Noite de desamor - título de muito mau gosto - é uma produção que se concentra muito mais na relação entre mãe e filha do que propriamente na temática do suicídio. Com isso, evidencia uma das marcas profundas que o suicídio deixa: o sentimento de culpa, gerado pela questão do diálogo, ou a falta dele. Podem pessoas que passam tanto tempo juntas serem tão alheias uma à outra? "Como eu pude ignorar um sofrimento tão grande a ponto de levar o outro a desistir de viver" é uma pergunta comum nessa situação.
Mas por concentrar-se no diálogo - e talvez o maior mérito do filme esteja justamente na sinergia criada pelas duas grandes atrizes -, o filme acaba por não aprofundar o tema. Um aspecto caro ao suicídio é a questão religiosa, que não é abordado. O filme perde uma boa oportunidade de discutir um dos maiores tabus religiosos - apontado por muitos como um pecado imperdoável, para aqueles que acreditam em castigo eterno. A angústia existencialista, sentimento inerente a todo sujeito mergulhado em pensamentos de autodestruição, também não é percebido durante a projeção. A grande questão humana - buscar um sentido para a vida - poderia também ser outro ponto a ser abordado. Pelo contrário, fica claro que o motivo que desencadeia a depressão em Jessie é a epilepsia, uma doença que pode comprometer a vivência social. Nem esse aspecto é bem desenvolvido.
Ademais, a mãe, em momento algum demonstrou ter capacidade para dissuadir sua filha. O filme não aponta bons argumentos para que Jessie reconsidere sua decisão - ainda que bons argumentos nem sempre resultem em sucesso. De qualquer forma, é um filme muito bem interpretado e que proporciona um pouco de reflexão. Conheci esse filme através de meu irmão mais velho, num momento muito triste, quando enfrentamos há um mês a perda de um sobrinho muito querido, o jovem Gabriel. Ninguém além dele pra saber de seus motivos e sentir as suas angústias. Saudades daquele bom rapaz! (Sozinho em 08.11.18).
Considerado como um 100 melhores filmes nacionais de todos os tempos, Toda nudez será castigada também é considerada como uma das melhores, senão a melhor, adaptação de Nelson Rodrigues para o cinema. A direção de Jabor é boa e a atuação de Darlene Glória, num papel complexo, é o ponto alto do filme, pois Geni é é uma personagem de múltiplas faces. É um pouco louca, passional, sonhadora, esposa, amante, santa e puta.
É através da crítica à moral e aos bons costumes observadas no cotidiano da classe média brasileira que Nelson Rodrigues expõe os conflitos e contradições humanos, de sujeitos que oscilam de um extremo à outro. A cenografia ajuda a criar a ideia de deterioração, pois os casarões da família tradicional e religiosa são imponentes, mas estão em ruínas, assim como o modelo de família e de sociedade. O puritano Herculano, apegado à memória de uma esposa que considerava uma santa e censurado pela rigorosa moral do jovem filho - criado numa redoma de vidro por três tias solteironas -, se apaixona por uma prostituta e, para viver essa paixão, dá início a uma derrocada familiar rumo ao abismo, numa tragédia embalada apropriadamente pelo tango de Astor Piazzolla.
Filmado entre 1972 e 1973, época da ditadura militar, o filme foi acusado de fazer apologia à homossexualidade e por isso foi censurado durante alguns meses, retornando aos cinemas novamente após ganhar o Urso de Prata no Festival de Berlim. Pode ser doloroso para alguns ver o quanto Nelson Rodrigues maltrata suas personagens sem dó e, quando parece que atingiram o fundo do poço, perceber que sempre é possível descer um pouco mais. Chico Buarque já denunciava a hipocrisia: "taca pedra na Geni, ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir"...(em 01.11.18, só)
Uma história sobre floresta, uma família estranha e isolada de tudo e os perigos do escuro e da noite, envolvidos num tema de misticismo e superstição. Filme em que o mistério e a atmosfera de horror vai crescendo gradualmente. O ambiente claustrofóbico ajuda a criar o clima de tensão. Não gosto muito dos closes a todo momento no rosto dos personagens para evidenciar o mistério. Fica parecendo aquelas novelas mexicanas rsrsrsrs... Mas vale muito a pena ver esse filme italiano desconhecido. Boa surpresa! (em 27.10.18 solo).
