Paralelo entre Ivan e Nonato foi um dos trunfos de "A Força do Querer" A reprise da trama de "A Força do Querer" está em plena reta final e todas as qualidades da melhor novela de Glória Perez puderam ser constatadas mais uma vez. A maior ousadia da autora foi o drama de Ivana (Carol Duarte), uma menina que não se identificava com seu corpo e sofria diante da pressão da mãe e da sociedade. A situação foi um dos principais trunfos do folhetim, ganhando novos contornos através de um interessante paralelo criado com um outro personagem que cresceu: o Nonato (Silvero Pereira).
A questão do transgênero ser explorada em uma novela foi um bom avanço e a escritora se mostrou muito corajosa. O método escolhido expôs a sua criatividade, além de ter servido como uma explicação objetiva, sem parecer didático ou piegas. Isso porque a dualidade que focalizada no enredo funcionou para destacar os dois perfis, ao mesmo tempo que expôs as diferenças que os separam, embora enfrentem o mesmo tipo de preconceito. O que o público via era um homem muito bem resolvido com seu corpo e uma mulher que não se identificava com o seu reflexo no espelho.
Ivana sempre sofreu pressão da mãe, a fútil Joyce (Maria Fernanda Cândido), para que fosse quase um clone seu. Na breve primeira fase da novela, que durou apenas o primeiro bloco do primeiro capítulo, ficou explícita a intenção da perua para com sua filha, transformando a criança em uma cópia mirim de si mesma.
A menina já demonstrava desconforto na época. O tempo passou, mas nada mudou, a não ser a vontade da garota, que cresceu e deixou de seguir as ordens da mãe. A personagem sempre teve mais compreensão do pai, Eugênio (Dan Stulbach). O que se via era uma mulher linda, mas sem qualquer vaidade, deixando de lado maquiagem acessórios, sapatos, enfim.
Já Nonato começou timidamente na história. Parecia uma mero figurante inicialmente. Mas não era. Pelo contrário, serviria para engrandecer o convidativo drama de Ivana. O rapaz deixou o nordeste para tentar a vida no Rio de Janeiro e começou a trabalhar como motorista do preconceituoso Eurico (Humberto Martins). Aos poucos, a autora foi revelando para o público a vida desse homem aparentemente muito tímido e retraído. Transformista e homossexual, ele precisou se portar como 'homem' para conseguir um emprego digno, pois declarou que no Brasil não dão emprego para pessoas como ele, que acaba entrando na prostituição. Mas Nonato faz questão de dizer que é muito bem resolvido e não quer se transformar em mulher. Gosta do seu corpo e adora interpretar a Elis Miranda, perfil que criou para se apresentar em shows. Não é transexual, é transformista.
Desde que se revelou para o telespectador, as cenas do motorista eram exibidas intercaladas com as da Ivana, que a cada dia tinha sua autoestima piorada em virtude da não identificação com seu corpo. O seu drama é o melhor enredo da novela e a condução de Glória foi de forma cautelosa, sem atropelos. A autora criou uma história que impossibilitou o telespectador de não se envolver com a angústia daquela garota. A situação virou uma poderosa arma para a reflexão até dos preconceituosos. Ela é um homem que nasceu no corpo de uma mulher. Tudo o que envolve os transgêneros ainda era muito 'novo' para o grande público em 2017, inclusive o fato de existir mulher que se 'transforma' em homem, mas segue se interessando pelo sexo masculino, como é o caso de Ivana.
E essa mescla com a vida de Nonato deixou o contexto ainda mais convidativo, expondo as diferenças entre transexualidade e transformismo. As cenas eram ótimas e destacaram o talento dos intérpretes. Silvero Pereira e Carol Duarte eram dois estreantes na televisão e não poderiam ter começado de forma melhor. Ele, na época, estrelava o espetáculo BR-Trans pelo Brasil e aproveitou o momento. Foi por causa deste trabalho do ator cearense que Glória o chamou para seu folhetim. Nonato foi defendido com competência e o perfil misturou humor e drama com maestria. Já Carol brilhou em todos os momentos, tanto como Ivana quanto como Ivan, já realizado com sua nova condição. Foi a grande revelação de 2017.
Glória Perez acertou em cheio na abordagem dos trans em "A Força do Querer" e valeu rever a apresentação simultânea de dois tipos tão parecidos e tão distintos.
Aviso: Spoilers Nada que já não souramos. Hollywood na verdadeira moda hollywoodiana hi-jacks a causa social da moda do dia e dedica um de seus shows anuais pat-ourselves-on-the-back para ele. Uma lista de pessoas lançam uma linha sobre como diretoras femininas são sub-representadas em Hollywood, sem nomear nenhuma mulher que esteja em par com Steven Spielberg, Clint Eastwood ou Ridley Scott. FYI, você não precisa de um pênis para ser nomeado para um prêmio,
você só tem que ser bom no que você faz. Esta indústria foi construída sobre a objetificação de mulheres (e homens), e tem empurrado os limites do conteúdo sexual aceitável desde o início. No entanto, seus representantes querem se virar e perguntar por que tantas mulheres estão sendo agredidas e assediadas? Isso seria como Sylvester Stallone fazendo Rambo e depois falando pelo controle de armas. Além disso, alguém está realmente convencido de que essas pessoas estão alheias à má conduta sexual que vem acontecendo há décadas? Quer dizer que mulheres como Oprah, Meryl Streep e Jennifer Anniston não são populares e/ou poderosas o suficiente para falar sobre esse tipo de coisa sem repercussões? Que tal todos aqueles homens hipócritas na plateia que nunca defenderam as mulheres em Hollywood? Claro, esta é a indústria que saudou Hugh Hefner como um grande homem e revolucionário após sua morte no meio de todo esse movimento, apesar de passar a vida construindo uma empresa dedicada à objetificação das mulheres. Houve um tempo em que poderíamos dizer: "Eu não tenho que concordar com a política dos atores para desfrutar de seus filmes." Bem, considerando que a maioria dos filmes lançados no ano passado tem algum tipo de mensagem PC/SJW em oposição ao bom cinema, está se tornando difícil desenhar essa distinção.
No globo de ouro de 2020... Era bastante comum um filme dominar a cerimônia de premiação varrendo inúmeras categorias (e muitas vezes fazendo da cerimônia um verdadeiro furo no processo). Agora, nos últimos 15 anos, as varreduras têm sido cada vez mais raras, como podemos ver nesse
Nomadland é o filme a ser batido para o Oscar de melhor filme e melhor diretor. Melhor atriz e melhor atriz coadjuvante estão completamente e sem precedentes no ar. Melhor ator e melhor ator coadjuvante parecem estar tomando forma. Foi uma noite ruim para Mank, Promising Young Woman, The Father, e The Trial of the Chicago 7 The Crown é a série dramática a ser batida nos Emmys. Ted Lasso é um provável candidato para preencher o buraco deixado por Schitt's Creek. A vitória do Queen's Gambit pode ser um Emmy, mas não necessariamente.
OBS: Apenas uma vez na última década um show marcou uma vitória repetida nesta categoria (Homeland ganhou um segundo troféu em 2012) e é muito raro para um show ganhar três Globos de atuação (a última vez foi em 2017, quando Tom Hiddleston, Hugh Laurie e Olivia Colman ganharam prêmios pela série limitada The Night Manager).
Reprise comprova que Shirlei e Felipe foram os verdadeiros mocinhos de "Haja Coração"
"Haja Coração" teve um ótimo início em 2016, mas foi perdendo o rumo ao longo das semanas e a reprise comprova. Essa queda de qualidade pôde ser observada principalmente através do desenvolvimento de vários casais da história ---- muitos deles começaram promissores e tiveram o enredo estagnado. Já o par protagonista, composto por Tancinha (Mariana Ximenes) e Apolo (Malvino Salvador), cansa pela repetição desde o começo do folhetim. Porém, em contraponto a tudo o que foi mencionado, Daniel Ortiz criou um casal que caiu nas graças do público assim que surgiu e roubou o protagonismo: Shirlei e Felipe.
Os personagens interpretados com competência por Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo protagonizam um dos enredos mais clássicos dos contos de fadas: o da gata borralheira em busca do seu príncipe encantado. É uma situação que transborda clichê, mas sempre funciona quando bem construída. E foi o caso da novela. Aliás, embora seja um remake de "Sassaricando" (1987), Shirlei não pertencia ao folhetim das sete de Silvio de Abreu. Mas fazia parte de outra novela do autor, do horário das nove: "Torre de Babel" (1998). A menina ingênua que tinha um problema na perna foi vivida na época por Karina Barum, fazendo um grande sucesso ---- a música "Corazón Patío", de Alejandro Sanz (tema da personagem), estourou.
Ao inserir Shirlei no contexto de "Haja Coração", o autor se viu obrigado a criar uma trama e não simplesmente seguir com a obra original. E foi algo bem positivo, ainda mais levando em consideração os erros que Daniel Ortiz cometeu com vários perfis e enredos da sua história, muitas vezes tentando repetir situações de 1987 que não funcionaram ---- vide o sumiço de Teodora (Grace Gianoukas) e toda a trajetória de Aparício (Alexandre Borges). E todo o contexto que cerca a personagem é, propositalmente ou não, digno de uma mocinha de novela. Portanto, não demorou para a menina assumir esse posto com louvor. Ela e Felipe, que se comporta como o verdadeiro mocinho do enredo.
O rapaz está sempre com um sorriso no rosto, é solícito, transborda integridade e trabalha na empresa de Beto (João Baldasserini). Vale mencionar que o personagem demorou para entrar na novela, juntamente com a sua até então namorada, a patricinha Jéssica (Karen Junqueira). Foi só com a chegada dele que a trama da Shirlei deslanchou, pois a situação em torno da paixão platônica por Adônis (José Loreto) já estava cansativa. E o primeiro encontro do casal representou o clássico "Cinderela", da Disney. Isso porque o bom moço quase atropelou a menina, que acabou perdendo sua bota ortopédica em um bueiro, durante uma forte chuva. Felipe pegou o sapato e passou a procurar a moça para devolvê-lo.
Após muita procura e vários desentendimentos (a garota chegou a achar que estava debochando de sua deficiência), os dois finalmente se 'entenderam' e o rapaz devolveu a famigerada bota. O encontro se deu por uma 'coincidência' digna de folhetins: ela passou a trabalhar na casa dele como empregada. E não demorou para o interesse mútuo se manifestar, despertando o ciúme de Jéssica. Foi a partir de então que começou o calvário da mocinha, encarnando de vez a gata borralheira. A patricinha fazia de tudo para diminuir a funcionária e até a obrigou a subir vários andares de escada, carregando compras pesadas, ignorando seu problema na perna. A vilã encarnou de vez a madrasta da Cinderela, fazendo jus ao contexto da trama de Shirlei.
Para culminar, a filha de Francesca (Marisa Orth) é constantemente alvo da irmã Carmela (Chandelly Braz), que sempre faz questão de humilhar a caçula. Ainda há a presença do já citado Adônis, sujeito aproveitador que nunca retribuiu os sentimentos de Shirlei ---- mas depois passou a enxergá-la com outros olhos, virando mais um obstáculo para o casal. Outro ponto é a chegada da mãe de Felipe, interpretada por Betty Gofman. A nova personagem não admite o romance, pois sabe que a menina é filha de seu marido, Guido (Wernner Schunemann) ---- o desaparecimento dele é um dos mistérios da história. Portanto, fica claro que Shirlei tem um enredo próprio muito mais atrativo do que todo o restante da novela, que se mostrou bastante equivocada.
E uma ironia do 'destino' é ver o casal Shirlipe ofuscando o par protagonista, exatamente como ocorreu em "Sassaricando", reprisada atualmente pelo Canal Viva. Porém, curiosamente, na época, era o triângulo formado por Tancinha, Apolo e Beto que apagou o protagonismo de Aparício. Agora, o trio amoroso virou protagonista, mas de nada adiantou, pois foi ofuscado pelo casal de coadjuvantes. Ou seja, os personagens cresceram na obra original e no remake (por razões óbvias) entraram para o núcleo principal. O imponderável novamente se fez presente.
Os atores são ótimos juntos e a sintonia da dupla se evidencia em todos os momentos. A troca de olhares é outro ponto que enriquece o relacionamento que demorou bastante para finalmente acontecer. Ainda assim, valeu a espera. O aguardado beijo foi bonito e valeu ter visto atores não tão 'conhecidos' em destaque. Afinal, a atriz estreou no SBT em 2010, quando viveu a Terezinha em "Uma Rosa com Amor". Foi para a Globo no mesmo ano, onde teve uma pequena participação em "Passione". Também fez uma ponta em "Flor do Caribe" (2013), também atualmente reprisada, até ganhar a Itália em "Alto Astral" (2014), estreia de Daniel Ortiz como autor solo. Ela brilhou e acabou conquistando a ótima personagem posteriormente.
Já Marcos Pitombo é mais experiente, pois é revelação da temporada de 2006 da "Malhação". Depois do sucesso no seriado adolescente, foi para a Record, onde esteve em seis novelas: "Os Mutantes" (2008), "Os Mutantes: promessas de amor" (2009), "A História de Ester" (2010), "Vidas em Jogo" (2011), "Pecado Mortal" (2013) e "Vitória" (2014). Porém, é inegável que atuar fora da líder não dá a mesma visibilidade. O ator voltou para a Globo em 2015, onde fez uma breve participação na fracassada "Babilônia", e aproveitou a chance como o carismático Felipe. Não é por acaso que o personagem, mesmo não aparecendo tanto, ofuscou a figura de 'galã' de Apolo. Aliás, o casal se sobressaiu com grande facilidade, virando o melhor par do enredo com larga vantagem. Tanto no quesito química, quando na questão do desenvolvimento do romance.
Shirlei e Felipe (Shirlipe para os 'shippers') representam o amor puro dos contos de fadas e o imenso sucesso do casal apenas comprova que o clássico, quando bem feito, funciona sempre. Os dois viraram os verdadeiros mocinhos de "Haja Coração", protagonizando a melhor história da novela, com direito a cenas românticas, maldades de vilões e questões envolvendo a baixa autoestima de uma menina com deficiência. Sabrina Petraglia e Marcos pitombo fizeram por merecer todo o êxito do par, que é o único drama da novela que tem valido a pena rever.
‘Big Brother Brasil 21’: um reality show sem realidade? Excesso de interferências da produção no 'Big Brother Brasil 21' traz desconfianças sobre a veracidade da narrativa configurada pelo programa.
Quando imaginávamos que não havia mais o que acontecer no BBB21 além do que já transcorreu nessas três semanas, lá vem o programa e nos joga na cara: nada mais imponderável que um reality show de convivência que se fundamenta em isolar um grupo de sujeitos do mundo externo. Presos nesse grande aquário com transmissão em cadeia nacional, tais indivíduos negociam um bem valioso – sua privacidade – em troca de uma sonhada visibilidade. Se vai ser bom ou não para eles, é sempre uma incógnita (quase nunca é).
Em pouquíssimo tempo, BBB21 tematizou uma quantidade absurda de assuntos: falou de relacionamentos abusivos, tortura psicológica, “sequestro” de pautas identitárias, homofobia, bifobia e xenofobia, dentre tantos outros tópicos de conversa. No entanto, aqui nesse texto pretendo olhar menos para a questão mais controversa de todas (falo da situação enfrentada por Lucas Penteado na casa, culminando em sua desistência), já abordada com qualidade por muitos especialistas, para falar de outro tópico: o fato de que a “cozinha” do BBB esteja aparecendo o tempo todo para os espectadores.
Em outras palavras: BBB 21 tem sido tão caótico que temos tido relances o tempo todo de “sobras” que normalmente ficam restritas apenas ao âmbito da produção. Para ilustrar, cito aqui dois exemplos. O primeiro é a conversa mantida entre o apresentador Tiago Leifert com o cantor Projota, após o último ter “aconselhado” Lucas Penteado num discurso algo acolhedor. Em um momento isolado no confessionário (mas exibido em tempo real e ao vivo pela Globo), Leifert elogiou a “força” que Projota – que caiu no choro – deu ao jovem ator em um momento de crise.
O segundo momento é o áudio “vazado” (as aspas se dão apenas por não ter confirmação de que se trata, de fato, de um “vazamento”, ou seja, não-intencional) da conversa entre Projota e uma voz que, pelo que sabemos, é de Boninho – o sujeito que poderia ser definido como o big brother onisciente que dá o nome ao programa. Neste episódio, Boninho chama Projota no mesmo confessionário e, vindo de lá, ouvimos um diálogo em que ele dá explicações ao cantor sobre a saída de Lucas Penteado e tenta convencê-lo a não desistir do programa. Dentre essas explicações, está de que a produção não sabia que Lucas tinha problema com bebidas e que, quando consome álcool, vira um “monstro”.
É ruim que ambos (diretor e apresentador) interfiram nos rumos da casa? Não necessariamente. A produção tem sim um importante papel nos direcionamentos da casa, tal qual um titereiro, mas que nunca consegue controlar totalmente seus marionetes. Os problemas vistos no BBB21 estão na forma que as intervenções têm sido feitas e no fato de elas privilegiarem apenas alguns participantes.
No primeiro caso, Leifert claramente mexe na estrutura do programa pois dá uma pista a Projota – que, paradoxalmente, saiu prejudicado, pois dali com uma sensação de aprovação coletiva que ele não tinha. Não por acaso, Projota passou a emitir cada vez mais discursos de tom evangelizador nas interações com as pessoas da casa, sugerindo acreditar ser um líder ali dentro. Já a conversa com Boninho dá a entender o esforço da Globo de mantê-lo ali dentro. No diálogo, Projota dá a impressão de que precisou de uma longa negociação (o que provavelmente envolve promessas) para levá-lo ao BBB.
Uma das principais acusações para se desmerecer reality shows é de que eles forjariam um discurso de realidade a partir de muita manipulação (obtida no trato com os participantes) e edição (a produção cria uma narrativa de realidade conforme seus interesses). Há, inclusive, uma série, Unreal, que mostraria justamente o que seriam esses meandros – baseados tanto na falta de ética com os competidores quanto com o público.
Ao sinalizar indícios muito claros de interferência no jogo (importante destacar, aliás, que ambos os exemplos citados aqui envolvem o mesmo participante, Projota), Big Brother Brasil dá certos sinais de descontrole no programa, que provavelmente rumou a um caminho imprevisto aos desejos da produção. Tudo ali parece muito errado: um casting que se amalgamou em uma dinâmica extremamente tóxica, participantes abusivos e abusados, ameaças de desistência a todo instante. Talvez fosse interessante à produção do BBB tomar uma atitude mais transparente com o público sobre todas essas questões.
Por outro lado, vale lembrar: é justamente esse descontrole (o fato de que, mesmo escolhendo minuciosamente cada elemento deste reality show, nunca há como garantir que o script será cumprido conforme se espera) que traz a graça e a essência de um programa deste tipo. Nada poderia ser mais real que isso.
Sempre vale a pena rever a cena mais emblemática de "Laços de Família" A televisão reprisou a cena mais emblemática de "Laços de Família" nesta segunda-feira (08/02/2021), no "Vale a Pena Ver de Novo": a raspagem dos cabelos de Camila (Carolina Dieckmann). Um dos maiores sucessos de Manoel Carlos que vem repetindo o êxito nas tardes da emissora. A média fica em torno de 18/19 pontos, índices excelentes para a faixa. É a prova do carinho do público pelo novelão que marcou tantas gerações.
A aguardada sequência entrou para a história da teledramaturgia e marcou a carreira de Carolina. Foi um momento de total entrega. Ao som de "Love By Grace", música cantada por Lara Fabian que passa a embalar o drama da personagem, a cena não tem texto e mostra apenas a raspagem dos cabelos de Camila, que decide retirá-los após o desespero com as constantes quedas em virtude da quimioterapia. É evidente que a emoção da intérprete se misturou com a da personagem. Afinal, é uma mudança de visual brusca.
E Carolina merece todos os elogios pelo seu profissionalismo. O grande público sabe que não é toda atriz que aceita um pedido assim. Mas valeu a pena o risco. Ninguém esquece da cena e até hoje há uma forte comoção. Embora não seja a função da teledramaturgia, também serviu como um grande estímulo a todos que enfrentam a leucemia. Vale lembrar que a novela fez aumentar significativamente a doação de medula óssea na época graças ao desenvolvimento competente do drama de Camila.
Aliás, Maneco foi de uma habilidade invejável. A filha de Helena (Vera Fisher) era a personagem mais detestável de "Laços de Família" e já havia páginas na internet destilando ódio pela garota, mesmo em uma época onde a internet ainda engatinhava. E nada mais natural. Camila deu em cima do namorado da mãe descaradamente e foi correspondida. Helena abriu mão de seu amor pela felicidade da filha. Difícil encarar todo o contexto com naturalidade e por isso a acidez de Íris (Deborah Secco) era tão adorada. Representava quem assistia.
Mas o autor conseguiu promover uma virada no sentimento do telespectador. E vale ressaltar que a doença estava planejada desde a sinopse. Muitos veículos chegaram a noticiar que o câncer foi criado de improviso como uma estratégia de Maneco para diminuir a rejeição de Camila. Mas sempre foi tudo bem colocado. Até nos primeiros meses de novela alguns personagens destacavam a palidez da personagem e como vivia abatida. Tudo piora quando engravida de Edu (Reynaldo Gianecchini) e vários sintomas da leucemia surgem. O fato do marido médico ignorar a gravidade é um tanto absurdo, mas não prejudica a narrativa. E quando a leucemia é descoberta aquele ódio do público vai cedendo lugar para uma comoção difícil de segurar. Aliás, o elenco se entrega junto com Carolina. Vale destacar os momentos emocionantes de Luigi Barricelli (Fred), Vera Fisher, Gianecchini e Júlia Almeida (Estela).
A marcante sequência da raspagem dos cabelos é uma catarse dilacerante e coroa a competente condução de Manoel Carlos na abordagem do tratamento contra a leucemia. Nenhuma outra novela conseguiu chegar nem perto neste quesito. Uma curiosidade: a cena não foi escrita pelo autor. Foi gravada apenas para uma campanha de doação de medula óssea. Mas ficou tão impactante que acabou inserida no enredo. E valeu muito a pena rever um momento tão importante para a teledramaturgia nacional. A reprise de "Laços de Família" merece todo o sucesso.
"Gênesis" apresenta bom início e conhecida história bíblica desperta a atenção do público
A 'nova superprodução da Record', "Gênesis" estreou na terça-feira (19/01/21), na faixa antes ocupada por "Amor sem Igual", até então a única novela inédita no ar atualmente. A nova produção bíblica da emissora agora é o segundo folhetim inédito. Após ter fugido um pouco da mesmice com a boa trama de Cristianne Fridman, o canal volta a apostar nas histórias bíblicas para atrair o público.
A nova novela tem um alto investimento da emissora. É o maior elenco da teledramaturgia nacional até hoje, com mais de 250 atores, e dividida em sete fases: "Criação" (Adão e Eva); "Dilúvio" (Arca de Noé); "Torre de Babel"; "Ur dos Caldeus", "Abraão"; "Jacó" e "José do Egito". Serão 150 capítulos. Ou seja, a bem da verdade, há uma boa estratégia de marketing. Afinal, analisando friamente, não se trata de um folhetim e, sim, de várias minisséries interligadas por poucos atores. Apenas dois estão em todas as fases: Flávio Galvão, intérprete de Deus (apenas por voz), e Igor Rickli, que vive Lúcifer.
A produção é escrita por Camilo Pelegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro, dirigida por Edgard Miranda. A trama aborda os primeiros 2.300 anos da humanidade a partir da história contada no primeiro livro da Bíblia. Há uma boa frente de capítulos já prontos. O início das gravações foi em janeiro de 2020, dois meses antes do início da pandemia de COVID-19 no Brasil.
A primeira fase teve locações no Rio Grande do Sul e no Paraná. A fase do "Dilúvio" foi feita em estúdio no Rio de Janeiro e parte da equipe também filmou em Marrocos pouco antes da pandemia interromper os trabalhos. Como há muito dinheiro investido pela Record, o intuito é repetir o sucesso de "Os Dez Mandamentos" (2015), nunca mais alcançado.
A estreia teve uma ótima audiência (16 pontos) e o chamariz do enredo de "Adão e Eva" foi um dos responsáveis pelo interesse do público. Afinal, todo mundo conhece a história e a curiosidade em vê-la produzida como 'novela' atrai. Carlo Porto e Juliana Boller não fazem feio em cena, embora o excesso de maquiagem nos atores deixe o resultado artificial. Já os efeitos especiais merecem elogios. A primeira parte (envolvendo uma clara licença poética até da Bíblia) impressionou pelo bom trabalho da equipe em cima da representação dos dinossauros sendo extintos ---- Lúcifer e todos os anjos rebelados foram expulsos por Deus do reino do céu e todos se transformaram em meteoros pela força da 'queda', destruindo o mundo jurássico. Foi uma ideia criativa juntar a teoria criacionista com a evolucionista.
A agilidade é outro fator que tem contribuído para a atenção do espectador. Adão e Eva comeram o fruto proibido logo na estreia e no segundo capítulo já houve uma passagem de tempo com a chegada de vários filhos e filhas do casal, incluindo Caim (Eduardo Speroni) e Abel (Caio Manhente), que protagonizaram a conhecida passagem da Bíblia no terceiro capítulo: um irmão matando o outro por inveja. O trágico momento ainda destacou o talento de Juliana Boller, que transmitiu lindamente a dor da Eva com a perda do filho. Na sexta-feira (22/01/21), no quarto capítulo, a fase de Noé (Bruno Guedes) foi iniciada. E já na próxima semana vai ao ar toda a sequência da Arca de Noé (Oscar Magrini). Ou seja, são muitos acontecimentos de forte apelo indo ao ar em apenas duas semanas. Tem sido interessante acompanhar a trama, que provavelmente terá uma queda de ritmo na fase "Torre de Babel", algo já esperado.
"Gênesis" vem apresentando um promissor começo e o sucesso nos números de audiência serve para ligar o sinal de alerta da Globo. A Record nunca escondeu que pretende repetir o êxito do fenômeno "Os Dez Mandamentos" (2015), até hoje nunca mais alcançado. Se o conjunto se mantiver atrativo ao longo das fases, a chance de acontecer é real.
