Nem é surpreendente numa era de Zamas e Bacuraus, mas mesmo assim eu fico bairristicamente orgulhoso que cinema assim esteja sendo feito na América do Sul. Não me conquistou totalmente, mas tem tudo ali, principalmente na forma como cria coisas novas a partir de referências claras. Lógico que um filme de gângsteres & povos tradicionais ia articular tradição, dinheiro e destruição. Viva o capitalismo.
Filme de homem: um tributo aos homens excepcionais e às amizades masculinas. Uma mediocridade bem feita perfeita pra ganhar prêmios por aí. Bastante eficiente, apesar do roteiro com muitas sacadinhas e obviedades e vilões de terno patéticos. Poderia ser mais instigante na hora que trata do processo, mas aquele clímax longo é bem envolvente e as cenas de corrida são massa.
O Scorsese refaz o próprio cinema sob uma nova perspectiva e causa uma implosão. Ele, De Niro, Pesci, Pacino e Schoonmaker, depois de velhos, finalmente conseguiram o dinheiro e a tecnologia pra voltarem a ser jovens, ou jovens e velhos ao mesmo tempo, uma vida inteira em cada rosto. Gente tão consciente da própria morte tentando dobrar o tempo dá nisso: o tempo pesa e o passar dos anos dói.
Adoro o Noah Baumbach desde que eu assisti A lula e a baleia, ou Greenberg, ou Frances Ha, sei lá. Isso me acompanha há alguns anos porque eu vejo minhas preferências, minhas referências e minha geração no ponto de vista dele. Fiquei feliz que ele contou esse processo doloroso a partir de detalhes, especificidades e momentinhos lindos.
Merece a polêmica toda, porque é um filme complicado mesmo - o que é um mérito, eu acho. Não sei se o que essa história tem a oferecer é só niilismo adolescente, porque é um filme meio confuso em relação ao ponto de vista, fora que pra mim é impossível gostar muito de alguma coisa tão cruel e repulsiva, sem nenhum humor pra compensar. Mas eu gosto quando vira um parquinho pro Joaquin Phoenix brincar.
A premissa menos sexy do mundo, mas pelo menos os figurinos são excelentes. Admirei a beleza estética que os diretores criam (muitas cenas à luz de velas!) e o distanciamento com que eles filmam tudo isso. É um filme de não-ficção que parece ficção e isso gera vários questionamentos, principalmente sobre a presença de uma equipe de filmagem nesse lugar e a diferença que isso causa nesses acontecimentos e na vida dessas pessoas. O filme não quer tratar disso aparentemente, mas foi a coisa que mais me chamou a atenção.
Fiquei bem surpreso. Parece mágica ver um blockbuster tão bem pensado e bem realizado e complexo e divertido e inteligente e tudo de bom. Se é pior que os outros eu não sei - é difícil avaliar uma coisa tão fofa.
O conceito de fazer um filme dedicado pra filhinha é mais lindo que apelativo - eu comprei totalmente e acabou comigo. É um milagre que essa filmagem toda exista e poder ver tudo isso é um privilégio muito triste. Meu deus do céu, a cena do bebê.
Romance com premissa de novela e cheio de momentinhos graciosos. É um filme bastante fofo e apaixonante, até que deixa de ser. Tanto a história quanto a protagonista são bem misteriosas e parecem esconder um monte de complexidade embaixo da superfície.
Muito a digerir: parece que não tem nada real ali, é só mensagem. Às vezes dá a impressão de ser só uma compilação de cenas desconexas. Mas são tão boas as cenas - é tudo tão intenso, próximo e físico. Senti na pele.
Apesar das ousadias estruturais, que trazem um ritmo frenético e vários significados novos pra essa história, achei que a Greta Gerwig se mostrou uma excelente autora de cinema clássico. Prefiro Lady Bird, que parece ser um filme bem mais pessoal, apesar das muitas semelhanças temáticas entre as duas protagonistas. De qualquer forma, gostei como ela saiu da zona de conforto e fez algo meio inesperado, antigo e moderno ao mesmo tempo.
