Vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes, dividindo-o com Bacurau. O filme parece não trazer nada de novo até certo ponto, até dar uma guinada completa nos eventos que levam ao incrível desfecho simplesmente arrebatador. O tanto de discussões que ele escancara com um murro direto na cara do espectador são incontáveis, o próprio policial novato que somos levados de maneira muito bem conduzida a nos identificar, não passa de um passador de pano em linhas gerais. O problema da imigração para a Europa é tratada aqui da maneira crua como é, pois de quem é a culpa da pobreza na África se não dos próprios europeus? Quem melhor para pagar esta conta agora? Sem tirar o mérito do filme brasileiro com o qual dividiu o prêmio, achei este mais direto ao ponto, mais visceral e bem construído, mas o mais interessante é como os dois filmes dialogam muito bem entre si, fazendo deles quase irmãos separados por diferentes continentes. Vale muito a assistida... e que final! QUE FINAL!
Vencedor do Leão de Prata no Festival em Veneza. Achei o filme maravilhoso, porque é exatamente o tipo de filme que eu gosto, cheio de sentimentos, que vão do luto à alegria e que desemboca em uma lição de vida sem ser piegas. A coragem do diretor em contar sua história com esta crueza de detalhes foi realmente algo brilhante. Para mim, tudo no filme funcionou, não há nada que eu consiga criticar, inclusive daria o Leão de Ouro fácil para ele. Gosto de filmes sobre crescimento, onde não há necessariamente a fórmula pronta da jornada do herói de Joseph Campbell, onde o personagem é algo completamente diferente no final do filme do que ele era no começo, mas mostrado da maneira como a vida age, sem rodeios. É uma fábula realista. Lindo!
Filme indicado a Palma de Ouro e que deu o prêmio de melhor atriz para Emily Beecham no Festival de Cannes. Não tem como assistir e não comparar com o Invasores de Corpos, e quando comparamos não tem como não enxergar que o filme está abaixo, mas isso não tira os méritos do mesmo. Há conveniências demais no roteiro, mas é interessante a estética e algumas discussões que aborda. se fossemos feliz deixaríamos de ser quem somos? O filme peca em ficar em cima do muro quando não deveria e de descer do muro quando deveria ficar lá em cima. Acho que podiam ter deixado mais aberto o lance do "será que tudo isso é real ou ela está ficando louca?", mas acho também que o filme devia ter decidido mais se queria ser um drama ou suspense. Falando assim, parece que o filme tem mais defeitos que acertos, mas também não é bem assim. Quanto ao prêmio de melhor atriz em Cannes, eu ainda acho que Noémie Merlant merecia mais naquele ano. A mensagem que fica é: muita coisa se resolveria melhor na vida com um coquetel molotov.
Indicado para uma das premiações dentro do festival de Veneza, este filme conseguiu me cativar, talvez porque me remeteu em vários momentos ao filme Amor à Queima Roupa de Tony Scott. Há inúmeras referências, inclusive a trilha sonora composta por Ivan Sintsov e Alim Zairov serve como memória afetiva para quem cresceu vendo o filme americano, como eu. Mas engana-se quem achar que é um plágio simplesmente, o filme serve tanto como paródia como denúncia para a realidade no Cazaquistão, e vai se desenrolando com uma crueza e uma fábula que parece até dirigida por Terry Gilliam. Não vou dar spoiler, mas após ponderar dias sobre o desfecho, acho que foi bem satisfatório para a mensagem que o diretor queria passar. Talvez se o personagem principal não fosse tão lesado o filme renderia diálogos mais interessantes, mas as imagens compensam, e muito, esse deficit.
Alguns consideram este o primeiro filme de Kiarostami, porém é um média metragem segundo a classificação de outros países que consideram O Viajante. O fato é que Experiência trás vários elementos que estariam presentes neste período de formação do cineasta, que já havíamos visto em seus dois curtas anteriores (O Pão e o Beco / O Recreio) e que veríamos de novo como por exemplo no filme "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?", a infância e a visão do diretor sobre ela. Acho que este é o filme mais sombrio e triste nesse aspecto, nosso coração é partido em vários momentos e a realidade crua como nos é jogada incomoda de maneira proposital. Abbas Kiarostami era mestre, aqui não é diferente, Experiência não chega a ser algo essencial em sua filmografia, mas serve como peça inicial para aqueles que querem ampliar seu entendimento sobre o diretor.
Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza. Acho que por estar mais acostumado ao estilo do diretor, pude aproveitar muito mais este filme do que o seu anterior (Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre A Existência) que me pegou de surpresa. Adorei, consegui sentir diferentes sentimentos e reflexões ao longo do filme, que mantém a estética asséptica e extraordinária do diretor, como quadros em movimento que vamos assistindo em uma galeria de arte. Lógico que no meio de um turbilhão de histórias, vamos nos identificando mais com umas do que com outras, mas a genialidade do diretor vai até na duração do filme, que deixa o espectador com um gostinho de queria mais ao invés de adentrar em um clima cansativo. Teve momentos que ri muito, outros fiquei abalado, outros são lindos demais.
Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde rendeu um prêmio de melhor atriz para Penélope Cruz. Achei o filme maravilhoso, pois consegue tratar de um tema meio batido em novelas latinas de um jeito como só o diretor consegue e ainda por cima fazendo um amaranhado de conexões com os fantasmas da Guerra Civil Espanhola. Penélope está mais linda do que nunca, essa mulher é que nem vinho, não é possível. Há um corte abrupto na resolução das coisas para o final que me incomodou um pouco, mas nada que a cena final não tenha arrumado, pois é de arrepiar a força dela. O filme teve um aspecto emocional sobre mim, pois um primo é o desaparecido político até hoje da ditadura militar brasileira e vi seus pais morrerem sem um desfecho, os irmãos o procuram até hoje. Almodóvar vem se revolucionando e se tornando cada vez mais necessário no cinema.
