acredito que esse seja um dos filmes mais subestimados do scorsese porque é contido, e não explosivo. mas isso não significa que não exista tensão, muito pelo contrário. o diretor se utiliza da sutileza para esconder rancor e ressentimento. a may da winona ryder é homóloga à alma da vicky krieps em trama fantasma: ambas se fazem de desentendidas, mas, na verdade, têm o timing certo para agir, porque sabem usar da persuasão para manterem seus pares ao seu lado, criando um jogo de interesses no qual elas sempre estão no controle.
os filmes de hitchcock quase sempre foram classificados como suspenses, e ninguém contesta essa categorização. mas dá para ir além na análise e dizer que, através da ironia que gera ambiguidade, existia um humor muito mórbido querendo ser notado e apreciado. em a sombra de uma dúvida, primeiro filme americano do diretor, o vilão também é o mocinho. ele se relaciona de um modo passivo-agressivo com as outras pessoas o tempo todo, sempre deixando lacunas, frases incompletas a serem subentendidas nas entrelinhas, e o filme se sustenta o tempo todo na base desse diálogo provocativo entre ele e as outras personagens.
um filme que co-existe no mesmo universo de mais e melhores blues e crooklyn, em que a construção de uma hierarquia que impõe respeito e autoridade se mistura à nostalgia da memória. o uso da música como uma peça que se encaixa em cada cena, em cada momento em que alguém se confessa para a câmera como se sua vida dependesse disso, e o ritmo acelerado, compõem toda a reflexão racial, social e cultural que, principalmente durante essa época, nunca se repetia nos filmes do diretor, porque ele sempre arranjava alguma maneira de, literalmente, olhar para a situação por outro ângulo.
"você conhece alguém casado hoje em dia? eles são uma equipe. se controlam e ficam ricos. conseguem tudo."
quase um filme de bang bang na cidade grande, em que todo mundo está à paisana (os looks são maravilhosos) e a a rua é um playground onde não há limites para se ressignificar. o protagonista se reapropria não apenas do espaço urbano, mas de sua vestimenta e sua identidade, como se a realidade fosse a simulação de um jogo da franquia gta, em que você pega atalhos através das missões para conseguir seus objetivos, e sua vida está feita na casa dos 30.
p.s.: jennifer jason leigh me lembra muito a holly hunter, seja pelo tom da voz, o sotaque ou pelos papeis. adoro as duas.
bem basicão, mas ganha todo um contorno diferente porque, ao invés de se apegar à construção de uma narrativa de superação, se baseia em uma história que já nasce imperfeita e vai oscilando, com altos e baixos, mas sem nunca mascarar a dificuldade imposta pela realidade.
impressionante o quão abrangente e decidida é a abordagem. mesmo se tratando de um fã de metal, o diretor se distancia o máximo que pode do objeto analisado, e consegue extrair de seus entrevistados opiniões surpreendentes, como quando o vocalista do twisted sister diz que, seja no glam, onde homens se vestem de mulher e performam feminilidade, como nos outros tipos de metal, em que usam calças apertadas e desfilam sem camisa, há um desejo implícito pelo ser masculino. os fãs muitas vezes se isentam dessa vontade sugerindo que seus ídolos são mulherengos, mas, na verdade, sempre teve um calor de ídolo para fã, e acho muito legal que o documentário faça esse recorte de sexualidade e gênero.
quando o filme só trabalha com sua abordagem narrativa, mas sem a exposição e o sensacionalismo, vai bem (basicamente, até o suicídio do pelle), mas quando resolve "chocar", esquece do conteúdo e vira um noticiário de tragédia embalado para ter cara de arte. fora que o filme aborda o universo do metal de uma forma totalmente superficial e rasa: ou você se rebela contra o sistema, queima igrejas e assassina os outros ou você corta o seu cabelo, começa a ouvir outro tipo de música e todo o seu envolvimento com tudo aquilo em que você acreditou é apagado. o varg obviamente era o pior de todos, mas, em menor ou maior grau, todos cometeram erros. essa narrativa de redenção é batida e bem conservadora. eu conheço pouco do gênero, mas eu acredito que tenha mais assunto e mais nuance para extrair daí.