Angélica ficou quase três anos fora do ar. O "Estrelas", programa comandado por ela entre 2006 e 2018, chegou ao fim desgastado e sem atrativos. A Globo encerrou a atração sem ter um novo projeto para a apresentadora. Muitas especulações foram feitas durante a ausência da loira, incluindo o desligamento da emissora. E todos os "projetos" de um novo formato eram adiados. Até surgir o "Simples Assim", em outubro deste ano.
Antes da estreia, no dia 20, pouco se falava sobre o novo programa. A falta de informações implicou em uma expectativa elevada. Afinal, era o retorno de Angélica após um longo hiato. Mas o resultado ficou abaixo da média. As explicações sobre a proposta do formato são ótimas: "uma reflexão sobre algo que nos une como seres humanos. A busca pela felicidade. Um propósito comum a todos e, ao mesmo tempo, único e individual, que cada um percorre a seu modo. Trilhar o caminho não é simples e chegar à simplicidade, ao estado de espírito que permite encarar a vida com mais leveza, pode custar uma vida inteira".
A cada episódio, um tema ---- como felicidade, fé, trabalho, família, solidariedade, diversidade, vaidade e amor ---- foi abordado. E, para cada assunto, diferentes percepções e maneiras de contar essas histórias, que vieram das ruas, das casas dos personagens (sempre anônimos), através de esquetes de humor ---- que marcaram a volta de Angélica como atriz ---- ou das dinâmicas com alguns convidados em um palco. O intuito do programa é exibir momentos felizes e na primeira temporada a missão foi bem cumprida. O formato é leve e despretensioso. Mas, no ar, provocou tédio.
Angélica é uma ótima apresentadora, mas os longos papos com os convidados, tanto anônimos quanto famosos, sobre amenidades não flui e nem as dinâmicas no palco entretêm. Muitas vezes há a sensação de acompanhar uma espécie de grupo de autoajuda, onde a apresentadora é a 'coach'. É mais legal para quem participa do que para quem assiste. Nem mesmo as curtas cenas protagonizadas por Angélica com participações especiais (Marcos Caruso, Paulo Gustavo, Camila Queiroz, Mariana Santos, Marisa Orth e Ingrid Guimarães foram alguns que contracenaram com a loira) divertiram. Na realidade, se mostraram bem artificiais ou até bobinhas. Nada pior para uma cena do que parecer uma cena.
E o programa também teve o azar de ser lançado em plena pandemia do novo coronavírus. A primeira temporada já tinha sido toda gravada antes da covid-19 aterrorizar o mundo. O quadro "Dilemas da Vida Real", por exemplo, soa risível hoje em dia com tantas mortes diárias. Um homem e uma mulher moravam em cidades diferentes e os dois tiveram que decidir no palco quem iria abdicar de sua casa para se mudar e ir morar com o outro. Vale destacar mais um "dilema" apresentado: o marido queria mais filhos e a mulher não. A missão do programa foi conciliá-los. Na realidade, houve um claro "convencimento" para a mulher ceder e ter filho. Soou até machista nos tempos atuais. Enfim, problemas que ficaram ainda mais bestas em 2020.
Com direção-geral de Geninho Simonetti e supervisão de direção de LP Simonetti, "Simples assim" não é um programa ruim. Longe disso. Mas Angélica merecia algo um pouquinho mais empolgante após tanto tempo longe do ar. O título faz jus ao que é apresentado. São propostas simples em um formato sem novidades. Mas o conjunto, infelizmente, resulta em um programa esquecível e chato.
Comportamento Típico da Rede Globo em não investir em qualidade.
Há 20 anos no ar, "Altas Horas" foi o programa que melhor se adaptou ao momento de pandemia
A pandemia do novo coronavírus afetou toda a programação televisiva. Do Brasil e do mundo. Os produtos mais afetados foram o do entretenimento, vide o agravamento da crise do setor cultural. E os programas de auditório sofreram uma inevitável descaracterização. Afinal, todos precisam da aglomeração das plateias. Portanto, os apresentadores se viram obrigados a apresentar suas respectivas atrações de casa ou no palco sem ninguém presente (com exceção da produção). E quem melhor se virou com o inusitado novo formato foi Serginho Groisman.
A maior identidade do "Altas Horas", que completou 20 anos no ar no dia 14 de outubro de 2020, era a plateia repleta de jovens estudantes e com uma proximidade muito grande com os convidados. Todos ficavam sentados em um auditório que fazia quase um círculo no estúdio. Era quase uma arena do entretenimento e da informação. O mesmo já acontecia desde a época do inesquecível "Programa Livre", no SBT. Enquanto não houver a vacina contra a COVID-19 nada disso será possível. Um hiato é inevitável. Mas se engana quem pensa que a alteração do formato afetou a qualidade da atração.
Serginho foi muito inteligente ao mesclar conteúdo inédito com reprises. Ao invés de simplesmente reprisar programas antigos, como ocorria com o "Domingão do Faustão" e "Caldeirão do Huck", o apresentador exibe trechos de algumas entrevistas ou números musicais do programa e entrevista o convidado ou a convidada que esteve na época da exibição via vídeo-chamada.
Também tem sido fundamental na divulgação das "estreias" de novas reprises da Globo. Vide a deliciosa entrevista recente que teve com Vera Fisher, Reynaldo Gianecchini e Carolina Dieckmann para falar da volta de "Laços de Família" (2000) no "Vale a Pena Ver de Novo".
As entrevistas remotas que Serginho vem fazendo duram cerca de dez a quinze minutos e enriquecem a atração. O "Conversa com Bial" iniciou esse recurso de uma forma muito bem-sucedida e Serginho acertou ao seguir com a mesma proposta, ainda que com uma duração mais curta. Outro ótimo momento foi um bate-papo descontraído do apresentador com Susana Vieira e Renata Sorrah relembrando "Senhora do Destino" (2004). Marina Ruy Barbosa também marcaram presença em vídeo-chamadas para uma homenagem ao sucesso da personagem "Eliza" na época de "Totalmente Demais" (2016). Vale destacar ainda sua entrevista com Marjorie Estiano para falar do especial "Sob Pressão - Plantão Covid".
O êxito do "Altas Horas" com esse novo formato implicou na mudança no "Domingão do Faustão". Fausto no início apenas gravava vinhetas em casa e a reexibição dominava quase todo o tempo de programa. Algumas semanas depois, o comunicador começou a realizar entrevistas de sua casa em vídeo-chamadas. Ivete Sangalo foi um das convidadas. Agora Faustão já voltou ao palco com a nova temporada da "Dança dos Famosos", mesmo sem plateia. Agora é preciso apontar essa mexida da produção após o acerto de Serginho. Sinal que realmente funcionou.
Serginho Groisman sempre foi um dos melhores apresentadores do país e o "Altas Horas" o programa de maior qualidade na televisão aberta. O vitorioso novo formato apenas comprovou que nem uma pandemia será capaz de alterar isso. Está tudo igual, apenas um pouco diferente.
A segunda temporada teve um ótimo início em março deste ano, só que as gravações foram interrompidas por conta da pandemia do novo coronavírus. Enquanto não havia ainda uma data para o retorno do programa, Fábio fez o "Que Quarentena É Essa, Porchat?" com episódios temáticos das reprises dos melhores momentos das duas temporadas. Posteriormente, emplacou o "Que História É Essa, Vovó?", com ótimas e breves entrevistas com veteranos como Gilberto Gil, Ary Fontoura, Rita Lee e Aracy Balabanian; e somente em exibição na internet. E após longos meses de incertezas, o formato voltou ao ar no GNT na primeira terça-feira de agosto, dia 04.
O receio sobre a perda de rumo da atração era inevitável. Afinal, como manter o interesse sem plateia e com os três convidados em vídeo-chamadas que correm o risco de queda de sinal e problemas do gênero? Felizmente tudo se dissipou com o programa no ar. Fábio e sua produção conseguiram driblar todas as armadilhas impostas pela pandemia e mantiveram a qualidade do produto. Em um lindo cenário high-tech, o apresentador fica sozinho no estúdio e de frente para um imenso painel com a imagem dos três entrevistados do dia em destaque e pequenos círculos com pessoas que representam a plateia --- e também interagem e escutam as histórias. Por incrível que pareça, não houve mudança significativa no conjunto do formato. A conexão é excelente e a fala de ninguém é afetada por travamentos ou perdas de áudio, o que não prejudica o "timing" dos casos contados. Fafá de Belém, Rodrigo Hilbert e Leandro Hassum estiveram neste recomeço e brilharam.
O "Que História É Essa, Porchat?" chegou para ficar e a prova do sucesso é a reexibição da primeira temporada na TV aberta a partir desta quinta-feira, 15 de outubro ---- o primeiro programa reprisado foi com Ney Latorraca, Cláudia Raia e Marcos Veras. A trajetória é parecida com o elogiado "Lady Night", de Tatá Werneck --- o formato também migrou para a televisão com reprises, em virtude do sucesso no Multishow. Fábio Porchat conseguiu criar um produto simples e delicioso. Certeza que muitas outras temporadas já estão garantidas.
Repleta de situações constrangedoras e personagens rasos, "Fina Estampa" não merecia qualquer reprise
A audiência prova que a Globo acertou em cheio quando escolheu "Fina Estampa" para ser reprisada no lugar de "Amor de Mãe", que teve as gravações interrompidas por conta da pandemia do coronavírus. Os elevados índices têm feito a alegria da emissora e são bem maiores que os números alcançados pela antecessora, escrita por Manuela Dias.
A trama central se baseia no chavão da mãe batalhadora que é humilhada pelo filho ambicioso e bonitão. A mulher em questão atende pelo nome peculiar de 'Griselda' e é interpretada pela grande Lília Cabral. Ainda entra em um triângulo amoroso com uma perua fútil e um homem educado e rico. René (Dalton Vigh) se interessa pelo lado puro da protagonista, o que provoca o ódio de sua esposa, Tereza Cristina (Christiane Torloni). E a vilã tem um mordomo (Crô - Marcelo Serrado), um gay caricato, que é tratado como um capacho. Um conjunto de clichês que costuma funcionar. Porém, nada disso se sustentou por muito tempo na época e fica possível constatar facilmente na reprise que chega ao fim na sexta-feira, de 18/09/2020.
Tereza Cristina tentava ser engraçada em certos momentos e cruel em outros, mas nunca conseguiu. Christiane Torloni procurava fazer o que era proposto, mas sua vilã era tão irritante e sem rumo que a atriz não conseguia uma atuação digna de aplausos. Nem podia fazer milagre. Aguinaldo, na época, criticava vilões como a Flora ("A Favorita") e o Léo ("Insensato Coração") por serem vilões que agiam gratuitamente. Mas o propósito de Tereza Cristina não existia. O que movia suas supostas maldades contra Griselda? Apenas ciúme do marido? Esconder um segredo idiota? A ponto de até tentar assassinar os filhos da rival?
A novela afundou de vez quando a vilã empurrou um mafioso (Luciano Schirolli) que a ameaçava escada abaixo. Após o ato, Tereza agradeceu a Nazaré Tedesco e disse que fez isso porque aprendeu com a novela, exibida em 2004. Foi uma clara referência do autor ao sucesso da sua maior vilã em "Senhora do Destino". A sequência foi constrangedora em todos os aspectos. Qual foi o objetivo da cena? Um autoelogio do Aguinaldo. Nada fez sentido e a situação soou claramente forçada. Outro fator é a rivalidade entre a perua e Griselda (Lilia Cabral, grandiosa sempre). O ódio que a perua sente pela 'adversária' é boboca demais e só seria aceitável em um folhetim das sete.
No aspecto geral, a novela não andava. As histórias foram desenvolvidas a passos de tartaruga e o telespectador podia não assistir a trama por vários capítulos que não perdia algo de grande importância. A quantidade de personagens que nada acrescentavam era gritante. Qual a função do núcleo da praia? E da pensão da Zambeze (Totia Meirelles em um papel ingrato)? Aliás, eram perfis tão deslocados que foram praticamente cortados da reprise. Mal apareceram. A entrada de Carolina Dieckmann e Dudu Azevedo nada agregou à trama, além da interpretação limitada dos atores. E Dieckmann nem é má atriz, mas não conseguiu brilhar em um papel tão ruim. Arlete Salles, grande profissional, se viu com um papel de pífia importância. Sua taxista Wilma não serviu para nada. Teve como prêmio de consolação uma participação no "Caldeirão do Huck" no início da novela que nada acrescentou e foi uma bobagem só.
Renata Sorrah também não foi valorizada, apesar do seu núcleo ter sido um dos poucos que apresentaram uma história interessante. Mas a disputa pela guarda do sobrinho da doutora Danielle não foi bem abordada. Ana Rosa e Jaime Leibovitch (ótimos atores), que travaram uma guerra pela guarda do menino com a médica, mal se destacaram. Dan Stulbach e Julia Lemmertz tiveram boa química, mas a situação envolvendo a crise do casal por causa da inseminação artificial, que a esposa queria fazer e o marido era contra, andava em círculos.
As tentativas de conquistar mulheres pela internet era o enredo de René Junior (David Lucas). Difícil alguém se interessar por isso. Antenor e Patrícia formaram um casal sem o menor entrosamento. Caio Castro estava no pior momento de sua ainda inicial carreira e Adriana Birolli desaprendeu a atuar, após seu bom desempenho em "Viver a Vida" (2010). A violência doméstica sempre gera repercussão, mas a situação envolvendo Baltazar (Alexandre Nero), Celeste (Dira Paes) e Solange (Carol Macedo) era repetitiva e porcamente abordada. A garota só sabia dançar funk desde que apareceu na história. Detalhe: a música também era sempre a mesma. O agressor ainda foi perdoado pela esposa espancada e terminaram felizes. Isso porque o personagem fez uma dupla com Crô que caiu nas graças do público. O vilão virou elemento cômico através dos xingamentos homofóbicos que fazia contra o mordomo. O constrangimento da Globo com o núcleo é tão grande que toda a temática da violência foi quase escondida na reexibição. Até a trama da filha foi bastante editada. Quem não viu em 2011 dificilmente entende o que se trata o contexto envolvendo esses perfis.
Eva Wilma era um dos poucos pontos positivos com a sua Tia Íris. Sua parceria com a Thais de Campos (Alice) funcionou. Marcelo Serrado esteve muito bem como o afetado Crô, embora a veneração do mordomo em relação a Tereza Cristina tenha sido sem sentido. O perfil era uma caricatura e o ator fez o que foi pedido. Cumpriu a missão e entrou para o primeiro time da atores da emissora. Foi o maior destaque e tomou conta da história, que passou a se sustentar por muitas "esquetes" protagonizadas por ele. Não por acaso era o único personagem lembrado por grande parte dos telespectadores. Virou a "novela do Crô". Mas revendo atualmente fica perceptível como o perfil envelheceu mal. O gay afetado sempre existirá na teledramaturgia, pois existe na vida real, mas esse caso refletia em constantes humilhações nunca rebatidas pelo empregado.
O tal mistério envolvendo o segredo de Tereza Cristina era uma bobagem. Uma besteira ainda maior do que ser filha de uma empregada louca. Sim, esse "mistério" era uma mentida inventada por Tia Íris. O passado tão obscuro era a vilã ser fruto do marido de Íris com sua irmã. A tia nunca se conformou com o caso do esposo e inventou a origem humilde da sobrinha para "se vingar". A vilã era irmã de Álvaro (Wolf Maya) só por parte de pai. Ou seja, a perua cometeu inúmeros crimes por um segredo que nem era real. O outro enigma do enredo envolvia o namorado de Crô. Como o personagem cresceu, ganhou essa espécie de trunfo para aumentar ainda mais a audiência. Mas Aguinaldo não revelou a identidade do sujeito nem no último capítulo e citou como "referência" o final em aberto sobre o que tinha na caixa de Perpétua (Joana Fomm), em "Tieta". Mas, ao contrário do clássico de 1989, ficou evidente que o autor nem sabia quem era o tal namorado. Inventou para preencher o tempo dos capítulos e não conseguiu escolher o personagem que teoricamente já estava no enredo. O público foi feito de idiota. O enredo do mordomo foi tão mal colocado que a Globo também suprimiu na reprise. E a cena final até hoje é lembrada pela direção deprimente de Wolf Maya e a situação constrangedora criada pelo autor. Tereza Cristina foi dada como morta após uma sequência péssima da vilã naufragando com Pereirinha (José Mayer) em alto mar. Mas a perua apareceu na última cena em um carro de luxo debochando de Griselda, que foi atrás da inimiga segurando uma chave de grifo. Um desfecho vergonhoso.
"Fina Estampa" é um produto meramente escapista, mas nem para leveza funciona. A prova é a quantidade de personagens esquecíveis e tramas que não ficaram na memória. Até o ator Marco Pigossi (intérprete do machista Rafael), em uma live recente e deixando a ética de lado, declarou que a novela deveria ter sua reprise proibida pela quantidade de absurdos ditos no enredo. O grande público lembrar apenas do Crô é resultado da falta de densidade de todas as situações criadas por Aguinaldo Silva. A emissora teve uma boa estratégia ao escolher o folhetim de sucesso como "tapa-buraco", mas uma história desinteressante, rasa e com várias atuações abaixo da média não merecia ser reprisada em qualquer horário.
"O Clone" foi uma bela criação da dramaturgia do Brasil
Entre 1º de outubro de 2001 e 14 de junho de 2002, a televisão aberta exibiu "O Clone", um de seus maiores sucessos, e ainda conseguiu emplacar em vários países, consolidando seu êxito. A novela de Glória Perez foi um de seus melhores trabalhos da carreira e a autora foi muito feliz na construção desta história tão rica e repleta de personagens atraentes.
Protagonizada por Giovanna Antonelli e Murilo Benício, o folhetim estreou pouco depois do atentado às Torres Gêmeas, tragédia que abalou os Estados Unidos e chocou o mundo. Houve até um certo desconforto inicial, uma vez que parte da trama era ambientada em Marrocos, na cidade de Fez, onde viviam vários muçulmanos. Mas a polêmica não durou muito tempo e os costumes daquele povo caíram no gosto popular, comprovando que o núcleo foi um dos muitos acertos da produção.
A novela abordou vários temas polêmicos e soube explorá-los com competência. Dividida em duas fase, a história começa em 1983, apresentando a vida de Leônidas (Reginaldo Faria), rico empresário, pai de gêmeos idênticos (Lucas e Diogo, vividos por Murilo), que não tem muito tempo para os filhos.
Jade (Vivida por Giovanna) é uma muçulmana que vive no Rio de Janeiro, quando acaba voltando para Fez, após a morte de sua mãe (Walderez de Barros). Os filhos de Leônidas vão passar férias em Marrocos com o padrinho de Diogo (o geneticista Albieri - Juca de Oliveira) e a partir de então o destino de Jade e Lucas se cruza.
O romance do casal protagonista, impedido pelos rígidos costumes da família da mocinha, arrebatou o telespectador e a química do par era evidente. Já o acidente de helicóptero que mata Diogo resulta na trama envolvendo a clonagem humana, uma vez que Albieri guarda as células de Lucas, depois que o rapaz vai em seu laboratório extrair uma pinta. Tudo para 'reviver' Diogo. A situação rendeu ótimos desdobramentos e ainda fez Murilo Benício se destacar, pois o ator acabou interpretando três personagens distintos, ainda que iguais: os gêmeos e o clone.
A segunda fase é iniciada em 2001, prosseguindo com todos os dramas apresentados na primeira e ainda acrescentando novos núcleos que deixaram a novela ainda mais interessante. O mais dramático foi o protagonizado por Débora Falabella, que impressionou com sua atuação na pele da rebelde Mel, uma viciada em drogas, filha de Lucas com Maysa (Daniela Escobar). As cenas mais fortes da novela foram vividas por ela e algumas entraram para a história da teledramaturgia pela entrega da atriz. O alerta sobre o consumo de substâncias ilícitas mesclou entretenimento e utilidade pública.
Já a parte cômica da história ficou por conta de duas personagens, cujos bordões ainda são lembrados pelo telespectador: Dona Jura (ótima Solange Couto) e Odete (maravilhosa Mara Manzan). Jura tinha um bar e vendia pastéis que faziam um baita sucesso. O bordão "Né brinquedo, não" virou febre, assim como o "Cada mergulho é um flash", proferido por Odete, personagem hilária interpretada pela saudosa Mara, que amava frequentar o Piscinão de Ramos e incentivava sua filha Karla (Juliana Paes) a dar o golpe da barriga --- essa trama hoje em dia seria bem criticada até pelas resoluções absurdas da autora.
O núcleo de Marrocos também obteve êxito e as danças dos personagens faziam sucesso, assim como as expressões ditas por eles, como o inesquecível "Ishalá", falado constantemente por Khadija (Carla Dias). A solteirona Nazira (Eliane Giardini) também foi outro destaque desta trama, assim como Zoraide (Jandira Martini), cúmplice e confidente de Jade. E impossível não lembrar do rabugento Tio Abdul (saudoso Sebastião Vasconcellos), defensor da moral e dos bons costumes, que vivia mandando as pecadoras "Arder no mármore do inferno".
utro acerto da novela foi a questão do alcoolismo, abordada com competência através de Lobato, vivido magistralmente por Osmar Prado. Nesse mesmo núcleo havia uma vilã que não media esforços para atingir seus objetivos, a Alicinha, muito bem interpretada por Cristiana Oliveira. Vale destacar também as brilhantes atuações de Cissa Guimarães (Clarisse) e Thiago Fragoso (Nando), que emocionaram várias vezes nas cenas onde a mãe se desesperava com o vício de drogas do filho, que era amigo das também viciadas Mel e Regininha (Viviane Victorette).
Além dos ótimos profissionais já citados, a novela também contou com outros excelentes atores, como Nivea Maria, Adriana Lessa (perfeita na pele de Deusa, a mãe do clone), Ruth de Souza, Elizângela, Beth Goulart, Antônio Calloni, Letícia Sabatella, Françoise Fourton, Perry Salles, Totia Meirelles, Guilherme Karan, Léa Garcia, Stênio Garcia e Marcello Novaes. A trama ainda foi a última da carreira do mestre Mário Lago, que veio a falecer meses depois.
Curiosamente, a reprise no Canal Viva serviu para observar melhor algumas falhas que não são muito faladas pelos saudosistas. O núcleo de Dona Jura é bem deslocado dos demais enredos e tem como única função preencher o tempo dos capítulos com convidados especiais que visitavam o bar da popular personagem. Era o elemento utilizado pela autora para enrolar o telespectador. Há uma barriga bem clara na história, algo bem comum na época, importante ressaltar. A primeira fase, principalmente, cansa pelo ritmo arrastado e os conflitos também se desgastam perto do meio da produção. Até as idas e vindas de Jade e Lucas se esgotam. A burrice dos protagonistas é outro problema evidente. A sorte foi mesmo a química dos intérpretes. Felizmente os meses finais reaquecem os dramas e a novela volta a prender.
"O Clone" foi um marcante folhetim e Glória Perez viveu um grande momento. Com 221 capítulos, a produção está na lista dos mais elogiadas e lembradas novelas da dramaturgia nacional e fez por merecer a boa aceitação da reprise no Canal Viva.
Valeu rever a Proclamação da Independência do Brasil em "Novo Mundo"
A ótima "Novo Mundo" está em plena. E uma das muitas qualidades da trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi a mescla de ficção com fatos históricos. Os autores foram muito habilidosos na construção de um folhetim clássico, tendo uma passagem importante da história do país como enredo central. E um dos momentos mais aguardados do enredo foi ao ar na exibição original, em 2017, bem no dia 7 de setembro: a declaração da Independência do Brasil.
Primeiramente, é preciso aplaudir a precisão dos escritores, há três anos, em colocar a cena justamente no dia que realmente aconteceu o fato. Obviamente, a precisão não foi se repetiu na reprise. Mas é apenas um detalhe. O grito de Dom Pedro (Caio Castro) foi arrepiante e conseguiu cercar esse momento emblemático com todo o clima necessário. Era um clímax bastante esperado, não apenas em virtude do contexto tão presente nos livros de história, como também pela trajetória do príncipe e da princesa que o público tem acompanhado desde a reestreia da novela.
A emoção da sequência foi temperada já no capítulo anterior com a exibição da belíssima cena em que Leopoldina (Letícia Colin) ignorou as ameaças da Corte Portuguesa e assinou a separação do Brasil de Portugal. Nomeada princesa regente pelo marido, a respeitável mulher reuniu os ministros e, com o apoio deles e de José Bonifácio (Felipe Camargo), tomou a decisão mais importante da história do país.
Após a assinatura, Joaquim (Chay Suede) ainda gritou "Viva o Brasil", provocando um inevitável sentimento de patriotismo em quem assistia, por pior que seja o atual cenário político. Todos os atores emocionaram, com destaque para Letícia.
Por sinal, vale observar que foi realmente Leopoldina que assinou a Independência. É um fato histórico. Mas, infelizmente, poucos dão importância e nem há um grande enfoque nos livros sobre isso, priorizando o grito de Dom Pedro. Esse é mais um ponto positivo da novela, pois houve uma justa valorização a um perfil tão importante para o Brasil. A princesa passou a ser vista e lembrada com outros olhos em grande parte por causa do folhetim. A força da teledramaturgia é muito grande e a própria atriz ficou marcada na carreira pela sua brilhante atuação, fazendo dessa personagem real uma pessoa tão cativante. Foi seu melhor momento até hoje.
A assinatura da princesa regente foi o gancho do capítulo, servindo de preparação para o grande momento. Após a passagem de Dom João (Leo Jaime) e Carlota Joaquina (Débora Olivieri), o casamento arranjado de Dom Pedro e Leopoldina, o retorno dos reis para Portugal e o Dia do Fico, chegou a hora da declaração da Independência do Brasil e pela primeira vez o contexto histórico teve mais importância que o enredo ficcional. O grito de "Independência ou Morte", com todos ao redor gritando jundo com Dom Pedro, foi de arrepiar.
