O que dizer de um filme que surpreende e se reinventa em tantos pontos? Somos levados, no começo, a pensar que "Sedução" se trata de um filme sobre a relação passional entre uma professora de nado e suas alunas, ou sua aluna, Di, sua favorita até então. No entanto, a película sofre uma reviravolta com a chegada de Fiamma que passa a encantar Mrs. G, professora das alunas. Esta passa fazer de tudo para alcançar o amor da espanhola recém chegada que resiste. O que Mrs. G vê em Fiamma no entanto não é nada mais que seu próprio reflexo. O espírito transgressor da estrangeira inquieta tanto a professora porque através dele ela se torna capaz de encontrar a si mesma no passado. As cenas finais deixam claro que o amor delirante da mestra por Fiamma nada mais era que puro egocentrismo, carregado de loucura. Loucura. Os gregos já sabiam: o amor, no final das contas, é a mais perigosa das loucuras. "Cracks" mostra muito bem isso.
Mesmo repetindo as mesmas fórmulas em quase todos os filmes, Chaplin não deixa de ser genial à sua maneira e necessário. Filmes como O Circo sintetizam sua criatividade e expõem muito bem a dinâmica de suas realizações. O amor gratuito tão presente em seus filmes parece ter se perdido no cinema dramático e cruel da atualidade. A ficção de Chaplin comove e diverte aos públicos mais diversos, é uma gota de afago em um oceano de dor, represado por trás do bigode e do chapéu.
A casa somos nós ou é o mundo? É com muita sensibilidade que, através do diálogo de um casal, que não aparece em momento algum do filme, o cineasta português, Manoel de Oliveira, conta parte da história da casa que lhe pertenceu, onde passou a maior parte de sua vida. A outra parte dessa história quem conta é o próprio diretor através de depoimentos agudíssimos, nos quais mostra a beleza que pode conter as palavras no cinema. A casa de um lado são seus objetos, sua mobília, sua tintura, sua arquitetura, percebidos pelo casal que não conhece o espírito que lá habita. Por outro lado a casa é o próprio Manoel, espírito que, mesmo depois de perdê-la ainda habita-a com sua presença deixada. Um filme sensível ao extremo que coloca diante do espectador a efemeridade e a eternidade. A magnólia: estrela apagada na noite ainda está lá para provar que a vida segue, tudo se renova. O filme sobre a magnólia: estrela viva no cinema está lá para provar que a vida segue, mas, sendo insuficiente às almas atormentadas dos homens, se transforma em arte e se eterniza de alguma forma.
Acredito que o grande mérito do filme seja apresentar de maneira leve e honesta as grandes contradições do comunismo e da individualidade pura. Através dos olhos de uma criança somos levados a refletir sobre o absurdo do egocentrismo e do altruísmo exacerbados. "Somos ovelhas ou temos espírito do equipe?", religião: alienação ou introspecção e comunhão necessária aos homens? Temas profundos tratados de maneira encantadora e levados ao extremo da inocência para tentar nos devolver a lucidez em relação a assuntos que acabam se tornando fins em si mesmos, como o comunismo, como a religião, nossos desejos e aspirações;
Uma trama fantástica. Sobrepõe de tal maneira fatos do passado e presente de modo que somente aos poucos o espectador vai tomando consciência do que se passa na vida de Nathan e Sofia. Tal consciência se dá em um crescendo. À medida em que as personagens vão se revelando, a tragédia, no sentido grego do termo, se viabiliza cada vez mais até ser de fato consumada. Pontencial dramático incrível muito bem explorado através de um roteiro poderoso. A história de duas loucuras que se entrecruzam e buscam um horizonte para continuar acreditando na inevitabilidade da vida.
