Fraquinho, mas com alguns momentos que salvam. Já não sou muito de histórias natalinas, então sou suspeito pra falar. Tudo parece meio forçado, situações cômicas exageradas que não trazem nada de novo, há até momentos bobos que não funcionam muito bem. Esperava mais do James Gunn. Como algo mais focado em um público bem infantil parece funcionar melhor, comigo já não funcionou como os filmes. As cenas com Youndu são as melhores, mesmo que em desenho animado.
O filme é bem legal e flui de maneira agradável, mas obviamente deve ter um peso muito maior para a diretora do que para qualquer outro telespectador. O filme é uma carta de amor dela para com a família e isto é a força que existe em cada cena filmada. O avô incomoda e confesso que o jeito chato dele cansou em determinado momento. Mas quando chegamos no final parece que há uma integração entre o telespectador e a família. Queremos incentivar a mãe que gosta de escrever, queremos desejar felicidades a Rohan e Gurbani e pedir para Sagarika largar a porra do celular. Não assisto muito documentários, acabei assistindo este porque ia sair do catálogo do Mubi, não me arrependi.
Vencedor do Prêmio Humor Poético no Festival de Cannes, obviamente que ele não existe mais nas edições contemporâneas do festival. Eu simplesmente amo essas comédias românticas descompromissadas do Bergman, principalmente porque ela tem tanto a nos dizer. Os diálogos são cortantes como faca afiadas, a cena da Sra. Armfeldt na cama conversando com a filha é uma das cenas mais engraçadas de toda a filmografia do mestre sueco. A conversa de Petra e seu recente amante deitados no feno é das coisas mais sublimes que eu já vi em um filme. Amei de todo coração esse filme. O final era previsível desde as primeiras cenas, mas a previsibilidade é o que menos importa em todo filme. Amei!
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme tem uma narrativa típica de um filme dos anos 90, em uma época que Hollywood não era tão pudica, Verhoeven é o cara que consegue trazer a força que o filme acaba tendo, na simplicidade da história que conta cheia de clichês, é ele que consegue manter a atmosfera de tantos gêneros convergindo de maneira muito bem orquestrada na película. Há suspense, romance, religião e até comédia, porque não? A nudez flui natural no filme, sem necessidade de chocar telespectadores ou render imagens icônicas para a história do cinema. O filme é bom por sem simples, por quase seguir uma cartilha meio que já esquecida, mas que pelas mãos do diretor certo consegue atingir o alvo que queria. Elenco também ajuda.
O filme é acima da média como qualquer filme do Wes Anderson, ponto fora da curva em produção americana, coisa infelizmente cada vez mais rara. Esses fatores já fazem valer muito a pena assistir. Dizer que o filme é irregular é uma coisa comum em qualquer filme com várias histórias, já que algumas haverá maior identificação do espectador e cairá melhor em alguns gostos enquanto outras histórias não. Algumas pessoas adoraram a perseguição em animação, enquanto para mim já não caiu muito bem... O que importa é o nível de qualidade mesmo, nem preciso falar em direção e enquadramentos, né? Elenco então... não sobra muito para falar. Um belo filme.
Vencedor dos prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Performance Principal para a atriz Meltem Kaptan. É nela que o filme se segura, interpretação fantástica e merecedora do prêmio. Interessante como o filme consegue trazer a tona um assunto tão sério e entreter ao mesmo tempo, mais difícil ainda se tratando de um filme sobre tribunais e entraves jurídicos internacionais. O ator Alexander Scheer, no papel do advogado, também está ótimo e consegue servir de contraponto com a personagem principal a todo momento com uma química perfeita. Acho que os cortes bruscos no final atrapalham um pouquinho, mas a experiência final como um todo é muito mais que satisfatória. Filme extremamente necessário em um mundo onde países imperialistas fazem o que querem. Deu vontade de experimentar as comidinhas da Rabiye.
Me espanta o tanto de gente que tenta problematizar o filme, pessoas que talvez desconhecem o trabalho de Wilder e não sacaram o tom do filme. O filme é uma crítica social incrível, onde todos os personagens são esteriótipos exagerados, mas ao mesmo tempo ninguém é o que parece. O marido não se sente tão seguro no casamento, a vizinha gostosa é a mais inteligente de todos ali, o psiquiatra está muito mais interessado em ganhar dinheiro e alguns machões não pegam ninguém. A própria liberdade sexual da personagem vivida por Marilyn é algo extremamente inovador no filme, acho que inédito para o cinema americano e mais discutido na época por nomes como Ingmar Bergman, por exemplo. Divertido e que ainda funciona muito bem como crítica nos dias de hoje. Wilder foi um dos maiores gênios do cinema americano.
