Michael Moore fazendo um stand-up. Michael Morre fazendo as pessoas chorarem na frente das câmeras. Michael Moore fechando o cerco nos perseguidos, custe o que custar. Michael Moore aparecendo mais que tudo e que todos. É a estrela. Um ególatra consciente, e inconvenientemente engraçado. Difícil não rir com a indisposição que causa junto aos seus “rivais”. Suas brincadeiras infantis, irônicas, e ora até boçais, funcionam muito bem. O difícil é somente isso sustentar o documentário, que gira em círculos, chegando a ser redundante. Moore viria a aprimorar seu estilo e até mesmo sua funcionalidade frente as câmeras nos próximos documentários, com destaque para “Tiros em Columbine”, “SOS Saúde” e “Capitalismo: Uma História de Amor”, que carrega um tema bastante complementar a este de forma muito mais sóbria e madura.
Restringiu-se a homenagem e perdeu a oportunidade de ser autenticamente um filme de aventura. Ficou no misto entre a homenagem, a paródia, a sátira – e esqueceu-se da própria identidade, de buscar sua essência peculiar. Uma pena, pois a animação é feita com requintes, com um acabamento impressionante, efeitos que invejam ao cinema americano e suas tecnologias. Personagens criados com cuidado, uma trama criada com esmero, mas realizado de forma genérica, como um copião gigante. Uma pena.
Peter Jackson tem pleno domínio do material que tem em mãos e usa e abusa da escatologia para arrancar os risos do público, nesse gênero que acabou sendo interrompido muito pela incompreensão da nova plateia crítica. Apropria-se da figura icônica da mãe superprotetora e do filho submisso, para criar um romance atípico e escabroso, funcionando em diversas esferas: no terror trash, no gore, na comédia de erros (emblemática cena na mesa de refeição), no romance forjado. Diversão rasteira de 90 minutos que não se vê mais.
Juventude. Como é nostálgica. As situações vividas podem ser diferentes, mas o sentimento é igual. Uma rebeldia sem concessão. O momento em que podemos errar. A era da incompreensão. Como podem os pais entender aquele momento tão vívido? Um olhar gentil dos anos noventa sobre os anos setenta. Existe algo mais delicioso? Cada geração parece viver uma fase onde se olha para trás e parece que o melhor do mundo já passou. Como podem esses adolescentes dos anos setenta cogitarem questionar a qualidade dos anos setenta? Talvez estejamos até errados em criticar tantos os dias atuais, mas caberão as futuras gerações o julgamento. Hoje, e lá dos anos noventa, é notório como reverenciamos os anos setenta e aquela juventude rebelde, que na verdade é o percurso até o grito de liberdade. A geração que deu voz, que fez os jovens serem percebidos. Entendido é demais, mas estudados e ouvidos, sem dúvida. Linklater não faz somente um profundo estudo das ânsias e questionamentos dos jovens, como também realiza uma das maiores diversões juvenis que o cinema já teve a oportunidade de ter. Quem diz que filme adolescente não presta, precisa urgentemente conhecer essa pérola de Linklater.
Howard Hawks é o símbolo máximo do cinema norte-americano. Um progenitor, poderíamos dizer. Viveu a época em que os produtores mandavam e desmandavam, onde os trabalhos dos diretores eram subvalorizados (os roteiristas eram as meninas dos olhos). Mas Hawks se sobressaia de tudo isso, até chegar ao ponto de ter autonomia (ele atua como produtor aqui também). “Hatari!” é fruto dessa autonomia e um dos derradeiros filmes desse gênio. É uma aventura típica, na África, com a grandiloquência de Hollywood dos anos 60. Hawks vinha de sua obra-prima “Onde Começa o Inferno”, e tentou ao máximo dar substancialidade para que “Hatari!” fosse um filme a altura. E com isso, uma aventura leve e de pouca pretensão, virou um filme inchado, com uma duração excessiva, beirando uma estrutura de seriado acoplada para longa-metragem. Uma gama enorme de personagens, onde alguns parecem sobrar no saldo final; capengam na tela até cair no esquecimento.
A vontade de fazer cinema de Soderbergh passou faz algum tempo. Agora ele é um cumpridor de contratos, um artesão de aluguel, um “artista” de encomenda. Creio que a indústria o cansou. E em “Magic Mike” ele parece ter encontrado um tema que o levou a uma autorreflexão. Apesar de ser um filme sobre a pré-estadia de Tatum em Hollywood, nele existem muitos elementos que parecem caber ao momento de Soderbergh e sua desilusão com o cinema. Conta uma história, acima de tudo, de ascensão e queda. Com uma sublinhada decepção. Algo que deslumbra, torna fascinante, dá poder. Mas não preenche um vazio. Um vazio que necessita, sobretudo, de um combustível infinito. Aqui esse combustível é o amor. O de Soderbergh vem a calhar com liberdade e expressão artística. Depois de anos no piloto automático, parece o renascer de um gigante do cinema – um último suspiro que pode ser o ressurgimento ou o fim definitivo. Aposto na primeira opção. É aguardar os próximos capítulos.