um tipo de humor que permite ensaios. o próprio filme parece um longo quadro humorístico, em que o riso surge do constrangimento, da segunda ou terceira tentativa escondida na intenção de ser engraçado. o wayne e o garth são fracassados, mas nunca ao ponto de perderem carisma, porque o show é deles, então o filme é editado sob sua ótica. os anos 90 foram um caso à parte na história do cinema mesmo: conseguiram revitalizar aquele humor físico, pastelão e cheio de piadinhas que poderiam ser feitas por um garoto de cinco anos que tira meleca do nariz. ainda bem que temos "wayne's world" e "débi & lóide".
p.s.: eu acho que, na verdade, eu sou esse garoto, porque eu ri MUITO alto na cena em que o wayne está entrevistando o patrocinador do programa e mostra ao público uma plaquinha apontada para ele onde se lê "this man has no penis".
matando vampiros na broderagem em nome do senhor. james woods nasceu para atuar ao lado de um baldwin, ainda mais em papeis que reforcem a hipermasculinidade e o ego de cada um.
- quando matou o vampiro lá dentro, teve uma ereção?
conforme a saga vai se expandindo, o nível de descrença e os desafios às leis da física vão aumentando, além é claro, do estabelecimento cada vez maior de uma relação homoafetiva entre os protagonistas. isso é velozes e furiosos. rumo ao rio!
não acredito que exista um jeito correto de ver nada, tampouco pensar sobre uma obra, mas, em honra à vontade do próprio bo, que esse especial seja visitado e revisitado várias e várias vezes nesse período de isolamento, porque, a cada novo sinal de tédio, ansiedade ou desconforto, ele terá um significado diferente. bo faz da sua casa um cenário de repropriação da internet, do ambiente virtual: um montão de aba aberta, com um monte de informação disparada por segundo e um monte de curioso assistindo, sem entender nada, um pouco perplexos, mas adorando o conceito.
é legal, mas não sai muito da fórmula do filme de confinamento: te encher de informação para você não passar tédio. tudo é feito para se encaixar perfeitamente naqueles 85 minutos e, para quem acha que o filme nunca começa de fato, eu acho que ele é bem econômico a seu favor: termina antes de te cansar. ainda assim, nada me tira da cabeça que funcionaria melhor como um episódio solto de uma série de suspense, algum filler. se aproxima mais do formato televisivo do que do cinema em si.
a ideia de que podemos descobrir a vida pela morte, quando viver é uma experiência estática e inerte, é fascinante. não existe movimento na casa de ana, todo mundo mora junto, mas vive individualmente. então, na imensidão da natureza, nas linhas infinitas do trilho do trem, na assombração do próprio reflexo, ela encontra liberdade para sonhar acordada.
existem dois filmes acontecendo ao mesmo tempo: um é aquele que não existiria se o forno da katie holmes não tivesse pifado, e o outro é o típico road movie da família disfuncional que se une em uma viagem daquelas que aflora os nervos de todo mundo e amplia as desavenças. aquela fórmula bem anos 2000, com tudo sendo filmado de um jeito intimista, que foi replicada em filmes como "a família savage", da tamara jenkins. no fim, todo mundo se une para a selfie em família, com direito a magnetic fields tocando de fundo e aquela aura quirky no ar.
muito bom rever "under the silver lake" e "they live" na mesma semana porque dá para perceber que a influência de carpenter está em toda a parte e que o primeiro parece uma atualização do segundo. a partir da segunda metade, vira um filme de guerrilha, como "assalto à 13ª dp".
fato de esse filme ser um faroeste alternativo e lembrar toda a obra do john carpenter me faz concluir que praticamente todo filme dele é um faroeste disfarçado de outro gênero. até pegaram um ator emprestado dos filmes do carpenter, o victor wong.
