Eu eu nunca vou me esquecer do trecho inicial do palhaço quando ele tira a roupa para buscar sua esposa no mar, para a música, para a zombação, e só há dor, e sentimos a dor, depois ele a carrega, as luzes explodem em seus rostos, volta a zombação, e agora há dor e humilhação, e sentimos denovo, e o palhaço nunca mais será o mesmo, nem nós.
Uma história onírica proletária sobre um pequeno povoado italiano que mais parece uma terra pós apocalíptica que logo se transforma em um eldorado quando se descobre reserva de água e petróleo no local. Zavattini e De Sica trabalham todos os desejos proletários, que vai dos mais libertadores como o anseio da comunidade justa e da revolução aos mais vis que inclusive vai contra a canção entoada pelos moradores, tudo isso em um clima de fantasia e pastelão, mas que não deixa de se coadunar com os anseios realistas do cinema italiano. Um filme que faz sua poesia a partir da realização dos desejos proletários e termina com uma crítica dura ao próprio desejo, fantasticamente realista e alegoricamente belíssimo!
O texto é bom e o filme se mantem em um bom nível até descambar para uma comédia popularesca muito parecida com as chanchadas que viriam em seguida. Na parte final o filme retoma o tom popular mais rebuscado próprio do Vicente Celestino, mas já se fez perder muito tempo com sequências desnecessárias.
Por mais que a palavra chave para definir os personagens de "A Regra do Jogo" seja, como já foi dito aqui, hipocrisia, não é necessariamente raiva e desprezo que se sente sobre eles ao final do filme, por que possuem dores que nos irmanam com cada um deles, e mesmo que mentiras e conveniências burguesas tentem disfarça-las, possuem dores, o que faz com que o filme do Renoir seja mais que um estudo da hipocrisia social burguesa e chegue a condição de um estudo minuncioso do ser-humano. E essa ainda é apenas uma visão limitada de ver a "A Regra do Jogo"!
Bela crítica de Renoir a falsa caridade socialista da burguesia e consequentemente a hipocrisia de suas relações, mas na esperança de recompensa se batem com Boudu, anarquista até o talo, que derruba as estruturas materiais e morais da casa do Lestingois. Mas um valor não há se ser tirado do Lestingois, salvar Boudu, este não poderia morrer nunca!!!!!
Pra quem em algum momento esteve envolvido com este imaginário social criado ou criador da música brega, digo isto por que o dilema pra mim se ampliou e passei a maior parte do tempo pensando em o que nasceu primeiro, a "dor de corno" ou a "música de corno", principalmente depois da constatação do radialista que percebe que "esse negócio de corno dá certo", é tocado de alguma maneira. O maior êxito da direção é certamente não buscar essa explicação através da história e se concentrar nesta força quase delineadora de relacionamentos das classes menos abastadas, a música brega, não só rejeitada pelos críticos quanto pela mídia popularesca que afastou ao máximo a noção de brega da chamada "música popular brasileira" e incluiu como mpb músicos com êxitos sentimentais muito mais pueris ou músicos intelectualizados que como bem define acho que o Odair José faziam na verdade algo muito mais parecido com "música popular de Ipanema". E essa falta de recorte histórico permite a diretora passear por músicas extremamente destoantes tanto na qualidade quanto no tempo, que ao meu ver incidem da mesma forma na imagem do relacionamento na classe social em destaque e aproxima de maneira quase indissolúvel o amor e o sofrimento. Apesar de gostar muito da maioria das músicas do filme compactuo muito pouco dos valores exaltados pelas canções e acho que jamais me emocionei ouvindo uma música do gÊnero, porém o documentário me conquistou e tornou-me quase acrítico quando mostrou-me um sentimento pulsante de verdade, não da diretora e nem tanto dos músicos entrevistados, mas dos anônimos , principalmente os casais. Algumas poucas entrevistas são menos inspiradoras como a da Marquise, coincidentemente a que tem direcionamento visível da diretora, mas as histórias dos casais apesar de terem momentos de inevitáveis risos são fortíssimas, e as histórias das mulheres envolvidas com o poligâmicos de Monte Alegre são dignas dos mais sinceros choros emocionados mesmo que acabe descambando pro riso. Apesar de defeitos de direção não consigo sequer falar mal disso pelo tamanho de aproximação empática com os entrevistados, foi tanta afeição que nem o desagradável Agnaldo Timóteo foi capaz de me irritar!