Foi um dos filmes selecionados no Festival de Cannes que não ocorreu em 2020 devido a pandemia. O filme é contemplativo e poético, mas não caiu tanto no meu gosto, ficou muito longo e com um fio narrativo sem necessariamente uma história. Acho que o que me mais pega em um filme é a história, e nesse sentido não acho que há algo muito profundo aqui, são fragmentos, mas muito diferentes do Encontros do Hong Sang-soo, por exemplo. Há contemplação, mas falta algo que gere interesse como nos filmes do Nuri Bilge Ceylan. As imagens são lindas, a história do meio é a que menos me interessou e parece criar um vario entre as outras duas. Não é ruim, no geral é interessante de ver e gera sim reflexões, mas achei que está muito aquém do potencial que tinha.
Porra, Dhont! Nao faz isso comigo! Vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes, simplesmente o meu filme preferido de 2022. No começo do filme eu não estava dando nada, pensava "white people problems" ou "que comportamento adolescente fake"... quando vem o soco no estômago e todo o filme muda. Que pedrada! Fora toda a parte pessoal que o filme teve em mim, vivi algo bem parecido, mas quando era mais velho. Dhont se mostra uma nova força na história do cinema, com seu segundo trabalho depois do ótimo Garota, este só vem para cravar seu talento de forma definitiva. Enquanto no primeiro temos cenas emocionais carregadas utilizando o ballet, aqui o diretor usa do mesmo recurso no hóquei. Elenco poderoso! De uma sensibilidade ímpar. Só tenho elogios mesmo. Cadastrei como um filme holandês (apesar de ser cadastrado como um filme belga também) por ficar evidente durante o filme que a história se passa na Holanda. Odeio quando o filme fica com o título em inglês, gosto de ver traduzido, mas ficou Close aqui mesmo.
Vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes. O que mais espanta do filme é a atuação de Zain Al Rafeea, já que ele não era um ator e sim um refugiado sírio no Líbano vivendo em dificuldade (depois do filme conseguiu asilo na Noruega com a família). O filme começa bem, daí vai se estendendo demais e caindo em um certo pedantismo na tentativa a todo momento de tentar deixar o telespectador aflito, amargurado e revoltado com a situação que vai se tornando exagerada. Porém a película vai encontrando seu caminho e voltando aos trilhos no seu momento final e emociona, consegue passar a mensagem que queria muito bem. A cena final é linda. A direção de Labaki é extremamente competente, mas podia ter encurtado um pouco o filme na sala de edição.
Me espanta ser um dos filmes que Bergman menos gostava dos que dirigiu, eu achei muito bom. Harriet Andersson da um salto em atuação aqui, saindo do papel de garota e entrando no papel de mulher. O personagem do cônsul, interpretado por Gunnar Björnstrand, é super complexo e tem várias camadas assim como a relação do outro casal. Um filme de narrativa bem simples, mas que remete a amaranhados de coisas que vêm com o amor. Há uma crítica ao comportamento consumista, machista e capitalista com os parâmetros que se tinham na época. Pode não ser um filme icônico da carreira do cineasta, mas é uma ótima pedida ao que se propõe.
Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. Não foi um filme que me fisgou como os últimos do diretor, achei que faltou alto apesar de ter seus momentos. Faltou uma maior conexão entre as personagens e achei a romancista meio enfadonha em alguns momentos. Acho que se o diretor tivesse aberto mão da forma estilística aqui e filmado algumas cenas mais próximas ao personagem, o filme funcionaria melhor, a distância da câmera parece não ter feito tão bem aqui. A cena final é linda, mas parece que faltou algo, parece que a mensagem que o diretor queria passar ficou perdida. Amo a subjetividade do Sang-soo, mas aqui ela parece meio vazia, não me despertou interesse como os outros filmes. Será que a fórmula do diretor esteja se desgastando? Quanto a isso só os próximos filmes dele dirão, mas eu acho que não.
Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Adorei este filme, provavelmente por fazer parte do meu universo que é a literatura. Por um lado tem dálologos afiados, densos e profundos como um precipício e por outro há outros toscos, vazios e profundos como uma colher de chá. Exatamente como é este mundo, cheio de pseudointelectuais chatos e enfadonhos, mas cheio de gente interessante também. O filme brinca o tempo todo com isso e serve inclusive como discussão da relação do mundo contemporâneo com a literatura. Fiquei meio assustado em perceber que 2018 já é há cinco anos e me fez querer ver o que esses personagens teriam a dizer hoje, no mundo pós pandemia... como anda o mundo deles? Isto que é o legal do filme para quem consegue embarcar. O filme tende a ficar cada vez mais datado, mas é o reflexo daquele momento, como um livro. Assayas é um gênio e o elenco ajuda bastante também.
Primeiramente, o que mais me incomoda no filme é ver uma obra literária americana feita inteira na Alemanha, falado em alemão e todo mundo fingindo que está nos Estados Unidos e é americano. Fiquei imaginando alguém fazer isso com o Machado de Assis ou a gente filmando A Letra Escarlate em Paraty com todo mundo falando em português. Qual o sentido disso? Se tivessem adaptado para um vilarejo na Alemanha era muito mais fácil comprar a ideia. Eu gostei do filme pegar um trecho do livro e não querer adaptar a obra toda, há tomadas que achei muito bonitas e tirando as atuações da Yella Rottländer (a Pearl, que parece estar muito a vontade) e Rüdiger Vogler (que está felizão com sua flauta) o resto do elenco é bem fraco (mas Lou Castel como o padre ganha de longe como o pior ali). Não parece nem haver romance entre os personagens. Apesar dos tropeços, achei a edição do filme boa, ele passa rápido, não achei ruim de assistir. Longe das obras memoráveis do diretor.
Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Preferi o Roda do Destino, mas este mereceu bastante o prêmio pela forma ousada com que o diretor construiu sua película. Um reflexo da sociedade romena, cheia de machismo, racismo, conservadorismo e anticiência. Tudo isso e muito mais é retratado aqui. Eu trabalho com vários romenos e uma minoria deles aceitou tomar a vacina de Covid, lembra muito uma boa parcela de nós, brasileiros. O diretor parece colocar o dedo em várias feridas, o segundo segmento de anedotas, que eu adorei, lembrou-me um pouco o cinema do sueco Roy Andersson. Os diálogos são como navalha e há cenas que perturbam. O choque de cenas de sexo explícito serve tanto para ir se diluindo com os temas muito mais pesados que vêm a tona, como para mostrar a banalização das coisas no mundo pós-digital. Me incomodou não ver a professora falando "Pelo menos o meu marido me come!" para as invejosas, porque ia ser a primeira coisa que qualquer mulher da minha família (quase todas professoras) diriam. Recomendadíssimo e um dos melhores do ano!
Eu estava esperando muito do filme, coloquei uma expectativa de ver uma espécie de Fim de Caso do Graham Greene. Não foi o caso. Acho que se o filme se situasse em 1984, ano em que se passa no livro em que foi baseado, poderia fazer mais sentido, poderia criar um clima mais crível e interessante para o espectador. Fica difícil acreditar em pleno 2021 uma cidadã americana sem apoio nenhum da embaixada americana após ter o passaporte confiscado, em meio a revolução sandinista isto faz muito mais sentido. A história teria mais sentido em meio Nicarágua sandinista quando Daniel Ortega fazia parte da junta que comandava o país, do que agora em 2021 em sua reeleição já como um ditador muito longe de seus ideais de outrora. O plot em que os personagens estão envolvidos, mesmo que seja algo de segundo plano para a história, ficou confuso demais e que dificulta, e muito, a entrega do espectador na história. Uma pena, porque apesar de ter gostado de boa parte do filme, fica aquele sentimento que podia ter sido bem melhor, grandioso e, porque não, perfeito. Foi vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes, e acho exagerado assim como a maioria dos críticos. A atuação da Margaret Qualley levou o filme nas costas em boa parte.
Filme vencedor do prêmio da Federação Internacional dos Críticos no Festival de Veneza. Achei o filme muito bom dentro do contexto onde tenta colocar o telespectador, porém tenho que concordar que não é um filme fácil, mas exatamente por se tratar de um tema tão caótico que é o mundo pré Primeira Guerra Mundial. Tudo no filme é caótico, e a personagem é dragada dentro desse abismo que vai consumindo-a. Direção, produção e fotografia são soberbas. Engraçado que logo depois de ver o filme apareceu uma matéria dizendo como neste ano de 2013 Trotsky, Stálin, Freud e Hitler moraram na mesma cidade em Vienna. Eu adorei a trama e de como nada fica claro, porém tudo é conduzido para a experiência ser, no mínimo, intrigante para quem assiste. Concordo que poderia ser um pouco mais curto, mas a condução final é excelente. O desfecho (não darei spoiler) acaba remetendo a própria questão da identidade dos povos (tese tão debatida por Stálin) e foco central da guerra que dividiu o Império Austro-húngaro em divisões étnicas. Interessante de se pensar que ela vem de Vienna, mas de identidade húngara. Filme que não indico para qualquer um, mas que irei revisitar um dia com certeza.
Que filme gostoso de assistir, como Bergman era gênio tanto quando pesava a mão ou quando deixava ela leve como aqui. Uma comédia romântica com diálogos inteligentes, com situações cômicas e trágicas. Filme excelente dentro do que o diretor se propõe. Pelas minhas contas seria o terceiro filme a apresentar um personagem trans (o primeiro seria Glen ou Glenda dirigido por Ed Wood de 1953 e o segundo Homem ou... Mulher? dirigido por René Gaveau em 1954, mesmo ano deste). Mas teríamos aqui a primeira personagem trans feminina, interpretada por Harriet Andersson, apesar da personagem ser construída mais como uma crítica a sociedade machista, não deixa de ser interessante olharmos por uma ótica mais atual. Um filme onde até os clichês funcionam. Há uma cena do avô falando com a neta sobre a morte que é das coisas mais lindas que Bergman já fez.