Acho perfeitamente plausível que o metrô esteja presente do começo ao fim do filme, perpassando-o em seus momentos de maior tensão. Assim como as relações de Brandon, interpretado magistralmente por Michael Fassbender, o metrô é o espaço do efêmero, onde não há tempo senão para breves olhares e fugazes pensamentos. É o que vive o protagonista de "Shame", buscando no sexo uma compensação para sua intermitente angústia. A completa descrença de Brandon em relacionamentos duradouros é dada em uma das cenas centrais do filme quando janta com sua colega de serviço. "Para que os homens se dão a esse trabalho se depois de um tempo se tornarão indiferentes uns aos outros?", "Talvez porque já estão unidos", responde sua colega. A necessidade da criação de vínculos é intrínseca ao ser humano, fugir dela em busca de um isolamento heroico ou estúpido só faz acentuar ainda mais o sofrimento da existência. Com uma montagem surpreendente e com silêncios que falam profundamente a espectador, McQueen cria um drama interior surpreendente sobre (talvez) o medo de amar ou a triste incapacidade desse ato. Talvez as duas coisas.
História habilmente enredada em um filme delicioso e envolvente. "Campo Grande" é uma história sobre a capacidade, ou a falta dela, de amar. Uma mãe, preparada para deixar a casa em que morava devido a separação de seu marido, não consegue chegar à filha, sequer à empregada do lar. O que Regina, papel sustentado sem pontos baixos por Carla Ribas, faria então ao se deparar com duas crianças abandonadas, por uma desconhecida, aos seus cuidados? O desafio do amor gratuito é posto. Seria ela, seríamos nós, capazes de praticá-lo?
O cinema, como linguagem, possui recursos próprios para transmitir sua mensagem e dar forma à mesma. Certamente tais recursos não são exatamente os mesmos que dispõe a literatura. Ao reler, pelas lentes da câmera, o clássico Vidas Secas de Graciliano Ramos, o Sr. Nelson Pereira dos Santos parece ter compreendido e levado muito a sério essa premissa. Em uma primeira análise, comparativa, fica claro como o diretor soube levar com sucesso o texto de Graciliano à tela. A incomunicabilidade e animalização do homem sertanejo ficou muito bem expressa no filme que conta com fotografia e montagem dignas do tamanho da obra que adapta. Aos que reclamam da mixagem de som e atuações, é preciso perceber que, em todas as épocas do cinema, e em cada lugar que essa arte se manifesta, a interpretação dos atores possui um estilo. O anacronismo não deve, até mesmo por ser tolo, atrapalhar o deleite com o filme. Uma grande realização, interessantíssima tanto para os amantes de cinema, quanto para os amantes de literatura que farão um exercício interessante assistindo o filme acompanhando a narração de Nelson e comparando-a com a do mestre alagoano.
Quando fazemos arte, ou seja, damos forma a certa substância, muitas vezes ficamos aquém do pretendido. Parece ser esse o caso de Ponto Zero. Quanto às técnicas cinematográficas, fotografia, montagem, mixagem de som, a película é notável e destaque entre suas contemporâneas no cinema nacional. A linguagem metafórica do filme que busca, através da incomunicabilidade, comunicar a dor e solidão de seus personagens, é belíssima porém, em certos momentos dá sinal de não ser suficiente para expressar o desejado e em outros o faz de maneira tão clara que a subjetividade e poder de sugestão da arte parecem subestimados. O exagero em algumas cenas, como a do ônibus e algumas na rádio, e o diálogo, algumas vezes, pouco natural, são pecados de Ponto Zero que, apesar de tudo, é um grande filme e leva o espectador a refletir sobre a incomunicabilidade entre os homens e o microcosmo que cada um deles carrega consigo. Estamos tão perto uns dos outros, a dois palmos, mas esses dois palmos, parecem dois mil quilômetros.
Estou, definitivamente, consternado com alguns comentários que li aqui. No entanto não tenho o intuito de rebatê-los, uma vez que cada indivíduo tem o direito de se expressar de acordo com seus próprios preceitos. Babel fecha a trilogia de Iñarritu com chave de ouro. Amores Perros foi para mim uma fantástica experiência e talvez seja o mais sensível dos três, entretanto Babel foi o que mais me causou epifania. O que existe é a incomunicabilidade, o ser humano é um microcosmo, um universo que existe por e para si mesmo. A convivência de uma quantidade demasiada de universos causa uma colisão, gera o caos. Não haveria título mais sintetizante do que o que foi dado à película.
Babel. A incomunicabilidade. A interdependência. A intolerância.