A gravação da cena da proclamação durou quatro horas e reuniu 160 pessoas, entre equipe e figuração. Foram usadas 23 mulas, sete cavalos, 20 armas longas, 10 espadas e 80 figurinos de escravos, índios, fazendeiros, homens do campo e militares. Uma produção extremamente trabalhosa para um dos momentos mais esperados do enredo. E o resultado foi perfeito, valendo todo o esforço.
A cena da Independência do Brasil foi marcada pela cuidadosa direção de Vinícius Coimbra, bom texto dos autores e entrega do elenco, que mergulhou no clima de um dos momentos mais citados e lembrados da História do Brasil em "Novo Mundo".
Humilhação de Domitila destacou Agatha Moreira em "Novo Mundo"
E um dos momentos mais aguardados da trama foi a queda de Domitila (Agatha Moreira). A amante de Dom Pedro (Caio Castro), conhecida nos livros de História como a Marquesa de Santos, acabou mais vilanizada pelos autores Alessandro Marson e Thereza Falcão, privilegiando o bom folhetim, criando assim uma maior rivalidade com a doce princesa Leopoldina (Letícia Colin). A estratégia se mostrou um acerto e o desmascaramento da personagem destacou a atriz.
Inicialmente, Domitila parecia uma vítima sofredora, padecendo com as agressões do marido violento (Felício - Bruce Gomlesvky) e sofrendo nas mãos da irmã, a interesseira Benedita (Larissa Bracher). O início de seu romance com Chalaça (Rômulo Estrela), por sinal, rendia cenas delicadas para o casal. Entretanto, aos poucos, a verdadeira face da mulher foi sendo exposta para o público através de atitudes egoístas e traiçoeiras. O lado maquiavélico se firmou desde que ela adotou como principal meta a sua aproximação de Dom Pedro, com o intuito de se livrar do marido e conseguir a guarda dos filhos.
Mas, na verdade, Domitila sempre quis uma vida luxuosa e a posição de princesa do Brasil. Tanto que assim que conseguiu a guarda das crianças, as internou em um colégio. Também não pensou duas vezes antes de trair Chalaça, fazendo o amante odiar seu até então melhor amigo.
Quanto mais manipulava Dom Pedro, mais conseguia atingir seus objetivos, passando por cima de todos que atravessassem seu caminho. Se aliou até a Thomas (Gabriel Braga Nunes) para conseguir um dinheiro à parte através de acordos políticos, usando o príncipe como isca. Ou seja, ela acabou virando a maior vilã do enredo.
E, como sempre ocorre com as diabas das novelas, a maior expectativa era justamente em torno da sua desgraça. A longa espera valeu a pena. A sequência em que Chalaça armou uma cilada para a víbora, proporcionando o esperado flagra de Dom Pedro, ficou muito boa, destacando Agatha Moreira, Caio Castro e Rômulo Estrela. A atriz emocionou no confronto da mau-caráter com o ex, fazendo uma ótima dobradinha com Rômulo. Domitila confessou todas as suas armações e ainda tentou sensibilizar o amigo do príncipe demonstrando um falso arrependimento. A cena foi difícil, explorando o poder de manipulação daquela mulher.
Já o restante da sequência, com Dom Pedro transbordando de ódio para o desespero da amante, se mostrou ainda melhor. O marido de Leopoldina finalmente enxergou a verdadeira Domitila, não escondendo a fúria e a decepção. O momento em que ele a expulsou do Solar, a jogando no meio da rua, lavou a alma do público.
Agatha Moreira protagonizou sua melhor cena na novela e o choro de desespero da vilã foi vivenciado com total entrega da atriz. A intérprete, inclusive, se destacou ano com a mediana "Haja Coração", mesmo em um papel que se perdeu pelo caminho. Ela é uma grata revelação de "Malhação Intensa", temporada de 2012, onde viveu a doce Ju. Não por acaso ficou tão disputada pelos autores.
Alessandro Marson e Thereza Falcão foram corajosos na alteração da história real de Domitila em prol de uma boa ficção. Afinal, é sabido que a Marquesa de Santos nunca foi uma mulher sem caráter ou "malvada" e seguiu como amante de Dom Pedro, indo até morar junto com Leopoldina. Porém, seria demais acompanhar toda essa triste história também no mundo da fantasia. É certo que a vilã terminará com o príncipe novamente, pois não é possível tamanha liberdade poética. A melhor solução criada pelos autores foi o encerramento do enredo antes da morte da princesa do Brasil. E valeu acompanhar pela segunda vez essa derrocada de Domitila na reprise de "Novo Mundo". Agatha Moreira foi a maior beneficiada e na época nem imaginava que dois anos antes interpretaria uma personagem mais sarcástica e a melhor de sua carreira até então: a Giovana, de "Verdades Secretas", em 2015.
Há seis anos estreava Malhação Sonhos, uma das melhores temporadas do seriado, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm. Tinha trama, humor, ação, musicais lindos, casais apaixonantes, personagens carismáticos, elenco talentoso, enfim...Que saudades. Um belo dia resolvi mudar...
No dia 14 de julho de 2014 estreava "Malhação Sonhos", substituindo a fracassada "Malhação Casa Cheia", iniciada em 2013. A partir de então, o público começou a acompanhar uma trama adolescente repleta de tipos críveis, que precisavam enfrentar muitos dilemas e, apesar das inúmeras diferenças de personalidade, tinham algo em comum: todos sonhavam. O sonho era o que movia todos os personagens, sem exceção. Pois esta saga, que durou mais de um ano e envolveu o telespectador, chegou ao fim nesta sexta (14/08/2015), com um capítulo emocionante, tenso e irretocável.
Escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, com direção de Luiz Henrique Rios e Marcus Figueiredo, a história prendeu a atenção desde o primeiro capítulo. Apesar de ser um seriado adolescente, esta temporada foi voltada para todas as idades, uma vez que abordou diversos assuntos com propriedade, sem subestimar o público. O sucesso alcançado fez jus ao conteúdo de qualidade que foi apresentado. Não ficou devendo a nenhuma ótima novela, cujos gastos de produção são bem maiores. E esta foi praticamente a mesma equipe responsável pela "Malhação Intensa", exibida em 2012/2013, que também conseguiu conquistar o telespectador através de um enredo bem escrito.
A saga de vários jovens que buscavam seus sonhos foi muito bem desenvolvida pelos autores, que conseguiram manter o ritmo da história, evitando maiores enrolações ou estagnação do roteiro. O esquema de rodízio em torno dos casais e dos dramas de cada núcleo foi uma das principais razões para o êxito na condução da história. Enquanto uma trama ficava em evidência, repleta de reviravoltas, as demais serviam para 'sustentá-la', deixando um pouco os outros conflitos em compasso de espera. Assim, o enredo ia se encaminhando sem qualquer sinal de desgaste e muito menos com a sensação de 'barriga' ou repetição.
E todas as tramas tiveram seu momento de destaque. A história mesclou com extrema competência a comédia e o drama, havendo ainda muitos musicais, que ajudaram a permear toda a temporada com clipes lindos. Outro grande acerto foi a criação dos casais: todos os pares românticos funcionaram e apresentaram conflitos que envolveram o telespectador. Tanto os principais ---- compostos por Duca (Arthur Aguiar) e Bianca (Bruna Hamu), Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni), Cobra (Felipe Simas) e Jade (Anaju Dorigon) ----, quanto os coadjuvantes ---- compostos por Mari (Malu Campos) e Jeff (Cadu Libonati), Dandara (Emanuelle Araújo) e Gael (Eriberto Leão), Sol (Jeniffer Nascimento) e Wallace (Antônio Carlos), entre outros.
Colocar como pano de fundo uma Academia de Artes (a Ribalta) e uma de Lutas (a do Gael, que ainda rivalizava com a Khan), fazendo uma espécie de comparação entre dois universos completamente distintos, ao mesmo tempo que semelhantes em alguns aspectos, foi mais uma sacada de mestre. Os ambientes complementaram perfeitamente toda a história que foi sendo contada ao longo dos meses. E os relacionamentos estabelecidos, entre os frequentadores destes distintos locais, ajudou bastante nas interações, que muitas vezes resultavam em inúmeros conflitos. Afinal, Duca e Wallace, por exemplo, se apaixonaram por uma atriz e uma cantora, respectivamente, enquanto o guitarrista Pedro se viu envolvido com uma lutadora nada calma. Já o lutador Cobra se envolveu com a dançarina Jade, entre tantas outras relações peculiares. E houve também espaço para semelhante se atrair por semelhante, vide o dançarino Jeff e a cantora Mari.
A história contou ainda com bem construídos vilões, que ajudaram a movimentar o enredo e não ficaram devendo em nada aos 'malvados' de horários mais tardios. Apesar das limitações da Classificação Indicativa,
Lobão (Marcelo Faria) e Heideguer (Odilon Wagner) esbanjaram canalhice e crueldade, fazendo de tudo para atingir seus objetivos. O empresário era um poço de ambição e ganhava dinheiro fraudando torneios de muay thai, enquanto o treinador servia como seu capacho e aliado nos esquemas de apostas. Porém, o psicopata dono da Academia Khan tinha uma fixação por Gael ---- ele nunca perdoou o ex-amigo depois que o mesmo abandonou as lutas para ficar com a esposa ---- e este seu lado passional provocava uma constante rixa com o ricaço.
A tensão desta relação de interesses era um ingrediente a mais nas vilanias da dupla.
Vários temas importantes foram abordados e funcionaram muito bem na condução da trama.
A gravidez na adolescência foi explorada através do drama de Mari; a homofobia pôde ser vista na relação entre o pai Lincoln (Edmilson Barros) e o filho Jeff; o câncer de mama foi tratado com grande sensibilidade com a luta de Lucrécia (Helena Fernandes) pela cura da doença ---- houve até uma cena marcante da personagem fazendo um autoexame, que gerou repercussão ----; o sexismo foi exposto em virtude das atitudes de Duca e Gael em relação ao desejo de Bianca ser atriz e no de Karina em ser lutadora; e o racismo se evidenciou assim que Sol e Wallace melhoraram de vida.
Estas foram as principais questões exploradas, entre outras também citadas ao longo dos meses, que complementaram bem o roteiro e tiveram função no enredo, evitando uma 'panfletagem gratuita' que em nada acrescenta ao conteúdo ficcional (como ocorreu em "Babilônia", por exemplo).
Já as atrativas viradas se mostraram vitais para o fôlego da temporada. Muitas situações tensas e dramáticas marcaram a história, quase sempre provocando uma empolgante reviravolta.
O assassinato de Alan (Diego Amaral), irmão de Duca, foi uma delas. Atropelado por Lobão, o rapaz, que estava prestes a desmascarar o esquema de apostas dos vilões, não resistiu aos ferimentos e sua morte foi um choque para os personagens, destacando o talento dos atores, entre eles Arthur Aguiar e Iná de Carvalho (Dona Dalva). A revelação do suborno de Bianca --- que pagou Pedro para namorar sua irmã --- foi a mais forte, uma vez que culminou na armação de Lobão, que fingiu ser o verdadeiro pai da menina. E tudo só veio à tona depois que Bianca sofreu uma tentativa de sequestro, sendo salva por Duca.
Inúmeras cenas dramáticas marcaram esta fase, destacando principalmente Isabella Santoni, Eriberto Leão, Anaju Dorigon e Bruna Hamu.
Além destas, outras viradas empolgantes movimentaram a história, como: o início do Warriors
--- marcando a nova vida de Karina ao lado de Lobão ---; luta entre Nat (Maria Joana) e Lobão --- que culminou no desaparecimento da personagem, quase morta pelo vilão ---; o sequestro de Karina --- a garota ficou mantida em cárcere privado no apartamento do 'falso pai' ---; a ameaça de Heideguer aos familiares de Cobra no meio do Warriors; a internação de Dona Dalva; o esperado embate final entre Duca e Cobra no torneio --- cuja vitória foi do mocinho ---; a luta demonstrativa entre Lobão e Gael --- onde o canalha dopou o adversário e tentou matá-lo ---; o salvamento de Karina; a fuga de Cobra e Jade --- que ficaram perdidos em um lugar distante ---; a revelação de que Cobra é filho de Gael; o ataque do psicopata Haroldo (Álamo Facó); a prisão de Heideguer --- entregue pelo próprio filho, Henrique (Michel Joelsas) ---; a volta de Nat --- encontrada por Luiz (Maurício Pitanga) em uma clínica psiquiátrica ---; a quase morte de Cobra; a fuga de Nat da clínica; o plano de Lobão para separar Duca e Bianca --- provocando ainda um rompimento do lutador com Gael ---
; entre tantas outras.
Os romances também foram os responsáveis por muitos bons momentos, gerando grandes torcidas do público. A química esteve presente em todos os pares.
Pedro e Karina divertiam com o clima do primeiro amor e as constantes brigas do menino medroso com a garota estressada eram hilárias. A relação de Duca e Bianca era a representação do Gael com sua falecida esposa --- o lutador que não aceita a profissão da atriz --- e os dois precisaram enfrentar uma avalanche de problemas, onde uma gota no oceano ou simples grão de areia mudava tudo, até o final feliz. Cobra e Jade tinham um relacionamento quente e repleto de ironias, que culminou em um lindo casamento. Mari e Jeff eram o retrato da cumplicidade e do afeto, enquanto Sol e Wallace se sobressaíam através da arrogância da cantora, que mandava na relação. João tinha uma paixão por Bianca e a venerava, mas, depois de muito insistir e não ser correspondido, encontrou o amor nos braços de Vicki, menina tão debochada quanto ele. Lírio (Paulo Dalagnoli) e Ruiva (Ana Rios), Dandara e Gael, Delma (Patrícia França) e Renê (Mário Frias); Lincoln e Rute (Josie Antello) também se destacaram. E além de João com Bianca, aliás, alguns outros pares foram formados, como Duca e Nat, Lírio e Joaquina, Henrique e Bianca, Wallace e Ruiva, entre tantas outras 'combinações'.
Teve par para todos os gostos.
O elenco foi repleto de gratas revelações e escalações acertadas. Arthur Aguiar, Bruna Hamu, Rafael Vitti, Isabella Santoni, Felipe Simas e Anaju Dorigon brilharam, honrando a importância dos seus personagens, uma vez que todos moviam a história. Guilherme Hamacek foi ganhando cada vez mais destaque em virtude do seu bom desempenho e Jeniffer Nascimento se sobressaiu através do seu inquestionável talento vocal. Malu Campos foi outra cantora que se mostrou uma boa atriz e emocionou cada vez que soltou sua voz. Já Yasmin Gomlesvsky se entregou na pele da doida Joaquina, que de maluca não tinha nada, e ganhou um justo destaque na reta final. Maria Joana engrandeceu o elenco com sua presença e Nat foi o seu melhor papel até então (ela também esteve em "Araguaia" e "Flor do Caribe"). Outros bons nomes foram Jean Amorim (Marcão), Bruno Fraga (Zé), Ana Rios (Ruiva), Paulo Dalagnoli (Lírio), Lellêzinha (Guta), Jéssica Lobo (Fabi), Dani Dillan (Paula), Gabriel Reif (Rominho), Bianca Vedovato (Tomtom), Ramon Francisco (Rico), Caio Lucas Leão (Luiz Cláudio), Cadu Libonati (Jeff), Antônio Carlos (Wallace), Manu Gavassi (Vicki) e Maurício Pitanga (Luiz), que teve sua importância aumentada nos últimos meses.
Mas os atores mais experientes também fizeram a diferença na temporada. Iná de Carvalho deu um verdadeiro show vivendo a descolada Dona Dalva; Eriberto Leão viveu seu melhor momento na carreira interpretando Gael; Marcelo Faria se destacou na pele do diabólico Lobão; Patrícia França convenceu com sua responsável Delma; Emanuelle Araújo brilhou atuando e cantando com sua doce Dandara; Felipe Camargo se saiu muito bem vivendo o atrapalhado Marcelo; Danielle Suzuki exibiu sua sensualidade através da solitária Roberta; Leo Jaime novamente divertiu revivendo o Nando da "Malhação Intensa"; Mário Frias fez um cativante Renê; e foi um imenso prazer ver Odilon Wagner interpretando um personagem que fez jus ao seu talento. O Heideguer foi um vilão odiável e muito bem escrito. Já Helena Fernandes e Guilherme Piva esbanjaram sintonia, protagonizando inúmeras cenas ótimas através do inusitado 'casal' Lucrécia e Edgar. Ainda é preciso citar o talentoso Edmilson Barros, que divertiu com o arretado Lincoln (o bordão "Mas meniiiiino" era impagável), Josie Antello, Edvana Carvalho (Bete) e Ademir de Souza (que participou durante alguns meses vivendo o canalha Simplício).
A trilha sonora (nacional e internacional) foi outro ponto que complementou este harmônico conjunto. Foram várias músicas bem selecionadas e que ajudaram a contar a história, entre elas: "Agora só falta você" (Pitty), tocada na abertura; "Uma Gota no oceano" (NXZero), tema de 'Duanca'; "Tudo que você quiser" (Luan Santana), tema de 'Majeff'; "Quase sem querer" (Maria Gadú), tema de 'Perina'; 'Beside You' (Simply Red), tema de Karina e Cobra; "I told you so" (Kathryn Dean ---- que fez uma ótima participação na última semana), tema de 'Cobrade'; "Your Window Pain" (Kirsch & Bass), tema de Karina; "Love me again" (John Newman); "Ela me deixou" (Skank); "Meu novo mundo" (Charlie Brown Jr.); "Shake the room" (Gamu); "Summer" (Calvin Harris); "BOP" (Raimundos); entre tantas outras. Foi um presente para os ouvidos.
Mais uma ideia acertada foi a interação através do site da trama, chamado de 'transmídia'. Os telespectadores escreveram várias cenas curtas (chamadas de Fanfics) e os autores selecionaram uma para ir ao ar.
A felizarda foi a autora da sequência em que Bianca sonhava que estava com Duca e João ao mesmo tempo, ocorrendo uma alusão ao clássico "Dona Flor e seus dois maridos". Outra criação de uma fã, que também migrou para a televisão, foi o sonho de Pedro, imaginando Gael e Karina transformados em vampiros ---- houve, inclusive, uma lembrança ao último bom folhetim de Antônio Calmon: "O Beijo do Vampiro".
A reta final da trama foi repleta de emoção e cenas tensas, honrando tudo o que a temporada veio apresentando desde a estreia.
O casamento de Cobra e Jade foi lindo, assim como a reconciliação de Duca e Bianca. A união de Bianca e Jade (as cunhadinhas), aliás, foi um acerto, primando pela comicidade. O relacionamento de João e Vicki mostrou que o nerd encontrou uma garota que o ama pelo que ele é. Já o plano de Lobão, que aproveitou a falta de memória de Nat para manipulá-la, movimentou os momentos mais derradeiros. A luta do vilão com Duca foi muito bem feita, assim como o embate entre Nat e o mocinho. A cena da perseguição ao mestre da Khan também teve uma produção caprichada e a chegada de Josefina (Nanda Costa) ---- que conseguiu comprar a fábrica que servia de local para a academia de Gael e para a Ribalta ---- serviu como um 'bônus' que ajudou a deixar os acontecimentos finais mais tensos, revelando ainda a verdadeira Joaquina, que enganou os personagens e o público.
Os últimos capítulos mesclaram situações emocionantes com outras repletas de adrenalina. A cena em que Lucrécia revela para Edgar que ele é o pai de Jade foi arrepiante.
Helena Fernandes, Guilherme Piva e Anaju Dorigon protagonizaram um momento tocante, que apenas expôs o laço que já existia naquela família. A declaração de amor que Duca fez para Bianca, em meio ao espetáculo "A Megera Domada" ---- que inspirou o par 'Perina' ----, foi outra bonita cena. A sequência do nascimento do filho de Dandara e Gael também primou pela emoção, uma vez que todo o passado aterrorizante do mestre veio à tona --- sua primeira esposa faleceu no parto de Karina. A chegada do bebê, chamado de Miguel (uma referência indireta ao personagem de "Sete Vidas" que teve sete filhos ---- afinal, além de Karina, Bianca e Cobra, Gael também é um pouco pai de João, Pedro e Duca), foi delicada e um belo clipe (ao som de "Amor pra recomeçar", do Frejat) coroou este momento.
Já a tensão ficou por conta de Lobão e Josefina. O mestre da Khan sequestrou Karina ---- um dos maiores clichês novelescos, principalmente no penúltimo capítulo ---- para atrair Gael e conseguiu levar seu rival para onde queria. Esta relação obsessiva que o lutador tinha com o ex-amigo lembrou muito, inclusive, o ódio que Flora (Patrícia Pillar) nutria por Donatella (Cláudia Raia) em "A Favorita". A luta entre os personagens foi excepcional e teve como 'pano de fundo' o incêndio da Ribalta, provocado pelo parceiro da vilã (Paulo - Cleiton Moraes). Os dois lutavam, enquanto a fábrica era corroída pelo fogo. Foram cenas de extremo capricho e recheadas de adrenalina. A tensão aumentou ainda mais quando Nat e Pedro arrombaram a fábrica e conseguiram ajudar Gael. O guitarrista, inclusive, teve um atitude heroica e salvou a sua 'chamuscadinha'. Já Duca lutou com Luiz e Nat acabou salvando Lobão (seu algoz) do incêndio, mandando o canalha direto para cadeia para vê-lo pagar por seus crimes.
E após a sucessão de cenas tensas, o último capítulo ficou voltado para a sensibilidade. Todos se reuniram na fictícia praça José Wilker (uma homenagem ao saudoso ator) e cantaram "É preciso saber viver" (clássico de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, tocado também pelos Titãs), protagonizando o último clipe da temporada, que ficou tão lindo quanto os anteriores. Lucrécia, Gael, Nando e Edgar fizeram um belo discurso sobre a arte de sonhar, que precisou ser renovada depois da Ribalta ter sido destruída pelo fogo. Além deste bonito momento, o público ainda pôde ver a punição de Josefina, que acabou presa junto de seu comparsa. E os casais tiveram seus merecidos finais felizes, sendo uma grata surpresa a exibição de um beijo entre duas meninas e dois homens, em meios aos inúmeros pares que se formaram na trama.
Já a última cena lembrou o desfecho da temporada "Intensa", dos mesmos autores. Nando ('coincidentemente' o personagem que participou das duas temporadas) contou o final de todos os personagens e foi emocionante ver os sonhos se realizando, um a um. Sol virou uma cantora de sucesso (uma Beyoncê brasileira); Pedro um guitarrista famoso; João um comediante de sucesso; Jade uma enfermeira dedicada; Cobra um lutador vitorioso; Nat uma campeã de muay thai; e Karina finalmente começou a lutar profissionalmente, sendo treinada pelo seu pai. Bianca se transformou em uma atriz requisitada; Wallace foi treinar na Tailândia; e Duca e Gael viraram sócios em uma Academia chamada de "Força e Honra". O único 'pesadelo' foi de Heideguer, Lobão e Luiz, que acabaram presos na mesma cela e jogando xadrez. Uma punição merecida. A imagem final foi com todo o elenco, direção e equipe reunidos na cidade cenográfica, soltando balões em meio a fogos de artifício. Um encerramento belíssimo de uma temporada que entrou para a lista das melhores.
Com um final irretocável, "Malhação Sonhos" fecha seu ciclo e entra para a lista das melhores temporadas
Com um final irretocável, "Malhação Sonhos" fecha seu ciclo e entra para a lista das melhores temporadas
"Malhação Sonhos" ficou praticamente 14 meses no ar, ou seja, mais de um ano. Foram 280 capítulos. Após a bem-sucedida temporada em 2013 ("Intensa"), Rosane Svartman, Paulo Halm e equipe conseguiram mais uma vez apresentar uma trama de grande qualidade. Os autores, inclusive, se mostram aptos para a estreia de "Totalmente Demais", primeira novela da dupla, cuja estreia será em novembro, no horário das sete. A fase, que acaba de ter o seu longo e elogiado ciclo fechado, conquistou o público, a crítica e ainda conseguiu comemorar os 20 anos do seriado adolescente (completados em abril) em grande estilo ----- afinal, a audiência também correspondeu, elevando os índices da temporada passada. Foram muitos dramas, risos, músicas e tensão ao longo deste tempo. E valeu muito a pena ter acompanhado cada conflito, cada reviravolta, cada relação, cada história. Porém, tudo tem um prazo para terminar e é bom que se encerre deixando um gosto de saudade, como esta temporada deixou. O sonho foi delicioso e deu para aproveitá-lo ao máximo. Mas chegou a hora de acordar. Resta agora a lembrança que ficou de uma produção onde absolutamente tudo funcionou. Força e honra!
Por que o "Mais Você" ainda não voltou à grade da Globo?
A programação matutina da Globo sofreu uma drástica alteração logo no início da pandemia do novo coronavírus, há mais de três meses. O jornalismo dominou as manhãs e programas como o "Mais Você" e o "Encontro" saíram do ar. Porém, a emissora resolveu trazer de volta a atração de Fátima Bernardes 49 dias depois. E inseriu Ana Maria Braga em um quadro de receitas dentro do formato da colega. Na verdade uma reprise das melhores receitas. Essa alteração vem provocando algumas dúvidas pertinentes.
Primeiramente, é preciso ressaltar as razões óbvias para o afastamento de Ana. A apresentadora tem 70 anos e está no grupo de risco da COVID-19. A doença é a principal causa das mortes dos idosos durante a pandemia. Para culminar, Ana está recém-curada de um terceiro câncer e na época do surgimento do coronavírus no Brasil ainda estava em pleno tratamento. A Globo agiu com todo o cuidado necessário e merece reconhecimento.
Todavia, as aparições de Ana Maria no meio do "Encontro" provam que o retorno do "Mais Você" já deveria ter acontecido há pelo menos dois meses. Claro que seria um absurdo a apresentadora ir diariamente aos Estúdios Globo gravar seu programa, como tem feito Fátima Bernardes. Mas Ana está atualmente em sua fazenda e vem anunciando as reprises de suas melhores receitas, e até realizando ações de merchandising, de lá. A imagem, vale observar, é de ótima qualidade, o que prova ser oriunda de equipamentos fornecidos pela própria emissora. Não são gravações feitas em celular ou computador/notebook.
