Quando se trata de David Lynch, acredito que - com algumas poucas exceções em sua filmografia - antes de se colocar em uma postura de análise de conteúdo ou de decifração de uma mensagem, deve-se olhar para a forma sob a qual o filme é construído: é a forma, mais do que a violência física ou psicológica explícitas, que desconcerta e causa incômodo ao expectador. Isso se evidencia de forma muito forte em Wild at Heart, que, se por um lado faz menção a clássicos americanos de narrativa linear (Bonnie & Clyde, Night of the Living Dead, etc), por outro, funde elementos de um punhado de gêneros destoantes (também tipicamente americanos: road-movie, horror, western, fantasia, etc), criando estranhamento e uma certa dose de comicidade. Acredito que é desta tensão que decorre a ambiguidade do filme (especialmente das cenas finais): paródia ou não? Há alguma seriedade em Wild at Heart ou não passa de sátira? Muito se tem falado sobre a constante presença de O Mágico de Oz em Wild at Heart, e é sintomático que o tenha sido feito: o que torna o casal Sailor/Lula mais "real" frente aos personagens caricatos da história é a apropriação de um conjunto de símbolos em comum que remetem a O Mágico de Oz: a estrada de tijolos amarelos, a Bruxa Má, etc. Esta constante referência ao clássico de 39 é o meio ao qual Sailor e Lula se apegam de forma a tornar possível alguma espécie de humanidade/sentido em meio ao caos que é Wild at Heart.
Irônico que tenha sido chamado de “O Crime Não Compensa” por aqui. Ao contrário do que é sugerido pelo tom moralista da tradução do nome em terras tupiniquins, Nicholas Ray, o “diretor maldito“ de Hollywood, foi um diretor que condenou a hipocrisia da sociedade em cada um de seus filme, expondo-a de forma nada sutil e, por outro lado, bastante amarga. Não é à toa que os personagens de seus filmes, por mais desajustados e marginalizados que sejam, despertam a empatia do espectador.
Há um momento no filme em que tudo indica que este será um filmaço na mesma linha de Um Corpo Que Cai, sobretudo pela temática da obsessão, tão recorrente na filmografia do Hitchcock. Logo depois, o filme se perde num besteirol psicanalítico e o roteiro preguiçoso acaba tornando o filme um pouco maçante, além de pretensioso demais. Vale a pena ver e rever, mas é impossível fazer vista grossa em relação à estrutura equivocada do roteiro.
aquele filme que tem tudo pra dar errado - os clichês, o ritmo arrastado, a sensação de previsibilidade e de superficialidade, e uma pitada de drama que soa, até certo ponto, gratuita - mas que acaba surpreendendo por ser um filme que, apesar da simplicidade, é muito bem feito. um tiro certeiro. hehe
À maneira de An American Werewolf in London (1981), Fright Night brinca de maneira divertida e inteligente com os clichês de um dos subgêneros mais recorrentes na história do cinema de horror. O resultado é um filme leve e cômico, que parece dar uma lufada de ar fresco a um subgênero já tão explorado e repetitivo que é o dos filmes de vampiro.
Fraco demais. Apesar da ótima atuação do Daniel Radcliffe, o filme acaba sendo uma exaustiva repetição de sustos que nunca acontecem e de clichês equivocados.
Lembra os filmes do John Carpenter (especialmente o clima criado com a trilha sonora quase minimalista e o enquadramento distanciado), mas é um filme bem mediano: um pouco arrastado, personagens que não se desenvolvem e que não acrescentam nada à história, além de um roteiro fraquíssimo.
É divertido, embora a quebra do clima e do ritmo inicial seja desestimulante. Cada metade do filme, em si, é muito boa, mas o conjunto ficou incongruente, exatamente porque
Orlando é lindo. É uma pena que seja um filme tão curto (poderia ter, no mínimo, mais meia hora de extensão) e que nenhuma das tantas questões abordadas no livro seja suficientemente aprofundada, o que torna o filme meio fragmentado quanto à temática. Ainda assim, algumas cenas são bastante impressionantes (a vendedora de maçãs congelada no fundo do rio; o gelo sendo arrastado pela água; a transformação de Orlando; a cena - a mais marcante do filme - do labirinto) e o roteiro é bastante original, com várias cenas paralelas ("a traição dos homens"/"a traição das mulheres"; Orlando tomando chuva nas duas vezes em que a pessoa amada parte para longe) bastante criativas e que, embora bastante licenciosas em relação ao texto, apenas enriquecem a história.