Indicado ao Festival de Sundance e vencedor de melhor trilha sonora e roteiro no nosso Festival de Gramado. O filme tem mais acertos que tropeços, mas os tropeços existem. Há uma certa narração "novela da Globo" das coisas que me incomodou um pouco, o lado meio clichê. Até o esteriótipo do trabalhador comunista para a direita poder xingar. O filme se segura no elenco que faz um excelente trabalho, nos momentos emocionantes que tiram lágrimas e na critica social que vai em diferentes direções. Fato curioso é um jogo entre Cruzeiro e Atlético Mineiro que acontece no meio do filme, jogo que nunca ocorreu, já que os times não se encontraram entre a eleição e a posse de Bolsonaro que mostra no filme.
Era o único filme do Malick que não tinha visto e ficava guardando para não ficar sem nenhum filme dele para assistir. Enfim chegou o dia, o diretor é o meu preferido do cinema americano e é uma força da natureza. Aqui não é diferente, o conflito entre a natureza e a modernidade que vem surgindo, e a visão apática dos personagens vistos pela ótica de uma jovem entrando na adolescência (Como bem comentado pelo Paulo aí embaixo) tornam o filme mais profundo do que aparenta. A direção é sempre impecável, Richard Gere nunca foi um grande ator, aqui ele se esforça. É um baita filme, como todos os outros do diretor.
Filme vencedor de três diferentes prêmios no Festival de Veneza fora do circuito da premiação principal. O filme é uma fábula, mas também é bem realista. É poético, mas também é brutal. Achei lindo demais, tudo nele funciona, desde as atuações do ótimo elenco a direção técnica do iraniano (que não dirigiu mais nada depois desse filme, mas assinou o roteiro do filme Até Amanhã de 2022 dirigido por Ali Asgari). O filme é atual ao mesmo tempo que revira a ditadura de Pinochet, há cenas cheia de significados como em um filme iraniano, com raízes que podem passar despercebidas para quem não é do Chile. Os próprios personagens são alegorias fantasmagóricas da sociedade. Um belíssimo filme... e que cena final de tirar o fôlego. Emocionante!
Indicado a Palma de Ouro e vencedor do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. É um filme dinamarquês, dirigido por um iraniano, falado em farsi e que se passa no Irã, então decidi cadastrar como um filme iraniano no blog. Achei um filme abaixo do padrão do cinema iraniano, com um roteiro bem Hollywood que não foge dos padrões convencionais do típico cinema de massa americano, com cenas sem utilidade nenhuma que tentam somente chocar o recatado cinema de lá. O que vale o filme é realmente o trabalho da atriz premiada Zar Amir-Ebrahimi. A história se passa na cidade em que minha companheira nasceu, na época em que ela tinha dez anos de idade e achei que a cena que mais representa o que o povo feminino enfrenta lá é a visita do policial ao apartamento de hotel da jornalista, a intimidação e o medo que figuras de poder masculinas forçam as mulheres (Sejam policiais ou mesmo em qualquer empresa em postos de chefia). Achei muitas das críticas ao governo iraniano vazias nesse filme, críticas que filmes feitos por lá pelas mãos de Panahi, Rasoulof ou mesmo Farhadi foram muito mais sutis e viscerais. Um filme mediano, que vale somente por curiosidade.
Diverte, nada demais. Acho que o ponto alto é ver o Homem-Coisa em live action, para quem acompanha quadrinhos foi o ponto alto. A direção do músico Giacchino surpreende, já que não é um "diretor" de profissão. De resto é aquela fórmula sem nenhuma surpresa de sempre que se estiver disposto a desligar o cérebro por uma hora faz muito bem. Se tivessem prolongado talvez não funcionasse tão bem. Vamos ver o que a Marvel reserva para os personagens apresentados, pois vários tem bons potenciais.
Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. Eu amo cada vez mais a subjetividade do diretor que aqui alcança um pico mais estratosférico. Como o próprio título original já nos informa (Introdução), a narrativa é entrecortada, serve apenas como introdução para a história real que não nos é apresentada, ou seja, a história não está no filme. Temos vislumbres de meras introduções. Como escritor, isso colocou meu cérebro a mil, tentando preencher lacunas. Cinema de altíssima qualidade nesse sentido narrativo, dando um murro na cara do cinema mastigado de massa. As nuances e pistas permeiam por todas as "introduções". O que é real e imaginado? O que cada personagem carrega em sua alma? Qual a verdadeira história de cada um deles? Se o telespectador souber embarcar na experiência que o diretor se propõe, não irã se decepcionar... mas a proposta não parece ser tão simples assim.
Guardiões da Galáxia: Especial de Festas
3.5 169 Assista AgoraFraquinho, mas com alguns momentos que salvam. Já não sou muito de histórias natalinas, então sou suspeito pra falar. Tudo parece meio forçado, situações cômicas exageradas que não trazem nada de novo, há até momentos bobos que não funcionam muito bem. Esperava mais do James Gunn. Como algo mais focado em um público bem infantil parece funcionar melhor, comigo já não funcionou como os filmes. As cenas com Youndu são as melhores, mesmo que em desenho animado.