Se Ana Maria Braga tem conseguido apresentar muito bem de sua fazenda através da boa estrutura fornecida pela emissora, qual a razão do "Mais Você" ainda não ter retornado? Não haveria problema nem nas gravações de matérias com repórteres, como Talitha Morete, uma vez que Ana apenas chamaria as reportagens, como já fazia bem antes do surgimento da pandemia. Não ocorreria apenas as entrevistas com artistas da Globo presencialmente e nem faria falta. A única presença a mais da fazenda da loura seria de Tom Veiga como Louro José. Ou nem isso, pois o parceiro da apresentadora poderia aparecer em chamada de vídeo.
É preciso lembrar que o "Mais Você" sempre foi uma das maiores audiências da Globo nas manhãs. Ana Maria Braga tem um público muito fiel que vem sentindo falta da apresentadora. Um quadro curto no meio do "Encontro" é muito pouco para o tamanho da apresentadora. Como medida emergencial, é algo compreensível. Mas semana passada Luciano Huck já voltou a gravar seu programa nos estúdios. Faustão retornará em breve. Ana só poderá ir aos estúdios quando a vacina for finalmente criada. Então, até lá, será um mero quadro de reprises durante o programa de Fátima Bernardes? Não dá mesmo para a apresentadora comandar o seu tão longevo formato de sua fazenda?
A resposta é bem óbvia: é perfeitamente possível. Basta a Globo querer.
Valeu a pena rever a melhor virada de "Novo Mundo"
Exibida em 2017, a trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi um sucesso de público, crítica e repercussão. Portanto, a reprise vem comprovando todas as qualidades do enredo. E a maior reviravolta do folhetim foi exibida neste capítulo: Várias cenas bem produzidas que destacaram o trabalho da equipe do diretor Vinícius Coimbra, e promoveram uma virada espetacular na história
com o resgate épico de Anna Millman (Isabelle Drummond), planejado por Joaquim (Chay Suede) e sua gangue de amigos.
Após um longo tempo presa por Thomas (Gabriel Braga Nunes), a mocinha finalmente conseguiu se livrar do vilão graças ao seu amado e os dois fugiram de balão, bem no meio de uma feira de invenções. O capítulo pareceu um filme de aventura da melhor qualidade. Teve lutas coreografadas com precisão, empolgantes embates e cenas de ação bem dirigidas. Um grande destaque foi o duelo entre Jacira (Giullia Buscacio) e Miss Liu (Luana Tanaka), claramente inspirado no clássico filme "O Tigre e o Dragão" (2000).
A briga das duas foi de tirar o fôlego e ainda representou um encontro de civilizações. A índia e a chinesa usaram suas melhores técnicas de luta e se enfrentaram em nível de igualdade, mostrando preparo e treinamento. O instante do desmaio da governanta representou a clássica vitória do bem contra o mal.
As atrizes se entregaram e a direção deixou tudo muito crível, sem qualquer traço de artificialidade. Tanto que a cena demorou quatro dias para ficar pronta. E todo o trabalho valeu a pena. O resultado no ar ficou o melhor possível.
E esse foi apenas um dos vários momentos marcantes do capítulo.
Piatã (Rodrigo Simas) achando a sobrinha, após ter usado seus poderes mediúnicos de pajé, primou pela emoção, sendo necessário citar também o sempre solícito Padre Olinto (Daniel Dantas). A recuperação de Miss Liu, flagrando os índios levando a filha de Anna e chamando a guarda, foi mais um instante de adrenalina, aumentando a tensão e a expectativa para o desfecho da fuga.
Já as cenas oriundas da feira de invenções se mostraram inspiradas, afinal, mostraram produtos comuns hoje em dia como grandes novidades na época, vide o fogão a gás e o extintor de incêndio. Até mesmo a transfusão de sangue entre humanos foi exibida.
E a sequência final se mostrou a mais empolgante, pois até utilizou dois dos elementos da feira.
A chegada de Jacira com a filha da mocinha despertou a fúria de Thomas, que agarrou a esposa, e que acabou impedido por Diara (Sheron Menezzes), que usou o extintor 'recém-apresentado' no vilão. Anna, então, escapou com Joaquim e Quinzinho (Theo de Almeida Lopes), enquanto Jacira lutava novamente com Miss Liu, triunfando pela segunda vez. Até mesmo Wolfgang (Jonas Bloch) ajudou colocando sua bengala para os guardas tropeçarem. Os mocinhos, então, fugiram no balão que seria exibido no final do evento, com direito ao adeus debochado da heroína, deixando Thomas e Miss Liu sem reação. O voo representou muito bem a liberdade do casal,
destacando a sintonia entre Isabelle e Chay.
E o núcleo central não foi o único que apresentou uma grande virada. Os paralelos também.
Sebastião (ótimo Roberto Cordovani) descobriu que a filha Cecília (Isabella Dragão) era a misteriosa Rosa Branca e ainda a flagrou beijando Libério (Felipe Silcler), o jornalista negro que ele sempre odiou. E ainda houve a chegada de Greta (Júlia Lemmertz), irmã arrogante de Wolf que fará da vida de Diara um inferno. Uma vilã que acrescentou muito ao roteiro e melhorou a trama de Diara. Vale destacar também a entrada de Isaura (Priscila Steinman), nova amante de Dom Pedro (Caio Castro) que deixará Domitila (Agatha Moreira) em pânico.
"Novo Mundo" foi um novelão e o capítulo do resgate de Anna teve tudo o que o público merece: ação, emoção, ótimas atuações e uma reviravolta digna de uma superprodução. Um capítulo que enfatizou a razão da trama ter sido tão elogiada e aclamada em 2017. Valeu a pena rever.
Os memes da Silvia louca são maravilhosos e Alinne Moraes deu um show, mas será que hoje em dia as pessoas conseguem perceber que Duas Caras era uma novela que retratava um miliciano como um herói defensor dos pobres e inimigo dos bandidos? Essa trama JAMAIS será reprisada.
um miliciano como um herói defensor dos pobres e inimigo dos bandido /// Essa parte tá sendo reprisada na cabeça dos policiais bandidos.
Lembro da cena em q ele apareceu com uma bazuca e causou polêmica kkkkkk. Afinal, como ele teria fácil acesso a uma bazuca, né mesmo? Hj em dia a gente assistiria com outros olhos, muito embora eu não o visse como mocinho.
Tinha até o envolvimento c a Alzira... A personagem da Flávia Alessandra e a música dela fez um certo sucesso, creio q era Folhetim.
Detestava o Juvenal Antena. Era sobre a favela da portelinha dominada pelo Juvenal Antena, um miliciano "legal".
E acho q a trama mostrou q ele ñ prestava, sim. Acontece q a figura do miliciano ainda era obscura na época, a gente ñ entendia ainda o problema... hj o personagem teria q ser CLARAMENTE mau, vilão total pra ser aceito. Se bem q, no país de nome Brasil...
Então, ao invés da polêmica ser com o miliciano era com a mulher que era dançarina de pole dance.
Além de um branco dizendo em rede nacional ser mais preto que um preto, pois escolheu ser preto. Vide o personagem de Dudu Azevedo, essa novela é um erro!
Eu não lembrava também aí fui rever cenas do casal que ele fazia com a Cris Viana e me deparei com isso... Fiquei em choque pq na época eu torcia pro casal 🤦🏾♂️🤦🏾♂️🤦🏾♂️ ah, ele era vilão, né. Acho. se foi vilão ok ser racista pq não tem caráter. O problema é se era bom moço Ele não era um vilão, era um playboy inconsequente e ele romantizava a negritude e desvalidava quem realmente é preto e passa por todas as questões que isso implica. Na realidade o Agnaldo romantizou toda a história.
A crente era fuxiqueira e gostava de ver o circo pega fogo, teve até uma polêmica com os evangélicos kkk .
E foi nessa que tinha a figura do sufocador né?
Eu amava Silvia Louca... eu achava q era pq a novela mesmo com a Alinne arrasando, ela não foi tããooo unanimidade , mas o seu ponto foi certeiro.
ele era tratado como mocinho o tempo todo, pois é...Detalhe: aquele Zenon, amigo de todas as horas da família Tufão, tb era miliciano.
Eu amava o núcleo da faculdade, com Branca e Célia Mara; show mesmo, pra mim, foi da Marília Pera, eterna diva... amava essa novela kkk Silvia, Maria Paula e Ferraço aff era top
E eu tentei mt odiar o Ferraço e não torcer pro casal com a Maria Paula (Marjorie no papel menos profundo, ainda que 1a protagonista e eu gostei msm assim), e foi impossível não shipar. Vibrei com o final Cara sorridente com os olhos em forma de coração
Primeira vez q exaltei Alinne Moraes rainha ❤ Só ela e o casal - Maria Paula y Ferraço, ¡amaba esa pareja! - salvavam naquela bomba.
Eu lembro de shippar muito Maria Paula e Ferraço quando ele começa a se redimir e se apaixonar por ela. Ao som de same mistake . Só isso que lembro.
"Triturando" é a mais recente prova do amadorismo de Silvio Santos
Não é novidade que Silvio Santos nunca levou o SBT a sério. A emissora seria a vice-líder isolada com certa folga se o empresário a tratasse com a mínima responsabilidade. Por isso, não é por acaso que tem sempre disputado o segundo lugar com a Record e ainda não se fixou em terceiro porque seu nicho é quase igual ao da concorrente. O "Triturando" é a maior prova recente do amadorismo do dono do Sistema Brasileiro de Televisão.
O programa se chamava "Fofocando" em 2016, quando foi criado por Silvio para frear o crescimento da Record na faixa vespertina com a "Hora da Venenosa" ---- quadro de fofocas da Record comandado por Fabíola Reipert, dentro do "Balanço Geral", que conseguia até a liderança e deixava o então "Vídeo Show", da Globo, para trás. Agora, nunca alcançou o objetivo e raramente saía do terceiro lugar. A Record ainda se mantinha em segundo através das reprises de suas novelas, como os remakes de "Betty - a feia" e "Escrava Isaura".
Leão Lobo e Mama Bruschetta (Luiz Henrique), que estavam há anos na TV Gazeta, foram contratados para a atração e dividiam a apresentação com um tal "Homem do Saco" (Dudu Camargo), que comentava as fofocas com um saco de papelão na cabeça. Algo constrangedor. Os horários do formato eram mudados constantemente, até ser fixado às 15h. Em janeiro de 2017, o título mudou para "Fofocalizando". Com qual objetivo? Nenhum. Tudo continuou igual e até hoje ninguém sabe explicar a razão da mudança.
E foram várias alterações no comando do programa ao longo dos anos. Décio Piccinini entrou para substituir o "Homem do Saco" e ficou um tempo formando um trio com Leão e Mama. Léo Dias acabou contratado para dar notícias exclusivas e o jornalista polêmico conseguiu aumentar a audiência da atração com suas fofocas. E, não demorou para os apresentadores virarem as notícias. Isso porque a entrada de Mara Maravilha, contratada para o elenco fixo, resultou em um amontoado de brigas entre os integrantes. E Silvio adorava. Tudo piorou quando Livia Andrade também entrou para o time em 2018. Livia e Mara nunca se deram e os barracos eram quase diários. Entre discussões e ofensas. Uma acabava afastada por um período e depois a outra era a punida, como se fosse a quinta série de uma escola. Nem Léo aguentou e pediu demissão.
A pandemia do coronavírus implicou no afastamento de Leão Lobo em 2020 e Chris Flores foi colocada no time de apresentadores fixos ao lado de Lívia Andrade e Gabriel Cartolano. Ocorre que em maio o programa acabou cancelado por Silvio Santos por conta da baixa audiência. O formato estava com um quadro chamado "Triturando". Era um momento em que os apresentadores criticavam duramente artistas que protagonizavam situações deprimentes. Uma espécie de "Nota Zero" da coluna de Patrícia Kogut, em O Globo. E simbolizavam a crítica com a imagem da pessoa em uma folha de papel triturada por um "robô". O dono do SBT achava isso tão divertido que decidiu transformar o quadro em programa. Então mudou o nome de "Fofocalizando" para "Triturando" e retirou Lívia Andrade da apresentação. Ana Paula Renault (ex-BBB16) e Flor foram as escolhidas como apresentadoras fixas ao lado de Cris e Gabriel.
Por mais incrível que pareça, o formato conseguiu ficar ainda pior. Como o quadro durava poucos minutos, foi impossível estendê-lo em uma hora e nem havia tanta gente assim para criticar. A solução foi colocar músicas antigas para "análise". Baseado apenas na opinião dos apresentadores, era decidido que música tinha qualidade ou não. Para culminar, perguntas estúpidas eram feitas para o público através de enquetes surreais. "Como você prefere morrer? Esfaqueado, com um tiro de revólver ou envenenado?"; "Você prefere comunismo, socialismo ou capitalismo?" e "O que você prefere? Garota de Programa, Sugar Daddy ou Mulher de Bordel?" eram alguns dos questionamentos. Chris Flores sempre é a que mais sofre com as situações constrangedoras da atração. É visível seu descontentamento. Em um dos programas, para preencher a falta de conteúdo, a competente jornalista se viu obrigada a ler piadas de um dos livros do comediante Ary Toledo no ar. É preciso citar que a contratação de Ana Paula foi um acerto. Desenvolta, a também jornalista consegue tirar leite de pedra. Mas, assim como Chris, não faz milagre.
A mais recente alteração afundou o formato ainda mais. Se antes o dono da emissora estava insatisfeito com o terceiro lugar, agora se vê obrigado a engolir uma quarta colocação e às vezes até quinta. Chegou a marcar 2,5 pontos, índice bom para uma "Rede TV!", mas catastrófico no SBT. Silvio chegou a anunciar a volta do "Fofocalizando" e de Lívia Andrade no time de apresentadores para esta segunda-feira (22/06), mas desistiu na véspera e decidiu manter o "Triturando", agora também com comentários de notícias policialescas. Como é fácil notar, não interessa se o programa se chama "Fofocando", "Fofocalizando", "Triturando" ou "Cochilando". A ausência de qualidade é a mesma. A única verdade é a total incapacidade de Silvio Santos em comandar uma emissora de forma séria e não usá-la como seu brinquedinho particular.
A pandemia do novo coronavírus implicou em uma catástrofe mundial e com milhares de mortes. A luz no fim do túnel é a criação da vacina, que ainda parece distante. E a situação tão assustadora para muitos acabou impulsionando o jornalismo. A importância da imprensa sempre foi grande, mas agora está ainda maior. O Brasil é o melhor exemplo. Os telejornais têm funcionado como fontes de informações confiáveis diante de um governo que nega a gravidade do atual momento. E o "GloboNews em Pauta" se firmou como o melhor produto do canal a cabo.
É evidente que as emissoras abertas seguem dominando o alcance nos lares. Tanto que o "Jornal Nacional" é a maior referência e o expressivo crescimento de audiência é a prova. Porém, a "GloboNews" também cresceu ainda mais por conta da intensa cobertura sobre a pandemia e o desastre do governo. Não por acaso se isolou na liderança entre os canais por assinatura. Nem a estreia da "CNN" abalou os números do canal. E o "Em Pauta" virou o maior atrativo da programação por vários fatores.
O programa está no ar desde 2010 e se solidificou na grade com méritos. O formato permite uma mistura de descontração e seriedade através de boas análises com competentes jornalistas ao longo de duas horas A identidade da atração sempre foi a repercussão das notícias no dia. Mas a duração foi aumentada em uma hora em virtude do conturbado período que o Brasil e o mundo atravessam. A mudança não poderia ter sido melhor. Até um ano e meio atrás, a edição durava uma hora e havia menos debatedores. O dobro do tempo não resulta em algo desgastante por conta das ótimas conversas protagonizadas pelo âncora e seus colegas que aparecem na telão dividido, algumas vezes, em até cinco partes.
Marcelo Cosme está no comando do programa desde o final de janeiro de 2019 e se firmou no posto. Sérgio Aguiar era o apresentador até então, mas se transferiu para a Record na época. Após a mudança, o formato cresceu no Ibope e a boa aceitação do jornalista garantiu uma vaga para Cosme no rodízio de apresentadores do "Jornal Hoje", na Globo, desde setembro do ano passado. E o reconhecimento é merecido. Marcelo consegue comandar a edição com desenvoltura e imprime um tom menos formal. Sua intimidade com os correspondentes também é nítida.
Aliás, o time de jornalistas é de alto nível. Andréia Sadi virou uma das referências em cobertura política e sempre se destaca, assim como Gerson Camarotti, Eliane Castanhêde e Cristiana Lôbo. A participação frequente de Fernando Gabeira agrega muito, enquanto é prazeroso ouvir as análises de Miriam Leitão, Guga Chacra e Jorge Pontual. Carlos Alberto Sardenberg e Mônica Waldvogel também merecem menção pelos bons comentários sobre a falta de rumo do governo na economia. Demétrio Magnoli, Sandra Coutinho e Natuza Nery são outros nomes que só somam ao excelente time.
Mas não é tudo. Na edição da terça-feira (02/06/2020), o programa foi duramente criticado pela ausência de debatedores negros durante a cobertura dos históricos protestos contra o racismo nos Estados Unidos ---- que surgiram em virtude do assassinato covarde de George Floyd, cidadão negro sufocado por nove minutos por um policial branco, em uma imagem devastadora. E realmente não havia, até então, jornalistas negros fixos na atração. A Globo aceitou as críticas e na edição de quarta-feira (03/06) exibiu um programa histórico. Marcelo Cosme admitiu o erro apontado pelos telespectadores e ainda exibiu no ar o tweet de Irlan Simões ("Rapaziada... a pauta é racismo...") com a imagem de todos os integrantes brancos. O jornalista cedeu seu lugar ao decano Heraldo Pereira, que comandou o formato por um dia e anunciou a presença das cinco comentaristas negras: Lilian Oliveira, Aline Midlej, Flávia Oliveira, Zileide Silva e Maju Coutinho. Os seis debateram ao longo de duas horas sobre o racismo no Brasil. E a grata surpresa foi o anúncio de Flávia Oliveira e Zileide Silva como novas integrantes do time, que ficou ainda melhor.
O "GloboNews em Pauta" virou um programa imprescindível e se consagrou como o melhor produto do principal canal de notícias da Globo. Vale citar ainda os bons debates que ocorreram na atração com convidados. Em um deles quatro governadores foram chamados para uma conversa sobre a importância das medidas de isolamento social e em outro momento cientistas e médicos debateram sobre as consequências do coronavírus no futuro. É inegável a relevância do jornalismo em qualquer momento, mas atualmente se tornou algo vital. E esse formato comandado por Marcelo Cosme é o de maior qualidade hoje.
A novela também recebeu críticas sobre algumas abordagens. Foi o caso da "coach" Adriana (Julia Dalavia), que desvendou o caso de abuso envolvendo Laura e Vinícius. Na época, o Conselho Federal de Psicologia se pronunciou, alegando que um profissional da área médica deveria ter tratado a menina.
Questões como racismo e homofobia também tiveram cenas fortes e, por vezes, caricatas. No caso de Samuel e Cido (Rafael Zulu), a trama enveredou para um humor desnecessário e forçado. Porém, teve um desfecho bonito, levantando a bandeira da diversidade e respeito.
Uma das grandes promessas de maldade no início da trama, a personagem de Grazi Massafera não disse a que veio. Perdeu força e ficou submissa aos desmandos de Sophia.
Será que ainda tem tempo de no capítulo final de 11.05.18 todas as indagações serem respondidas?
Faltou comentar que nenhum tribunal brasileiro funciona daquele modo. O autor utilizou o modelo dos Estados Unidos na novela. No Brasil, nenhum julgamento ocorreria como o do julgamento do delegado pedófilo ou da própria Sofia. Quem vê estes dois julgamentos, acredita que Brasil e Estados Unidos têm o mesmo sistema judiciário. Não é nem parecido.
Minha mais severa critica é: o que aconteceu com Renato??? morreu? fugiu? não apareceu o corpo dele sendo levado do local onde ocorreu o cativeiro... essa cena ficou "no ar" sem desfecho....
Acredito que não pois parece-me e posso estar errado mais o carro de Rato que atropelou a Juíza e seu próprio assassinato está sendo esquecido de maneira inadmissível; Bem como as falcatruas de Jô juntamente com o galã namorado da mãe de Clara que deveria ser melhor esclarecido e até agora ele se porta como bozinho/mocinho mas teve ações de canalha em vários momentos! Somente quem como eu que já fui vítima destas atrocidades demonstradas na ficção por Walcyr Carrasco a quem denunciei minha história verídica que faz com que o juiz da 6ª Vara Cível de Uberlândia/MG Dr. Armando Conceição Ferro tenha feito do Magistrado da Novela /Ficção Dr. Gustavo (Luiz Mello) se tornasse fichinha perto do fato concreto de minha história de vida transformada numa verdadeira saga! SOS Socorro Urgente HELP Glória Perez, Walcyr Carrasco, Luiz Fernando Veríssimo, João Emanoel Carlos e demais autores e escritores como Paulo Coelho e Jô Soares que podem nos ajudar a fazer a Justiça no Brasil de fato melhorar dando-nos direito a voz como vítimas e principais prejudicados além de verdadeiramente interessados!
É a primeira oportunidade do telespectador assistir ao folhetim em HD, já que em 2008 a maioria das televisões no Brasil não tinha resolução em alta definição. A novela marcou a teledramaturgia porque começou a ser exibida para o público sem as 'determinações' clássicas a respeito de quem era mocinha e quem era vilã. O telespectador não ficou na condição privilegiada de saber o contexto do enredo, muito pelo contrário, ele simplesmente passou a fazer parte daquela trama, podendo ser enganado ou não pelas duas principais personagens. Eram duas versões de uma mesma história e a pergunta exposta no teaser chamava atenção: "Quem está falando a verdade?". Um dos atrativos era justamente bancar o detetive, analisando o comportamento dos perfis.
O público se viu na mesma condição dos personagens, não podendo julgar quem acreditava ou não em quem. Afinal, o telespectador ficou tão em dúvida quanto várias figuras pertencentes ao enredo tão bem trabalhado pelo autor. Felizmente, João, muito inteligentemente, soube induzir com competência, abusando de estereótipos clássicos em folhetins.
Era normal achar que a loira, de olhos claros e cara de sofrida (que havia cumprido pena de 18 anos por ter assassinado um homem) era inocente e tentava se vingar de seus delatores, após ter ficado longe da filha (Lara - Mariana Ximenes) por tanto tempo. Flora (Patrícia Pillar) carregava todos os atributos de uma vítima injustiçada.
Ao mesmo tempo que Donatela (Cláudia Raia), uma mulher rica, arrogante e perua tinha todas as características de uma vilã em potencial. E a personagem sempre garantiu que Flora era uma demônia que havia assassinado seu marido, Marcelo (Flávio Tolezani), a sangue frio. A novela foi se desenvolvendo em torno dessa disputa de 'verdades', e, apesar das induções do autor, não dava para ter certeza a respeito de quem era culpada ou vítima da situação. Havia um clima de suspense constante que deixava a trama imperdível, onde as peças do quebra-cabeças eram encaixadas aos poucos, à medida que os capítulos se desenrolavam. Aliás, essa ousadia do escritor provocou um natural estranhamento do público, refletindo em uma audiência abaixo do esperado nas primeiras semanas.
Então, a história caiu do gosto popular assim que a grande revelação foi feita, em uma das melhores viradas da teledramaturgia. Após apontar uma arma para Flora, ameaçando matá-la, Donatela é desarmada pela rival, que tira sua máscara revelando seu instinto assassino, enfatizando que a perua nunca teria coragem de apertar o gatilho, ao contrário dela. A partir de então, o enredo começou a seguir o seu caminho tendo a vilã e a mocinha claramente expostas. A reviravolta se deu antes da metade da trama e serviu para destacar ainda mais Patrícia Pillar e Cláudia Raia na história, que passaram a ser ainda mais exigidas.
Com a revelação, todo o passado das duas protagonistas foi ficando ainda mais em evidência. Elas cresceram como irmãs e eram unha e carne, pois Donatela perdeu os pais em um acidente e acabou adotada pela família de Flora. Ambas tinham vocação para o canto e acabaram formando uma dupla sertaneja (Faísca e Espoleta) de relativo sucesso ("Beijinho Doce" era a música que marcava a parceria), cujo 'empresário' era Silveirinha (Ary Fontoura), um caça-talentos ---- que depois virou mordomo de Donatela e ainda foi para o lado da Flora quando a então patroa se viu arruinada. A turnê da duas acabou interrompida quando Donatela conheceu Marcelo, provocando imenso ciúmes de Flora, que acabou se envolvendo com o malandro Dodi (Murilo Benício) ---- a vilã ainda mandou sequestrar o filho da 'amiga' (Halley - Cauã Reymond) e teve um caso com Marcelo, desestabilizando de vez o relacionamento com a 'quase irmã.'
O enredo central era repleto de detalhes e foi desenvolvido com maestria por João Emanuel Carneiro, que soube rechear a trama com drama, suspense, viradas e thriller. Até porque uma das cenas mais impactantes da história da teledramaturgia foi protagonizada por Patrícia Pillar e Mauro Mendonça, intérprete do ricaço Gonçalo.
Pouco depois de ter descoberto que Flora era uma psicopata assassina, o empresário caiu em uma emboscada armada pela vilã ---- que já havia substituído os remédios do avô de Lara por balinhas ---- e teve um infarto quando viu todos os cômodos de sua mansão ensanguentados, enquanto ouvia a víbora dizer que sua neta e esposa (Irene - Glória Menezes) tinham sido assassinadas por ela.
extraordinária, onde Patrícia e Mauro deram um verdadeiro show de atuação.
A novela também tinhas alguns bons núcleos paralelos. O drama de Catarina (esplêndida Lília Cabral), que era constantemente agredida pelo marido (Leonardo - Jackson Antunes), fez muito sucesso e ainda marcou a estreia de Alexandre Nero nas novelas ---- ele viveu o verdureiro Vanderlei, que era apaixonado por Catarina. O romance de Copola (Tarcísio Meira) e Irene (Glória Menezes) também agradou, assim como todas as situações vividas pela ex manicure Cilene (Elizângela) e suas meninas que eram 'oferecidas'' como acompanhantes de homens ricos pela quase cafetina ----- Manu (Emanuelle Araújo), Sharon (Giovanna Ewbank) e Melissa (Raquel Galvão). Outros perfis que merecem menção são Zé Bob (Carmo Dalla Vechia), Pedro (Genésio de Barros) --- pai de Flora ---, Orlandinho (Iran Malfitano), Dr. Salvatore (Walmor Chagas) e o alienado Augusto Cézar (José Mayer em um perfil completamente diferente dos seus galãs conquistadores).
