não sei se é normal eu virar fã do lars von trier a essa altura da vida. o artista/assassino faz a autocrítica pra todo mundo ver e é traumatizante, patético de tão cruel, muito pedante, meio hilário. mexeu com meu corpo. amei demais?
Um racista estúpido se redime num passe de mágica e começa a defender um negro genial e sofisticado, que só existe nessa história pra ser vítima. Repete à exaustão uma única ideia simplista sobre racismo - parece que está tentando ensinar um membro da Ku Klux Klan que "somos todos iguais" - e ainda executa essa premissa ofensiva da forma mais óbvia e cafona possível.
O filme foi tratado como uma comédia, mas é uma sucessão de cenas previsíveis de discriminação. É pra rir disso? A esposa do Tony Lip mostra, na cena dos copos, não ser racista que nem ele. Se eles vivem no mesmo contexto, por quê? Claro que a personagem é muito mal desenvolvida, mas o que isso quer dizer no filme? Que ela é do bem? Racismo não é uma questão cultural, mas moral? Então por que é perdoável que o Tony Lip seja racista? O tratamento da homossexualidade do Don Shirley seria conservador pra um filme de 30 anos atrás, rola um apagamento mesmo. Mas o mais estranho é que o Tony Lip, um cara preconceituoso, aceita que o amigo seja gay. O que isso quer dizer? Que existia racismo na Nova Iorque cosmopolita dos anos 60, mas não existia homofobia? Que homofobia é passar dos limites, mas racismo é aceitável?
Me deixou com várias questões na cabeça, que o filme não sabe responder ou não tem interesse nisso, mas ficou claro pra mim que esse roteiro não tem nada a dizer.
retrato bonito da dor e a delícia de se reunir todos os seus amigos no mesmo rolê, e aquela tristeza que dá a saudade de ser jovem descolado. pouco ousado pra uma artista que parecia ser 100% livre nos anos 90, mas essa história é interessante d+ pra mim
tipo uma novela bem intencionada e tudo é tão tão didático e explícito e as tragédias se acumulam sem parar. parece que quer tratar de todo o racismo do mundo, mas admirei que não pega leve com o tema - fiquei feliz que esse filme existe. alguma coisa certa ele fez, porque fiquei exausto de tão triste.
Um melodrama bem desconfortável de se assistir nesses últimos dias de 2018, mas acho que ele ganha força com isso - em outro contexto a maldade dos personagens pareceria exagerada demais. Os nazistas são um alvo fácil hoje em dia, na época acho que não, e mesmo assim é o raro filme que me fez repensar minhas posições políticas. É incrível que essa história tenha sido produzida e lançada antes do fim da 2ª Guerra, e isso traz uma das coisas mais fortes do filme, aquela sensação de que aquele problema não foi resolvido ainda. A resistência modesta dos personagens é linda.
Não me lembro de ter visto um filme infantil tão radical assim. Talvez por isso que tenha sido meio ignorado, porque é um filme que não tem público-alvo, ou talvez o público-alvo seja só eu. Já perdi o fôlego no começo, com o ritmo incessante e hipnótico que surge a partir da justaposição daquelas duas histórias aparentemente não relacionadas - eu sabia o que esperar, mas sempre me surpreendia mesmo assim. Que nem Carol, é uma junção de três grandes artistas do cinema americano (Haynes, Burwell, Lachman) fazendo o trabalho da vida deles e criando uma experiência linda de som e imagens. A narrativa atrapalha um pouco, com suas explicações e coincidências, e é meio difícil compartilhar de todo o fascínio que o filme tem por aqueles museus. Mas vale a pena. Só a presença da Julianne Moore ali em 1977 já me emocionou, então não deu pra resistir ao ato final.
Não tem o que não gostar: Katharine Hepburn totalmente levada da breca, Cary Grant mais abobado do que nunca, um leopardo brasileiro chamado Baby, altas confusões. Esse filme é aquele sorriso involuntário que surge quando se lembra de uma aventura qualquer da juventude.