About Love
3.8 2O filme é bem legal e flui de maneira agradável, mas obviamente deve ter um peso muito maior para a diretora do que para qualquer outro telespectador. O filme é uma carta de amor dela para com a família e isto é a força que existe em cada cena filmada. O avô incomoda e confesso que o jeito chato dele cansou em determinado momento. Mas quando chegamos no final parece que há uma integração entre o telespectador e a família. Queremos incentivar a mãe que gosta de escrever, queremos desejar felicidades a Rohan e Gurbani e pedir para Sagarika largar a porra do celular. Não assisto muito documentários, acabei assistindo este porque ia sair do catálogo do Mubi, não me arrependi.
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Sorrisos de uma Noite de Amor
4.0 58Vencedor do Prêmio Humor Poético no Festival de Cannes, obviamente que ele não existe mais nas edições contemporâneas do festival. Eu simplesmente amo essas comédias românticas descompromissadas do Bergman, principalmente porque ela tem tanto a nos dizer. Os diálogos são cortantes como faca afiadas, a cena da Sra. Armfeldt na cama conversando com a filha é uma das cenas mais engraçadas de toda a filmografia do mestre sueco. A conversa de Petra e seu recente amante deitados no feno é das coisas mais sublimes que eu já vi em um filme. Amei de todo coração esse filme. O final era previsível desde as primeiras cenas, mas a previsibilidade é o que menos importa em todo filme. Amei!
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Benedetta
3.5 199 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme tem uma narrativa típica de um filme dos anos 90, em uma época que Hollywood não era tão pudica, Verhoeven é o cara que consegue trazer a força que o filme acaba tendo, na simplicidade da história que conta cheia de clichês, é ele que consegue manter a atmosfera de tantos gêneros convergindo de maneira muito bem orquestrada na película. Há suspense, romance, religião e até comédia, porque não? A nudez flui natural no filme, sem necessidade de chocar telespectadores ou render imagens icônicas para a história do cinema. O filme é bom por sem simples, por quase seguir uma cartilha meio que já esquecida, mas que pelas mãos do diretor certo consegue atingir o alvo que queria. Elenco também ajuda.
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A Crônica Francesa
3.5 287 Assista AgoraO filme é acima da média como qualquer filme do Wes Anderson, ponto fora da curva em produção americana, coisa infelizmente cada vez mais rara. Esses fatores já fazem valer muito a pena assistir. Dizer que o filme é irregular é uma coisa comum em qualquer filme com várias histórias, já que algumas haverá maior identificação do espectador e cairá melhor em alguns gostos enquanto outras histórias não. Algumas pessoas adoraram a perseguição em animação, enquanto para mim já não caiu muito bem... O que importa é o nível de qualidade mesmo, nem preciso falar em direção e enquadramentos, né? Elenco então... não sobra muito para falar. Um belo filme.
Rabiye Kurnaz vs. George W. Bush
3.5 3 Assista AgoraVencedor dos prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Performance Principal para a atriz Meltem Kaptan. É nela que o filme se segura, interpretação fantástica e merecedora do prêmio. Interessante como o filme consegue trazer a tona um assunto tão sério e entreter ao mesmo tempo, mais difícil ainda se tratando de um filme sobre tribunais e entraves jurídicos internacionais. O ator Alexander Scheer, no papel do advogado, também está ótimo e consegue servir de contraponto com a personagem principal a todo momento com uma química perfeita. Acho que os cortes bruscos no final atrapalham um pouquinho, mas a experiência final como um todo é muito mais que satisfatória. Filme extremamente necessário em um mundo onde países imperialistas fazem o que querem. Deu vontade de experimentar as comidinhas da Rabiye.
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O Pecado Mora ao Lado
3.7 423 Assista AgoraMe espanta o tanto de gente que tenta problematizar o filme, pessoas que talvez desconhecem o trabalho de Wilder e não sacaram o tom do filme. O filme é uma crítica social incrível, onde todos os personagens são esteriótipos exagerados, mas ao mesmo tempo ninguém é o que parece. O marido não se sente tão seguro no casamento, a vizinha gostosa é a mais inteligente de todos ali, o psiquiatra está muito mais interessado em ganhar dinheiro e alguns machões não pegam ninguém. A própria liberdade sexual da personagem vivida por Marilyn é algo extremamente inovador no filme, acho que inédito para o cinema americano e mais discutido na época por nomes como Ingmar Bergman, por exemplo. Divertido e que ainda funciona muito bem como crítica nos dias de hoje. Wilder foi um dos maiores gênios do cinema americano.
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Fevereiro
3.8 5Foi um dos filmes selecionados no Festival de Cannes que não ocorreu em 2020 devido a pandemia. O filme é contemplativo e poético, mas não caiu tanto no meu gosto, ficou muito longo e com um fio narrativo sem necessariamente uma história. Acho que o que me mais pega em um filme é a história, e nesse sentido não acho que há algo muito profundo aqui, são fragmentos, mas muito diferentes do Encontros do Hong Sang-soo, por exemplo. Há contemplação, mas falta algo que gere interesse como nos filmes do Nuri Bilge Ceylan. As imagens são lindas, a história do meio é a que menos me interessou e parece criar um vario entre as outras duas. Não é ruim, no geral é interessante de ver e gera sim reflexões, mas achei que está muito aquém do potencial que tinha.
