O impactante ‘Guerra Civil’ é distopia muito próxima da realidade
'Guerra Civil', estrelado por Wagner Moura a Kirsten Dunst, discute os dilemas da imprensa, sobretudo do fotojornalismo, no registro de um conflito de secessão que esfacela os Estados Unidos.
Num futuro não muito distante, os Estados Unidos mergulham em uma guerra interna sangrenta e visceral. O presidente está encurralado na Casa Branca, envolto em um cerco tenso em Washington, D.C. Enquanto isso, nas ruas de uma Nova York desolada, a população aguarda ansiosamente por migalhas de água em meio ao desespero.
A paisagem é dominada por sombras mortais nos telhados, prontas para disparar a qualquer momento, por terroristas dispostos a sacrificar suas próprias vidas e por figuras estranhas e ameaçadoras que vagam pelas ruas. Nesse caos infernal, uma facção rebelde conhecida como Forças Ocidentais, representando o Texas e a Califórnia, emerge como a principal antagonista contra o frágil remanescente do governo federal.
O nítido batuque de um tambor, acompanhado por um ritmo marcial persistente, marca o início de Guerra Civil, filme do britânico Alex Garland que há duas semanas está no topo das bilheterias norte-americanas. O filme evoca lembranças dos grandes filmes de guerra, como o som perturbador da artilharia em O Resgate do Soldado Ryan e a jornada surreal de Apocalypse Now. Há também uma conexão marcante com Extermínio, filme de zumbis de 2002 escrito por Alex Garland, lançado nos cinemas durante os ataques de 11 de setembro de 2001, tornando-se uma produção profundamente atual.
O tema abordado em Guerra Civil será amplamente discutido. O filme retrata uma América intensificada a partir de seu atual estado quase insurrecional, criando uma sensação preocupante de proximidade. Um presidente autocrático, em seu terceiro mandato, ensaia discursos pomposos diante de um teleprompter. As Forças Ocidentais formam uma aliança improvável na tentativa de retomar a capital.
A paisagem suburbana está repleta de shoppings bombardeados, intolerância feroz e, mais inquietante ainda, ocasionalmente há uma cidade onde tudo parece normal, mesmo com os habitantes cientes de que o país está em colapso nos estados vizinhos, erguendo muros pessoais para se proteger. “Apenas tentamos nos manter à parte”, dizem.
Para Garland, a apatia é o verdadeiro adversário. Seus filmes, como Ex-Machina e Aniquilação, são ricos em temas profundos e refletem uma sociedade fragmentada. Guerra Civil retrata melancolicamente essa distopia, evidenciando a perda irreparável de algo maior.
Por isso, Garland escolhe como protagonistas um par de fotojornalistas: uma experiente e a outra aspirante. Interpretada por Kirsten Dunst, Lee é séria e introspectiva, enquanto Jessie, interpretada por Cailee Spaeny, busca apenas aventura, uma iniciação. Elas são acompanhados por Joel, interpretado por Wagner Moura, excelente, e Sammy, vivido por Stephen McKinley Henderson, um veterano jornalista que trabalha para um The New York Times reduzido e possivelmente envolvido em atividades criminosas.
‘Guerra Civil’: road movie
A jornada de Guerra Civil se transforma em um emocionante road movie, repleto de momentos de tensão explosiva e decisões que podem ser definitivas. Algumas imagens são demasiadamente familiares, como a fila de carros abandonados se estendendo até o horizonte. A sequência mais impactante dessa jornada se dá quando a equipe de jornalistas se depara com um dos defensores racistas e nacionalistas do presidente, vivido por um assustador Jesse Piemons, que veste roupas militares de camuflagem e óculos de armação e lentes vermelhas – uma alusão explícita ao Partido Republicano?
As cenas mais marcantes são aquelas que incitam a reflexão. Garland é mestre em transmitir sensações, como o canto dos pássaros sobre gramados ensanguentados ou o humor lacônico de soldados exaustos. Ele nos convida a observar e refletir sobre a condição política geral, questionando se os Estados Unidos realmente merecem uma democracia se mal conseguem se comunicar.
O filme culmina em um ato final avassalador, no qual a imensidão do aparato militar moderno invade a tela. A visão de tanques rolando pela Avenida Pensilvânia, onde está a Casa Branca, em Washington D.C., é perturbadora, e é esse desconforto que confere valor à obra de Garland.
PS: Wagner Moura + A24 = Perfeição
Na aposta ousada da produtora A24, dois foto jornalistas - interpretados por Kirsten Dunst e Wagner Moura - atravessam o território norte-americano, para cobrir um conflito generalizado, mesmo que eles próprios, ainda não o compreendam completamente.
Este longa-metragem dirigido por Alex Garland (Ex Machina), a guerra civil se instaura a partir de um movimento separatista, na qual 19 estados se separam dos EUA.
Os estados do Texas e Califórnia se tornam independentes e formam uma aliança militarizada, ostentando uma nova bandeira americana, com duas estrelas em vez de 50. A aliança é batizada de The Western Forces (As Forças Ocidentais). O resto do país também acaba se dividindo, como uma possível Aliança da Flórida, além de várias outras facções, que incluem Washington, Montana, Geórgia, Louisiana e Minnesota.
Por que os estados se separaram em Guerra Civil?
O enredo aponta para um conflito muito maior do que, simplesmente, uma polarização entre democratas e republicanos. Em Guerra Civil, os EUA vive sob o domínio corrupto e potencialmente fascista do presidente interpretado por Nick Offerman, que ignora a constituição.
Estariam as Forças Ocidentais lutando contra a ascensão de um governo totalitário? Por meios justos? E o mais importante: quem financia as Forças Ocidentais?
Passeando por todas essas interrogações, estão os protagonistas, Kirsten Dunst e Wagner Moura, foto jornalistas tentando capturar os acontecimentos da forma objetiva. Mas, não se ver diretamente envolvido nesse conflito, parece impossível. ... A perspectiva de jornalistas em meio a uma guerra civil em expansão promete um drama intenso. Estou ansioso para ver como essa trama se desenvolve!
"Guerra Civil", da A24, é a produção de maior orçamento do estúdio: US$ 50 milhões. Estrelado por Kirsten Dunst e Wagner Moura, a duração será de 1h49, diferente das 3h15 que estavam especulando.
Três motivos para ver esse filme nos cinemas: 1 - É um filme da A24, que é uma produtora com uma curadoria para seleção de roteiros que sejam diferentes da mesmice que às vezes a indústria cai; 2 - Tem o Wagner Moura no elenco, e acho que convém apoiar empresas estrangeiras que deem boas oportunidades a artistas brasileiros; 3 - É um filme original. E em tempos de sequências, adaptações e remakes, assistir filmes originais nos cinemas é uma forma de mostrar à indústria que queremos ver coisas novas sendo produzidas. (Dito isso: espero que o filme seja bom. hahaha)
Wagner Moura na A24, agora sim o mundo conhecer um dos nossos melhores atores do BR
Conteúdo temático Os temas do filme foram controversos. Em última análise, o filme é sobre o choque de culturas e visões de mundo. Dois indivíduos que acreditam que a sua visão do mundo é superior e, portanto, correta
(assim Carola condena a circuncisão feminina porque não se enquadra na sua perspectiva cultural, enquanto Lemalian não consegue compreender como ela poderia falar com os homens sem ser infiel a ele),
e é a sua incapacidade de compreender o outro que provoca sua miséria, separação e divórcio.
Eu tenho uma opinião impopular, prefiro muito o filme, ele trouxe uma edição muito bacana com pegada teen, músicas impecáveis e as lutas foram muito bem legais. Gostaria que a animação fosse uma continuação do que aconteceu após o filme mesmo
Que espetáculo visual! Mad Max: Estrada da Fúria é um dos maiores filmes de ação já realizados… Frenético, caótico e belo. Não via a hora de uma expansão da franquia. A trilogia com Mel Gibson dispensa comentários. HABEMUS FURIOSA, e que venham muitos outros com tal qualidade 👏🏻👏🏻👏🏻
Embora a Charlize Theron, tenha sido um ícone no papel, se destacando no filme 'Estrada da fúria'. Ela foi uma ótima atriz. E, parece que a Anya Taylor-Joy vai se sair muito bem interpretando a "Furiosa" mais jovem. Tomara que realmente esse filme seja um sucesso e mostre como se faz uma verdadeira protagonista feminina. Embora seja do mesmo criador da franquia 'Mad Max', já é meio caminho andado.
Sempre gostei dessa atmosfera que os filmes de Mad Max têm, é incrível. Isso é o que cinema precisa atualmente!!!! certeza que vai bombar, geral ta carente de filmes de qualidade!
No filme de 2015 tem uma música chamada "Coda" e "Many Mothers" e são tão singelas em relação as outras faixas pesadas que juntam guitarra, percussão e efeitos eletrônicos. Eu espero que aqui o compositor saiba encontrar esse equilíbrio de novo. Algo pesado, mas também algo emocional.
Eu acho que esse filme vai ser excelente. Lembrando que o de 2015 venceu 6 Oscars
𝐂𝐨𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬 𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐟𝐨𝐢 𝐥𝐞𝐯𝐚𝐝𝐨 à𝐬 𝐭𝐞𝐥𝐨𝐧𝐚𝐬, é 𝐢𝐦𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐌𝐚𝐭𝐭 𝐑𝐞𝐞𝐯𝐞𝐬 𝐭𝐞𝐧𝐡𝐚 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐮𝐦𝐚 "𝐧𝐨𝐯𝐚" 𝐯𝐢𝐬ã𝐨 𝐝𝐨 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧. A visão de Reeves sobre o personagem é algo que não tinhamos visto em tela, “ o seu primeiro Batman”. É um Batman que não confia em sua habilidade, é atingido, baleado várias vezes e perde lutas (até para capangas) e comete erros claros de um herói sem experiência. É uma visão refrescante e interessante e se este for um Batman que veremos se desenvolver ao longo de uma série de filmes (o que tenho certeza que veremos), será gratificante ver o personagem se desenvolver. Essa versão do Batman também é muito mais detetivesca. Aspectos disso foram mostrados na versão de 𝐂𝐡𝐫𝐢𝐬𝐭𝐨𝐩𝐡𝐞𝐫 𝐍𝐨𝐥𝐚𝐧, mas aqui ele está á resolver um caso, em vez de sair todas as noites em busca de cabeças para quebrar. Como fã de quadrinhos, é revigorante ver essa versão do personagem finalmente na tela; como fã de cinema, é ótimo ver um filme de “super-herói” apresentado mais como um thriller policial. Este é um filme que tem mais em comum com Seven ou Saw do que com as versões anteriores de super-heróis do Batman. Há um caso a ser resolvido, pois 𝐎 𝐂𝐡𝐚𝐫𝐚𝐝𝐚, nesta versão é muito mais um serial killer no estilo Jigsaw, ele arma armadilhas, deixa pistas e monta um quebra-cabeça enigmático para Batman e o Tenente Gordon resolverem. Ele monta isso tudo, lenta e metodicamente, com as revelações criando um mistério convincente, em vez de apenas uma série de migalhas facilmente encontradas que nos levam a cada próximo cenário. Isso não significa que o 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 não tenha a ação. Há uma série de sequências de ação, algumas bem feitas outras sem muita agilidade, algo que é proposital por se tratar de um Batman sem experiência em combates. A sequência de abertura onde vemos o medo que o Batman colocou nos criminosos de Gotham mostra que existem novas maneiras de apresentar isso e quando finalmente vemos o Batman, ele não decepciona. Suas sequências de luta são brutas e intensas não parecem excessivamente coreografadas, se assemelham muito mais a uma luta real. Segue-se uma grande e espetacular introdução do Batmóvel, com uma perseguição rápida mas eficaz. Outra questão que dificultou o trabalho de Reeves foi trazer para a tela personagens que já vimos antes, interpretados por alguns atores icônicos no passado e ter que renovar isso. O elenco de Reeves foi excelente e cada ator entrega uma ótima versão de seus personagens. Robert Pattinson interpreta um Batman que não gosta de espreitar nas sombras, mas de usar força bruta e intimidação direta e funciona muito bem. Seu Bruce Wayne é mais recluso e perdido, representando a versão inicial do personagem que você esperaria. É um personagem que pode crescer e há uma confiança que Pattinson será capaz de desenvolver seu Batman com perfeição nos próximos filmes. Um filme de super-heróis é tão bom quanto seus vilões. Paul Dano é um Charada perfeitamente demente. Ele segue uma linha tênue entre ameaçador e bobo, mas as sequências em que captura suas vítimas mostram um tipo diferente de horror que nunca vimos em um filme do Batman antes. Uma vez retirada a máscara, seus motivos ficam claros, mas poderiam ser melhor realizados, Dano apresenta uma atuação que você deseja ver novamente em filmes futuros. Reeves está criando um mundo com personagens aos quais podemos retornar, portanto, embora não seja o vilão principal, o Pinguim de Colin Farrell é um gangster crível que terá a oportunidade de se desenvolver mais tarde. Não posso dizer o mesmo de Zoe Kravitz Mulher-Gato, para mim um ponto fraco no filme, mas quem sabe ela possa nos surpreender em novas oportunidades. Jeffrey Wright como Gordon é excelente, interpretando um policial cansado do crime, assim como Gary Oldman fez, Serkis oferece uma nova versão de Alfred que não vimos antes, existem outros nomes que sempre trazem performances seguras nomes como John Turturro e Peter Sarsgaard. Este é um elenco e um mundo que podem ser desenvolvidos e espero que Reeves tenha a chance e não nos decepcione. Dizer que O Batman não é um filme de super-herói seria uma avaliação justa e, como Reeves decidiu se aproximar de um thriller policial, ele se esforça para entregar o final necessário para um filme do Batman. Esse final está alinhado com o que foi construído, mas não satisfaz o suficiente em termos de riscos ou ação, apesar de entender que esse Batman, ainda não alcançou seu potencial total, a ação deixa um pouco a desejar e a investigação em certos momentos torna-se tediosa. Reeves vai precisar melhorar o ritmo e as cenas de ação no próximo filme. 𝐍𝐨 𝐠𝐞𝐫𝐚𝐥, 𝐓𝐡𝐞 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 é 𝐮𝐦𝐚 𝐚𝐛𝐨𝐫𝐝𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐨𝐫𝐢𝐠𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐞 𝐫𝐚𝐳𝐨𝐚𝐯𝐞𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐫𝐞𝐟𝐫𝐞𝐬𝐜𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐨𝐬. 𝐎 𝐭𝐨𝐦 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞 é 𝐝𝐢𝐟𝐞𝐫𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨- 𝐬𝐞 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐭𝐡𝐫𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐩𝐨𝐥𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐬𝐮𝐩𝐞𝐫-𝐡𝐞𝐫ó𝐢. 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬 é 𝐩𝐫𝐞𝐣𝐮𝐝𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐦𝐚. 𝐑𝐞𝐞𝐯𝐞𝐬 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐫ó𝐢 𝐮𝐦 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐛𝐞𝐦 𝐫𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐚𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐢𝐬 𝐯𝐨𝐜𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐫á 𝐫𝐞𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫 𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚. 𝐓𝐚𝐦𝐛é𝐦 𝐚𝐣𝐮𝐝𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐜𝐚𝐝𝐚 𝐚𝐭𝐨𝐫 𝐜𝐮𝐦𝐩𝐫𝐚 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐩𝐞𝐫𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐟𝐢𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚, 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐏𝐚𝐭𝐭𝐢𝐧𝐬𝐨𝐧 𝐞 𝐃𝐚𝐧𝐨. 𝐎𝐥𝐡𝐞 𝐚𝐥é𝐦 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐮𝐦 𝐩𝐨𝐮𝐜𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐧𝐢𝐦𝐚𝐝𝐨𝐫, 𝐞𝐬𝐭𝐚 é 𝐮𝐦𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐢𝐠𝐧𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐮𝐦 𝐚 𝐬é𝐫𝐢𝐞 𝐝𝐞 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐫 𝐢𝐦𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 - 🦇
‘Napoleão’ fracassa como retrato psicológico do líder francês.
Com roteiro raso e fragmentado, 'Napoleão' oferece cenas de batalha épicas, mas o filme de Ridley Scott naufraga como estudo de personagem e narrativa histórica.
Uma das figuras mais biografadas da história, Napoleão Bonaparte (1769-1821) tem sido frequentemente revisitado em centenas de livros e inúmeras visões cinematográficas. Quando o cineasta Ridley Scott decidiu retratá-lo em uma superprodução de US$ 200 milhões, financiada pela Apple TV, o diretor de Gladiador e Blade Runner enfrentou o desafio de criar uma narrativa que cativasse e surpreendesse as novas gerações, dada a riqueza de informações já disponíveis sobre o líder francês.
O legado histórico de Napoleão é vasto, evidenciado por todas essas releituras de sua jornada, como a do clássico filme de Abel Gance em 1927, que já explorava sua grandiosidade por meio de técnicas inovadoras para a época. Scott, ao se interessar pelo fascinante capitão nascido na Córsega que se tornou imperador da França e conquistou grande parte da Europa, optou por destacar suas habilidades na condução de batalhas épicas. As cenas de confronto, especialmente em Toulon e Austerlitz, são magistralmente filmadas, proporcionando momentos memoráveis que não apenas destacam a estratégia militar de Napoleão, mas também sua singularidade como indivíduo.
O filme, contudo, não se limita apenas a aspectos históricos, militares, buscando explorar a vida íntima do personagem e seu perfil psicológico. Aí começam seus muitos problemas. O roteiro, assinado por David Scarpa, nesse sentido, parece ter sido escrito pelo ChatGPT, tamanha a sua superficialidade e ausência de fluidez narrativa.
‘Napoleão’: inexpressividade
Com uma duração de 2h30, o filme retrata Napoleão, interpretado por Joaquin Phoenix, como excêntrico e narcisista, o que não é novidade. Mas também sugere problemas significativos em seus relacionamentos, especialmente com mulheres, incluindo sua mãe e sua primeira esposa, Josephine, interpretada pela britânica Vanessa Kirby, indicada ao Oscar de melhor atriz por Pieces of a Woman (2020).
A interpretação de Phoenix busca humanizar o líder, destacando suas fraquezas e conflitos pessoais. O astro de Coringa opta por uma inexpressividade que, embora seja uma escolha interessante, carece de um roteiro mais consistente para justificá-la, resultando em uma representação rasa e, em certa medida, até unidimensional do personagem.
A relação de Napoleão com Josephine é retratada como um jogo de poder, sugerindo que ela teria desempenhado um papel crucial na formação do grande líder. O filme destaca suas habilidades sociais e emocionais superiores em relação às limitações do marido. Para um retrato ambivalente de Napoleão se consolidar, seria necessário um roteiro mais robusto que explorasse com mais complexidade as várias facetas do personagem, ao invés de apresentá-lo de forma episódica e fragmentada, deixando de lado relações significativas, como a com seu irmão e mãe, aspectos cruciais em sua vida.
Além deles, outros personagens, em Napoleão, são introduzidos e posteriormente negligenciados no filme, sem receberem explicações adequadas. Isso inclui os filhos de Josephine, a segunda esposa Maria Luísa, filha do imperador da Áustria, e diversos nomes proeminentes da história política francesa que parecem estar presentes apenas como elementos ilustrativos na narrativa.
A série norte-americana NCIS: Hawai'i (também conhecida como NCIS: Hawaii) se passa, como o título sugere, no paradisíaco estado norte-americano e acompanha a mulher que é a primeira agente especial feminina a liderar “NCIS: Pearl Harbor ” . sobre. Enquanto ela e os membros de sua equipe tentam cumprir seus deveres para com seu país e sua família, eles investigam casos altamente explosivos envolvendo militares e segurança nacional e também descobrem os segredos da ilha.
"NCIS: Hawai'i" é um spin-off da série NCIS (Navy CIS) .
A terceira temporada da série policial ensolarada "NCIS: Havaí" está programada para começar em meados de fevereiro. Agora a rede de olhos da CBS finalmente revelou o início das filmagens. Deve começar novamente na próxima semana.
"Angélica: 50 & Tanto" é um programa que merece ser visto
O programa aborda a trajetória de Angélica através de imagens de arquivo enquanto a apresentadora conta um pouco da sua vida para o público e suas convidadas. Ao contrário do que parece, a atração não soa egocêntrica porque Angélica mescla muito bem as suas vivências com as histórias de suas 'visitas'. Isso porque as experiências da dona da casa são usadas para incentivar cada uma a expor suas intimidades e funciona. Claro que o fato de todas as escolhidas para o especial serem amigas de Angélica ajuda bastante na desenvoltura do papo, mas ainda assim havia o risco de parecer algo artificial ou até piegas. O formato deu muito certo. A sensação é de observar tudo o que é falado pelo buraco da fechadura, como se fosse quase um reality. Angélica está tão à vontade que deixa todas as convidadas igualmente relaxadas a ponto de contarem situações que até hoje não falaram em entrevistas.
A própria apresentadora contou casos que nunca havia mencionado antes, como o dia em que foi assediada por um diretor de televisão quando era apenas uma criança e a ordem que uma diretora da Xuxa (quem poderia ser?) exigiu que ela deixasse de ser loira porque só poderia ter uma na TV. Xuxa, Anitta, Eliana, Ivete Sangalo, Susana Vieira, Fernanda Souza, Preta Gil, Paolla Oliveira, Marina Ruy Barbosa, Maisa, Carolina Dieckmann, Giovanna Ewbank, Bárbara Paz e Paula Lavigne foram as convidadas do programa e todas protagonizaram bons momentos e abriram suas intimidades com a loira. Um bate-papo tão gostoso que faz o telespectador maratonar o especial sem qualquer esforço. Cada episódio tem cerca de 40 minutos e todos passam voando. E cada um é iniciado com uma apresentação de Angélica contando a respeito de algo que aconteceu em sua vida baseado no título de cada episódio. É muito interessante.
"Angélica: 50 & Tanto" tem criação e direção de conteúdo de Chico Felitti, direção artística de Isabel Nascimento Silva e produção executiva de Luísa Barbosa e Renata Brandão. O programa é produzido ainda pela Conspiração e Hysteria. É um programa despretensioso e deixa um gostinho de quero mais. Vale a pena ver.