Que filme bom. Interessante é que a cena pós crédito pode ser encarada como uma lição para o ocidente colonizador... resta saber se vai haver uma sequência e como essa interação entre o mundo dos negros e dos brancos se daria. (com Leo e Sandra em 26.10.18).
Apesar da técnica do stop-motion ser muito boa e ter evoluído, o roteiro bobo, infantil e sem criatividade em nada lembra produções como A Fuga das Galinhas ou A Batalha dos Vegetais. Uma pena que um trabalho tão difícil, demorado e minucioso tenha sido empregado para dar vez à uma história rasa, sem graça, sem inspiração e clichê. A nota é apenas pelo trabalho visual/manual.
Um roteiro interessante e um filme bem filmado que mistura elementos do trash e do gótico, levantando questões existencialistas. Será que o mundo dos mortos é tão mais feio que o mundo dos vivos? Por acaso já não estaremos mortos, como zumbis sem sentimentos, presos numa rotina movidos apenas por uma vontade material? Para onde Dellamorte poderia fugir? O personagem considera o cemitério todo o seu mundo. Comete atos terríveis mas os considera tão normais que sequer os explica ao mundo a sua volta. Quem seriam os loucos? Quem são de fato os mortos vivos? Mais do que a morte física, o filme aborda também a morte dos sentimentos, a indiferença. Segundo o próprio diretor, "é a história da impossibilidade do personagem de sair de seu mundo interiorano, desse mundo de pequenezas e miserabilidades da vida". O retrato dos jovens dos anos 1990, toda a insegurança, o medo de crescer, que leva à acomodação, sem querer sair de seu mundo. (num sábado de Set de 2018. Só)
Assisti ainda sob efeito de uma tragédia familiar, procurando entendê-la. Gus Van Sant procura mostrar um pouco do universo do adolescente/jovem norte americano. (Em 16 de out 2018 - Rest In Peace Gabriel)
Filme com um roteiro criativo e história envolvente, abordando a questão do racismo e do lugar do negro na sociedade norte americana (com Sandra e Felipe em 29/09/18).
Filme que cumpre o que promete. Muita ação e pouca criatividade. Um filme que exige uma boa dose de suspensão da descrença. (Set 2018. Com Sandra e Leo)
Zelig queria se sentir seguro, que todos gostassem dele. O tal comportamento começou quando lhe perguntaram se já tinha lido "Moby Dick" e, por vergonha de dizer que nunca tinha lido - já que esse seria um livro obrigatório, que "todos" deveriam ler - ele mente para ser aceito e fazer parte do grupo. Daí passa a assumir diversas personalidades, numa ânsia de encontrar o seu lugar e ser assimilado pela cultura. Trata-se de um roteiro muito criativo, filmado como se fosse um documentário, mas não é dos filmes mais engraçados de Woody Allen. (18 set 2018. Só)
Uma das obras referências do neorrealismo italiano, com filmagens em locações e elenco não profissional. Reza a lenda que os próprios pescadores escreveram algumas de suas falas. Filme que demonstra a dificuldade dos trabalhadores que vivem sendo explorados em superar o interesse do capital. Além de colocar a problemática do conflito de gerações (o avô, conformado com a exploração, dizia aos netos que " seu pai sempre trabalhou duro e nunca reclamou"), o filme também coloca a dificuldade em mobilizar os demais para sair da situação de explorados. Ninguém queria arriscar, preferiam viver oprimidos. A cena final resume a ideia central do filme. (23 set 2018. Só)
Filme com uma temática atual. A partir da ideia da criação de um dia anual no qual se é permitido matar, desenvolvido no âmbito privado no primeiro filme, nesse segundo o diretor vai as ruas para mostrar como a vida social está ameaçada. Concebido como uma medida a fim de diminuir a violência, o expurgo se tornou diversão dos ricos, que saem às ruas (ou simplesmente compram suas vítimas) para realizar a limpeza (higienização) social, numa polarização sem precedente que é respondida pelos excluídos na mesma moeda. Filme que consegue manter a tensão até o fim, uma das características dos filmes dirigidos por DeMonaco.