Claro que nem tudo funcionou. O autor se equivocou em algumas tramas paralelas, deixando personagens avulsos e com enredos que não foram desenvolvidos a contento. O triângulo protagonizado pelo prefeito Elias (Leonardo Medeiros), a esposa Dedina (Helena Ranaldi) e o amante Damião (Malvino Salvador), por exemplo, não disse a que veio, assim como o núcleo do político corrupto Romildo (Milton Gonçalves), que vivia em conflito com os filhos Alícia (Taís Araújo) e Didu (Fabrício Boliveira). O sonho do tímido Cassiano (Thiago Rodrigues) em ser cantor pouco acrescentou e outros perfis também ficaram deslocados, desvalorizando seus intérpretes, como Tereza (Rosi Campos), Lorena (Gisele Fróes), Átila (Chico Diaz), Dulce (Selma Egrei), Arlete (Ângela Vieira), Cida (Cláudia Ohana), entre outros.
"A Favorita", dirigida por Ricardo Waddington, não foi uma novela impecável em virtude dos problemas em alguns núcleos paralelos, ainda sim, foi a trama mais ousada de João Emanuel Carneiro e entrou para a galeria de grandes folhetins da teledramaturgia em virtude do seu forte enredo central, que arrebatou o público. A principal história foi contada com maestria e ainda inseriu Flora no time
da ficção, cuja personagem é considerada a melhor da carreira de Patrícia Pillar com louvor. Sem dúvida, um trabalho que deixou sua marca e ficou na memória do telespectador. Vale a pena ver de novo na streaming.
Luciano Huck tinha um programa na Band, o "Programa H". Era uma espécie de programa de auditório mais voltado para os adolescentes. Foi lá que ele revelou a "Tiazinha" e a "Feiticeira". Ainda se lembra delas? Pois é, por causa da relativa repercussão da atração, o apresentador foi convidado pela Globo para integrar o time da casa. Obviamente não recusou. Convite aceito e assim vimos , em 8 de abril de 2000, a estreia do "Caldeirão do Huck" nas tardes de sábado.
A emissora que nunca deu muito valor para a sua programação vespertina desse dia específico, começou a ver que havia acertado em cheio nessa contratação. Não demorou muito para o programa fazer sucesso e Luciano se firmar como um ótimo comunicador. Ao longo desse tempo vários quadros foram, e ainda são, apresentados na atração: "Lata Velha", "Lar Doce Lar", "Pulsação", "Agora ou Nunca", "Olha Minha Banda", "Cantando o 7", "Vou de Táxi", "Super Chance" e mais alguns. Todos têm o objetivo de premiar generosamente os participantes.
Porém, se antes o programa era mais voltado ao entretenimento, com entrevistas, provas engraçadas (se lembram das gincanas que tinham no palco?) e bandas, de uns tempos pra cá acabou se transformando exclusivamente num projeto assistencialista. Muitas vezes não temos nada a ser apresentado a não ser um único quadro. O "Lata Velha" e o "Lar Doce Lar" são os principais. Quantas vezes não vimos o programa resumido exclusivamente a isso? Todos os quadros do programa têm uma duração excessiva e que com o tempo foi cansando o telespectador. Os dois que eu acabei de citar, quase sempre são intercalados. Um sábado temos o primeiro e no da semana seguinte o outro. São sempre histórias quase iguais, de famílias pobres, que sofreram muito na vida e precisam de ajuda. Existem muitas pessoas de classe média, por exemplo, que tem um carro bem esculhambado ou uma casa precisando muito de uma reforma. Mas essas ele não "melhora". Precisa ter uma historinha triste pra contar. Aí vem a pergunta: os quadros são para nos entreter ou para ajudar os necessitados?
Além disso, a maioria dos outros quadros citados (onde sempre estão relacionados com prêmios em dinheiro) também só envolvem participantes humildes. Nada contra ajudar pessoas pobres, mas quando isso se torna o único objetivo do programa é porque tem algo errado.
O programa está necessitando de novos ares e de muita criatividade. Uma reformulação mesmo. Há anos estamos vendo as mesmas coisas o tempo todo. O que ainda se salva é o "Soletrando", um projeto interessante, que nos entretém ao mesmo tempo que ensina. E ainda assim, esse ano fizeram questão de estragar o quadro ao reduzir o tempo de duração do mesmo e não colocar mais a disputa entre os alunos no palco da atração, com exceção da final.
Havia um formato muito bom, o "Mandando Bem", onde uma família recebia ajuda para conduzir o seu estabelecimento comercial, normalmente restaurantes ou bares. Ali víamos o objetivo do entretenimento já que não eram só pessoas necessitadas que eram contempladas. Mas não vingou sabe-se lá o porquê. Talvez justamente porque não era assistencialista e nem todos tinham uma história infeliz pra contar.
O "Olha minha Banda" seria interessante, mas com o tempo também vimos que só é ajudado quem tem uma banda e ao mesmo tempo tem uma vida difícil. Se a pessoa quer que seu grupo musical tenha fama e notoriedade, mas leva uma boa vida financeira, não conseguirá ser "sorteado". E convenhamos que isso também não deu muito certo. A única banda que teve um relativo sucesso foi um grupo formado por meninas que recebeu o nome de "Ângela". Elas lançaram uma música que tocou nas rádios e outra que emplacou e foi tema do filme "Desenrola". Os demais...
A prova de que tudo ali já cansou é simples: tenho certeza que em meados de agosto teremos o concurso da "Musa do Brasileirão" (concurso de mulheres boazudas) e no último programa do ano a junção do "Lata Velha" com o Lar Doce Lar" para uma só família humilde.
O "Caldeirão do Huck" ainda faz sucesso? Óbvio que faz. A prova é a liderança isolada da atração, que mesmo mudando de horário em 2011 (era exibido às 14h30 e agora foi para às 16h30), continua numa zona de conforto muito grande. Mas também é verdade que os quadros não geram mais a repercussão de antigamente e o Luciano Huck foi perdendo sua essência como apresentador. Se antes nunca era criticado, agora as coisas mudaram um pouquinho. Loucura, loucura, loucura...
‘Vale a Pena Ver de Novo’ completa 40 anos! Confira algumas curiosidades
'Dona Xêpa', de 1977, foi a primeira novela reprisada, em maio de 1980.
O Vale a Pena Ver de Novo completa nesta terça-feira (05/05/2020) 40 anos no ar. Exatamente no dia 5 de maio de 1980, Dona Xepa, grande sucesso de Gilberto Braga com a direção de Herval Rossano, começava a ser reexibida na faixa da tarde, estreando a sessão de reprises mais amada do Brasil.
Para os que viram a novela em sua primeira exibição, em 1977, foi a chance de matar a saudade da emocionante história da feirante dona Xepa (Yara Cortez) que, mesmo com todas as dificuldades, fazia de tudo para educar os filhos, Edson (Reinaldo Gonzaga) e Rosália (Nívea Maria), da melhor maneira possível. Aqueles que assistiram pela primeira vez, tiveram a oportunidade de conhecer uma obra-prima da teledramaturgia.
Ao longo destas quatro décadas, o Vale a Pena Ver Novo nos presenteou com grandes produções que fizeram história. Um encontro marcado todas as tardes, de segunda a sexta, cheio de emoção e nostalgia. E também um encontro com o futuro: quantos noveleiros não surgiram (e ainda surgem) nestas tardes, assistindo pela primeira vez a um folhetim que marcou outras gerações?
Quem é fã sabe que novela é como vinho, com o tempo só fica melhor. Dona Xepa teria muito para nos ensinar hoje em dia e com uma mensagem cheia de otimismo, palavra tão necessária em tempos de coronavírus.
Assim como as histórias que reapresenta, o Vale a Pena Ver de Novo também é cheio de curiosidades. E a gente reuniu algumas aqui para você. Aproveite a viagem e, claro, não perca mais um capítulo da reprise nesta tarde no ... você sabe.
Curiosidades sobre o Vale a Pena Ver de Novo 👇:
▶ As reprises de novelas no horário da tarde já existiam antes do Vale a Pena Ver de Novo. No início dos anos 70, era reprisado o capítulo anterior da novela das 7 que estava no ar.
▶ A partir de março de 1976, o horário logo após o Jornal Hoje passou a reprisar novelas recentes das faixas das 6 e das 7. A primeira foi Helena, que tinha sido exibida, originalmente, um ano antes, em 1975.
▶ A última novela exibida logo após o Jornal Hoje, mas ainda sem o nome Vale a Pena Ver de Novo, foi À Sombra dos Laranjais, que tinha ido ao ar, originalmente, em 1977.
▶ O nome Vale a Pena Ver de Novo foi criado para diferenciar estas reprises de novelas das que eram exibidas em um quadro do programa TV Mulher, que estreou em abril de 1980.
▶ A primeira novela das 8 exibida no Vale a Pena foi Água Viva, em 1984. A novela foi escrita por Gilberto Braga e a exibição original foi em 1980.
▶ Exibida no Vale a Pena Ver de Novo em 1990, Roda de Fogo é a novela que foi reprisada com a menor quantidade de capítulos até hoje. Os 179 capítulos originais foram compilados em apenas 35.
▶ Já a segunda reprise de Senhora do Destino foi a maior do horário em número de capítulos. Os 221 capítulos originais da história se transformaram em 195.
▶ Em 2000, a reprise da novela A Próxima Vítima trouxe um último capítulo inédito para o público brasileiro. Foi exibido o final gravado para Portugal. Ao invés de Adalberto (Cecil Thiré), o grande assassino na reprise foi Ulisses (Otávio Augusto).
▶ Até os anos 2000, a faixa costumava reprisar apenas uma vez as novelas. As exceções foram apenas A Moreninha, reprisada em 1982 e 1976 (antes da sessão ter o nome oficial de Vale a Pena Ver de Novo); Gabriela, exibida em 1988 e que já tinha sido reprisada às 10 em 1979; e Roque Santeiro, exibida em 2000 e 1991 (na antiga Sessão Aventura, horário ocupado hoje por Malhação).
▶ Roque Santeiro foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo em dezembro de 2000, como parte das comemorações dos 35 anos da TV. A novela voltou ao ar depois muitos pedidos do público na Central de Atendimento ao Telespectador.
▶ Logo após Roque Santeiro, em 2001, a sessão reprisou episódios de Você Decide, em que o público pôde escolher um novo final para a história. A apresentação ficou por conta de Susana Werner. A atração durou apenas um mês.
▶ Em julho de 2001, aconteceu a "segunda reprise" oficial da sessão com a volta de A Gata Comeu, exibida originalmente em 1985 e que tinha ido ao ar no Vale a Pena Ver de Novo pela primeira vez em 1989.
▶ Outras novelas que ganharam duas reprises: A Viagem (1997 / 2006), Chocolate com Pimenta (2006 / 2012), Anjo Mau (2003 / 2016), Da Cor do Pecado (2007 / 2012), Por Amor (2002 / 2019), Senhora do Destino (2009 / 2017), O Cravo e a Rosa (2003 / 2013), O Rei do Gado (1999 / 2015) e Mulheres de Areia (1996 / 2011).
▶ A partir da reprise de Caras & Bocas, em janeiro de 2014, a estreia das novelas no Vale a Pena Ver de Novo dividem espaço com a última semana da novela anterior.
▶ Benedito Ruy Barbosa é o autor mais reprisado até hoje. Foram nove vezes - oito novelas e uma segunda reprise. São elas as duas versões de Cabocla, Paraíso, as duas versões de Sinhá Moça, Renascer, Terra Nostra e O Rei do Gado, que foi reprisada duas vezes.
▶ Foram reprisadas: 36 novelas das 6; 26 novelas das 7; 27 novelas das 8 ou 9; 1 novela das 10; 1 programa.
▶ Eta Mundo Bom é a 91ª atração exibida na faixa do Vale a Pena Ver de Novo.
A Força do Querer
3.8 60Paralelo entre Ivan e Nonato foi um dos trunfos de "A Força do Querer"
A reprise da trama de "A Força do Querer" está em plena reta final e todas as qualidades da melhor novela de Glória Perez puderam ser constatadas mais uma vez. A maior ousadia da autora foi o drama de Ivana (Carol Duarte), uma menina que não se identificava com seu corpo e sofria diante da pressão da mãe e da sociedade. A situação foi um dos principais trunfos do folhetim, ganhando novos contornos através de um interessante paralelo criado com um outro personagem que cresceu: o Nonato (Silvero Pereira).
A questão do transgênero ser explorada em uma novela foi um bom avanço e a escritora se mostrou muito corajosa. O método escolhido expôs a sua criatividade, além de ter servido como uma explicação objetiva, sem parecer didático ou piegas. Isso porque a dualidade que focalizada no enredo funcionou para destacar os dois perfis, ao mesmo tempo que expôs as diferenças que os separam, embora enfrentem o mesmo tipo de preconceito. O que o público via era um homem muito bem resolvido com seu corpo e uma mulher que não se identificava com o seu reflexo no espelho.
Ivana sempre sofreu pressão da mãe, a fútil Joyce (Maria Fernanda Cândido), para que fosse quase um clone seu. Na breve primeira fase da novela, que durou apenas o primeiro bloco do primeiro capítulo, ficou explícita a intenção da perua para com sua filha, transformando a criança em uma cópia mirim de si mesma.
A menina já demonstrava desconforto na época. O tempo passou, mas nada mudou, a não ser a vontade da garota, que cresceu e deixou de seguir as ordens da mãe. A personagem sempre teve mais compreensão do pai, Eugênio (Dan Stulbach). O que se via era uma mulher linda, mas sem qualquer vaidade, deixando de lado maquiagem acessórios, sapatos, enfim.
Já Nonato começou timidamente na história. Parecia uma mero figurante inicialmente. Mas não era. Pelo contrário, serviria para engrandecer o convidativo drama de Ivana. O rapaz deixou o nordeste para tentar a vida no Rio de Janeiro e começou a trabalhar como motorista do preconceituoso Eurico (Humberto Martins). Aos poucos, a autora foi revelando para o público a vida desse homem aparentemente muito tímido e retraído. Transformista e homossexual, ele precisou se portar como 'homem' para conseguir um emprego digno, pois declarou que no Brasil não dão emprego para pessoas como ele, que acaba entrando na prostituição. Mas Nonato faz questão de dizer que é muito bem resolvido e não quer se transformar em mulher. Gosta do seu corpo e adora interpretar a Elis Miranda, perfil que criou para se apresentar em shows. Não é transexual, é transformista.
Desde que se revelou para o telespectador, as cenas do motorista eram exibidas intercaladas com as da Ivana, que a cada dia tinha sua autoestima piorada em virtude da não identificação com seu corpo. O seu drama é o melhor enredo da novela e a condução de Glória foi de forma cautelosa, sem atropelos. A autora criou uma história que impossibilitou o telespectador de não se envolver com a angústia daquela garota. A situação virou uma poderosa arma para a reflexão até dos preconceituosos. Ela é um homem que nasceu no corpo de uma mulher. Tudo o que envolve os transgêneros ainda era muito 'novo' para o grande público em 2017, inclusive o fato de existir mulher que se 'transforma' em homem, mas segue se interessando pelo sexo masculino, como é o caso de Ivana.
E essa mescla com a vida de Nonato deixou o contexto ainda mais convidativo, expondo as diferenças entre transexualidade e transformismo. As cenas eram ótimas e destacaram o talento dos intérpretes. Silvero Pereira e Carol Duarte eram dois estreantes na televisão e não poderiam ter começado de forma melhor. Ele, na época, estrelava o espetáculo BR-Trans pelo Brasil e aproveitou o momento. Foi por causa deste trabalho do ator cearense que Glória o chamou para seu folhetim. Nonato foi defendido com competência e o perfil misturou humor e drama com maestria. Já Carol brilhou em todos os momentos, tanto como Ivana quanto como Ivan, já realizado com sua nova condição. Foi a grande revelação de 2017.
Glória Perez acertou em cheio na abordagem dos trans em "A Força do Querer" e valeu rever a apresentação simultânea de dois tipos tão parecidos e tão distintos.
Globo de Ouro (2018)
3.5 1Hipócritas Unidos
Aviso: Spoilers
Nada que já não souramos. Hollywood na verdadeira moda hollywoodiana hi-jacks a causa social da moda do dia e dedica um de seus shows anuais pat-ourselves-on-the-back para ele. Uma lista de pessoas lançam uma linha sobre como diretoras femininas são sub-representadas em Hollywood, sem nomear nenhuma mulher que esteja em par com Steven Spielberg, Clint Eastwood ou Ridley Scott. FYI, você não precisa de um pênis para ser nomeado para um prêmio,
você só tem que ser bom no que você faz. Esta indústria foi construída sobre a objetificação de mulheres (e homens), e tem empurrado os limites do conteúdo sexual aceitável desde o início. No entanto, seus representantes querem se virar e perguntar por que tantas mulheres estão sendo agredidas e assediadas? Isso seria como Sylvester Stallone fazendo Rambo e depois falando pelo controle de armas. Além disso, alguém está realmente convencido de que essas pessoas estão alheias à má conduta sexual que vem acontecendo há décadas? Quer dizer que mulheres como Oprah, Meryl Streep e Jennifer Anniston não são populares e/ou poderosas o suficiente para falar sobre esse tipo de coisa sem repercussões? Que tal todos aqueles homens hipócritas na plateia que nunca defenderam as mulheres em Hollywood? Claro, esta é a indústria que saudou Hugh Hefner como um grande homem e revolucionário após sua morte no meio de todo esse movimento, apesar de passar a vida construindo uma empresa dedicada à objetificação das mulheres.
Houve um tempo em que poderíamos dizer: "Eu não tenho que concordar com a política dos atores para desfrutar de seus
filmes." Bem, considerando que a maioria dos filmes lançados no ano passado tem algum tipo de mensagem PC/SJW em oposição ao bom cinema, está se tornando difícil desenhar essa distinção.
No globo de ouro de 2020...
Era bastante comum um filme dominar a cerimônia de premiação varrendo inúmeras categorias (e muitas vezes fazendo da cerimônia um verdadeiro furo no processo). Agora, nos últimos 15 anos, as varreduras têm sido cada vez mais raras, como podemos ver nesse
Nomadland é o filme a ser batido para o Oscar de melhor filme e melhor diretor.
Melhor atriz e melhor atriz coadjuvante estão completamente e sem precedentes no ar.
Melhor ator e melhor ator coadjuvante parecem estar tomando forma.
Foi uma noite ruim para Mank, Promising Young Woman, The Father, e The Trial of the Chicago 7
The Crown é a série dramática a ser batida nos Emmys.
Ted Lasso é um provável candidato para preencher o buraco deixado por Schitt's Creek.
A vitória do Queen's Gambit pode ser um Emmy, mas não necessariamente.
OBS: Apenas uma vez na última década um show marcou uma vitória repetida nesta categoria (Homeland ganhou um segundo troféu em 2012) e é muito raro para um show ganhar três Globos de atuação (a última vez foi em 2017, quando Tom Hiddleston, Hugh Laurie e Olivia Colman ganharam prêmios pela série limitada The Night Manager).
Haja Coração
3.2 30 Assista AgoraReprise comprova que Shirlei e Felipe foram os verdadeiros mocinhos de "Haja Coração"
"Haja Coração" teve um ótimo início em 2016, mas foi perdendo o rumo ao longo das semanas e a reprise comprova. Essa queda de qualidade pôde ser observada principalmente através do desenvolvimento de vários casais da história ---- muitos deles começaram promissores e tiveram o enredo estagnado. Já o par protagonista, composto por Tancinha (Mariana Ximenes) e Apolo (Malvino Salvador), cansa pela repetição desde o começo do folhetim. Porém, em contraponto a tudo o que foi mencionado, Daniel Ortiz criou um casal que caiu nas graças do público assim que surgiu e roubou o protagonismo: Shirlei e Felipe.
Os personagens interpretados com competência por Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo protagonizam um dos enredos mais clássicos dos contos de fadas: o da gata borralheira em busca do seu príncipe encantado. É uma situação que transborda clichê, mas sempre funciona quando bem construída. E foi o caso da novela. Aliás, embora seja um remake de "Sassaricando" (1987), Shirlei não pertencia ao folhetim das sete de Silvio de Abreu. Mas fazia parte de outra novela do autor, do horário das nove: "Torre de Babel" (1998). A menina ingênua que tinha um problema na perna foi vivida na época por Karina Barum, fazendo um grande sucesso ---- a música "Corazón Patío", de Alejandro Sanz (tema da personagem), estourou.
Ao inserir Shirlei no contexto de "Haja Coração", o autor se viu obrigado a criar uma trama e não simplesmente seguir com a obra original. E foi algo bem positivo, ainda mais levando em consideração os erros que Daniel Ortiz cometeu com vários perfis e enredos da sua história, muitas vezes tentando repetir situações de 1987 que não funcionaram ---- vide o sumiço de Teodora (Grace Gianoukas) e toda a trajetória de Aparício (Alexandre Borges).
E todo o contexto que cerca a personagem é, propositalmente ou não, digno de uma mocinha de novela. Portanto, não demorou para a menina assumir esse posto com louvor. Ela e Felipe, que se comporta como o verdadeiro mocinho do enredo.
O rapaz está sempre com um sorriso no rosto, é solícito, transborda integridade e trabalha na empresa de Beto (João Baldasserini). Vale mencionar que o personagem demorou para entrar na novela, juntamente com a sua até então namorada, a patricinha Jéssica (Karen Junqueira). Foi só com a chegada dele que a trama da Shirlei deslanchou, pois a situação em torno da paixão platônica por Adônis (José Loreto) já estava cansativa. E o primeiro encontro do casal representou o clássico "Cinderela", da Disney. Isso porque o bom moço quase atropelou a menina, que acabou perdendo sua bota ortopédica em um bueiro, durante uma forte chuva. Felipe pegou o sapato e passou a procurar a moça para devolvê-lo.
Após muita procura e vários desentendimentos (a garota chegou a achar que estava debochando de sua deficiência), os dois finalmente se 'entenderam' e o rapaz devolveu a famigerada bota. O encontro se deu por uma 'coincidência' digna de folhetins: ela passou a trabalhar na casa dele como empregada. E não demorou para o interesse mútuo se manifestar, despertando o ciúme de Jéssica. Foi a partir de então que começou o calvário da mocinha, encarnando de vez a gata borralheira. A patricinha fazia de tudo para diminuir a funcionária e até a obrigou a subir vários andares de escada, carregando compras pesadas, ignorando seu problema na perna. A vilã encarnou de vez a madrasta da Cinderela, fazendo jus ao contexto da trama de Shirlei.
Para culminar, a filha de Francesca (Marisa Orth) é constantemente alvo da irmã Carmela (Chandelly Braz), que sempre faz questão de humilhar a caçula. Ainda há a presença do já citado Adônis, sujeito aproveitador que nunca retribuiu os sentimentos de Shirlei ---- mas depois passou a enxergá-la com outros olhos, virando mais um obstáculo para o casal. Outro ponto é a chegada da mãe de Felipe, interpretada por Betty Gofman. A nova personagem não admite o romance, pois sabe que a menina é filha de seu marido, Guido (Wernner Schunemann) ---- o desaparecimento dele é um dos mistérios da história. Portanto, fica claro que Shirlei tem um enredo próprio muito mais atrativo do que todo o restante da novela, que se mostrou bastante equivocada.
E uma ironia do 'destino' é ver o casal Shirlipe ofuscando o par protagonista, exatamente como ocorreu em "Sassaricando", reprisada atualmente pelo Canal Viva. Porém, curiosamente, na época, era o triângulo formado por Tancinha, Apolo e Beto que apagou o protagonismo de Aparício. Agora, o trio amoroso virou protagonista, mas de nada adiantou, pois foi ofuscado pelo casal de coadjuvantes. Ou seja, os personagens cresceram na obra original e no remake (por razões óbvias) entraram para o núcleo principal. O imponderável novamente se fez presente.
Os atores são ótimos juntos e a sintonia da dupla se evidencia em todos os momentos. A troca de olhares é outro ponto que enriquece o relacionamento que demorou bastante para finalmente acontecer. Ainda assim, valeu a espera. O aguardado beijo foi bonito e valeu ter visto atores não tão 'conhecidos' em destaque. Afinal, a atriz estreou no SBT em 2010, quando viveu a Terezinha em "Uma Rosa com Amor". Foi para a Globo no mesmo ano, onde teve uma pequena participação em "Passione". Também fez uma ponta em "Flor do Caribe" (2013), também atualmente reprisada, até ganhar a Itália em "Alto Astral" (2014), estreia de Daniel Ortiz como autor solo. Ela brilhou e acabou conquistando a ótima personagem posteriormente.
Já Marcos Pitombo é mais experiente, pois é revelação da temporada de 2006 da "Malhação". Depois do sucesso no seriado adolescente, foi para a Record, onde esteve em seis novelas: "Os Mutantes" (2008), "Os Mutantes: promessas de amor" (2009), "A História de Ester" (2010), "Vidas em Jogo" (2011), "Pecado Mortal" (2013) e "Vitória" (2014). Porém, é inegável que atuar fora da líder não dá a mesma visibilidade. O ator voltou para a Globo em 2015, onde fez uma breve participação na fracassada "Babilônia", e aproveitou a chance como o carismático Felipe. Não é por acaso que o personagem, mesmo não aparecendo tanto, ofuscou a figura de 'galã' de Apolo. Aliás, o casal se sobressaiu com grande facilidade, virando o melhor par do enredo com larga vantagem. Tanto no quesito química, quando na questão do desenvolvimento do romance.