Ingmar Bergman já havia feito filmes nota 10 antes desse, mas é aqui que ele atinge o nível que veríamos em seus filmes daí para frente. Um primor ímpar como poucos cineastas atingiram. Aqui tudo funciona, e a dor de amor é sentida de maneira palpável durante toda a película. O clima de nostalgia do envelhecer permeia todo o filme, acho que assisti no momento certo da vida, pois pude entender melhor e refletir sobre sentimentos meus juntos com o filme, já que passei os quarenta anos. Maj-Britt Nilsson está magnífica, rouba as cenas de qualquer ator em cena com ela. O filme perdeu o Leão de Ouro em Veneza para Brinquedo Proibido do René Clément. Vale a assistida, apesar de ter que aguentar o aperto no coração depois por dias.
Vencedor do prêmio do juri na categoria Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Filmado na região da Galícia da Espanha e inteiro falado em galego, o filme é lindíssimo de se ver, gostei de como ele passa pela tela de maneira bucólica e hipnótica sem se tornar massante. A senhora que faz o papel da mãe é de uma ternura de se ver na tela. Mas apesar de tudo falta algo, não sei bem dizer o que, mas o desenvolvimento do personagem ou até completar o destino na cachorra, mas o filme termina com um sentimento de que ficou devendo algo mais. Para mim valeu muito a assistida, mas entendo que não deva funcionar para uma grande maioria. Ainda assim, achei bem acima da média e trouxe reflexões ótimas.
Indicado ao Palma de Ouro no Festival de Cannes. Fazia oito anos que o diretor não nos presenteava com nenhum longa metragem e volta em grande estilo, Cronenberg se reinventa inspirado por ele mesmo e nos bombardeia com esta obra que não deixa de ser extremamente inovadora, mas revisita grande obras do diretor como Videodrome, Mistérios e Paixões, eXistenZ e até o mais recente Cosmopolis. A crítica à sociedade atual é gigantesca, desde a nossa apatia frente a lives do Instagram, quanto ao enorme esforço de grandes corporações para impedir que a humanidade evolua. "Viva a nova Carne!" nunca fez tanto sentido. A cena do dançarino cheio de orelhas que não servem para escutar é outra crítica que pode ser interpretada de várias maneiras diferentes. O filme é um enorme manifesto, simplesmente incrível e uma porrada no nosso estômago. Cada detalhe é planejado, não há nada que não tenha um sentido, uma ideia, uma crítica e uma anticrítica junto. Já coloco este trabalho como um dos melhores em uma carreira cheia de obras perfeitas do diretor. Cronenberg prova aqui que nunca foi tão necessário dentro de uma indústria de filmes que se torna cada vez mais apática.
Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, chega a ser até patético terem dado o prêmio para o Coringa, mas esse festival tem dessas. Confesso que apesar de ter outros três filmes do Larraín aqui na fila para assistir, este foi o meu primeiro do diretor, e simplesmente amei. Mariana Di Girólamo consegue ofuscar qualquer outro ator que está no filme, e não é tarefa fácil frente a Gael García Bernal e Santiago Cabrera (este último mais conhecido para os fãs de Star Trek como eu como o Capitão Rios). O filme tem um ritmo excelente, parte técnica excepcional e até as músicas (que eu não gosto) caíram de forma perfeita. O discurso sobre reggaeton que o personagem de Bernal faz em um momento do filme é exatamente minha opinião e eu ri muito dessa minha conexão com o personagem. O desfecho é fantástico e bizarro, das coisas que faz a gente ficar pensando.
Difícil pensar direito sobre o que achei do filme. Apesar de ter altos e baixos durante toda a película foi o primeiro filme do MCU com uma discussão real sobre moralidade, porque se pensarmos bem no que os "heróis" fizeram no filme é uma coisa bem cinzenta dentro da visão macro e natural do universo. E é nisso que o filme acerta. Com uma porrada de Eternos no gibi para escolher para o filme, não entendi porque deixar o Zuras de fora, que é um dos mais antigos e principais personagens do grupo e criar um novo como o Gilgamesh. Decisões bem toscas. Mas no geral gostei do filme, faz a gente pensar um pouquinho mais, coisa que não é o forte de filmes de super heróis... talvez por isso tanta gente tenha torcido o nariz... estão mais acostumados com ações sem sentido como Viúva Negra. A ideia da Terra ser um ovo de um celestial, se não me engano agora, foi usada pela primeira vez na mini-série em quadrinhos chamada TERRA-X e eu acho ela muito boa, porque inclusive respondia a pergunta do porque a Terra tinha tantos seres super poderosos (já que eles serviam para proteger o ovo), tudo um plano dos Celestiais.
Karim Aïnouz foi galgando posições até se tornar meu diretor nacional favorito e neste filme ele só se firmou ainda mais nesta posição. É um filme extremamente pessoal, uma espécie de documentário com doses de Malick. Me atingiu em cheio os diálogos com a mãe falecida, a construção de memórias e sonhos, as imagens lindíssimas e hipnóticas e também os paralelos que se formam entre o Brasil e a Argélia, fizeram deste filme uma tremenda experiência sensorial e intima. Não é um filme fácil, não há um fio narrativo ou um ápice, nem sequer há uma história, portanto entendo os inúmeros espectadores que não se sentiram conectados com a película, acho que vai da experiência de vida de cada um, mas para mim funcionou perfeitamente, me atingiu em cheio e me vi com os olhos úmidos durante praticamente toda a sessão.