Olimpíadas são legais demais e, só por isso, esse filme é legal demais. A Leni Riefenstahl é claramente fascinada pelo movimento dos corpos e o olhar dela influencia como se enxerga o esporte até hoje. Tão interessantes quanto isso são as questões geopolíticas que o filme inevitavelmente suscita, inclusive questões de raça mencionadas explicitamente pelo comentarista. É bastante incômodo como todos esses países aceitaram participar de um evento promovido por um dos maiores genocidas da história, mas o filme faz com que isso seja bonito, porque celebra a reunião dos povos e as conquistas de todos eles. É um retrato tão generoso das vitórias dos outros que eu tinha que lembrar a mim mesmo de tempos em tempos que esse filme não é confiável, que é enviesado, que é propaganda nazista. É a primeira vez que eu vejo um filme dos anos 30 mostrando os negros conquistando coisas sob uma luz positiva. Estranho que seja o mesmo filme que mostra Adolf Hitler conquistando coisas sob uma luz positiva. O mundo é um lugar difícil de entender.
como era de se esperar do Terence Davies, é um filme com sequências incríveis. mas o que mais impressiona mesmo é o roteiro, que mostra um domínio surpreendente da língua inglesa, coisa de mestre mesmo. apesar disso, é frustrante a falta da musicalidade e beleza em comparação com os últimos trabalhos do diretor. talvez seja o próprio formato da biografia, de que o filme não consegue fugir muito, narrando uma sucessão de episódios de uma vida inteira. ou talvez seja uma história muito difícil de se adaptar mesmo, por ser sobre uma personagem tão enclausurada, com conflitos tão internos. o problema é que eu sinto falta de lirismo. isso pode parecer contraditório em uma história sobre poesia, mas talvez tenha a ver com o tema: grande parte do filme é só texto.
as duas primeiras histórias são inteligentes, bem interpretadas e filmadas de um jeito bonito, mas não senti nada muito forte por elas. mesmo assim, acho que o poder cumulativo causado por esses dois retratos de mulheres no interior dos Estados Unidos é essencial pra força do que vem depois. aquela terceira história com as sensacionais Lily Gladstone e Kristen Stewart é não só o melhor momento do filme, mas um dos melhores momentos do cinema recente mesmo. um estudo de personagem tão quieto e tranquilo que parte seu coração e você nem percebe como isso aconteceu. é absurdamente triste e, mais do que tudo, é lindo.
brancos de dreads: o filme. um olhar de estrangeira nada sutil sobre os Estados Unidos. aquela kombi roda por quase 3 horas e não chega a lugar nenhum, mas é agradável essa viagem por situações, sensações e a fotografia quase experimental do Robbie Ryan. umas das coisas mais curiosas é a trilha sonora. eu sou contra a música da Rihanna naquela cena do mercado. é muito legal quando a música toca pela segunda vez, mas perde um pouco o impacto por já ter aparecido antes no filme. os personagens não podiam encontrar o amor num lugar sem esperanças ouvindo outra música qualquer? além disso, a música do Bruce Springsteen naquele contexto é redundante demais, apesar de que eu achei aquela cena bem bonita - eu me importei com os sonhos da Star, e acho que a Andrea Arnold se importa também. é lindo quando toca Fade Into You.
por um bom tempo, parece ser um filme frio e cínico, apesar de mais inventivo do que qualquer outro. lá pela metade, a história dá uma virada e tudo muda: um monte de sentimento escondido vem à tona. surge um contraste interessante entre aquilo que os personagens mostram e aquilo que deixam transparecer, porque toda essa emoção continua sendo dissimulada, mas passa a ser sentida com muita intensidade. acho que antes de tudo é um filme muito romântico e triste. eu já gostaria do filme só por isso, que bom que ainda tem a construção perfeita de uma sociedade interessante em cada detalhe, que funciona tanto enquanto alegoria como enquanto pura diversão.