Quase bom. Apesar do desconforto causado pelas cenas de automutilação e pelo clima doentio, falta algo que amarre a vida pessoal da personagem principal com sua obsessão pela própria pele/carne. O resultado final é um filme quase apelativo, com uma ideia que poderia ser melhor desenvolvida.
O original de 1977 merecia um remake. Não que a versão dirigida por Wes Craven seja um filme menor. Muito pelo contrário, o primeiro The Hills Have Eyes continua bastante chocante pela quantidade de violência (neste quesito,poucos filmes dos anos setenta se equiparam a ele) e também incrivelmente original. Porém, o fato de que o filme foi realizado com um baixo orçamento é visível no resultado final, e fica aquela sensação de que, sim, é um ótimo filme, vindo da imaginação de um dos maiores diretores de horror de toda a história do cinema, mas realizado sob certas limitações. Alexandre Aja acertou em cheio em manter-se fiel à ideia original e, de quebra, acrescentar alguns elementos que só acrescentam à história (ao contrário do que aconteceria quatro anos depois com o lamentável remake de A Nightmare On Elm Street, dirigido por Samuel Bayer - aliás, A Nightmare On Elm Street precisava mesmo de remake?). Quanto à violência, foi bem explorada e por pequenos detalhes não ficou excessiva. O resultado final é um filme de ótima qualidade que explora e amplia a premissa do original. Enquanto assistia não pude deixar de pensar sobre o legado de Wes Craven para o cinema. Poucos diretores foram tão imaginativos quanto ele, e a trama de The Hills Have Eyes é um belo exemplo desta imaginação.
"Quando ficção se torna religião? E são seus fãs perigosos?" Um dos filmes mais inteligentes do Carpenter, In The Mouth Of Madness é mais uma reflexão sobre os limites entre o real e o irreal do que um filme sobre os mistérios que envolvem o desaparecimento de um escritor louco. Aliás, mesmo a questão do limite entre loucura e sanidade, tema muito relevante em tempos em que cada um defende com unhas e dentes sua própria versão de realidade sobre o mundo, é explorada aqui de forma perspicaz. Se dezesseis anos antes John Carpenter havia nos colocado, na sequência inicial de Halloween (1978), na pele de um assassino apático, discretamente nos fazendo pensar sobre nosso prazer em assistir, em In The Mouth Of Madness o diretor não só é mais explícito como também mais incisivo ("as pessoas pagam para se sentir assim", pergunta Trent a Linda Styles em certo ponto do filme). Nada poderia ser mais natural (e certeiro) do que amarrar a questão das dualidades real/irreal, loucura/sanidade com referências à obra e aos mitos de Lovecraft, escritor que criou, através da literatura, um mundo feito de sombras e pesadelos, que assusta tanto quanto continua atraindo uma legião de fãs que encaram estes mitos quase como uma religião.
Diferentemente da maior parte da filmografia do Almodóvar, que tem como marca a complexidade narrativa, Ata-me desenvolve-se lentamente e oferece poucas surpresas. A complexidade aqui está mais em um nível emocional do que na trama. Embora tenha algumas situações que ficam perdidas e inconclusas (como o caso da relação entre a repórter e o ator e o da paixão de Máximo por Marina) e que poderiam ou ser melhor desenvolvidas ou ser descartadas, é um filme ótimo, cheio de cenas emocionantes e com uma pitada de comédia, o que não poderia faltar, diga-se de passagem, em se tratando de um filme do Almodóvar. Ponto positivo para as ótimas atuações de Antonio Banderas e Victoria Abril.