Assisti apenas depois de uns dois meses que havia terminado o livro, não dá pra negar o trabalho dificílimo que é transpor aquele calhamaço em duas horas de filme e nisso acho que o diretor conseguiu se sair muito bem. Mas não tem como terminar a sessão sem comparações, muito se perde ao longo da película e outras coisas que estão lá ficam jogadas (como a cena do Bloom procurando o cu na estátua de mármore no museu). Mulligan consegue ser mais repugnante que no livro e a cena da alucinação, que inclusive entrou no título nacional, é de um primor ímpar. Os atores também estão muito bem, Fionnula Flanagan novinha, e uns closes de Barbara Jefford maravilhosos. Em certo momento durante a alucinação, Bloom faz uma saudação vulcana famosa de Jornada nas Estrelas, fico imaginando se foi proposital. O filme é acima da média, mas só aconselho assistir depois de ler o livro mesmo.
Ganhador do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, acho que ele é bem mal interpretado por quem o assiste. Vejo pessoas falando que é sobre como surge um extremista e outros dizem que o filme pegou leve com o islamismo. O filme não é sobre nada disso, é sobre a raiva que surge da perda da própria identidade e do preconceito que essas pessoas, na maioria das vezes obrigadas a sair de seus países por políticas predatórias de países de primeiro mundo, tem que enfrentar. Moro na Europa e vejo isso todos os dias, jovens negros, por exemplo, de família nigeriana que nasceram na Inglaterra, cresceram na Inglaterra, tem como a língua única e exclusivamente o inglês, mas são vistos como nigerianos. O filme é sobre essas pessoas e a busca constante por suas identidades, um garoto que nasceu na Bélgica, de família árabe e que é visto como um árabe. Ele busca então se identificar com sua cultura, porém sofre esse desrespeito em vários momentos do filme. Ao ser obrigado a cumprimentar tocando a professora, por exemplo, poucos veem o enorme desrespeito cultural (tendem a ver somente o machismo dessa cultura) e tudo entra em uma espiral de sentimentos da nossa cultura ocidental julgando outra. O filme é excelente neste aspecto, uma pena que poucos conseguiram ver por essa ótica.
Confesso que eu esperava mais, o filme nos trás uma história extremamente simples, sem muitas surpresas ou ápices. Tudo bem linear e bem feito, mas que parece faltar algo, mesmo com o final bem certeiro. Achei que a história de amizade não é tão de "amizade" assim, já que King-Lu parece ser mais um aproveitador em cima de Figowitz... afinal quem faz todo o trabalho pesado de ordenhar a vaca e cozinhar os cookies é ele. King-Lu está ali só para aproveitar os ganhos com a desculpa esfarrapada do capitalista bonzinho e amigo. É King-Lu que deve sua vida ao cozinheiro e é ele que devia ter muito mais direito ao dinheiro que eles ganham. São camadas que parecem ficar escondidas na película e parece não gerar tanta discussão como deveria. Até a participação do Rene Auberjonois, que é sua última em um filme (O ator veio a falecer depois), ficou apenas como uma figuração. Há personagens muito mal aproveitados.
Nunca pensei que eu ia dar uma nota tão baixa para um filme do Bergman. Um filme feito sob encomenda contra o comunismo da União Soviética, o diretor chegou a pedir para as pessoas não assistirem e que não fosse mais exibido. O filme é realmente bem fraco, confuso, com uma direção técnica competente e alguns diálogos afiados, mas é só. Para por aí. Um noir bem no estilo americano, os atores convencem. A melhor definição para o filme que li veio de um comentário de uma usuária do Filmow onde escreve: "É Bergman, mas é um abacaxi". Sim, é um abacaxi.
Filme premiado no Festival de Sundance, mas que não caiu muito no meu gosto não. Por um lado o filme é perfeito, se contarmos só a parte técnica. Direção, trilha sonora, cada tomada é uma obra de arte, ótimas atuações... enfim, perfeição! Daí a gente pode até entender o prêmio, mas quando o assunto é o roteiro e o decorrer do filme, daí eu não consegui salvar muita coisa. Até agora eu não consegui entender se no começo do filme os personagens já são namorados ou isso acontece durante a película, porque não há nenhum tipo de conexão emocional entre eles por praticamente todo o filme. Tudo bem que o inglês é um povo esquisito, mas assim já é demais. A cena em que ela descobre que o namorado usa heroína é patética, tipo, quantos anos ela tem no filme? Sete? Uma estudante de arte que discute filmes franceses nunca ouviu falar de furos no braço pelo uso de heroína? Na faculdade de arte em plenos anos oitenta? O livro Junkie do Burroughs já era super conhecido há mais de vinte anos nessa época. Achei superestimado, achei inclusive que a diretora tenta pagar de cult de uma maneira meio enfadonha superintelectualizada que estraga a experiência. Confesso que foi difícil ficar acordado.
Vencedor, bem merecido, do prêmio de melhor diretor do Festival de Berlim. É um belo filme, que apesar de transmitir diferentes tipos de sentimentos e de que quando acaba você não tem certeza do que achou sobre ele, merece demais a assistida. Houve todo um "barraco" sobre a traição da atriz com o diretor deste filme que influenciou na realização do mesmo, mas não vou entrar nesse âmbito de fofoca, quem tiver curiosidade usa o Google aí. É um filme de diálogos, onde cada frase é uma navalha de sentimentos cortando alguma parte do nosso subconsciente. E é profundo. Será que o marido de Gam-hee está em viagem de negócios mesmo ou ela simplesmente fugiu dele? Há perguntas sem respostas por toda a película. É a vida... pura e simplesmente. Tudo é sutil e tudo é poesia. Uma cena bem forçada, que achei bem forçada é a carne queimando na frigideira depois de um tempão de conversa, já era para tudo estar esfumaçado muito tempo antes. Hong Sang-soo é meu diretor sul coreano preferido, este filme só fortaleceu sua posição. Só não dei uma nota maior porque sou chato.
