuações nada de novo, mas de uma maneira estranhamente engessada e repetitiva. Desanimo um pouco, mas vamos lá. E então o roteiro se revela. Isso ocorre de uma maneira tão grotesca, e aqui não há palavra melhor, que a minha vontade é desligar o DVD. Seguindo a sua roupagem culinária o filme assumi de vez uma receita enlatada pronta que já cansamos de provar. Passado isso tudo fica previsível, pouco convincente e nada tocante. Nenhum drama nos envolve, não torcemos por nenhum personagem, muito pelo contrario. Preconceito em arte é uma coisa horrível, mas tenho que admitir, em vários momentos é muito difícil.
Um excelente argumento, mas mal conduzido e sem estrutura alguma. Se resume em fazer filosofadas culinárias ao meio dramas familiares novelísticos. Tudo isso enroupado por um design de produção excessivamente televisivo e descuidado (detalhe para a suja e embaçada fotografia). Um filme longo, vago e mal acabado. A narrativa, e seus meios visuais, apresentam um tom estranhamento obsoleto, dando um ar oitentista (no mau sentido) que em nada contribui com a fluidez do filme. Por fim o que nos resta é a grande pretensão dos produtores, mas como nunca é alcançada, realmente sobra muito pouco.
Apesar de superexplorado, gosto muito do sub gênero mockumentary. Acho que quando bem conduzido, não importa o quão absurda é a premissa, o filme pode funcionar muito bem (vide Troll Hunter e Poder sem Limites). Porém, como ocorre em todos os setores da industria do cinema, os projetos medíocres oportunistas sempre podem te pegar. E é aqui que se enquadra Projeto Dinossauro. Logo vemos que a menor das preocupações do diretor é tentar gerar uma atmosfera realista, apelando para longos diálogos expositivos, situações inerais e planos televisivos e cafonas. Como um suspense ele até chega a ter algum efeito, mas sempre apoiado em técnicas baratas de filmes de terror (sustos com efeitos sonoros e repentinas aparições). Embasando a inconsistência do filme estão as atuações. Apesar de usarem atores pouco (ou nada) conhecidos rapidamente ficamos com a impressão de já entende-los, não por méritos deles, mas sim por serem caricaturais e previsíveis. Personagens pré-modelados já tão vistos em outros filmes e series. Um projeto realmente dinossauro por não inovar em nada o que já estamos cansados de ver.
Não é difícil notar que desde 2010 Tim Burton está passando por uma grande crise. Dessa forma fica fácil notar Frankenweenie como um resgate, não a sua fase de excelentes filmes, mas as suas origens como cineasta. Além de ser uma refilmagem do seu curta homônimo (um dos seus primeiros trabalhos como diretor) o filme é repleto de referencias aos clássicos do horror, como Drácula, A Múmia e Nosferatu. Não referencias jogadas e nos empurradas a força, mas muito bem inserida e orgânicas. O design de produção é quem as embasa tão bem, criando um clima rico em detalhes e em personalidade própria. E é aí onde reside o mérito do filme, já que o roteiro apesar de divertido é longo e logo nos perde o interesse e a direção de Burton apesar de segura, é pouco inovadora, nos parecendo mais do mesmo. Um filme que possui uma importância para a carreira do diretor por marcar um possível ponto de reviravolta (ou somente volta, como acredito), mas em geral esquecível.
Existem alguns filmes que independem da qualidade final por serem destaques na história do cinema. O Enigma da Pirâmide sem dúvida é um deles. Um filme ruim, com um roteiro fraco e repleto de buracos, atuações chatas e sem carisma, uma montagem no mínimo amadora e uma direção descuidada e no automático. Ou seja um filme esquecível. Porém, um projeto de efeitos especiais sem precedentes. Incluindo o primeiro personagem digital da história da animação gráfica (o cavaleiro de vidro). A qualidade dos efeitos firmaram a Light & Magic como referencia em efeitos práticos e pioneira nos digitais. Tudo isso faz com que este seja um marco que deve ser assistido por todos.