Shirlei e Felipe (Shirlipe para os 'shippers') representam o amor puro dos contos de fadas e o imenso sucesso do casal apenas comprova que o clássico, quando bem feito, funciona sempre. Os dois viraram os verdadeiros mocinhos de "Haja Coração", protagonizando a melhor história da novela, com direito a cenas românticas, maldades de vilões e questões envolvendo a baixa autoestima de uma menina com deficiência. Sabrina Petraglia e Marcos pitombo fizeram por merecer todo o êxito do par, que é o único drama da novela que tem valido a pena rever.
Big Brother Brasil (21ª Temporada)
3.5 192‘Big Brother Brasil 21’: um reality show sem realidade?
Excesso de interferências da produção no 'Big Brother Brasil 21' traz desconfianças sobre a veracidade da narrativa configurada pelo programa.
Quando imaginávamos que não havia mais o que acontecer no BBB21 além do que já transcorreu nessas três semanas, lá vem o programa e nos joga na cara: nada mais imponderável que um reality show de convivência que se fundamenta em isolar um grupo de sujeitos do mundo externo. Presos nesse grande aquário com transmissão em cadeia nacional, tais indivíduos negociam um bem valioso – sua privacidade – em troca de uma sonhada visibilidade. Se vai ser bom ou não para eles, é sempre uma incógnita (quase nunca é).
Em pouquíssimo tempo, BBB21 tematizou uma quantidade absurda de assuntos: falou de relacionamentos abusivos, tortura psicológica, “sequestro” de pautas identitárias, homofobia, bifobia e xenofobia, dentre tantos outros tópicos de conversa. No entanto, aqui nesse texto pretendo olhar menos para a questão mais controversa de todas (falo da situação enfrentada por Lucas Penteado na casa, culminando em sua desistência), já abordada com qualidade por muitos especialistas, para falar de outro tópico: o fato de que a “cozinha” do BBB esteja aparecendo o tempo todo para os espectadores.
Em outras palavras: BBB 21 tem sido tão caótico que temos tido relances o tempo todo de “sobras” que normalmente ficam restritas apenas ao âmbito da produção. Para ilustrar, cito aqui dois exemplos. O primeiro é a conversa mantida entre o apresentador Tiago Leifert com o cantor Projota, após o último ter “aconselhado” Lucas Penteado num discurso algo acolhedor. Em um momento isolado no confessionário (mas exibido em tempo real e ao vivo pela Globo), Leifert elogiou a “força” que Projota – que caiu no choro – deu ao jovem ator em um momento de crise.
O segundo momento é o áudio “vazado” (as aspas se dão apenas por não ter confirmação de que se trata, de fato, de um “vazamento”, ou seja, não-intencional) da conversa entre Projota e uma voz que, pelo que sabemos, é de Boninho – o sujeito que poderia ser definido como o big brother onisciente que dá o nome ao programa. Neste episódio, Boninho chama Projota no mesmo confessionário e, vindo de lá, ouvimos um diálogo em que ele dá explicações ao cantor sobre a saída de Lucas Penteado e tenta convencê-lo a não desistir do programa. Dentre essas explicações, está de que a produção não sabia que Lucas tinha problema com bebidas e que, quando consome álcool, vira um “monstro”.
É ruim que ambos (diretor e apresentador) interfiram nos rumos da casa? Não necessariamente. A produção tem sim um importante papel nos direcionamentos da casa, tal qual um titereiro, mas que nunca consegue controlar totalmente seus marionetes. Os problemas vistos no BBB21 estão na forma que as intervenções têm sido feitas e no fato de elas privilegiarem apenas alguns participantes.
No primeiro caso, Leifert claramente mexe na estrutura do programa pois dá uma pista a Projota – que, paradoxalmente, saiu prejudicado, pois dali com uma sensação de aprovação coletiva que ele não tinha. Não por acaso, Projota passou a emitir cada vez mais discursos de tom evangelizador nas interações com as pessoas da casa, sugerindo acreditar ser um líder ali dentro. Já a conversa com Boninho dá a entender o esforço da Globo de mantê-lo ali dentro. No diálogo, Projota dá a impressão de que precisou de uma longa negociação (o que provavelmente envolve promessas) para levá-lo ao BBB.
Uma das principais acusações para se desmerecer reality shows é de que eles forjariam um discurso de realidade a partir de muita manipulação (obtida no trato com os participantes) e edição (a produção cria uma narrativa de realidade conforme seus interesses). Há, inclusive, uma série, Unreal, que mostraria justamente o que seriam esses meandros – baseados tanto na falta de ética com os competidores quanto com o público.
Ao sinalizar indícios muito claros de interferência no jogo (importante destacar, aliás, que ambos os exemplos citados aqui envolvem o mesmo participante, Projota), Big Brother Brasil dá certos sinais de descontrole no programa, que provavelmente rumou a um caminho imprevisto aos desejos da produção. Tudo ali parece muito errado: um casting que se amalgamou em uma dinâmica extremamente tóxica, participantes abusivos e abusados, ameaças de desistência a todo instante. Talvez fosse interessante à produção do BBB tomar uma atitude mais transparente com o público sobre todas essas questões.
Por outro lado, vale lembrar: é justamente esse descontrole (o fato de que, mesmo escolhendo minuciosamente cada elemento deste reality show, nunca há como garantir que o script será cumprido conforme se espera) que traz a graça e a essência de um programa deste tipo. Nada poderia ser mais real que isso.
Laços de Família
3.7 200 Assista AgoraSempre vale a pena rever a cena mais emblemática de "Laços de Família"
A televisão reprisou a cena mais emblemática de "Laços de Família" nesta segunda-feira (08/02/2021), no "Vale a Pena Ver de Novo": a raspagem dos cabelos de Camila (Carolina Dieckmann). Um dos maiores sucessos de Manoel Carlos que vem repetindo o êxito nas tardes da emissora. A média fica em torno de 18/19 pontos, índices excelentes para a faixa. É a prova do carinho do público pelo novelão que marcou tantas gerações.
A aguardada sequência entrou para a história da teledramaturgia e marcou a carreira de Carolina. Foi um momento de total entrega. Ao som de "Love By Grace", música cantada por Lara Fabian que passa a embalar o drama da personagem, a cena não tem texto e mostra apenas a raspagem dos cabelos de Camila, que decide retirá-los após o desespero com as constantes quedas em virtude da quimioterapia. É evidente que a emoção da intérprete se misturou com a da personagem. Afinal, é uma mudança de visual brusca.
E Carolina merece todos os elogios pelo seu profissionalismo. O grande público sabe que não é toda atriz que aceita um pedido assim. Mas valeu a pena o risco. Ninguém esquece da cena e até hoje há uma forte comoção. Embora não seja a função da teledramaturgia, também serviu como um grande estímulo a todos que enfrentam a leucemia. Vale lembrar que a novela fez aumentar significativamente a doação de medula óssea na época graças ao desenvolvimento competente do drama de Camila.
Aliás, Maneco foi de uma habilidade invejável. A filha de Helena (Vera Fisher) era a personagem mais detestável de "Laços de Família" e já havia páginas na internet destilando ódio pela garota, mesmo em uma época onde a internet ainda engatinhava. E nada mais natural. Camila deu em cima do namorado da mãe descaradamente e foi correspondida. Helena abriu mão de seu amor pela felicidade da filha. Difícil encarar todo o contexto com naturalidade e por isso a acidez de Íris (Deborah Secco) era tão adorada. Representava quem assistia.
Mas o autor conseguiu promover uma virada no sentimento do telespectador. E vale ressaltar que a doença estava planejada desde a sinopse. Muitos veículos chegaram a noticiar que o câncer foi criado de improviso como uma estratégia de Maneco para diminuir a rejeição de Camila. Mas sempre foi tudo bem colocado. Até nos primeiros meses de novela alguns personagens destacavam a palidez da personagem e como vivia abatida. Tudo piora quando engravida de Edu (Reynaldo Gianecchini) e vários sintomas da leucemia surgem. O fato do marido médico ignorar a gravidade é um tanto absurdo, mas não prejudica a narrativa. E quando a leucemia é descoberta aquele ódio do público vai cedendo lugar para uma comoção difícil de segurar. Aliás, o elenco se entrega junto com Carolina. Vale destacar os momentos emocionantes de Luigi Barricelli (Fred), Vera Fisher, Gianecchini e Júlia Almeida (Estela).
A marcante sequência da raspagem dos cabelos é uma catarse dilacerante e coroa a competente condução de Manoel Carlos na abordagem do tratamento contra a leucemia. Nenhuma outra novela conseguiu chegar nem perto neste quesito. Uma curiosidade: a cena não foi escrita pelo autor. Foi gravada apenas para uma campanha de doação de medula óssea. Mas ficou tão impactante que acabou inserida no enredo. E valeu muito a pena rever um momento tão importante para a teledramaturgia nacional. A reprise de "Laços de Família" merece todo o sucesso.
Gênesis
4.2 13"Gênesis" apresenta bom início e conhecida história bíblica desperta a atenção do público
A 'nova superprodução da Record', "Gênesis" estreou na terça-feira (19/01/21), na faixa antes ocupada por "Amor sem Igual", até então a única novela inédita no ar atualmente. A nova produção bíblica da emissora agora é o segundo folhetim inédito. Após ter fugido um pouco da mesmice com a boa trama de Cristianne Fridman, o canal volta a apostar nas histórias bíblicas para atrair o público.
A nova novela tem um alto investimento da emissora. É o maior elenco da teledramaturgia nacional até hoje, com mais de 250 atores, e dividida em sete fases: "Criação" (Adão e Eva); "Dilúvio" (Arca de Noé); "Torre de Babel"; "Ur dos Caldeus", "Abraão"; "Jacó" e "José do Egito". Serão 150 capítulos. Ou seja, a bem da verdade, há uma boa estratégia de marketing. Afinal, analisando friamente, não se trata de um folhetim e, sim, de várias minisséries interligadas por poucos atores. Apenas dois estão em todas as fases: Flávio Galvão, intérprete de Deus (apenas por voz), e Igor Rickli, que vive Lúcifer.
A produção é escrita por Camilo Pelegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro, dirigida por Edgard Miranda. A trama aborda os primeiros 2.300 anos da humanidade a partir da história contada no primeiro livro da Bíblia. Há uma boa frente de capítulos já prontos. O início das gravações foi em janeiro de 2020, dois meses antes do início da pandemia de COVID-19 no Brasil.
A primeira fase teve locações no Rio Grande do Sul e no Paraná. A fase do "Dilúvio" foi feita em estúdio no Rio de Janeiro e parte da equipe também filmou em Marrocos pouco antes da pandemia interromper os trabalhos. Como há muito dinheiro investido pela Record, o intuito é repetir o sucesso de "Os Dez Mandamentos" (2015), nunca mais alcançado.
A estreia teve uma ótima audiência (16 pontos) e o chamariz do enredo de "Adão e Eva" foi um dos responsáveis pelo interesse do público. Afinal, todo mundo conhece a história e a curiosidade em vê-la produzida como 'novela' atrai. Carlo Porto e Juliana Boller não fazem feio em cena, embora o excesso de maquiagem nos atores deixe o resultado artificial. Já os efeitos especiais merecem elogios. A primeira parte (envolvendo uma clara licença poética até da Bíblia) impressionou pelo bom trabalho da equipe em cima da representação dos dinossauros sendo extintos ---- Lúcifer e todos os anjos rebelados foram expulsos por Deus do reino do céu e todos se transformaram em meteoros pela força da 'queda', destruindo o mundo jurássico. Foi uma ideia criativa juntar a teoria criacionista com a evolucionista.
A agilidade é outro fator que tem contribuído para a atenção do espectador. Adão e Eva comeram o fruto proibido logo na estreia e no segundo capítulo já houve uma passagem de tempo com a chegada de vários filhos e filhas do casal, incluindo Caim (Eduardo Speroni) e Abel (Caio Manhente), que protagonizaram a conhecida passagem da Bíblia no terceiro capítulo: um irmão matando o outro por inveja. O trágico momento ainda destacou o talento de Juliana Boller, que transmitiu lindamente a dor da Eva com a perda do filho. Na sexta-feira (22/01/21), no quarto capítulo, a fase de Noé (Bruno Guedes) foi iniciada. E já na próxima semana vai ao ar toda a sequência da Arca de Noé (Oscar Magrini). Ou seja, são muitos acontecimentos de forte apelo indo ao ar em apenas duas semanas. Tem sido interessante acompanhar a trama, que provavelmente terá uma queda de ritmo na fase "Torre de Babel", algo já esperado.
"Gênesis" vem apresentando um promissor começo e o sucesso nos números de audiência serve para ligar o sinal de alerta da Globo. A Record nunca escondeu que pretende repetir o êxito do fenômeno "Os Dez Mandamentos" (2015), até hoje nunca mais alcançado. Se o conjunto se mantiver atrativo ao longo das fases, a chance de acontecer é real.
Simples Assim
1"Simples Assim" é simples e chato
Angélica ficou quase três anos fora do ar. O "Estrelas", programa comandado por ela entre 2006 e 2018, chegou ao fim desgastado e sem atrativos. A Globo encerrou a atração sem ter um novo projeto para a apresentadora. Muitas especulações foram feitas durante a ausência da loira, incluindo o desligamento da emissora. E todos os "projetos" de um novo formato eram adiados. Até surgir o "Simples Assim", em outubro deste ano.
Antes da estreia, no dia 20, pouco se falava sobre o novo programa. A falta de informações implicou em uma expectativa elevada. Afinal, era o retorno de Angélica após um longo hiato. Mas o resultado ficou abaixo da média. As explicações sobre a proposta do formato são ótimas: "uma reflexão sobre algo que nos une como seres humanos. A busca pela felicidade. Um propósito comum a todos e, ao mesmo tempo, único e individual, que cada um percorre a seu modo. Trilhar o caminho não é simples e chegar à simplicidade, ao estado de espírito que permite encarar a vida com mais leveza, pode custar uma vida inteira".
A cada episódio, um tema ---- como felicidade, fé, trabalho, família, solidariedade, diversidade, vaidade e amor ---- foi abordado. E, para cada assunto, diferentes percepções e maneiras de contar essas histórias, que vieram das ruas, das casas dos personagens (sempre anônimos), através de esquetes de humor ---- que marcaram a volta de Angélica como atriz ---- ou das dinâmicas com alguns convidados em um palco. O intuito do programa é exibir momentos felizes e na primeira temporada a missão foi bem cumprida. O formato é leve e despretensioso. Mas, no ar, provocou tédio.
Angélica é uma ótima apresentadora, mas os longos papos com os convidados, tanto anônimos quanto famosos, sobre amenidades não flui e nem as dinâmicas no palco entretêm. Muitas vezes há a sensação de acompanhar uma espécie de grupo de autoajuda, onde a apresentadora é a 'coach'. É mais legal para quem participa do que para quem assiste. Nem mesmo as curtas cenas protagonizadas por Angélica com participações especiais (Marcos Caruso, Paulo Gustavo, Camila Queiroz, Mariana Santos, Marisa Orth e Ingrid Guimarães foram alguns que contracenaram com a loira) divertiram. Na realidade, se mostraram bem artificiais ou até bobinhas. Nada pior para uma cena do que parecer uma cena.
E o programa também teve o azar de ser lançado em plena pandemia do novo coronavírus. A primeira temporada já tinha sido toda gravada antes da covid-19 aterrorizar o mundo. O quadro "Dilemas da Vida Real", por exemplo, soa risível hoje em dia com tantas mortes diárias. Um homem e uma mulher moravam em cidades diferentes e os dois tiveram que decidir no palco quem iria abdicar de sua casa para se mudar e ir morar com o outro. Vale destacar mais um "dilema" apresentado: o marido queria mais filhos e a mulher não. A missão do programa foi conciliá-los. Na realidade, houve um claro "convencimento" para a mulher ceder e ter filho. Soou até machista nos tempos atuais. Enfim, problemas que ficaram ainda mais bestas em 2020.
Com direção-geral de Geninho Simonetti e supervisão de direção de LP Simonetti, "Simples assim" não é um programa ruim. Longe disso. Mas Angélica merecia algo um pouquinho mais empolgante após tanto tempo longe do ar. O título faz jus ao que é apresentado. São propostas simples em um formato sem novidades. Mas o conjunto, infelizmente, resulta em um programa esquecível e chato.
Comportamento Típico da Rede Globo em não investir em qualidade.
Altas Horas
3.5 13Há 20 anos no ar, "Altas Horas" foi o programa que melhor se adaptou ao momento de pandemia
A pandemia do novo coronavírus afetou toda a programação televisiva. Do Brasil e do mundo. Os produtos mais afetados foram o do entretenimento, vide o agravamento da crise do setor cultural. E os programas de auditório sofreram uma inevitável descaracterização. Afinal, todos precisam da aglomeração das plateias. Portanto, os apresentadores se viram obrigados a apresentar suas respectivas atrações de casa ou no palco sem ninguém presente (com exceção da produção). E quem melhor se virou com o inusitado novo formato foi Serginho Groisman.
A maior identidade do "Altas Horas", que completou 20 anos no ar no dia 14 de outubro de 2020, era a plateia repleta de jovens estudantes e com uma proximidade muito grande com os convidados. Todos ficavam sentados em um auditório que fazia quase um círculo no estúdio. Era quase uma arena do entretenimento e da informação. O mesmo já acontecia desde a época do inesquecível "Programa Livre", no SBT. Enquanto não houver a vacina contra a COVID-19 nada disso será possível. Um hiato é inevitável. Mas se engana quem pensa que a alteração do formato afetou a qualidade da atração.
Serginho foi muito inteligente ao mesclar conteúdo inédito com reprises. Ao invés de simplesmente reprisar programas antigos, como ocorria com o "Domingão do Faustão" e "Caldeirão do Huck", o apresentador exibe trechos de algumas entrevistas ou números musicais do programa e entrevista o convidado ou a convidada que esteve na época da exibição via vídeo-chamada.
Também tem sido fundamental na divulgação das "estreias" de novas reprises da Globo. Vide a deliciosa entrevista recente que teve com Vera Fisher, Reynaldo Gianecchini e Carolina Dieckmann para falar da volta de "Laços de Família" (2000) no "Vale a Pena Ver de Novo".
As entrevistas remotas que Serginho vem fazendo duram cerca de dez a quinze minutos e enriquecem a atração. O "Conversa com Bial" iniciou esse recurso de uma forma muito bem-sucedida e Serginho acertou ao seguir com a mesma proposta, ainda que com uma duração mais curta. Outro ótimo momento foi um bate-papo descontraído do apresentador com Susana Vieira e Renata Sorrah relembrando "Senhora do Destino" (2004). Marina Ruy Barbosa também marcaram presença em vídeo-chamadas para uma homenagem ao sucesso da personagem "Eliza" na época de "Totalmente Demais" (2016). Vale destacar ainda sua entrevista com Marjorie Estiano para falar do especial "Sob Pressão - Plantão Covid".
O êxito do "Altas Horas" com esse novo formato implicou na mudança no "Domingão do Faustão". Fausto no início apenas gravava vinhetas em casa e a reexibição dominava quase todo o tempo de programa. Algumas semanas depois, o comunicador começou a realizar entrevistas de sua casa em vídeo-chamadas. Ivete Sangalo foi um das convidadas. Agora Faustão já voltou ao palco com a nova temporada da "Dança dos Famosos", mesmo sem plateia. Agora é preciso apontar essa mexida da produção após o acerto de Serginho. Sinal que realmente funcionou.
Serginho Groisman sempre foi um dos melhores apresentadores do país e o "Altas Horas" o programa de maior qualidade na televisão aberta. O vitorioso novo formato apenas comprovou que nem uma pandemia será capaz de alterar isso. Está tudo igual, apenas um pouco diferente.
Que História é Essa, Porchat? (2ª Temporada)
3.9 3A segunda temporada teve um ótimo início em março deste ano, só que as gravações foram interrompidas por conta da pandemia do novo coronavírus. Enquanto não havia ainda uma data para o retorno do programa, Fábio fez o "Que Quarentena É Essa, Porchat?" com episódios temáticos das reprises dos melhores momentos das duas temporadas. Posteriormente, emplacou o "Que História É Essa, Vovó?", com ótimas e breves entrevistas com veteranos como Gilberto Gil, Ary Fontoura, Rita Lee e Aracy Balabanian; e somente em exibição na internet. E após longos meses de incertezas, o formato voltou ao ar no GNT na primeira terça-feira de agosto, dia 04.
O receio sobre a perda de rumo da atração era inevitável. Afinal, como manter o interesse sem plateia e com os três convidados em vídeo-chamadas que correm o risco de queda de sinal e problemas do gênero?
Felizmente tudo se dissipou com o programa no ar. Fábio e sua produção conseguiram driblar todas as armadilhas impostas pela pandemia e mantiveram a qualidade do produto. Em um lindo cenário high-tech, o apresentador fica sozinho no estúdio e de frente para um imenso painel com a imagem dos três entrevistados do dia em destaque e pequenos círculos com pessoas que representam a plateia --- e também interagem e escutam as histórias. Por incrível que pareça, não houve mudança significativa no conjunto do formato. A conexão é excelente e a fala de ninguém é afetada por travamentos ou perdas de áudio, o que não prejudica o "timing" dos casos contados. Fafá de Belém, Rodrigo Hilbert e Leandro Hassum estiveram neste recomeço e brilharam.
O "Que História É Essa, Porchat?" chegou para ficar e a prova do sucesso é a reexibição da primeira temporada na TV aberta a partir desta quinta-feira, 15 de outubro ---- o primeiro programa reprisado foi com Ney Latorraca, Cláudia Raia e Marcos Veras. A trajetória é parecida com o elogiado "Lady Night", de Tatá Werneck --- o formato também migrou para a televisão com reprises, em virtude do sucesso no Multishow. Fábio Porchat conseguiu criar um produto simples e delicioso. Certeza que muitas outras temporadas já estão garantidas.
Fina Estampa
3.1 209 Assista AgoraRepleta de situações constrangedoras e personagens rasos, "Fina Estampa" não merecia qualquer reprise
A audiência prova que a Globo acertou em cheio quando escolheu "Fina Estampa" para ser reprisada no lugar de "Amor de Mãe", que teve as gravações interrompidas por conta da pandemia do coronavírus. Os elevados índices têm feito a alegria da emissora e são bem maiores que os números alcançados pela antecessora, escrita por Manuela Dias.
A trama central se baseia no chavão da mãe batalhadora que é humilhada pelo filho ambicioso e bonitão. A mulher em questão atende pelo nome peculiar de 'Griselda' e é interpretada pela grande Lília Cabral. Ainda entra em um triângulo amoroso com uma perua fútil e um homem educado e rico. René (Dalton Vigh) se interessa pelo lado puro da protagonista, o que provoca o ódio de sua esposa, Tereza Cristina (Christiane Torloni). E a vilã tem um mordomo (Crô - Marcelo Serrado), um gay caricato, que é tratado como um capacho. Um conjunto de clichês que costuma funcionar. Porém, nada disso se sustentou por muito tempo na época e fica possível constatar facilmente na reprise que chega ao fim na sexta-feira, de 18/09/2020.
Tereza Cristina tentava ser engraçada em certos momentos e cruel em outros, mas nunca conseguiu. Christiane Torloni procurava fazer o que era proposto, mas sua vilã era tão irritante e sem rumo que a atriz não conseguia uma atuação digna de aplausos. Nem podia fazer milagre.
Aguinaldo, na época, criticava vilões como a Flora ("A Favorita") e o Léo ("Insensato Coração") por serem vilões que agiam gratuitamente. Mas o propósito de Tereza Cristina não existia. O que movia suas supostas maldades contra Griselda? Apenas ciúme do marido? Esconder um segredo idiota? A ponto de até tentar assassinar os filhos da rival?
A novela afundou de vez quando a vilã empurrou um mafioso (Luciano Schirolli) que a ameaçava escada abaixo. Após o ato, Tereza agradeceu a Nazaré Tedesco e disse que fez isso porque aprendeu com a novela, exibida em 2004. Foi uma clara referência do autor ao sucesso da sua maior vilã em "Senhora do Destino". A sequência foi constrangedora em todos os aspectos. Qual foi o objetivo da cena? Um autoelogio do Aguinaldo. Nada fez sentido e a situação soou claramente forçada. Outro fator é a rivalidade entre a perua e Griselda (Lilia Cabral, grandiosa sempre). O ódio que a perua sente pela 'adversária' é boboca demais e só seria aceitável em um folhetim das sete.
No aspecto geral, a novela não andava. As histórias foram desenvolvidas a passos de tartaruga e o telespectador podia não assistir a trama por vários capítulos que não perdia algo de grande importância. A quantidade de personagens que nada acrescentavam era gritante. Qual a função do núcleo da praia? E da pensão da Zambeze (Totia Meirelles em um papel ingrato)? Aliás, eram perfis tão deslocados que foram praticamente cortados da reprise. Mal apareceram. A entrada de Carolina Dieckmann e Dudu Azevedo nada agregou à trama, além da interpretação limitada dos atores. E Dieckmann nem é má atriz, mas não conseguiu brilhar em um papel tão ruim. Arlete Salles, grande profissional, se viu com um papel de pífia importância. Sua taxista Wilma não serviu para nada. Teve como prêmio de consolação uma participação no "Caldeirão do Huck" no início da novela que nada acrescentou e foi uma bobagem só.
Renata Sorrah também não foi valorizada, apesar do seu núcleo ter sido um dos poucos que apresentaram uma história interessante. Mas a disputa pela guarda do sobrinho da doutora Danielle não foi bem abordada. Ana Rosa e Jaime Leibovitch (ótimos atores), que travaram uma guerra pela guarda do menino com a médica, mal se destacaram. Dan Stulbach e Julia Lemmertz tiveram boa química, mas a situação envolvendo a crise do casal por causa da inseminação artificial, que a esposa queria fazer e o marido era contra, andava em círculos.