"Falas Negras - Histórias Impossíveis" fecha o ciclo com um episódio de impacto
No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, foi ao ar o último episódio da série "Histórias Impossíveis". Após "Falas Femininas" (em homenagem ao Dia Internacional da Mulher), "Falas da Terra" (em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas), "Falas de Orgulho" (em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQIAP+) e "Falas da Vida" (em homenagem ao Dia Internacional das Pessoas Idosas), a TV aberta exibiu "Falas Negras" nesta segunda, após o último capítulo de "Todas as Flores".
A trama propôs uma discussão sobre os estereótipos criados para personagens negros ao longo da história do audiovisual a partir de uma narrativa ficcional carregada de mistérios. No centro do enredo, Janaína (Grace Passô), uma roteirista negra, tem um encontro com a equipe de autores, todos brancos, de um novo projeto audiovisual, cuja imersão é realizada em uma fazendo do interior, herança da época colonial. Sua chegada gera desconforto tanto aos demais roteiristas ---- o que provoca conflitos na equipe ----, quanto aos funcionários da fazenda, como Benê (Neusa Borges), Justino (Leandro Firmino) e Dita (Dandara Abreu), que aos olhos de Janaína, apresentam comportamentos estranhos.
A história, com o título de "Levante", fala sobre a representação de personagens negros na TV ao longo de várias décadas. Até porque pouco se falava do fato dos pretos só aparecem em novelas como empregados, motoristas ou porteiros. A realidade só começou a mudar recentemente com a inserção de maior diversidade nos elencos, incluindo um importante protagonismo negro, e sem profissões estereotipadas. A série aborda a questão através de um amontoado de situações que instigam o telespectador, que não identifica muito bem no início se a produção é de suspense, terror ou um drama comum. Depois de perceber que há algo incomum no lugar, Janaína passa a investigar e descobre coisas inimagináveis sobre o verdadeiro propósito da fazenda e dos planos de seus funcionários. Personagens imprescindíveis no desenrolar da história, Benê e Justino, guardam um segredo que mexe com a cabeça de Janaína e dos outros roteiristas que estão na casa. A trama é bem conduzida e consegue prender a atenção de quem está assistindo até o final. E um dos atrativos é ver Grace Passô, uma das roteiristas da série e responsável pelos outros episódios de "Histórias Impossíveis", atuando como protagonista e vivendo uma personagem que tem tudo a ver com ela.
Após muitas dúvidas ao longo da trama, perto do final o intuito do enredo é revelado e o plot provoca um impacto gigantesco em quem assiste. Vários personagens negros e indígenas estereotipados ganham vida e resolvem dar um basta diante de tantos anos protagonizando roteiros escritos por brancos que desrespeitam suas vivências e histórias. O diálogo da representação do traficante, da empregada doméstica, da sambista, do 'preto véio', da ama de leite, entre tantos outros tipos, provoca reflexão e indignação. Neusa Borges, Thalma de Freitas, Ju Colombo, MV Bill e Leandro Firmino são alguns dos que brilham. Já a cena final, da fazenda sendo incendiada pelos personagens com a ajuda de Janaína, arrepia, assim como o encerramento das gravações com a protagonista sendo aclamada por todos da produção. Tudo ao som de "Promessas do Sol", cantada por Milton Nascimento. Uma metalinguagem genial e também uma autocrítica pra Globo que por muitos anos reproduziu o que a série critica.
A antologia "Histórias Impossíveis", apresentadas nos especiais "Falas" deste ano, foi criada e escrita por Renata Martins, Grace Passô e Jaqueline Souza, escrita com Thais Fujinaga, Hela Santana, Graciela Guarani e Renata Tupinambá. A direção artística é de Luisa Lima e direção de Thereza Médicis, Everlane Moraes, Graciela Guarani e Fabio Rodrigo, com produção de Leilanie Silva. Alinhado à jornada ESG da Globo, o projeto tem direção executiva de produção de Simone Lamosa, e direção de gênero de José Luiz Villamarim. O melhor episódio foi o que justamente fechou o ciclo.
Mesmo tendo desempenhado um papel secundário na Batalha da Grã-Bretanha em relação ao Hawker Hurricane, que suportou a maior carga da batalha, o SUPERMARINE SPITFIRE é provavelmente o mais famoso avião britânico, símbolo da resistência britânica, bem como o mais importante dos caças usados pelos Aliados no início da Segunda Guerra Mundial. Excetuando os modelos soviéticos, foi o avião Aliado produzido em maior número durante toda a guerra com um desenvolvimento mais amplo que o de qualquer outra aeronave na história da aviação.
O Spitfire foi uma aeronave muito versátil e serviu, através de muitas versões, do começo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Foi usado como caça, interceptador de grande altitude, caça de escolta de bombardeiros, reconhecimento fotográfico, interceptador de bombas voadoras V-1, etc. Ao todo, foram construídas 20.351 unidades, em mais de quarenta versões, sendo o foi o avião produzido em maior número pelos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Operou em terra e a partir de porta-aviões, lutou na neve e nos trópicos, nos desertos e a partir de ilhas distantes. Britânicos, soviéticos, americanos, franceses, pilotos das nações do Commonwealth e italianos(depois da queda do regime fascista) pilotaram essa aeronave. Após a Segunda Guerra o Spitfire continuou em operação com os britânicos até meados da década de 1950, mas foi operado por muitas outras nações e participou de conflitos na Ásia e no Oriente Médio, onde inclusive foi usado pelos árabes e pelos israelenses, tendo inclusive acontecido combates aéreos de Spitfires x Spitfires.
‘O Assassino’ seduz como exercício formal, mas é raso e esquecível.
Novo filme do cineasta norte-americano David Fincher, 'O Assassino' é envolvente e visualmente bem narrado, porém não vai além disso.
Oator anglo-germânico Michael Fassbender (de Steve Jobs) personifica, em O Assassino, novo longa-metragem de David Fincher (de Zodíaco), um assassino incansável, meticuloso e profundamente profissional. Sua abordagem é cirúrgica, desprovida de improvisação, e até de humanidade, mantendo um controle rígido sobre seus batimentos cardíacos para permanecer sereno e focado. Tudo em seu universo está em perfeita ordem, até que a intervenção ocasional do acaso rompe essa meticulosidade. O filme está em cartaz na plataforma de streaming Netflix.
Em uma sequência que se passa em Paris, um contratempo interfere em sua preparação cuidadosa: um terceiro elemento inesperado, interpondo-se entre ele e seu alvo, acaba tomando o tiro destinado à vítima. A missão, portanto, é arruinada. Para alguém perfeccionista como ele, o erro é abissal em vários sentidos. O personagem, que tem muitas identidades e nomes, por mais organizado e metódico que seja, não está imune ao inesperado.
Mas não é apenas ele que se cobra pelo equívoco fatal. Alguém precisa pagar pelo erro, e a responsabilidade recai sobre ele. Quem o contratou tenta assassiná-lo, mas acaba quase por engano matando, na República Dominicana, a mulher que ele ama, vivida pela atriz brasileira Sophie Charlotte, que tem apenas duas cenas, e só uma com falas. Ainda assim, se sai bem.
A partir desse ponto, inicia-se uma perseguição implacável, uma luta pela sobrevivência – e por vingança. Ele precisa eliminar os responsáveis por sua contratação e aqueles que contrataram esses intermediários, para anular sua ameaça. São muitas pessoas em seu caminho. Sobreviver se torna uma situação de matar ou morrer.
O assassino meticuloso é impelido pela frieza e pelo planejamento, elementos essenciais para seu sucesso. Ele mata para continuar existindo e, portanto, não pode cessar até que todos os obstáculos sejam removidos. Porém, cada eliminação revela mais perigos em seu caminho, que se tornam crescentemente letais.
Quando o personagem se confronta com uma assassina conhecida como a Especialista, interpretada por uma espetacular Tilda Swinton, que tem as melhores falas do filme, o embate é intrigante, pois ela compartilha dos mesmos princípios. Eles conseguem dialogar em pé de igualdade, o que parece alterar a dinâmica da situação.
‘O Assassino’: superficialidade
David Fincher é um diretor muito habilidoso, de extremo rigor visual, o que compensa a fragilidade do roteiro, que, a despeito de uma certa originalidade formal, não se aprofunda em qualquer questão, moral, ética ou emocional. A série de graphic novels do francês Alexis Nolent, no qual O Assassino se baseia, é, para muitos, mais tridimensional e complexa do que sua adaptação.
O filme de Fincher funciona mais como um exercício formal do cineasta norte-americano, que parece também ter buscado inspiração em O Samurai (1967), de Jean-Pierre Melville, um dos clássicos da nouvelle vague. O personagem de Fassbender, muito bem em um papel difícil, se espelha um tanto no assassino solitário vivido por Alain Delon.
Fincher entrega um espetáculo intrigante e envolvente enquanto o assistimos, não há como negar, mas não reverbera, porque não vai muito além da própria ação, que se mostra um tanto vazia no fim das contas. Não há transcendência na jornada do protagonista.
A primeira parte lançou em um período pandêmico não favorável para o cinema, estreia simultânea com o HBO MAX e ainda assim arrecadou 400 milhões de bilheteria e 6 estatuetas do Oscar. Enquanto a primeira parte é uma introdução, a segunda é muito mais emocionante, política e trará mais ação. Cada um dos três planetas será esteticamente diferente. Além de que a equipe de figurinistas destacou o figuro da Bene Gesserit parecidos como de múmias egípcias. A segunda parte terá cenas de luta no melhor estilo Gladiador. O elenco de grandes estrelas como Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler, Javier Bardem, Rebecca Ferguson e Léa Seydoux. O diretor é o Denis Villeneuve um dos melhores da atualidade, com uma filmografia recheada de filmes aclamados pela crítica e mestre da ficção científica, já dirigiu A Chegada e Blade Runner 2049. A primeira parte é tecnicamente perfeita e um espetáculo visual, aqui não seria diferente, com trabalho incrível do Greig Fraser que ganhou o Oscar de fotografia em 2022 pela primeira parte. Hans Zimmer está de volta na trilha sonora épica. A parte dois foi filmada 100% em IMAX enquanto a primeira em 40%. Duna é sobre ecologia, filosofia, política, religião e falsos profetas. Se você gosta de histórias de ficção científica reflexivas, Duna é para você, a segunda parte irá aprofundar ainda mais essas discussões do livro. Duna de Frank Herbert é um dos livros de ficção científica mais influentes de todos os tempos, sem essa obra não existiria a franquia Star Wars, por exemplo. Duna: Parte 2 foi filmado em alguns países, incluindo Budapeste, Abu Dhabi, Jordânia e Itália. __________________________________________________________________
O primeiro e o segundo filme de Duna adaptaram o primeiro livro de Frank Herbert, enquanto o terceiro filme ficaria responsável pelo livro dois, Messias de Duna. Mesmo ainda não anunciado oficialmente, Denis Villeneuve já revelou que o roteiro de Duna 3 "está quase pronto". Na trama, provavelmente veremos essa
desconstrução completa de Paul Atreides como uma figura heroica enquanto ele realmente parte para uma guerra santa dominando o planeta como um "salvador", tudo para alcançar seus objetivos.
Espere por um lado bem mais sombrio de Paul Atreides em Duna 3. Enquanto isso, Duna: Parte 2 está nos cinemas e Duna (2021) está disponível no Max e Prime Video.
É curioso como o franco-canadense Denis Villeneuve parece ter encontrado na ficção científica o terreno ideal para dar livre curso às suas preocupações formais, cujo eixo principal gira em torno dos enigmas da mente humana e da percepção do caos como uma presença ao nosso redor e dentro de nós mesmos, para o qual o gênero oferece uma oportunidade como poucas outras de ser mostrado a um público potencialmente mais amplo, sem estar em desacordo com os interesses de um Blockbuster de verão. Villeneuve também se mostrou um cineasta muito ambicioso. Depois da (bem sucedida) “ousadia” de fazer a continuação de um clássico moderno “intocável” como BLADE RUNNER, o diretor decidiu embarcar em uma nova tentativa de adaptação para o cinema DUNE, a volumosa fantasia político-ambiental escrita por Frank Herbert, em uma empresa com escopo muito semelhante aos projetos frustrados de Alexandro Jodorowski e David Lynch: uma trilogia de longa duração para os cinemas, acompanhada de uma minissérie/prequela para assistir no streaming, além de um bom número de tentativas de sequências em caso de função.
Há muito material literário para expandir esse universo peculiar. E de fato, a aposta está funcionando. Villeneuve aborda temas como a consciência ambiental, a traição, o capitalismo voraz das grandes corporações e a busca permanente por um propósito vital, num filme que, além de ter tido boa repercussão de bilheteria, mais uma vez confirmou o grande significado de espetáculo do diretor enquadrado em uma estética brutalista, substituindo a solenidade desenfreada da versão de Lynch por uma pintura mais natural e convincente dos personagens.
Mas também não é a adaptação perfeita. Se o defeito do DUNE dos anos oitenta foi ficar saturado de simbolismo e confundir buracos narrativos no desejo de condensar tudo em pouco mais de duas horas, o milenar DUNE, ao contrário, demora para narrar a anedota de forma clara, mas bastante superficial, desfrutando muito mais da beleza de suas atmosferas contemplativas ao invés de aproveitar aquele período generoso para se aprofundar um pouco mais na complexidade da história original. O resultado no final das contas não é nem remotamente uma daquelas obras-primas que vão mudar o nosso conceito de cinema como alguns exageradamente quiseram ver, mas não é uma tediosa perda de tempo porque outros o desqualificam, mas sim uma proposta sólida e interessante o suficiente para ser apreciada pelo menos uma vez, como não poderia deixar de ser: na tela grande.
Seus olhos vão agradecer muito; suas nádegas, quem sabe quanto. ★★★★
Adaptação cinematográfica da peça de Mauro Rasi, longa-metragem 'Pérola' tem direção de Murilo Benício e Drica Moraes no papel principal.
Os cinemas brasileiros acabaram de estrear a adaptação cinematográfica de Pérola, peça escrita pelo dramaturgo Mauro Rasi (1949-2003) que fala sobre sua mãe, e que fez muito sucesso nos anos 1990 com a interpretação de Vera Holtz. Na nova versão da história, dirigida por Murilo Benício, Pérola é vivida pela atriz Drica Moraes. Escotilha compartilha a seguir duas críticas, feitas pelos jornalistas Maura Martins e Paulo Camargo, que trazem visões diferentes sobre o filme.
Maura Martins: ‘Pérola’ é um enternecedor retrato de uma família interiorana
Em 1995, o dramaturgo Mauro Rasi marcou o teatro brasileiro ao estrear Pérola, peça cômica e dramática em que falava de sua mãe, interpretada de maneira magistral por Vera Holtz. Foi um sucesso absoluto. Agora, 28 anos depois, a história escrita por Rasi (falecido em 2003) está de volta ao grande público no filme Pérola, com direção de Murilo Benício.
É uma oportunidade e tanto para apresentar às novas gerações o trabalho desse escritor cuja obra foi marcada pelo retrato do cotidiano das famílias interioranas paulistas, com um olhar sempre terno e saudoso, ainda que engraçado. Nascido em Bauru, Mauro Rasi retratou em Pérola uma figura peculiar: uma mulher leve, divertida e algo conservadora cujo sonho da vida é ter um “palácio com piscina”. Alguém com a capacidade de entoar com a maior alegria as mais tristes das canções.
Por sorte, o filme de Murilo Benício faz jus à força dessa trama que rodou o país. Ao invés de Vera Holtz, Pérola agora é vivida por Drica Moraes – que, segundo contou em entrevista, pediu licença à colega para viver o papel. E o que se vê em cena é uma nova Pérola tão reluzente quanto a versão original de Vera. Seu sotaque interiorano puxado, seus trejeitos e jeito de falar, bem como os aspectos carismáticos de sua personalidade, conseguem transportar sua Pérola direto ao coração dos espectadores.
Embora explorado sob um contexto familiar mais amplo (que fala, por exemplo, dos conflitos entre a mãe e o filho gay, que ela se recusa a reconhecer como tal), Pérola é sobretudo uma grande celebração à personalidade festiva e peculiar da mãe de Mauro Rasi. Ela vive bem com o marido, Vado (Rodolfo Vaz, também excelente), e ambos se divertem bastante tomando caipirinhas no quintal com as irmãs de Pérola, enquanto a mãe delas teima em não morrer e vender suas casinhas (todas as cenas em que se remete à figura da progenitora são hilárias).
Felizes no seu mundinho, há uma certa dificuldade geracional em reconhecer a estranheza dos filhos. Elisa (Valentina Bandeira) está apaixonada pelo carola Danilo (papel do comediante Jefferson Schroeder), gerando certo descontentamento na mãe. Mas o conflito maior ocorre com o filho Mauro (Leonardo Fernandes), que se sente limitado pelo pouco que Bauru lhe oferece.
Seu escape se dá no cinema e sobretudo na poesia. Pérola é delicado ao explorar a complexidade dos sentimentos familiares, esclarecendo o quanto a afetividade efusiva de Pérola com o filho convive com suas emoções conflitantes. Ela é orgulhosíssima do filho, ao mesmo tempo que sempre o lembra que poesia não dá dinheiro. Quando Mauro muda para o Rio de Janeiro, Pérola e Vado visitam ele e seu namorado, são extremamente simpáticos, mas jamais legitimam a natureza do seu relacionamento.
O filme de Murilo Benício configura como uma obra que se equilibra perfeitamente entre a comédia e a emoção. É capaz de nos entregar uma narrativa sólida e comovente em que, além da performance espetacular dos atores (as irmãs de Pérola também estão impagáveis), nos envolve por meio de uma cenografia kitsch construída de forma competente, e que é capaz de nos transportar aos anos 60 e 70 em que a história é situada.
Murilo Benício – que foi grande amigo de Mauro Rasi – declarou em entrevista que o dramaturgo tinha o sonho de transformar sua peça em filme. Pode-se intuir que certamente Rasi se sentiria bastante comovido com o resultado desse trabalho, que faz jus ao seu texto marcante que até hoje faz falta no teatro e na televisão.
Paulo Camargo: ‘Pérola’ se perde entre o melodrama e a comédia
Um dos melhores atores em atividade no Brasil, Murilo Benício fez sua estreia como cineasta em 2018, com uma inventiva adaptação da peça O Beijo no Asfalto, clássico de Nelson Rodrigues. O filme é uma criativa leitura metalinguística que explora os limites entre a linguagem teatral e a do cinema, os borrando para discutir o caráter de espetáculo da realidade.
Em seu segundo longa-metragem, a comédia dramática Pérola, Benício volta a se aproximar do teatro, adaptando para a tela o texto homônimo do dramaturgo paulista Mauro Rasi, gigantesco sucesso nos anos 1990, com Vera Holz, inesquecível, como a personagem-título, inspirada na mãe do autor, que morreu em 2003. Quem vive o papel da protagonista na tela grande é Drica Moraes.
Em sua leitura de Pérola, Benício parece buscar inspiração no cinema do espanhol Pedro Almodóvar, ao tentar mesclar as cores do melodrama com as da comédia. A homenagem ao diretor de Tudo Sobre Minha Mãe e Fale com Ela também se faz presente na direção de arte, que recorre a cores fortes, pulsantes, na construção do set da casa da família, que flerta propositalmente com o kitsch.
Assim como a peça autobiográfica de Rasi, o filme explora a complexa relação entre mãe e filho, jovem aspirante a escritor, gay e preso às amarras de uma criação interiorana cercada de afeto, mas também de segredos familiares, e meias verdades. Pérola, por sua vez, é retratada como uma figura maior do que a vida, exagerada, amante de caipirinhas e que tem um grande sonho: construir uma piscina, símbolo de afluência e ascensão social, no quintal da casa, ainda que a obra se arraste por anos.
O desempenho de Drica Moraes, uma atriz muito talentosa, tem, em comum com o de Vera Holz na versão teatral, o trânsito entre o drama e a comédia. Algo, no entanto, incomoda na atuação de Drica, que se entrega de corpo e alma ao papel. Enquanto a composição de Vera no palco era orgânica, autêntica, do sotaque ao gestual, a Pérola do filme é calculada milimetricamente, resultando algo próximo da caricatura. Ainda assim, é uma atuação de fôlego, marcante.
Benício tenta extrair o melhor de seu elenco, bastante afinado, mas, talvez, por não conhecer tão de perto a realidade interiorana que retrata, o filme, em alguns momentos traz um olhar exótico, ainda que afetuoso, sobre a atmosfera paulista dos anos 1960 e 1970. Incomoda, também, a forma como o roteiro, assinado por Jô Abdu e Adriana Falcão, e a direção de Murilo Benício lidam com a homossexualidade reprimida de Mauro, alter ego de Rasi, vivido por Leonardo Fernandes, bastante correto.
Embora Pérola sugira que o personagem, ainda na infância, tinha inclinações gays, ao fazer um belo laço em torno do pescoço de um bicho de pelúcia da irmã, Elisa, o tema de sua orientação sexual, ao longo da narrativa, é abordado com o freio de mão puxado. Talvez porque, a despeito de ser respeitoso, carregue um olhar heteronormativo, inseguro, em relação ao assunto. Soa falso, pouco à vontade e pisando em ovos, ao contrário da peça.
Benício demonstra habilidade na condução dos atores, isso é inegável, e ousa ao não se render à tentação de simplesmente “filmar a peça”. Tem um olhar inquieto, que perscruta e busca explorar esse território entre o teatro e cinema. Mas, pesar de ter seus bons momentos, o filme não se resolve em sua dupla busca pelo melodrama e pela comédia. Perde-se entre um e outro.
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Nossa, que filme bonito e triste é Pérola... O apreço por uma casa antiga, as perdas pelo caminho, as relações familiares, as memórias, tudo ali é de fácil identificação. Que personagens bem escritos. Que elenco bom. E que atriz é Drica Moraes. Lindo trabalho do Murilo Benício.
A 2ª temporada de Reacher é baseada no 11º livro da série "Bad Luck and Trouble".
Para boas adaptações ao crime, você definitivamente deveria procurar o Prime Video. “Bosch”, que é baseado em uma série baseada em Michael Connelly, já conquistou a crítica, e “Reacher”, aqui baseado em Lee Child, também causou sensação com a 1ª temporada no início de 2022. Não conheço nenhuma das séries, mas gostei muito de descobrir as duas séries. O que ambas as séries têm em comum é que se concentram em volumes individuais do original, muitas vezes um pouco confusos, mas as ideias centrais são adaptadas ao ponto, para que tudo fique realmente esclarecido em oito ou dez episódios. Embora a tendência geral seja para temporadas mais curtas, ainda há exemplos em que a história é desnecessariamente espremida para extrair algo que o enredo não oferece. Com “Reacher” e a 2ª temporada, a questão era: o segundo turno também pode ter sucesso se você trocar a receita do sucesso (o elenco) uma vez?