Existe uma angustia onipresente que incomoda. Não dá respiro. Parece uma bomba relógio prestes a explodir. Tudo parece frágil, prestes a romper. Como os nervos de Otávio, o marido desempregado, que vive assolado por duas situações: a) ser sustentado pela esposa e b) ver o mercado de trabalho de portas fechadas para pessoas de sua idade. Não é um discurso novo e nos remete ao ótimo filme francês “A Agenda”, de Laurente Cantet. É um mundo frio, corporativo, de risco eminente. Risco como o adotado por Helena, que resolve aflorar seu lado de empreendedorismo e abrir uma mercearia típica, apostando todas as fichas da família. É algo tão desesperador quanto o desemprego de Otávio. São dois personagens que vivem no limite de seus problemas, ou, no limite dos problemas da classe média; aquela que vive na tênue linha entre a pobreza e a riqueza. Aquela que está em ascensão, apta ao consumo desenfreado. Daquelas que a TV a cabo não pode ser desligado nem por decreto presidencial e que, orgulhosamente, não quer tomar a medida retroativa de pedir dinheiro aos pais. Existe uma plot interessante, que prende, que envolve – mas o que mais sobressalta a tela é esse retrato de uma classe média sufocada, pronta para entrar em ebulição.
Filmes com personagens com limitações físicas geralmente são os filões que todo ator quer pegar, devido aos poucos recursos para conseguir transmitir toda a emoção necessária que a cena pede, além de vir carregado com “uma lição de vida”. É desafiante. Como esquecer o trabalho de Mathieu Amalric, no maravilhoso filme de Julian Schnabel “O Escafandro e a Borboleta”, onde o único movimento que tinha era o movimento de seu olho esquerdo? Ele foi capaz de nos comover e fazer chorar apenas com esse gesto. Hawkes tem uma batalha semelhante aqui, mas com mais recursos: tem a opção de falar, além de poder utilizar a expressão corporal.
É um trabalho detalhista, daqueles onde a composição é feita repleta de minúcias, como sua dificuldade de respiração, o movimento do pescoço em busca de ampliar sua visão. Imagina isso ser feito sem que o autor implore dó e piedade, sem que nos convide a achá-lo um coitado e que venha a dialogar com o público em uma exaltação da vida? Ainda que o filme fraqueje em alguns momentos (em todas as partes em que Hawkes não está em cena, como a relação de Hunt e o marido e sua enfermeira e o balconista de hotel), as autenticas relações de amor do protagonista com as mulheres que cercam sua vida, simbolizam bem o prazer de que se é viver, amar e ser amado.
Joe Wright está tão afetado nessa adaptação de Tolstói que se entende bem porquê os russos depredaram o filme com uma ira incomum. Extraí cenas visualmente belas, mas profundamente vazias – uma celebração solene pela artificialidade, já que a técnica e os recursos sobressaem e falam mais que a obra em si; sob o argumento de que “é divertido”, “é cool”, “é legal”. Pega um dos clássicos da intensamente humana literatura russa e transforma em um pastiche inglês de época de araque.
A trama é um desleixo só. Um noir engessado, desinteressante. Se dependesse do enredo, não sairíamos do primeiro ato; quando o boxeador conhece a garota. Agora, como é um filme de Kubrick, tudo isso parece realmente pouco importar; a ideia é pegar esse roteiro padrão e o famigerado cineasta realizar suas proezas estilísticas, notáveis, impressionantes. Ainda que o terceiro ato, e principalmente, o clímax pareçam feitos nas coxas, existem lapsos na curta duração do filme onde é possível ver um exercício experimental de cinema, dos recursos técnicos. É um cinema laboratorial, que se não fosse de Kubrick, jamais teria resistido até os dias atuais.
Filme rascunho. Rabisca na tela algumas ideias, para tão logo, abandoná-las. E não estamos falando de qualquer um, mas sim de Hitchcock – e, francamente, em 98 minutos de filme, quando você tem um gênio da criação cinematográfica, você vai abraçar os aspectos financeiros para a realização de “Psicose” mais do que os processos criativos? Por favor, esperava um filme que falasse mais de cinema, entrasse mais na mente de um gênio – e não um que se apegasse tanto à indústria e ao bolso do gorducho.
David O. Russell volta a repetir os personagens, os conflitos, as soluções e as conclusões. Quem já o acompanhou, não irá se surpreender com nada;- nem mesmo com sua incontrolável histeria do terceiro ato. As atuações são corretas, na linha que qualquer dessas comédias melancólicas de auto-ajuda feita sob medida pedem. Mas acho que o diretor precisa urgentemente dar um passo seguinte em sua filmografia, pois sua carreira parece perseguir um sentido circular.
É o pior filme do PTA. Mas é um grande filme. Muito mais por conta das atuações de Hoffman e Phoenix, que criam na tela um conflito explosivo, hipnótico, alucinante - e mais legal que isso, vão aos poucos invertendo os personagens na narrativa, o comportamento. Um influencia nas atitudes do outro, criam uma admiração mútua, e sendo extremamente antagônicos, acabam convergindo para uma única estrutura sólida. É um filme para ser revisto, pois como experiência, é um feito notável. Tende a crescer com o tempo.