As tentativas de conquistar mulheres pela internet era o enredo de René Junior (David Lucas). Difícil alguém se interessar por isso. Antenor e Patrícia formaram um casal sem o menor entrosamento. Caio Castro estava no pior momento de sua ainda inicial carreira e Adriana Birolli desaprendeu a atuar, após seu bom desempenho em "Viver a Vida" (2010). A violência doméstica sempre gera repercussão, mas a situação envolvendo Baltazar (Alexandre Nero), Celeste (Dira Paes) e Solange (Carol Macedo) era repetitiva e porcamente abordada. A garota só sabia dançar funk desde que apareceu na história. Detalhe: a música também era sempre a mesma. O agressor ainda foi perdoado pela esposa espancada e terminaram felizes. Isso porque o personagem fez uma dupla com Crô que caiu nas graças do público. O vilão virou elemento cômico através dos xingamentos homofóbicos que fazia contra o mordomo. O constrangimento da Globo com o núcleo é tão grande que toda a temática da violência foi quase escondida na reexibição. Até a trama da filha foi bastante editada. Quem não viu em 2011 dificilmente entende o que se trata o contexto envolvendo esses perfis.
Eva Wilma era um dos poucos pontos positivos com a sua Tia Íris. Sua parceria com a Thais de Campos (Alice) funcionou. Marcelo Serrado esteve muito bem como o afetado Crô, embora a veneração do mordomo em relação a Tereza Cristina tenha sido sem sentido. O perfil era uma caricatura e o ator fez o que foi pedido. Cumpriu a missão e entrou para o primeiro time da atores da emissora. Foi o maior destaque e tomou conta da história, que passou a se sustentar por muitas "esquetes" protagonizadas por ele. Não por acaso era o único personagem lembrado por grande parte dos telespectadores. Virou a "novela do Crô". Mas revendo atualmente fica perceptível como o perfil envelheceu mal. O gay afetado sempre existirá na teledramaturgia, pois existe na vida real, mas esse caso refletia em constantes humilhações nunca rebatidas pelo empregado.
O tal mistério envolvendo o segredo de Tereza Cristina era uma bobagem. Uma besteira ainda maior do que ser filha de uma empregada louca. Sim, esse "mistério" era uma mentida inventada por Tia Íris. O passado tão obscuro era a vilã ser fruto do marido de Íris com sua irmã. A tia nunca se conformou com o caso do esposo e inventou a origem humilde da sobrinha para "se vingar". A vilã era irmã de Álvaro (Wolf Maya) só por parte de pai. Ou seja, a perua cometeu inúmeros crimes por um segredo que nem era real. O outro enigma do enredo envolvia o namorado de Crô. Como o personagem cresceu, ganhou essa espécie de trunfo para aumentar ainda mais a audiência. Mas Aguinaldo não revelou a identidade do sujeito nem no último capítulo e citou como "referência" o final em aberto sobre o que tinha na caixa de Perpétua (Joana Fomm), em "Tieta". Mas, ao contrário do clássico de 1989, ficou evidente que o autor nem sabia quem era o tal namorado. Inventou para preencher o tempo dos capítulos e não conseguiu escolher o personagem que teoricamente já estava no enredo. O público foi feito de idiota. O enredo do mordomo foi tão mal colocado que a Globo também suprimiu na reprise. E a cena final até hoje é lembrada pela direção deprimente de Wolf Maya e a situação constrangedora criada pelo autor. Tereza Cristina foi dada como morta após uma sequência péssima da vilã naufragando com Pereirinha (José Mayer) em alto mar. Mas a perua apareceu na última cena em um carro de luxo debochando de Griselda, que foi atrás da inimiga segurando uma chave de grifo. Um desfecho vergonhoso.
"Fina Estampa" é um produto meramente escapista, mas nem para leveza funciona. A prova é a quantidade de personagens esquecíveis e tramas que não ficaram na memória. Até o ator Marco Pigossi (intérprete do machista Rafael), em uma live recente e deixando a ética de lado, declarou que a novela deveria ter sua reprise proibida pela quantidade de absurdos ditos no enredo. O grande público lembrar apenas do Crô é resultado da falta de densidade de todas as situações criadas por Aguinaldo Silva. A emissora teve uma boa estratégia ao escolher o folhetim de sucesso como "tapa-buraco", mas uma história desinteressante, rasa e com várias atuações abaixo da média não merecia ser reprisada em qualquer horário.
O Clone
3.8 398 Assista Agora"O Clone" foi uma bela criação da dramaturgia do Brasil
Entre 1º de outubro de 2001 e 14 de junho de 2002, a televisão aberta exibiu "O Clone", um de seus maiores sucessos, e ainda conseguiu emplacar em vários países, consolidando seu êxito. A novela de Glória Perez foi um de seus melhores trabalhos da carreira e a autora foi muito feliz na construção desta história tão rica e repleta de personagens atraentes.
Protagonizada por Giovanna Antonelli e Murilo Benício, o folhetim estreou pouco depois do atentado às Torres Gêmeas, tragédia que abalou os Estados Unidos e chocou o mundo. Houve até um certo desconforto inicial, uma vez que parte da trama era ambientada em Marrocos, na cidade de Fez, onde viviam vários muçulmanos. Mas a polêmica não durou muito tempo e os costumes daquele povo caíram no gosto popular, comprovando que o núcleo foi um dos muitos acertos da produção.
A novela abordou vários temas polêmicos e soube explorá-los com competência. Dividida em duas fase, a história começa em 1983, apresentando a vida de Leônidas (Reginaldo Faria), rico empresário, pai de gêmeos idênticos (Lucas e Diogo, vividos por Murilo), que não tem muito tempo para os filhos.
Jade (Vivida por Giovanna) é uma muçulmana que vive no Rio de Janeiro, quando acaba voltando para Fez, após a morte de sua mãe (Walderez de Barros). Os filhos de Leônidas vão passar férias em Marrocos com o padrinho de Diogo (o geneticista Albieri - Juca de Oliveira) e a partir de então o destino de Jade e Lucas se cruza.
O romance do casal protagonista, impedido pelos rígidos costumes da família da mocinha, arrebatou o telespectador e a química do par era evidente. Já o acidente de helicóptero que mata Diogo resulta na trama envolvendo a clonagem humana, uma vez que Albieri guarda as células de Lucas, depois que o rapaz vai em seu laboratório extrair uma pinta. Tudo para 'reviver' Diogo. A situação rendeu ótimos desdobramentos e ainda fez Murilo Benício se destacar, pois o ator acabou interpretando três personagens distintos, ainda que iguais: os gêmeos e o clone.
A segunda fase é iniciada em 2001, prosseguindo com todos os dramas apresentados na primeira e ainda acrescentando novos núcleos que deixaram a novela ainda mais interessante. O mais dramático foi o protagonizado por Débora Falabella, que impressionou com sua atuação na pele da rebelde Mel, uma viciada em drogas, filha de Lucas com Maysa (Daniela Escobar). As cenas mais fortes da novela foram vividas por ela e algumas entraram para a história da teledramaturgia pela entrega da atriz. O alerta sobre o consumo de substâncias ilícitas mesclou entretenimento e utilidade pública.
Já a parte cômica da história ficou por conta de duas personagens, cujos bordões ainda são lembrados pelo telespectador: Dona Jura (ótima Solange Couto) e Odete (maravilhosa Mara Manzan). Jura tinha um bar e vendia pastéis que faziam um baita sucesso. O bordão "Né brinquedo, não" virou febre, assim como o "Cada mergulho é um flash", proferido por Odete, personagem hilária interpretada pela saudosa Mara, que amava frequentar o Piscinão de Ramos e incentivava sua filha Karla (Juliana Paes) a dar o golpe da barriga --- essa trama hoje em dia seria bem criticada até pelas resoluções absurdas da autora.
O núcleo de Marrocos também obteve êxito e as danças dos personagens faziam sucesso, assim como as expressões ditas por eles, como o inesquecível "Ishalá", falado constantemente por Khadija (Carla Dias). A solteirona Nazira (Eliane Giardini) também foi outro destaque desta trama, assim como Zoraide (Jandira Martini), cúmplice e confidente de Jade. E impossível não lembrar do rabugento Tio Abdul (saudoso Sebastião Vasconcellos), defensor da moral e dos bons costumes, que vivia mandando as pecadoras "Arder no mármore do inferno".
utro acerto da novela foi a questão do alcoolismo, abordada com competência através de Lobato, vivido magistralmente por Osmar Prado. Nesse mesmo núcleo havia uma vilã que não media esforços para atingir seus objetivos, a Alicinha, muito bem interpretada por Cristiana Oliveira. Vale destacar também as brilhantes atuações de Cissa Guimarães (Clarisse) e Thiago Fragoso (Nando), que emocionaram várias vezes nas cenas onde a mãe se desesperava com o vício de drogas do filho, que era amigo das também viciadas Mel e Regininha (Viviane Victorette).
Além dos ótimos profissionais já citados, a novela também contou com outros excelentes atores, como Nivea Maria, Adriana Lessa (perfeita na pele de Deusa, a mãe do clone), Ruth de Souza, Elizângela, Beth Goulart, Antônio Calloni, Letícia Sabatella, Françoise Fourton, Perry Salles, Totia Meirelles, Guilherme Karan, Léa Garcia, Stênio Garcia e Marcello Novaes. A trama ainda foi a última da carreira do mestre Mário Lago, que veio a falecer meses depois.
Curiosamente, a reprise no Canal Viva serviu para observar melhor algumas falhas que não são muito faladas pelos saudosistas. O núcleo de Dona Jura é bem deslocado dos demais enredos e tem como única função preencher o tempo dos capítulos com convidados especiais que visitavam o bar da popular personagem. Era o elemento utilizado pela autora para enrolar o telespectador. Há uma barriga bem clara na história, algo bem comum na época, importante ressaltar. A primeira fase, principalmente, cansa pelo ritmo arrastado e os conflitos também se desgastam perto do meio da produção. Até as idas e vindas de Jade e Lucas se esgotam. A burrice dos protagonistas é outro problema evidente. A sorte foi mesmo a química dos intérpretes. Felizmente os meses finais reaquecem os dramas e a novela volta a prender.
"O Clone" foi um marcante folhetim e Glória Perez viveu um grande momento. Com 221 capítulos, a produção está na lista dos mais elogiadas e lembradas novelas da dramaturgia nacional e fez por merecer a boa aceitação da reprise no Canal Viva.
Novo Mundo
3.7 23Valeu rever a Proclamação da Independência do Brasil em "Novo Mundo"
A ótima "Novo Mundo" está em plena. E uma das muitas qualidades da trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi a mescla de ficção com fatos históricos. Os autores foram muito habilidosos na construção de um folhetim clássico, tendo uma passagem importante da história do país como enredo central. E um dos momentos mais aguardados do enredo foi ao ar na exibição original, em 2017, bem no dia 7 de setembro: a declaração da Independência do Brasil.
Primeiramente, é preciso aplaudir a precisão dos escritores, há três anos, em colocar a cena justamente no dia que realmente aconteceu o fato. Obviamente, a precisão não foi se repetiu na reprise. Mas é apenas um detalhe. O grito de Dom Pedro (Caio Castro) foi arrepiante e conseguiu cercar esse momento emblemático com todo o clima necessário. Era um clímax bastante esperado, não apenas em virtude do contexto tão presente nos livros de história, como também pela trajetória do príncipe e da princesa que o público tem acompanhado desde a reestreia da novela.
A emoção da sequência foi temperada já no capítulo anterior com a exibição da belíssima cena em que Leopoldina (Letícia Colin) ignorou as ameaças da Corte Portuguesa e assinou a separação do Brasil de Portugal. Nomeada princesa regente pelo marido, a respeitável mulher reuniu os ministros e, com o apoio deles e de José Bonifácio (Felipe Camargo), tomou a decisão mais importante da história do país.
Após a assinatura, Joaquim (Chay Suede) ainda gritou "Viva o Brasil", provocando um inevitável sentimento de patriotismo em quem assistia, por pior que seja o atual cenário político. Todos os atores emocionaram, com destaque para Letícia.
Por sinal, vale observar que foi realmente Leopoldina que assinou a Independência. É um fato histórico. Mas, infelizmente, poucos dão importância e nem há um grande enfoque nos livros sobre isso, priorizando o grito de Dom Pedro. Esse é mais um ponto positivo da novela, pois houve uma justa valorização a um perfil tão importante para o Brasil. A princesa passou a ser vista e lembrada com outros olhos em grande parte por causa do folhetim. A força da teledramaturgia é muito grande e a própria atriz ficou marcada na carreira pela sua brilhante atuação, fazendo dessa personagem real uma pessoa tão cativante. Foi seu melhor momento até hoje.
A assinatura da princesa regente foi o gancho do capítulo, servindo de preparação para o grande momento. Após a passagem de Dom João (Leo Jaime) e Carlota Joaquina (Débora Olivieri), o casamento arranjado de Dom Pedro e Leopoldina, o retorno dos reis para Portugal e o Dia do Fico, chegou a hora da declaração da Independência do Brasil e pela primeira vez o contexto histórico teve mais importância que o enredo ficcional. O grito de "Independência ou Morte", com todos ao redor gritando jundo com Dom Pedro, foi de arrepiar.
A gravação da cena da proclamação durou quatro horas e reuniu 160 pessoas, entre equipe e figuração. Foram usadas 23 mulas, sete cavalos, 20 armas longas, 10 espadas e 80 figurinos de escravos, índios, fazendeiros, homens do campo e militares. Uma produção extremamente trabalhosa para um dos momentos mais esperados do enredo. E o resultado foi perfeito, valendo todo o esforço.
A cena da Independência do Brasil foi marcada pela cuidadosa direção de Vinícius Coimbra, bom texto dos autores e entrega do elenco, que mergulhou no clima de um dos momentos mais citados e lembrados da História do Brasil em "Novo Mundo".
Valeu muito a pena rever!
Novo Mundo
3.7 23Humilhação de Domitila destacou Agatha Moreira em "Novo Mundo"
E um dos momentos mais aguardados da trama foi a queda de Domitila (Agatha Moreira). A amante de Dom Pedro (Caio Castro), conhecida nos livros de História como a Marquesa de Santos, acabou mais vilanizada pelos autores Alessandro Marson e Thereza Falcão, privilegiando o bom folhetim, criando assim uma maior rivalidade com a doce princesa Leopoldina (Letícia Colin). A estratégia se mostrou um acerto e o desmascaramento da personagem destacou a atriz.
Inicialmente, Domitila parecia uma vítima sofredora, padecendo com as agressões do marido violento (Felício - Bruce Gomlesvky) e sofrendo nas mãos da irmã, a interesseira Benedita (Larissa Bracher). O início de seu romance com Chalaça (Rômulo Estrela), por sinal, rendia cenas delicadas para o casal. Entretanto, aos poucos, a verdadeira face da mulher foi sendo exposta para o público através de atitudes egoístas e traiçoeiras. O lado maquiavélico se firmou desde que ela adotou como principal meta a sua aproximação de Dom Pedro, com o intuito de se livrar do marido e conseguir a guarda dos filhos.
Mas, na verdade, Domitila sempre quis uma vida luxuosa e a posição de princesa do Brasil. Tanto que assim que conseguiu a guarda das crianças, as internou em um colégio. Também não pensou duas vezes antes de trair Chalaça, fazendo o amante odiar seu até então melhor amigo.
Quanto mais manipulava Dom Pedro, mais conseguia atingir seus objetivos, passando por cima de todos que atravessassem seu caminho. Se aliou até a Thomas (Gabriel Braga Nunes) para conseguir um dinheiro à parte através de acordos políticos, usando o príncipe como isca. Ou seja, ela acabou virando a maior vilã do enredo.
E, como sempre ocorre com as diabas das novelas, a maior expectativa era justamente em torno da sua desgraça. A longa espera valeu a pena. A sequência em que Chalaça armou uma cilada para a víbora, proporcionando o esperado flagra de Dom Pedro, ficou muito boa, destacando Agatha Moreira, Caio Castro e Rômulo Estrela. A atriz emocionou no confronto da mau-caráter com o ex, fazendo uma ótima dobradinha com Rômulo. Domitila confessou todas as suas armações e ainda tentou sensibilizar o amigo do príncipe demonstrando um falso arrependimento. A cena foi difícil, explorando o poder de manipulação daquela mulher.
Já o restante da sequência, com Dom Pedro transbordando de ódio para o desespero da amante, se mostrou ainda melhor. O marido de Leopoldina finalmente enxergou a verdadeira Domitila, não escondendo a fúria e a decepção. O momento em que ele a expulsou do Solar, a jogando no meio da rua, lavou a alma do público.
Alessandro Marson e Thereza Falcão foram corajosos na alteração da história real de Domitila em prol de uma boa ficção. Afinal, é sabido que a Marquesa de Santos nunca foi uma mulher sem caráter ou "malvada" e seguiu como amante de Dom Pedro, indo até morar junto com Leopoldina. Porém, seria demais acompanhar toda essa triste história também no mundo da fantasia. É certo que a vilã terminará com o príncipe novamente, pois não é possível tamanha liberdade poética. A melhor solução criada pelos autores foi o encerramento do enredo antes da morte da princesa do Brasil. E valeu acompanhar pela segunda vez essa derrocada de Domitila na reprise de "Novo Mundo". Agatha Moreira foi a maior beneficiada e na época nem imaginava que dois anos antes interpretaria uma personagem mais sarcástica e a melhor de sua carreira até então: a Giovana, de "Verdades Secretas", em 2015.
Malhação Sonhos
3.9 83Há seis anos estreava Malhação Sonhos, uma das melhores temporadas do seriado, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm. Tinha trama, humor, ação, musicais lindos, casais apaixonantes, personagens carismáticos, elenco talentoso, enfim...Que saudades. Um belo dia resolvi mudar...
No dia 14 de julho de 2014 estreava "Malhação Sonhos", substituindo a fracassada "Malhação Casa Cheia", iniciada em 2013. A partir de então, o público começou a acompanhar uma trama adolescente repleta de tipos críveis, que precisavam enfrentar muitos dilemas e, apesar das inúmeras diferenças de personalidade, tinham algo em comum: todos sonhavam. O sonho era o que movia todos os personagens, sem exceção. Pois esta saga, que durou mais de um ano e envolveu o telespectador, chegou ao fim nesta sexta (14/08/2015), com um capítulo emocionante, tenso e irretocável.
Escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, com direção de Luiz Henrique Rios e Marcus Figueiredo, a história prendeu a atenção desde o primeiro capítulo. Apesar de ser um seriado adolescente, esta temporada foi voltada para todas as idades, uma vez que abordou diversos assuntos com propriedade, sem subestimar o público. O sucesso alcançado fez jus ao conteúdo de qualidade que foi apresentado. Não ficou devendo a nenhuma ótima novela, cujos gastos de produção são bem maiores. E esta foi praticamente a mesma equipe responsável pela "Malhação Intensa", exibida em 2012/2013, que também conseguiu conquistar o telespectador através de um enredo bem escrito.
A saga de vários jovens que buscavam seus sonhos foi muito bem desenvolvida pelos autores, que conseguiram manter o ritmo da história, evitando maiores enrolações ou estagnação do roteiro. O esquema de rodízio em torno dos casais e dos dramas de cada núcleo foi uma das principais razões para o êxito na condução da história.
Enquanto uma trama ficava em evidência, repleta de reviravoltas, as demais serviam para 'sustentá-la', deixando um pouco os outros conflitos em compasso de espera. Assim, o enredo ia se encaminhando sem qualquer sinal de desgaste e muito menos com a sensação de 'barriga' ou repetição.
E todas as tramas tiveram seu momento de destaque. A história mesclou com extrema competência a comédia e o drama, havendo ainda muitos musicais, que ajudaram a permear toda a temporada com clipes lindos. Outro grande acerto foi a criação dos casais: todos os pares românticos funcionaram e apresentaram conflitos que envolveram o telespectador. Tanto os principais ---- compostos por Duca (Arthur Aguiar) e Bianca (Bruna Hamu), Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni), Cobra (Felipe Simas) e Jade (Anaju Dorigon) ----, quanto os coadjuvantes ---- compostos por Mari (Malu Campos) e Jeff (Cadu Libonati), Dandara (Emanuelle Araújo) e Gael (Eriberto Leão), Sol (Jeniffer Nascimento) e Wallace (Antônio Carlos), entre outros.
Colocar como pano de fundo uma Academia de Artes (a Ribalta) e uma de Lutas (a do Gael, que ainda rivalizava com a Khan), fazendo uma espécie de comparação entre dois universos completamente distintos, ao mesmo tempo que semelhantes em alguns aspectos, foi mais uma sacada de mestre. Os ambientes complementaram perfeitamente toda a história que foi sendo contada ao longo dos meses. E os relacionamentos estabelecidos, entre os frequentadores destes distintos locais, ajudou bastante nas interações, que muitas vezes resultavam em inúmeros conflitos. Afinal, Duca e Wallace, por exemplo, se apaixonaram por uma atriz e uma cantora, respectivamente, enquanto o guitarrista Pedro se viu envolvido com uma lutadora nada calma. Já o lutador Cobra se envolveu com a dançarina Jade, entre tantas outras relações peculiares. E houve também espaço para semelhante se atrair por semelhante, vide o dançarino Jeff e a cantora Mari.
A história contou ainda com bem construídos vilões, que ajudaram a movimentar o enredo e não ficaram devendo em nada aos 'malvados' de horários mais tardios. Apesar das limitações da Classificação Indicativa,
Lobão (Marcelo Faria) e Heideguer (Odilon Wagner) esbanjaram canalhice e crueldade, fazendo de tudo para atingir seus objetivos. O empresário era um poço de ambição e ganhava dinheiro fraudando torneios de muay thai, enquanto o treinador servia como seu capacho e aliado nos esquemas de apostas. Porém, o psicopata dono da Academia Khan tinha uma fixação por Gael ---- ele nunca perdoou o ex-amigo depois que o mesmo abandonou as lutas para ficar com a esposa ---- e este seu lado passional provocava uma constante rixa com o ricaço.
Vários temas importantes foram abordados e funcionaram muito bem na condução da trama.
A gravidez na adolescência foi explorada através do drama de Mari; a homofobia pôde ser vista na relação entre o pai Lincoln (Edmilson Barros) e o filho Jeff; o câncer de mama foi tratado com grande sensibilidade com a luta de Lucrécia (Helena Fernandes) pela cura da doença ---- houve até uma cena marcante da personagem fazendo um autoexame, que gerou repercussão ----; o sexismo foi exposto em virtude das atitudes de Duca e Gael em relação ao desejo de Bianca ser atriz e no de Karina em ser lutadora; e o racismo se evidenciou assim que Sol e Wallace melhoraram de vida.
Já as atrativas viradas se mostraram vitais para o fôlego da temporada. Muitas situações tensas e dramáticas marcaram a história, quase sempre provocando uma empolgante reviravolta.
O assassinato de Alan (Diego Amaral), irmão de Duca, foi uma delas. Atropelado por Lobão, o rapaz, que estava prestes a desmascarar o esquema de apostas dos vilões, não resistiu aos ferimentos e sua morte foi um choque para os personagens, destacando o talento dos atores, entre eles Arthur Aguiar e Iná de Carvalho (Dona Dalva). A revelação do suborno de Bianca --- que pagou Pedro para namorar sua irmã --- foi a mais forte, uma vez que culminou na armação de Lobão, que fingiu ser o verdadeiro pai da menina. E tudo só veio à tona depois que Bianca sofreu uma tentativa de sequestro, sendo salva por Duca.
Além destas, outras viradas empolgantes movimentaram a história, como: o início do Warriors
--- marcando a nova vida de Karina ao lado de Lobão ---; luta entre Nat (Maria Joana) e Lobão --- que culminou no desaparecimento da personagem, quase morta pelo vilão ---; o sequestro de Karina --- a garota ficou mantida em cárcere privado no apartamento do 'falso pai' ---; a ameaça de Heideguer aos familiares de Cobra no meio do Warriors; a internação de Dona Dalva; o esperado embate final entre Duca e Cobra no torneio --- cuja vitória foi do mocinho ---; a luta demonstrativa entre Lobão e Gael --- onde o canalha dopou o adversário e tentou matá-lo ---; o salvamento de Karina; a fuga de Cobra e Jade --- que ficaram perdidos em um lugar distante ---; a revelação de que Cobra é filho de Gael; o ataque do psicopata Haroldo (Álamo Facó); a prisão de Heideguer --- entregue pelo próprio filho, Henrique (Michel Joelsas) ---; a volta de Nat --- encontrada por Luiz (Maurício Pitanga) em uma clínica psiquiátrica ---; a quase morte de Cobra; a fuga de Nat da clínica; o plano de Lobão para separar Duca e Bianca --- provocando ainda um rompimento do lutador com Gael ---
Os romances também foram os responsáveis por muitos bons momentos, gerando grandes torcidas do público. A química esteve presente em todos os pares.
Pedro e Karina divertiam com o clima do primeiro amor e as constantes brigas do menino medroso com a garota estressada eram hilárias. A relação de Duca e Bianca era a representação do Gael com sua falecida esposa --- o lutador que não aceita a profissão da atriz --- e os dois precisaram enfrentar uma avalanche de problemas, onde uma gota no oceano ou simples grão de areia mudava tudo, até o final feliz. Cobra e Jade tinham um relacionamento quente e repleto de ironias, que culminou em um lindo casamento. Mari e Jeff eram o retrato da cumplicidade e do afeto, enquanto Sol e Wallace se sobressaíam através da arrogância da cantora, que mandava na relação. João tinha uma paixão por Bianca e a venerava, mas, depois de muito insistir e não ser correspondido, encontrou o amor nos braços de Vicki, menina tão debochada quanto ele. Lírio (Paulo Dalagnoli) e Ruiva (Ana Rios), Dandara e Gael, Delma (Patrícia França) e Renê (Mário Frias); Lincoln e Rute (Josie Antello) também se destacaram. E além de João com Bianca, aliás, alguns outros pares foram formados, como Duca e Nat, Lírio e Joaquina, Henrique e Bianca, Wallace e Ruiva, entre tantas outras 'combinações'.