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Close
4.2 567 Assista AgoraPorra, Dhont! Nao faz isso comigo! Vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes, simplesmente o meu filme preferido de 2022. No começo do filme eu não estava dando nada, pensava "white people problems" ou "que comportamento adolescente fake"... quando vem o soco no estômago e todo o filme muda. Que pedrada! Fora toda a parte pessoal que o filme teve em mim, vivi algo bem parecido, mas quando era mais velho. Dhont se mostra uma nova força na história do cinema, com seu segundo trabalho depois do ótimo Garota, este só vem para cravar seu talento de forma definitiva. Enquanto no primeiro temos cenas emocionais carregadas utilizando o ballet, aqui o diretor usa do mesmo recurso no hóquei. Elenco poderoso! De uma sensibilidade ímpar. Só tenho elogios mesmo. Cadastrei como um filme holandês (apesar de ser cadastrado como um filme belga também) por ficar evidente durante o filme que a história se passa na Holanda. Odeio quando o filme fica com o título em inglês, gosto de ver traduzido, mas ficou Close aqui mesmo.
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Cafarnaum
4.6 674 Assista AgoraVencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes. O que mais espanta do filme é a atuação de Zain Al Rafeea, já que ele não era um ator e sim um refugiado sírio no Líbano vivendo em dificuldade (depois do filme conseguiu asilo na Noruega com a família). O filme começa bem, daí vai se estendendo demais e caindo em um certo pedantismo na tentativa a todo momento de tentar deixar o telespectador aflito, amargurado e revoltado com a situação que vai se tornando exagerada. Porém a película vai encontrando seu caminho e voltando aos trilhos no seu momento final e emociona, consegue passar a mensagem que queria muito bem. A cena final é linda. A direção de Labaki é extremamente competente, mas podia ter encurtado um pouco o filme na sala de edição.
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Sonhos de Mulheres
3.9 28Me espanta ser um dos filmes que Bergman menos gostava dos que dirigiu, eu achei muito bom. Harriet Andersson da um salto em atuação aqui, saindo do papel de garota e entrando no papel de mulher. O personagem do cônsul, interpretado por Gunnar Björnstrand, é super complexo e tem várias camadas assim como a relação do outro casal. Um filme de narrativa bem simples, mas que remete a amaranhados de coisas que vêm com o amor. Há uma crítica ao comportamento consumista, machista e capitalista com os parâmetros que se tinham na época. Pode não ser um filme icônico da carreira do cineasta, mas é uma ótima pedida ao que se propõe.
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A Romancista e o Seu Filme
3.7 8Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. Não foi um filme que me fisgou como os últimos do diretor, achei que faltou alto apesar de ter seus momentos. Faltou uma maior conexão entre as personagens e achei a romancista meio enfadonha em alguns momentos. Acho que se o diretor tivesse aberto mão da forma estilística aqui e filmado algumas cenas mais próximas ao personagem, o filme funcionaria melhor, a distância da câmera parece não ter feito tão bem aqui. A cena final é linda, mas parece que faltou algo, parece que a mensagem que o diretor queria passar ficou perdida. Amo a subjetividade do Sang-soo, mas aqui ela parece meio vazia, não me despertou interesse como os outros filmes. Será que a fórmula do diretor esteja se desgastando? Quanto a isso só os próximos filmes dele dirão, mas eu acho que não.
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Vidas Duplas
3.1 37 Assista AgoraIndicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Adorei este filme, provavelmente por fazer parte do meu universo que é a literatura. Por um lado tem dálologos afiados, densos e profundos como um precipício e por outro há outros toscos, vazios e profundos como uma colher de chá. Exatamente como é este mundo, cheio de pseudointelectuais chatos e enfadonhos, mas cheio de gente interessante também. O filme brinca o tempo todo com isso e serve inclusive como discussão da relação do mundo contemporâneo com a literatura. Fiquei meio assustado em perceber que 2018 já é há cinco anos e me fez querer ver o que esses personagens teriam a dizer hoje, no mundo pós pandemia... como anda o mundo deles? Isto que é o legal do filme para quem consegue embarcar. O filme tende a ficar cada vez mais datado, mas é o reflexo daquele momento, como um livro. Assayas é um gênio e o elenco ajuda bastante também.