Uma ideia fantástica para um documentário, porém insisto em criticá-lo no sentido de sua execução. Acredito que se quedaria muito melhor com uma dinâmica mais intensa e encaixes entre as entrevistas. Me lembro de um trecho interessante do Sarney, "Meu avô, quando fui eleito para a Academia soltou foguetes e perguntaram a ele o que era isso, ele disse: 'Não sei, mas é coisa grande'".
No começo achei que o filme em nada me surpreenderia. Fui enganado. É um filme deveras emocionante para quem acompanha desde pequeno os X-Men. Sem dúvidas o melhor da franquia até agora!
Uma experiência fantástica viajar sobre o Brasil de 60-80. Um documentário guiado mais pela emoção que pela informação. Valeu a pena por ver Nara e Maria cantando Carcará e pelos créditos que tem It's a Long Way ♥
Uma grande decepção. Uma boa ideia, porém com um roteiro péssimo. Cheio de clichês e falas terrivelmente mal elaboradas. Arnaldo Jabor me parece que tenta ser Nelson Rodrigues, mas em "A Suprema Felicidade" (Ou A Suprema Chatice) só consegue se igualar a Paulo Coelho em termos literários. Depois de ver "Toda Nudez Será Castigada" criei expectativas com Jabor. Todas frustradas com esse filme. Espero que Arnaldo suba em meu conceito nos próximos filmes seus que pretendo ver. Marco Nanini, entretanto, conseguiu uma excelente atuação em meio a outras duvidosas. Ver Marco atuando acaba salvando o filme do fracasso total.
Uma adaptação ótima para a segunda melhor peça de Nelson Rodrigues. Super fiel ao livro e com grandes atuações. Lançado durante a Ditadura, foi censurado, porém mesmo assim deve de ser liberado devido ao grande sucesso. A arte vencendo sempre as barreiras políticas ♥ Parabéns Jabor, foi-se o tempo em que representava politicamente o Brasil.
Assisti para ver a atuação da Sandra Coverloni. Foi uma boa atuação, mas nada que ma faça considerá-la uma das melhores da atualidade. Aliás, ela mal apareceu no filme. Destaque para o enredo entrelaçado, como uma colcha de retalhos. As histórias individuais seguem caminhos diferentes, e no final cada um consegue se desprender daquilo que os aprisionava e encontram um caminho a ser seguido. O bebê de Cleusa nasce, simbolizando o início de uma nova era na vida dos personagens.
É óbvio que adaptar um livro de mil páginas para um filme de duas horas não é uma tarefa simples e é igualmente óbvio que muitos detalhes e passagens seriam deixados para trás. Porém, apesar de tudo, foi um filme incrível. Uma fotografia maravilhosa e uma trilha sonora fantástica. Me emocionei muito com o filme, e acho que essa é uma das funções do cinema e da arte em geral. Quatro estrelas, três pelo filme e uma para a Fernanda que merece uma só pra ela ♥
Acho extremamente redutivo escrever um livro ou fazer um filme a partir do sucesso de um. Quando isso acontece, geralmente, o original já é triste, imaginem as cópias. Não sei se o que mais me incomodou no filme foi a clara "inspiração", quase que uma cópia completa, de O Código Da Vinci, ou então as atuações mais que péssimas. A edição é horrível, o roteiro, triste. Posso estar cometendo um anacronismo grande, mas me arrisco a dizer que os textos bíblicos originais não estariam conservados da forma como aparece no filme. Um abraço para a Sophie Nouveau e Robert Langdon alemães. Vocês, nunca mais!
O grande destaque dos filmes são as atuações. Apesar de Meryl brilhar como sempre, achei que acabou um pouco ofuscada por Julia, que teve uma atuação brilhante. Um ótimo roteiro, porém com muitas bifurcações. Quatro estrelas.