Filme com uma história original e uma bela fotografia, à exemplo dos filmes seguintes de Jeunet, como o Ladrões de Sonhos e Fabuloso Destino de Amelie Poulain. A história de diversos humanos, com seus defeitos aflorados num futuro caótico e sem perspectiva, nos é colocada de maneira divertida e quase teatral. Em 04.09.18, só.
Giallo interessante, que foge das premissas clássicas do gênero e, como acontece em outras obras do diretor, faz sua crítica à Igreja e a hipocrisia religiosa. Em 19.08.18. Só!
Filme angustiante e perturbador como poucos, realizado para nos mostrar como a violência faz parte da cultura cinematográfica e como somos coniventes com ela. É impressionante como Haneke consegue nos manter aflitos com a situação. Parte disso devido à condição de total impotência das vítimas frente aos seus algozes, jovens que não tem nada a perder, que brincam com as regras que a sociedade estabeleceu para manter-se funcionando, levando à sensação de que todo aquele pesadelo talvez não tenha como encaminhar-se para um final esperado.
A quebra da quarta parede é um recurso que o diretor emprega para tornar o espectador cúmplice dos jovens, que parece querer nos provocar, nos irritar. Assim, nas palavras de Haneke, "as pessoas concordam que a violência ocorre, que pode ser consumida, mas não temos noção de que somos cúmplices. Era isso que eu queria mostrar". Para mostrar a violência gratuita a que estamos expostos, que naturalizamos e que muitas vezes aplaudimos, o diretor mostra a violência que é quase insuportável quando retratada de forma crua e pessimista/realista. De forma gratuita.
Um registro claro de como somos cúmplices da violência está no recurso de "rebobinamento" que Haneke utilizou. Achamos repugnante a violência empregada pelos jovens contra a família mas, ao percebermos uma chance de vingança, não pensamos duas vezes em torcer pra personagem de Susanne Lothar pegar a arma e reagir à violência. Certamente que nessa hora muitos de nós já imaginavam formas igualmente repugnantes de punir os jovens pagando com a mesma moeda. A violência é condenada mas também apoiada.
"Observe o que você costuma assistir", recomenda Haneke no extra do DVD. (Sozinho, 22.07.18).
o filme de Dreyer é uma criativa e impressionante realização de terror nos anos 1930, um dos primeiros filmes a explorar o vampirismo, aqui associado à figura do demônio. Ótima atmosfera, bom uso das locações e recursos como sobreposição e foco difuso conferem um diferencial às produções do gênero nessa época. Porém, apresenta alguns problemas na montagem, especialmente em partes que alternam alucinações e realidade, o que torna algumas cenas confusas. (Sozinho, em 29.07.18).
Filme cheio de referências pop e uma crítica à alienação e ao isolamento social a que todos estamos sujeitos frente à tecnologia e massificação das comunicações a distância. Com Leo e Felipe em 17.07.18.
Noite de Desamor
4.3 31Noite de desamor - título de muito mau gosto - é uma produção que se concentra muito mais na relação entre mãe e filha do que propriamente na temática do suicídio. Com isso, evidencia uma das marcas profundas que o suicídio deixa: o sentimento de culpa, gerado pela questão do diálogo, ou a falta dele. Podem pessoas que passam tanto tempo juntas serem tão alheias uma à outra? "Como eu pude ignorar um sofrimento tão grande a ponto de levar o outro a desistir de viver" é uma pergunta comum nessa situação.