As séries de longa duração enfrentam sempre o desafio de ter que se reinventar até certo ponto, mas também de não trair as próprias raízes. Agora “Reacher” ainda não é uma série duradoura, afinal a segunda temporada só começou em meados de dezembro de 2023, mas a segunda temporada ainda é um desafio à sua maneira. Porque se o início correu bem, confirme primeiro. Contar com muitas caras novas e uma atmosfera completamente diferente (da cidade pequena à cidade grande) é corajoso. Mas é claro que você também deve dizer que é definitivamente uma história lógica com o personagem-título Jack Reacher (Alan Ritchson). Ele é o lobo solitário que não tem residência permanente, nem mala na bagagem e, por outro lado, prefere nada além da solidão. Nesse sentido, era lógico que mesmo o seu pequeno caso com Roscoe (Willa Fitzgerald) não o mantivesse em Margrave. Mesmo assim, faltou um pouco, tenho que admitir isso com toda a honestidade. Gostei de Roscoe, gostei de Finlay (Malcolm Goodwin) e das diferentes dinâmicas que eles construíram em um cara como Reacher. Então, perder tudo isso, exceto a célebre participação de Finlay, sim, foi muito triste. MAS: A 110ª, a unidade militar que vem do passado de Reacher, com cujos membros ele formou conexões muito mais profundas, é um substituto digno.
Conhecemos Neagley (Maria Sten) brevemente na 1ª temporada e fiquei feliz com ela desde o início, quando ela foi confirmada para a segunda temporada. Ela é uma espécie de Reacher feminina, mas também muito diferente, mas é uma amizade platônica que fica logo na sua mente. Temos então as novas adições centrais Dixon (Serinda Swan) e O’Donnell (Shaun Sipos). Embora eu tenha ficado menos impressionado com Dixon porque seu caso com Reacher era muito dominante para mim e, portanto, suas habilidades estavam menos em primeiro plano, O'Donnell foi extremamente importante para o humor. Ele não é o único responsável por isso, porque Reacher é o que mais ri com seu estilo de qualquer maneira, mas ele complementa isso com um estilo mais óbvio. Nos flashbacks também vemos os membros restantes, que não são tão importantes como personalidades independentes, mas este é Toda a coesão foi muito importante para explicar muito sobre quem foi Reacher e quem ele pode ser. Mesmo não sendo o mais acessível como chefe da Polícia Militar, ele tinha um talento especial para criar unidade entre personagens muito diferentes, que eles retribuíam com pura lealdade. Reacher também construiu uma confiança profunda. Mesmo que ele mantivesse estritamente certos limites e ficasse mais feliz pelos outros quando eles faziam conexões entre si, ele teria entrado na brecha por todos eles sem hesitação. Ele desenvolveu um relacionamento muito íntimo com Neagley e achei maravilhoso como isso foi mostrado repetidas vezes no presente. Eles estão sempre na mesma sintonia, mas rapidamente foi encontrado um ritmo com os outros, o que tornou as cenas de ação tão adequadas. Os quatro eram uma máquina bem lubrificada que não precisava coordenar muito porque cada um sabia o que o outro estava fazendo de qualquer maneira.
Então os flashbacks definitivamente tiveram uma função importante, mas um pouco de potencial foi desperdiçado. Antes de mais nada, é claro, eles estavam ali para mostrar o que aconteceu no 110º, mas também sempre foram usados nos oito episódios para sublinhar um pequeno aspecto que era importante para a trama atual. Infelizmente, isso às vezes fazia com que parecesse muito intencional. Um exemplo adequado é Swan (Shannon Kook), que em um flashback é suspeito de deixar cair intencionalmente um pacote de drogas confiscado atrás do assento. Isso pretende ser um paralelo de como no presente o grupo está dividido sobre se Swan poderia ou não apunhalá-los pelas costas. No entanto, já não desempenhava qualquer papel e era puramente estratégico para semear dúvidas. Mas também houve um traço comum no passado com o contrabando de drogas na base militar. Mas o caso foi completamente desinteressante, exceto no momento em que recolheram as pessoas. Talvez tivesse sido melhor construir um caso que pudesse ter uma conexão com Langston (Robert Patrick) ou AM (Ferdinand Kingsley), os antagonistas da temporada.
Agora o passado só é retomado em cenas curtas, a maioria continua sendo o presente e isso é bom, porque é o melhor. No começo fiquei surpreso com a agressividade com que Langston e AM foram apresentados como antagonistas e como muito do mistério foi eliminado, mas no final ainda havia segredos e reviravoltas suficientes ao longo dos oito episódios que me fizeram querer sintonizar. Langston venceu facilmente AM como antagonista. Por um lado, a AM agiu em grande parte por conta própria e, por outro lado, o que foi construído para ela acabou por não se sustentar. Pela estrutura, eu teria presumido que AM seria, em última análise, o oponente mais inteligente de Reacher e dos outros, mas não foi o caso. Langston também funcionou bem porque Patrick tinha o carisma certo, mas é claro que ele era o adversário mais simples, sempre mandando os assassinos e dificilmente sujando as mãos. Mas ele manteve os quatro ocupados e houve um confronto digno entre ele e os outros, então no geral ele foi muito melhor e mais importante para a série.
O presente continua a viver da continuação de quão brilhantemente Reacher é desenhado como personagem. Apenas sua primeira cena na 2ª temporada, onde encerra uma chantagem predatória, mas também suas compras de roupas selvagens, a piada com a escova de dente. Existem tantos elementos que simplesmente funcionam. Ritchson muitas vezes faz seu personagem parecer uma máquina (para ser honesto, ele parece uma), mas isso torna o contraste com o coração mole que definitivamente está lá ainda mais brilhante. Reacher também não é um palhaço, mas suas palavras são corretas. Ele também teve um colega interessante em Guy Russo (Domenick Lobardozzi), cujo início não poderia ter sido pior. Mas algo ainda cresceu e fiquei impressionado com a rapidez com que esse papel foi construído, de modo que se tornou importante para você e depois lhe proporcionou um momento tão emocionante, quase do nada, mas é por isso que foi tão comovente. Mas não podemos deixar de fora da equação Neagley, que também torna o momento tão especial. No geral, a imagem é de uma série imperfeita, mas ainda assim muito divertida. Reacher por si só é suficiente para a série porque ele é realmente digno de um personagem-título, mas eu ainda expressaria o humilde desejo de vermos os membros do 110º novamente na já encomendada terceira temporada. Neagley provavelmente será definido (dedos cruzados!), mas os outros também são bem-vindos para passar por aqui novamente, especialmente porque ainda vejo um grande potencial nas habilidades de Dixon. Mas eu não me importaria nem um pouco com o cenário, porque são os valores internos de “Reacher” que são cruciais.
Conclusão
“Reacher” oferece uma boa segunda temporada que mais uma vez encontra um foco pessoal, desta vez focando no antigo passado militar e nos camaradas leais do personagem-título. Embora existam fragilidades nos flashbacks e ao nível dos antagonistas, a ação, o humor e as relações simplesmente brilhantes entre os personagens e Alan Ritchson, que simplesmente nasceu para este papel, estão lá. Não estou preocupado com a qualidade da terceira temporada.
PS: Recomendado para fãs de filmes de ação e romances de Lee Child, com uma ressalva para aqueles que esperam uma narrativa bem tecida.
Lançado dois anos antes de Glória Feita de Sangue, Morte Sem Glória contrasta de maneira contrária o filme de Kubrick. Apesar dos títulos inversos em relação aos seus respectivos conteúdos (o primeiro por ironia, o segundo por contradição), o longa mais recente tomava um suposto ato de covardia como ponto de partida para uma reflexão acerca da guerra como fenômeno geral, enquanto o filme de Robert Aldrich parte de seu oposto: a covardia é centralizada e totalmente antagonizada. Basicamente, o diretor se alimenta do outro lado da moeda, pautando-se na honra e na bravura. O roteiro quer criar um senso de união e de autodeterminação, mantendo-se preso às questões relativas ao exército e aos conflitos; ao passo que a história de Glória Feita de Sangue extrapola isso, indo para o questionamento das instituições sociais. Um é mais individual e romântico, já o outro acaba sendo mais político e pessimista. No entanto, a produção de Aldrich não deixa de questionar as instituições, assim como a de Kubrick não ignora a subjetividade de seus personagens.
O prólogo de Morte Sem Glória apresenta, de uma vez, a situação-chave para o desencadeamento da trama: a covarde inércia do capitão interpretado por Eddie Albert numa batalha que levou à morte três soldados. A sequência se encerra com uma bonita montagem que se alterna entre o capacete de um desses mortos rolando e a face comovente de um soldado vivido por Jack Palance – que vai de um plano médio a um close por meio de um zoom-in. O personagem de Palance representa a bravura e, mais do que isso, o repúdio diante de Albert, encarnação da covardia. O sentimento do soldado não se apoia em um fútil moralismo egocêntrico, mas no apreço que possui por seus companheiros. Por isso, com ele nos identificamos a cada instante, vemos humanismo quando este exterioriza todo o seu vigor em ódio. Conexão essa, entre personagem e público, que acontece mais no seu papel como simples ser humano do que como membro do exército.
Quanto a Albert, ele começa na forma de um covarde a ser desprezado, torna-se um coitado digno de empatia e termina como um canalha passivo de ainda mais aversão. É o personagem mais bidimensional da obra, o que percebemos principalmente quando nos deparamos com a impactante cena (uma das melhores) em que ele externaliza, de modo caloroso, seus demônios interiores ligados à sua conduta, chicoteando a si mesmo ao relembrar da repressão e agressões de seu rigoroso pai, que o rejeitava e queria “fazer dele um homem”. Nessa cena, Albert atinge o clímax de sua atuação, sendo histriônico e despertando a sensibilidade do espectador para ele. Mas esse outro lado não é a sua principal versão alternativa, e sim o sociopata que ele vira (ou revela ser) em seguida, levando a um outro clímax: a cena de suspense em que os soldados no porão o ameaçam e ele reverte a situação.
Sua presença no front não retrata apenas ele próprio, mas também a instituição do exército, denunciando o nepotismo daquele meio, pois Albert só está em tal cargo graças aos caprichos de um familiar de patente superior. Como dito, o filme consegue adentrar na crítica social, assim como Glória Feita de Sangue, porém tudo gira realmente em torno é de uma rede de valores e de individualidades que é cristalizada em alguns momentos sublimes. Há uma passagem para lá de impressionista quando um soldado vê outro à beira da morte em conflito. As nuvens no céu, a fotografia um pouco límpida e o tom solene em meio à situação agonizante dão uma completa poesia à cena em forma e conteúdo. Algo parecido, no entanto, de modo muito mais seco, é quando Palance vê outro soldado morto. “Eu não sabia que um homem podia sangrar tanto“, diz ele numa passagem cujo lirismo se dá, agora, de maneira verbalizada e mais brutal. Esses dois momentos expressam os afetos que existem naquele companheirismo tão viril, o qual é manifestado, mais uma vez, quando todos assumem a culpa do homicídio de Albert na cena em que atiram em seu corpo já morto – um outro ponto alto do filme.
Esteticamente, chamam sempre atenção os planos nos quais há destaque para um objeto em primeiro estado enquanto corre a ação mais ao fundo. É uma ligação em que uma coisa é ponto de partida e de visão para outra. Há esse objeto em um espaço inicial perto da câmera e mais um objeto em um espaço secundário. O primeiro abre a perspectiva para o segundo, que, no fundo, é o que realmente importa para a história, mas não para o filme em si. Isso porque temos aqui uma obra que coloca a direção em completo destaque a todo momento, com um trabalho de decupagem absolutamente deslumbrante e minucioso, sendo esse tipo de plano seu carro-chefe.
É como se muitas vezes tivéssemos nesses quadros um certo “observador” que vigia os personagens em ação. Um alguém no canto, além da história, que marca território pelo fato da câmera posicionar alguma coisa em destaque ao mesmo tempo que a narrativa corre à frente. Este primeiro objeto pode abarcar todo/quase todo o quadro, sendo algo que cede espaço para partes do outro lado ou qualquer outra coisa física que perpassa apenas um canto da tela. Quando não existe esse observador oculto, são os próprios personagens que exercem esse papel de observar; desta vez não capturando outros personagens, mas o mundo afora. O caso mais frequente disso são os planos dos soldados dentro de alguns escombros, os quais vigiam o que acontece no lado exterior por meio do buraco de uma parede parcialmente desmoronada.
A decupagem também executa um belo trabalho com seus planos zenitais e plongées distantes nos mais diversos ângulos, capturando o cenário com amplitude e reforçando a presença de um observador. São planos de cenários internos com foco geral e a câmera em posição superior que coexistem com outros belos planos, agora em locações externas com foco específico em posição inferior. Na primeira parte, vemos corpos inteiros de personagens em diálogo; na segunda, suas pernas geralmente com eles em ação. Seguindo essa mesma lógica de focalizar pedaços específicos, a decupagem reafirma a dramaticidade da narrativa em seu uso de zoom-in, closes e planos detalhes; e, como contraponto, também oferece destaque aos planos conjuntos, criando um contraste por intermédio dessa multiplicidade e totalidade.
'Snowden', de Oliver Stone e a subversão como tema central.
Dois longas-metragens atualmente em exibição nos cinemas brasileiros são obras baseadas em fatos reais que trazem como protagonistas figuras subversivas que, em diferentes épocas, desafiaram o estado de coisas nos Estados Unidos: Snowden, do controverso cineasta Oliver Stone (duas vezes vencedor do Oscar de melhor direção, por Platoon e Nascido em 4 de Julho), e Um Estado de Liberdade (de Gary Ross, de Seabiscuit – Alma de Herói).
Em cartaz desde a semana passada, Snowden reconstitui com esmero a trajetória de Edward Snowden (Joseph Gordon-Levitt, de 500 Dias com Ela), funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional), órgão ligado à CIA, que revelou ao mundo, por meio de uma série de reportagens publicadas pelo jornal britânico The Guardian, que o governo norte-americano, tanto na administração do presidente George W. Bush quanto na de Barack Obama, espionou ligações telefônicas, e-mails e atividades nas redes sociais de milhões de cidadãos norte-americanos, sem falar de funcionários e líderes governamentais ao redor do mundo, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff, do Brasil.
Stone, um diretor fortemente engajado em causas progressistas nos EUA, assumidamente de esquerda, transforma Snowden em um ícone da resistência democrática diante dos desmandos cometidos pelo governo de seu país em nome de uma suposta guerra contra o terrorismo.
O filme, um thriller político bastante envolvente, retrata Snowden como um jovem de perfil conservador que ingressa na CIA movido por sua paixão pelo mundo dos computadores (era um autodidata, sem formação universitária) e por um nacionalismo, que aos poucos se esfacela, à medida que percebe o uso arbitrário, senão perverso, do seu trabalho, e resolve tornar públicos esses abusos.
Atualmente refugiado na Rússia, Snowden, interpretado com detalhismo cirúrgico por Gordon-Levitt, que emula desde sua linguagem corporal até seu tom de voz, é apresentado pelo filme de Stone como um herói injustiçado, numa clara crítica do diretor aos rumos que seu país tomou desde os ataques de 11 de Setembro de 2001, retratados por ele no filme As Torres Gêmeas.
# Já dizia o excelente filme "Inimigo do Estado", a única forma de privacidade que vc realmente tem, são os pensamentos da sua cabeça. E essa afirmação está certíssima.
Pois sempre que vc usa o telefone, ou interage em uma rede social, vc acaba se expondo. E o que fala fica registrado, sempre terá o risco de alguém descobrir. Um hacker ele consegue facilmente entrar em contas e perfis de usuários. Por isso afirmo, não quer que ninguém saiba de certas coisas secretas de sua vida? De seus raciocínios e pensamentos? É fácil, é só não divulga-la a ninguém em redes sociais, mesmo em mensagens privadas. Mesmo gostando muito de biografias, não deu p/ gostar desse filme, que sim, tem um viés bem mais a esquerda, (mesmo pessoas de esquerda admitem isso) sendo tendencioso ao extremo. Para entender melhor do caso, aconselho a todos o documentário Citizenfour, que é bem mais coerente com o que de fato aconteceu.
# Uma invenção desse filme, foi o aumento que deram a importância da mulher do Snowden na historia.
Quem assistiu o documentário Citizenfour com o Glenn Greewald, vê a real das coisas que aconteceram. Sabe que a participação dela é totalmente pífio em todo o caso. Em resumo, ela e nada da no mesmo. Mas claro, eu sei pois a historia foi mudada para alavanca-la. Feminismo! Como sempre, (atualmente mais que nunca) interferindo na historia das coisas, mesmo que com mentiras, afinal, o que importa é que tenha o "Girl Power". A verdade não interessa.
Filme perfeito ! Jake Gyllenhaal conseguiu depositar o vazio e ao mesmo tempo a frieza dentro de um personagem em uma situação conflitante. O filme se destaca pela abordagem do protagonista e suas camadas, suas curiosidades são atiçadas pela destruição em busca de um significado para reconstruir o seu ser, por não saber o que era, quando era casado. Uma obra-prima com reflexões que fazem pessoas que confrontam o seu próprio vazio se identificarem com o filme, justamente por sua complexidade. Adoro esses filmes de estudo de personagens, tipo Her (2013), Táxi driver (1976) etc.
"Amor, de onde vem? Quem atiça sua chama? Nenhuma guerra pode apagá-la ou roubá-la. Eu era um prisioneiro e você me libertou." (John Gaff)
Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de homens de uma companhia do exército americano luta contra o exército japonês para conquistar uma colina estratégica. Baseado no romance de James Jones, se passa durante a Batalha de Guadalcanal.
O filme é conhecido por sua abordagem poética e filosófica da guerra e da humanidade. A história gira em torno de um grupo de soldados que enfrentam as adversidades da guerra e refletem sobre o seu propósito e a natureza da humanidade em meio à violência e à destruição. O tenente John Gaff, interpretado por Jim Caviezel, surge como um personagem central que questiona as razões da guerra e busca um significado mais profundo em meio ao conflito.
Amplamente elogiado pelo seu estilo visual e narrativo distinto, conhecido pela sua beleza cinematográfica, com imagens deslumbrantes da natureza e uma banda sonora evocativa. Focado nos pensamentos e reflexões dos personagens, o que o diferencia de outros filmes de guerra.
‘Meu Nome É Gal’ acerta ao desviar da cinebiografia tradicional.
Dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, 'Meu Nome É Gal' foca nos primeiros anos de carreira de Gal Costa, entre 1966 e 1971, e evita tom de endeusamento necrófilo.
Olonga-metragem Meu Nome É Gal, em cartaz nos cinemas, tem um grande e inegável mérito: não cair na armadilha de tentar dar conta de uma personagem tão complexa e reticente, como Gal Gosta, em um filme apenas. Não é uma cinebiografia tradicional, “do berço ao túmulo”. A decisão de focar em um período específico da carreira da cantora baiana, compreendido entre 1966, quando ela chegou ao Rio de Janeiro da Bahia, e 1971, durante o espetáculo “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor,” é muito certeira.
Como o longa-metragem das cineastas Dandara Ferreira e Lô Politi foi realizado, em grande parte, quando Gal ainda estava viva, a narrativa não ganha um tom de endeusamento necrófilo, idealizador – talvez isso ocorra apenas nos créditos finais, em que é feita uma espécie de homenagem póstuma, com imagens de toda a sua carreira.
Meu Nome É Gal retrata a artista quando jovem, em formação, durante os anos loucos e exuberantes do tropicalismo, mas também plúmbeos da ditadura. Esses anos são cruciais não apenas para a evolução de Gal como artista. São determinantes para o Brasil, que vivia sob a sombra de um regime militar desde 1964. Nesse contexto de repressão política, as artes no Brasil floresciam de forma paradoxal, gerando música, teatro, literatura e cinema de maneira intensa e inovadora.
O filme acerta também ao retratar esse ambiente, uma vez que é fundamental para compreender a jornada de Gal Costa. Seus amigos e mentores próximos, Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram presos e exilados devido à perseguição do regime. Esse curto período da vida de Gal, portanto, não apenas representa sua afirmação como artista, mas, sobretudo, seu rápido amadurecimento forçado em meio à turbulência política no Brasil.
Meu Nome É Gal destaca as diferentes abordagens de resistência à ditadura, seja a esquerda mais tradicional, nacionalista e confrontadora, ou o movimento da contracultura, representado pelo Tropicalismo, ao qual Gal se uniu, com sua abordagem mais internacionalista e focada nos costumes.
E a escolha por esse recorte, ainda que pudesse ser aprofundado, mais bem explicado do ponto de vista histórico, funciona, especialmente junto ao público mais jovem, para o qual essa Gal pré-estrelato, tropicalista, é mais tangível, inspiradora, rebelde. Torna o filme acessível e um possível sucesso de público em um momento em que a produção nacional tem atraído poucos espectadores aos cinemas.
‘Meu Nome é Gal’: Sophie Charlotte
Sophie Charlotte oferece no filme uma interpretação intensa de Gal Costa, matizada e introspectiva – vale dizer aqui que seu sotaque baiano por vezes soa um pouco artificial, o que é amplamente compensada pelo seu magnetismo em cena. A escolha de atores pouco conhecidos, e não necessariamente parecidos fisicamente com Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil funciona, embora apenas Caetano, vivido por Rodrigo Lélis, e sua mulher, Dedé Gadelha (Camila Márdila) tenham mais tridimensionalidade dramática.
Luis Lobianco, como o empresário dos tropicalistas Guilherme Araújo, brilha, trazendo ao filme não apenas alívio cômico – ele é muito engraçado. Também representa, estrategicamente, o olhar da indústria da música naquele momento tão chave na cultura brasileira.
A parte musical do filme, por sinal, é eficaz ao utilizar o repertório e a voz de Gal Costa para recriar os sucessos da época, caracterizada pela diversidade e inovação na Música Popular Brasileira. Ouve-se a voz de Sophie Charlotte, afinada e bonita, em alguns momentos, também, mas não em interpretações históricas, consagradas. É muito impactante a sequência na qual Gal defende “Divino Maravilhoso”, composição de Caetano e Gil, no 4º Festival de MPB da Record, em 1968. Nesse momento, a cantora assumia o papel de porta-voz do tropicalismo, em nome dos autores da canção, alvos da polícia política. Após a apresentação, Gal caiu em profunda depressão. Esse período foi de grande criatividade, misturando elementos nativos e estrangeiros, bom gosto e mau gosto, alto e baixo, refletindo o contexto político e cultural do país.