Ao longo do seus 158 minutos, Zodíaco sabe se renovar de uma maneira tão bem estruturada que em nenhum momento o filme se perde ou se torna chato. Esses pulsos de mudança são definidos esteticamente pela passagem dos anos e narrativamente pela evolução dos personagens. O primeiro se deve a impecável direção de arte (sempre sabendo nos situar cronologicamente) e à criativa fotografia (retratando visualmente o cinema de cada época). Já roteiristicamente falando a relação causa/consequência do envolvimento dos personagens com a trama é quem dita o ritmo desse thriller setentista. Assim vemos vários protagonistas e a forma com que cada um consegue lidar com o mistério proposto pelo assassino. Algo como uma doença contagiosa que passa um a um, os definhando e consumindo (vide Paul Avery). Um soberbo trabalho do calculista David Fincher!
O cinema é um meio realmente maravilhoso. Quando que alguém iria imaginar que um filme de ação estrelado por Schwarzenegger alcançaria um nível tal de metalinguismo que nos daria um aula sobre cinema de gênero? Fantástico! O mesmo que foi feito com os filmes de terror dos anos 90 com Pânico é visto em O Último Grande Herói. Aqui porém desconstruindo os filmes de ação do inicio da década. Funcionando ao mesmo tempo como homenagem e critica (nada arrogante) à receita pronta desse tão popular gênero. Tudo isso levado de uma forma divertida e engraçada pela direção de John McTiernan. Um jovem clássico!
É possível ver Loucuras de Verão como um excelente retrato etário da adolescência americana. Expondo todos os medos e anseios de uma idade tão difícil. Analisado dessa forma o filme, alem de fiel ao que se propõem, é extremamente divertido. Sendo ao mesmo tempo nostálgico e de fácil identificação. Seja por sua narrativa multilinear e expositiva ou pela excelente trilha sonora. Mas a direção e o roteiro de Lucas vão além. É fantástico notar a alegoria que ele faz com a sua própria geração, a "Nova Hollywood". Um movimento divisor de águas na história do cinema mundial, onde os envolvidos tiveram que escolher entre continuar na confortável e comoda cidade de Modesto ou pegar um voo rumo ao desconhecido, rumo ao crescimento. Um filme referencia para toda uma legião!
Uma produção brega e piegas que pela extrema pretensão em ser grandiosa torna tudo artificial e distante. Repare que como a direção pretende criar em cada quadro uma obra prima gráfica, abusando de planos contra a luz e flares de uma maneira gratuita e vaga. O roteiro não tem nenhuma estrutura, logo se torna longo e cansativo. Por fim as atuações dão o destom final ao filme. Artificiais e repletas de muletas. Não senti, tão pouco entendi, o sofrimento do protagonista e me pareceu que o ator também não... Uma mistura tosca de Mar Adentro e Intocáveis.
Mais do que simplesmente um filme sobre bullying, um estudo sobre a perda e os sentimentos que ela nos provoca assim como as saídas e fugas que apelamos pela dor. Neste sentido a direção de Franco é perfeita. Seus longos planos nos mostram tudo que pode ser visto em uma cena. Ao mesmo tempo desnudando-a como trazendo a tona todo o desamparo sentido pelos personagens (todos, não só a família de Ale). O grande pecado do filme (que para mim acabou totalmente com a experiencia) é o despreparo de Michel Franco sobre o tema que aborda. Dessa forma Ale se transforma em uma marionete tosca e sem sentimentos apenas para fazer funcionar (e nos arrancar a fórceps) a emoção que o diretor quer passar. Ao fim se tem uma serie de sequencias mal estruturadas e sensacionalistas (cena do bolo) que acabam por justificar a ação final de Roberto mas nunca as escolhas de Alejandra.
