experimentos inexplicáveis com fotografia digital e o triste fim de décadas de ternura e resistência. um filme cerebral e difícil, mas cheio de sentimento também. tudo fica mais trágico quando se sabe o que aconteceu dois meses depois da estreia.
Loving é um Jeff Nichols mais anônimo e tradicional do que o Midnight Special, também lançado em 2016 - mais pra Mud do que pra Take Shelter. eu acho estranho o envolvimento dele nesse projeto, porque sempre me pareceu um diretor mais interessado em histórias individuais sobre pessoas comuns do que em processos históricos e coletivos. de certa forma, isso se reflete no filme, que é mais focado na dimensão doméstica e afetiva dos personagens e acaba relativamente desinteressado na mudança social causada pela vida pessoal deles. é uma forma surpreendente e efetiva de contar a história, mas o problema é que o filme não se aprofunda muito no psicológico do casal. fica uma sensação de que eu não tive muito acesso aos sentimentos dessas pessoas, apesar de que a Ruth Negga e o Joel Edgerton ajudam bastante nesse sentido. mesmo assim, é um filme que faz justiça à história dos Loving de um jeito sutil e bonito.
uma sátira nada sutil do mundo da moda, toda construída a partir de provocações juvenis - a cena romântica entre a Jena Malone e um cadáver é a pior de todas. mas eu sou jovem mesmo e achei tudo isso fascinante. os atores que agem como se não fossem humanos, a beleza estética e a trilha sonora dão um tom abstrato ao filme. e a narrativa se desenvolve de forma tão imprevisível e envolvente que faz com que assistir isso seja divertido demais.
bem mais divertido que os outros filmes de super herói, talvez por causa do sangue, do sexo e da duração mais curta. não parece ter a menor intenção de ser criativo ou inteligente - é um filme ruim mesmo. mas pelo menos é engraçado às vezes.
o que mais me incomoda é terem colocado o John Legend pra falar umas verdades pro Ryan Gosling ("jazz é sobre o futuro", etc.) e depois aparecer o mesmo John Legend pra cantar uma música horrível que não tem nada de jazz e nem de futuro. além disso, é um filme com muitas falhas: a cena inicial é meio desajeitada, as piadas não tem graça (exceto "no, Jamal, you be trippin") e a arrogância do Sebastian às vezes parece se confundir com a arrogância do Damien Chazelle. mesmo assim, não tinha como eu não gostar muito de um filme em que as pessoas flutuam sem nenhum motivo aparente.
é legal demais ver um diretor talentoso mostrando tudo o que consegue fazer - é quase um pastiche de suas influências, mas é bem bonito. tudo isso pra contar uma história sobre pessoas imaturas amadurecendo, encarando decepções e tentando realizar seus sonhos na medida em que a vida real permitir. a Emma Stone, numa baita atuação cheia de carisma, traz bastante complexidade pra Mia e faz com que seus fracassos sejam sentidos também por quem assiste. poderia ser banal, mas é quase mágico.
a premissa é muito boa e a atuação da Krisha também. tudo isso faz com que o filme seja às vezes bem emocionante, porque a ficção se confunde com a realidade e fica claro que grande parte do sofrimento dos personagens é bastante pessoal. o problema é a direção exagerada do Trey Edward Shults, que tenta ser quase experimental usando uns artifícios totalmente inadequados a essa história. tem algo de ousado nessa apropriação da forma de outros gêneros pra mostrar uma festinha de família, mas acho que esse estilo acaba encobrindo as qualidades do filme, que poderia ser um melodrama mais direto e mais forte.
a maturidade da Mia Hansen-Love chega a ser comovente. ela retrata essa personagem sem condescendência, com um olhar sensível pra detalhes e uma inteligência aguçada. é bonito como ela respeita o conservadorismo da Nathalie, deixando ela existir e pensar de forma independente. tanto a Mia Hansen-Love quanto a Isabelle Huppert parecem entender como é difícil revolucionar nosso estilo de vida, mesmo quando as coisas se desarranjam. a gente vive na busca por alguns momentos de paz.