Daniel Day-Lewis não é "um dos melhores" atores da atualidade. Ele seria "um dos melhores" de todos os tempos. Da atualidade, ele é o melhor. Carrega o peso da direção do Spielberg nas costas, com uma atuação cheia de sutilidades, contida, sem abrir berreiro. O filme em si funciona como documento, como registro. Não consegue ir além.
Estamos diante de um filme com mais de 80 anos de existência. Mas em se tratando de Hitchcock, a linguagem é madura, solidificada. Como não se encantar pela forma criativa e perspicaz que Hitchcock construiu esse clássico triângulo amoroso? Quem não perderia uma eternidade para mostrar a aproximação íntima de Philip e Kate, enquanto Hitchcock em uma simples tacada de alguns segundos – ao utilizar um diário – consegue descrever a relação dos dois e de quebra, revela a passagem de tempo. Esse é um exemplo de genialidade, dentre outros que poderiam ser mencionados (como o bilhete deixado a mesa com a aliança em cima), que Hitchcock demonstra astucia singular no domínio da linguagem do cinema.
Hitchcock não conseguiu desdobrar o texto do tom folhetinesco, onde o desencadeamento em série da busca por uma esposa, caberia perfeitamente em periódicos novelísticos. Ainda que seja um filme simpático (muito em função de Lilian Hall-Davis), o filme peca por pouco desenvolver a relação entre o fazendeiro e a governanta. Mas mais decepcionante que isso, é estar diante de um Hitchcock mudo preguiçoso – distante daquele gênio inventivo que com as imagens, sabia contar uma história como nenhum outro.
Primeira empreitada de Jee-woon Kim no cinema hollywoodiano não poderia ser mais oportuna no que nesta atualização de faroeste, o gênero mais genuinamente americano, a personificação máxima do ianque, da identificação ideológica patriótica e cultural. Replica aqui a trama e dilema de “Matar ou Morrer” (quem não capturar isso, se ofenderá com a marcação de tempo na tela, que aparenta ser inútil, mas é homenagem), do Zinnermann (uma das grandes obras-primas do gênero), cria uma atmosfera de desolação e abandono de “Onde Começa o Inferno” (obra-prima do maior artesão que o cinema americano já teve, Howard Hawks), além de não poder deixar de reverenciar novamente Sergio Leone (algo que já fez em “Os Invencíveis”), ao replicar, com seu DNA e digitais, não o Il buono, il brutto, il cattivo, mas sim a trinca o bom (homem íntegro e irrepreensível vivido por Schwarzenegger), o mau (Santoro, um presidiário) e o idiota (personagem que Johnny Knoxville não precisa fazer esforço para representar).
Algumas marcas do cinema de Jee-woon Kim não ficam ofuscadas pela burocracia de Hollywood: a ultra violência, a frieza das execuções, além da atmosfera onipresente do revanchismo/vingança. Fora isso, já que o tom e ideia é brincar de faroeste, ele escancara na tela imagens saudosistas: som ambiente com a brisa levantado a terra, duelo “um contra um” memorável (e como Jee-woon Kim gosta, sem armas de fogo, somente com uma adaga), e uma notável recriação daquele intervalo minúsculo onde no faroeste clássico estariam os dois com a mão preparada para pegar o revolver e aniquilar o adversário, aqui revivida com os dois personagens em seus carrões em um canavial com o pé pré-disposto a acelerar. Essas brincadeiras e revisões de Jee-Woon Kim fazem de “O último desafio” uma diversão para fãs de faroestes e nos remete ao ótimo debut do chinês John Woo em Hollywood (“O Alvo”, com Van Damme), que também optou por brincar com os gêneros norte-americanos (de Hawks a Carpenter), sem deixar de exprimir seu estilo único e peculiar.
Wes Anderson melhorou muito com o tempo. Seus dois primeiros filmes são deficientes da cabeça aos pés, até ele ter acertado o tom a partir de Tenenbaums (ainda que Zissou seja um filme pra lá de irregular). Este “Pura Adrenalina” é seu debut em longa-metragem, e soa vazio em todos os aspectos: esteticamente e na concepção de ideias. Os personagens esquisitos estão lá e o filme já na abertura coloca um saindo de um hospício, onde se internou de forma voluntariosa. Mais esquisito que isso, é seu grande amigo bolar um plano nada mirabolante para tirá-lo de lá; essa é a levada do filme, esquisitices de meia frase e nem tão bem construídas. Aquela típica esquisitice engraçadinha, mas nada mais que isso;- muito longe do nível de excentricidade que Anderson passou a conseguir inserir em seus filmes e atingiu seu ápice na ternura de Moonrise Kingdom.