O filme, é preciso dizer aqui, apresenta falhas de anacronismo em trechos do enredo e diálogos que, por vezes, soam artificiais, fora do tom. Isso contrasta, de certa forma, com a postura provocativa e espontânea dos tropicalistas, que frequentemente desafiavam a linguagem como forma de protesto. Apesar dos esforços em contextualizar a narrativa, e eles estão lá, o filme não consegue transmitir o clima efervescente daquela época, mas, ainda assim, ele ressoa, emociona.
‘Assassinos da Lua das Flores’ é obra-prima sobre crime organizado, ganância capitalista e racismo.
Em seu novo filme, 'Assassinos da Lua das Flores', Martin Scorsese segue fiel a temas recorrentes em toda a sua filmografia. Baseia-se em fatos reais, ocorridos no início do século passado em uma comunidade indígena.
Não se enganem, Martin Scorsese continua o mesmo! Ainda bem. Por mais que Assassinos da Lua das Flores, seu mais recente longa-metragem, se desenvolva em torno da nação indígena dos Osage, o cineasta nova-iorquino segue fiel a temas recorrentes em sua obra: crime organizado como consequência direta do capitalismo nos Estados Unidos, corrupção endêmica, culpa (ou a ausência dela) e família como um dos berços de todos esses males.
Logo no início do filme, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, os dois atores mais recorrentes e icônicos na filmografia de Scorsese, protagonizam um momento-chave na trama. De Niro, vestido com o imaculado traje branco de William Hale, rico negociante de gado, recebe o sobrinho, Ernest Buckhart, vivido por DiCaprio, um sujeito ambíguo, que oscila entre ser um idiota útil e um vigarista em busca de uma grande oportunidade.
Hale assume o papel de mentor nessa jornada do herói às avessas, perversa. Dá a Buckhart as lições fundamentais da exploração – seja ela da terra, da humanidade, ou, em última análise, do capitalismo selvagem. Esse modus operandi vale tanto para as terras de Oklahoma, no sudoeste dos Estados Unidos do início do século 20, quanto para as sagas mafiosas exploradas em outros filmes de Scorsese, como Bons Companheiros, Cassino e O Irlandês.
A cena em que Buckhart ouve atentamente seu tio descrevendo a arte de se aproveitar e lucrar com um sistema, infiltrando-o por dentro – ou seja, se aproximando dos índios Osage, enriquecidos no fim do século XIX, graças ao petróleo escondido sob a árida superfície de uma reserva – evoca outra, também protagonizada por DiCaprio em outro longa de Scorsese.
Em O Lobo de Wall Street, o personagem de Matthew McConaughey ensina ao protagonista, vivido por DiCaprio, como explorar o mundo e desfrutá-lo cada vez mais intensamente, assim como um leão rugindo, alimentando sua libido voraz, sem hesitar em “se masturbar quatro ou cinco vezes por dia”. O sexo, aqui, é usado como metáfora de poder e privilégio.
Em Assassinato da Lua das Flores, baseado no livro homônimo de David Grann, Hale também aborda a questão sexual: encoraja o sobrinho a se envolver com mulheres Osage e a casar com uma delas para recuperar mais facilmente seus direitos de homem branco sobre o tesouro natural do petróleo – mesmo que isso represente eliminar integrantes da comunidade indígena que possam atrapalhar seus planos. Afinal, Hale já vem fazendo isso há algum tempo. De Niro, é preciso dizer, está assustador como esse tio sacana.
“Oh, sim, eu gosto de mulheres! Brancas, vermelhas, azuis, gordas…”, confidencia o aprendiz ao feiticeiro, com um olhar maroto. Esse momento de confidência, esse jogo de cena e sedução entre homens que admitem até que ponto sua ganância libidinosa ocorre à custa das mulheres e da família. Esse bate-bola perverso põe em movimento o extraordinário Assassinos da Lua das Flores, uma obra-prima scorsesiana de primeira linha, ao longo de 3 horas e meia, dedicadas quase inteiramente a essa cumplicidade entre Hale, chamado de Rei na região, e seu súdito, aspirante a herdeiro.
‘Assassinos da Lua das Flores’: western e gângsteres
Buckhart, em um dos melhores desempenhos da carreira de DiCaprio, é um canalha em ascensão que talvez ame Mollie (a excelente Lily Gladstone, que domina suas cenas com seu silêncio e seu olhar de abismo), herdeira de uma fortuna. Mas essa ambiguidade não o impede de destruí-la, de sabotá-la. Não desprovido de culpa, ele queima tudo em seu caminho, inclusive os filhos, enquanto executa, mesmo assim, a missão recebida do tio.
Assassinato da Lua das Flores é, ao mesmo tempo, um western em sua superfície e um filme de gângster em suas entranhas. A violência latente em todo o filme surge apenas em lampejos fugazes, nunca em tiroteios épicos, como nos faroestes. Em certo sentido, de forma estratégica, os assassinatos se tornam eventos esperados, mantendo o público envolvido durante os longos períodos de drama até a próxima execução chocante – a fantástica edição de Thelma Schoonmaker é fundamental nessa envolvente costura narrativa de tensões e distensões.
A violência chega ao ápice em uma noite tumultuada pelo fogo, enquanto Ernest se dopa e tenta matar Mollie aos poucos. É quando os cowboys (homens brancos, cruéis, colonialistas) brutalmente recuperam seus direitos sobre o petróleo. Scorsese os reduz a silhuetas distantes, quase abstratas, ocupados em pilhar o solo – como se estivesse pintando uma cena rupestre. Seriam demônios?
Enquanto a maioria dos Osage é reduzida a papéis secundários, o grande cineasta apresenta o caso, uma história real, que tangencia a questão racial, predominantemente sob a perspectiva dos criminosos, similar ao que fez em Cassino, explorando as raízes de Las Vegas como um paraíso para gângsteres. Desencadearão um dos primeiros casos investigados pelo recém-criado FBI. Scorsese, afinal, sempre teve uma fascinação por corrupção, violência e negócios obscuros, e aqui não é diferente. Assassinos da Lua das Flores é, nesse sentido, exemplar, ao eviscerar uma história de ganância, racismo e crueldade. Mas é, também, bem mais do que isso.
Eu já conhecia esse filme há algum tempo, mas não sabia que fazia parte de uma série de sete filmes para TV até recentemente. Não é ruim e estou intrigado para conferir o resto.
Apresenta uma Emmanuelle sobrenatural, interpretada por Sylvia Kristel, sua versão mais jovem, interpretada por Marcela Walerstein, além de seu ex-amante Mario, interpretado por George Lazenby. Mario e Emmanuelle não parecem mais ter essa dinâmica erótica de mentor/protegido, como os personagens tinham no livro, mas são como velhos amigos relembrando episódios passados sobre si mesmos ou outras mulheres (cujas almas Emmanuelle havia entrado), enquanto em um longo viagem de avião. Embora tenham feito uma tentativa elegante, não fiquei muito satisfeito com a forma como Mario foi retratado no filme original Just Jaeckin Emmanuelle de 1974, e também não estou tão convencido com este Mario aqui. Para ser justo, é provavelmente impossível adaptar completamente um personagem literário como Mario ao cinema.
Nos livros de Emmanuelle, Mario é um filósofo excêntrico, antimonogâmico e hedonista, que combina esses elementos de maneira muito eloquente, produzindo esse tipo fascinante, embora nem sempre agradável, de filosofia erótica que também se aplica à vida e à existência. (Gosto de pensar na escritora Emmanuelle Arsan (Louis-Jacques Rollet-Andriane) como a contra-parte mais benevolente do totalmente malvado Marquês de Sade.) As passagens filosóficas de Mario foram a razão pela qual os livros de Emmanuelle ficaram comigo e principalmente por que eu li todos os outros livros disponíveis que foram traduzidos para o inglês do mesmo autor.
James Cameron é fã de carteirinha de ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO (1979), de Ridley Scott, e precisou colocar em prova sua capacidade e talento – que não eram tão claros naquele período, – para ter seu nome escrito na cadeira de diretor desta tão esperada continuação.
Ainda estamos em 1980, passado apenas um ano do lançamento de Alien, o 8° passageiro, os produtores já começavam a viabilizar a idéia de uma sequência. O problema maior é encontrar um script realmente bom, que justificasse mais um filme. Os produtores David Giler e Walter Hill chegaram ao pouco conhecido James Cameron através do projeto de O EXTERMINADOR DO FUTURO (que ainda não havia sido realizado) e resolveram marcar um encontro para trocar idéias.
Lá pelas tantas, depois de algumas doses de whisky, comentaram o desejo de realizar a continuação de ALIEN e Cameron se interessou subitamente. O tempo foi passando e, pós vários roteiros recusados, Cameron, que mal havia dirigido PIRANHA 2 e trabalhou apenas na parte técnica de algumas produções de ficção científica de baixo orçamento, conseguiu colocar na mesa dos executivos uma história que finalmente chamou-lhes a atenção. O roteiro ainda não estava pronto (e muita coisa foi mudada com outras pessoas metendo o bedelho), mas já era meio caminho andado; a base desse script eram idéias que o diretor estava desenvolvendo para um filme chamado MOTHER.
No entanto, era um risco colocar nas mãos de James Cameron a direção de um filme que exigia muito investimento, muita estrutura, muita coisa que aquele sujeitinho ainda não havia provado que sabia fazer.
Ninguém podia assegurar que ele era realmente capaz de administrar todo o aparato que seria colocado em suas mãos. A prova de fogo foi o filme que Cameron estava realizando, ainda em fase de pré-produção. Se conseguisse ser bem sucedido, teria o emprego na continuação de ALIEN. Bem, todos nós sabemos que O EXTERMINADOR DO FUTURO foi um grande sucesso, então já sabemos o final dessa história.
ALIENS recebeu este título (e não ALIEN 2) porque em 1980, um italiano chamado Ciro Ippolito produziu, escreveu e dirigiu uma “sequência picareta” de ALIEN chamado ALIEN 2, com a trama se passando na terra. Mas ALIENS é um nome que se encaixa perfeitamente ao filme de Cameron, pois uma das principais diferenças do original é que, desta vez, Ripley (Sigourney Weaver) encara um exército de monstros espaciais ao invés de um único Alien como no primeiro filme.
Sendo assim, o diretor DE TITANIC e AVATAR tomou um caminho diferente ao de Ridley Scott. O primeiro filme da série era um exercício de claustrofobia, atmosférico ao extremo e trabalha muito bem o suspense com doses de terror. Sem dúvidas é um dos filmes contemporâneos mais eficazes nesse sentido e até hoje impressiona pela qualidade. Já o filme de James Cameron segue uma proposta que impõe um ritmo mais frenético à narrativa, com bastante ação, longos tiroteios, explosões, correrias, muita carnificina e etc (Cameron estava trabalhando também no roteiro de RAMBO 2 antes de começar este aqui, talvez estivesse muito focado nesses elementos…). O mais impressionante disso é que o respeito de Cameron pelo original é fundamental para balancear o tom entre os dois filmes. ALIENS possui atmosfera de horror suficiente para permanecer ao lado do primeiro ALIEN como clássico do gênero espacial e possui ação de tirar o fôlego suficiente para demonstrar que a proposta de Cameron era mais que certeira.
A trama de ALIENS se passa 57 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Ripley desperta do seu sono criogênico depois de ter sua nave encontrada pela companhia na qual trabalhava; toma conhecimento de que toda sua família morreu; mal se recupera e já é persuadida para retornar ao planeta alienígena do primeiro filme numa missão para averiguar a situação dos colonos que agora habitam o local, já que a comunicação com eles fora interrompida. Ela se faz de difícil, etc, mas acaba aceitando e desta vez terá ajuda de um grupo de fuzileiros carregando um grande poder de fogo.
O que se segue a partir daí é um suspense intenso da melhor qualidade com altas doses de ação em cenários de ficção científica e atmosfera dark inspirados nas artes de H. R. Giger e intensificados pela ótima trilha sonora de James Horner; a contagem de corpos é altíssima, muitos fuzileiros matando aliens, sendo mortos também pra dar uma balanceada, embora o número de aliens seja bem maior, até chegar a um ponto em que Sigourney Weaver questiona James Cameron sobre o filme estar muito violento, ter muitas mortes e armas cuspindo fogo, e essas baboseiras, mas a resposta do diretor já demonstrava um sujeito que não se deixa levar por frescuras de ator:
“Então vamos fazer uma cena que um Alien lhe ataca e você tenta bater um papinho com ele”.😅
Além de Weaver, que recebeu uma indicação ao Oscar pela sua atuação, o restante do elenco merece uma atenção à parte. Temos Michael Biehn voltando a trabalhar com o diretor, Lance Henriksen fazendo um andróide para o desespero de Ripley (quem não se lembra de Ian Holm no primeiro filme?), Bill Paxton como alívio cômico involuntário, Paul Reiser, William Hope, Jenette Goldstein e outras feras que compõem um excelente time. E é curioso como grande parte deles são subestimados atualmente, até mesmo estão meio que esquecidos na indústria.
A versão que revi e recomendo fortemente é a estendida, na qual James Cameron realiza um estudo humano muito interessante com a personagem de Sigourney Weaver e ajuda bastante na compreensão de seus atos, no instinto materno com o qual ela acolhe e protege a garotinha, única sobrevivente dos colonos, enxergando a oportunidade de ter uma família novamente, já que a verdadeira se perdeu ao longo dos 57 anos. O confronto final entre Ripley e a alien rainha toma proporções épicas visto dessa forma. A protagonista tentando proteger sua “filha” e a criatura também com um instinto de proteção pelos seus ovos.
👽
Sobre a rainha e seu aspecto visual é impressionante, vale destacar os incríveis efeitos especiais da equipe comandada pelo genial Stan Winston. É um troço realmente assustador! Não só ela, mas todos os aliens aparentam bem mais flexibilidade, agilidade e realismo em relação ao alien solitário do primeiro filme, embora o conceito de Giger ainda permaneça intacto. É a prova de que o talento manual de um verdadeiro gênio dos efeitos especiais sempre vai superar o resultado de um CGI.
Vale destacar mais uma vez, que essa batalha final continua sendo umas das melhores na história do cinema, sentimos o terror que todos os personagens estão passando ao se depararem com aquele ser monstruoso, eu realmente me "BORRAVA" de medo da Alien Rainha, James Cameron e Stam Winston são geniais.
Aliens é um filme realmente inovador nos quesitos técnicos, afirmativa que pode ser reaproveitada em qualquer texto sobre os filmes dirigido pelo Cameron.
Todas as suas obras seguintes revolucionaram o cinemão americano comercial de alguma maneira, seja nos efeitos especiais, sonoros ou até mesmo na forma como contar uma história, transformando seus trabalhos em experiências únicas para o público. Este aqui não foge à regra. É um espetáculo em todos os sentidos, que mesmo com quase 40 anos nas costas, continua sendo o melhor filme da franquia Alien e um dos melhores do gênero.
A nova série do Brasil estreou cercada de expectativas porque é baseada no livro homônimo de imenso sucesso, escrito por Fernanda Torres, lançado em 2013. A autora sempre teve a intenção de adaptar para o audiovisual por achar sua obra um dramalhão típico de folhetim e conseguiu dez anos depois. A história é envolvente e captura a atenção do telespectador.
"Fim" é uma série sobre a vida e a certeza da finitude. Mesclando momentos solares com outros mais soturnos, a obra é uma tragicomédia que acompanha a jornada de nove protagonistas, um grupo de amigos do Rio de Janeiro que faz parte de uma geração que acreditava em um "felizes para sempre", mas foi atropelada pela revolução de costumes dos anos 1970. A trama se passa em um período entre 1968 e 2012 e é dividida em quatro fases que abrangem a juventude, a maturidade e a velhice dos personagens. Ao longo das décadas, eles compartilham amores, traições, mágoas, alegrias, manias, loucuras e frustrações. A história começa com a partida de Ciro (Fábio Assunção), o mais admirado do grupo, que morre sozinho na cama de um hospital. Nos tempos dourados, se apaixonou perdidamente por Ruth (Marjorie Estiano), com quem se casou.
Seu jeito agregador conquistou a moça igualmente encantadora, que também era o centro das atenções nas rodas que frequentava. Juntos, os dois formavam um casal de causar inveja, não fosse o passar do tempo e os percalços da vida a roubarem o brilho dessa união. O solteirão mais atlético do grupo, Ribeiro (Emílio Dantas), também cai de amores por Ruth. Acostumado a se envolver com meninas bem mais novas, passa a vida à sombra de Ciro, servindo de plateia para o relacionamento do amigo. Já Silvio (Bruno Mazzeo) é um funcionário público que leva uma vida hedonista e sem responsabilidades. O sujeito se casa com Norma (Laila Garin), uma moça do interior de São Paulo. Prestativa e amigável, Norma se deixa levar pela ideia de sair da roça e aceita a união com Silvio mesmo sabendo que ele não pretende abandonar seus vícios e prazeres da juventude ao longo da vida. Cheio de irreverência e sarcasmo, Silvio protagoniza cenas muitas vezes inconvenientes, sendo gatilho para reflexões de seu grupo de amigos.
Enquanto isso, o atrapalhado Álvaro (Thelmo Fernandes) se casa com Irene (Débora Falabella), formando um par no mínimo inusitado. Ele, sem jeito com mulheres, consegue fazer a moderna e ambiciosa mulher entrar em um relacionamento do qual ela se arrepende. Já neto (David Júnior) e Célia (Heloisa Jorge), têm uma realidade bem diferente dos demais. Trabalhadores desde cedo, se apaixonam e consolidam um cassamento tradicional, do qual muito se orgulham. Juntos, eles selam um pacto de fidelidade e se protegem de um mundo de permissividade, para o qual não foram convidados a participar.
As gravações de "Fim" aconteceram em 2022 ao longo de 14 semanas, em cerca de 290 locações. Para retratar quatro décadas de transformações houve um minucioso trabalho coletivo da equipe e do elenco para o rejuvenescimento e envelhecimento críveis dos personagens. Apesar de ser baseada no romance literário, a série apresenta diferenças, tanto na estrutura, quanto no perfil de alguns personagens. Em uma discussão sobre o próprio sentido da vida, passado e presente avançam em paralelo, marcados de forma clara graças às diferenças pontuais na cinemografia, direção de arte e caracterização dos personagens. Aliás, o trabalho impressiona. Ao contrário do que costuma ocorrer em qualquer obra audiovisual, as fases não são descritas com datas na tela. O telespectador que precisa observar os detalhes e funciona, principalmente através dos carros usados em cada cena.
O processo de caracterização dos atores corria sério risco de soar grotesco ou artificial ao extremo. Mas é algo tão bem feito que imprime veracidade ao enredo que está sendo contado. E vale ressaltar que seria quase impossível entender a história caso atores mais velhos fossem escalados para o time dos nove protagonistas na fase final. Foi um acerto manter o time ao longo de todas as épocas. E que elenco precioso. Marjorie Estiano é um dos maiores destaques, o que não é uma surpresa. A sua interpretação potente mais uma vez arrebata o público e sua Ruth não lembra em nada suas personagens anteriores. Débora Falabella interpreta o perfil mais complexo e atrativo da produção. Irene tem um péssimo humor e parece arrogante, mas é uma mulher triste por dentro e muito à frente da época. A intérprete ainda demonstra sua versatilidade diante da tímida e retraída Lucinda, que vive atualmente em "Terra e Paixão". Vale elogiar também Emílio Dantas e Fábio Assunção, que sempre agigantam qualquer cena, assim como Heloísa Jorge, Thelmo Fernandes, David Júnior, Laila Garin e Bruno Mazzeo. Até as participações são luxuosas, como Ary Fontoura e Zezé Motta vivendo os pais conservadores de Célia. Valentina Herszage também merece menção na pele da enfermeira Maria Clara.
O último episódio é o melhor de todos. A série transborda sentimentos incômodos, mas no final o conjunto aflora ainda mais a ponto do telespectador se ver mergulhado em um mar de melancolia, tristeza e medo do futuro. Isso porque a conclusão do enredo desnuda por completo um pensamento que a maioria das pessoas procura fugir: a chegada constante da morte e como a velhice pode ser cruel. Os desfechos de Ruth, Ribeiro e Álvaro são os que mais impactam, enquanto o final de Ciro impressiona pela genialidade do roteiro envolvendo vida e morte. A produção termina deixando uma marca em quem assiste.
Criada por Fernanda Torres, com supervisão de adaptação de Maria Camargo, direção artística de Andrucha Waddington e direção de Daniela Thomas, "Fim" ----- com produção executiva de Isabela Bellenzani (Estúdios Globo), Mariana Vianna (Conspiração) e Renata Brandão (Conspiração) ---- se mostra uma série melancólica de qualidade inquestionável. Não é uma narrativa que conquista todo mundo, mas desperta curiosidade em cima do futuro daquelas pessoas tão controversas, mesmo sabendo como todas irão terminar.
Por que estes que fizeram esse filme deste João do Capeta?
"Não merecem ser taxadas de cegas ou de otárias": Série sobre as vítimas de João de Deus é sensível e não coloca o médium como protagonista
Não poderiam ter feito um filme da professora de minas que morreu salvando crianças?
sim, de outro criminoso, só não precisamos invalidar outras vítimas para exaltar outra, a professora merece sim ser protagonista de um documentário, mas a causa aqui é sobre outras vítimas de outro crime.
Guerra Civil
3.6 411 Assista AgoraO impactante ‘Guerra Civil’ é distopia muito próxima da realidade
'Guerra Civil', estrelado por Wagner Moura a Kirsten Dunst, discute os dilemas da imprensa, sobretudo do fotojornalismo, no registro de um conflito de secessão que esfacela os Estados Unidos.
Num futuro não muito distante, os Estados Unidos mergulham em uma guerra interna sangrenta e visceral. O presidente está encurralado na Casa Branca, envolto em um cerco tenso em Washington, D.C. Enquanto isso, nas ruas de uma Nova York desolada, a população aguarda ansiosamente por migalhas de água em meio ao desespero.