Nem precisaria ter assistido a versão de 76 para chegar à conclusão de que este Carrie de 2013 é uma catástrofe. Mesmo deixando de lado o óbvio - a Carrie de Chloë Moretz não tem nada de estranho, diferente da Carrie de Sissy Spacek -, nada salva este filme trágico (no pior dos sentidos). Atuações, maquiagem, trilha sonora, roteiro: tudo contribui para o fracasso. Aliás,
desde quando Carrie White precisa movimentar as mãos para mover as coisas? Telecinésia é a habilidade de manipular coisas apenas com o poder da mente. E que ideia é esta de a Carrie sair flutuando (ou levitando, caso queiram) do baile de formatura? Nem preciso falar da cena do carro...
Enquanto isso... Sissy Spacek descendo as escadas com os olhos arregalados enquanto tudo pega fogo é uma das cenas mais lindas do terror dos anos 70.
Uma das maiores e mais complexas obras de Buñuel, Viridiana traz à tona não somente o ceticismo do diretor em relação à religião, mas também em relação a qualquer tipo de moralidade. A fé e a bondade, princípios essenciais da doutrina católica, não são incorruptíveis. A corrupção, aliás, é parte da natureza humana, pois está estreitamente ligada ao desejo. Assim é que a personagem principal, prestes a ser ordenada freira,
que perde a convicção em relação às suas próprias crenças ao presenciar o banquete dos mendigos.
Estes mendigos, aliás, tem papel tão importante quanto o de Viridiana na crítica pessimista do diretor às convenções morais: enquanto a fé de Viridiana é incapaz de levá-la à salvação prometida pela religião, também a bondade é insuficiente na tentativa de recuperação da alma dos pobres (reparem que justamente um mendigo leproso é alvo de ódio dos demais, situação que se contrapõe à cena bíblica na qual Jesus cura um homem com lepra em um ato de bondade). É um filme que incomoda por tocar em questões que dizem respeito a todo e qualquer ser humano. Buñuel acerta ao dar a impressão de estar rindo da cara do espectador, construindo cenas de um cinismo tão ácido que chega a causar desconforto, tais como
a cena do vestido, a cena que faz referência à A Última Ceia, de Da Vinci, ou as cenas finais, na qual Viridiana olha-se no espelho resignadamente enquanto sua coroa de espinhos é lançada na fogueira.
Fraquíssimo. É interessante que este primeiro tenha dado origem a tantas sequências; e mais impressionante ainda é o fato de que foi uma franquia de sucesso. A ideia em si não chega a ser péssima (boneco amaldiçoado não chega a ser uma ideia muito original também - vide Dolls, de 1987) , mas o que mais incomoda é a má execução das cenas com o boneco em ação. É válido, claro, rever pela questão da memória afetiva (por dias não conseguia dormir direito quando assistia este filme ou Pânico, de 1996 - este último, no entanto, continua excelente). Levando em conta, porém, os excelentes filmes de horror lançados ao longo da década de 80 (citando dois dos "menos sérios": A Nightmare On Elm Street, de 1984 e Evil Dead, de 1981), Brinquedo Assassino é péssimo.
Além da cena da transformação, que continua imbatível mesmo depois de mais de três décadas depois do lançamento, An American Werewolf in London continua um filme muito original pela sua comicidade, subvertendo o terror ao inserir um personagem que já suspeita sobre o que vai acontecer a seguir e que tenta encaminhar os acontecimentos para uma direção diferente ("Queen Elizabeth is a man! Prince Charles is a faggot!"). As referências culturais (especialmente a The Wolf Man, de 1941) que aparecem ao longo do filme reforçam este caráter de autoparódia, que mantém o filme super atraente do início ao fim, já que as doses de comédia e terror se complementam positivamente ao invés de comprometer o resultado final (a sequência do cinema é genial). Ponto positivo também para as impecáveis cenas de sonho e para a atuação de Jenny Agutter (Alex), que forma um belo casal ao lado de David Naughton.
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4.2 470 Assista Agoraum filme lindo e muito necessário
Ataque dos Cães
3.7 932eita, porra
Coração Selvagem
3.7 340 Assista AgoraQuando se trata de David Lynch, acredito que - com algumas poucas exceções em sua filmografia - antes de se colocar em uma postura de análise de conteúdo ou de decifração de uma mensagem, deve-se olhar para a forma sob a qual o filme é construído: é a forma, mais do que a violência física ou psicológica explícitas, que desconcerta e causa incômodo ao expectador.