Terence Davies saiu do ostracismo de praticamente 10 anos de seu último filme, o fraquíssimo filme de época “The House of Mirth” – uma requintada produção com uma, até então, estrela em ascensão (Gillian Anderson) que quase ninguém viu (custou 10 milhões e sequer chegou a se pagar), para ir para meados dos anos 50 e contar um romance com traços clássicos, daqueles sórdidos de guerra semelhante ao que Neil Jordan fez em “Fim de Caso”. O filme é feito com extrema elegância (com direito a plano sequência de cair o queixo), mas o que o faz sobressair é a atuação de Rachel Weisz, que interpreta a mulher de um poderoso e rico juiz, que se vê perdida em meio a uma paixão ardente com um ex-combatente de guerra, alcoólatra e sem perspectivas de futuro. A personagem conscientemente abre mão de todas as mordomias para viver esse romance, enquanto inúmeros conflitos vão ganhando a tela – colocando a personagem em situações desconfortáveis e conflituosas, o que é um prato cheio para Weisz mostrar seu natural talento. Em época de Oscar, para se falar de injustiça, ela ao lado de Marion Cotillard (por “Ferrugem e Osso”) foram as grandes injustiçadas nas indicações, que preferiu as esquecíveis atuações de Jessica Chastain (por “A Hora Mais Escura”) e Quvenzhané Wallis (por “Indomável Sonhadora”).
Foi o filme selecionado pela Polônia para representá-la no Oscar 2013. País que já nos brindou com os talentos de Polanski e Kieslowski, cinemas tão autênticos e pessoais, aqui nasce tão distante, ofuscado pelas camadas comerciais, deixando-o com uma cara de linha de produção. E essas obrigações comerciais faz com que a obra não acerte o tom, ou diria, não acerta os diversos tons que busca no decorrer das duas horas de projeção. Apesar de sempre (e não teria como ser contrário) deixar na atmosfera aquele ar de engajamento, o filme enquanto gênero busca fazer de tudo: crítica social, política, romance, drama, ação e comédia. E no fundo, nada disso funciona. Até uma reviravoltinha no final tenta dar um gás, mas nem mesmo a trama interessante – e realmente importante para a Polônia – salva o filme do desastre.
Irregular. O sangue utilizado parece querer chocar mais do que a própria situação que por si só já tem de força; e essa é a dinâmica do filme, se superar a cada momento no choque, no bizarro, na insanidade com brutalidade. E em meio a isso, se perde. Talvez quem fez possa ter se divertido com o grotesco, com a gratuidade. Ao público, parece simplesmente um exercício sádico, com discurso vazio. Isso não seria necessariamente um problema se o filme se assumisse de uma vez por todas com uma brincadeira divertida, um trash, e não ficasse se prendendo tanto no mistério dos acontecimentos, na solução, na busca de vários detetives diferentes. Seja grotesco, mas além disso (e acima), seja honesto.
Grata surpresa o filme. Jorge Durán cria sua versão de Jules e Jim (a França não à toa é mencionada no filme em algumas ocasiões) de Truffaut, em meio a uma área periférica do Rio de Janeiro, envolvendo um estudante de medicina, uma de arquitetura e um de sociologia. Forma-se um triângulo amoroso que não brota da noite para o dia, mas sim, vai sendo pouco a pouco construído através de pequenas situações e gestos os personagens. Talvez o filme só não tenha a mesma força para criar e desenvolver com apuro a trama que desencadeia o terceiro ato do filme, ainda que todos os elementos se encaixem bem (inclusive a motivação maior partir da patricinha da história, que a se ver diante de uma realidade dura, resolve se manifestar para mudar). Ainda assim, um filme feito com esmero, com um cuidado, com ótimas referências, que até dá gosto.
John Woo é um cineasta conceitual. À primeira vista um filme de ação convencional (e seria mesmo nas mãos de um diretor qualquer), o chinês tem pleno domínio das imagens – estilizado e que cumpre, com sobras, alguns efeitos narrativos, como por exemplo, a apresentação de Boudreaux – realizada em uma sequência espetacular que nos remete aos faroestes e a criação de um mito, lembrando muito do que Carpenter era capaz de fazer com seus filmes de suspense/terror, Woo faz o mesmo aqui para o cinema de ação. É uma trama que parece pertencer ao velho oeste, mas Woo traz com tanta competência para a cidade, ainda que em determinado momento, não resista em colocar os personagens em uma eletrizante perseguição de carros x cavalos. É deliciosa a sensação de matar a saudades dos grandes filmes de ação feito nos anos 90;- sendo John Woo responsável por dois dos melhores, este e em seguida sua obra-prima “A Outra Face”. Ah, claro, as pombas estão lá, desempenhando sua função em meio aos slows características do diretor.
Cortando Custos
3.6 7Michael Moore fazendo um stand-up. Michael Morre fazendo as pessoas chorarem na frente das câmeras. Michael Moore fechando o cerco nos perseguidos, custe o que custar. Michael Moore aparecendo mais que tudo e que todos. É a estrela. Um ególatra consciente, e inconvenientemente engraçado. Difícil não rir com a indisposição que causa junto aos seus “rivais”. Suas brincadeiras infantis, irônicas, e ora até boçais, funcionam muito bem. O difícil é somente isso sustentar o documentário, que gira em círculos, chegando a ser redundante. Moore viria a aprimorar seu estilo e até mesmo sua funcionalidade frente as câmeras nos próximos documentários, com destaque para “Tiros em Columbine”, “SOS Saúde” e “Capitalismo: Uma História de Amor”, que carrega um tema bastante complementar a este de forma muito mais sóbria e madura.