Sedução
3.6 567O que dizer de um filme que surpreende e se reinventa em tantos pontos? Somos levados, no começo, a pensar que "Sedução" se trata de um filme sobre a relação passional entre uma professora de nado e suas alunas, ou sua aluna, Di, sua favorita até então. No entanto, a película sofre uma reviravolta com a chegada de Fiamma que passa a encantar Mrs. G, professora das alunas. Esta passa fazer de tudo para alcançar o amor da espanhola recém chegada que resiste. O que Mrs. G vê em Fiamma no entanto não é nada mais que seu próprio reflexo. O espírito transgressor da estrangeira inquieta tanto a professora porque através dele ela se torna capaz de encontrar a si mesma no passado. As cenas finais deixam claro que o amor delirante da mestra por Fiamma nada mais era que puro egocentrismo, carregado de loucura. Loucura. Os gregos já sabiam: o amor, no final das contas, é a mais perigosa das loucuras. "Cracks" mostra muito bem isso.
O Circo
4.4 227 Assista AgoraMesmo repetindo as mesmas fórmulas em quase todos os filmes, Chaplin não deixa de ser genial à sua maneira e necessário. Filmes como O Circo sintetizam sua criatividade e expõem muito bem a dinâmica de suas realizações. O amor gratuito tão presente em seus filmes parece ter se perdido no cinema dramático e cruel da atualidade. A ficção de Chaplin comove e diverte aos públicos mais diversos, é uma gota de afago em um oceano de dor, represado por trás do bigode e do chapéu.
Visita ou Memórias e Confissões
4.1 7A casa somos nós ou é o mundo? É com muita sensibilidade que, através do diálogo de um casal, que não aparece em momento algum do filme, o cineasta português, Manoel de Oliveira, conta parte da história da casa que lhe pertenceu, onde passou a maior parte de sua vida. A outra parte dessa história quem conta é o próprio diretor através de depoimentos agudíssimos, nos quais mostra a beleza que pode conter as palavras no cinema. A casa de um lado são seus objetos, sua mobília, sua tintura, sua arquitetura, percebidos pelo casal que não conhece o espírito que lá habita. Por outro lado a casa é o próprio Manoel, espírito que, mesmo depois de perdê-la ainda habita-a com sua presença deixada. Um filme sensível ao extremo que coloca diante do espectador a efemeridade e a eternidade. A magnólia: estrela apagada na noite ainda está lá para provar que a vida segue, tudo se renova. O filme sobre a magnólia: estrela viva no cinema está lá para provar que a vida segue, mas, sendo insuficiente às almas atormentadas dos homens, se transforma em arte e se eterniza de alguma forma.
A Culpa é do Fidel
4.3 304Acredito que o grande mérito do filme seja apresentar de maneira leve e honesta as grandes contradições do comunismo e da individualidade pura. Através dos olhos de uma criança somos levados a refletir sobre o absurdo do egocentrismo e do altruísmo exacerbados. "Somos ovelhas ou temos espírito do equipe?", religião: alienação ou introspecção e comunhão necessária aos homens? Temas profundos tratados de maneira encantadora e levados ao extremo da inocência para tentar nos devolver a lucidez em relação a assuntos que acabam se tornando fins em si mesmos, como o comunismo, como a religião, nossos desejos e aspirações;
A Escolha de Sofia
4.0 514 Assista AgoraUma trama fantástica. Sobrepõe de tal maneira fatos do passado e presente de modo que somente aos poucos o espectador vai tomando consciência do que se passa na vida de Nathan e Sofia. Tal consciência se dá em um crescendo. À medida em que as personagens vão se revelando, a tragédia, no sentido grego do termo, se viabiliza cada vez mais até ser de fato consumada. Pontencial dramático incrível muito bem explorado através de um roteiro poderoso. A história de duas loucuras que se entrecruzam e buscam um horizonte para continuar acreditando na inevitabilidade da vida.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraAcho perfeitamente plausível que o metrô esteja presente do começo ao fim do filme, perpassando-o em seus momentos de maior tensão. Assim como as relações de Brandon, interpretado magistralmente por Michael Fassbender, o metrô é o espaço do efêmero, onde não há tempo senão para breves olhares e fugazes pensamentos. É o que vive o protagonista de "Shame", buscando no sexo uma compensação para sua intermitente angústia. A completa descrença de Brandon em relacionamentos duradouros é dada em uma das cenas centrais do filme quando janta com sua colega de serviço. "Para que os homens se dão a esse trabalho se depois de um tempo se tornarão indiferentes uns aos outros?", "Talvez porque já estão unidos", responde sua colega. A necessidade da criação de vínculos é intrínseca ao ser humano, fugir dela em busca de um isolamento heroico ou estúpido só faz acentuar ainda mais o sofrimento da existência. Com uma montagem surpreendente e com silêncios que falam profundamente a espectador, McQueen cria um drama interior surpreendente sobre (talvez) o medo de amar ou a triste incapacidade desse ato. Talvez as duas coisas.