Como eu nunca ouvi falar do final deste filme antes? rs. Um dos finais mais irônicos do cinema, e analisando-o contextualmente uma das maiores agressões disfarçadas contra as propagandas da ditadura militar realizado pela cultura brasileira, impressionado!
E a musiquinha não sai da cabeça messmo, passou um dia já após ter visto, me entupi de música no trabalho e ela continua martelando, mas é bonita sim! O filme é um belo exemplo da fase de transição mundial para o cinema falado, ele tem momentos totalmente mudos mesclando com a nova técnica. O estilo briguento de bar faz lembrar os personagens primórdios do cinema brasileiro, mas o que mais encanta são as reconciliações!
Impressionante, com um desfecho não tão emblemático mas tão enigmático quanto o "Quanto Mais Quente Melhor". Como o Billy Wilder consegue fazer isso em pleno Código Hays?
A Sequência do enterro é exagerada, mas todo resto é impressionante, utilização da paisagem seguindo os moldes dos suecos da década passada e o começo do enforcamento até o desfecho é uma aula!
A falta de continuidade roteirística aqui, diferentemente do "Delicatessen", é problemática, tem bons momentos principalmente na relação de One com as crianças, mas até nisso as quebras do roteiro deixa menos coerente, é um filme fraco apesar de mais um belo mundo pós-apocalíptico do Jeunet.
Além de ter apenas um personagem pensante, que em uma conversa diz a melhor frase do filme e que eu tenho que concordar, algo do tipo, "se conhecer demais dá vontade de vomitar", o resto dos personagens e diálogos são extremamente superficiais, as ´personagens femininas são enjoadas, mas ainda sim é por elas que o filme apresenta a cena mais convincente de "viagem" intimista, a viagem de peiote nas pedras da praia. Ainda estou organizando as idéias a respeito do filme, mas sei que desgostei bastante, e nem foi pelo roteiro óbvio. Só me fez lembrar das pessoas mais chatas que tive o desprazer de conhecer. Tecnicamente o filme é extremamente bem feito e enganador como geralmente acontece desses lados.
É muito envolvente a musicalidade do filme, é tudo muito bonito, mas as músicas e a felicidade ingênua e ignorante na qual são retratados os negros esconde um regime de escravidão nas colheitas de algodão sulistas.
É mais que um filme discursivamente anti-bélico, é pro-valores como perdão, compreensão e amizade, o filme não demonstra em momento algum qualquer argumento que justifique vingança ou ódio ao outro pelos combatentes, a guerra é somente questão de Estado, questão dos idiotas atras das mesas que dão as ordens.
O Langdon é muito mais estranho que cômico, aqueles socos no rosto que ele dá no cara do carro são inexplicáveis. O desfecho é moralista, supostamente justificado, mas moralista até a tampa.
Mesmo com toda estereotipação, com todo interesse político e de expansão de influências (1942 é o ano em que os EUA entram efetivamente na guerra e que começa a pressionar os países latino americanos a acompanhá-lo) as duas últimas histórias são no mínimo legais, e a do Brasil é inclusive bonita, com todos os perigos que isso implique.
Original, o Harold Lloyd é um cínico, mas principalmente original, e isso perdura pois talvez tenha sido o menos copiado até hoje, eu me surpreendi muito com as soluções sutis dele, a sequência do escritório é impagável.
Noites de Circo
3.9 49Eu eu nunca vou me esquecer do trecho inicial do palhaço quando ele tira a roupa para buscar sua esposa no mar, para a música, para a zombação, e só há dor, e sentimos a dor, depois ele a carrega, as luzes explodem em seus rostos, volta a zombação, e agora há dor e humilhação, e sentimos denovo, e o palhaço nunca mais será o mesmo, nem nós.
Nós, As Mulheres
3.5 5Realismo metalinguístico, provavelmente referência direta do cinema iraniano!