Foi um filme mais fraco que assisti do Welles, confesso que me senti um pouco decepcionado. Teria sido um pouco melhor se tivesse terminado minutos antes sem a cena final. Dizem que o filme sofreu intervenção de produtores (pra variar, né? Era a sina do coitado), acredito que teria sido melhor com a liberdade criativa do diretor. A mensagem que mais me pegou e que é pessoal para mim é o amor entre os personagens que dura décadas mesmo distantes, pois acredito que há pessoas que marcam a gente assim mesmo e machuca saber que a vida não permite ensaios como em um filme. O elenco é competente, mas acho normal também não conseguir manter o nível depois de um Cidadão Kane, porque fazer aquele clássico é uma vez na vida... mas em contrapartida A Dama de Shanghai é maravilhoso mesmo com os pitacos dos produtores.
Lembro de crescer (em meio a uma família italiana) ouvindo falar sobre Tommaso Buscetta em almoços de família, mas nunca soube exatamente a importância dele nos rumos da Itália. Hoje, para quem não sabe, a Cosa Nostra é praticamente extinta no país, salvo na região de Nápoles onde ainda desfruta de alguma influência, mas o mais importante é ver como a própria organização criminosa deu corda para se enforcar pela ganância ao abraçar o comércio de drogas. Qualquer pessoa que assistiu o Poderoso Chefão sabe que as drogas foi uma divisão de águas dentro dela, pois muitos mafiosos não aceitaram o estrago que ela vinha fazendo dentro da sociedade. O filme é longo, mas não achei nem um pouco cansativo, Favino leva nas costas com sua excelente atuação. Uma das melhores cenas para mim, que talvez muita gente vai ficar perdida por não falar italiano é a cena em que Salvatore Contorno começa a falar em dialeto siciliano durante o julgamento, não me aguentei de rir. As cenas no Brasil ficaram com um áudio ruim, provavelmente devido a mudança de equipamento. Maria Fernanda sempre linda. Um filme que vale a assistida.
Terminei de assistir agora, primeira vez que vi o filme foi no lançamento do VHS, isso devia ser em 1995. Depois li o livro em 1996 ou 1997 e assisti de novo... Depois de mais de vinte anos voltei para esse universo por pura nostalgia e reli o livro semana passada, daí fui rever o filme hoje.
Se a pessoa for comparar, o filme parece muito menor, mas olhando com um olhar crítico, a adaptação da obra foi muito acima da média da maioria de adaptações de livros. Não dava para colocar tudo, nem no quesito filosófico quanto nos detalhes. O principal está todo ali no filme. Kirsten Dunst roubou a cena e me impressiona como o filme funciona ainda muito bem nos dias de hoje. As pessoas realmente enxergam a relação dos vampiros como "Homoafetiva" quando na verdade é algo que transcende completamente nossa visão pequena do mundo mortal. Acho que a atração entre eles foi uma das coisas mal trabalhadas na película. Eu podia jurar que o Lestat aparecia no Teatro dos Vampiros como no livro, mas minha memória falhou nesse ponto. Achei que o filme termina a relação do Louis com o Armand melhor que no livro inclusive.
Fui ver meio sem vontade nenhuma... era umas 22 da noite e pensei.... Foda-se! Vou fazer barulho pro vizinho que me incomoda as vezes... CARACA! Passou voando às 3 horas. Melhor filme do Batman já feito. O diretor e roteirista entenderam perfeitamente a essência do personagem, podiam dar uma aula para o Zack Snyder ver se ele entende alguma coisa. Existem elementos de vários batmans no filme, desde o Adam West à Dennis O'Neil e Frank Miller. Belo filme, espero que façam muitos outros com os mesmos envolvidos. Até a Zoë Kravitz conseguiu ser a melhor Selina do cinema, que atriz maravilhosa. Não há nada para reclamar, a atuação do Dano está assustadora.
É um filme do Tanovic, então obviamente se espera muito mais do que ele entrega tentando ser uma espécie de Seven europeu. O filme até certo ponto funciona bem. O Jeffrey Dean Morgan se esforça bem e para mim convenceu bem no papel. A produção inglesa passa por vários países da Europa e consegue surpreender em um interessante plot twist pela metade do filme, mas é isso. Se perde em vários pontos depois, cenas forçadas do cinema americano permeiam a película (um homem pode ser arremessado do carro e continuar segurando sua arma? É, acho que não). É triste ver Famke Janssen irreconhecível por cirurgias plásticas e devemos pensar no que as mulheres se submetem para tentar continuar dentro de padrões que são exigidos delas pela indústria. O final não funciona e talvez aí seja onde o filme pisa em ovos. Como um todo, não é um filme ruim, peca nos detalhes. O que eu mais gostei foram das cenas do personagem principal com o policial alemão, muito bem interpretado por Joachim Król.
Os Miseráveis
4.0 162Vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes, dividindo-o com Bacurau. O filme parece não trazer nada de novo até certo ponto, até dar uma guinada completa nos eventos que levam ao incrível desfecho simplesmente arrebatador. O tanto de discussões que ele escancara com um murro direto na cara do espectador são incontáveis, o próprio policial novato que somos levados de maneira muito bem conduzida a nos identificar, não passa de um passador de pano em linhas gerais. O problema da imigração para a Europa é tratada aqui da maneira crua como é, pois de quem é a culpa da pobreza na África se não dos próprios europeus? Quem melhor para pagar esta conta agora? Sem tirar o mérito do filme brasileiro com o qual dividiu o prêmio, achei este mais direto ao ponto, mais visceral e bem construído, mas o mais interessante é como os dois filmes dialogam muito bem entre si, fazendo deles quase irmãos separados por diferentes continentes. Vale muito a assistida... e que final! QUE FINAL!