Uma densa e triste mistura de drama de denuncia com road movie. O primeiro baseado mais no roteiro. Uma história seca, sem tempo para lagrimas, mas de tom realista. O clima de estrada fica por conta da montagem e da fotografia, árida e orgânica. Cabe a direção documental de Kim Nguyen nos narrar não só a história de uma criança de guerra como também retratar todo um estado histórico de um país. Tarefas que ele consegue apesar de algumas escolhas nos soarem excessivamente "indie" e gratuitas.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraSempre (!) é excelente ver um filme grandioso, mesmo quando se trata de uma grande merda, mas quando todo esse colosso é acompanhado por um filme sincero, atraente e divertido tudo fica muito melhor. Círculo de Fogo possui uma premissa bem próxima de um tolo sonho infantil, mas que pelo empenho crítico e sério realizado pela sua equipe criadora (principalmente del Toro) traz uma verdade à tela, difícil até mesmo para dramas realistas italianos. Como é bom ficar na ponta da cadeira do cinema assistindo uma luta entre um alienígena monstruoso gigantesco e um super robô operado por soldados sem nos sentir ridículos. A tensão passadas pelas cenas de ação evocam uma habilidade tão grande de câmera que impressiona. Notem que são raros os planos fixos ou mesmo travellings muito abertos, dando sempre a impressão de que a câmera estivesse ali em baixo ao meio da confusão. O design de produção (destaque uníssono para a direção de arte) esbarra na perfeição. Desde a complexidade orgânica da anatomia interna dos Kaijus, até mesmo da riqueza de detalhes dos cenários, mesmo os menos utilizados como o patio de construção da muralha ou a sala do interessantíssimo Hannibal Chau. Tendo tudo isso a seu favor seria fácil se tratar de um dos melhores filmes do ano, certo? Quase certo. O grande pecado aqui é justamente o roteiro, não que fosse esperado algo complexo e tocante, mas no minimo original. É quase um desperdício ver um longa com toda essa estrutura visual possuir personagens, assim como suas relações, tão limitados e engessados. O clímax já é antecipado minutos antes, nos dando a impressão de já termos assistido muito daquilo. Uma pena, mas mesmo assim se trata de um projeto único extremamente bem executado de um dos principais gênios criativos do cinema atual.
Anjos da Lei
3.6 1,4K Assista AgoraAcho que filmes de gênero tem um trunfo (ou uma responsabilidade) a mais que outros. Seria a motivação. Dessa forma comedias devem fazer rir, terrores causar medo e ai por diante. Partindo daí Anjos da Lei já começa vencendo. É muito engraçado! É ótimo ver boas gags aliadas a diálogos ágeis e irônicos. As atuações, muitas vezes parecem (e aposto que foram) nadando em improvisações e tiradas internas. A direção sabe tirar proveito disso tudo de uma maneira muito natural e espontânea. Pena que para um filme pleno, nos causar sensações não seja o bastante. É inegável, o roteiro é fraco e sem estrutura. Apelando para desfechos padrões e óbvios. É claro que ele também possui bons momentos, principalmente nas dinâmicas comparando as diferenças entre as tribos e costumes de cada geração. Isso junto a uma singela homenagem (repleta de referencias) aos high school movies dos anos 80 e 90. Uma ótima e eclética comédia!
Relação Mortal
2.4 157 Assista AgoraTente imaginar um filme onde no meio das filmagens o roteirista resolve mudar completamente o texto escrito. As filmagens continuam, mas antes do fim ele percebe que o roteiro original era mais interessante. O diretor, muito talentoso, diz que não tem problema e que tudo se resolve na ilha de edição. Porém, restando apenas a sequencia final, o roteirista morre atropelado por um trem levando consigo a ultima edição (ainda não lida) do roteiro, deixando o encargo de encerrar o longa ao montador, que tem problemas com bebida. Nada do que escrevi é verdade, claro, mas se encaixa de uma maneira tão perfeita em Relação Mortal que mais interessante seria fazer um filme com essa premissa. Um roteiro vago, vazio e sem nexo. Emoldurado por um trabalho de montagem sofrível, deixando as sequencias todas truncadas e sem nenhum ritmo. Mais de uma vez somos jogados de uma cena melancólica, ou mesmo encerrada por algum desfecho pesado (como algum misterioso e esquecido assassinato) para outra em um contexto tão oposto e distante (notem que dias ensolarados com sonoplastia de pássaros cantando são comuns) que nos deixa ainda mais perdidos. A direção de Mary Harron sem nenhuma dúvida já esteve melhor. Até é possível notar elementos interessantes, mesmo que remetendo a Psicopata Americano. Mas em geral seu trabalho é raso (vide direção de elenco) e disperso.