Isso se evidencia de forma muito forte em Wild at Heart, que, se por um lado faz menção a clássicos americanos de narrativa linear (Bonnie & Clyde, Night of the Living Dead, etc), por outro, funde elementos de um punhado de gêneros destoantes (também tipicamente americanos: road-movie, horror, western, fantasia, etc), criando estranhamento e uma certa dose de comicidade. Acredito que é desta tensão que decorre a ambiguidade do filme (especialmente das cenas finais): paródia ou não? Há alguma seriedade em Wild at Heart ou não passa de sátira?
Muito se tem falado sobre a constante presença de O Mágico de Oz em Wild at Heart, e é sintomático que o tenha sido feito: o que torna o casal Sailor/Lula mais "real" frente aos personagens caricatos da história é a apropriação de um conjunto de símbolos em comum que remetem a O Mágico de Oz: a estrada de tijolos amarelos, a Bruxa Má, etc. Esta constante referência ao clássico de 39 é o meio ao qual Sailor e Lula se apegam de forma a tornar possível alguma espécie de humanidade/sentido em meio ao caos que é Wild at Heart.
O Crime não Compensa
3.8 16Irônico que tenha sido chamado de “O Crime Não Compensa” por aqui. Ao contrário do que é sugerido pelo tom moralista da tradução do nome em terras tupiniquins, Nicholas Ray, o “diretor maldito“ de Hollywood, foi um diretor que condenou a hipocrisia da sociedade em cada um de seus filme, expondo-a de forma nada sutil e, por outro lado, bastante amarga. Não é à toa que os personagens de seus filmes, por mais desajustados e marginalizados que sejam, despertam a empatia do espectador.
Marnie, Confissões de uma Ladra
3.7 187 Assista AgoraHá um momento no filme em que tudo indica que este será um filmaço na mesma linha de Um Corpo Que Cai, sobretudo pela temática da obsessão, tão recorrente na filmografia do Hitchcock. Logo depois, o filme se perde num besteirol psicanalítico e o roteiro preguiçoso acaba tornando o filme um pouco maçante, além de pretensioso demais. Vale a pena ver e rever, mas é impossível fazer vista grossa em relação à estrutura equivocada do roteiro.
O Diário de Bridget Jones
3.5 856 Assista Agora“It is a truth universally acknowledged that when one part of your life starts going okay, another falls spectacularly to pieces.”
O Convite
3.3 1,1Kaquele filme que tem tudo pra dar errado - os clichês, o ritmo arrastado, a sensação de previsibilidade e de superficialidade, e uma pitada de drama que soa, até certo ponto, gratuita - mas que acaba surpreendendo por ser um filme que, apesar da simplicidade, é muito bem feito. um tiro certeiro. hehe
O Convite
3.3 1,1Kadoro o pôster com a lanterna vermelha sobre os convidados
Hitchcock/Truffaut
4.2 38Alguém sabe onde acho legendas em inglês ou português?
Dublê de Corpo
3.7 242 Assista Agora"I like to watch."
Coração Selvagem
3.7 340 Assista AgoraDing Dong! The Witch Is Dead!
A Hora do Espanto
3.6 588 Assista AgoraÀ maneira de An American Werewolf in London (1981), Fright Night brinca de maneira divertida e inteligente com os clichês de um dos subgêneros mais recorrentes na história do cinema de horror. O resultado é um filme leve e cômico, que parece dar uma lufada de ar fresco a um subgênero já tão explorado e repetitivo que é o dos filmes de vampiro.
A Mulher de Preto
3.0 2,9KFraco demais. Apesar da ótima atuação do Daniel Radcliffe, o filme acaba sendo uma exaustiva repetição de sustos que nunca acontecem e de clichês equivocados.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraLembra os filmes do John Carpenter (especialmente o clima criado com a trilha sonora quase minimalista e o enquadramento distanciado), mas é um filme bem mediano: um pouco arrastado, personagens que não se desenvolvem e que não acrescentam nada à história, além de um roteiro fraquíssimo.
Um Drink no Inferno
3.7 1,4K Assista AgoraÉ divertido, embora a quebra do clima e do ritmo inicial seja desestimulante. Cada metade do filme, em si, é muito boa, mas o conjunto ficou incongruente, exatamente porque
ocorre a mudança de um clima mais esmagador e bem construído para um clima mais descompromissado.