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A Mão de Deus
3.6 189Vencedor do Leão de Prata no Festival em Veneza. Achei o filme maravilhoso, porque é exatamente o tipo de filme que eu gosto, cheio de sentimentos, que vão do luto à alegria e que desemboca em uma lição de vida sem ser piegas. A coragem do diretor em contar sua história com esta crueza de detalhes foi realmente algo brilhante. Para mim, tudo no filme funcionou, não há nada que eu consiga criticar, inclusive daria o Leão de Ouro fácil para ele. Gosto de filmes sobre crescimento, onde não há necessariamente a fórmula pronta da jornada do herói de Joseph Campbell, onde o personagem é algo completamente diferente no final do filme do que ele era no começo, mas mostrado da maneira como a vida age, sem rodeios. É uma fábula realista. Lindo!
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Little Joe: A Flor da Felicidade
3.1 31 Assista AgoraFilme indicado a Palma de Ouro e que deu o prêmio de melhor atriz para Emily Beecham no Festival de Cannes. Não tem como assistir e não comparar com o Invasores de Corpos, e quando comparamos não tem como não enxergar que o filme está abaixo, mas isso não tira os méritos do mesmo. Há conveniências demais no roteiro, mas é interessante a estética e algumas discussões que aborda. se fossemos feliz deixaríamos de ser quem somos? O filme peca em ficar em cima do muro quando não deveria e de descer do muro quando deveria ficar lá em cima. Acho que podiam ter deixado mais aberto o lance do "será que tudo isso é real ou ela está ficando louca?", mas acho também que o filme devia ter decidido mais se queria ser um drama ou suspense. Falando assim, parece que o filme tem mais defeitos que acertos, mas também não é bem assim. Quanto ao prêmio de melhor atriz em Cannes, eu ainda acho que Noémie Merlant merecia mais naquele ano. A mensagem que fica é: muita coisa se resolveria melhor na vida com um coquetel molotov.
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Yellow Cat
3.3 6Indicado para uma das premiações dentro do festival de Veneza, este filme conseguiu me cativar, talvez porque me remeteu em vários momentos ao filme Amor à Queima Roupa de Tony Scott. Há inúmeras referências, inclusive a trilha sonora composta por Ivan Sintsov e Alim Zairov serve como memória afetiva para quem cresceu vendo o filme americano, como eu. Mas engana-se quem achar que é um plágio simplesmente, o filme serve tanto como paródia como denúncia para a realidade no Cazaquistão, e vai se desenrolando com uma crueza e uma fábula que parece até dirigida por Terry Gilliam. Não vou dar spoiler, mas após ponderar dias sobre o desfecho, acho que foi bem satisfatório para a mensagem que o diretor queria passar. Talvez se o personagem principal não fosse tão lesado o filme renderia diálogos mais interessantes, mas as imagens compensam, e muito, esse deficit.
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Experiência
3.7 4Alguns consideram este o primeiro filme de Kiarostami, porém é um média metragem segundo a classificação de outros países que consideram O Viajante. O fato é que Experiência trás vários elementos que estariam presentes neste período de formação do cineasta, que já havíamos visto em seus dois curtas anteriores (O Pão e o Beco / O Recreio) e que veríamos de novo como por exemplo no filme "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?", a infância e a visão do diretor sobre ela. Acho que este é o filme mais sombrio e triste nesse aspecto, nosso coração é partido em vários momentos e a realidade crua como nos é jogada incomoda de maneira proposital. Abbas Kiarostami era mestre, aqui não é diferente, Experiência não chega a ser algo essencial em sua filmografia, mas serve como peça inicial para aqueles que querem ampliar seu entendimento sobre o diretor.
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Sobre a Eternidade
3.6 22Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza. Acho que por estar mais acostumado ao estilo do diretor, pude aproveitar muito mais este filme do que o seu anterior (Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre A Existência) que me pegou de surpresa. Adorei, consegui sentir diferentes sentimentos e reflexões ao longo do filme, que mantém a estética asséptica e extraordinária do diretor, como quadros em movimento que vamos assistindo em uma galeria de arte. Lógico que no meio de um turbilhão de histórias, vamos nos identificando mais com umas do que com outras, mas a genialidade do diretor vai até na duração do filme, que deixa o espectador com um gostinho de queria mais ao invés de adentrar em um clima cansativo. Teve momentos que ri muito, outros fiquei abalado, outros são lindos demais.
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Mães Paralelas
3.7 412Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde rendeu um prêmio de melhor atriz para Penélope Cruz. Achei o filme maravilhoso, pois consegue tratar de um tema meio batido em novelas latinas de um jeito como só o diretor consegue e ainda por cima fazendo um amaranhado de conexões com os fantasmas da Guerra Civil Espanhola. Penélope está mais linda do que nunca, essa mulher é que nem vinho, não é possível. Há um corte abrupto na resolução das coisas para o final que me incomodou um pouco, mas nada que a cena final não tenha arrumado, pois é de arrepiar a força dela. O filme teve um aspecto emocional sobre mim, pois um primo é o desaparecido político até hoje da ditadura militar brasileira e vi seus pais morrerem sem um desfecho, os irmãos o procuram até hoje. Almodóvar vem se revolucionando e se tornando cada vez mais necessário no cinema.