Campo Grande
3.4 45História habilmente enredada em um filme delicioso e envolvente. "Campo Grande" é uma história sobre a capacidade, ou a falta dela, de amar. Uma mãe, preparada para deixar a casa em que morava devido a separação de seu marido, não consegue chegar à filha, sequer à empregada do lar. O que Regina, papel sustentado sem pontos baixos por Carla Ribas, faria então ao se deparar com duas crianças abandonadas, por uma desconhecida, aos seus cuidados? O desafio do amor gratuito é posto. Seria ela, seríamos nós, capazes de praticá-lo?
Vidas Secas
3.9 277O cinema, como linguagem, possui recursos próprios para transmitir sua mensagem e dar forma à mesma. Certamente tais recursos não são exatamente os mesmos que dispõe a literatura. Ao reler, pelas lentes da câmera, o clássico Vidas Secas de Graciliano Ramos, o Sr. Nelson Pereira dos Santos parece ter compreendido e levado muito a sério essa premissa. Em uma primeira análise, comparativa, fica claro como o diretor soube levar com sucesso o texto de Graciliano à tela. A incomunicabilidade e animalização do homem sertanejo ficou muito bem expressa no filme que conta com fotografia e montagem dignas do tamanho da obra que adapta. Aos que reclamam da mixagem de som e atuações, é preciso perceber que, em todas as épocas do cinema, e em cada lugar que essa arte se manifesta, a interpretação dos atores possui um estilo. O anacronismo não deve, até mesmo por ser tolo, atrapalhar o deleite com o filme. Uma grande realização, interessantíssima tanto para os amantes de cinema, quanto para os amantes de literatura que farão um exercício interessante assistindo o filme acompanhando a narração de Nelson e comparando-a com a do mestre alagoano.
Ponto Zero
3.3 45Quando fazemos arte, ou seja, damos forma a certa substância, muitas vezes ficamos aquém do pretendido. Parece ser esse o caso de Ponto Zero. Quanto às técnicas cinematográficas, fotografia, montagem, mixagem de som, a película é notável e destaque entre suas contemporâneas no cinema nacional. A linguagem metafórica do filme que busca, através da incomunicabilidade, comunicar a dor e solidão de seus personagens, é belíssima porém, em certos momentos dá sinal de não ser suficiente para expressar o desejado e em outros o faz de maneira tão clara que a subjetividade e poder de sugestão da arte parecem subestimados. O exagero em algumas cenas, como a do ônibus e algumas na rádio, e o diálogo, algumas vezes, pouco natural, são pecados de Ponto Zero que, apesar de tudo, é um grande filme e leva o espectador a refletir sobre a incomunicabilidade entre os homens e o microcosmo que cada um deles carrega consigo. Estamos tão perto uns dos outros, a dois palmos, mas esses dois palmos, parecem dois mil quilômetros.
Babel
3.9 996 Assista AgoraEstou, definitivamente, consternado com alguns comentários que li aqui. No entanto não tenho o intuito de rebatê-los, uma vez que cada indivíduo tem o direito de se expressar de acordo com seus próprios preceitos. Babel fecha a trilogia de Iñarritu com chave de ouro. Amores Perros foi para mim uma fantástica experiência e talvez seja o mais sensível dos três, entretanto Babel foi o que mais me causou epifania. O que existe é a incomunicabilidade, o ser humano é um microcosmo, um universo que existe por e para si mesmo. A convivência de uma quantidade demasiada de universos causa uma colisão, gera o caos. Não haveria título mais sintetizante do que o que foi dado à película.
Babel. A incomunicabilidade. A interdependência. A intolerância.