admirei bastante a ambição do filme e toda a discussão que ele abre sobre a distinção entre fato e ficção numa biografia. o problema é a execução: o estilo exagerado e cheio de maneirismos do Pablo Larraín distrai e atrapalha a narrativa. o diretor de fotografia é o mesmo de O Clube, e os dois filmes têm praticamente a mesma aparência. só que eu achei a estética menos feia em Neruda, além de que toda essa abstração visual é mais adequada aqui, por ser quase um filme noir que se passa num passado inventado. aliás, eu gostaria mais se essa perseguição fosse um pouco mais empolgante. a proposta não era bem essa, mas seria interessante ver um filme desses abraçando o gênero de forma mais desavergonhada. fica essa sugestão, Pablo, se você estiver lendo isso.
um filme com a mesma aparência e o mesmo ritmo de todos esses blockbusters feitos em linha de montagem. não tem nenhum traço de humanidade nisso aqui, com essa historinha genérica e esses personagens esquecíveis. pra piorar, é absurdamente tedioso.
não dá pra fugir muito do fato de que essa história não sustenta uma narrativa de uma hora e meia de duração, então o roteiro precisa inventar conflitos desnecessários e forçar drama onde não existe drama nenhum. pra quem consegue ignorar isso, esse filme é uma discussão bem bonita sobre a natureza do heroísmo individual e coletivo. nem sei se posso chamar de discussão, porque é um estudo de personagem tão tranquilo, que calmamente reflete a dor e a delícia de se fazer o que deve ser feito.
um filme muito mais instigante do que comovente. não sei bem por que falha quando tenta emocionar. acho que a relação entre a protagonista e as pessoas próximas a ela não é bem delineada. ela é uma personagem convincente com uma história pessoal única, e mesmo assim as coisas não parecem reais ou específicas. eu não consigo sentir o peso das escolhas e do sofrimento dela. muito mais efetiva é a discussão sobre a importância do diálogo pra resolver problemas comuns em um mundo fora de controle.
o estilo é impecável, mas bem frio e distante. mesmo assim, é muito instigante mesmo. empolga demais ver um filme assim em grande escala tão pouco preocupado com ação, muito mais interessado em linguagem, no processo de investigação e nos detalhes da sua própria história. o desenho das naves e dos aliens é coisa linda de se ver.
tão especificamente americano e tão restrito ao grupo retratado que dificulta um pouco a identificação. mesmo assim, tem o efeito cumulativo surpreendente e a profundidade casual dos filmes do Linklater. não funcionaria tão bem se fosse uma coisa completamente irônica ou um elogio à humanidade desses caras, ainda bem que eu acho que esse filme fica no meio do caminho. além disso, tem muita música e dança e curtição.
entendo perfeitamente que as pessoas não consigam ou não queiram separar a arte das atitudes do artista. só acho estranho que a controvérsia toda envolvendo esse filme dificilmente prejudique tanto os filmes de outros diretores com histórias pessoais parecidas com a do Nate Parker, só que mais consagrados e mais brancos.
é um filme imperfeito, exagerado, às vezes feio. mas precisa ser discutido, porque o jeito raivoso e sincero com que a história americana é contada aqui ainda é raro e muito relevante - assisti num cinema cheio, mas não tinha nenhum negro na plateia.
é claro que o Hitchcock sabe criar tensão muito bem, mas ele conseguiu me surpreender aqui. já pra segunda metade do filme tem aquela sequência da bomba que é uma aula de suspense e que vira a história do filme do avesso. depois disso, esse thriller com o casal menos apaixonado do mundo vira um drama bem triste sobre vingança privada. e é nessa hora que a visão de uma mulher servindo o jantar pro marido se transforma em tensão pura. Sabotage pode parecer um filme menor do Hitchcock, mas pra mim é tão bom e essencial quanto os maiores clássicos dele.
não é uma grande diversão e é difícil evitar que o pensamento divague às vezes, mas não deixa de ser um retrato bom e imersivo de uma grande cidade. uma das coisas mais interessantes é que essa cidade estava próxima do fascismo, da guerra e da destruição, mas ainda vivia um ápice de produtividade e movimentação que é bem mostrado pela edição às vezes frenética e muito bem feita do Walter Ruttmann. de certa forma, é uma prévia do trabalho ainda mais ousado que o Dziga Vertov faria depois e uma forma de tornar imortal esse momento histórico de uma cidade que nunca mais seria a mesma.