Orlando, A Mulher Imortal
3.8 113 Assista AgoraOrlando é lindo. É uma pena que seja um filme tão curto (poderia ter, no mínimo, mais meia hora de extensão) e que nenhuma das tantas questões abordadas no livro seja suficientemente aprofundada, o que torna o filme meio fragmentado quanto à temática. Ainda assim, algumas cenas são bastante impressionantes (a vendedora de maçãs congelada no fundo do rio; o gelo sendo arrastado pela água; a transformação de Orlando; a cena - a mais marcante do filme - do labirinto) e o roteiro é bastante original, com várias cenas paralelas ("a traição dos homens"/"a traição das mulheres"; Orlando tomando chuva nas duas vezes em que a pessoa amada parte para longe) bastante criativas e que, embora bastante licenciosas em relação ao texto, apenas enriquecem a história.
Em Minha Pele
3.3 87Quase bom. Apesar do desconforto causado pelas cenas de automutilação e pelo clima doentio, falta algo que amarre a vida pessoal da personagem principal com sua obsessão pela própria pele/carne. O resultado final é um filme quase apelativo, com uma ideia que poderia ser melhor desenvolvida.
Viagem Maldita
3.3 763O original de 1977 merecia um remake. Não que a versão dirigida por Wes Craven seja um filme menor. Muito pelo contrário, o primeiro The Hills Have Eyes continua bastante chocante pela quantidade de violência (neste quesito,poucos filmes dos anos setenta se equiparam a ele) e também incrivelmente original. Porém, o fato de que o filme foi realizado com um baixo orçamento é visível no resultado final, e fica aquela sensação de que, sim, é um ótimo filme, vindo da imaginação de um dos maiores diretores de horror de toda a história do cinema, mas realizado sob certas limitações. Alexandre Aja acertou em cheio em manter-se fiel à ideia original e, de quebra, acrescentar alguns elementos que só acrescentam à história (ao contrário do que aconteceria quatro anos depois com o lamentável remake de A Nightmare On Elm Street, dirigido por Samuel Bayer - aliás, A Nightmare On Elm Street precisava mesmo de remake?). Quanto à violência, foi bem explorada e por pequenos detalhes não ficou excessiva.
O resultado final é um filme de ótima qualidade que explora e amplia a premissa do original. Enquanto assistia não pude deixar de pensar sobre o legado de Wes Craven para o cinema. Poucos diretores foram tão imaginativos quanto ele, e a trama de The Hills Have Eyes é um belo exemplo desta imaginação.
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista Agora"Quando ficção se torna religião? E são seus fãs perigosos?"
Um dos filmes mais inteligentes do Carpenter, In The Mouth Of Madness é mais uma reflexão sobre os limites entre o real e o irreal do que um filme sobre os mistérios que envolvem o desaparecimento de um escritor louco. Aliás, mesmo a questão do limite entre loucura e sanidade, tema muito relevante em tempos em que cada um defende com unhas e dentes sua própria versão de realidade sobre o mundo, é explorada aqui de forma perspicaz.
Se dezesseis anos antes John Carpenter havia nos colocado, na sequência inicial de Halloween (1978), na pele de um assassino apático, discretamente nos fazendo pensar sobre nosso prazer em assistir, em In The Mouth Of Madness o diretor não só é mais explícito como também mais incisivo ("as pessoas pagam para se sentir assim", pergunta Trent a Linda Styles em certo ponto do filme).
Nada poderia ser mais natural (e certeiro) do que amarrar a questão das dualidades real/irreal, loucura/sanidade com referências à obra e aos mitos de Lovecraft, escritor que criou, através da literatura, um mundo feito de sombras e pesadelos, que assusta tanto quanto continua atraindo uma legião de fãs que encaram estes mitos quase como uma religião.
Ata-me!