o Apichatpong dobrou o tempo e criou um espaço onde passado e presente convivem. o resultado é uma meditação tão relaxante quanto instigante em que o sobrenatural é coisa cotidiana. devagar e silenciosamente, é um filme que arrebata. dava pra passar horas assistindo as luzes de neon mudarem de cor.
o Denzel Washington com certeza respeita muito o texto do August Wilson, que é realmente incrível - um retrato de um homem e sua família que consegue ser sobre um quintal e sobre todo um país ao mesmo tempo. é bonita a reverência com que ele transforma esse texto em cinema.
filme bonitinho, mas gostava mais quando eles eram uma banda new wave inspirada pelo Depeche Mode e pelo Duran Duran. depois disso, a história vai perdendo o ritmo e as músicas vão perdendo a graça. a maior parte dos conflitos não tem peso nenhum, os personagens se revoltam contra coisas que o público não sente, então a rebeldia que é tema de algumas músicas não parece sincera. não consigo imaginar um jeito pior de terminar o seu filme do que com Maroon 5 e efeitos especiais baratos.
maior que o primeiro filme em todos os sentidos, inclusive acrescentando uma trama bem mais complexa que a história original. isso não atrapalha, porque vem junto a criação de um submundo do crime que é tão interessante quanto divertido. além disso, é raro ver um blockbuster tão preocupado com imagem e coerência espacial nessas cenas de ação tão bem filmadas.
que baita filme denso, complexo e triste sobre o maior amor de todos. a história quase toda se passa em Bucareste, e os personagens sempre falam em ir conhecer os pontos turísticos da cidade, mas eles nunca vão - só passam por lugares muito ricos, iguais em qualquer canto do mundo, e lugares muito pobres, explorados e abandonados pelas mesmas empresas multinacionais que também acabam com o senso de humor da protagonista. a Maren Ade tem bastante consciência dos montes de significado que coloca em cada cena e se permite brincar com isso. quase 3 horas que passam voando.
quase um aulão de revisão - uma tentativa de contar a história de uma nação em menos de 2 horas. é admirável o tanto de informação que cabe nesse filme, mesmo que algumas coisas sejam óbvias ou tratadas de forma superficial. a Ava DuVernay às vezes faz escolhas ruins, como os ângulos desnecessariamente diferentes pra filmar os entrevistados e as montagens musicais copiadas de Chi-raq. mas ela compensa com a quantidade de imagens históricas marcantes e com alguns momentos incríveis, tipo aquela cena em homenagem ao Donald Trump. de qualquer forma, é um prazer assistir tanta gente boa falando sobre um assunto tão interessante. ainda bem que esse filme existe, e tomara que mais gente assista. o Brasil tem muitos problemas parecidos.
achei muito ruim a atuação da Natalie Portman, pura imitação superficial cheia de tiques e maneirismos. talvez tenha sido intencional, mas é uma distração em um filme que, de resto, eu achei sensacional. que bom ver o Pablo Larraín fazendo um filme esteticamente bonito e controlado pra variar, mas sem deixar de ter uma concepção visual interessante e interessada em experimentar. baita trilha sonora exagerada e barulhenta da Mica Levi.
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista Agoranão sei se é normal eu virar fã do lars von trier a essa altura da vida. o artista/assassino faz a autocrítica pra todo mundo ver e é traumatizante, patético de tão cruel, muito pedante, meio hilário. mexeu com meu corpo. amei demais?
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraUm racista estúpido se redime num passe de mágica e começa a defender um negro genial e sofisticado, que só existe nessa história pra ser vítima.
Repete à exaustão uma única ideia simplista sobre racismo - parece que está tentando ensinar um membro da Ku Klux Klan que "somos todos iguais" - e ainda executa essa premissa ofensiva da forma mais óbvia e cafona possível.
O filme foi tratado como uma comédia, mas é uma sucessão de cenas previsíveis de discriminação. É pra rir disso?