o Nicholas Stoller, que dirigiu também o primeiro filme, ficou ainda mais doido e ousado aqui, principalmente na cena do roubo de maconha. o Zac Efron é incrível fazendo com que o público se identifique com o sofrimento de um personagem meio ridículo. a Rose Byrne é uma das melhores comediantes do mundo. com tanta gente boa, talvez não seja justo considerar o Seth Rogen o autor do filme, mas pra mim a personalidade dele é a que mais aparece aqui.
essa continuação é quase uma versão feminista do primeiro Vizinhos, e é nisso que se percebe o que o Seth Rogen traz pro filme. ele faz piada com todos os lados e talvez passe dos limites às vezes, mas a intenção é sempre boa. ele conta uma história que, no final das contas, é bem progressista, e estende a compaixão dele pra todos os personagens. as vizinhas da irmandade podem não ter se integrado tão bem ao elenco principal, mas os problemas e desejos delas são tratados com empatia e levados a sério. e isso serve pra todas as pessoas de uma narrativa que aos poucos se torna bem tocante, porque Seth Rogen e companhia enxergam todo mundo como pessoas de verdade, com medos, neuroses e bizarrices bem reais.
o mais impressionante é como as comédias nesse estilo popularizado pelo Judd Apatow têm sintonia com o mundo atual e refletem tão bem uma forma de pensar e um estilo de vida contemporâneos. esses caras fazem filmes que servem como um retrato cada vez mais inclusivo do seu próprio público-alvo. acaba por ser uma visão bem otimista e generosa da juventude dos Estados Unidos. Vizinhos 2 é uma história sobre personagens que se unem e se tornam melhores por isso, mas essa história acaba por unir também o público, porque eu não sei como alguém poderia não gostar de um filme tão engraçado.
a Greta Garbo parece que veio de outro planeta. ela tem uma estranheza que faz com que até os momentos mais exageradamente sentimentais dessa história funcionem. e a atuação dela aqui é sensacional: ela tem um ar enigmático, mas mostra perfeitamente e sutilmente todas as indecisões e dilemas da personagem. ela é alma e coração desse grande melodrama do George Cukor. tudo isso culmina naquele final bastante efetivo e devastador de tão triste.
eu não sei se eu entendi a conclusão dessa investigação, nem se era pra eu ter entendido, mas o caminho todo foi bem instigante. além disso, o Raúl Ruiz usa a forma do cinema de um jeito que eu nunca vi antes, recriando esses quadros como forma de retratar um mistério a ser desvendado. tudo isso se mistura com um pouco de intrigas mirabolantes, cerimônias secretas e teorias da conspiração. e a câmera passeia por aí, entrando dentro dessas pinturas vivas, o que cria um efeito inesperado e muito bonito.
é uma chatice interminável, mas tem seus méritos. o Homem de Ferro sério e sensato é bem menos irritante que o normal, é um alívio quando o Homem Aranha aparece e o Paul Rudd é muito carismático. talvez a melhor cena do filme seja aquela luta no aeroporto, que consegue ser verdadeiramente inventiva, criando conflitos entre os poderes de cada personagem. foi a única vez que eu vi a Marvel usando a ação de forma criativa e isso mostra o limite desses filmes todos iguais, porque eu não consigo imaginar como alguma cena de ação com heróis pode ser legal de verdade depois dessa.
de resto, não tem nada de interessante acontecendo. parece feito em laboratório pra agradar o maior número de pessoas possível, mas acaba sendo bem desagradável. é tudo sem graça, não tem nenhuma imagem memorável. eu nem sei isso é um filme de verdade, ou se é só um monte de barulho e tédio.
Não é Um Filme Caseiro
3.8 8 Assista Agoraexperimentos inexplicáveis com fotografia digital e o triste fim de décadas de ternura e resistência. um filme cerebral e difícil, mas cheio de sentimento também. tudo fica mais trágico quando se sabe o que aconteceu dois meses depois da estreia.