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Juventude
4.2 82 Assista AgoraIngmar Bergman já havia feito filmes nota 10 antes desse, mas é aqui que ele atinge o nível que veríamos em seus filmes daí para frente. Um primor ímpar como poucos cineastas atingiram. Aqui tudo funciona, e a dor de amor é sentida de maneira palpável durante toda a película. O clima de nostalgia do envelhecer permeia todo o filme, acho que assisti no momento certo da vida, pois pude entender melhor e refletir sobre sentimentos meus juntos com o filme, já que passei os quarenta anos. Maj-Britt Nilsson está magnífica, rouba as cenas de qualquer ator em cena com ela. O filme perdeu o Leão de Ouro em Veneza para Brinquedo Proibido do René Clément. Vale a assistida, apesar de ter que aguentar o aperto no coração depois por dias.
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O Que Arde
3.4 11Vencedor do prêmio do juri na categoria Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Filmado na região da Galícia da Espanha e inteiro falado em galego, o filme é lindíssimo de se ver, gostei de como ele passa pela tela de maneira bucólica e hipnótica sem se tornar massante. A senhora que faz o papel da mãe é de uma ternura de se ver na tela. Mas apesar de tudo falta algo, não sei bem dizer o que, mas o desenvolvimento do personagem ou até completar o destino na cachorra, mas o filme termina com um sentimento de que ficou devendo algo mais. Para mim valeu muito a assistida, mas entendo que não deva funcionar para uma grande maioria. Ainda assim, achei bem acima da média e trouxe reflexões ótimas.
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Crimes do Futuro
3.2 265 Assista AgoraIndicado ao Palma de Ouro no Festival de Cannes. Fazia oito anos que o diretor não nos presenteava com nenhum longa metragem e volta em grande estilo, Cronenberg se reinventa inspirado por ele mesmo e nos bombardeia com esta obra que não deixa de ser extremamente inovadora, mas revisita grande obras do diretor como Videodrome, Mistérios e Paixões, eXistenZ e até o mais recente Cosmopolis. A crítica à sociedade atual é gigantesca, desde a nossa apatia frente a lives do Instagram, quanto ao enorme esforço de grandes corporações para impedir que a humanidade evolua. "Viva a nova Carne!" nunca fez tanto sentido. A cena do dançarino cheio de orelhas que não servem para escutar é outra crítica que pode ser interpretada de várias maneiras diferentes. O filme é um enorme manifesto, simplesmente incrível e uma porrada no nosso estômago. Cada detalhe é planejado, não há nada que não tenha um sentido, uma ideia, uma crítica e uma anticrítica junto. Já coloco este trabalho como um dos melhores em uma carreira cheia de obras perfeitas do diretor. Cronenberg prova aqui que nunca foi tão necessário dentro de uma indústria de filmes que se torna cada vez mais apática.
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Ema
3.5 80 Assista AgoraIndicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, chega a ser até patético terem dado o prêmio para o Coringa, mas esse festival tem dessas. Confesso que apesar de ter outros três filmes do Larraín aqui na fila para assistir, este foi o meu primeiro do diretor, e simplesmente amei. Mariana Di Girólamo consegue ofuscar qualquer outro ator que está no filme, e não é tarefa fácil frente a Gael García Bernal e Santiago Cabrera (este último mais conhecido para os fãs de Star Trek como eu como o Capitão Rios). O filme tem um ritmo excelente, parte técnica excepcional e até as músicas (que eu não gosto) caíram de forma perfeita. O discurso sobre reggaeton que o personagem de Bernal faz em um momento do filme é exatamente minha opinião e eu ri muito dessa minha conexão com o personagem. O desfecho é fantástico e bizarro, das coisas que faz a gente ficar pensando.
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Eternos
3.4 1,1K Assista AgoraDifícil pensar direito sobre o que achei do filme. Apesar de ter altos e baixos durante toda a película foi o primeiro filme do MCU com uma discussão real sobre moralidade, porque se pensarmos bem no que os "heróis" fizeram no filme é uma coisa bem cinzenta dentro da visão macro e natural do universo. E é nisso que o filme acerta. Com uma porrada de Eternos no gibi para escolher para o filme, não entendi porque deixar o Zuras de fora, que é um dos mais antigos e principais personagens do grupo e criar um novo como o Gilgamesh. Decisões bem toscas. Mas no geral gostei do filme, faz a gente pensar um pouquinho mais, coisa que não é o forte de filmes de super heróis... talvez por isso tanta gente tenha torcido o nariz... estão mais acostumados com ações sem sentido como Viúva Negra. A ideia da Terra ser um ovo de um celestial, se não me engano agora, foi usada pela primeira vez na mini-série em quadrinhos chamada TERRA-X e eu acho ela muito boa, porque inclusive respondia a pergunta do porque a Terra tinha tantos seres super poderosos (já que eles serviam para proteger o ovo), tudo um plano dos Celestiais.
Marinheiro das Montanhas
4.1 16Karim Aïnouz foi galgando posições até se tornar meu diretor nacional favorito e neste filme ele só se firmou ainda mais nesta posição. É um filme extremamente pessoal, uma espécie de documentário com doses de Malick. Me atingiu em cheio os diálogos com a mãe falecida, a construção de memórias e sonhos, as imagens lindíssimas e hipnóticas e também os paralelos que se formam entre o Brasil e a Argélia, fizeram deste filme uma tremenda experiência sensorial e intima. Não é um filme fácil, não há um fio narrativo ou um ápice, nem sequer há uma história, portanto entendo os inúmeros espectadores que não se sentiram conectados com a película, acho que vai da experiência de vida de cada um, mas para mim funcionou perfeitamente, me atingiu em cheio e me vi com os olhos úmidos durante praticamente toda a sessão.