A paisagem é dominada por sombras mortais nos telhados, prontas para disparar a qualquer momento, por terroristas dispostos a sacrificar suas próprias vidas e por figuras estranhas e ameaçadoras que vagam pelas ruas. Nesse caos infernal, uma facção rebelde conhecida como Forças Ocidentais, representando o Texas e a Califórnia, emerge como a principal antagonista contra o frágil remanescente do governo federal.
O nítido batuque de um tambor, acompanhado por um ritmo marcial persistente, marca o início de Guerra Civil, filme do britânico Alex Garland que há duas semanas está no topo das bilheterias norte-americanas. O filme evoca lembranças dos grandes filmes de guerra, como o som perturbador da artilharia em O Resgate do Soldado Ryan e a jornada surreal de Apocalypse Now. Há também uma conexão marcante com Extermínio, filme de zumbis de 2002 escrito por Alex Garland, lançado nos cinemas durante os ataques de 11 de setembro de 2001, tornando-se uma produção profundamente atual.
O tema abordado em Guerra Civil será amplamente discutido. O filme retrata uma América intensificada a partir de seu atual estado quase insurrecional, criando uma sensação preocupante de proximidade. Um presidente autocrático, em seu terceiro mandato, ensaia discursos pomposos diante de um teleprompter. As Forças Ocidentais formam uma aliança improvável na tentativa de retomar a capital.
A paisagem suburbana está repleta de shoppings bombardeados, intolerância feroz e, mais inquietante ainda, ocasionalmente há uma cidade onde tudo parece normal, mesmo com os habitantes cientes de que o país está em colapso nos estados vizinhos, erguendo muros pessoais para se proteger. “Apenas tentamos nos manter à parte”, dizem.
Para Garland, a apatia é o verdadeiro adversário. Seus filmes, como Ex-Machina e Aniquilação, são ricos em temas profundos e refletem uma sociedade fragmentada. Guerra Civil retrata melancolicamente essa distopia, evidenciando a perda irreparável de algo maior.
Por isso, Garland escolhe como protagonistas um par de fotojornalistas: uma experiente e a outra aspirante. Interpretada por Kirsten Dunst, Lee é séria e introspectiva, enquanto Jessie, interpretada por Cailee Spaeny, busca apenas aventura, uma iniciação. Elas são acompanhados por Joel, interpretado por Wagner Moura, excelente, e Sammy, vivido por Stephen McKinley Henderson, um veterano jornalista que trabalha para um The New York Times reduzido e possivelmente envolvido em atividades criminosas.
‘Guerra Civil’: road movie
A jornada de Guerra Civil se transforma em um emocionante road movie, repleto de momentos de tensão explosiva e decisões que podem ser definitivas. Algumas imagens são demasiadamente familiares, como a fila de carros abandonados se estendendo até o horizonte. A sequência mais impactante dessa jornada se dá quando a equipe de jornalistas se depara com um dos defensores racistas e nacionalistas do presidente, vivido por um assustador Jesse Piemons, que veste roupas militares de camuflagem e óculos de armação e lentes vermelhas – uma alusão explícita ao Partido Republicano?
As cenas mais marcantes são aquelas que incitam a reflexão. Garland é mestre em transmitir sensações, como o canto dos pássaros sobre gramados ensanguentados ou o humor lacônico de soldados exaustos. Ele nos convida a observar e refletir sobre a condição política geral, questionando se os Estados Unidos realmente merecem uma democracia se mal conseguem se comunicar.
O filme culmina em um ato final avassalador, no qual a imensidão do aparato militar moderno invade a tela. A visão de tanques rolando pela Avenida Pensilvânia, onde está a Casa Branca, em Washington D.C., é perturbadora, e é esse desconforto que confere valor à obra de Garland.
PS: Wagner Moura + A24 = Perfeição
Na aposta ousada da produtora A24, dois foto jornalistas - interpretados por Kirsten Dunst e Wagner Moura - atravessam o território norte-americano, para cobrir um conflito generalizado, mesmo que eles próprios, ainda não o compreendam completamente.
Este longa-metragem dirigido por Alex Garland (Ex Machina), a guerra civil se instaura a partir de um movimento separatista, na qual 19 estados se separam dos EUA.
Os estados do Texas e Califórnia se tornam independentes e formam uma aliança militarizada, ostentando uma nova bandeira americana, com duas estrelas em vez de 50. A aliança é batizada de The Western Forces (As Forças Ocidentais). O resto do país também acaba se dividindo, como uma possível Aliança da Flórida, além de várias outras facções, que incluem Washington, Montana, Geórgia, Louisiana e Minnesota.
Por que os estados se separaram em Guerra Civil?
O enredo aponta para um conflito muito maior do que, simplesmente, uma polarização entre democratas e republicanos. Em Guerra Civil, os EUA vive sob o domínio corrupto e potencialmente fascista do presidente interpretado por Nick Offerman, que ignora a constituição.
Estariam as Forças Ocidentais lutando contra a ascensão de um governo totalitário?
Por meios justos?
E o mais importante: quem financia as Forças Ocidentais?
Passeando por todas essas interrogações, estão os protagonistas, Kirsten Dunst e Wagner Moura, foto jornalistas tentando capturar os acontecimentos da forma objetiva. Mas, não se ver diretamente envolvido nesse conflito, parece impossível.
...
A perspectiva de jornalistas em meio a uma guerra civil em expansão promete um drama intenso. Estou ansioso para ver como essa trama se desenvolve!
"Guerra Civil", da A24, é a produção de maior orçamento do estúdio: US$ 50 milhões. Estrelado por Kirsten Dunst e Wagner Moura, a duração será de 1h49, diferente das 3h15 que estavam especulando.
Três motivos para ver esse filme nos cinemas:
1 - É um filme da A24, que é uma produtora com uma curadoria para seleção de roteiros que sejam diferentes da mesmice que às vezes a indústria cai;
2 - Tem o Wagner Moura no elenco, e acho que convém apoiar empresas estrangeiras que deem boas oportunidades a artistas brasileiros;
3 - É um filme original. E em tempos de sequências, adaptações e remakes, assistir filmes originais nos cinemas é uma forma de mostrar à indústria que queremos ver coisas novas sendo produzidas. (Dito isso: espero que o filme seja bom. hahaha)
Wagner Moura na A24, agora sim o mundo conhecer um dos nossos melhores atores do BR
A Massai Branca
3.5 66Conteúdo temático
Os temas do filme foram controversos. Em última análise, o filme é sobre o choque de culturas e visões de mundo. Dois indivíduos que acreditam que a sua visão do mundo é superior e, portanto, correta
(assim Carola condena a circuncisão feminina porque não se enquadra na sua perspectiva cultural, enquanto Lemalian não consegue compreender como ela poderia falar com os homens sem ser infiel a ele),
Scott Pilgrim: A Série
4.0 58Eu tenho uma opinião impopular, prefiro muito o filme, ele trouxe uma edição muito bacana com pegada teen, músicas impecáveis e as lutas foram muito bem legais. Gostaria que a animação fosse uma continuação do que aconteceu após o filme mesmo
Furiosa: Uma Saga Mad Max
3.9 299Que espetáculo visual! Mad Max: Estrada da Fúria é um dos maiores filmes de ação já realizados… Frenético, caótico e belo. Não via a hora de uma expansão da franquia. A trilogia com Mel Gibson dispensa comentários. HABEMUS FURIOSA, e que venham muitos outros com tal qualidade 👏🏻👏🏻👏🏻
Embora a Charlize Theron, tenha sido um ícone no papel, se destacando no filme 'Estrada da fúria'. Ela foi uma ótima atriz. E, parece que a Anya Taylor-Joy vai se sair muito bem interpretando a "Furiosa" mais jovem. Tomara que realmente esse filme seja um sucesso e mostre como se faz uma verdadeira protagonista feminina. Embora seja do mesmo criador da franquia 'Mad Max', já é meio caminho andado.
Sempre gostei dessa atmosfera que os filmes de Mad Max têm, é incrível. Isso é o que cinema precisa atualmente!!!! certeza que vai bombar, geral ta carente de filmes de qualidade!
No filme de 2015 tem uma música chamada "Coda" e "Many Mothers" e são tão singelas em relação as outras faixas pesadas que juntam guitarra, percussão e efeitos eletrônicos.
Eu espero que aqui o compositor saiba encontrar esse equilíbrio de novo.
Algo pesado, mas também algo emocional.
Eu acho que esse filme vai ser excelente. Lembrando que o de 2015 venceu 6 Oscars
Batman
4.0 1,9K Assista Agora𝐂𝐨𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬 𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐟𝐨𝐢 𝐥𝐞𝐯𝐚𝐝𝐨 à𝐬 𝐭𝐞𝐥𝐨𝐧𝐚𝐬, é 𝐢𝐦𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐌𝐚𝐭𝐭 𝐑𝐞𝐞𝐯𝐞𝐬 𝐭𝐞𝐧𝐡𝐚 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐮𝐦𝐚 "𝐧𝐨𝐯𝐚" 𝐯𝐢𝐬ã𝐨 𝐝𝐨 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧.
A visão de Reeves sobre o personagem é algo que não tinhamos visto em tela, “ o seu primeiro Batman”. É um Batman que não confia em sua habilidade, é atingido, baleado várias vezes e perde lutas (até para capangas) e comete erros claros de um herói sem experiência. É uma visão refrescante e interessante e se este for um Batman que veremos se desenvolver ao longo de uma série de filmes (o que tenho certeza que veremos), será gratificante ver o personagem se desenvolver.
Essa versão do Batman também é muito mais detetivesca. Aspectos disso foram mostrados na versão de 𝐂𝐡𝐫𝐢𝐬𝐭𝐨𝐩𝐡𝐞𝐫 𝐍𝐨𝐥𝐚𝐧, mas aqui ele está á resolver um caso, em vez de sair todas as noites em busca de cabeças para quebrar. Como fã de quadrinhos, é revigorante ver essa versão do personagem finalmente na tela; como fã de cinema, é ótimo ver um filme de “super-herói” apresentado mais como um thriller policial.
Este é um filme que tem mais em comum com Seven ou Saw do que com as versões anteriores de super-heróis do Batman. Há um caso a ser resolvido, pois 𝐎 𝐂𝐡𝐚𝐫𝐚𝐝𝐚, nesta versão é muito mais um serial killer no estilo Jigsaw, ele arma armadilhas, deixa pistas e monta um quebra-cabeça enigmático para Batman e o Tenente Gordon resolverem.
Ele monta isso tudo, lenta e metodicamente, com as revelações criando um mistério convincente, em vez de apenas uma série de migalhas facilmente encontradas que nos levam a cada próximo cenário.
Isso não significa que o 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 não tenha a ação. Há uma série de sequências de ação, algumas bem feitas outras sem muita agilidade, algo que é proposital por se tratar de um Batman sem experiência em combates. A sequência de abertura onde vemos o medo que o Batman colocou nos criminosos de Gotham mostra que existem novas maneiras de apresentar isso e quando finalmente vemos o Batman, ele não decepciona. Suas sequências de luta são brutas e intensas não parecem excessivamente coreografadas, se assemelham muito mais a uma luta real. Segue-se uma grande e espetacular introdução do Batmóvel, com uma perseguição rápida mas eficaz.
Outra questão que dificultou o trabalho de Reeves foi trazer para a tela personagens que já vimos antes, interpretados por alguns atores icônicos no passado e ter que renovar isso. O elenco de Reeves foi excelente e cada ator entrega uma ótima versão de seus personagens. Robert Pattinson interpreta um Batman que não gosta de espreitar nas sombras, mas de usar força bruta e intimidação direta e funciona muito bem. Seu Bruce Wayne é mais recluso e perdido, representando a versão inicial do personagem que você esperaria. É um personagem que pode crescer e há uma confiança que Pattinson será capaz de desenvolver seu Batman com perfeição nos próximos filmes.
Um filme de super-heróis é tão bom quanto seus vilões. Paul Dano é um Charada perfeitamente demente. Ele segue uma linha tênue entre ameaçador e bobo, mas as sequências em que captura suas vítimas mostram um tipo diferente de horror que nunca vimos em um filme do Batman antes. Uma vez retirada a máscara, seus motivos ficam claros, mas poderiam ser melhor realizados, Dano apresenta uma atuação que você deseja ver novamente em filmes futuros.
Reeves está criando um mundo com personagens aos quais podemos retornar, portanto, embora não seja o vilão principal, o Pinguim de Colin Farrell é um gangster crível que terá a oportunidade de se desenvolver mais tarde. Não posso dizer o mesmo de Zoe Kravitz Mulher-Gato, para mim um ponto fraco no filme, mas quem sabe ela possa nos surpreender em novas oportunidades.
Jeffrey Wright como Gordon é excelente, interpretando um policial cansado do crime, assim como Gary Oldman fez, Serkis oferece uma nova versão de Alfred que não vimos antes, existem outros nomes que sempre trazem performances seguras nomes como John Turturro e Peter Sarsgaard. Este é um elenco e um mundo que podem ser desenvolvidos e espero que Reeves tenha a chance e não nos decepcione.
Dizer que O Batman não é um filme de super-herói seria uma avaliação justa e, como Reeves decidiu se aproximar de um thriller policial, ele se esforça para entregar o final necessário para um filme do Batman.
Esse final está alinhado com o que foi construído, mas não satisfaz o suficiente em termos de riscos ou ação, apesar de entender que esse Batman, ainda não alcançou seu potencial total, a ação deixa um pouco a desejar e a investigação em certos momentos torna-se tediosa. Reeves vai precisar melhorar o ritmo e as cenas de ação no próximo filme.
𝐍𝐨 𝐠𝐞𝐫𝐚𝐥, 𝐓𝐡𝐞 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 é 𝐮𝐦𝐚 𝐚𝐛𝐨𝐫𝐝𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐨𝐫𝐢𝐠𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐞 𝐫𝐚𝐳𝐨𝐚𝐯𝐞𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐫𝐞𝐟𝐫𝐞𝐬𝐜𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐨𝐬. 𝐎 𝐭𝐨𝐦 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞 é 𝐝𝐢𝐟𝐞𝐫𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨- 𝐬𝐞 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐭𝐡𝐫𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐩𝐨𝐥𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐬𝐮𝐩𝐞𝐫-𝐡𝐞𝐫ó𝐢. 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬 é 𝐩𝐫𝐞𝐣𝐮𝐝𝐢𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐦𝐚. 𝐑𝐞𝐞𝐯𝐞𝐬 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐫ó𝐢 𝐮𝐦 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐛𝐞𝐦 𝐫𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐚𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐢𝐬 𝐯𝐨𝐜𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐫á 𝐫𝐞𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫 𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚. 𝐓𝐚𝐦𝐛é𝐦 𝐚𝐣𝐮𝐝𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐜𝐚𝐝𝐚 𝐚𝐭𝐨𝐫 𝐜𝐮𝐦𝐩𝐫𝐚 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐩𝐞𝐫𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐟𝐢𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚, 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐏𝐚𝐭𝐭𝐢𝐧𝐬𝐨𝐧 𝐞 𝐃𝐚𝐧𝐨. 𝐎𝐥𝐡𝐞 𝐚𝐥é𝐦 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐮𝐦 𝐩𝐨𝐮𝐜𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐧𝐢𝐦𝐚𝐝𝐨𝐫, 𝐞𝐬𝐭𝐚 é 𝐮𝐦𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐢𝐠𝐧𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐮𝐦 𝐚 𝐬é𝐫𝐢𝐞 𝐝𝐞 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐫 𝐢𝐦𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐁𝐚𝐭𝐦𝐚𝐧 - 🦇
Napoleão
3.1 330 Assista Agora‘Napoleão’ fracassa como retrato psicológico do líder francês.
Com roteiro raso e fragmentado, 'Napoleão' oferece cenas de batalha épicas, mas o filme de Ridley Scott naufraga como estudo de personagem e narrativa histórica.
Uma das figuras mais biografadas da história, Napoleão Bonaparte (1769-1821) tem sido frequentemente revisitado em centenas de livros e inúmeras visões cinematográficas. Quando o cineasta Ridley Scott decidiu retratá-lo em uma superprodução de US$ 200 milhões, financiada pela Apple TV, o diretor de Gladiador e Blade Runner enfrentou o desafio de criar uma narrativa que cativasse e surpreendesse as novas gerações, dada a riqueza de informações já disponíveis sobre o líder francês.
O legado histórico de Napoleão é vasto, evidenciado por todas essas releituras de sua jornada, como a do clássico filme de Abel Gance em 1927, que já explorava sua grandiosidade por meio de técnicas inovadoras para a época. Scott, ao se interessar pelo fascinante capitão nascido na Córsega que se tornou imperador da França e conquistou grande parte da Europa, optou por destacar suas habilidades na condução de batalhas épicas. As cenas de confronto, especialmente em Toulon e Austerlitz, são magistralmente filmadas, proporcionando momentos memoráveis que não apenas destacam a estratégia militar de Napoleão, mas também sua singularidade como indivíduo.
O filme, contudo, não se limita apenas a aspectos históricos, militares, buscando explorar a vida íntima do personagem e seu perfil psicológico. Aí começam seus muitos problemas. O roteiro, assinado por David Scarpa, nesse sentido, parece ter sido escrito pelo ChatGPT, tamanha a sua superficialidade e ausência de fluidez narrativa.
‘Napoleão’: inexpressividade
Com uma duração de 2h30, o filme retrata Napoleão, interpretado por Joaquin Phoenix, como excêntrico e narcisista, o que não é novidade. Mas também sugere problemas significativos em seus relacionamentos, especialmente com mulheres, incluindo sua mãe e sua primeira esposa, Josephine, interpretada pela britânica Vanessa Kirby, indicada ao Oscar de melhor atriz por Pieces of a Woman (2020).
A interpretação de Phoenix busca humanizar o líder, destacando suas fraquezas e conflitos pessoais. O astro de Coringa opta por uma inexpressividade que, embora seja uma escolha interessante, carece de um roteiro mais consistente para justificá-la, resultando em uma representação rasa e, em certa medida, até unidimensional do personagem.
A relação de Napoleão com Josephine é retratada como um jogo de poder, sugerindo que ela teria desempenhado um papel crucial na formação do grande líder. O filme destaca suas habilidades sociais e emocionais superiores em relação às limitações do marido. Para um retrato ambivalente de Napoleão se consolidar, seria necessário um roteiro mais robusto que explorasse com mais complexidade as várias facetas do personagem, ao invés de apresentá-lo de forma episódica e fragmentada, deixando de lado relações significativas, como a com seu irmão e mãe, aspectos cruciais em sua vida.
Além deles, outros personagens, em Napoleão, são introduzidos e posteriormente negligenciados no filme, sem receberem explicações adequadas. Isso inclui os filhos de Josephine, a segunda esposa Maria Luísa, filha do imperador da Áustria, e diversos nomes proeminentes da história política francesa que parecem estar presentes apenas como elementos ilustrativos na narrativa.
NCIS - Hawai'i (2ª Temporada)
3.9 1A série norte-americana NCIS: Hawai'i (também conhecida como NCIS: Hawaii) se passa, como o título sugere, no paradisíaco estado norte-americano e acompanha a mulher que é a primeira agente especial feminina a liderar “NCIS: Pearl Harbor ” . sobre. Enquanto ela e os membros de sua equipe tentam cumprir seus deveres para com seu país e sua família, eles investigam casos altamente explosivos envolvendo militares e segurança nacional e também descobrem os segredos da ilha.
"NCIS: Hawai'i" é um spin-off da série NCIS (Navy CIS) .
A terceira temporada da série policial ensolarada "NCIS: Havaí" está programada para começar em meados de fevereiro. Agora a rede de olhos da CBS finalmente revelou o início das filmagens. Deve começar novamente na próxima semana.
Angélica: 50 & Tanto
3.8 7"Angélica: 50 & Tanto" é um programa que merece ser visto
O programa aborda a trajetória de Angélica através de imagens de arquivo enquanto a apresentadora conta um pouco da sua vida para o público e suas convidadas. Ao contrário do que parece, a atração não soa egocêntrica porque Angélica mescla muito bem as suas vivências com as histórias de suas 'visitas'. Isso porque as experiências da dona da casa são usadas para incentivar cada uma a expor suas intimidades e funciona. Claro que o fato de todas as escolhidas para o especial serem amigas de Angélica ajuda bastante na desenvoltura do papo, mas ainda assim havia o risco de parecer algo artificial ou até piegas.
O formato deu muito certo. A sensação é de observar tudo o que é falado pelo buraco da fechadura, como se fosse quase um reality. Angélica está tão à vontade que deixa todas as convidadas igualmente relaxadas a ponto de contarem situações que até hoje não falaram em entrevistas.
A própria apresentadora contou casos que nunca havia mencionado antes, como o dia em que foi assediada por um diretor de televisão quando era apenas uma criança e a ordem que uma diretora da Xuxa (quem poderia ser?) exigiu que ela deixasse de ser loira porque só poderia ter uma na TV.
Xuxa, Anitta, Eliana, Ivete Sangalo, Susana Vieira, Fernanda Souza, Preta Gil, Paolla Oliveira, Marina Ruy Barbosa, Maisa, Carolina Dieckmann, Giovanna Ewbank, Bárbara Paz e Paula Lavigne foram as convidadas do programa e todas protagonizaram bons momentos e abriram suas intimidades com a loira. Um bate-papo tão gostoso que faz o telespectador maratonar o especial sem qualquer esforço. Cada episódio tem cerca de 40 minutos e todos passam voando. E cada um é iniciado com uma apresentação de Angélica contando a respeito de algo que aconteceu em sua vida baseado no título de cada episódio. É muito interessante.
"Angélica: 50 & Tanto" tem criação e direção de conteúdo de Chico Felitti, direção artística de Isabel Nascimento Silva e produção executiva de Luísa Barbosa e Renata Brandão. O programa é produzido ainda pela Conspiração e Hysteria. É um programa despretensioso e deixa um gostinho de quero mais. Vale a pena ver.
Falas Negras apresenta Histórias (Im)possíveis
3.8 8"Falas Negras - Histórias Impossíveis" fecha o ciclo com um episódio de impacto
No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, foi ao ar o último episódio da série "Histórias Impossíveis". Após "Falas Femininas" (em homenagem ao Dia Internacional da Mulher), "Falas da Terra" (em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas), "Falas de Orgulho" (em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQIAP+) e "Falas da Vida" (em homenagem ao Dia Internacional das Pessoas Idosas), a TV aberta exibiu "Falas Negras" nesta segunda, após o último capítulo de "Todas as Flores".