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraLoving é um Jeff Nichols mais anônimo e tradicional do que o Midnight Special, também lançado em 2016 - mais pra Mud do que pra Take Shelter. eu acho estranho o envolvimento dele nesse projeto, porque sempre me pareceu um diretor mais interessado em histórias individuais sobre pessoas comuns do que em processos históricos e coletivos. de certa forma, isso se reflete no filme, que é mais focado na dimensão doméstica e afetiva dos personagens e acaba relativamente desinteressado na mudança social causada pela vida pessoal deles. é uma forma surpreendente e efetiva de contar a história, mas o problema é que o filme não se aprofunda muito no psicológico do casal. fica uma sensação de que eu não tive muito acesso aos sentimentos dessas pessoas, apesar de que a Ruth Negga e o Joel Edgerton ajudam bastante nesse sentido. mesmo assim, é um filme que faz justiça à história dos Loving de um jeito sutil e bonito.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista Agorauma sátira nada sutil do mundo da moda, toda construída a partir de provocações juvenis - a cena romântica entre a Jena Malone e um cadáver é a pior de todas. mas eu sou jovem mesmo e achei tudo isso fascinante. os atores que agem como se não fossem humanos, a beleza estética e a trilha sonora dão um tom abstrato ao filme. e a narrativa se desenvolve de forma tão imprevisível e envolvente que faz com que assistir isso seja divertido demais.
Um Mergulho No Passado
3.3 79gente rica pelada transando também tem seus problemas. obrigado Luca, Tilda e Ralph por essa gostosa curtição.
Deadpool
4.0 3,0K Assista Agorabem mais divertido que os outros filmes de super herói, talvez por causa do sangue, do sexo e da duração mais curta. não parece ter a menor intenção de ser criativo ou inteligente - é um filme ruim mesmo. mas pelo menos é engraçado às vezes.
Certo Agora, Errado Antes
3.8 49 Assista Agoranão imaginava que seria tão emocionante. um filme sobre a vida inteira.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista Agorao que mais me incomoda é terem colocado o John Legend pra falar umas verdades pro Ryan Gosling ("jazz é sobre o futuro", etc.) e depois aparecer o mesmo John Legend pra cantar uma música horrível que não tem nada de jazz e nem de futuro. além disso, é um filme com muitas falhas: a cena inicial é meio desajeitada, as piadas não tem graça (exceto "no, Jamal, you be trippin") e a arrogância do Sebastian às vezes parece se confundir com a arrogância do Damien Chazelle. mesmo assim, não tinha como eu não gostar muito de um filme em que as pessoas flutuam sem nenhum motivo aparente.
é legal demais ver um diretor talentoso mostrando tudo o que consegue fazer - é quase um pastiche de suas influências, mas é bem bonito. tudo isso pra contar uma história sobre pessoas imaturas amadurecendo, encarando decepções e tentando realizar seus sonhos na medida em que a vida real permitir. a Emma Stone, numa baita atuação cheia de carisma, traz bastante complexidade pra Mia e faz com que seus fracassos sejam sentidos também por quem assiste. poderia ser banal, mas é quase mágico.
Krisha
3.7 83a premissa é muito boa e a atuação da Krisha também. tudo isso faz com que o filme seja às vezes bem emocionante, porque a ficção se confunde com a realidade e fica claro que grande parte do sofrimento dos personagens é bastante pessoal. o problema é a direção exagerada do Trey Edward Shults, que tenta ser quase experimental usando uns artifícios totalmente inadequados a essa história. tem algo de ousado nessa apropriação da forma de outros gêneros pra mostrar uma festinha de família, mas acho que esse estilo acaba encobrindo as qualidades do filme, que poderia ser um melodrama mais direto e mais forte.
O Que Está Por Vir
3.8 102 Assista Agoraa maturidade da Mia Hansen-Love chega a ser comovente. ela retrata essa personagem sem condescendência, com um olhar sensível pra detalhes e uma inteligência aguçada. é bonito como ela respeita o conservadorismo da Nathalie, deixando ela existir e pensar de forma independente. tanto a Mia Hansen-Love quanto a Isabelle Huppert parecem entender como é difícil revolucionar nosso estilo de vida, mesmo quando as coisas se desarranjam. a gente vive na busca por alguns momentos de paz.
Neruda
3.5 81 Assista Agoraadmirei bastante a ambição do filme e toda a discussão que ele abre sobre a distinção entre fato e ficção numa biografia. o problema é a execução: o estilo exagerado e cheio de maneirismos do Pablo Larraín distrai e atrapalha a narrativa.
o diretor de fotografia é o mesmo de O Clube, e os dois filmes têm praticamente a mesma aparência. só que eu achei a estética menos feia em Neruda, além de que toda essa abstração visual é mais adequada aqui, por ser quase um filme noir que se passa num passado inventado.
aliás, eu gostaria mais se essa perseguição fosse um pouco mais empolgante. a proposta não era bem essa, mas seria interessante ver um filme desses abraçando o gênero de forma mais desavergonhada. fica essa sugestão, Pablo, se você estiver lendo isso.