As Aventuras de Tadeo
3.0 128 Assista AgoraRestringiu-se a homenagem e perdeu a oportunidade de ser autenticamente um filme de aventura. Ficou no misto entre a homenagem, a paródia, a sátira – e esqueceu-se da própria identidade, de buscar sua essência peculiar. Uma pena, pois a animação é feita com requintes, com um acabamento impressionante, efeitos que invejam ao cinema americano e suas tecnologias. Personagens criados com cuidado, uma trama criada com esmero, mas realizado de forma genérica, como um copião gigante. Uma pena.
Fome Animal
3.9 877Peter Jackson tem pleno domínio do material que tem em mãos e usa e abusa da escatologia para arrancar os risos do público, nesse gênero que acabou sendo interrompido muito pela incompreensão da nova plateia crítica. Apropria-se da figura icônica da mãe superprotetora e do filho submisso, para criar um romance atípico e escabroso, funcionando em diversas esferas: no terror trash, no gore, na comédia de erros (emblemática cena na mesa de refeição), no romance forjado. Diversão rasteira de 90 minutos que não se vê mais.
A Lista: Você Está Livre Hoje?
3.0 398Constrangedor. Sem mais.
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraJuventude. Como é nostálgica. As situações vividas podem ser diferentes, mas o sentimento é igual. Uma rebeldia sem concessão. O momento em que podemos errar. A era da incompreensão. Como podem os pais entender aquele momento tão vívido? Um olhar gentil dos anos noventa sobre os anos setenta. Existe algo mais delicioso? Cada geração parece viver uma fase onde se olha para trás e parece que o melhor do mundo já passou. Como podem esses adolescentes dos anos setenta cogitarem questionar a qualidade dos anos setenta? Talvez estejamos até errados em criticar tantos os dias atuais, mas caberão as futuras gerações o julgamento. Hoje, e lá dos anos noventa, é notório como reverenciamos os anos setenta e aquela juventude rebelde, que na verdade é o percurso até o grito de liberdade. A geração que deu voz, que fez os jovens serem percebidos. Entendido é demais, mas estudados e ouvidos, sem dúvida. Linklater não faz somente um profundo estudo das ânsias e questionamentos dos jovens, como também realiza uma das maiores diversões juvenis que o cinema já teve a oportunidade de ter. Quem diz que filme adolescente não presta, precisa urgentemente conhecer essa pérola de Linklater.
Hatari!
3.9 38Howard Hawks é o símbolo máximo do cinema norte-americano. Um progenitor, poderíamos dizer. Viveu a época em que os produtores mandavam e desmandavam, onde os trabalhos dos diretores eram subvalorizados (os roteiristas eram as meninas dos olhos). Mas Hawks se sobressaia de tudo isso, até chegar ao ponto de ter autonomia (ele atua como produtor aqui também). “Hatari!” é fruto dessa autonomia e um dos derradeiros filmes desse gênio. É uma aventura típica, na África, com a grandiloquência de Hollywood dos anos 60. Hawks vinha de sua obra-prima “Onde Começa o Inferno”, e tentou ao máximo dar substancialidade para que “Hatari!” fosse um filme a altura. E com isso, uma aventura leve e de pouca pretensão, virou um filme inchado, com uma duração excessiva, beirando uma estrutura de seriado acoplada para longa-metragem. Uma gama enorme de personagens, onde alguns parecem sobrar no saldo final; capengam na tela até cair no esquecimento.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraA vontade de fazer cinema de Soderbergh passou faz algum tempo. Agora ele é um cumpridor de contratos, um artesão de aluguel, um “artista” de encomenda. Creio que a indústria o cansou. E em “Magic Mike” ele parece ter encontrado um tema que o levou a uma autorreflexão. Apesar de ser um filme sobre a pré-estadia de Tatum em Hollywood, nele existem muitos elementos que parecem caber ao momento de Soderbergh e sua desilusão com o cinema. Conta uma história, acima de tudo, de ascensão e queda. Com uma sublinhada decepção. Algo que deslumbra, torna fascinante, dá poder. Mas não preenche um vazio. Um vazio que necessita, sobretudo, de um combustível infinito. Aqui esse combustível é o amor. O de Soderbergh vem a calhar com liberdade e expressão artística. Depois de anos no piloto automático, parece o renascer de um gigante do cinema – um último suspiro que pode ser o ressurgimento ou o fim definitivo. Aposto na primeira opção. É aguardar os próximos capítulos.