A Hospedeira
3.2 2,2KConhecendo o trabalho de Niccol como diretor e roteirista é terrível ver como o universo de A Hospedeira é mal apresentado e repleto de lacunas. Talvez pela produção apressada, ou pelo seleto publico alvo definido pela mesma. O fato é que pouco funciona realmente na narrativa. A quantidade de diálogos expositivos (muitas vezes, muitas mesmo, entre a protagonista e uma singela vozinha em off) nos tira por completo do ritmo e da dinamicidade do filme, tornando tudo fragmentado e cansativo. O design de produção tenta fazer tanto que se perde logo nas primeiras sequencias. Simplesmente não há nenhuma harmonia, gerando cenas no minimo cômicas (visual Power Rangers dos veículos alienígenas). Apesar de tudo existem momentos onde somos cativados. Apesar se sempre se basear no clichê do amor cristão moderno, o roteiro é original e criativo. Algo que mesmo sem a estrutura necessária à tal trama é algo raro de se ver hoje em dia.
Falando Grego
3.1 356 Assista AgoraSequencias são sempre filmes bastante delicados aonde qualquer movimento em falso pode ter péssimos resultados. Mas em Falando Grego a tragedia já está pronta antes dos créditos de abertura. Um filme com um roteiro completamente reciclado e previsível que tenta (desesperadamente) pegar de bobeira os fãs do mediano Casamento Grego. A direção de arte parece conhecer tão bem o país onde se passa a trama quanto os próprios turistas que chegam lá. Brega, exagerada e pobremente convencional. Donald Petrie sabe o que faz, embora parece que ele foi obrigado a dirigir. Nunca o vi tão no automático, fazendo que as boas gags fiquem mornas e as ruins, ofensivas. A direção de elenco se baseia no clássico pacotão anos 90 do humor para TV. Não que seja indispensável a melhor estruturação dos personagens para essa leve comedia, mas nem o minimo é alcançado. O que vemos é algo enlatado padrão só que dessa vez na cor azul e em grego.
O Filho do Máskara
1.8 370 Assista AgoraO quão distante do cinema um filme pode estar? O Filho do Máskara mostra que não há limites... Não é arte, não é televisão, não é nem vídeo clipe. Analisando criticamente o filme funciona como o que nunca deve ser feito. O primeiro ponto percebido é o design de produção. Uma direção de arte digna da má fase Power Rangers, junto a foto, bastante semelhante aos comerciais da Tekpix. É difícil falar da direção, já que obviamente o diretor fugiu com o dinheiro. Não faz sentido as opções narrativas que são escolhidas, nem no mais barato cartoon vemos algo parecido. Como não poderia ser diferente a direção de elenco/atuações são incompetentes, artificiais e baratas. Não sendo incomum percebermos como personagens mais interessantes os figurantes. O mal gosto explorado até os confins!
L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância
3.9 229 Assista AgoraQuanta sensibilidade! É ao mesmo tempo irônico e belíssimo notar que um filme sobre um bordel e suas prostitutas dialogue tão bem com atual sociedade que vivemos, machista e misógina. Note que simbolo profundo é a Mulher que Ri, algo como um boneco semi vivo a serviço do homem (física e emocionalmente) contra a sua vontade. A dinâmica entre as personagens é algo tão bonito e natural, que nos custa a lembrar que estamos vendo um filme. Ainda mais com a bela fotografia de Josée Deshaies
, inteligente, fiel e funcional. É interessante percebermos que ao meio de uma palheta dessaturada (mesmo com os suntuosos vestidos coloridos) temos cenas tão claras e vivas como as que mostram a intimidade das meninas, seja em seus quartos ou nos outros cômodos da casa (note que disse casa e não Casa). Tudo muito bem orquestrado por Bonello, que sabe dar ritmo e conteúdo aos longos diálogos e situações vividas pelas garotas. A escolha do split screen, apesar de um tanto cafona na minha opinião, funciona muito bem. Passando a nítida ideia de uma continua concomitância entre as vidas de quem mora, trabalha e frequenta a Casa de Tolerância. Um filme pleno e atualíssimo, vide cena final.