cacete. nas próximas madrugadas ínsones, espero ser levado pelo mesmo ímpeto que tive agora de ligar na netflix em um filme do qual eu não sabia nada além da fama de "cult movie". todo o contexto criado para a sessão, o fato de eu ter tomado remédio para dormir e ter demorado a deitar, criaram uma energia de caos EXTREMO e COMPLETO e, ainda, que muitas vezes o filme seja embalado para ser um típico sub-produto dos anos 80, com trilha sonora pop do queen, cenas melosas de amor e frases de efeito, há um senso destrutivo no ar que causa até aflição e te deixa desconcertado e perdido. a personagem do kurgan é caothic evil all the way, até pelo jeito invasivo com o que ele é filmado, quase como se fosse um monstro, uma aberração que sempre ameaçará e assustará a manutenção da ordem por onde passar.
"quando vamos ao cinema, devemos aprender qualquer coisa"
esses dias eu achei uma lista que me chamou bastante atenção: "ten ultimate movies", com filmes que capturavam a "essência" do fazer cinema, que eram um só em forma e conteúdo, desestabilizavam as barreiras entre imagem, som e texto, e mais pareciam sonhos vivos, cheios de informação, rolando em looping no inconsciente, como se o cérebro fosse um tipo de projetor. basicamente, quando um filme não quer que você pense nele como nada além de um filme. eu senti exatamente isso vendo looney tunes e sei que gostarei de outros do joe dante porque ele me parece ser exatamente assim: um diretor que teve muita liberdade criativa. sinceramente, não imagino, hoje, um grande filme feito em estúdio tão inventivo. se fosse mais pragmático, talvez tivesse feito mais sucesso entre público e crítica. é considerado bobo, mas na verdade é bem doido mesmo (só a sequência no museu já provaria isso).
p.s.: o brendan fraser do universo alternativo é menos fracassado que o brendan fraser do universo real. totalmente coerente.
engraçadinho de um jeito fofinho, mas bem "inho", sem muita ousadia ou alguma pretensão para além de ser um meme pré-fabricado que não sobreviveu ao fim dos anos 2000.
esse filme quase não tem um enredo, não existe nenhum guia comparativo entre começo, meio e fim: ele se mantém na base do ritmo o tempo todo, como um elaborado solo de jazz que preenche uma madrugada ínsone. de john coltrane ao easy listening, passando pelo blues, abrange todo tipo de homenagem ao gênero. acaba sendo um filme bem energético, em que música e paixão têm o mesmo significado. quando se volta à construção de suas personagens, é o mais próximo de "goodfellas" que alguém já emulou, mas a imposição de uma atmosfera específica, que remeta a uma identidade visual indissocíavel com o período retratado é bem o que o whit stillman fez em "os últimos embalos da disco" ou coppola em "one from the heart". ainda assim, como todo filme do diretor, tem a marca dele. como sempre dizem os letreiros no início: definitivamente é um típico "spike lee joint".
A Época da Inocência
3.5 250 Assista Agoraacredito que esse seja um dos filmes mais subestimados do scorsese porque é contido, e não explosivo. mas isso não significa que não exista tensão, muito pelo contrário. o diretor se utiliza da sutileza para esconder rancor e ressentimento. a may da winona ryder é homóloga à alma da vicky krieps em trama fantasma: ambas se fazem de desentendidas, mas, na verdade, têm o timing certo para agir, porque sabem usar da persuasão para manterem seus pares ao seu lado, criando um jogo de interesses no qual elas sempre estão no controle.
A Sombra de uma Dúvida
4.0 196 Assista Agoraos filmes de hitchcock quase sempre foram classificados como suspenses, e ninguém contesta essa categorização. mas dá para ir além na análise e dizer que, através da ironia que gera ambiguidade, existia um humor muito mórbido querendo ser notado e apreciado. em a sombra de uma dúvida, primeiro filme americano do diretor, o vilão também é o mocinho. ele se relaciona de um modo passivo-agressivo com as outras pessoas o tempo todo, sempre deixando lacunas, frases incompletas a serem subentendidas nas entrelinhas, e o filme se sustenta o tempo todo na base desse diálogo provocativo entre ele e as outras personagens.