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A Alucinação de Ulisses
3.7 13Assisti apenas depois de uns dois meses que havia terminado o livro, não dá pra negar o trabalho dificílimo que é transpor aquele calhamaço em duas horas de filme e nisso acho que o diretor conseguiu se sair muito bem. Mas não tem como terminar a sessão sem comparações, muito se perde ao longo da película e outras coisas que estão lá ficam jogadas (como a cena do Bloom procurando o cu na estátua de mármore no museu). Mulligan consegue ser mais repugnante que no livro e a cena da alucinação, que inclusive entrou no título nacional, é de um primor ímpar. Os atores também estão muito bem, Fionnula Flanagan novinha, e uns closes de Barbara Jefford maravilhosos. Em certo momento durante a alucinação, Bloom faz uma saudação vulcana famosa de Jornada nas Estrelas, fico imaginando se foi proposital. O filme é acima da média, mas só aconselho assistir depois de ler o livro mesmo.
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O Jovem Ahmed
3.5 33 Assista AgoraGanhador do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, acho que ele é bem mal interpretado por quem o assiste. Vejo pessoas falando que é sobre como surge um extremista e outros dizem que o filme pegou leve com o islamismo. O filme não é sobre nada disso, é sobre a raiva que surge da perda da própria identidade e do preconceito que essas pessoas, na maioria das vezes obrigadas a sair de seus países por políticas predatórias de países de primeiro mundo, tem que enfrentar. Moro na Europa e vejo isso todos os dias, jovens negros, por exemplo, de família nigeriana que nasceram na Inglaterra, cresceram na Inglaterra, tem como a língua única e exclusivamente o inglês, mas são vistos como nigerianos. O filme é sobre essas pessoas e a busca constante por suas identidades, um garoto que nasceu na Bélgica, de família árabe e que é visto como um árabe. Ele busca então se identificar com sua cultura, porém sofre esse desrespeito em vários momentos do filme. Ao ser obrigado a cumprimentar tocando a professora, por exemplo, poucos veem o enorme desrespeito cultural (tendem a ver somente o machismo dessa cultura) e tudo entra em uma espiral de sentimentos da nossa cultura ocidental julgando outra. O filme é excelente neste aspecto, uma pena que poucos conseguiram ver por essa ótica.
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First Cow: A Primeira Vaca da América
3.8 131 Assista AgoraConfesso que eu esperava mais, o filme nos trás uma história extremamente simples, sem muitas surpresas ou ápices. Tudo bem linear e bem feito, mas que parece faltar algo, mesmo com o final bem certeiro. Achei que a história de amizade não é tão de "amizade" assim, já que King-Lu parece ser mais um aproveitador em cima de Figowitz... afinal quem faz todo o trabalho pesado de ordenhar a vaca e cozinhar os cookies é ele. King-Lu está ali só para aproveitar os ganhos com a desculpa esfarrapada do capitalista bonzinho e amigo. É King-Lu que deve sua vida ao cozinheiro e é ele que devia ter muito mais direito ao dinheiro que eles ganham. São camadas que parecem ficar escondidas na película e parece não gerar tanta discussão como deveria. Até a participação do Rene Auberjonois, que é sua última em um filme (O ator veio a falecer depois), ficou apenas como uma figuração. Há personagens muito mal aproveitados.
Isto Não Aconteceria Aqui
2.8 12Nunca pensei que eu ia dar uma nota tão baixa para um filme do Bergman. Um filme feito sob encomenda contra o comunismo da União Soviética, o diretor chegou a pedir para as pessoas não assistirem e que não fosse mais exibido. O filme é realmente bem fraco, confuso, com uma direção técnica competente e alguns diálogos afiados, mas é só. Para por aí. Um noir bem no estilo americano, os atores convencem. A melhor definição para o filme que li veio de um comentário de uma usuária do Filmow onde escreve: "É Bergman, mas é um abacaxi". Sim, é um abacaxi.
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O Souvenir
3.0 51 Assista AgoraFilme premiado no Festival de Sundance, mas que não caiu muito no meu gosto não. Por um lado o filme é perfeito, se contarmos só a parte técnica. Direção, trilha sonora, cada tomada é uma obra de arte, ótimas atuações... enfim, perfeição! Daí a gente pode até entender o prêmio, mas quando o assunto é o roteiro e o decorrer do filme, daí eu não consegui salvar muita coisa. Até agora eu não consegui entender se no começo do filme os personagens já são namorados ou isso acontece durante a película, porque não há nenhum tipo de conexão emocional entre eles por praticamente todo o filme. Tudo bem que o inglês é um povo esquisito, mas assim já é demais. A cena em que ela descobre que o namorado usa heroína é patética, tipo, quantos anos ela tem no filme? Sete? Uma estudante de arte que discute filmes franceses nunca ouviu falar de furos no braço pelo uso de heroína? Na faculdade de arte em plenos anos oitenta? O livro Junkie do Burroughs já era super conhecido há mais de vinte anos nessa época. Achei superestimado, achei inclusive que a diretora tenta pagar de cult de uma maneira meio enfadonha superintelectualizada que estraga a experiência. Confesso que foi difícil ficar acordado.