Trabalhar Cansa
3.6 208Existe uma angustia onipresente que incomoda. Não dá respiro. Parece uma bomba relógio prestes a explodir. Tudo parece frágil, prestes a romper. Como os nervos de Otávio, o marido desempregado, que vive assolado por duas situações: a) ser sustentado pela esposa e b) ver o mercado de trabalho de portas fechadas para pessoas de sua idade. Não é um discurso novo e nos remete ao ótimo filme francês “A Agenda”, de Laurente Cantet. É um mundo frio, corporativo, de risco eminente. Risco como o adotado por Helena, que resolve aflorar seu lado de empreendedorismo e abrir uma mercearia típica, apostando todas as fichas da família. É algo tão desesperador quanto o desemprego de Otávio. São dois personagens que vivem no limite de seus problemas, ou, no limite dos problemas da classe média; aquela que vive na tênue linha entre a pobreza e a riqueza. Aquela que está em ascensão, apta ao consumo desenfreado. Daquelas que a TV a cabo não pode ser desligado nem por decreto presidencial e que, orgulhosamente, não quer tomar a medida retroativa de pedir dinheiro aos pais. Existe uma plot interessante, que prende, que envolve – mas o que mais sobressalta a tela é esse retrato de uma classe média sufocada, pronta para entrar em ebulição.
As Sessões
3.8 629 Assista AgoraFilmes com personagens com limitações físicas geralmente são os filões que todo ator quer pegar, devido aos poucos recursos para conseguir transmitir toda a emoção necessária que a cena pede, além de vir carregado com “uma lição de vida”. É desafiante. Como esquecer o trabalho de Mathieu Amalric, no maravilhoso filme de Julian Schnabel “O Escafandro e a Borboleta”, onde o único movimento que tinha era o movimento de seu olho esquerdo? Ele foi capaz de nos comover e fazer chorar apenas com esse gesto. Hawkes tem uma batalha semelhante aqui, mas com mais recursos: tem a opção de falar, além de poder utilizar a expressão corporal.
É um trabalho detalhista, daqueles onde a composição é feita repleta de minúcias, como sua dificuldade de respiração, o movimento do pescoço em busca de ampliar sua visão. Imagina isso ser feito sem que o autor implore dó e piedade, sem que nos convide a achá-lo um coitado e que venha a dialogar com o público em uma exaltação da vida? Ainda que o filme fraqueje em alguns momentos (em todas as partes em que Hawkes não está em cena, como a relação de Hunt e o marido e sua enfermeira e o balconista de hotel), as autenticas relações de amor do protagonista com as mulheres que cercam sua vida, simbolizam bem o prazer de que se é viver, amar e ser amado.
Anna Karenina
3.7 1,2K Assista AgoraJoe Wright está tão afetado nessa adaptação de Tolstói que se entende bem porquê os russos depredaram o filme com uma ira incomum. Extraí cenas visualmente belas, mas profundamente vazias – uma celebração solene pela artificialidade, já que a técnica e os recursos sobressaem e falam mais que a obra em si; sob o argumento de que “é divertido”, “é cool”, “é legal”. Pega um dos clássicos da intensamente humana literatura russa e transforma em um pastiche inglês de época de araque.
A Morte Passou por Perto
3.3 142A trama é um desleixo só. Um noir engessado, desinteressante. Se dependesse do enredo, não sairíamos do primeiro ato; quando o boxeador conhece a garota. Agora, como é um filme de Kubrick, tudo isso parece realmente pouco importar; a ideia é pegar esse roteiro padrão e o famigerado cineasta realizar suas proezas estilísticas, notáveis, impressionantes. Ainda que o terceiro ato, e principalmente, o clímax pareçam feitos nas coxas, existem lapsos na curta duração do filme onde é possível ver um exercício experimental de cinema, dos recursos técnicos. É um cinema laboratorial, que se não fosse de Kubrick, jamais teria resistido até os dias atuais.
Hitchcock
3.7 1,1K Assista AgoraFilme rascunho. Rabisca na tela algumas ideias, para tão logo, abandoná-las. E não estamos falando de qualquer um, mas sim de Hitchcock – e, francamente, em 98 minutos de filme, quando você tem um gênio da criação cinematográfica, você vai abraçar os aspectos financeiros para a realização de “Psicose” mais do que os processos criativos? Por favor, esperava um filme que falasse mais de cinema, entrasse mais na mente de um gênio – e não um que se apegasse tanto à indústria e ao bolso do gorducho.
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraDavid O. Russell volta a repetir os personagens, os conflitos, as soluções e as conclusões. Quem já o acompanhou, não irá se surpreender com nada;- nem mesmo com sua incontrolável histeria do terceiro ato. As atuações são corretas, na linha que qualquer dessas comédias melancólicas de auto-ajuda feita sob medida pedem. Mas acho que o diretor precisa urgentemente dar um passo seguinte em sua filmografia, pois sua carreira parece perseguir um sentido circular.