Uma festa totalmente normal. É tão lindo quando eles dançam e são felizes que é uma pena que logo começam e a provocação barata e a crueldade de sempre. Mesmo assim eu vou ter que defender, porque é uma experiência física e estética sem igual, e é bastante engraçado também. É um filme ridículo e horrível. Acho que adorei.
irresistível na fofura infinita e na dor verdadeira das inseguranças expostas, até que fica tão meloso que não dá mais. além de ser assim tão formalmente básico e politicamente tímido.
me fez repensar a forma como eu encaro documentários sobre artistas. cansei um pouco desse monte de gente insistindo pra mim que alguém é genial. gosto muito mais de ver alguém sendo genial e tirar minhas próprias conclusões, ou que pelo menos o entrevistado faça uma análise mais crítica ou profunda sobre a obra do personagem.
baguncinha gostosa de onde surge um retrato da família tradicional em todas as suas violências. e aí me acertou que nem um skatista adolescente atropelando a quarta parede. pesadão.
me incomodou um pouco o jeitinho de série de tv, apesar de que gostei bastante da energia de primeiro filme com que essa história é filmada. o resultado é menos engraçado do que tenta ser e meio planejadinho demais pra chegar aonde chega, mas até que é um baita destino. melhor uso de rap em um filme desde... sempre?
não queria que esse filme acabasse. talvez seja meu viés favorável a histórias sobre famílias nova-iorquinas intelectuais privilegiadas, mas tudo aqui é tão bem pensado e tão bem sentido. a kayli carter é demais.
cinema tão controlado que parece incapaz de cometer qualquer erro. queria que as extravagâncias espetaculosas do nosso tempo fossem mais extravagantes e mais espetaculosas, queria que não tratassem de monstrengas catando pedrinhas, mas fazer o quê? é longo demais pra um episódio de série, e dá pra sentir muito a duração, mas é um filme bem feitinho, bem agradável e até animador. achei lindo as pessoas morrendo, tem que morrer mais gente nesses filmes.
queria lembrar melhor do filme original pra dar aquela comparada, mas percebi que esse tem mais historinha desnecessária, mais temas muito sérios e mais coreis pastéis. até admiro o esforço em transformar tanto essa história, mas traz um peso pra coisa toda que tira meu interesse. a gente espera demais pra tudo virar uma loucura total, e aí vira pra caralho, e parabéns por isso, mas é meio horrível também. de qualquer forma, é difícil odiar qualquer coisa com dakota johnson, uma tilda swinton tripla, essa trilha sonora do thom yorke e um balé assassino. é o filme menos sexy do luca guadagnino, e mesmo assim consideravelmente sexy.
me deixou indiferente no começo, talvez por achar estilizado demais. me pegou com o tempo e com muita insistência, principalmente por causa das cenas muito boas de performance. helena howard, molly parker e miranda july são um trio de atrizes inicrível.
a Juliette Binoche é tão obviamente linda e talentosa e mesmo assim passa pelo desespero e a ansiedade de se lidar com uma sucessão infinita de boys-lixo. daí a Claire Denis faz uma comedinha de costumes francesa sobre isso e é uma gostosura. tem uma sequência de autoajuda esotérica aqui que me emocionou de verdade, porque sou de peixes.
situar essa história no Japão traz alguns problemas que ele tenta solucionar de forma meio desajeitada com a personagem da Frances McDormand e de forma problematizável com a personagem da Greta Gerwig. é uma narrativa que se resolve meio fácil, mas todo Wes Anderson é um mundo onde eu quero me perder pra sempre, então adorei. fiquei feliz que ele tá mais sentimental/menos cínico do que o normal e ainda fez a crítica social foda direitinho.
Pássaros de Verão
4.0 77Nem é surpreendente numa era de Zamas e Bacuraus, mas mesmo assim eu fico bairristicamente orgulhoso que cinema assim esteja sendo feito na América do Sul. Não me conquistou totalmente, mas tem tudo ali, principalmente na forma como cria coisas novas a partir de referências claras. Lógico que um filme de gângsteres & povos tradicionais ia articular tradição, dinheiro e destruição. Viva o capitalismo.