A trama propôs uma discussão sobre os estereótipos criados para personagens negros ao longo da história do audiovisual a partir de uma narrativa ficcional carregada de mistérios. No centro do enredo, Janaína (Grace Passô), uma roteirista negra, tem um encontro com a equipe de autores, todos brancos, de um novo projeto audiovisual, cuja imersão é realizada em uma fazendo do interior, herança da época colonial. Sua chegada gera desconforto tanto aos demais roteiristas ---- o que provoca conflitos na equipe ----, quanto aos funcionários da fazenda, como Benê (Neusa Borges), Justino (Leandro Firmino) e Dita (Dandara Abreu), que aos olhos de Janaína, apresentam comportamentos estranhos.
A história, com o título de "Levante", fala sobre a representação de personagens negros na TV ao longo de várias décadas. Até porque pouco se falava do fato dos pretos só aparecem em novelas como empregados, motoristas ou porteiros. A realidade só começou a mudar recentemente com a inserção de maior diversidade nos elencos, incluindo um importante protagonismo negro, e sem profissões estereotipadas. A série aborda a questão através de um amontoado de situações que instigam o telespectador, que não identifica muito bem no início se a produção é de suspense, terror ou um drama comum.
Depois de perceber que há algo incomum no lugar, Janaína passa a investigar e descobre coisas inimagináveis sobre o verdadeiro propósito da fazenda e dos planos de seus funcionários. Personagens imprescindíveis no desenrolar da história, Benê e Justino, guardam um segredo que mexe com a cabeça de Janaína e dos outros roteiristas que estão na casa. A trama é bem conduzida e consegue prender a atenção de quem está assistindo até o final. E um dos atrativos é ver Grace Passô, uma das roteiristas da série e responsável pelos outros episódios de "Histórias Impossíveis", atuando como protagonista e vivendo uma personagem que tem tudo a ver com ela.
Após muitas dúvidas ao longo da trama, perto do final o intuito do enredo é revelado e o plot provoca um impacto gigantesco em quem assiste. Vários personagens negros e indígenas estereotipados ganham vida e resolvem dar um basta diante de tantos anos protagonizando roteiros escritos por brancos que desrespeitam suas vivências e histórias. O diálogo da representação do traficante, da empregada doméstica, da sambista, do 'preto véio', da ama de leite, entre tantos outros tipos, provoca reflexão e indignação. Neusa Borges, Thalma de Freitas, Ju Colombo, MV Bill e Leandro Firmino são alguns dos que brilham. Já a cena final, da fazenda sendo incendiada pelos personagens com a ajuda de Janaína, arrepia, assim como o encerramento das gravações com a protagonista sendo aclamada por todos da produção. Tudo ao som de "Promessas do Sol", cantada por Milton Nascimento. Uma metalinguagem genial e também uma autocrítica pra Globo que por muitos anos reproduziu o que a série critica.
A antologia "Histórias Impossíveis", apresentadas nos especiais "Falas" deste ano, foi criada e escrita por Renata Martins, Grace Passô e Jaqueline Souza, escrita com Thais Fujinaga, Hela Santana, Graciela Guarani e Renata Tupinambá. A direção artística é de Luisa Lima e direção de Thereza Médicis, Everlane Moraes, Graciela Guarani e Fabio Rodrigo, com produção de Leilanie Silva. Alinhado à jornada ESG da Globo, o projeto tem direção executiva de produção de Simone Lamosa, e direção de gênero de José Luiz Villamarim. O melhor episódio foi o que justamente fechou o ciclo.
Spitfire
4.3 4Mesmo tendo desempenhado um papel secundário na Batalha da Grã-Bretanha em relação ao Hawker Hurricane, que suportou a maior carga da batalha, o SUPERMARINE SPITFIRE é provavelmente o mais famoso avião britânico, símbolo da resistência britânica, bem como o mais importante dos caças usados pelos Aliados no início da Segunda Guerra Mundial. Excetuando os modelos soviéticos, foi o avião Aliado produzido em maior número durante toda a guerra com um desenvolvimento mais amplo que o de qualquer outra aeronave na história da aviação.
O Spitfire foi uma aeronave muito versátil e serviu, através de muitas versões, do começo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Foi usado como caça, interceptador de grande altitude, caça de escolta de bombardeiros, reconhecimento fotográfico, interceptador de bombas voadoras V-1, etc. Ao todo, foram construídas 20.351 unidades, em mais de quarenta versões, sendo o foi o avião produzido em maior número pelos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Operou em terra e a partir de porta-aviões, lutou na neve e nos trópicos, nos desertos e a partir de ilhas distantes. Britânicos, soviéticos, americanos, franceses, pilotos das nações do Commonwealth e italianos(depois da queda do regime fascista) pilotaram essa aeronave. Após a Segunda Guerra o Spitfire continuou em operação com os britânicos até meados da década de 1950, mas foi operado por muitas outras nações e participou de conflitos na Ásia e no Oriente Médio, onde inclusive foi usado pelos árabes e pelos israelenses, tendo inclusive acontecido combates aéreos de Spitfires x Spitfires.
O Assassino
3.3 516‘O Assassino’ seduz como exercício formal, mas é raso e esquecível.
Novo filme do cineasta norte-americano David Fincher, 'O Assassino' é envolvente e visualmente bem narrado, porém não vai além disso.
Oator anglo-germânico Michael Fassbender (de Steve Jobs) personifica, em O Assassino, novo longa-metragem de David Fincher (de Zodíaco), um assassino incansável, meticuloso e profundamente profissional. Sua abordagem é cirúrgica, desprovida de improvisação, e até de humanidade, mantendo um controle rígido sobre seus batimentos cardíacos para permanecer sereno e focado. Tudo em seu universo está em perfeita ordem, até que a intervenção ocasional do acaso rompe essa meticulosidade. O filme está em cartaz na plataforma de streaming Netflix.
Em uma sequência que se passa em Paris, um contratempo interfere em sua preparação cuidadosa: um terceiro elemento inesperado, interpondo-se entre ele e seu alvo, acaba tomando o tiro destinado à vítima. A missão, portanto, é arruinada. Para alguém perfeccionista como ele, o erro é abissal em vários sentidos. O personagem, que tem muitas identidades e nomes, por mais organizado e metódico que seja, não está imune ao inesperado.
Mas não é apenas ele que se cobra pelo equívoco fatal. Alguém precisa pagar pelo erro, e a responsabilidade recai sobre ele. Quem o contratou tenta assassiná-lo, mas acaba quase por engano matando, na República Dominicana, a mulher que ele ama, vivida pela atriz brasileira Sophie Charlotte, que tem apenas duas cenas, e só uma com falas. Ainda assim, se sai bem.
A partir desse ponto, inicia-se uma perseguição implacável, uma luta pela sobrevivência – e por vingança. Ele precisa eliminar os responsáveis por sua contratação e aqueles que contrataram esses intermediários, para anular sua ameaça. São muitas pessoas em seu caminho. Sobreviver se torna uma situação de matar ou morrer.
O assassino meticuloso é impelido pela frieza e pelo planejamento, elementos essenciais para seu sucesso. Ele mata para continuar existindo e, portanto, não pode cessar até que todos os obstáculos sejam removidos. Porém, cada eliminação revela mais perigos em seu caminho, que se tornam crescentemente letais.
Quando o personagem se confronta com uma assassina conhecida como a Especialista, interpretada por uma espetacular Tilda Swinton, que tem as melhores falas do filme, o embate é intrigante, pois ela compartilha dos mesmos princípios. Eles conseguem dialogar em pé de igualdade, o que parece alterar a dinâmica da situação.
‘O Assassino’: superficialidade
David Fincher é um diretor muito habilidoso, de extremo rigor visual, o que compensa a fragilidade do roteiro, que, a despeito de uma certa originalidade formal, não se aprofunda em qualquer questão, moral, ética ou emocional. A série de graphic novels do francês Alexis Nolent, no qual O Assassino se baseia, é, para muitos, mais tridimensional e complexa do que sua adaptação.
O filme de Fincher funciona mais como um exercício formal do cineasta norte-americano, que parece também ter buscado inspiração em O Samurai (1967), de Jean-Pierre Melville, um dos clássicos da nouvelle vague. O personagem de Fassbender, muito bem em um papel difícil, se espelha um tanto no assassino solitário vivido por Alain Delon.
Fincher entrega um espetáculo intrigante e envolvente enquanto o assistimos, não há como negar, mas não reverbera, porque não vai muito além da própria ação, que se mostra um tanto vazia no fim das contas. Não há transcendência na jornada do protagonista.
Duna: Parte 2
4.3 688Motivos para ficar animado com Duna: Parte Dois.
A primeira parte lançou em um período pandêmico não favorável para o cinema, estreia simultânea com o HBO MAX e ainda assim arrecadou 400 milhões de bilheteria e 6 estatuetas do Oscar.
Enquanto a primeira parte é uma introdução, a segunda é muito mais emocionante, política e trará mais ação.
Cada um dos três planetas será esteticamente diferente. Além de que a equipe de figurinistas destacou o figuro da Bene Gesserit parecidos como de múmias egípcias.
A segunda parte terá cenas de luta no melhor estilo Gladiador.
O elenco de grandes estrelas como Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler, Javier Bardem, Rebecca Ferguson e Léa Seydoux.
O diretor é o Denis Villeneuve um dos melhores da atualidade, com uma filmografia recheada de filmes aclamados pela crítica e mestre da ficção científica, já dirigiu A Chegada e Blade Runner 2049.
A primeira parte é tecnicamente perfeita e um espetáculo visual, aqui não seria diferente, com trabalho incrível do Greig Fraser que ganhou o Oscar de fotografia em 2022 pela primeira parte.
Hans Zimmer está de volta na trilha sonora épica.
A parte dois foi filmada 100% em IMAX enquanto a primeira em 40%.
Duna é sobre ecologia, filosofia, política, religião e falsos profetas. Se você gosta de histórias de ficção científica reflexivas, Duna é para você, a segunda parte irá aprofundar ainda mais essas discussões do livro.
Duna de Frank Herbert é um dos livros de ficção científica mais influentes de todos os tempos, sem essa obra não existiria a franquia Star Wars, por exemplo.
Duna: Parte 2 foi filmado em alguns países, incluindo Budapeste, Abu Dhabi, Jordânia e Itália.
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O primeiro e o segundo filme de Duna adaptaram o primeiro livro de Frank Herbert, enquanto o terceiro filme ficaria responsável pelo livro dois, Messias de Duna. Mesmo ainda não anunciado oficialmente, Denis Villeneuve já revelou que o roteiro de Duna 3 "está quase pronto". Na trama, provavelmente veremos essa
desconstrução completa de Paul Atreides como uma figura heroica enquanto ele realmente parte para uma guerra santa dominando o planeta como um "salvador", tudo para alcançar seus objetivos.
Espere por um lado bem mais sombrio de Paul Atreides em Duna 3. Enquanto isso, Duna: Parte 2 está nos cinemas e Duna (2021) está disponível no Max e Prime Video.
É curioso como o franco-canadense Denis Villeneuve parece ter encontrado na ficção científica o terreno ideal para dar livre curso às suas preocupações formais, cujo eixo principal gira em torno dos enigmas da mente humana e da percepção do caos como uma presença ao nosso redor e dentro de nós mesmos, para o qual o gênero oferece uma oportunidade como poucas outras de ser mostrado a um público potencialmente mais amplo, sem estar em desacordo com os interesses de um Blockbuster de verão. Villeneuve também se mostrou um cineasta muito ambicioso. Depois da (bem sucedida) “ousadia” de fazer a continuação de um clássico moderno “intocável” como BLADE RUNNER, o diretor decidiu embarcar em uma nova tentativa de adaptação para o cinema DUNE, a volumosa fantasia político-ambiental escrita por Frank Herbert, em uma empresa com escopo muito semelhante aos projetos frustrados de Alexandro Jodorowski e David Lynch: uma trilogia de longa duração para os cinemas, acompanhada de uma minissérie/prequela para assistir no streaming, além de um bom número de tentativas de sequências em caso de função.
Há muito material literário para expandir esse universo peculiar. E de fato, a aposta está funcionando. Villeneuve aborda temas como a consciência ambiental, a traição, o capitalismo voraz das grandes corporações e a busca permanente por um propósito vital, num filme que, além de ter tido boa repercussão de bilheteria, mais uma vez confirmou o grande significado de espetáculo do diretor enquadrado em uma estética brutalista, substituindo a solenidade desenfreada da versão de Lynch por uma pintura mais natural e convincente dos personagens.
Mas também não é a adaptação perfeita. Se o defeito do DUNE dos anos oitenta foi ficar saturado de simbolismo e confundir buracos narrativos no desejo de condensar tudo em pouco mais de duas horas, o milenar DUNE, ao contrário, demora para narrar a anedota de forma clara, mas bastante superficial, desfrutando muito mais da beleza de suas atmosferas contemplativas ao invés de aproveitar aquele período generoso para se aprofundar um pouco mais na complexidade da história original. O resultado no final das contas não é nem remotamente uma daquelas obras-primas que vão mudar o nosso conceito de cinema como alguns exageradamente quiseram ver, mas não é uma tediosa perda de tempo porque outros o desqualificam, mas sim uma proposta sólida e interessante o suficiente para ser apreciada pelo menos uma vez, como não poderia deixar de ser: na tela grande.
Seus olhos vão agradecer muito; suas nádegas, quem sabe quanto. ★★★★
Pérola
3.5 28Adaptação cinematográfica da peça de Mauro Rasi, longa-metragem 'Pérola' tem direção de Murilo Benício e Drica Moraes no papel principal.
Os cinemas brasileiros acabaram de estrear a adaptação cinematográfica de Pérola, peça escrita pelo dramaturgo Mauro Rasi (1949-2003) que fala sobre sua mãe, e que fez muito sucesso nos anos 1990 com a interpretação de Vera Holtz. Na nova versão da história, dirigida por Murilo Benício, Pérola é vivida pela atriz Drica Moraes. Escotilha compartilha a seguir duas críticas, feitas pelos jornalistas Maura Martins e Paulo Camargo, que trazem visões diferentes sobre o filme.
Maura Martins: ‘Pérola’ é um enternecedor retrato de uma família interiorana
Em 1995, o dramaturgo Mauro Rasi marcou o teatro brasileiro ao estrear Pérola, peça cômica e dramática em que falava de sua mãe, interpretada de maneira magistral por Vera Holtz. Foi um sucesso absoluto. Agora, 28 anos depois, a história escrita por Rasi (falecido em 2003) está de volta ao grande público no filme Pérola, com direção de Murilo Benício.
É uma oportunidade e tanto para apresentar às novas gerações o trabalho desse escritor cuja obra foi marcada pelo retrato do cotidiano das famílias interioranas paulistas, com um olhar sempre terno e saudoso, ainda que engraçado. Nascido em Bauru, Mauro Rasi retratou em Pérola uma figura peculiar: uma mulher leve, divertida e algo conservadora cujo sonho da vida é ter um “palácio com piscina”. Alguém com a capacidade de entoar com a maior alegria as mais tristes das canções.
Por sorte, o filme de Murilo Benício faz jus à força dessa trama que rodou o país. Ao invés de Vera Holtz, Pérola agora é vivida por Drica Moraes – que, segundo contou em entrevista, pediu licença à colega para viver o papel. E o que se vê em cena é uma nova Pérola tão reluzente quanto a versão original de Vera. Seu sotaque interiorano puxado, seus trejeitos e jeito de falar, bem como os aspectos carismáticos de sua personalidade, conseguem transportar sua Pérola direto ao coração dos espectadores.
Embora explorado sob um contexto familiar mais amplo (que fala, por exemplo, dos conflitos entre a mãe e o filho gay, que ela se recusa a reconhecer como tal), Pérola é sobretudo uma grande celebração à personalidade festiva e peculiar da mãe de Mauro Rasi. Ela vive bem com o marido, Vado (Rodolfo Vaz, também excelente), e ambos se divertem bastante tomando caipirinhas no quintal com as irmãs de Pérola, enquanto a mãe delas teima em não morrer e vender suas casinhas (todas as cenas em que se remete à figura da progenitora são hilárias).
Felizes no seu mundinho, há uma certa dificuldade geracional em reconhecer a estranheza dos filhos. Elisa (Valentina Bandeira) está apaixonada pelo carola Danilo (papel do comediante Jefferson Schroeder), gerando certo descontentamento na mãe. Mas o conflito maior ocorre com o filho Mauro (Leonardo Fernandes), que se sente limitado pelo pouco que Bauru lhe oferece.
Seu escape se dá no cinema e sobretudo na poesia. Pérola é delicado ao explorar a complexidade dos sentimentos familiares, esclarecendo o quanto a afetividade efusiva de Pérola com o filho convive com suas emoções conflitantes. Ela é orgulhosíssima do filho, ao mesmo tempo que sempre o lembra que poesia não dá dinheiro. Quando Mauro muda para o Rio de Janeiro, Pérola e Vado visitam ele e seu namorado, são extremamente simpáticos, mas jamais legitimam a natureza do seu relacionamento.
O filme de Murilo Benício configura como uma obra que se equilibra perfeitamente entre a comédia e a emoção. É capaz de nos entregar uma narrativa sólida e comovente em que, além da performance espetacular dos atores (as irmãs de Pérola também estão impagáveis), nos envolve por meio de uma cenografia kitsch construída de forma competente, e que é capaz de nos transportar aos anos 60 e 70 em que a história é situada.
Murilo Benício – que foi grande amigo de Mauro Rasi – declarou em entrevista que o dramaturgo tinha o sonho de transformar sua peça em filme. Pode-se intuir que certamente Rasi se sentiria bastante comovido com o resultado desse trabalho, que faz jus ao seu texto marcante que até hoje faz falta no teatro e na televisão.
Paulo Camargo: ‘Pérola’ se perde entre o melodrama e a comédia
Um dos melhores atores em atividade no Brasil, Murilo Benício fez sua estreia como cineasta em 2018, com uma inventiva adaptação da peça O Beijo no Asfalto, clássico de Nelson Rodrigues. O filme é uma criativa leitura metalinguística que explora os limites entre a linguagem teatral e a do cinema, os borrando para discutir o caráter de espetáculo da realidade.
Em seu segundo longa-metragem, a comédia dramática Pérola, Benício volta a se aproximar do teatro, adaptando para a tela o texto homônimo do dramaturgo paulista Mauro Rasi, gigantesco sucesso nos anos 1990, com Vera Holz, inesquecível, como a personagem-título, inspirada na mãe do autor, que morreu em 2003. Quem vive o papel da protagonista na tela grande é Drica Moraes.
Em sua leitura de Pérola, Benício parece buscar inspiração no cinema do espanhol Pedro Almodóvar, ao tentar mesclar as cores do melodrama com as da comédia. A homenagem ao diretor de Tudo Sobre Minha Mãe e Fale com Ela também se faz presente na direção de arte, que recorre a cores fortes, pulsantes, na construção do set da casa da família, que flerta propositalmente com o kitsch.
Assim como a peça autobiográfica de Rasi, o filme explora a complexa relação entre mãe e filho, jovem aspirante a escritor, gay e preso às amarras de uma criação interiorana cercada de afeto, mas também de segredos familiares, e meias verdades. Pérola, por sua vez, é retratada como uma figura maior do que a vida, exagerada, amante de caipirinhas e que tem um grande sonho: construir uma piscina, símbolo de afluência e ascensão social, no quintal da casa, ainda que a obra se arraste por anos.
O desempenho de Drica Moraes, uma atriz muito talentosa, tem, em comum com o de Vera Holz na versão teatral, o trânsito entre o drama e a comédia. Algo, no entanto, incomoda na atuação de Drica, que se entrega de corpo e alma ao papel. Enquanto a composição de Vera no palco era orgânica, autêntica, do sotaque ao gestual, a Pérola do filme é calculada milimetricamente, resultando algo próximo da caricatura. Ainda assim, é uma atuação de fôlego, marcante.
Benício tenta extrair o melhor de seu elenco, bastante afinado, mas, talvez, por não conhecer tão de perto a realidade interiorana que retrata, o filme, em alguns momentos traz um olhar exótico, ainda que afetuoso, sobre a atmosfera paulista dos anos 1960 e 1970. Incomoda, também, a forma como o roteiro, assinado por Jô Abdu e Adriana Falcão, e a direção de Murilo Benício lidam com a homossexualidade reprimida de Mauro, alter ego de Rasi, vivido por Leonardo Fernandes, bastante correto.
Embora Pérola sugira que o personagem, ainda na infância, tinha inclinações gays, ao fazer um belo laço em torno do pescoço de um bicho de pelúcia da irmã, Elisa, o tema de sua orientação sexual, ao longo da narrativa, é abordado com o freio de mão puxado. Talvez porque, a despeito de ser respeitoso, carregue um olhar heteronormativo, inseguro, em relação ao assunto. Soa falso, pouco à vontade e pisando em ovos, ao contrário da peça.
Benício demonstra habilidade na condução dos atores, isso é inegável, e ousa ao não se render à tentação de simplesmente “filmar a peça”. Tem um olhar inquieto, que perscruta e busca explorar esse território entre o teatro e cinema. Mas, pesar de ter seus bons momentos, o filme não se resolve em sua dupla busca pelo melodrama e pela comédia. Perde-se entre um e outro.
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Nossa, que filme bonito e triste é Pérola... O apreço por uma casa antiga, as perdas pelo caminho, as relações familiares, as memórias, tudo ali é de fácil identificação. Que personagens bem escritos. Que elenco bom. E que atriz é Drica Moraes. Lindo trabalho do Murilo Benício.
Reacher (2ª Temporada)
3.9 73 Assista AgoraA 2ª temporada de Reacher é baseada no 11º livro da série "Bad Luck and Trouble".
Para boas adaptações ao crime, você definitivamente deveria procurar o Prime Video. “Bosch”, que é baseado em uma série baseada em Michael Connelly, já conquistou a crítica, e “Reacher”, aqui baseado em Lee Child, também causou sensação com a 1ª temporada no início de 2022. Não conheço nenhuma das séries, mas gostei muito de descobrir as duas séries. O que ambas as séries têm em comum é que se concentram em volumes individuais do original, muitas vezes um pouco confusos, mas as ideias centrais são adaptadas ao ponto, para que tudo fique realmente esclarecido em oito ou dez episódios. Embora a tendência geral seja para temporadas mais curtas, ainda há exemplos em que a história é desnecessariamente espremida para extrair algo que o enredo não oferece. Com “Reacher” e a 2ª temporada, a questão era: o segundo turno também pode ter sucesso se você trocar a receita do sucesso (o elenco) uma vez?