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraÉ o pior filme do PTA. Mas é um grande filme. Muito mais por conta das atuações de Hoffman e Phoenix, que criam na tela um conflito explosivo, hipnótico, alucinante - e mais legal que isso, vão aos poucos invertendo os personagens na narrativa, o comportamento. Um influencia nas atitudes do outro, criam uma admiração mútua, e sendo extremamente antagônicos, acabam convergindo para uma única estrutura sólida. É um filme para ser revisto, pois como experiência, é um feito notável. Tende a crescer com o tempo.
Lincoln
3.5 1,5KDaniel Day-Lewis não é "um dos melhores" atores da atualidade. Ele seria "um dos melhores" de todos os tempos. Da atualidade, ele é o melhor. Carrega o peso da direção do Spielberg nas costas, com uma atuação cheia de sutilidades, contida, sem abrir berreiro. O filme em si funciona como documento, como registro. Não consegue ir além.
O Ilhéu
3.5 23Estamos diante de um filme com mais de 80 anos de existência. Mas em se tratando de Hitchcock, a linguagem é madura, solidificada. Como não se encantar pela forma criativa e perspicaz que Hitchcock construiu esse clássico triângulo amoroso? Quem não perderia uma eternidade para mostrar a aproximação íntima de Philip e Kate, enquanto Hitchcock em uma simples tacada de alguns segundos – ao utilizar um diário – consegue descrever a relação dos dois e de quebra, revela a passagem de tempo. Esse é um exemplo de genialidade, dentre outros que poderiam ser mencionados (como o bilhete deixado a mesa com a aliança em cima), que Hitchcock demonstra astucia singular no domínio da linguagem do cinema.
A Mulher do Fazendeiro
2.9 27Hitchcock não conseguiu desdobrar o texto do tom folhetinesco, onde o desencadeamento em série da busca por uma esposa, caberia perfeitamente em periódicos novelísticos. Ainda que seja um filme simpático (muito em função de Lilian Hall-Davis), o filme peca por pouco desenvolver a relação entre o fazendeiro e a governanta. Mas mais decepcionante que isso, é estar diante de um Hitchcock mudo preguiçoso – distante daquele gênio inventivo que com as imagens, sabia contar uma história como nenhum outro.
O Último Desafio
3.4 841 Assista AgoraPrimeira empreitada de Jee-woon Kim no cinema hollywoodiano não poderia ser mais oportuna no que nesta atualização de faroeste, o gênero mais genuinamente americano, a personificação máxima do ianque, da identificação ideológica patriótica e cultural. Replica aqui a trama e dilema de “Matar ou Morrer” (quem não capturar isso, se ofenderá com a marcação de tempo na tela, que aparenta ser inútil, mas é homenagem), do Zinnermann (uma das grandes obras-primas do gênero), cria uma atmosfera de desolação e abandono de “Onde Começa o Inferno” (obra-prima do maior artesão que o cinema americano já teve, Howard Hawks), além de não poder deixar de reverenciar novamente Sergio Leone (algo que já fez em “Os Invencíveis”), ao replicar, com seu DNA e digitais, não o Il buono, il brutto, il cattivo, mas sim a trinca o bom (homem íntegro e irrepreensível vivido por Schwarzenegger), o mau (Santoro, um presidiário) e o idiota (personagem que Johnny Knoxville não precisa fazer esforço para representar).
Algumas marcas do cinema de Jee-woon Kim não ficam ofuscadas pela burocracia de Hollywood: a ultra violência, a frieza das execuções, além da atmosfera onipresente do revanchismo/vingança. Fora isso, já que o tom e ideia é brincar de faroeste, ele escancara na tela imagens saudosistas: som ambiente com a brisa levantado a terra, duelo “um contra um” memorável (e como Jee-woon Kim gosta, sem armas de fogo, somente com uma adaga), e uma notável recriação daquele intervalo minúsculo onde no faroeste clássico estariam os dois com a mão preparada para pegar o revolver e aniquilar o adversário, aqui revivida com os dois personagens em seus carrões em um canavial com o pé pré-disposto a acelerar. Essas brincadeiras e revisões de Jee-Woon Kim fazem de “O último desafio” uma diversão para fãs de faroestes e nos remete ao ótimo debut do chinês John Woo em Hollywood (“O Alvo”, com Van Damme), que também optou por brincar com os gêneros norte-americanos (de Hawks a Carpenter), sem deixar de exprimir seu estilo único e peculiar.
Pura Adrenalina
3.4 90Wes Anderson melhorou muito com o tempo. Seus dois primeiros filmes são deficientes da cabeça aos pés, até ele ter acertado o tom a partir de Tenenbaums (ainda que Zissou seja um filme pra lá de irregular). Este “Pura Adrenalina” é seu debut em longa-metragem, e soa vazio em todos os aspectos: esteticamente e na concepção de ideias. Os personagens esquisitos estão lá e o filme já na abertura coloca um saindo de um hospício, onde se internou de forma voluntariosa. Mais esquisito que isso, é seu grande amigo bolar um plano nada mirabolante para tirá-lo de lá; essa é a levada do filme, esquisitices de meia frase e nem tão bem construídas. Aquela típica esquisitice engraçadinha, mas nada mais que isso;- muito longe do nível de excentricidade que Anderson passou a conseguir inserir em seus filmes e atingiu seu ápice na ternura de Moonrise Kingdom.