Milagre em Milão
4.1 40 Assista AgoraUma história onírica proletária sobre um pequeno povoado italiano que mais parece uma terra pós apocalíptica que logo se transforma em um eldorado quando se descobre reserva de água e petróleo no local. Zavattini e De Sica trabalham todos os desejos proletários, que vai dos mais libertadores como o anseio da comunidade justa e da revolução aos mais vis que inclusive vai contra a canção entoada pelos moradores, tudo isso em um clima de fantasia e pastelão, mas que não deixa de se coadunar com os anseios realistas do cinema italiano. Um filme que faz sua poesia a partir da realização dos desejos proletários e termina com uma crítica dura ao próprio desejo, fantasticamente realista e alegoricamente belíssimo!
Música na Noite
3.6 19"É melhor ser iludido por malícia que por piedade!", grande consolo!
O Amor
4.0 12Por mais que Anna Magnani já atinja o auge interpretativo na primeira história, é a segunda, do Fellini, que é uma obra-prima!
O Ébrio
3.5 28O texto é bom e o filme se mantem em um bom nível até descambar para uma comédia popularesca muito parecida com as chanchadas que viriam em seguida. Na parte final o filme retoma o tom popular mais rebuscado próprio do Vicente Celestino, mas já se fez perder muito tempo com sequências desnecessárias.
A Regra do Jogo
4.1 122 Assista AgoraPor mais que a palavra chave para definir os personagens de "A Regra do Jogo" seja, como já foi dito aqui, hipocrisia, não é necessariamente raiva e desprezo que se sente sobre eles ao final do filme, por que possuem dores que nos irmanam com cada um deles, e mesmo que mentiras e conveniências burguesas tentem disfarça-las, possuem dores, o que faz com que o filme do Renoir seja mais que um estudo da hipocrisia social burguesa e chegue a condição de um estudo minuncioso do ser-humano. E essa ainda é apenas uma visão limitada de ver a "A Regra do Jogo"!
Boudu Salvo das Águas
3.8 18Bela crítica de Renoir a falsa caridade socialista da burguesia e consequentemente a hipocrisia de suas relações, mas na esperança de recompensa se batem com Boudu, anarquista até o talo, que derruba as estruturas materiais e morais da casa do Lestingois. Mas um valor não há se ser tirado do Lestingois, salvar Boudu, este não poderia morrer nunca!!!!!
Vou Rifar Meu Coração
4.1 214Pra quem em algum momento esteve envolvido com este imaginário social criado ou criador da música brega, digo isto por que o dilema pra mim se ampliou e passei a maior parte do tempo pensando em o que nasceu primeiro, a "dor de corno" ou a "música de corno", principalmente depois da constatação do radialista que percebe que "esse negócio de corno dá certo", é tocado de alguma maneira. O maior êxito da direção é certamente não buscar essa explicação através da história e se concentrar nesta força quase delineadora de relacionamentos das classes menos abastadas, a música brega, não só rejeitada pelos críticos quanto pela mídia popularesca que afastou ao máximo a noção de brega da chamada "música popular brasileira" e incluiu como mpb músicos com êxitos sentimentais muito mais pueris ou músicos intelectualizados que como bem define acho que o Odair José faziam na verdade algo muito mais parecido com "música popular de Ipanema". E essa falta de recorte histórico permite a diretora passear por músicas extremamente destoantes tanto na qualidade quanto no tempo, que ao meu ver incidem da mesma forma na imagem do relacionamento na classe social em destaque e aproxima de maneira quase indissolúvel o amor e o sofrimento. Apesar de gostar muito da maioria das músicas do filme compactuo muito pouco dos valores exaltados pelas canções e acho que jamais me emocionei ouvindo uma música do gÊnero, porém o documentário me conquistou e tornou-me quase acrítico quando mostrou-me um sentimento pulsante de verdade, não da diretora e nem tanto dos músicos entrevistados, mas dos anônimos , principalmente os casais. Algumas poucas entrevistas são menos inspiradoras como a da Marquise, coincidentemente a que tem direcionamento visível da diretora, mas as histórias dos casais apesar de terem momentos de inevitáveis risos são fortíssimas, e as histórias das mulheres envolvidas com o poligâmicos de Monte Alegre são dignas dos mais sinceros choros emocionados mesmo que acabe descambando pro riso. Apesar de defeitos de direção não consigo sequer falar mal disso pelo tamanho de aproximação empática com os entrevistados, foi tanta afeição que nem o desagradável Agnaldo Timóteo foi capaz de me irritar!
A Super Fêmea
2.6 27Como eu nunca ouvi falar do final deste filme antes? rs. Um dos finais mais irônicos do cinema, e analisando-o contextualmente uma das maiores agressões disfarçadas contra as propagandas da ditadura militar realizado pela cultura brasileira, impressionado!