Mas por concentrar-se no diálogo - e talvez o maior mérito do filme esteja justamente na sinergia criada pelas duas grandes atrizes -, o filme acaba por não aprofundar o tema. Um aspecto caro ao suicídio é a questão religiosa, que não é abordado. O filme perde uma boa oportunidade de discutir um dos maiores tabus religiosos - apontado por muitos como um pecado imperdoável, para aqueles que acreditam em castigo eterno. A angústia existencialista, sentimento inerente a todo sujeito mergulhado em pensamentos de autodestruição, também não é percebido durante a projeção. A grande questão humana - buscar um sentido para a vida - poderia também ser outro ponto a ser abordado. Pelo contrário, fica claro que o motivo que desencadeia a depressão em Jessie é a epilepsia, uma doença que pode comprometer a vivência social. Nem esse aspecto é bem desenvolvido.
Ademais, a mãe, em momento algum demonstrou ter capacidade para dissuadir sua filha. O filme não aponta bons argumentos para que Jessie reconsidere sua decisão - ainda que bons argumentos nem sempre resultem em sucesso. De qualquer forma, é um filme muito bem interpretado e que proporciona um pouco de reflexão. Conheci esse filme através de meu irmão mais velho, num momento muito triste, quando enfrentamos há um mês a perda de um sobrinho muito querido, o jovem Gabriel. Ninguém além dele pra saber de seus motivos e sentir as suas angústias. Saudades daquele bom rapaz! (Sozinho em 08.11.18).
Toda Nudez Será Castigada
3.6 117Considerado como um 100 melhores filmes nacionais de todos os tempos, Toda nudez será castigada também é considerada como uma das melhores, senão a melhor, adaptação de Nelson Rodrigues para o cinema. A direção de Jabor é boa e a atuação de Darlene Glória, num papel complexo, é o ponto alto do filme, pois Geni é é uma personagem de múltiplas faces. É um pouco louca, passional, sonhadora, esposa, amante, santa e puta.
É através da crítica à moral e aos bons costumes observadas no cotidiano da classe média brasileira que Nelson Rodrigues expõe os conflitos e contradições humanos, de sujeitos que oscilam de um extremo à outro. A cenografia ajuda a criar a ideia de deterioração, pois os casarões da família tradicional e religiosa são imponentes, mas estão em ruínas, assim como o modelo de família e de sociedade. O puritano Herculano, apegado à memória de uma esposa que considerava uma santa e censurado pela rigorosa moral do jovem filho - criado numa redoma de vidro por três tias solteironas -, se apaixona por uma prostituta e, para viver essa paixão, dá início a uma derrocada familiar rumo ao abismo, numa tragédia embalada apropriadamente pelo tango de Astor Piazzolla.
Filmado entre 1972 e 1973, época da ditadura militar, o filme foi acusado de fazer apologia à homossexualidade e por isso foi censurado durante alguns meses, retornando aos cinemas novamente após ganhar o Urso de Prata no Festival de Berlim. Pode ser doloroso para alguns ver o quanto Nelson Rodrigues maltrata suas personagens sem dó e, quando parece que atingiram o fundo do poço, perceber que sempre é possível descer um pouco mais. Chico Buarque já denunciava a hipocrisia: "taca pedra na Geni, ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir"...(em 01.11.18, só)
O Dia da Besta
3.8 189Filme muito divertido e nonsense. (em 24.10.18. Só)
A Noite dos Demônios
3.5 19Uma história sobre floresta, uma família estranha e isolada de tudo e os perigos do escuro e da noite, envolvidos num tema de misticismo e superstição. Filme em que o mistério e a atmosfera de horror vai crescendo gradualmente. O ambiente claustrofóbico ajuda a criar o clima de tensão. Não gosto muito dos closes a todo momento no rosto dos personagens para evidenciar o mistério. Fica parecendo aquelas novelas mexicanas rsrsrsrs... Mas vale muito a pena ver esse filme italiano desconhecido. Boa surpresa! (em 27.10.18 solo).
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraQue filme bom. Interessante é que a cena pós crédito pode ser encarada como uma lição para o ocidente colonizador... resta saber se vai haver uma sequência e como essa interação entre o mundo dos negros e dos brancos se daria. (com Leo e Sandra em 26.10.18).