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A Mulher que Fugiu
3.6 36Vencedor, bem merecido, do prêmio de melhor diretor do Festival de Berlim. É um belo filme, que apesar de transmitir diferentes tipos de sentimentos e de que quando acaba você não tem certeza do que achou sobre ele, merece demais a assistida. Houve todo um "barraco" sobre a traição da atriz com o diretor deste filme que influenciou na realização do mesmo, mas não vou entrar nesse âmbito de fofoca, quem tiver curiosidade usa o Google aí. É um filme de diálogos, onde cada frase é uma navalha de sentimentos cortando alguma parte do nosso subconsciente. E é profundo. Será que o marido de Gam-hee está em viagem de negócios mesmo ou ela simplesmente fugiu dele? Há perguntas sem respostas por toda a película. É a vida... pura e simplesmente. Tudo é sutil e tudo é poesia. Uma cena bem forçada, que achei bem forçada é a carne queimando na frigideira depois de um tempão de conversa, já era para tudo estar esfumaçado muito tempo antes. Hong Sang-soo é meu diretor sul coreano preferido, este filme só fortaleceu sua posição. Só não dei uma nota maior porque sou chato.
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Soberba
3.8 75 Assista AgoraFoi um filme mais fraco que assisti do Welles, confesso que me senti um pouco decepcionado. Teria sido um pouco melhor se tivesse terminado minutos antes sem a cena final. Dizem que o filme sofreu intervenção de produtores (pra variar, né? Era a sina do coitado), acredito que teria sido melhor com a liberdade criativa do diretor. A mensagem que mais me pegou e que é pessoal para mim é o amor entre os personagens que dura décadas mesmo distantes, pois acredito que há pessoas que marcam a gente assim mesmo e machuca saber que a vida não permite ensaios como em um filme. O elenco é competente, mas acho normal também não conseguir manter o nível depois de um Cidadão Kane, porque fazer aquele clássico é uma vez na vida... mas em contrapartida A Dama de Shanghai é maravilhoso mesmo com os pitacos dos produtores.
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O Traidor
3.5 27 Assista AgoraLembro de crescer (em meio a uma família italiana) ouvindo falar sobre Tommaso Buscetta em almoços de família, mas nunca soube exatamente a importância dele nos rumos da Itália. Hoje, para quem não sabe, a Cosa Nostra é praticamente extinta no país, salvo na região de Nápoles onde ainda desfruta de alguma influência, mas o mais importante é ver como a própria organização criminosa deu corda para se enforcar pela ganância ao abraçar o comércio de drogas. Qualquer pessoa que assistiu o Poderoso Chefão sabe que as drogas foi uma divisão de águas dentro dela, pois muitos mafiosos não aceitaram o estrago que ela vinha fazendo dentro da sociedade. O filme é longo, mas não achei nem um pouco cansativo, Favino leva nas costas com sua excelente atuação. Uma das melhores cenas para mim, que talvez muita gente vai ficar perdida por não falar italiano é a cena em que Salvatore Contorno começa a falar em dialeto siciliano durante o julgamento, não me aguentei de rir. As cenas no Brasil ficaram com um áudio ruim, provavelmente devido a mudança de equipamento. Maria Fernanda sempre linda. Um filme que vale a assistida.
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Entrevista Com o Vampiro
4.1 2,2K Assista AgoraTerminei de assistir agora, primeira vez que vi o filme foi no lançamento do VHS, isso devia ser em 1995. Depois li o livro em 1996 ou 1997 e assisti de novo... Depois de mais de vinte anos voltei para esse universo por pura nostalgia e reli o livro semana passada, daí fui rever o filme hoje.
Se a pessoa for comparar, o filme parece muito menor, mas olhando com um olhar crítico, a adaptação da obra foi muito acima da média da maioria de adaptações de livros. Não dava para colocar tudo, nem no quesito filosófico quanto nos detalhes. O principal está todo ali no filme. Kirsten Dunst roubou a cena e me impressiona como o filme funciona ainda muito bem nos dias de hoje. As pessoas realmente enxergam a relação dos vampiros como "Homoafetiva" quando na verdade é algo que transcende completamente nossa visão pequena do mundo mortal. Acho que a atração entre eles foi uma das coisas mal trabalhadas na película. Eu podia jurar que o Lestat aparecia no Teatro dos Vampiros como no livro, mas minha memória falhou nesse ponto. Achei que o filme termina a relação do Louis com o Armand melhor que no livro inclusive.
Um Clássico! Continua forte!
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraFui ver meio sem vontade nenhuma... era umas 22 da noite e pensei.... Foda-se! Vou fazer barulho pro vizinho que me incomoda as vezes... CARACA! Passou voando às 3 horas. Melhor filme do Batman já feito. O diretor e roteirista entenderam perfeitamente a essência do personagem, podiam dar uma aula para o Zack Snyder ver se ele entende alguma coisa. Existem elementos de vários batmans no filme, desde o Adam West à Dennis O'Neil e Frank Miller. Belo filme, espero que façam muitos outros com os mesmos envolvidos. Até a Zoë Kravitz conseguiu ser a melhor Selina do cinema, que atriz maravilhosa. Não há nada para reclamar, a atuação do Dano está assustadora.
Postais Mortíferos
2.7 58 Assista AgoraÉ um filme do Tanovic, então obviamente se espera muito mais do que ele entrega tentando ser uma espécie de Seven europeu. O filme até certo ponto funciona bem. O Jeffrey Dean Morgan se esforça bem e para mim convenceu bem no papel. A produção inglesa passa por vários países da Europa e consegue surpreender em um interessante plot twist pela metade do filme, mas é isso. Se perde em vários pontos depois, cenas forçadas do cinema americano permeiam a película (um homem pode ser arremessado do carro e continuar segurando sua arma? É, acho que não). É triste ver Famke Janssen irreconhecível por cirurgias plásticas e devemos pensar no que as mulheres se submetem para tentar continuar dentro de padrões que são exigidos delas pela indústria. O final não funciona e talvez aí seja onde o filme pisa em ovos. Como um todo, não é um filme ruim, peca nos detalhes. O que eu mais gostei foram das cenas do personagem principal com o policial alemão, muito bem interpretado por Joachim Król.
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