Catfish
4.0 346Sempre desejei ver um filme de terror que fosse verdadeiramente um documentário. Catfish chega bem perto. De estrutura bastante simples, sem nunca se preocupar em parecer amador, o que acaba funcionando perfeitamente para o filme, já que passa uma nítida impressão de surpresa, algo como se até mesmo os envolvidos foram descobrindo os fatos, não só na mesma ordem, mas junto com o espectador. O doc narra uma história de final bastante previsível, mas impressiona na forma como trabalha o seu clímax. Longe de se posicionar moralmente, não querendo julgar, ou constranger os seus personagens, mas sim explica-los. Mostrando razões intimas e dores internas e profundas. Só peca por esmiuçar tanto os fatos além dos fatos, que acaba por não nôs dar brecha para mais nenhuma interpretação, impondo uma explicação sensível, mas unica e indiscutível. Um filme atualíssimo que consegue vencer as barreiras dos tradicionais mockumentary, já que pouco importa se é uma história verídica ou não. Uma vez que se trata de um drama tão realista e delicado.
A Fuga do Planeta Terra
3.3 120 Assista AgoraNão sei quem disse isso, mas um bom filme não é só feito de boas idéias. Aqui um exemplo clássico de como um argumento muito interessante gerou um roteiro chocho e por fim um filme medíocre. É difícil nomear culpados, mas sem dúvida alguma a direção fica muito bem cotada. Dotado de um ritmo frenético (no pior sentido da palavra), bastante típico de animações feitas para televisão com seus cortes rápidos e planos curtíssimos. Isso aliado ao design gráfico se torna quase um risco convulsivo pela quantidade (e exagero) de cores gritantes e texturas (muitas vezes completamente pasteurizadas). Voltando estritamente a direção, rapidamente notamos um tom vago e perdido à narração. Não se preocupam em criar uma estrutura para nada. Protagonista, o próprio universo diegético, relações inter personagens. Tudo é jogado as pressas, sem muito acabamento. O roteiro até exibe algumas situações e tiradas interessantes e engraçadas, mas logo fica claro que o ponto alto da comédia da animação são mesmo as gags visuais de acidentes, ou seja, o clássico pastelão, que aqui pouco funciona. Não há nada de novo em Fuga do Planeta Terra e muito pouco de bom.
Habemus Papam
3.6 194 Assista AgoraHabemus Papam é no minimo um filme corajoso, para não dizer profético. Não que seja grandes novidades abordar o sacro em sua faceta mais humana, mas a escrachada
sutileza cômica com que Moretti retrata os cardeais se torna um exercício genial, que acaba por evocar uma serie de simbolismos profundos e maravilhosos. A cena inicial onde a luz acaba ilustra bem a situação que permeia o filme inteiro. Um grupo de pessoas poderosas, "sábias" que deveriam servir de guias e pastores, mas buscam a cima de tudo (assim como todos nós) uma orientação para os momentos sombrios da vida. A belíssima atuação de Michel Piccoli, reflete com um cuidado lento e preciso o medo dos homens perante o novo, o peso insuportável (muitas vezes por opção) da mudança. Mas é justamente enquanto vamos sentindo essas passagens que notamos uma pequena falha no roteiro, que acaba prejudicando todo o filme, não por completo. O roteiro atira em mais direções que consegue acertar. A grande quantidade de excelentes situações mal exploradas faz com que o filme fique vago e pouco preciso. Tornando também alguns ótimos personagens quase descartáveis. Ao fim, percebemos que gostaríamos de ter visto mais do que vimos, mesmo tendo adorado o que foi assistido.
Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros
3.0 2,2K Assista AgoraMuitos filmes são ruins, mas alguns poucos são tão bisonhos que acabam marcando uma década inteira. É difícil escrever sobre Abraham Lincon Caçador de Vampiros, tamanha a baixa qualidade aliada a uma enorme pretensão dos realizadores. Comecemos pelo mais entristecedor fato, Burton envolvido em um projeto desse. Simplesmente não dá para entender. Será que foi um projeto déspota para algum parente sem talento? A direção de Bekmambetov, ao menos é bastante coerente com toda a catástrofe que é o filme. Descuidada, desorientada e pedante. Torando o filme sem coesão e tedioso. Mas o troféu de mestre amador vai mesmo para o montador (cujo o nome não terei o trabalho de procurar). Impressionante! Sequencias com mudanças bruscas na geografia, desconexões nos vestuários e até uma maquiagem (sim. Mal feita) de ferimentos que teima em sumir e aparecer minutos depois. Uma ideia infantil, mas engraçada aliada a uma produção incompetente e gananciosa, resultando no pior filme que vi no ano!