Amor Profundo
3.2 180 Assista AgoraTerence Davies saiu do ostracismo de praticamente 10 anos de seu último filme, o fraquíssimo filme de época “The House of Mirth” – uma requintada produção com uma, até então, estrela em ascensão (Gillian Anderson) que quase ninguém viu (custou 10 milhões e sequer chegou a se pagar), para ir para meados dos anos 50 e contar um romance com traços clássicos, daqueles sórdidos de guerra semelhante ao que Neil Jordan fez em “Fim de Caso”. O filme é feito com extrema elegância (com direito a plano sequência de cair o queixo), mas o que o faz sobressair é a atuação de Rachel Weisz, que interpreta a mulher de um poderoso e rico juiz, que se vê perdida em meio a uma paixão ardente com um ex-combatente de guerra, alcoólatra e sem perspectivas de futuro. A personagem conscientemente abre mão de todas as mordomias para viver esse romance, enquanto inúmeros conflitos vão ganhando a tela – colocando a personagem em situações desconfortáveis e conflituosas, o que é um prato cheio para Weisz mostrar seu natural talento. Em época de Oscar, para se falar de injustiça, ela ao lado de Marion Cotillard (por “Ferrugem e Osso”) foram as grandes injustiçadas nas indicações, que preferiu as esquecíveis atuações de Jessica Chastain (por “A Hora Mais Escura”) e Quvenzhané Wallis (por “Indomável Sonhadora”).
80 Milhões
3.1 3Foi o filme selecionado pela Polônia para representá-la no Oscar 2013. País que já nos brindou com os talentos de Polanski e Kieslowski, cinemas tão autênticos e pessoais, aqui nasce tão distante, ofuscado pelas camadas comerciais, deixando-o com uma cara de linha de produção. E essas obrigações comerciais faz com que a obra não acerte o tom, ou diria, não acerta os diversos tons que busca no decorrer das duas horas de projeção. Apesar de sempre (e não teria como ser contrário) deixar na atmosfera aquele ar de engajamento, o filme enquanto gênero busca fazer de tudo: crítica social, política, romance, drama, ação e comédia. E no fundo, nada disso funciona. Até uma reviravoltinha no final tenta dar um gás, mas nem mesmo a trama interessante – e realmente importante para a Polônia – salva o filme do desastre.
O Pacto
3.2 265Irregular. O sangue utilizado parece querer chocar mais do que a própria situação que por si só já tem de força; e essa é a dinâmica do filme, se superar a cada momento no choque, no bizarro, na insanidade com brutalidade. E em meio a isso, se perde. Talvez quem fez possa ter se divertido com o grotesco, com a gratuidade. Ao público, parece simplesmente um exercício sádico, com discurso vazio. Isso não seria necessariamente um problema se o filme se assumisse de uma vez por todas com uma brincadeira divertida, um trash, e não ficasse se prendendo tanto no mistério dos acontecimentos, na solução, na busca de vários detetives diferentes. Seja grotesco, mas além disso (e acima), seja honesto.
Proibido Proibir
3.6 146Grata surpresa o filme. Jorge Durán cria sua versão de Jules e Jim (a França não à toa é mencionada no filme em algumas ocasiões) de Truffaut, em meio a uma área periférica do Rio de Janeiro, envolvendo um estudante de medicina, uma de arquitetura e um de sociologia. Forma-se um triângulo amoroso que não brota da noite para o dia, mas sim, vai sendo pouco a pouco construído através de pequenas situações e gestos os personagens. Talvez o filme só não tenha a mesma força para criar e desenvolver com apuro a trama que desencadeia o terceiro ato do filme, ainda que todos os elementos se encaixem bem (inclusive a motivação maior partir da patricinha da história, que a se ver diante de uma realidade dura, resolve se manifestar para mudar). Ainda assim, um filme feito com esmero, com um cuidado, com ótimas referências, que até dá gosto.
O Alvo
3.1 188 Assista AgoraJohn Woo é um cineasta conceitual. À primeira vista um filme de ação convencional (e seria mesmo nas mãos de um diretor qualquer), o chinês tem pleno domínio das imagens – estilizado e que cumpre, com sobras, alguns efeitos narrativos, como por exemplo, a apresentação de Boudreaux – realizada em uma sequência espetacular que nos remete aos faroestes e a criação de um mito, lembrando muito do que Carpenter era capaz de fazer com seus filmes de suspense/terror, Woo faz o mesmo aqui para o cinema de ação. É uma trama que parece pertencer ao velho oeste, mas Woo traz com tanta competência para a cidade, ainda que em determinado momento, não resista em colocar os personagens em uma eletrizante perseguição de carros x cavalos. É deliciosa a sensação de matar a saudades dos grandes filmes de ação feito nos anos 90;- sendo John Woo responsável por dois dos melhores, este e em seguida sua obra-prima “A Outra Face”. Ah, claro, as pombas estão lá, desempenhando sua função em meio aos slows características do diretor.