Scott Pilgrim Contra o Mundo
3.9 3,2K Assista Agoraesse filme é o melhor dos que vi do edgar wright, funciona até hoje e não merece a má fama que tem em alguns cantos
Irmãos de Sangue
3.6 23 Assista Agora"apenas mais uma mancha na calçada"
um filme que co-existe no mesmo universo de mais e melhores blues e crooklyn, em que a construção de uma hierarquia que impõe respeito e autoridade se mistura à nostalgia da memória. o uso da música como uma peça que se encaixa em cada cena, em cada momento em que alguém se confessa para a câmera como se sua vida dependesse disso, e o ritmo acelerado, compõem toda a reflexão racial, social e cultural que, principalmente durante essa época, nunca se repetia nos filmes do diretor, porque ele sempre arranjava alguma maneira de, literalmente, olhar para a situação por outro ângulo.
Sem Essa, Aranha!
3.9 63"nós brasileiros precisamos é do diabo em nossas vidas"
"existem duas palavras que deveriam ser riscadas do dicionário: câncer e sub-desenvolvido"
cacofonia, câmera possuída e falta de sincronia no fim do mundo no brasil. ainda tô digerindo o que vi, mas adorei.
O Anjo Assassino
3.1 12"você conhece alguém casado hoje em dia? eles são uma equipe. se controlam e ficam ricos. conseguem tudo."
quase um filme de bang bang na cidade grande, em que todo mundo está à paisana (os looks são maravilhosos) e a a rua é um playground onde não há limites para se ressignificar. o protagonista se reapropria não apenas do espaço urbano, mas de sua vestimenta e sua identidade, como se a realidade fosse a simulação de um jogo da franquia gta, em que você pega atalhos através das missões para conseguir seus objetivos, e sua vida está feita na casa dos 30.
p.s.: jennifer jason leigh me lembra muito a holly hunter, seja pelo tom da voz, o sotaque ou pelos papeis. adoro as duas.
Anvil! A História de Anvil
4.3 69bem basicão, mas ganha todo um contorno diferente porque, ao invés de se apegar à construção de uma narrativa de superação, se baseia em uma história que já nasce imperfeita e vai oscilando, com altos e baixos, mas sem nunca mascarar a dificuldade imposta pela realidade.
Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal
4.4 138impressionante o quão abrangente e decidida é a abordagem. mesmo se tratando de um fã de metal, o diretor se distancia o máximo que pode do objeto analisado, e consegue extrair de seus entrevistados opiniões surpreendentes, como quando o vocalista do twisted sister diz que, seja no glam, onde homens se vestem de mulher e performam feminilidade, como nos outros tipos de metal, em que usam calças apertadas e desfilam sem camisa, há um desejo implícito pelo ser masculino. os fãs muitas vezes se isentam dessa vontade sugerindo que seus ídolos são mulherengos, mas, na verdade, sempre teve um calor de ídolo para fã, e acho muito legal que o documentário faça esse recorte de sexualidade e gênero.
Mayhem: Senhores Do Caos
3.5 281quando o filme só trabalha com sua abordagem narrativa, mas sem a exposição e o sensacionalismo, vai bem (basicamente, até o suicídio do pelle), mas quando resolve "chocar", esquece do conteúdo e vira um noticiário de tragédia embalado para ter cara de arte. fora que o filme aborda o universo do metal de uma forma totalmente superficial e rasa: ou você se rebela contra o sistema, queima igrejas e assassina os outros ou você corta o seu cabelo, começa a ouvir outro tipo de música e todo o seu envolvimento com tudo aquilo em que você acreditou é apagado. o varg obviamente era o pior de todos, mas, em menor ou maior grau, todos cometeram erros. essa narrativa de redenção é batida e bem conservadora. eu conheço pouco do gênero, mas eu acredito que tenha mais assunto e mais nuance para extrair daí.