Oblivion
3.2 1,7K Assista AgoraUm espetáculo, mesmo que vazio, um espetáculo. Seguindo uma grande leva que parece apenas se importar em encher a tela dos cinemas com belas imagens, Oblivion sabe perfeitamente como nos inserir, de maneira bastante natural, em um universo fantástico. Optando pelo cenário pós apocalíptico, é interessante notar como muitas paisagens parecem ter ficado mais bonitas do que quando a humanindade estava lá. Algo como se a Terra tivesse se curado muito bem sem seus novatos passageiros. As cenas de ação são fantásticas, ao mesmo tempo que são grandiosas sabem imprimir o esforço sofrido pelo personagem, passando a ideia que fazer aquilo não é fácil, o cara que faz que é habilidoso! Mas existem dois problemas no filme que quase o arruinaram, o deixando vago e completamente esquecível. Os dois relacionados ao roteiro. O primeiro é a necessidade de tornar o protagonista um super humano, seja fisicamente, seja moralmente. O preciosismo que tratam Cruise chega a ser irritante, sempre o colocando como perfeito, inclusive nos enquadramentos. Outro ponto, é a própria conclusão da história. Apesar de simples desde o inicio, o roteiro assume um tom tão formulaico ao fim que nos arranca ainda mais do drama central. Um filme grandioso, mais no papel do que na tela.
A Origem dos Guardiões
4.0 1,5K Assista AgoraPassado a dinastia Pixar, começam a florescer vários projetos originais de animações americanas de alta qualidade. Estúdios, como a DreamWorks aprenderam da pior maneira (Vide Shrek) que até a melhor das franquias infantis não dura para sempre. Mas vamos ao filme. A Origem dos Guardiões é satisfatório por conseguir um equilíbrio fantástico, ela sabe ser um filme infantil pura e simplesmente, mas bem estruturado e divertido, fazendo dele um filme global que agrada qualquer idade. Não por conter sub tramas complexas inteligíveis apenas para adultos, mas por ser sincero o suficiente para nos contar uma história simples, bonita e repleta de magia (por mais piegas que isso soe). Se apoiar em contos e lendas do fabulário infantil é um acerto, mesmo que alguns dos apresentados (incluso o protagonista) só existam no hemisfério norte (ou só nos EUA). Contra balanceando esse fato há a direção leve e fluida de Peter Ramsey que não se importa em nos apresentar os personagens pouco à pouco, ao longo de todo o filme. Mesmo já as conhecendo tão bem a riqueza de pequenos detalhes (sotaque, vestuário, manias, etc.) sempre nos surpreende, algo semelhante a história real por traz da lenda. Ao fim saímos satisfeitos e com um certo sorriso infantil na cara, não coincidentemente.
Sem Reservas
3.3 455A melhor maneira (a única segura) de assistir um filme é ir fazê-lo sem nenhuma expectativa. Aprendi isso a muito tempo, mas infelizmente nem sempre consigo. Odeio comédias românticas. Muito. Mas assim mesmo fui assistir (de coração aberto!) Sem Reservas. Motivado somente pela temática gastronômica, confesso, mas ao menos motivado. O filme começa. O ritmo é bom, a fotografia, apesar de básica, é funcional, parece que a direção sabe o que fazer (os planos na cozinha não deixam de ser muito bonitos). Nas atuações nada de novo, mas de uma maneira estranhamente engessada e repetitiva. Desanimo um pouco, mas vamos lá. E então o roteiro se revela. Isso ocorre de uma maneira tão grotesca, e aqui não há palavra melhor, que a minha vontade é desligar o DVD. Seguindo a sua roupagem culinária o filme assumi de vez uma receita enlatada pronta que já cansamos de provar. Passado isso tudo fica previsível, pouco convincente e nada tocante. Nenhum drama nos envolve, não torcemos por nenhum personagem, muito pelo contrario. Preconceito em arte é uma coisa horrível, mas tenho que admitir, em vários momentos é muito difícil.