Ford vs Ferrari
3.9 712 Assista AgoraFilme de homem: um tributo aos homens excepcionais e às amizades masculinas. Uma mediocridade bem feita perfeita pra ganhar prêmios por aí. Bastante eficiente, apesar do roteiro com muitas sacadinhas e obviedades e vilões de terno patéticos. Poderia ser mais instigante na hora que trata do processo, mas aquele clímax longo é bem envolvente e as cenas de corrida são massa.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraO Scorsese refaz o próprio cinema sob uma nova perspectiva e causa uma implosão. Ele, De Niro, Pesci, Pacino e Schoonmaker, depois de velhos, finalmente conseguiram o dinheiro e a tecnologia pra voltarem a ser jovens, ou jovens e velhos ao mesmo tempo, uma vida inteira em cada rosto. Gente tão consciente da própria morte tentando dobrar o tempo dá nisso: o tempo pesa e o passar dos anos dói.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraAdoro o Noah Baumbach desde que eu assisti A lula e a baleia, ou Greenberg, ou Frances Ha, sei lá. Isso me acompanha há alguns anos porque eu vejo minhas preferências, minhas referências e minha geração no ponto de vista dele. Fiquei feliz que ele contou esse processo doloroso a partir de detalhes, especificidades e momentinhos lindos.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraMerece a polêmica toda, porque é um filme complicado mesmo - o que é um mérito, eu acho. Não sei se o que essa história tem a oferecer é só niilismo adolescente, porque é um filme meio confuso em relação ao ponto de vista, fora que pra mim é impossível gostar muito de alguma coisa tão cruel e repulsiva, sem nenhum humor pra compensar. Mas eu gosto quando vira um parquinho pro Joaquin Phoenix brincar.
Honeyland
4.1 153A premissa menos sexy do mundo, mas pelo menos os figurinos são excelentes. Admirei a beleza estética que os diretores criam (muitas cenas à luz de velas!) e o distanciamento com que eles filmam tudo isso. É um filme de não-ficção que parece ficção e isso gera vários questionamentos, principalmente sobre a presença de uma equipe de filmagem nesse lugar e a diferença que isso causa nesses acontecimentos e na vida dessas pessoas. O filme não quer tratar disso aparentemente, mas foi a coisa que mais me chamou a atenção.
Toy Story 4
4.1 1,4K Assista AgoraFiquei bem surpreso. Parece mágica ver um blockbuster tão bem pensado e bem realizado e complexo e divertido e inteligente e tudo de bom. Se é pior que os outros eu não sei - é difícil avaliar uma coisa tão fofa.
Para Sama
4.4 109O conceito de fazer um filme dedicado pra filhinha é mais lindo que apelativo - eu comprei totalmente e acabou comigo. É um milagre que essa filmagem toda exista e poder ver tudo isso é um privilégio muito triste. Meu deus do céu, a cena do bebê.
Asako I & II
3.5 28Romance com premissa de novela e cheio de momentinhos graciosos. É um filme bastante fofo e apaixonante, até que deixa de ser. Tanto a história quanto a protagonista são bem misteriosas e parecem esconder um monte de complexidade embaixo da superfície.
Sinônimos
3.4 50 Assista AgoraMuito a digerir: parece que não tem nada real ali, é só mensagem. Às vezes dá a impressão de ser só uma compilação de cenas desconexas. Mas são tão boas as cenas - é tudo tão intenso, próximo e físico. Senti na pele.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraApesar das ousadias estruturais, que trazem um ritmo frenético e vários significados novos pra essa história, achei que a Greta Gerwig se mostrou uma excelente autora de cinema clássico. Prefiro Lady Bird, que parece ser um filme bem mais pessoal, apesar das muitas semelhanças temáticas entre as duas protagonistas. De qualquer forma, gostei como ela saiu da zona de conforto e fez algo meio inesperado, antigo e moderno ao mesmo tempo.
Sinônimos
3.4 50 Assista Agoradedo no cu e gritaria
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraUma festa totalmente normal. É tão lindo quando eles dançam e são felizes que é uma pena que logo começam e a provocação barata e a crueldade de sempre. Mesmo assim eu vou ter que defender, porque é uma experiência física e estética sem igual, e é bastante engraçado também. É um filme ridículo e horrível. Acho que adorei.