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A Letra Escarlate
3.2 12Primeiramente, o que mais me incomoda no filme é ver uma obra literária americana feita inteira na Alemanha, falado em alemão e todo mundo fingindo que está nos Estados Unidos e é americano. Fiquei imaginando alguém fazer isso com o Machado de Assis ou a gente filmando A Letra Escarlate em Paraty com todo mundo falando em português. Qual o sentido disso? Se tivessem adaptado para um vilarejo na Alemanha era muito mais fácil comprar a ideia. Eu gostei do filme pegar um trecho do livro e não querer adaptar a obra toda, há tomadas que achei muito bonitas e tirando as atuações da Yella Rottländer (a Pearl, que parece estar muito a vontade) e Rüdiger Vogler (que está felizão com sua flauta) o resto do elenco é bem fraco (mas Lou Castel como o padre ganha de longe como o pior ali). Não parece nem haver romance entre os personagens. Apesar dos tropeços, achei a edição do filme boa, ele passa rápido, não achei ruim de assistir. Longe das obras memoráveis do diretor.
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Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental
3.6 60Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Preferi o Roda do Destino, mas este mereceu bastante o prêmio pela forma ousada com que o diretor construiu sua película. Um reflexo da sociedade romena, cheia de machismo, racismo, conservadorismo e anticiência. Tudo isso e muito mais é retratado aqui. Eu trabalho com vários romenos e uma minoria deles aceitou tomar a vacina de Covid, lembra muito uma boa parcela de nós, brasileiros. O diretor parece colocar o dedo em várias feridas, o segundo segmento de anedotas, que eu adorei, lembrou-me um pouco o cinema do sueco Roy Andersson. Os diálogos são como navalha e há cenas que perturbam. O choque de cenas de sexo explícito serve tanto para ir se diluindo com os temas muito mais pesados que vêm a tona, como para mostrar a banalização das coisas no mundo pós-digital. Me incomodou não ver a professora falando "Pelo menos o meu marido me come!" para as invejosas, porque ia ser a primeira coisa que qualquer mulher da minha família (quase todas professoras) diriam. Recomendadíssimo e um dos melhores do ano!
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Stars at Noon
3.0 8 Assista AgoraEu estava esperando muito do filme, coloquei uma expectativa de ver uma espécie de Fim de Caso do Graham Greene. Não foi o caso. Acho que se o filme se situasse em 1984, ano em que se passa no livro em que foi baseado, poderia fazer mais sentido, poderia criar um clima mais crível e interessante para o espectador. Fica difícil acreditar em pleno 2021 uma cidadã americana sem apoio nenhum da embaixada americana após ter o passaporte confiscado, em meio a revolução sandinista isto faz muito mais sentido. A história teria mais sentido em meio Nicarágua sandinista quando Daniel Ortega fazia parte da junta que comandava o país, do que agora em 2021 em sua reeleição já como um ditador muito longe de seus ideais de outrora. O plot em que os personagens estão envolvidos, mesmo que seja algo de segundo plano para a história, ficou confuso demais e que dificulta, e muito, a entrega do espectador na história. Uma pena, porque apesar de ter gostado de boa parte do filme, fica aquele sentimento que podia ter sido bem melhor, grandioso e, porque não, perfeito. Foi vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes, e acho exagerado assim como a maioria dos críticos. A atuação da Margaret Qualley levou o filme nas costas em boa parte.
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Entardecer
2.8 27 Assista AgoraFilme vencedor do prêmio da Federação Internacional dos Críticos no Festival de Veneza. Achei o filme muito bom dentro do contexto onde tenta colocar o telespectador, porém tenho que concordar que não é um filme fácil, mas exatamente por se tratar de um tema tão caótico que é o mundo pré Primeira Guerra Mundial. Tudo no filme é caótico, e a personagem é dragada dentro desse abismo que vai consumindo-a. Direção, produção e fotografia são soberbas. Engraçado que logo depois de ver o filme apareceu uma matéria dizendo como neste ano de 2013 Trotsky, Stálin, Freud e Hitler moraram na mesma cidade em Vienna. Eu adorei a trama e de como nada fica claro, porém tudo é conduzido para a experiência ser, no mínimo, intrigante para quem assiste. Concordo que poderia ser um pouco mais curto, mas a condução final é excelente. O desfecho (não darei spoiler) acaba remetendo a própria questão da identidade dos povos (tese tão debatida por Stálin) e foco central da guerra que dividiu o Império Austro-húngaro em divisões étnicas. Interessante de se pensar que ela vem de Vienna, mas de identidade húngara. Filme que não indico para qualquer um, mas que irei revisitar um dia com certeza.
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Uma Lição de Amor
3.8 17Que filme gostoso de assistir, como Bergman era gênio tanto quando pesava a mão ou quando deixava ela leve como aqui. Uma comédia romântica com diálogos inteligentes, com situações cômicas e trágicas. Filme excelente dentro do que o diretor se propõe. Pelas minhas contas seria o terceiro filme a apresentar um personagem trans (o primeiro seria Glen ou Glenda dirigido por Ed Wood de 1953 e o segundo Homem ou... Mulher? dirigido por René Gaveau em 1954, mesmo ano deste). Mas teríamos aqui a primeira personagem trans feminina, interpretada por Harriet Andersson, apesar da personagem ser construída mais como uma crítica a sociedade machista, não deixa de ser interessante olharmos por uma ótica mais atual. Um filme onde até os clichês funcionam. Há uma cena do avô falando com a neta sobre a morte que é das coisas mais lindas que Bergman já fez.