O Tempero da Vida
3.8 85Um excelente argumento, mas mal conduzido e sem estrutura alguma. Se resume em fazer filosofadas culinárias ao meio dramas familiares novelísticos. Tudo isso enroupado por um design de produção excessivamente televisivo e descuidado (detalhe para a suja e embaçada fotografia). Um filme longo, vago e mal acabado. A narrativa, e seus meios visuais, apresentam um tom estranhamento obsoleto, dando um ar oitentista (no mau sentido) que em nada contribui com a fluidez do filme. Por fim o que nos resta é a grande pretensão dos produtores, mas como nunca é alcançada, realmente sobra muito pouco.
Projeto Dinossauro
1.8 233 Assista AgoraApesar de superexplorado, gosto muito do sub gênero mockumentary. Acho que quando bem conduzido, não importa o quão absurda é a premissa, o filme pode funcionar muito bem (vide Troll Hunter e Poder sem Limites). Porém, como ocorre em todos os setores da industria do cinema, os projetos medíocres oportunistas sempre podem te pegar. E é aqui que se enquadra Projeto Dinossauro. Logo vemos que a menor das preocupações do diretor é tentar gerar uma atmosfera realista, apelando para longos diálogos expositivos, situações inerais e planos televisivos e cafonas. Como um suspense ele até chega a ter algum efeito, mas sempre apoiado em técnicas baratas de filmes de terror (sustos com efeitos sonoros e repentinas aparições). Embasando a inconsistência do filme estão as atuações. Apesar de usarem atores pouco (ou nada) conhecidos rapidamente ficamos com a impressão de já entende-los, não por méritos deles, mas sim por serem caricaturais e previsíveis. Personagens pré-modelados já tão vistos em outros filmes e series. Um projeto realmente dinossauro por não inovar em nada o que já estamos cansados de ver.
Frankenweenie
3.8 1,5K Assista AgoraNão é difícil notar que desde 2010 Tim Burton está passando por uma grande crise. Dessa forma fica fácil notar Frankenweenie como um resgate, não a sua fase de excelentes filmes, mas as suas origens como cineasta. Além de ser uma refilmagem do seu curta homônimo (um dos seus primeiros trabalhos como diretor) o filme é repleto de referencias aos clássicos do horror, como Drácula, A Múmia e Nosferatu. Não referencias jogadas e nos empurradas a força, mas muito bem inserida e orgânicas. O design de produção é quem as embasa tão bem, criando um clima rico em detalhes e em personalidade própria. E é aí onde reside o mérito do filme, já que o roteiro apesar de divertido é longo e logo nos perde o interesse e a direção de Burton apesar de segura, é pouco inovadora, nos parecendo mais do mesmo. Um filme que possui uma importância para a carreira do diretor por marcar um possível ponto de reviravolta (ou somente volta, como acredito), mas em geral esquecível.
O Enigma da Pirâmide
3.7 202 Assista AgoraExistem alguns filmes que independem da qualidade final por serem destaques na história do cinema. O Enigma da Pirâmide sem dúvida é um deles. Um filme ruim, com um roteiro fraco e repleto de buracos, atuações chatas e sem carisma, uma montagem no mínimo amadora e uma direção descuidada e no automático. Ou seja um filme esquecível. Porém, um projeto de efeitos especiais sem precedentes. Incluindo o primeiro personagem digital da história da animação gráfica (o cavaleiro de vidro). A qualidade dos efeitos firmaram a Light & Magic como referencia em efeitos práticos e pioneira nos digitais. Tudo isso faz com que este seja um marco que deve ser assistido por todos.
Zodíaco
3.7 1,3K Assista AgoraAo longo do seus 158 minutos, Zodíaco sabe se renovar de uma maneira tão bem estruturada que em nenhum momento o filme se perde ou se torna chato.