Fred Rogers: O Padrinho da Criançada
4.3 43irresistível na fofura infinita e na dor verdadeira das inseguranças expostas, até que fica tão meloso que não dá mais. além de ser assim tão formalmente básico e politicamente tímido.
me fez repensar a forma como eu encaro documentários sobre artistas. cansei um pouco desse monte de gente insistindo pra mim que alguém é genial. gosto muito mais de ver alguém sendo genial e tirar minhas próprias conclusões, ou que pelo menos o entrevistado faça uma análise mais crítica ou profunda sobre a obra do personagem.
Minding the Gap
4.1 73baguncinha gostosa de onde surge um retrato da família tradicional em todas as suas violências. e aí me acertou que nem um skatista adolescente atropelando a quarta parede. pesadão.
Ponto Cego
4.0 142 Assista Agorame incomodou um pouco o jeitinho de série de tv, apesar de que gostei bastante da energia de primeiro filme com que essa história é filmada. o resultado é menos engraçado do que tenta ser e meio planejadinho demais pra chegar aonde chega, mas até que é um baita destino. melhor uso de rap em um filme desde... sempre?
Mais Uma Chance
3.5 98 Assista Agoranão queria que esse filme acabasse. talvez seja meu viés favorável a histórias sobre famílias nova-iorquinas intelectuais privilegiadas, mas tudo aqui é tão bem pensado e tão bem sentido. a kayli carter é demais.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista Agoracinema tão controlado que parece incapaz de cometer qualquer erro. queria que as extravagâncias espetaculosas do nosso tempo fossem mais extravagantes e mais espetaculosas, queria que não tratassem de monstrengas catando pedrinhas, mas fazer o quê? é longo demais pra um episódio de série, e dá pra sentir muito a duração, mas é um filme bem feitinho, bem agradável e até animador. achei lindo as pessoas morrendo, tem que morrer mais gente nesses filmes.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista Agoraqueria lembrar melhor do filme original pra dar aquela comparada, mas percebi que esse tem mais historinha desnecessária, mais temas muito sérios e mais coreis pastéis. até admiro o esforço em transformar tanto essa história, mas traz um peso pra coisa toda que tira meu interesse. a gente espera demais pra tudo virar uma loucura total, e aí vira pra caralho, e parabéns por isso, mas é meio horrível também. de qualquer forma, é difícil odiar qualquer coisa com dakota johnson, uma tilda swinton tripla, essa trilha sonora do thom yorke e um balé assassino. é o filme menos sexy do luca guadagnino, e mesmo assim consideravelmente sexy.
Lazzaro Felice
4.1 217 Assista Agorafábula perdida no tempo que atravessa os anos e chega no sublime pra contar a história de um personagem cujo cheiro ninguém nunca sentiu: o homem bom.
A Madeline de Madeline
3.2 17me deixou indiferente no começo, talvez por achar estilizado demais. me pegou com o tempo e com muita insistência, principalmente por causa das cenas muito boas de performance. helena howard, molly parker e miranda july são um trio de atrizes inicrível.
Deixe a Luz do Sol Entrar
3.0 73a Juliette Binoche é tão obviamente linda e talentosa e mesmo assim passa pelo desespero e a ansiedade de se lidar com uma sucessão infinita de boys-lixo. daí a Claire Denis faz uma comedinha de costumes francesa sobre isso e é uma gostosura. tem uma sequência de autoajuda esotérica aqui que me emocionou de verdade, porque sou de peixes.
Ilha dos Cachorros
4.2 655 Assista Agorasituar essa história no Japão traz alguns problemas que ele tenta solucionar de forma meio desajeitada com a personagem da Frances McDormand e de forma problematizável com a personagem da Greta Gerwig. é uma narrativa que se resolve meio fácil, mas todo Wes Anderson é um mundo onde eu quero me perder pra sempre, então adorei. fiquei feliz que ele tá mais sentimental/menos cínico do que o normal e ainda fez a crítica social foda direitinho.
A Morte de Stalin
3.6 134 Assista Agoraditadura & curtição