Quanto Mais Idiota Melhor
3.2 175um tipo de humor que permite ensaios. o próprio filme parece um longo quadro humorístico, em que o riso surge do constrangimento, da segunda ou terceira tentativa escondida na intenção de ser engraçado. o wayne e o garth são fracassados, mas nunca ao ponto de perderem carisma, porque o show é deles, então o filme é editado sob sua ótica. os anos 90 foram um caso à parte na história do cinema mesmo: conseguiram revitalizar aquele humor físico, pastelão e cheio de piadinhas que poderiam ser feitas por um garoto de cinco anos que tira meleca do nariz. ainda bem que temos "wayne's world" e "débi & lóide".
p.s.: eu acho que, na verdade, eu sou esse garoto, porque eu ri MUITO alto na cena em que o wayne está entrevistando o patrocinador do programa e mostra ao público uma plaquinha apontada para ele onde se lê "this man has no penis".
Vampiros de John Carpenter
3.1 270 Assista Agoramatando vampiros na broderagem em nome do senhor. james woods nasceu para atuar ao lado de um baldwin, ainda mais em papeis que reforcem a hipermasculinidade e o ego de cada um.
- quando matou o vampiro lá dentro, teve uma ereção?
- pau duro.
- como é?
- uma viga.
- está possuído por demônios?
- um tesão.
- olha a linguagem, padre!
Velozes e Furiosos 4
3.4 572 Assista Agoraconforme a saga vai se expandindo, o nível de descrença e os desafios às leis da física vão aumentando, além é claro, do estabelecimento cada vez maior de uma relação homoafetiva entre os protagonistas. isso é velozes e furiosos. rumo ao rio!
A Loja da Esquina
4.2 70 Assista Agorasabe o que quero? que, quando a sua campanhia tocar às 20h30, em vez do popkin, eu entre.
- não torne mais difícil.
- eu diria: "klara, querida".
- não, você não pode!
- " não aguento mais. pegue a sua chave, abra a caixa postal 237, me tire do envelope e me beije!"
- sr. kralik, não...
[cara de espanto]
seu desejo é uma ordem, jimmy stewart! meu novo filme de romance favorito <3
Bo Burnham: Inside
4.3 109 Assista Agoranão acredito que exista um jeito correto de ver nada, tampouco pensar sobre uma obra, mas, em honra à vontade do próprio bo, que esse especial seja visitado e revisitado várias e várias vezes nesse período de isolamento, porque, a cada novo sinal de tédio, ansiedade ou desconforto, ele terá um significado diferente. bo faz da sua casa um cenário de repropriação da internet, do ambiente virtual: um montão de aba aberta, com um monte de informação disparada por segundo e um monte de curioso assistindo, sem entender nada, um pouco perplexos, mas adorando o conceito.
Locke
3.5 442 Assista Agoraé legal, mas não sai muito da fórmula do filme de confinamento: te encher de informação para você não passar tédio. tudo é feito para se encaixar perfeitamente naqueles 85 minutos e, para quem acha que o filme nunca começa de fato, eu acho que ele é bem econômico a seu favor: termina antes de te cansar. ainda assim, nada me tira da cabeça que funcionaria melhor como um episódio solto de uma série de suspense, algum filler. se aproxima mais do formato televisivo do que do cinema em si.
O Espírito da Colméia
4.2 145 Assista Agoraa ideia de que podemos descobrir a vida pela morte, quando viver é uma experiência estática e inerte, é fascinante. não existe movimento na casa de ana, todo mundo mora junto, mas vive individualmente. então, na imensidão da natureza, nas linhas infinitas do trilho do trem, na assombração do próprio reflexo, ela encontra liberdade para sonhar acordada.
Do Jeito Que Ela É
3.3 77existem dois filmes acontecendo ao mesmo tempo: um é aquele que não existiria se o forno da katie holmes não tivesse pifado, e o outro é o típico road movie da família disfuncional que se une em uma viagem daquelas que aflora os nervos de todo mundo e amplia as desavenças. aquela fórmula bem anos 2000, com tudo sendo filmado de um jeito intimista, que foi replicada em filmes como "a família savage", da tamara jenkins. no fim, todo mundo se une para a selfie em família, com direito a magnetic fields tocando de fundo e aquela aura quirky no ar.