O Homem das Cavernas
2.9 73 Assista AgoraApesar da técnica do stop-motion ser muito boa e ter evoluído, o roteiro bobo, infantil e sem criatividade em nada lembra produções como A Fuga das Galinhas ou A Batalha dos Vegetais. Uma pena que um trabalho tão difícil, demorado e minucioso tenha sido empregado para dar vez à uma história rasa, sem graça, sem inspiração e clichê. A nota é apenas pelo trabalho visual/manual.
Um Condenado à Morte Escapou
4.4 69Filme que promove muita tensão e expectativa. Um dos melhores filmes do Bresson. (em 09 set 2018. Só).
Pelo Amor e Pela Morte
3.9 131Um roteiro interessante e um filme bem filmado que mistura elementos do trash e do gótico, levantando questões existencialistas. Será que o mundo dos mortos é tão mais feio que o mundo dos vivos? Por acaso já não estaremos mortos, como zumbis sem sentimentos, presos numa rotina movidos apenas por uma vontade material? Para onde Dellamorte poderia fugir? O personagem considera o cemitério todo o seu mundo. Comete atos terríveis mas os considera tão normais que sequer os explica ao mundo a sua volta. Quem seriam os loucos? Quem são de fato os mortos vivos? Mais do que a morte física, o filme aborda também a morte dos sentimentos, a indiferença. Segundo o próprio diretor, "é a história da impossibilidade do personagem de sair de seu mundo interiorano, desse mundo de pequenezas e miserabilidades da vida". O retrato dos jovens dos anos 1990, toda a insegurança, o medo de crescer, que leva à acomodação, sem querer sair de seu mundo. (num sábado de Set de 2018. Só)
Elefante
3.6 1,2K Assista AgoraAssisti ainda sob efeito de uma tragédia familiar, procurando entendê-la. Gus Van Sant procura mostrar um pouco do universo do adolescente/jovem norte americano. (Em 16 de out 2018 - Rest In Peace Gabriel)
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraÓtima direção e interpretação. (Fim de Setembro de 2018).
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142Drama existencialista com bela fotografia e trilha com composições de Erik Satie. (em 18.10.18)
Feitiço do Tempo
3.9 754 Assista AgoraFilme com roteiro original e que se apoia muito no talento cômico de Bill Murray. (Set. de 2018 com Sandra)
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraFilme com um roteiro criativo e história envolvente, abordando a questão do racismo e do lugar do negro na sociedade norte americana (com Sandra e Felipe em 29/09/18).
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
3.9 111 Assista AgoraBoa critica à hipocrisia religiosa. Gostei mais do primeiro mas esse é mto bom também (Set 2018).
Rampage: Destruição Total
3.0 537 Assista AgoraFilme que cumpre o que promete. Muita ação e pouca criatividade. Um filme que exige uma boa dose de suspensão da descrença. (Set 2018. Com Sandra e Leo)
Zelig
4.2 355Zelig queria se sentir seguro, que todos gostassem dele. O tal comportamento começou quando lhe perguntaram se já tinha lido "Moby Dick" e, por vergonha de dizer que nunca tinha lido - já que esse seria um livro obrigatório, que "todos" deveriam ler - ele mente para ser aceito e fazer parte do grupo. Daí passa a assumir diversas personalidades, numa ânsia de encontrar o seu lugar e ser assimilado pela cultura. Trata-se de um roteiro muito criativo, filmado como se fosse um documentário, mas não é dos filmes mais engraçados de Woody Allen. (18 set 2018. Só)
A Terra Treme
4.3 25Uma das obras referências do neorrealismo italiano, com filmagens em locações e elenco não profissional. Reza a lenda que os próprios pescadores escreveram algumas de suas falas. Filme que demonstra a dificuldade dos trabalhadores que vivem sendo explorados em superar o interesse do capital. Além de colocar a problemática do conflito de gerações (o avô, conformado com a exploração, dizia aos netos que " seu pai sempre trabalhou duro e nunca reclamou"), o filme também coloca a dificuldade em mobilizar os demais para sair da situação de explorados. Ninguém queria arriscar, preferiam viver oprimidos. A cena final resume a ideia central do filme. (23 set 2018. Só)
Uma Noite de Crime: Anarquia
3.5 1,2K Assista AgoraFilme com uma temática atual. A partir da ideia da criação de um dia anual no qual se é permitido matar, desenvolvido no âmbito privado no primeiro filme, nesse segundo o diretor vai as ruas para mostrar como a vida social está ameaçada. Concebido como uma medida a fim de diminuir a violência, o expurgo se tornou diversão dos ricos, que saem às ruas (ou simplesmente compram suas vítimas) para realizar a limpeza (higienização) social, numa polarização sem precedente que é respondida pelos excluídos na mesma moeda. Filme que consegue manter a tensão até o fim, uma das características dos filmes dirigidos por DeMonaco.