Rogue One: Uma História Star Wars
4.2 1,7K Assista Agoraum filme com a mesma aparência e o mesmo ritmo de todos esses blockbusters feitos em linha de montagem. não tem nenhum traço de humanidade nisso aqui, com essa historinha genérica e esses personagens esquecíveis. pra piorar, é absurdamente tedioso.
Sully: O Herói do Rio Hudson
3.6 577 Assista Agoranão dá pra fugir muito do fato de que essa história não sustenta uma narrativa de uma hora e meia de duração, então o roteiro precisa inventar conflitos desnecessários e forçar drama onde não existe drama nenhum. pra quem consegue ignorar isso, esse filme é uma discussão bem bonita sobre a natureza do heroísmo individual e coletivo. nem sei se posso chamar de discussão, porque é um estudo de personagem tão tranquilo, que calmamente reflete a dor e a delícia de se fazer o que deve ser feito.
A Chegada
4.2 3,4K Assista Agoraum filme muito mais instigante do que comovente. não sei bem por que falha quando tenta emocionar. acho que a relação entre a protagonista e as pessoas próximas a ela não é bem delineada. ela é uma personagem convincente com uma história pessoal única, e mesmo assim as coisas não parecem reais ou específicas. eu não consigo sentir o peso das escolhas e do sofrimento dela. muito mais efetiva é a discussão sobre a importância do diálogo pra resolver problemas comuns em um mundo fora de controle.
o estilo é impecável, mas bem frio e distante. mesmo assim, é muito instigante mesmo. empolga demais ver um filme assim em grande escala tão pouco preocupado com ação, muito mais interessado em linguagem, no processo de investigação e nos detalhes da sua própria história. o desenho das naves e dos aliens é coisa linda de se ver.
Sieranevada
3.8 22 Assista Agoraessa família é muito unida e também muito ouriçada
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes
3.4 147 Assista Agoratão especificamente americano e tão restrito ao grupo retratado que dificulta um pouco a identificação. mesmo assim, tem o efeito cumulativo surpreendente e a profundidade casual dos filmes do Linklater. não funcionaria tão bem se fosse uma coisa completamente irônica ou um elogio à humanidade desses caras, ainda bem que eu acho que esse filme fica no meio do caminho. além disso, tem muita música e dança e curtição.
Elle
3.8 885uma mistura amoral de comédia satírica francesa com thriller erótico. deliciosamente absurdo.
O Nascimento de Uma Nação
3.6 149entendo perfeitamente que as pessoas não consigam ou não queiram separar a arte das atitudes do artista. só acho estranho que a controvérsia toda envolvendo esse filme dificilmente prejudique tanto os filmes de outros diretores com histórias pessoais parecidas com a do Nate Parker, só que mais consagrados e mais brancos.
é um filme imperfeito, exagerado, às vezes feio. mas precisa ser discutido, porque o jeito raivoso e sincero com que a história americana é contada aqui ainda é raro e muito relevante - assisti num cinema cheio, mas não tinha nenhum negro na plateia.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista Agorauma das coisas menos interessantes que eu já vi na vida. tá na hora do Eddie Redmayne se aposentar.
Sabotagem
3.7 73 Assista Agoraé claro que o Hitchcock sabe criar tensão muito bem, mas ele conseguiu me surpreender aqui. já pra segunda metade do filme tem aquela sequência da bomba que é uma aula de suspense e que vira a história do filme do avesso. depois disso, esse thriller com o casal menos apaixonado do mundo vira um drama bem triste sobre vingança privada. e é nessa hora que a visão de uma mulher servindo o jantar pro marido se transforma em tensão pura.
Sabotage pode parecer um filme menor do Hitchcock, mas pra mim é tão bom e essencial quanto os maiores clássicos dele.