3.7 550Diferentemente da maior parte da filmografia do Almodóvar, que tem como marca a complexidade narrativa, Ata-me desenvolve-se lentamente e oferece poucas surpresas. A complexidade aqui está mais em um nível emocional do que na trama. Embora tenha algumas situações que ficam perdidas e inconclusas (como o caso da relação entre a repórter e o ator e o da paixão de Máximo por Marina) e que poderiam ou ser melhor desenvolvidas ou ser descartadas, é um filme ótimo, cheio de cenas emocionantes e com uma pitada de comédia, o que não poderia faltar, diga-se de passagem, em se tratando de um filme do Almodóvar. Ponto positivo para as ótimas atuações de Antonio Banderas e Victoria Abril.
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraNem precisaria ter assistido a versão de 76 para chegar à conclusão de que este Carrie de 2013 é uma catástrofe. Mesmo deixando de lado o óbvio - a Carrie de Chloë Moretz não tem nada de estranho, diferente da Carrie de Sissy Spacek -, nada salva este filme trágico (no pior dos sentidos). Atuações, maquiagem, trilha sonora, roteiro: tudo contribui para o fracasso. Aliás,
desde quando Carrie White precisa movimentar as mãos para mover as coisas? Telecinésia é a habilidade de manipular coisas apenas com o poder da mente. E que ideia é esta de a Carrie sair flutuando (ou levitando, caso queiram) do baile de formatura? Nem preciso falar da cena do carro...
Enquanto isso...
Sissy Spacek descendo as escadas com os olhos arregalados enquanto tudo pega fogo é uma das cenas mais lindas do terror dos anos 70.
Viridiana
4.2 141Uma das maiores e mais complexas obras de Buñuel, Viridiana traz à tona não somente o ceticismo do diretor em relação à religião, mas também em relação a qualquer tipo de moralidade. A fé e a bondade, princípios essenciais da doutrina católica, não são incorruptíveis. A corrupção, aliás, é parte da natureza humana, pois está estreitamente ligada ao desejo. Assim é que a personagem principal, prestes a ser ordenada freira,
aceita usar o vestido de noiva da esposa falecida do tio
que perde a convicção em relação às suas próprias crenças ao presenciar o banquete dos mendigos.
É um filme que incomoda por tocar em questões que dizem respeito a todo e qualquer ser humano. Buñuel acerta ao dar a impressão de estar rindo da cara do espectador, construindo cenas de um cinismo tão ácido que chega a causar desconforto, tais como
a cena do vestido, a cena que faz referência à A Última Ceia, de Da Vinci, ou as cenas finais, na qual Viridiana olha-se no espelho resignadamente enquanto sua coroa de espinhos é lançada na fogueira.
Brinquedo Assassino
3.3 1,0K Assista AgoraFraquíssimo. É interessante que este primeiro tenha dado origem a tantas sequências; e mais impressionante ainda é o fato de que foi uma franquia de sucesso. A ideia em si não chega a ser péssima (boneco amaldiçoado não chega a ser uma ideia muito original também - vide Dolls, de 1987) , mas o que mais incomoda é a má execução das cenas com o boneco em ação.
É válido, claro, rever pela questão da memória afetiva (por dias não conseguia dormir direito quando assistia este filme ou Pânico, de 1996 - este último, no entanto, continua excelente). Levando em conta, porém, os excelentes filmes de horror lançados ao longo da década de 80 (citando dois dos "menos sérios": A Nightmare On Elm Street, de 1984 e Evil Dead, de 1981), Brinquedo Assassino é péssimo.
Um Lobisomem Americano em Londres
3.7 611Além da cena da transformação, que continua imbatível mesmo depois de mais de três décadas depois do lançamento, An American Werewolf in London continua um filme muito original pela sua comicidade, subvertendo o terror ao inserir um personagem que já suspeita sobre o que vai acontecer a seguir e que tenta encaminhar os acontecimentos para uma direção diferente ("Queen Elizabeth is a man! Prince Charles is a faggot!"). As referências culturais (especialmente a The Wolf Man, de 1941) que aparecem ao longo do filme reforçam este caráter de autoparódia, que mantém o filme super atraente do início ao fim, já que as doses de comédia e terror se complementam positivamente ao invés de comprometer o resultado final (a sequência do cinema é genial). Ponto positivo também para as impecáveis cenas de sonho e para a atuação de Jenny Agutter (Alex), que forma um belo casal ao lado de David Naughton.