(Ainda estou em choque)
Português, a Língua do Brasil
3.4 3Uma ideia fantástica para um documentário, porém insisto em criticá-lo no sentido de sua execução. Acredito que se quedaria muito melhor com uma dinâmica mais intensa e encaixes entre as entrevistas. Me lembro de um trecho interessante do Sarney, "Meu avô, quando fui eleito para a Academia soltou foguetes e perguntaram a ele o que era isso, ele disse: 'Não sei, mas é coisa grande'".
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraNo começo achei que o filme em nada me surpreenderia. Fui enganado. É um filme deveras emocionante para quem acompanha desde pequeno os X-Men. Sem dúvidas o melhor da franquia até agora!
Tropicália
4.1 289 Assista AgoraUma experiência fantástica viajar sobre o Brasil de 60-80. Um documentário guiado mais pela emoção que pela informação. Valeu a pena por ver Nara e Maria cantando Carcará e pelos créditos que tem It's a Long Way ♥
A Suprema Felicidade
2.8 212 Assista AgoraUma grande decepção. Uma boa ideia, porém com um roteiro péssimo. Cheio de clichês e falas terrivelmente mal elaboradas. Arnaldo Jabor me parece que tenta ser Nelson Rodrigues, mas em "A Suprema Felicidade" (Ou A Suprema Chatice) só consegue se igualar a Paulo Coelho em termos literários. Depois de ver "Toda Nudez Será Castigada" criei expectativas com Jabor. Todas frustradas com esse filme. Espero que Arnaldo suba em meu conceito nos próximos filmes seus que pretendo ver. Marco Nanini, entretanto, conseguiu uma excelente atuação em meio a outras duvidosas. Ver Marco atuando acaba salvando o filme do fracasso total.
Toda Nudez Será Castigada
3.6 117Uma adaptação ótima para a segunda melhor peça de Nelson Rodrigues. Super fiel ao livro e com grandes atuações. Lançado durante a Ditadura, foi censurado, porém mesmo assim deve de ser liberado devido ao grande sucesso. A arte vencendo sempre as barreiras políticas ♥ Parabéns Jabor, foi-se o tempo em que representava politicamente o Brasil.
Linha de Passe
3.7 167 Assista AgoraAssisti para ver a atuação da Sandra Coverloni. Foi uma boa atuação, mas nada que ma faça considerá-la uma das melhores da atualidade. Aliás, ela mal apareceu no filme. Destaque para o enredo entrelaçado, como uma colcha de retalhos. As histórias individuais seguem caminhos diferentes, e no final cada um consegue se desprender daquilo que os aprisionava e encontram um caminho a ser seguido. O bebê de Cleusa nasce, simbolizando o início de uma nova era na vida dos personagens.
O Tempo e o Vento
3.6 453 Assista AgoraÉ óbvio que adaptar um livro de mil páginas para um filme de duas horas não é uma tarefa simples e é igualmente óbvio que muitos detalhes e passagens seriam deixados para trás. Porém, apesar de tudo, foi um filme incrível. Uma fotografia maravilhosa e uma trilha sonora fantástica. Me emocionei muito com o filme, e acho que essa é uma das funções do cinema e da arte em geral. Quatro estrelas, três pelo filme e uma para a Fernanda que merece uma só pra ela ♥
O Código da Bíblia
2.5 21Acho extremamente redutivo escrever um livro ou fazer um filme a partir do sucesso de um. Quando isso acontece, geralmente, o original já é triste, imaginem as cópias. Não sei se o que mais me incomodou no filme foi a clara "inspiração", quase que uma cópia completa, de O Código Da Vinci, ou então as atuações mais que péssimas. A edição é horrível, o roteiro, triste. Posso estar cometendo um anacronismo grande, mas me arrisco a dizer que os textos bíblicos originais não estariam conservados da forma como aparece no filme. Um abraço para a Sophie Nouveau e Robert Langdon alemães. Vocês, nunca mais!
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraO grande destaque dos filmes são as atuações. Apesar de Meryl brilhar como sempre, achei que acabou um pouco ofuscada por Julia, que teve uma atuação brilhante. Um ótimo roteiro, porém com muitas bifurcações. Quatro estrelas.