A esposa do Tony Lip mostra, na cena dos copos, não ser racista que nem ele. Se eles vivem no mesmo contexto, por quê? Claro que a personagem é muito mal desenvolvida, mas o que isso quer dizer no filme? Que ela é do bem? Racismo não é uma questão cultural, mas moral? Então por que é perdoável que o Tony Lip seja racista?
O tratamento da homossexualidade do Don Shirley seria conservador pra um filme de 30 anos atrás, rola um apagamento mesmo. Mas o mais estranho é que o Tony Lip, um cara preconceituoso, aceita que o amigo seja gay. O que isso quer dizer? Que existia racismo na Nova Iorque cosmopolita dos anos 60, mas não existia homofobia? Que homofobia é passar dos limites, mas racismo é aceitável?
Me deixou com várias questões na cabeça, que o filme não sabe responder ou não tem interesse nisso, mas ficou claro pra mim que esse roteiro não tem nada a dizer.
Western
3.5 15 Assista Agorahomens sendo homens só que no país dos outros. muito claro nas suas intenções mas opaco na forma como as executa. não liguei muito.
A Rota Selvagem
3.7 73 Assista Agoraextremamente fofo, absurdamente triste e suficientemente sofisticado. chloë sevigny e steve buscemi juntos é muito mais do que eu mereço.
Shirkers - O Filme Roubado
4.1 45 Assista Agoraretrato bonito da dor e a delícia de se reunir todos os seus amigos no mesmo rolê, e aquela tristeza que dá a saudade de ser jovem descolado. pouco ousado pra uma artista que parecia ser 100% livre nos anos 90, mas essa história é interessante d+ pra mim
O Ódio que Você Semeia
4.3 457tipo uma novela bem intencionada e tudo é tão tão didático e explícito e as tragédias se acumulam sem parar. parece que quer tratar de todo o racismo do mundo, mas admirei que não pega leve com o tema - fiquei feliz que esse filme existe. alguma coisa certa ele fez, porque fiquei exausto de tão triste.
Tempestades D'Alma
4.0 26Um melodrama bem desconfortável de se assistir nesses últimos dias de 2018, mas acho que ele ganha força com isso - em outro contexto a maldade dos personagens pareceria exagerada demais. Os nazistas são um alvo fácil hoje em dia, na época acho que não, e mesmo assim é o raro filme que me fez repensar minhas posições políticas. É incrível que essa história tenha sido produzida e lançada antes do fim da 2ª Guerra, e isso traz uma das coisas mais fortes do filme, aquela sensação de que aquele problema não foi resolvido ainda. A resistência modesta dos personagens é linda.
A Última Tentação de Cristo
4.0 296 Assista AgoraSó percebi que era pecado assistir esse filme no natal quando já era tarde demais.
Sem Fôlego
3.0 76 Assista AgoraNão me lembro de ter visto um filme infantil tão radical assim. Talvez por isso que tenha sido meio ignorado, porque é um filme que não tem público-alvo, ou talvez o público-alvo seja só eu. Já perdi o fôlego no começo, com o ritmo incessante e hipnótico que surge a partir da justaposição daquelas duas histórias aparentemente não relacionadas - eu sabia o que esperar, mas sempre me surpreendia mesmo assim. Que nem Carol, é uma junção de três grandes artistas do cinema americano (Haynes, Burwell, Lachman) fazendo o trabalho da vida deles e criando uma experiência linda de som e imagens. A narrativa atrapalha um pouco, com suas explicações e coincidências, e é meio difícil compartilhar de todo o fascínio que o filme tem por aqueles museus. Mas vale a pena. Só a presença da Julianne Moore ali em 1977 já me emocionou, então não deu pra resistir ao ato final.
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraTecnicamente impressionante, mas sem vida e sem graça. Nenhum cineasta me presenteou com tantas horas do mais profundo tédio quanto Ridley Scott.