Eles Vivem
3.7 736 Assista Agoramuito bom rever "under the silver lake" e "they live" na mesma semana porque dá para perceber que a influência de carpenter está em toda a parte e que o primeiro parece uma atualização do segundo. a partir da segunda metade, vira um filme de guerrilha, como "assalto à 13ª dp".
O Ataque dos Vermes Malditos
3.3 676 Assista Agorafato de esse filme ser um faroeste alternativo e lembrar toda a obra do john carpenter me faz concluir que praticamente todo filme dele é um faroeste disfarçado de outro gênero. até pegaram um ator emprestado dos filmes do carpenter, o victor wong.
Highlander: O Guerreiro Imortal
3.6 410 Assista Agoracacete. nas próximas madrugadas ínsones, espero ser levado pelo mesmo ímpeto que tive agora de ligar na netflix em um filme do qual eu não sabia nada além da fama de "cult movie". todo o contexto criado para a sessão, o fato de eu ter tomado remédio para dormir e ter demorado a deitar, criaram uma energia de caos EXTREMO e COMPLETO e, ainda, que muitas vezes o filme seja embalado para ser um típico sub-produto dos anos 80, com trilha sonora pop do queen, cenas melosas de amor e frases de efeito, há um senso destrutivo no ar que causa até aflição e te deixa desconcertado e perdido. a personagem do kurgan é caothic evil all the way, até pelo jeito invasivo com o que ele é filmado, quase como se fosse um monstro, uma aberração que sempre ameaçará e assustará a manutenção da ordem por onde passar.
Looney Tunes: De Volta à Ação
2.8 118 Assista Agora"quando vamos ao cinema, devemos aprender qualquer coisa"
esses dias eu achei uma lista que me chamou bastante atenção: "ten ultimate movies", com filmes que capturavam a "essência" do fazer cinema, que eram um só em forma e conteúdo, desestabilizavam as barreiras entre imagem, som e texto, e mais pareciam sonhos vivos, cheios de informação, rolando em looping no inconsciente, como se o cérebro fosse um tipo de projetor. basicamente, quando um filme não quer que você pense nele como nada além de um filme. eu senti exatamente isso vendo looney tunes e sei que gostarei de outros do joe dante porque ele me parece ser exatamente assim: um diretor que teve muita liberdade criativa. sinceramente, não imagino, hoje, um grande filme feito em estúdio tão inventivo. se fosse mais pragmático, talvez tivesse feito mais sucesso entre público e crítica. é considerado bobo, mas na verdade é bem doido mesmo (só a sequência no museu já provaria isso).
p.s.: o brendan fraser do universo alternativo é menos fracassado que o brendan fraser do universo real. totalmente coerente.
Napoleon Dynamite
3.5 389engraçadinho de um jeito fofinho, mas bem "inho", sem muita ousadia ou alguma pretensão para além de ser um meme pré-fabricado que não sobreviveu ao fim dos anos 2000.
Mais e Melhores Blues
3.7 37 Assista Agoraesse filme quase não tem um enredo, não existe nenhum guia comparativo entre começo, meio e fim: ele se mantém na base do ritmo o tempo todo, como um elaborado solo de jazz que preenche uma madrugada ínsone. de john coltrane ao easy listening, passando pelo blues, abrange todo tipo de homenagem ao gênero. acaba sendo um filme bem energético, em que música e paixão têm o mesmo significado. quando se volta à construção de suas personagens, é o mais próximo de "goodfellas" que alguém já emulou, mas a imposição de uma atmosfera específica, que remeta a uma identidade visual indissocíavel com o período retratado é bem o que o whit stillman fez em "os últimos embalos da disco" ou coppola em "one from the heart". ainda assim, como todo filme do diretor, tem a marca dele. como sempre dizem os letreiros no início: definitivamente é um típico "spike lee joint".
O Discreto Charme da Burguesia
4.1 285 Assista Agoratudo se cria. nada se termina.