Delicatessen
3.8 278 Assista AgoraFilme com uma história original e uma bela fotografia, à exemplo dos filmes seguintes de Jeunet, como o Ladrões de Sonhos e Fabuloso Destino de Amelie Poulain. A história de diversos humanos, com seus defeitos aflorados num futuro caótico e sem perspectiva, nos é colocada de maneira divertida e quase teatral. Em 04.09.18, só.
Meus Vizinhos São um Terror
3.4 195 Assista AgoraFilme oitentista bacana, da época em que Tom Hanks já se despontou realizando comédias familiares. Revisto em 03.09.18 com Léo e Sandra.
O Segredo do Bosque dos Sonhos
3.8 88Giallo interessante, que foge das premissas clássicas do gênero e, como acontece em outras obras do diretor, faz sua crítica à Igreja e a hipocrisia religiosa. Em 19.08.18. Só!
Violência Gratuita
3.8 739 Assista AgoraFilme angustiante e perturbador como poucos, realizado para nos mostrar como a violência faz parte da cultura cinematográfica e como somos coniventes com ela. É impressionante como Haneke consegue nos manter aflitos com a situação. Parte disso devido à condição de total impotência das vítimas frente aos seus algozes, jovens que não tem nada a perder, que brincam com as regras que a sociedade estabeleceu para manter-se funcionando, levando à sensação de que todo aquele pesadelo talvez não tenha como encaminhar-se para um final esperado.
A quebra da quarta parede é um recurso que o diretor emprega para tornar o espectador cúmplice dos jovens, que parece querer nos provocar, nos irritar. Assim, nas palavras de Haneke, "as pessoas concordam que a violência ocorre, que pode ser consumida, mas não temos noção de que somos cúmplices. Era isso que eu queria mostrar". Para mostrar a violência gratuita a que estamos expostos, que naturalizamos e que muitas vezes aplaudimos, o diretor mostra a violência que é quase insuportável quando retratada de forma crua e pessimista/realista. De forma gratuita.
Um registro claro de como somos cúmplices da violência está no recurso de "rebobinamento" que Haneke utilizou. Achamos repugnante a violência empregada pelos jovens contra a família mas, ao percebermos uma chance de vingança, não pensamos duas vezes em torcer pra personagem de Susanne Lothar pegar a arma e reagir à violência. Certamente que nessa hora muitos de nós já imaginavam formas igualmente repugnantes de punir os jovens pagando com a mesma moeda. A violência é condenada mas também apoiada.
"Observe o que você costuma assistir", recomenda Haneke no extra do DVD. (Sozinho, 22.07.18).
O Vampiro
4.0 77o filme de Dreyer é uma criativa e impressionante realização de terror nos anos 1930, um dos primeiros filmes a explorar o vampirismo, aqui associado à figura do demônio. Ótima atmosfera, bom uso das locações e recursos como sobreposição e foco difuso conferem um diferencial às produções do gênero nessa época. Porém, apresenta alguns problemas na montagem, especialmente em partes que alternam alucinações e realidade, o que torna algumas cenas confusas. (Sozinho, em 29.07.18).
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraFilme cheio de referências pop e uma crítica à alienação e ao isolamento social a que todos estamos sujeitos frente à tecnologia e massificação das comunicações a distância. Com Leo e Felipe em 17.07.18.