Sob os Tetos de Paris
3.9 8 Assista AgoraE a musiquinha não sai da cabeça messmo, passou um dia já após ter visto, me entupi de música no trabalho e ela continua martelando, mas é bonita sim! O filme é um belo exemplo da fase de transição mundial para o cinema falado, ele tem momentos totalmente mudos mesclando com a nova técnica. O estilo briguento de bar faz lembrar os personagens primórdios do cinema brasileiro, mas o que mais encanta são as reconciliações!
A Incrível Suzana
4.2 33Impressionante, com um desfecho não tão emblemático mas tão enigmático quanto o "Quanto Mais Quente Melhor". Como o Billy Wilder consegue fazer isso em pleno Código Hays?
Martin
3.8 102Romero mais existencialista que nunca, uma construção de personagem digna dos mestres e um final extremamente coerente com a obra romeriana!
Pela Lei
4.2 6A Sequência do enterro é exagerada, mas todo resto é impressionante, utilização da paisagem seguindo os moldes dos suecos da década passada e o começo do enforcamento até o desfecho é uma aula!
A Greve
4.1 62 Assista Agora"'Não acredito no cine-olho', afirmou certa vez Eisenstein, referindo-se à expressão de Vertov, seu colega e rival. 'Acredito no cine punho'"
E ainda é muito mais que isso!
Ladrão de Sonhos
3.8 120A falta de continuidade roteirística aqui, diferentemente do "Delicatessen", é problemática, tem bons momentos principalmente na relação de One com as crianças, mas até nisso as quebras do roteiro deixa menos coerente, é um filme fraco apesar de mais um belo mundo pós-apocalíptico do Jeunet.
A Revolução Não Será Televisionada
4.2 97OBRIGATÓRIO!
Lista de Espera
4.1 18O sonho é lindo, a realidade nem tanto, mas pode ser também!
Paraísos Artificiais
3.2 1,8K Assista AgoraAlém de ter apenas um personagem pensante, que em uma conversa diz a melhor frase do filme e que eu tenho que concordar, algo do tipo, "se conhecer demais dá vontade de vomitar", o resto dos personagens e diálogos são extremamente superficiais, as ´personagens femininas são enjoadas, mas ainda sim é por elas que o filme apresenta a cena mais convincente de "viagem" intimista, a viagem de peiote nas pedras da praia. Ainda estou organizando as idéias a respeito do filme, mas sei que desgostei bastante, e nem foi pelo roteiro óbvio. Só me fez lembrar das pessoas mais chatas que tive o desprazer de conhecer. Tecnicamente o filme é extremamente bem feito e enganador como geralmente acontece desses lados.
Aleluia
3.7 6É muito envolvente a musicalidade do filme, é tudo muito bonito, mas as músicas e a felicidade ingênua e ignorante na qual são retratados os negros esconde um regime de escravidão nas colheitas de algodão sulistas.
A Patrulha da Madrugada
3.4 4É mais que um filme discursivamente anti-bélico, é pro-valores como perdão, compreensão e amizade, o filme não demonstra em momento algum qualquer argumento que justifique vingança ou ódio ao outro pelos combatentes, a guerra é somente questão de Estado, questão dos idiotas atras das mesas que dão as ordens.
A cena da morte do Courtney é prova disso!
O Homem Forte
3.3 7 Assista AgoraO Langdon é muito mais estranho que cômico, aqueles socos no rosto que ele dá no cara do carro são inexplicáveis. O desfecho é moralista, supostamente justificado, mas moralista até a tampa.
Alô Amigos
3.5 79 Assista AgoraMesmo com toda estereotipação, com todo interesse político e de expansão de influências (1942 é o ano em que os EUA entram efetivamente na guerra e que começa a pressionar os países latino americanos a acompanhá-lo) as duas últimas histórias são no mínimo legais, e a do Brasil é inclusive bonita, com todos os perigos que isso implique.
O Homem Mosca
4.3 82 Assista AgoraOriginal, o Harold Lloyd é um cínico, mas principalmente original, e isso perdura pois talvez tenha sido o menos copiado até hoje, eu me surpreendi muito com as soluções sutis dele, a sequência do escritório é impagável.