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Marte Um
4.1 306 Assista AgoraIndicado ao Festival de Sundance e vencedor de melhor trilha sonora e roteiro no nosso Festival de Gramado. O filme tem mais acertos que tropeços, mas os tropeços existem. Há uma certa narração "novela da Globo" das coisas que me incomodou um pouco, o lado meio clichê. Até o esteriótipo do trabalhador comunista para a direita poder xingar. O filme se segura no elenco que faz um excelente trabalho, nos momentos emocionantes que tiram lágrimas e na critica social que vai em diferentes direções. Fato curioso é um jogo entre Cruzeiro e Atlético Mineiro que acontece no meio do filme, jogo que nunca ocorreu, já que os times não se encontraram entre a eleição e a posse de Bolsonaro que mostra no filme.
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Cinzas no Paraíso
4.0 172 Assista AgoraEra o único filme do Malick que não tinha visto e ficava guardando para não ficar sem nenhum filme dele para assistir. Enfim chegou o dia, o diretor é o meu preferido do cinema americano e é uma força da natureza. Aqui não é diferente, o conflito entre a natureza e a modernidade que vem surgindo, e a visão apática dos personagens vistos pela ótica de uma jovem entrando na adolescência (Como bem comentado pelo Paulo aí embaixo) tornam o filme mais profundo do que aparenta. A direção é sempre impecável, Richard Gere nunca foi um grande ator, aqui ele se esforça. É um baita filme, como todos os outros do diretor.
Os Versos Esquecidos
3.8 5Filme vencedor de três diferentes prêmios no Festival de Veneza fora do circuito da premiação principal. O filme é uma fábula, mas também é bem realista. É poético, mas também é brutal. Achei lindo demais, tudo nele funciona, desde as atuações do ótimo elenco a direção técnica do iraniano (que não dirigiu mais nada depois desse filme, mas assinou o roteiro do filme Até Amanhã de 2022 dirigido por Ali Asgari). O filme é atual ao mesmo tempo que revira a ditadura de Pinochet, há cenas cheia de significados como em um filme iraniano, com raízes que podem passar despercebidas para quem não é do Chile. Os próprios personagens são alegorias fantasmagóricas da sociedade. Um belíssimo filme... e que cena final de tirar o fôlego. Emocionante!
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Holy Spider
4.0 130 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro e vencedor do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. É um filme dinamarquês, dirigido por um iraniano, falado em farsi e que se passa no Irã, então decidi cadastrar como um filme iraniano no blog. Achei um filme abaixo do padrão do cinema iraniano, com um roteiro bem Hollywood que não foge dos padrões convencionais do típico cinema de massa americano, com cenas sem utilidade nenhuma que tentam somente chocar o recatado cinema de lá. O que vale o filme é realmente o trabalho da atriz premiada Zar Amir-Ebrahimi. A história se passa na cidade em que minha companheira nasceu, na época em que ela tinha dez anos de idade e achei que a cena que mais representa o que o povo feminino enfrenta lá é a visita do policial ao apartamento de hotel da jornalista, a intimidação e o medo que figuras de poder masculinas forçam as mulheres (Sejam policiais ou mesmo em qualquer empresa em postos de chefia). Achei muitas das críticas ao governo iraniano vazias nesse filme, críticas que filmes feitos por lá pelas mãos de Panahi, Rasoulof ou mesmo Farhadi foram muito mais sutis e viscerais. Um filme mediano, que vale somente por curiosidade.
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Lobisomem na Noite
3.5 200 Assista AgoraDiverte, nada demais. Acho que o ponto alto é ver o Homem-Coisa em live action, para quem acompanha quadrinhos foi o ponto alto. A direção do músico Giacchino surpreende, já que não é um "diretor" de profissão. De resto é aquela fórmula sem nenhuma surpresa de sempre que se estiver disposto a desligar o cérebro por uma hora faz muito bem. Se tivessem prolongado talvez não funcionasse tão bem. Vamos ver o que a Marvel reserva para os personagens apresentados, pois vários tem bons potenciais.
Encontros
3.1 10Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. Eu amo cada vez mais a subjetividade do diretor que aqui alcança um pico mais estratosférico. Como o próprio título original já nos informa (Introdução), a narrativa é entrecortada, serve apenas como introdução para a história real que não nos é apresentada, ou seja, a história não está no filme. Temos vislumbres de meras introduções. Como escritor, isso colocou meu cérebro a mil, tentando preencher lacunas. Cinema de altíssima qualidade nesse sentido narrativo, dando um murro na cara do cinema mastigado de massa. As nuances e pistas permeiam por todas as "introduções". O que é real e imaginado? O que cada personagem carrega em sua alma? Qual a verdadeira história de cada um deles? Se o telespectador souber embarcar na experiência que o diretor se propõe, não irã se decepcionar... mas a proposta não parece ser tão simples assim.
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