Esses pulsos de mudança são definidos esteticamente pela passagem dos anos e narrativamente pela evolução dos personagens. O primeiro se deve a impecável direção de arte (sempre sabendo nos situar cronologicamente) e à criativa fotografia (retratando visualmente o cinema de cada época). Já roteiristicamente falando a relação causa/consequência do envolvimento dos personagens com a trama é quem dita o ritmo desse thriller setentista. Assim vemos vários protagonistas e a forma com que cada um consegue lidar com o mistério proposto pelo assassino. Algo como uma doença contagiosa que passa um a um, os definhando e consumindo (vide Paul Avery). Um soberbo trabalho do calculista David Fincher!
O Último Grande Herói
3.3 205 Assista AgoraO cinema é um meio realmente maravilhoso. Quando que alguém iria imaginar que um filme de ação estrelado por Schwarzenegger alcançaria um nível tal de metalinguismo que nos daria um aula sobre cinema de gênero? Fantástico! O mesmo que foi feito com os filmes de terror dos anos 90 com Pânico é visto em O Último Grande Herói. Aqui porém desconstruindo os filmes de ação do inicio da década. Funcionando ao mesmo tempo como homenagem e critica (nada arrogante) à receita pronta desse tão popular gênero. Tudo isso levado de uma forma divertida e engraçada pela direção de John McTiernan. Um jovem clássico!
Loucuras de Verão
3.6 160 Assista AgoraÉ possível ver Loucuras de Verão como um excelente retrato etário da adolescência americana. Expondo todos os medos e anseios de uma idade tão difícil. Analisado dessa forma o filme, alem de fiel ao que se propõem, é extremamente divertido. Sendo ao mesmo tempo nostálgico e de fácil identificação. Seja por sua narrativa multilinear e expositiva ou pela excelente trilha sonora. Mas a direção e o roteiro de Lucas vão além. É fantástico notar a alegoria que ele faz com a sua própria geração, a "Nova Hollywood". Um movimento divisor de águas na história do cinema mundial, onde os envolvidos tiveram que escolher entre continuar na confortável e comoda cidade de Modesto ou pegar um voo rumo ao desconhecido, rumo ao crescimento. Um filme referencia para toda uma legião!
Guzaarish
4.2 59Uma produção brega e piegas que pela extrema pretensão em ser grandiosa torna tudo artificial e distante. Repare que como a direção pretende criar em cada quadro uma obra prima gráfica, abusando de planos contra a luz e flares de uma maneira gratuita e vaga. O roteiro não tem nenhuma estrutura, logo se torna longo e cansativo. Por fim as atuações dão o destom final ao filme. Artificiais e repletas de muletas. Não senti, tão pouco entendi, o sofrimento do protagonista e me pareceu que o ator também não... Uma mistura tosca de Mar Adentro e Intocáveis.
Depois de Lúcia
3.8 1,1KMais do que simplesmente um filme sobre bullying, um estudo sobre a perda e os sentimentos que ela nos provoca assim como as saídas e fugas que apelamos pela dor. Neste sentido a direção de Franco é perfeita. Seus longos planos nos mostram tudo que pode ser visto em uma cena. Ao mesmo tempo desnudando-a como trazendo a tona todo o desamparo sentido pelos personagens (todos, não só a família de Ale). O grande pecado do filme (que para mim acabou totalmente com a experiencia) é o despreparo de Michel Franco sobre o tema que aborda. Dessa forma Ale se transforma em uma marionete tosca e sem sentimentos apenas para fazer funcionar (e nos arrancar a fórceps) a emoção que o diretor quer passar. Ao fim se tem uma serie de sequencias mal estruturadas e sensacionalistas (cena do bolo) que acabam por justificar a ação final de Roberto mas nunca as escolhas de Alejandra.
A Feiticeira da Guerra
3.9 109 Assista AgoraUma densa e triste mistura de drama de denuncia com road movie. O primeiro baseado mais no roteiro. Uma história seca, sem tempo para lagrimas, mas de tom realista. O clima de estrada fica por conta da montagem e da fotografia, árida e orgânica. Cabe a direção documental de Kim Nguyen nos narrar não só a história de uma criança de guerra como também retratar todo um estado histórico de um país. Tarefas que ele consegue apesar de algumas escolhas nos soarem excessivamente "indie" e gratuitas.