As séries de longa duração enfrentam sempre o desafio de ter que se reinventar até certo ponto, mas também de não trair as próprias raízes. Agora “Reacher” ainda não é uma série duradoura, afinal a segunda temporada só começou em meados de dezembro de 2023, mas a segunda temporada ainda é um desafio à sua maneira. Porque se o início correu bem, confirme primeiro. Contar com muitas caras novas e uma atmosfera completamente diferente (da cidade pequena à cidade grande) é corajoso. Mas é claro que você também deve dizer que é definitivamente uma história lógica com o personagem-título Jack Reacher (Alan Ritchson). Ele é o lobo solitário que não tem residência permanente, nem mala na bagagem e, por outro lado, prefere nada além da solidão. Nesse sentido, era lógico que mesmo o seu pequeno caso com Roscoe (Willa Fitzgerald) não o mantivesse em Margrave. Mesmo assim, faltou um pouco, tenho que admitir isso com toda a honestidade. Gostei de Roscoe, gostei de Finlay (Malcolm Goodwin) e das diferentes dinâmicas que eles construíram em um cara como Reacher. Então, perder tudo isso, exceto a célebre participação de Finlay, sim, foi muito triste. MAS: A 110ª, a unidade militar que vem do passado de Reacher, com cujos membros ele formou conexões muito mais profundas, é um substituto digno.
Conhecemos Neagley (Maria Sten) brevemente na 1ª temporada e fiquei feliz com ela desde o início, quando ela foi confirmada para a segunda temporada. Ela é uma espécie de Reacher feminina, mas também muito diferente, mas é uma amizade platônica que fica logo na sua mente. Temos então as novas adições centrais Dixon (Serinda Swan) e O’Donnell (Shaun Sipos). Embora eu tenha ficado menos impressionado com Dixon porque seu caso com Reacher era muito dominante para mim e, portanto, suas habilidades estavam menos em primeiro plano, O'Donnell foi extremamente importante para o humor. Ele não é o único responsável por isso, porque Reacher é o que mais ri com seu estilo de qualquer maneira, mas ele complementa isso com um estilo mais óbvio. Nos flashbacks também vemos os membros restantes, que não são tão importantes como personalidades independentes, mas este é Toda a coesão foi muito importante para explicar muito sobre quem foi Reacher e quem ele pode ser. Mesmo não sendo o mais acessível como chefe da Polícia Militar, ele tinha um talento especial para criar unidade entre personagens muito diferentes, que eles retribuíam com pura lealdade. Reacher também construiu uma confiança profunda. Mesmo que ele mantivesse estritamente certos limites e ficasse mais feliz pelos outros quando eles faziam conexões entre si, ele teria entrado na brecha por todos eles sem hesitação. Ele desenvolveu um relacionamento muito íntimo com Neagley e achei maravilhoso como isso foi mostrado repetidas vezes no presente. Eles estão sempre na mesma sintonia, mas rapidamente foi encontrado um ritmo com os outros, o que tornou as cenas de ação tão adequadas. Os quatro eram uma máquina bem lubrificada que não precisava coordenar muito porque cada um sabia o que o outro estava fazendo de qualquer maneira.
Então os flashbacks definitivamente tiveram uma função importante, mas um pouco de potencial foi desperdiçado. Antes de mais nada, é claro, eles estavam ali para mostrar o que aconteceu no 110º, mas também sempre foram usados nos oito episódios para sublinhar um pequeno aspecto que era importante para a trama atual. Infelizmente, isso às vezes fazia com que parecesse muito intencional. Um exemplo adequado é Swan (Shannon Kook), que em um flashback é suspeito de deixar cair intencionalmente um pacote de drogas confiscado atrás do assento. Isso pretende ser um paralelo de como no presente o grupo está dividido sobre se Swan poderia ou não apunhalá-los pelas costas. No entanto, já não desempenhava qualquer papel e era puramente estratégico para semear dúvidas. Mas também houve um traço comum no passado com o contrabando de drogas na base militar. Mas o caso foi completamente desinteressante, exceto no momento em que recolheram as pessoas. Talvez tivesse sido melhor construir um caso que pudesse ter uma conexão com Langston (Robert Patrick) ou AM (Ferdinand Kingsley), os antagonistas da temporada.
Agora o passado só é retomado em cenas curtas, a maioria continua sendo o presente e isso é bom, porque é o melhor. No começo fiquei surpreso com a agressividade com que Langston e AM foram apresentados como antagonistas e como muito do mistério foi eliminado, mas no final ainda havia segredos e reviravoltas suficientes ao longo dos oito episódios que me fizeram querer sintonizar. Langston venceu facilmente AM como antagonista. Por um lado, a AM agiu em grande parte por conta própria e, por outro lado, o que foi construído para ela acabou por não se sustentar. Pela estrutura, eu teria presumido que AM seria, em última análise, o oponente mais inteligente de Reacher e dos outros, mas não foi o caso. Langston também funcionou bem porque Patrick tinha o carisma certo, mas é claro que ele era o adversário mais simples, sempre mandando os assassinos e dificilmente sujando as mãos. Mas ele manteve os quatro ocupados e houve um confronto digno entre ele e os outros, então no geral ele foi muito melhor e mais importante para a série.
O presente continua a viver da continuação de quão brilhantemente Reacher é desenhado como personagem. Apenas sua primeira cena na 2ª temporada, onde encerra uma chantagem predatória, mas também suas compras de roupas selvagens, a piada com a escova de dente. Existem tantos elementos que simplesmente funcionam. Ritchson muitas vezes faz seu personagem parecer uma máquina (para ser honesto, ele parece uma), mas isso torna o contraste com o coração mole que definitivamente está lá ainda mais brilhante. Reacher também não é um palhaço, mas suas palavras são corretas. Ele também teve um colega interessante em Guy Russo (Domenick Lobardozzi), cujo início não poderia ter sido pior. Mas algo ainda cresceu e fiquei impressionado com a rapidez com que esse papel foi construído, de modo que se tornou importante para você e depois lhe proporcionou um momento tão emocionante, quase do nada, mas é por isso que foi tão comovente. Mas não podemos deixar de fora da equação Neagley, que também torna o momento tão especial. No geral, a imagem é de uma série imperfeita, mas ainda assim muito divertida. Reacher por si só é suficiente para a série porque ele é realmente digno de um personagem-título, mas eu ainda expressaria o humilde desejo de vermos os membros do 110º novamente na já encomendada terceira temporada. Neagley provavelmente será definido (dedos cruzados!), mas os outros também são bem-vindos para passar por aqui novamente, especialmente porque ainda vejo um grande potencial nas habilidades de Dixon. Mas eu não me importaria nem um pouco com o cenário, porque são os valores internos de “Reacher” que são cruciais.
Conclusão
“Reacher” oferece uma boa segunda temporada que mais uma vez encontra um foco pessoal, desta vez focando no antigo passado militar e nos camaradas leais do personagem-título. Embora existam fragilidades nos flashbacks e ao nível dos antagonistas, a ação, o humor e as relações simplesmente brilhantes entre os personagens e Alan Ritchson, que simplesmente nasceu para este papel, estão lá. Não estou preocupado com a qualidade da terceira temporada.
PS: Recomendado para fãs de filmes de ação e romances de Lee Child, com uma ressalva para aqueles que esperam uma narrativa bem tecida.
Morte sem Glória
4.0 11Um denso e moralista drama de guerra.
Lançado dois anos antes de Glória Feita de Sangue, Morte Sem Glória contrasta de maneira contrária o filme de Kubrick. Apesar dos títulos inversos em relação aos seus respectivos conteúdos (o primeiro por ironia, o segundo por contradição), o longa mais recente tomava um suposto ato de covardia como ponto de partida para uma reflexão acerca da guerra como fenômeno geral, enquanto o filme de Robert Aldrich parte de seu oposto: a covardia é centralizada e totalmente antagonizada. Basicamente, o diretor se alimenta do outro lado da moeda, pautando-se na honra e na bravura. O roteiro quer criar um senso de união e de autodeterminação, mantendo-se preso às questões relativas ao exército e aos conflitos; ao passo que a história de Glória Feita de Sangue extrapola isso, indo para o questionamento das instituições sociais. Um é mais individual e romântico, já o outro acaba sendo mais político e pessimista. No entanto, a produção de Aldrich não deixa de questionar as instituições, assim como a de Kubrick não ignora a subjetividade de seus personagens.
O prólogo de Morte Sem Glória apresenta, de uma vez, a situação-chave para o desencadeamento da trama: a covarde inércia do capitão interpretado por Eddie Albert numa batalha que levou à morte três soldados. A sequência se encerra com uma bonita montagem que se alterna entre o capacete de um desses mortos rolando e a face comovente de um soldado vivido por Jack Palance – que vai de um plano médio a um close por meio de um zoom-in. O personagem de Palance representa a bravura e, mais do que isso, o repúdio diante de Albert, encarnação da covardia. O sentimento do soldado não se apoia em um fútil moralismo egocêntrico, mas no apreço que possui por seus companheiros. Por isso, com ele nos identificamos a cada instante, vemos humanismo quando este exterioriza todo o seu vigor em ódio. Conexão essa, entre personagem e público, que acontece mais no seu papel como simples ser humano do que como membro do exército.
Quanto a Albert, ele começa na forma de um covarde a ser desprezado, torna-se um coitado digno de empatia e termina como um canalha passivo de ainda mais aversão. É o personagem mais bidimensional da obra, o que percebemos principalmente quando nos deparamos com a impactante cena (uma das melhores) em que ele externaliza, de modo caloroso, seus demônios interiores ligados à sua conduta, chicoteando a si mesmo ao relembrar da repressão e agressões de seu rigoroso pai, que o rejeitava e queria “fazer dele um homem”. Nessa cena, Albert atinge o clímax de sua atuação, sendo histriônico e despertando a sensibilidade do espectador para ele. Mas esse outro lado não é a sua principal versão alternativa, e sim o sociopata que ele vira (ou revela ser) em seguida, levando a um outro clímax: a cena de suspense em que os soldados no porão o ameaçam e ele reverte a situação.
Sua presença no front não retrata apenas ele próprio, mas também a instituição do exército, denunciando o nepotismo daquele meio, pois Albert só está em tal cargo graças aos caprichos de um familiar de patente superior. Como dito, o filme consegue adentrar na crítica social, assim como Glória Feita de Sangue, porém tudo gira realmente em torno é de uma rede de valores e de individualidades que é cristalizada em alguns momentos sublimes. Há uma passagem para lá de impressionista quando um soldado vê outro à beira da morte em conflito. As nuvens no céu, a fotografia um pouco límpida e o tom solene em meio à situação agonizante dão uma completa poesia à cena em forma e conteúdo. Algo parecido, no entanto, de modo muito mais seco, é quando Palance vê outro soldado morto. “Eu não sabia que um homem podia sangrar tanto“, diz ele numa passagem cujo lirismo se dá, agora, de maneira verbalizada e mais brutal. Esses dois momentos expressam os afetos que existem naquele companheirismo tão viril, o qual é manifestado, mais uma vez, quando todos assumem a culpa do homicídio de Albert na cena em que atiram em seu corpo já morto – um outro ponto alto do filme.
Esteticamente, chamam sempre atenção os planos nos quais há destaque para um objeto em primeiro estado enquanto corre a ação mais ao fundo. É uma ligação em que uma coisa é ponto de partida e de visão para outra. Há esse objeto em um espaço inicial perto da câmera e mais um objeto em um espaço secundário. O primeiro abre a perspectiva para o segundo, que, no fundo, é o que realmente importa para a história, mas não para o filme em si. Isso porque temos aqui uma obra que coloca a direção em completo destaque a todo momento, com um trabalho de decupagem absolutamente deslumbrante e minucioso, sendo esse tipo de plano seu carro-chefe.
É como se muitas vezes tivéssemos nesses quadros um certo “observador” que vigia os personagens em ação. Um alguém no canto, além da história, que marca território pelo fato da câmera posicionar alguma coisa em destaque ao mesmo tempo que a narrativa corre à frente. Este primeiro objeto pode abarcar todo/quase todo o quadro, sendo algo que cede espaço para partes do outro lado ou qualquer outra coisa física que perpassa apenas um canto da tela. Quando não existe esse observador oculto, são os próprios personagens que exercem esse papel de observar; desta vez não capturando outros personagens, mas o mundo afora. O caso mais frequente disso são os planos dos soldados dentro de alguns escombros, os quais vigiam o que acontece no lado exterior por meio do buraco de uma parede parcialmente desmoronada.
A decupagem também executa um belo trabalho com seus planos zenitais e plongées distantes nos mais diversos ângulos, capturando o cenário com amplitude e reforçando a presença de um observador. São planos de cenários internos com foco geral e a câmera em posição superior que coexistem com outros belos planos, agora em locações externas com foco específico em posição inferior. Na primeira parte, vemos corpos inteiros de personagens em diálogo; na segunda, suas pernas geralmente com eles em ação. Seguindo essa mesma lógica de focalizar pedaços específicos, a decupagem reafirma a dramaticidade da narrativa em seu uso de zoom-in, closes e planos detalhes; e, como contraponto, também oferece destaque aos planos conjuntos, criando um contraste por intermédio dessa multiplicidade e totalidade.
Snowden: Herói ou Traidor
3.8 411 Assista Agora'Snowden', de Oliver Stone e a subversão como tema central.
Dois longas-metragens atualmente em exibição nos cinemas brasileiros são obras baseadas em fatos reais que trazem como protagonistas figuras subversivas que, em diferentes épocas, desafiaram o estado de coisas nos Estados Unidos: Snowden, do controverso cineasta Oliver Stone (duas vezes vencedor do Oscar de melhor direção, por Platoon e Nascido em 4 de Julho), e Um Estado de Liberdade (de Gary Ross, de Seabiscuit – Alma de Herói).
Em cartaz desde a semana passada, Snowden reconstitui com esmero a trajetória de Edward Snowden (Joseph Gordon-Levitt, de 500 Dias com Ela), funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional), órgão ligado à CIA, que revelou ao mundo, por meio de uma série de reportagens publicadas pelo jornal britânico The Guardian, que o governo norte-americano, tanto na administração do presidente George W. Bush quanto na de Barack Obama, espionou ligações telefônicas, e-mails e atividades nas redes sociais de milhões de cidadãos norte-americanos, sem falar de funcionários e líderes governamentais ao redor do mundo, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff, do Brasil.
Stone, um diretor fortemente engajado em causas progressistas nos EUA, assumidamente de esquerda, transforma Snowden em um ícone da resistência democrática diante dos desmandos cometidos pelo governo de seu país em nome de uma suposta guerra contra o terrorismo.
O filme, um thriller político bastante envolvente, retrata Snowden como um jovem de perfil conservador que ingressa na CIA movido por sua paixão pelo mundo dos computadores (era um autodidata, sem formação universitária) e por um nacionalismo, que aos poucos se esfacela, à medida que percebe o uso arbitrário, senão perverso, do seu trabalho, e resolve tornar públicos esses abusos.
Atualmente refugiado na Rússia, Snowden, interpretado com detalhismo cirúrgico por Gordon-Levitt, que emula desde sua linguagem corporal até seu tom de voz, é apresentado pelo filme de Stone como um herói injustiçado, numa clara crítica do diretor aos rumos que seu país tomou desde os ataques de 11 de Setembro de 2001, retratados por ele no filme As Torres Gêmeas.
# Já dizia o excelente filme "Inimigo do Estado", a única forma de privacidade que vc realmente tem, são os pensamentos da sua cabeça. E essa afirmação está certíssima.
Pois sempre que vc usa o telefone, ou interage em uma rede social, vc acaba se expondo. E o que fala fica registrado, sempre terá o risco de alguém descobrir. Um hacker ele consegue facilmente entrar em contas e perfis de usuários. Por isso afirmo, não quer que ninguém saiba de certas coisas secretas de sua vida? De seus raciocínios e pensamentos? É fácil, é só não divulga-la a ninguém em redes sociais, mesmo em mensagens privadas. Mesmo gostando muito de biografias, não deu p/ gostar desse filme, que sim, tem um viés bem mais a esquerda, (mesmo pessoas de esquerda admitem isso) sendo tendencioso ao extremo. Para entender melhor do caso, aconselho a todos o documentário Citizenfour, que é bem mais coerente com o que de fato aconteceu.
# Uma invenção desse filme, foi o aumento que deram a importância da mulher do Snowden na historia.
Quem assistiu o documentário Citizenfour com o Glenn Greewald, vê a real das coisas que aconteceram. Sabe que a participação dela é totalmente pífio em todo o caso. Em resumo, ela e nada da no mesmo. Mas claro, eu sei pois a historia foi mudada para alavanca-la. Feminismo! Como sempre, (atualmente mais que nunca) interferindo na historia das coisas, mesmo que com mentiras, afinal, o que importa é que tenha o "Girl Power". A verdade não interessa.
Demolição
3.8 448 Assista AgoraFilme perfeito ! Jake Gyllenhaal conseguiu depositar o vazio e ao mesmo tempo a frieza dentro de um personagem em uma situação conflitante. O filme se destaca pela abordagem do protagonista e suas camadas, suas curiosidades são atiçadas pela destruição em busca de um significado para reconstruir o seu ser, por não saber o que era, quando era casado. Uma obra-prima com reflexões que fazem pessoas que confrontam o seu próprio vazio se identificarem com o filme, justamente por sua complexidade. Adoro esses filmes de estudo de personagens, tipo Her (2013), Táxi driver (1976) etc.
Além da Linha Vermelha
3.9 383 Assista Agora"Amor, de onde vem? Quem atiça sua chama? Nenhuma guerra pode apagá-la ou roubá-la. Eu era um prisioneiro e você me libertou." (John Gaff)
Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de homens de uma companhia do exército americano luta contra o exército japonês para conquistar uma colina estratégica. Baseado no romance de James Jones, se passa durante a Batalha de Guadalcanal.
O filme é conhecido por sua abordagem poética e filosófica da guerra e da humanidade.
A história gira em torno de um grupo de soldados que enfrentam as adversidades da guerra e refletem sobre o seu propósito e a natureza da humanidade em meio à violência e à destruição. O tenente John Gaff, interpretado por Jim Caviezel, surge como um personagem central que questiona as razões da guerra e busca um significado mais profundo em meio ao conflito.
Amplamente elogiado pelo seu estilo visual e narrativo distinto, conhecido pela sua beleza cinematográfica, com imagens deslumbrantes da natureza e uma banda sonora evocativa. Focado nos pensamentos e reflexões dos personagens, o que o diferencia de outros filmes de guerra.
Uma joia do gênero.
Meu Nome é Gal
3.1 124 Assista Agora‘Meu Nome É Gal’ acerta ao desviar da cinebiografia tradicional.
Dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, 'Meu Nome É Gal' foca nos primeiros anos de carreira de Gal Costa, entre 1966 e 1971, e evita tom de endeusamento necrófilo.
Olonga-metragem Meu Nome É Gal, em cartaz nos cinemas, tem um grande e inegável mérito: não cair na armadilha de tentar dar conta de uma personagem tão complexa e reticente, como Gal Gosta, em um filme apenas. Não é uma cinebiografia tradicional, “do berço ao túmulo”. A decisão de focar em um período específico da carreira da cantora baiana, compreendido entre 1966, quando ela chegou ao Rio de Janeiro da Bahia, e 1971, durante o espetáculo “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor,” é muito certeira.
Como o longa-metragem das cineastas Dandara Ferreira e Lô Politi foi realizado, em grande parte, quando Gal ainda estava viva, a narrativa não ganha um tom de endeusamento necrófilo, idealizador – talvez isso ocorra apenas nos créditos finais, em que é feita uma espécie de homenagem póstuma, com imagens de toda a sua carreira.
Meu Nome É Gal retrata a artista quando jovem, em formação, durante os anos loucos e exuberantes do tropicalismo, mas também plúmbeos da ditadura. Esses anos são cruciais não apenas para a evolução de Gal como artista. São determinantes para o Brasil, que vivia sob a sombra de um regime militar desde 1964. Nesse contexto de repressão política, as artes no Brasil floresciam de forma paradoxal, gerando música, teatro, literatura e cinema de maneira intensa e inovadora.
O filme acerta também ao retratar esse ambiente, uma vez que é fundamental para compreender a jornada de Gal Costa. Seus amigos e mentores próximos, Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram presos e exilados devido à perseguição do regime. Esse curto período da vida de Gal, portanto, não apenas representa sua afirmação como artista, mas, sobretudo, seu rápido amadurecimento forçado em meio à turbulência política no Brasil.
Meu Nome É Gal destaca as diferentes abordagens de resistência à ditadura, seja a esquerda mais tradicional, nacionalista e confrontadora, ou o movimento da contracultura, representado pelo Tropicalismo, ao qual Gal se uniu, com sua abordagem mais internacionalista e focada nos costumes.
E a escolha por esse recorte, ainda que pudesse ser aprofundado, mais bem explicado do ponto de vista histórico, funciona, especialmente junto ao público mais jovem, para o qual essa Gal pré-estrelato, tropicalista, é mais tangível, inspiradora, rebelde. Torna o filme acessível e um possível sucesso de público em um momento em que a produção nacional tem atraído poucos espectadores aos cinemas.
‘Meu Nome é Gal’: Sophie Charlotte
Sophie Charlotte oferece no filme uma interpretação intensa de Gal Costa, matizada e introspectiva – vale dizer aqui que seu sotaque baiano por vezes soa um pouco artificial, o que é amplamente compensada pelo seu magnetismo em cena. A escolha de atores pouco conhecidos, e não necessariamente parecidos fisicamente com Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil funciona, embora apenas Caetano, vivido por Rodrigo Lélis, e sua mulher, Dedé Gadelha (Camila Márdila) tenham mais tridimensionalidade dramática.
Luis Lobianco, como o empresário dos tropicalistas Guilherme Araújo, brilha, trazendo ao filme não apenas alívio cômico – ele é muito engraçado. Também representa, estrategicamente, o olhar da indústria da música naquele momento tão chave na cultura brasileira.