Berlim, Sinfonia da Metrópole
4.1 13não é uma grande diversão e é difícil evitar que o pensamento divague às vezes, mas não deixa de ser um retrato bom e imersivo de uma grande cidade. uma das coisas mais interessantes é que essa cidade estava próxima do fascismo, da guerra e da destruição, mas ainda vivia um ápice de produtividade e movimentação que é bem mostrado pela edição às vezes frenética e muito bem feita do Walter Ruttmann. de certa forma, é uma prévia do trabalho ainda mais ousado que o Dziga Vertov faria depois e uma forma de tornar imortal esse momento histórico de uma cidade que nunca mais seria a mesma.
Vizinhos 2
3.0 379 Assista Agorao Nicholas Stoller, que dirigiu também o primeiro filme, ficou ainda mais doido e ousado aqui, principalmente na cena do roubo de maconha. o Zac Efron é incrível fazendo com que o público se identifique com o sofrimento de um personagem meio ridículo. a Rose Byrne é uma das melhores comediantes do mundo. com tanta gente boa, talvez não seja justo considerar o Seth Rogen o autor do filme, mas pra mim a personalidade dele é a que mais aparece aqui.
essa continuação é quase uma versão feminista do primeiro Vizinhos, e é nisso que se percebe o que o Seth Rogen traz pro filme. ele faz piada com todos os lados e talvez passe dos limites às vezes, mas a intenção é sempre boa. ele conta uma história que, no final das contas, é bem progressista, e estende a compaixão dele pra todos os personagens. as vizinhas da irmandade podem não ter se integrado tão bem ao elenco principal, mas os problemas e desejos delas são tratados com empatia e levados a sério. e isso serve pra todas as pessoas de uma narrativa que aos poucos se torna bem tocante, porque Seth Rogen e companhia enxergam todo mundo como pessoas de verdade, com medos, neuroses e bizarrices bem reais.
o mais impressionante é como as comédias nesse estilo popularizado pelo Judd Apatow têm sintonia com o mundo atual e refletem tão bem uma forma de pensar e um estilo de vida contemporâneos. esses caras fazem filmes que servem como um retrato cada vez mais inclusivo do seu próprio público-alvo. acaba por ser uma visão bem otimista e generosa da juventude dos Estados Unidos. Vizinhos 2 é uma história sobre personagens que se unem e se tornam melhores por isso, mas essa história acaba por unir também o público, porque eu não sei como alguém poderia não gostar de um filme tão engraçado.
A Dama das Camélias
4.0 61 Assista Agoraa Greta Garbo parece que veio de outro planeta. ela tem uma estranheza que faz com que até os momentos mais exageradamente sentimentais dessa história funcionem. e a atuação dela aqui é sensacional: ela tem um ar enigmático, mas mostra perfeitamente e sutilmente todas as indecisões e dilemas da personagem. ela é alma e coração desse grande melodrama do George Cukor. tudo isso culmina naquele final bastante efetivo e devastador de tão triste.
A Hipótese do Quadro Roubado
4.2 11eu não sei se eu entendi a conclusão dessa investigação, nem se era pra eu ter entendido, mas o caminho todo foi bem instigante. além disso, o Raúl Ruiz usa a forma do cinema de um jeito que eu nunca vi antes, recriando esses quadros como forma de retratar um mistério a ser desvendado. tudo isso se mistura com um pouco de intrigas mirabolantes, cerimônias secretas e teorias da conspiração. e a câmera passeia por aí, entrando dentro dessas pinturas vivas, o que cria um efeito inesperado e muito bonito.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista Agoraé uma chatice interminável, mas tem seus méritos. o Homem de Ferro sério e sensato é bem menos irritante que o normal, é um alívio quando o Homem Aranha aparece e o Paul Rudd é muito carismático. talvez a melhor cena do filme seja aquela luta no aeroporto, que consegue ser verdadeiramente inventiva, criando conflitos entre os poderes de cada personagem. foi a única vez que eu vi a Marvel usando a ação de forma criativa e isso mostra o limite desses filmes todos iguais, porque eu não consigo imaginar como alguma cena de ação com heróis pode ser legal de verdade depois dessa.
de resto, não tem nada de interessante acontecendo. parece feito em laboratório pra agradar o maior número de pessoas possível, mas acaba sendo bem desagradável. é tudo sem graça, não tem nenhuma imagem memorável. eu nem sei isso é um filme de verdade, ou se é só um monte de barulho e tédio.