Levada da Breca
4.0 165Não tem o que não gostar: Katharine Hepburn totalmente levada da breca, Cary Grant mais abobado do que nunca, um leopardo brasileiro chamado Baby, altas confusões. Esse filme é aquele sorriso involuntário que surge quando se lembra de uma aventura qualquer da juventude.
Olympia - Parte 1: Ídolos do Estádio
4.1 19 Assista AgoraOlimpíadas são legais demais e, só por isso, esse filme é legal demais. A Leni Riefenstahl é claramente fascinada pelo movimento dos corpos e o olhar dela influencia como se enxerga o esporte até hoje. Tão interessantes quanto isso são as questões geopolíticas que o filme inevitavelmente suscita, inclusive questões de raça mencionadas explicitamente pelo comentarista. É bastante incômodo como todos esses países aceitaram participar de um evento promovido por um dos maiores genocidas da história, mas o filme faz com que isso seja bonito, porque celebra a reunião dos povos e as conquistas de todos eles. É um retrato tão generoso das vitórias dos outros que eu tinha que lembrar a mim mesmo de tempos em tempos que esse filme não é confiável, que é enviesado, que é propaganda nazista. É a primeira vez que eu vejo um filme dos anos 30 mostrando os negros conquistando coisas sob uma luz positiva. Estranho que seja o mesmo filme que mostra Adolf Hitler conquistando coisas sob uma luz positiva. O mundo é um lugar difícil de entender.
Além das Palavras
3.5 44 Assista Agoracomo era de se esperar do Terence Davies, é um filme com sequências incríveis. mas o que mais impressiona mesmo é o roteiro, que mostra um domínio surpreendente da língua inglesa, coisa de mestre mesmo.
apesar disso, é frustrante a falta da musicalidade e beleza em comparação com os últimos trabalhos do diretor. talvez seja o próprio formato da biografia, de que o filme não consegue fugir muito, narrando uma sucessão de episódios de uma vida inteira. ou talvez seja uma história muito difícil de se adaptar mesmo, por ser sobre uma personagem tão enclausurada, com conflitos tão internos.
o problema é que eu sinto falta de lirismo. isso pode parecer contraditório em uma história sobre poesia, mas talvez tenha a ver com o tema: grande parte do filme é só texto.
Certas Mulheres
3.1 76 Assista Agoraas duas primeiras histórias são inteligentes, bem interpretadas e filmadas de um jeito bonito, mas não senti nada muito forte por elas. mesmo assim, acho que o poder cumulativo causado por esses dois retratos de mulheres no interior dos Estados Unidos é essencial pra força do que vem depois. aquela terceira história com as sensacionais Lily Gladstone e Kristen Stewart é não só o melhor momento do filme, mas um dos melhores momentos do cinema recente mesmo. um estudo de personagem tão quieto e tranquilo que parte seu coração e você nem percebe como isso aconteceu. é absurdamente triste e, mais do que tudo, é lindo.
Cameraperson
4.0 6 Assista Agoraimagens da interseção entre o individual e o histórico. a vida de uma pessoa é sobre a toda a humanidade também.
Docinho da América
3.5 215 Assista Agorabrancos de dreads: o filme.
um olhar de estrangeira nada sutil sobre os Estados Unidos. aquela kombi roda por quase 3 horas e não chega a lugar nenhum, mas é agradável essa viagem por situações, sensações e a fotografia quase experimental do Robbie Ryan.
umas das coisas mais curiosas é a trilha sonora. eu sou contra a música da Rihanna naquela cena do mercado. é muito legal quando a música toca pela segunda vez, mas perde um pouco o impacto por já ter aparecido antes no filme. os personagens não podiam encontrar o amor num lugar sem esperanças ouvindo outra música qualquer? além disso, a música do Bruce Springsteen naquele contexto é redundante demais, apesar de que eu achei aquela cena bem bonita - eu me importei com os sonhos da Star, e acho que a Andrea Arnold se importa também. é lindo quando toca Fade Into You.