A parte musical do filme, por sinal, é eficaz ao utilizar o repertório e a voz de Gal Costa para recriar os sucessos da época, caracterizada pela diversidade e inovação na Música Popular Brasileira. Ouve-se a voz de Sophie Charlotte, afinada e bonita, em alguns momentos, também, mas não em interpretações históricas, consagradas. É muito impactante a sequência na qual Gal defende “Divino Maravilhoso”, composição de Caetano e Gil, no 4º Festival de MPB da Record, em 1968. Nesse momento, a cantora assumia o papel de porta-voz do tropicalismo, em nome dos autores da canção, alvos da polícia política. Após a apresentação, Gal caiu em profunda depressão. Esse período foi de grande criatividade, misturando elementos nativos e estrangeiros, bom gosto e mau gosto, alto e baixo, refletindo o contexto político e cultural do país.
O filme, é preciso dizer aqui, apresenta falhas de anacronismo em trechos do enredo e diálogos que, por vezes, soam artificiais, fora do tom. Isso contrasta, de certa forma, com a postura provocativa e espontânea dos tropicalistas, que frequentemente desafiavam a linguagem como forma de protesto. Apesar dos esforços em contextualizar a narrativa, e eles estão lá, o filme não consegue transmitir o clima efervescente daquela época, mas, ainda assim, ele ressoa, emociona.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 617 Assista Agora‘Assassinos da Lua das Flores’ é obra-prima sobre crime organizado, ganância capitalista e racismo.
Em seu novo filme, 'Assassinos da Lua das Flores', Martin Scorsese segue fiel a temas recorrentes em toda a sua filmografia. Baseia-se em fatos reais, ocorridos no início do século passado em uma comunidade indígena.
Não se enganem, Martin Scorsese continua o mesmo! Ainda bem. Por mais que Assassinos da Lua das Flores, seu mais recente longa-metragem, se desenvolva em torno da nação indígena dos Osage, o cineasta nova-iorquino segue fiel a temas recorrentes em sua obra: crime organizado como consequência direta do capitalismo nos Estados Unidos, corrupção endêmica, culpa (ou a ausência dela) e família como um dos berços de todos esses males.
Logo no início do filme, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, os dois atores mais recorrentes e icônicos na filmografia de Scorsese, protagonizam um momento-chave na trama. De Niro, vestido com o imaculado traje branco de William Hale, rico negociante de gado, recebe o sobrinho, Ernest Buckhart, vivido por DiCaprio, um sujeito ambíguo, que oscila entre ser um idiota útil e um vigarista em busca de uma grande oportunidade.
Hale assume o papel de mentor nessa jornada do herói às avessas, perversa. Dá a Buckhart as lições fundamentais da exploração – seja ela da terra, da humanidade, ou, em última análise, do capitalismo selvagem. Esse modus operandi vale tanto para as terras de Oklahoma, no sudoeste dos Estados Unidos do início do século 20, quanto para as sagas mafiosas exploradas em outros filmes de Scorsese, como Bons Companheiros, Cassino e O Irlandês.
A cena em que Buckhart ouve atentamente seu tio descrevendo a arte de se aproveitar e lucrar com um sistema, infiltrando-o por dentro – ou seja, se aproximando dos índios Osage, enriquecidos no fim do século XIX, graças ao petróleo escondido sob a árida superfície de uma reserva – evoca outra, também protagonizada por DiCaprio em outro longa de Scorsese.
Em O Lobo de Wall Street, o personagem de Matthew McConaughey ensina ao protagonista, vivido por DiCaprio, como explorar o mundo e desfrutá-lo cada vez mais intensamente, assim como um leão rugindo, alimentando sua libido voraz, sem hesitar em “se masturbar quatro ou cinco vezes por dia”. O sexo, aqui, é usado como metáfora de poder e privilégio.
Em Assassinato da Lua das Flores, baseado no livro homônimo de David Grann, Hale também aborda a questão sexual: encoraja o sobrinho a se envolver com mulheres Osage e a casar com uma delas para recuperar mais facilmente seus direitos de homem branco sobre o tesouro natural do petróleo – mesmo que isso represente eliminar integrantes da comunidade indígena que possam atrapalhar seus planos. Afinal, Hale já vem fazendo isso há algum tempo. De Niro, é preciso dizer, está assustador como esse tio sacana.
“Oh, sim, eu gosto de mulheres! Brancas, vermelhas, azuis, gordas…”, confidencia o aprendiz ao feiticeiro, com um olhar maroto. Esse momento de confidência, esse jogo de cena e sedução entre homens que admitem até que ponto sua ganância libidinosa ocorre à custa das mulheres e da família. Esse bate-bola perverso põe em movimento o extraordinário Assassinos da Lua das Flores, uma obra-prima scorsesiana de primeira linha, ao longo de 3 horas e meia, dedicadas quase inteiramente a essa cumplicidade entre Hale, chamado de Rei na região, e seu súdito, aspirante a herdeiro.
‘Assassinos da Lua das Flores’: western e gângsteres
Buckhart, em um dos melhores desempenhos da carreira de DiCaprio, é um canalha em ascensão que talvez ame Mollie (a excelente Lily Gladstone, que domina suas cenas com seu silêncio e seu olhar de abismo), herdeira de uma fortuna. Mas essa ambiguidade não o impede de destruí-la, de sabotá-la. Não desprovido de culpa, ele queima tudo em seu caminho, inclusive os filhos, enquanto executa, mesmo assim, a missão recebida do tio.
Assassinato da Lua das Flores é, ao mesmo tempo, um western em sua superfície e um filme de gângster em suas entranhas. A violência latente em todo o filme surge apenas em lampejos fugazes, nunca em tiroteios épicos, como nos faroestes. Em certo sentido, de forma estratégica, os assassinatos se tornam eventos esperados, mantendo o público envolvido durante os longos períodos de drama até a próxima execução chocante – a fantástica edição de Thelma Schoonmaker é fundamental nessa envolvente costura narrativa de tensões e distensões.
A violência chega ao ápice em uma noite tumultuada pelo fogo, enquanto Ernest se dopa e tenta matar Mollie aos poucos. É quando os cowboys (homens brancos, cruéis, colonialistas) brutalmente recuperam seus direitos sobre o petróleo. Scorsese os reduz a silhuetas distantes, quase abstratas, ocupados em pilhar o solo – como se estivesse pintando uma cena rupestre. Seriam demônios?
Enquanto a maioria dos Osage é reduzida a papéis secundários, o grande cineasta apresenta o caso, uma história real, que tangencia a questão racial, predominantemente sob a perspectiva dos criminosos, similar ao que fez em Cassino, explorando as raízes de Las Vegas como um paraíso para gângsteres. Desencadearão um dos primeiros casos investigados pelo recém-criado FBI. Scorsese, afinal, sempre teve uma fascinação por corrupção, violência e negócios obscuros, e aqui não é diferente. Assassinos da Lua das Flores é, nesse sentido, exemplar, ao eviscerar uma história de ganância, racismo e crueldade. Mas é, também, bem mais do que isso.
A Vingança de Emmanuelle
3.1 10Eu já conhecia esse filme há algum tempo, mas não sabia que fazia parte de uma série de sete filmes para TV até recentemente. Não é ruim e estou intrigado para conferir o resto.
Apresenta uma Emmanuelle sobrenatural, interpretada por Sylvia Kristel, sua versão mais jovem, interpretada por Marcela Walerstein, além de seu ex-amante Mario, interpretado por George Lazenby. Mario e Emmanuelle não parecem mais ter essa dinâmica erótica de mentor/protegido, como os personagens tinham no livro, mas são como velhos amigos relembrando episódios passados sobre si mesmos ou outras mulheres (cujas almas Emmanuelle havia entrado), enquanto em um longo viagem de avião. Embora tenham feito uma tentativa elegante, não fiquei muito satisfeito com a forma como Mario foi retratado no filme original Just Jaeckin Emmanuelle de 1974, e também não estou tão convencido com este Mario aqui. Para ser justo, é provavelmente impossível adaptar completamente um personagem literário como Mario ao cinema.
Nos livros de Emmanuelle, Mario é um filósofo excêntrico, antimonogâmico e hedonista, que combina esses elementos de maneira muito eloquente, produzindo esse tipo fascinante, embora nem sempre agradável, de filosofia erótica que também se aplica à vida e à existência. (Gosto de pensar na escritora Emmanuelle Arsan (Louis-Jacques Rollet-Andriane) como a contra-parte mais benevolente do totalmente malvado Marquês de Sade.) As passagens filosóficas de Mario foram a razão pela qual os livros de Emmanuelle ficaram comigo e principalmente por que eu li todos os outros livros disponíveis que foram traduzidos para o inglês do mesmo autor.
Aliens: O Resgate
4.0 811 Assista AgoraJames Cameron é fã de carteirinha de ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO (1979), de Ridley Scott, e precisou colocar em prova sua capacidade e talento – que não eram tão claros naquele período, – para ter seu nome escrito na cadeira de diretor desta tão esperada continuação.
Ainda estamos em 1980, passado apenas um ano do lançamento de Alien, o 8° passageiro, os produtores já começavam a viabilizar a idéia de uma sequência. O problema maior é encontrar um script realmente bom, que justificasse mais um filme.
Os produtores David Giler e Walter Hill chegaram ao pouco conhecido James Cameron através do projeto de O EXTERMINADOR DO FUTURO (que ainda não havia sido realizado) e resolveram marcar um encontro para trocar idéias.
Lá pelas tantas, depois de algumas doses de whisky, comentaram o desejo de realizar a continuação de ALIEN e Cameron se interessou subitamente. O tempo foi passando e, pós vários roteiros recusados, Cameron, que mal havia dirigido PIRANHA 2 e trabalhou apenas na parte técnica de algumas produções de ficção científica de baixo orçamento, conseguiu colocar na mesa dos executivos uma história que finalmente chamou-lhes a atenção. O roteiro ainda não estava pronto (e muita coisa foi mudada com outras pessoas metendo o bedelho), mas já era meio caminho andado; a base desse script eram idéias que o diretor estava desenvolvendo para um filme chamado MOTHER.
No entanto, era um risco colocar nas mãos de James Cameron a direção de um filme que exigia muito investimento, muita estrutura, muita coisa que aquele sujeitinho ainda não havia provado que sabia fazer.
Ninguém podia assegurar que ele era realmente capaz de administrar todo o aparato que seria colocado em suas mãos. A prova de fogo foi o filme que Cameron estava realizando, ainda em fase de pré-produção. Se conseguisse ser bem sucedido, teria o emprego na continuação de ALIEN. Bem, todos nós sabemos que O EXTERMINADOR DO FUTURO foi um grande sucesso, então já sabemos o final dessa história.
ALIENS recebeu este título (e não ALIEN 2) porque em 1980, um italiano chamado Ciro Ippolito produziu, escreveu e dirigiu uma “sequência picareta” de ALIEN chamado ALIEN 2, com a trama se passando na terra. Mas ALIENS é um nome que se encaixa perfeitamente ao filme de Cameron, pois uma das principais diferenças do original é que, desta vez, Ripley (Sigourney Weaver) encara um exército de monstros espaciais ao invés de um único Alien como no primeiro filme.
Sendo assim, o diretor DE TITANIC e AVATAR tomou um caminho diferente ao de Ridley Scott. O primeiro filme da série era um exercício de claustrofobia, atmosférico ao extremo e trabalha muito bem o suspense com doses de terror. Sem dúvidas é um dos filmes contemporâneos mais eficazes nesse sentido e até hoje impressiona pela qualidade.
Já o filme de James Cameron segue uma proposta que impõe um ritmo mais frenético à narrativa, com bastante ação, longos tiroteios, explosões, correrias, muita carnificina e etc (Cameron estava trabalhando também no roteiro de RAMBO 2 antes de começar este aqui, talvez estivesse muito focado nesses elementos…). O mais impressionante disso é que o respeito de Cameron pelo original é fundamental para balancear o tom entre os dois filmes. ALIENS possui atmosfera de horror suficiente para permanecer ao lado do primeiro ALIEN como clássico do gênero espacial e possui ação de tirar o fôlego suficiente para demonstrar que a proposta de Cameron era mais que certeira.
A trama de ALIENS se passa 57 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Ripley desperta do seu sono criogênico depois de ter sua nave encontrada pela companhia na qual trabalhava; toma conhecimento de que toda sua família morreu; mal se recupera e já é persuadida para retornar ao planeta alienígena do primeiro filme numa missão para averiguar a situação dos colonos que agora habitam o local, já que a comunicação com eles fora interrompida. Ela se faz de difícil, etc, mas acaba aceitando e desta vez terá ajuda de um grupo de fuzileiros carregando um grande poder de fogo.
O que se segue a partir daí é um suspense intenso da melhor qualidade com altas doses de ação em cenários de ficção científica e atmosfera dark inspirados nas artes de H. R. Giger e intensificados pela ótima trilha sonora de James Horner; a contagem de corpos é altíssima, muitos fuzileiros matando aliens, sendo mortos também pra dar uma balanceada, embora o número de aliens seja bem maior, até chegar a um ponto em que Sigourney Weaver questiona James Cameron sobre o filme estar muito violento, ter muitas mortes e armas cuspindo fogo, e essas baboseiras, mas a resposta do diretor já demonstrava um sujeito que não se deixa levar por frescuras de ator:
“Então vamos fazer uma cena que um Alien lhe ataca e você tenta bater um papinho com ele”.😅
Além de Weaver, que recebeu uma indicação ao Oscar pela sua atuação, o restante do elenco merece uma atenção à parte. Temos Michael Biehn voltando a trabalhar com o diretor, Lance Henriksen fazendo um andróide para o desespero de Ripley (quem não se lembra de Ian Holm no primeiro filme?), Bill Paxton como alívio cômico involuntário, Paul Reiser, William Hope, Jenette Goldstein e outras feras que compõem um excelente time. E é curioso como grande parte deles são subestimados atualmente, até mesmo estão meio que esquecidos na indústria.
A versão que revi e recomendo fortemente é a estendida, na qual James Cameron realiza um estudo humano muito interessante com a personagem de Sigourney Weaver e ajuda bastante na compreensão de seus atos, no instinto materno com o qual ela acolhe e protege a garotinha, única sobrevivente dos colonos, enxergando a oportunidade de ter uma família novamente, já que a verdadeira se perdeu ao longo dos 57 anos. O confronto final entre Ripley e a alien rainha toma proporções épicas visto dessa forma. A protagonista tentando proteger sua “filha” e a criatura também com um instinto de proteção pelos seus ovos.
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Sobre a rainha e seu aspecto visual é impressionante, vale destacar os incríveis efeitos especiais da equipe comandada pelo genial Stan Winston. É um troço realmente assustador! Não só ela, mas todos os aliens aparentam bem mais flexibilidade, agilidade e realismo em relação ao alien solitário do primeiro filme, embora o conceito de Giger ainda permaneça intacto. É a prova de que o talento manual de um verdadeiro gênio dos efeitos especiais sempre vai superar o resultado de um CGI.
Vale destacar mais uma vez, que essa batalha final continua sendo umas das melhores na história do cinema, sentimos o terror que todos os personagens estão passando ao se depararem com aquele ser monstruoso, eu realmente me "BORRAVA" de medo da Alien Rainha, James Cameron e Stam Winston são geniais.
Aliens é um filme realmente inovador nos quesitos técnicos, afirmativa que pode ser reaproveitada em qualquer texto sobre os filmes dirigido pelo Cameron.
Todas as suas obras seguintes revolucionaram o cinemão americano comercial de alguma maneira, seja nos efeitos especiais, sonoros ou até mesmo na forma como contar uma história, transformando seus trabalhos em experiências únicas para o público. Este aqui não foge à regra. É um espetáculo em todos os sentidos, que mesmo com quase 40 anos nas costas, continua sendo o melhor filme da franquia Alien e um dos melhores do gênero.
Fim (1ª Temporada)
4.1 55"Fim" é uma série de qualidades inquestionáveis
A nova série do Brasil estreou cercada de expectativas porque é baseada no livro homônimo de imenso sucesso, escrito por Fernanda Torres, lançado em 2013. A autora sempre teve a intenção de adaptar para o audiovisual por achar sua obra um dramalhão típico de folhetim e conseguiu dez anos depois. A história é envolvente e captura a atenção do telespectador.
"Fim" é uma série sobre a vida e a certeza da finitude. Mesclando momentos solares com outros mais soturnos, a obra é uma tragicomédia que acompanha a jornada de nove protagonistas, um grupo de amigos do Rio de Janeiro que faz parte de uma geração que acreditava em um "felizes para sempre", mas foi atropelada pela revolução de costumes dos anos 1970. A trama se passa em um período entre 1968 e 2012 e é dividida em quatro fases que abrangem a juventude, a maturidade e a velhice dos personagens. Ao longo das décadas, eles compartilham amores, traições, mágoas, alegrias, manias, loucuras e frustrações.
A história começa com a partida de Ciro (Fábio Assunção), o mais admirado do grupo, que morre sozinho na cama de um hospital. Nos tempos dourados, se apaixonou perdidamente por Ruth (Marjorie Estiano), com quem se casou.
Seu jeito agregador conquistou a moça igualmente encantadora, que também era o centro das atenções nas rodas que frequentava. Juntos, os dois formavam um casal de causar inveja, não fosse o passar do tempo e os percalços da vida a roubarem o brilho dessa união. O solteirão mais atlético do grupo, Ribeiro (Emílio Dantas), também cai de amores por Ruth. Acostumado a se envolver com meninas bem mais novas, passa a vida à sombra de Ciro, servindo de plateia para o relacionamento do amigo.
Já Silvio (Bruno Mazzeo) é um funcionário público que leva uma vida hedonista e sem responsabilidades. O sujeito se casa com Norma (Laila Garin), uma moça do interior de São Paulo. Prestativa e amigável, Norma se deixa levar pela ideia de sair da roça e aceita a união com Silvio mesmo sabendo que ele não pretende abandonar seus vícios e prazeres da juventude ao longo da vida. Cheio de irreverência e sarcasmo, Silvio protagoniza cenas muitas vezes inconvenientes, sendo gatilho para reflexões de seu grupo de amigos.
Enquanto isso, o atrapalhado Álvaro (Thelmo Fernandes) se casa com Irene (Débora Falabella), formando um par no mínimo inusitado. Ele, sem jeito com mulheres, consegue fazer a moderna e ambiciosa mulher entrar em um relacionamento do qual ela se arrepende. Já neto (David Júnior) e Célia (Heloisa Jorge), têm uma realidade bem diferente dos demais. Trabalhadores desde cedo, se apaixonam e consolidam um cassamento tradicional, do qual muito se orgulham. Juntos, eles selam um pacto de fidelidade e se protegem de um mundo de permissividade, para o qual não foram convidados a participar.
As gravações de "Fim" aconteceram em 2022 ao longo de 14 semanas, em cerca de 290 locações. Para retratar quatro décadas de transformações houve um minucioso trabalho coletivo da equipe e do elenco para o rejuvenescimento e envelhecimento críveis dos personagens. Apesar de ser baseada no romance literário, a série apresenta diferenças, tanto na estrutura, quanto no perfil de alguns personagens. Em uma discussão sobre o próprio sentido da vida, passado e presente avançam em paralelo, marcados de forma clara graças às diferenças pontuais na cinemografia, direção de arte e caracterização dos personagens. Aliás, o trabalho impressiona. Ao contrário do que costuma ocorrer em qualquer obra audiovisual, as fases não são descritas com datas na tela. O telespectador que precisa observar os detalhes e funciona, principalmente através dos carros usados em cada cena.
O processo de caracterização dos atores corria sério risco de soar grotesco ou artificial ao extremo. Mas é algo tão bem feito que imprime veracidade ao enredo que está sendo contado. E vale ressaltar que seria quase impossível entender a história caso atores mais velhos fossem escalados para o time dos nove protagonistas na fase final. Foi um acerto manter o time ao longo de todas as épocas. E que elenco precioso. Marjorie Estiano é um dos maiores destaques, o que não é uma surpresa. A sua interpretação potente mais uma vez arrebata o público e sua Ruth não lembra em nada suas personagens anteriores. Débora Falabella interpreta o perfil mais complexo e atrativo da produção. Irene tem um péssimo humor e parece arrogante, mas é uma mulher triste por dentro e muito à frente da época. A intérprete ainda demonstra sua versatilidade diante da tímida e retraída Lucinda, que vive atualmente em "Terra e Paixão". Vale elogiar também Emílio Dantas e Fábio Assunção, que sempre agigantam qualquer cena, assim como Heloísa Jorge, Thelmo Fernandes, David Júnior, Laila Garin e Bruno Mazzeo. Até as participações são luxuosas, como Ary Fontoura e Zezé Motta vivendo os pais conservadores de Célia. Valentina Herszage também merece menção na pele da enfermeira Maria Clara.
O último episódio é o melhor de todos. A série transborda sentimentos incômodos, mas no final o conjunto aflora ainda mais a ponto do telespectador se ver mergulhado em um mar de melancolia, tristeza e medo do futuro. Isso porque a conclusão do enredo desnuda por completo um pensamento que a maioria das pessoas procura fugir: a chegada constante da morte e como a velhice pode ser cruel. Os desfechos de Ruth, Ribeiro e Álvaro são os que mais impactam, enquanto o final de Ciro impressiona pela genialidade do roteiro envolvendo vida e morte. A produção termina deixando uma marca em quem assiste.
Criada por Fernanda Torres, com supervisão de adaptação de Maria Camargo, direção artística de Andrucha Waddington e direção de Daniela Thomas, "Fim" ----- com produção executiva de Isabela Bellenzani (Estúdios Globo), Mariana Vianna (Conspiração) e Renata Brandão (Conspiração) ---- se mostra uma série melancólica de qualidade inquestionável. Não é uma narrativa que conquista todo mundo, mas desperta curiosidade em cima do futuro daquelas pessoas tão controversas, mesmo sabendo como todas irão terminar.
João Sem Deus: A Queda de Abadiânia
3.4 8"João sem Deus"...isso sim.
Por que estes que fizeram esse filme deste João do Capeta?
"Não merecem ser taxadas de cegas ou de otárias": Série sobre as vítimas de João de Deus é sensível e não coloca o médium como protagonista
Não poderiam ter feito um filme da professora de minas que morreu salvando crianças?
sim, de outro criminoso, só não precisamos invalidar outras vítimas para exaltar outra, a professora merece sim ser protagonista de um documentário, mas a causa aqui é sobre outras vítimas de outro crime.