O Lagosta
3.8 1,4K Assista Agorapor um bom tempo, parece ser um filme frio e cínico, apesar de mais inventivo do que qualquer outro. lá pela metade, a história dá uma virada e tudo muda: um monte de sentimento escondido vem à tona. surge um contraste interessante entre aquilo que os personagens mostram e aquilo que deixam transparecer, porque toda essa emoção continua sendo dissimulada, mas passa a ser sentida com muita intensidade. acho que antes de tudo é um filme muito romântico e triste. eu já gostaria do filme só por isso, que bom que ainda tem a construção perfeita de uma sociedade interessante em cada detalhe, que funciona tanto enquanto alegoria como enquanto pura diversão.
Cemitério do Esplendor
3.8 43o Apichatpong dobrou o tempo e criou um espaço onde passado e presente convivem. o resultado é uma meditação tão relaxante quanto instigante em que o sobrenatural é coisa cotidiana. devagar e silenciosamente, é um filme que arrebata. dava pra passar horas assistindo as luzes de neon mudarem de cor.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista Agorao Denzel Washington com certeza respeita muito o texto do August Wilson, que é realmente incrível - um retrato de um homem e sua família que consegue ser sobre um quintal e sobre todo um país ao mesmo tempo. é bonita a reverência com que ele transforma esse texto em cinema.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista Agorafilme bonitinho, mas gostava mais quando eles eram uma banda new wave inspirada pelo Depeche Mode e pelo Duran Duran. depois disso, a história vai perdendo o ritmo e as músicas vão perdendo a graça. a maior parte dos conflitos não tem peso nenhum, os personagens se revoltam contra coisas que o público não sente, então a rebeldia que é tema de algumas músicas não parece sincera. não consigo imaginar um jeito pior de terminar o seu filme do que com Maroon 5 e efeitos especiais baratos.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
3.9 1,1K Assista Agoramaior que o primeiro filme em todos os sentidos, inclusive acrescentando uma trama bem mais complexa que a história original. isso não atrapalha, porque vem junto a criação de um submundo do crime que é tão interessante quanto divertido. além disso, é raro ver um blockbuster tão preocupado com imagem e coerência espacial nessas cenas de ação tão bem filmadas.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista Agoraque baita filme denso, complexo e triste sobre o maior amor de todos. a história quase toda se passa em Bucareste, e os personagens sempre falam em ir conhecer os pontos turísticos da cidade, mas eles nunca vão - só passam por lugares muito ricos, iguais em qualquer canto do mundo, e lugares muito pobres, explorados e abandonados pelas mesmas empresas multinacionais que também acabam com o senso de humor da protagonista. a Maren Ade tem bastante consciência dos montes de significado que coloca em cada cena e se permite brincar com isso. quase 3 horas que passam voando.
A 13ª Emenda
4.6 354 Assista Agoraquase um aulão de revisão - uma tentativa de contar a história de uma nação em menos de 2 horas. é admirável o tanto de informação que cabe nesse filme, mesmo que algumas coisas sejam óbvias ou tratadas de forma superficial. a Ava DuVernay às vezes faz escolhas ruins, como os ângulos desnecessariamente diferentes pra filmar os entrevistados e as montagens musicais copiadas de Chi-raq. mas ela compensa com a quantidade de imagens históricas marcantes e com alguns momentos incríveis, tipo aquela cena em homenagem ao Donald Trump. de qualquer forma, é um prazer assistir tanta gente boa falando sobre um assunto tão interessante. ainda bem que esse filme existe, e tomara que mais gente assista. o Brasil tem muitos problemas parecidos.
Jackie
3.4 739 Assista Agoraachei muito ruim a atuação da Natalie Portman, pura imitação superficial cheia de tiques e maneirismos. talvez tenha sido intencional, mas é uma distração em um filme que, de resto, eu achei sensacional. que bom ver o Pablo Larraín fazendo um filme esteticamente bonito e controlado pra variar, mas sem deixar de ter uma concepção visual interessante e interessada em experimentar. baita trilha sonora exagerada e barulhenta da Mica Levi.