O elenco foi repleto de gratas revelações e escalações acertadas. Arthur Aguiar, Bruna Hamu, Rafael Vitti, Isabella Santoni, Felipe Simas e Anaju Dorigon brilharam, honrando a importância dos seus personagens, uma vez que todos moviam a história. Guilherme Hamacek foi ganhando cada vez mais destaque em virtude do seu bom desempenho e Jeniffer Nascimento se sobressaiu através do seu inquestionável talento vocal. Malu Campos foi outra cantora que se mostrou uma boa atriz e emocionou cada vez que soltou sua voz. Já Yasmin Gomlesvsky se entregou na pele da doida Joaquina, que de maluca não tinha nada, e ganhou um justo destaque na reta final. Maria Joana engrandeceu o elenco com sua presença e Nat foi o seu melhor papel até então (ela também esteve em "Araguaia" e "Flor do Caribe"). Outros bons nomes foram Jean Amorim (Marcão), Bruno Fraga (Zé), Ana Rios (Ruiva), Paulo Dalagnoli (Lírio), Lellêzinha (Guta), Jéssica Lobo (Fabi), Dani Dillan (Paula), Gabriel Reif (Rominho), Bianca Vedovato (Tomtom), Ramon Francisco (Rico), Caio Lucas Leão (Luiz Cláudio), Cadu Libonati (Jeff), Antônio Carlos (Wallace), Manu Gavassi (Vicki) e Maurício Pitanga (Luiz), que teve sua importância aumentada nos últimos meses.
Mas os atores mais experientes também fizeram a diferença na temporada. Iná de Carvalho deu um verdadeiro show vivendo a descolada Dona Dalva; Eriberto Leão viveu seu melhor momento na carreira interpretando Gael; Marcelo Faria se destacou na pele do diabólico Lobão; Patrícia França convenceu com sua responsável Delma; Emanuelle Araújo brilhou atuando e cantando com sua doce Dandara; Felipe Camargo se saiu muito bem vivendo o atrapalhado Marcelo; Danielle Suzuki exibiu sua sensualidade através da solitária Roberta; Leo Jaime novamente divertiu revivendo o Nando da "Malhação Intensa"; Mário Frias fez um cativante Renê; e foi um imenso prazer ver Odilon Wagner interpretando um personagem que fez jus ao seu talento. O Heideguer foi um vilão odiável e muito bem escrito. Já Helena Fernandes e Guilherme Piva esbanjaram sintonia, protagonizando inúmeras cenas ótimas através do inusitado 'casal' Lucrécia e Edgar. Ainda é preciso citar o talentoso Edmilson Barros, que divertiu com o arretado Lincoln (o bordão "Mas meniiiiino" era impagável), Josie Antello, Edvana Carvalho (Bete) e Ademir de Souza (que participou durante alguns meses vivendo o canalha Simplício).
A trilha sonora (nacional e internacional) foi outro ponto que complementou este harmônico conjunto. Foram várias músicas bem selecionadas e que ajudaram a contar a história, entre elas: "Agora só falta você" (Pitty), tocada na abertura; "Uma Gota no oceano" (NXZero), tema de 'Duanca'; "Tudo que você quiser" (Luan Santana), tema de 'Majeff'; "Quase sem querer" (Maria Gadú), tema de 'Perina'; 'Beside You' (Simply Red), tema de Karina e Cobra; "I told you so" (Kathryn Dean ---- que fez uma ótima participação na última semana), tema de 'Cobrade'; "Your Window Pain" (Kirsch & Bass), tema de Karina; "Love me again" (John Newman); "Ela me deixou" (Skank); "Meu novo mundo" (Charlie Brown Jr.); "Shake the room" (Gamu); "Summer" (Calvin Harris); "BOP" (Raimundos); entre tantas outras. Foi um presente para os ouvidos.
Mais uma ideia acertada foi a interação através do site da trama, chamado de 'transmídia'. Os telespectadores escreveram várias cenas curtas (chamadas de Fanfics) e os autores selecionaram uma para ir ao ar.
A felizarda foi a autora da sequência em que Bianca sonhava que estava com Duca e João ao mesmo tempo, ocorrendo uma alusão ao clássico "Dona Flor e seus dois maridos". Outra criação de uma fã, que também migrou para a televisão, foi o sonho de Pedro, imaginando Gael e Karina transformados em vampiros ---- houve, inclusive, uma lembrança ao último bom folhetim de Antônio Calmon: "O Beijo do Vampiro".
A reta final da trama foi repleta de emoção e cenas tensas, honrando tudo o que a temporada veio apresentando desde a estreia.
O casamento de Cobra e Jade foi lindo, assim como a reconciliação de Duca e Bianca. A união de Bianca e Jade (as cunhadinhas), aliás, foi um acerto, primando pela comicidade. O relacionamento de João e Vicki mostrou que o nerd encontrou uma garota que o ama pelo que ele é. Já o plano de Lobão, que aproveitou a falta de memória de Nat para manipulá-la, movimentou os momentos mais derradeiros. A luta do vilão com Duca foi muito bem feita, assim como o embate entre Nat e o mocinho. A cena da perseguição ao mestre da Khan também teve uma produção caprichada e a chegada de Josefina (Nanda Costa) ---- que conseguiu comprar a fábrica que servia de local para a academia de Gael e para a Ribalta ---- serviu como um 'bônus' que ajudou a deixar os acontecimentos finais mais tensos, revelando ainda a verdadeira Joaquina, que enganou os personagens e o público.
Os últimos capítulos mesclaram situações emocionantes com outras repletas de adrenalina. A cena em que Lucrécia revela para Edgar que ele é o pai de Jade foi arrepiante.
Helena Fernandes, Guilherme Piva e Anaju Dorigon protagonizaram um momento tocante, que apenas expôs o laço que já existia naquela família. A declaração de amor que Duca fez para Bianca, em meio ao espetáculo "A Megera Domada" ---- que inspirou o par 'Perina' ----, foi outra bonita cena. A sequência do nascimento do filho de Dandara e Gael também primou pela emoção, uma vez que todo o passado aterrorizante do mestre veio à tona --- sua primeira esposa faleceu no parto de Karina. A chegada do bebê, chamado de Miguel (uma referência indireta ao personagem de "Sete Vidas" que teve sete filhos ---- afinal, além de Karina, Bianca e Cobra, Gael também é um pouco pai de João, Pedro e Duca), foi delicada e um belo clipe (ao som de "Amor pra recomeçar", do Frejat) coroou este momento.
Já a tensão ficou por conta de Lobão e Josefina. O mestre da Khan sequestrou Karina ---- um dos maiores clichês novelescos, principalmente no penúltimo capítulo ---- para atrair Gael e conseguiu levar seu rival para onde queria. Esta relação obsessiva que o lutador tinha com o ex-amigo lembrou muito, inclusive, o ódio que Flora (Patrícia Pillar) nutria por Donatella (Cláudia Raia) em "A Favorita". A luta entre os personagens foi excepcional e teve como 'pano de fundo' o incêndio da Ribalta, provocado pelo parceiro da vilã (Paulo - Cleiton Moraes). Os dois lutavam, enquanto a fábrica era corroída pelo fogo. Foram cenas de extremo capricho e recheadas de adrenalina. A tensão aumentou ainda mais quando Nat e Pedro arrombaram a fábrica e conseguiram ajudar Gael. O guitarrista, inclusive, teve um atitude heroica e salvou a sua 'chamuscadinha'. Já Duca lutou com Luiz e Nat acabou salvando Lobão (seu algoz) do incêndio, mandando o canalha direto para cadeia para vê-lo pagar por seus crimes.
E após a sucessão de cenas tensas, o último capítulo ficou voltado para a sensibilidade. Todos se reuniram na fictícia praça José Wilker (uma homenagem ao saudoso ator) e cantaram "É preciso saber viver" (clássico de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, tocado também pelos Titãs), protagonizando o último clipe da temporada, que ficou tão lindo quanto os anteriores. Lucrécia, Gael, Nando e Edgar fizeram um belo discurso sobre a arte de sonhar, que precisou ser renovada depois da Ribalta ter sido destruída pelo fogo. Além deste bonito momento, o público ainda pôde ver a punição de Josefina, que acabou presa junto de seu comparsa. E os casais tiveram seus merecidos finais felizes, sendo uma grata surpresa a exibição de um beijo entre duas meninas e dois homens, em meios aos inúmeros pares que se formaram na trama.
Já a última cena lembrou o desfecho da temporada "Intensa", dos mesmos autores. Nando ('coincidentemente' o personagem que participou das duas temporadas) contou o final de todos os personagens e foi emocionante ver os sonhos se realizando, um a um. Sol virou uma cantora de sucesso (uma Beyoncê brasileira); Pedro um guitarrista famoso; João um comediante de sucesso; Jade uma enfermeira dedicada; Cobra um lutador vitorioso; Nat uma campeã de muay thai; e Karina finalmente começou a lutar profissionalmente, sendo treinada pelo seu pai. Bianca se transformou em uma atriz requisitada; Wallace foi treinar na Tailândia; e Duca e Gael viraram sócios em uma Academia chamada de "Força e Honra". O único 'pesadelo' foi de Heideguer, Lobão e Luiz, que acabaram presos na mesma cela e jogando xadrez. Uma punição merecida. A imagem final foi com todo o elenco, direção e equipe reunidos na cidade cenográfica, soltando balões em meio a fogos de artifício. Um encerramento belíssimo de uma temporada que entrou para a lista das melhores.
Com um final irretocável, "Malhação Sonhos" fecha seu ciclo e entra para a lista das melhores temporadas
Com um final irretocável, "Malhação Sonhos" fecha seu ciclo e entra para a lista das melhores temporadas
"Malhação Sonhos" ficou praticamente 14 meses no ar, ou seja, mais de um ano. Foram 280 capítulos. Após a bem-sucedida temporada em 2013 ("Intensa"), Rosane Svartman, Paulo Halm e equipe conseguiram mais uma vez apresentar uma trama de grande qualidade. Os autores, inclusive, se mostram aptos para a estreia de "Totalmente Demais", primeira novela da dupla, cuja estreia será em novembro, no horário das sete. A fase, que acaba de ter o seu longo e elogiado ciclo fechado, conquistou o público, a crítica e ainda conseguiu comemorar os 20 anos do seriado adolescente (completados em abril) em grande estilo ----- afinal, a audiência também correspondeu, elevando os índices da temporada passada. Foram muitos dramas, risos, músicas e tensão ao longo deste tempo. E valeu muito a pena ter acompanhado cada conflito, cada reviravolta, cada relação, cada história. Porém, tudo tem um prazo para terminar e é bom que se encerre deixando um gosto de saudade, como esta temporada deixou. O sonho foi delicioso e deu para aproveitá-lo ao máximo. Mas chegou a hora de acordar. Resta agora a lembrança que ficou de uma produção onde absolutamente tudo funcionou. Força e honra!
Mais Você
3.1 5Por que o "Mais Você" ainda não voltou à grade da Globo?
A programação matutina da Globo sofreu uma drástica alteração logo no início da pandemia do novo coronavírus, há mais de três meses. O jornalismo dominou as manhãs e programas como o "Mais Você" e o "Encontro" saíram do ar. Porém, a emissora resolveu trazer de volta a atração de Fátima Bernardes 49 dias depois. E inseriu Ana Maria Braga em um quadro de receitas dentro do formato da colega. Na verdade uma reprise das melhores receitas. Essa alteração vem provocando algumas dúvidas pertinentes.
Primeiramente, é preciso ressaltar as razões óbvias para o afastamento de Ana. A apresentadora tem 70 anos e está no grupo de risco da COVID-19. A doença é a principal causa das mortes dos idosos durante a pandemia. Para culminar, Ana está recém-curada de um terceiro câncer e na época do surgimento do coronavírus no Brasil ainda estava em pleno tratamento. A Globo agiu com todo o cuidado necessário e merece reconhecimento.
Todavia, as aparições de Ana Maria no meio do "Encontro" provam que o retorno do "Mais Você" já deveria ter acontecido há pelo menos dois meses. Claro que seria um absurdo a apresentadora ir diariamente aos Estúdios Globo gravar seu programa, como tem feito Fátima Bernardes.
Mas Ana está atualmente em sua fazenda e vem anunciando as reprises de suas melhores receitas, e até realizando ações de merchandising, de lá. A imagem, vale observar, é de ótima qualidade, o que prova ser oriunda de equipamentos fornecidos pela própria emissora. Não são gravações feitas em celular ou computador/notebook.
Se Ana Maria Braga tem conseguido apresentar muito bem de sua fazenda através da boa estrutura fornecida pela emissora, qual a razão do "Mais Você" ainda não ter retornado? Não haveria problema nem nas gravações de matérias com repórteres, como Talitha Morete, uma vez que Ana apenas chamaria as reportagens, como já fazia bem antes do surgimento da pandemia. Não ocorreria apenas as entrevistas com artistas da Globo presencialmente e nem faria falta. A única presença a mais da fazenda da loura seria de Tom Veiga como Louro José. Ou nem isso, pois o parceiro da apresentadora poderia aparecer em chamada de vídeo.
É preciso lembrar que o "Mais Você" sempre foi uma das maiores audiências da Globo nas manhãs. Ana Maria Braga tem um público muito fiel que vem sentindo falta da apresentadora. Um quadro curto no meio do "Encontro" é muito pouco para o tamanho da apresentadora. Como medida emergencial, é algo compreensível. Mas semana passada Luciano Huck já voltou a gravar seu programa nos estúdios. Faustão retornará em breve. Ana só poderá ir aos estúdios quando a vacina for finalmente criada. Então, até lá, será um mero quadro de reprises durante o programa de Fátima Bernardes? Não dá mesmo para a apresentadora comandar o seu tão longevo formato de sua fazenda?
A resposta é bem óbvia: é perfeitamente possível. Basta a Globo querer.
Totalmente Demais
3.7 50 Assista Agora"Minha irmã chorando o pão que o diabo amassou e o Arthur com esse arroto de cenoura!!!"
"Vc com uma periguete com idade pra ser SUA NETA!!!! Vai jogar viode-game, pirralha, que os adultos estão conversando!"
"Se vc bancar o Arthur e me trocar por uma periguete de 20 anos eu vou no médico e ponho silicone até na lingua pra pegar geral. Experimenta!!!!!!!!!"
DORINHA HAHAHAHAHAHHAHAHA
Novo Mundo
3.7 23Valeu a pena rever a melhor virada de "Novo Mundo"
Exibida em 2017, a trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi um sucesso de público, crítica e repercussão. Portanto, a reprise vem comprovando todas as qualidades do enredo. E a maior reviravolta do folhetim foi exibida neste capítulo: Várias cenas bem produzidas que destacaram o trabalho da equipe do diretor Vinícius Coimbra, e promoveram uma virada espetacular na história
com o resgate épico de Anna Millman (Isabelle Drummond), planejado por Joaquim (Chay Suede) e sua gangue de amigos.
Após um longo tempo presa por Thomas (Gabriel Braga Nunes), a mocinha finalmente conseguiu se livrar do vilão graças ao seu amado e os dois fugiram de balão, bem no meio de uma feira de invenções. O capítulo pareceu um filme de aventura da melhor qualidade. Teve lutas coreografadas com precisão, empolgantes embates e cenas de ação bem dirigidas. Um grande destaque foi o duelo entre Jacira (Giullia Buscacio) e Miss Liu (Luana Tanaka), claramente inspirado no clássico filme "O Tigre e o Dragão" (2000).
A briga das duas foi de tirar o fôlego e ainda representou um encontro de civilizações. A índia e a chinesa usaram suas melhores técnicas de luta e se enfrentaram em nível de igualdade, mostrando preparo e treinamento. O instante do desmaio da governanta representou a clássica vitória do bem contra o mal.
As atrizes se entregaram e a direção deixou tudo muito crível, sem qualquer traço de artificialidade. Tanto que a cena demorou quatro dias para ficar pronta. E todo o trabalho valeu a pena. O resultado no ar ficou o melhor possível.
E esse foi apenas um dos vários momentos marcantes do capítulo.
Piatã (Rodrigo Simas) achando a sobrinha, após ter usado seus poderes mediúnicos de pajé, primou pela emoção, sendo necessário citar também o sempre solícito Padre Olinto (Daniel Dantas). A recuperação de Miss Liu, flagrando os índios levando a filha de Anna e chamando a guarda, foi mais um instante de adrenalina, aumentando a tensão e a expectativa para o desfecho da fuga.
E a sequência final se mostrou a mais empolgante, pois até utilizou dois dos elementos da feira.
A chegada de Jacira com a filha da mocinha despertou a fúria de Thomas, que agarrou a esposa, e que acabou impedido por Diara (Sheron Menezzes), que usou o extintor 'recém-apresentado' no vilão. Anna, então, escapou com Joaquim e Quinzinho (Theo de Almeida Lopes), enquanto Jacira lutava novamente com Miss Liu, triunfando pela segunda vez. Até mesmo Wolfgang (Jonas Bloch) ajudou colocando sua bengala para os guardas tropeçarem. Os mocinhos, então, fugiram no balão que seria exibido no final do evento, com direito ao adeus debochado da heroína, deixando Thomas e Miss Liu sem reação. O voo representou muito bem a liberdade do casal,
E o núcleo central não foi o único que apresentou uma grande virada. Os paralelos também.
Sebastião (ótimo Roberto Cordovani) descobriu que a filha Cecília (Isabella Dragão) era a misteriosa Rosa Branca e ainda a flagrou beijando Libério (Felipe Silcler), o jornalista negro que ele sempre odiou. E ainda houve a chegada de Greta (Júlia Lemmertz), irmã arrogante de Wolf que fará da vida de Diara um inferno. Uma vilã que acrescentou muito ao roteiro e melhorou a trama de Diara. Vale destacar também a entrada de Isaura (Priscila Steinman), nova amante de Dom Pedro (Caio Castro) que deixará Domitila (Agatha Moreira) em pânico.
"Novo Mundo" foi um novelão e o capítulo do resgate de Anna teve tudo o que o público merece: ação, emoção, ótimas atuações e uma reviravolta digna de uma superprodução. Um capítulo que enfatizou a razão da trama ter sido tão elogiada e aclamada em 2017. Valeu a pena rever.
Duas Caras
3.4 72 Assista AgoraOs memes da Silvia louca são maravilhosos e Alinne Moraes deu um show, mas será que hoje em dia as pessoas conseguem perceber que Duas Caras era uma novela que retratava um miliciano como um herói defensor dos pobres e inimigo dos bandidos? Essa trama JAMAIS será reprisada.
um miliciano como um herói defensor dos pobres e inimigo dos bandido /// Essa parte tá sendo reprisada na cabeça dos policiais bandidos.
Lembro da cena em q ele apareceu com uma bazuca e causou polêmica kkkkkk. Afinal, como ele teria fácil acesso a uma bazuca, né mesmo? Hj em dia a gente assistiria com outros olhos, muito embora eu não o visse como mocinho.
Tinha até o envolvimento c a Alzira... A personagem da Flávia Alessandra e a música dela fez um certo sucesso, creio q era Folhetim.
Detestava o Juvenal Antena. Era sobre a favela da portelinha dominada pelo Juvenal Antena, um miliciano "legal".
E acho q a trama mostrou q ele ñ prestava, sim. Acontece q a figura do miliciano ainda era obscura na época, a gente ñ entendia ainda o problema... hj o personagem teria q ser CLARAMENTE mau, vilão total pra ser aceito.
Se bem q, no país de nome Brasil...
Então, ao invés da polêmica ser com o miliciano era com a mulher que era dançarina de pole dance.
Além de um branco dizendo em rede nacional ser mais preto que um preto, pois escolheu ser preto. Vide o personagem de Dudu Azevedo, essa novela é um erro!
Eu não lembrava também aí fui rever cenas do casal que ele fazia com a Cris Viana e me deparei com isso... Fiquei em choque pq na época eu torcia pro casal 🤦🏾♂️🤦🏾♂️🤦🏾♂️
ah, ele era vilão, né. Acho. se foi vilão ok ser racista pq não tem caráter. O problema é se era bom moço
Ele não era um vilão, era um playboy inconsequente e ele romantizava a negritude e desvalidava quem realmente é preto e passa por todas as questões que isso implica. Na realidade o Agnaldo romantizou toda a história.
A crente era fuxiqueira e gostava de ver o circo pega fogo, teve até uma polêmica com os evangélicos kkk .
E foi nessa que tinha a figura do sufocador né?
Eu amava Silvia Louca... eu achava q era pq a novela mesmo com a Alinne arrasando, ela não foi tããooo unanimidade , mas o seu ponto foi certeiro.
ele era tratado como mocinho o tempo todo, pois é...Detalhe: aquele Zenon, amigo de todas as horas da família Tufão, tb era miliciano.
Eu amava o núcleo da faculdade, com Branca e Célia Mara; show mesmo, pra mim, foi da Marília Pera, eterna diva... amava essa novela kkk Silvia, Maria Paula e Ferraço aff era top
E eu tentei mt odiar o Ferraço e não torcer pro casal com a Maria Paula (Marjorie no papel menos profundo, ainda que 1a protagonista e eu gostei msm assim), e foi impossível não shipar. Vibrei com o final Cara sorridente com os olhos em forma de coração
Primeira vez q exaltei Alinne Moraes rainha ❤ Só ela e o casal - Maria Paula y Ferraço, ¡amaba esa pareja! - salvavam naquela bomba.
Eu lembro de shippar muito Maria Paula e Ferraço quando ele começa a se redimir e se apaixonar por ela. Ao som de same mistake . Só isso que lembro.
Triturando
1.2 3"Triturando" é a mais recente prova do amadorismo de Silvio Santos
Não é novidade que Silvio Santos nunca levou o SBT a sério. A emissora seria a vice-líder isolada com certa folga se o empresário a tratasse com a mínima responsabilidade. Por isso, não é por acaso que tem sempre disputado o segundo lugar com a Record e ainda não se fixou em terceiro porque seu nicho é quase igual ao da concorrente. O "Triturando" é a maior prova recente do amadorismo do dono do Sistema Brasileiro de Televisão.
O programa se chamava "Fofocando" em 2016, quando foi criado por Silvio para frear o crescimento da Record na faixa vespertina com a "Hora da Venenosa" ---- quadro de fofocas da Record comandado por Fabíola Reipert, dentro do "Balanço Geral", que conseguia até a liderança e deixava o então "Vídeo Show", da Globo, para trás. Agora, nunca alcançou o objetivo e raramente saía do terceiro lugar. A Record ainda se mantinha em segundo através das reprises de suas novelas, como os remakes de "Betty - a feia" e "Escrava Isaura".
Leão Lobo e Mama Bruschetta (Luiz Henrique), que estavam há anos na TV Gazeta, foram contratados para a atração e dividiam a apresentação com um tal "Homem do Saco" (Dudu Camargo), que comentava as fofocas com um saco de papelão na cabeça. Algo constrangedor.
Os horários do formato eram mudados constantemente, até ser fixado às 15h. Em janeiro de 2017, o título mudou para "Fofocalizando". Com qual objetivo? Nenhum. Tudo continuou igual e até hoje ninguém sabe explicar a razão da mudança.
E foram várias alterações no comando do programa ao longo dos anos. Décio Piccinini entrou para substituir o "Homem do Saco" e ficou um tempo formando um trio com Leão e Mama. Léo Dias acabou contratado para dar notícias exclusivas e o jornalista polêmico conseguiu aumentar a audiência da atração com suas fofocas. E, não demorou para os apresentadores virarem as notícias. Isso porque a entrada de Mara Maravilha, contratada para o elenco fixo, resultou em um amontoado de brigas entre os integrantes. E Silvio adorava. Tudo piorou quando Livia Andrade também entrou para o time em 2018. Livia e Mara nunca se deram e os barracos eram quase diários. Entre discussões e ofensas. Uma acabava afastada por um período e depois a outra era a punida, como se fosse a quinta série de uma escola. Nem Léo aguentou e pediu demissão.
A pandemia do coronavírus implicou no afastamento de Leão Lobo em 2020 e Chris Flores foi colocada no time de apresentadores fixos ao lado de Lívia Andrade e Gabriel Cartolano. Ocorre que em maio o programa acabou cancelado por Silvio Santos por conta da baixa audiência. O formato estava com um quadro chamado "Triturando". Era um momento em que os apresentadores criticavam duramente artistas que protagonizavam situações deprimentes. Uma espécie de "Nota Zero" da coluna de Patrícia Kogut, em O Globo. E simbolizavam a crítica com a imagem da pessoa em uma folha de papel triturada por um "robô". O dono do SBT achava isso tão divertido que decidiu transformar o quadro em programa. Então mudou o nome de "Fofocalizando" para "Triturando" e retirou Lívia Andrade da apresentação. Ana Paula Renault (ex-BBB16) e Flor foram as escolhidas como apresentadoras fixas ao lado de Cris e Gabriel.
Por mais incrível que pareça, o formato conseguiu ficar ainda pior. Como o quadro durava poucos minutos, foi impossível estendê-lo em uma hora e nem havia tanta gente assim para criticar. A solução foi colocar músicas antigas para "análise". Baseado apenas na opinião dos apresentadores, era decidido que música tinha qualidade ou não. Para culminar, perguntas estúpidas eram feitas para o público através de enquetes surreais. "Como você prefere morrer? Esfaqueado, com um tiro de revólver ou envenenado?"; "Você prefere comunismo, socialismo ou capitalismo?" e "O que você prefere? Garota de Programa, Sugar Daddy ou Mulher de Bordel?" eram alguns dos questionamentos. Chris Flores sempre é a que mais sofre com as situações constrangedoras da atração. É visível seu descontentamento. Em um dos programas, para preencher a falta de conteúdo, a competente jornalista se viu obrigada a ler piadas de um dos livros do comediante Ary Toledo no ar. É preciso citar que a contratação de Ana Paula foi um acerto. Desenvolta, a também jornalista consegue tirar leite de pedra. Mas, assim como Chris, não faz milagre.
A mais recente alteração afundou o formato ainda mais. Se antes o dono da emissora estava insatisfeito com o terceiro lugar, agora se vê obrigado a engolir uma quarta colocação e às vezes até quinta. Chegou a marcar 2,5 pontos, índice bom para uma "Rede TV!", mas catastrófico no SBT. Silvio chegou a anunciar a volta do "Fofocalizando" e de Lívia Andrade no time de apresentadores para esta segunda-feira (22/06), mas desistiu na véspera e decidiu manter o "Triturando", agora também com comentários de notícias policialescas. Como é fácil notar, não interessa se o programa se chama "Fofocando", "Fofocalizando", "Triturando" ou "Cochilando". A ausência de qualidade é a mesma. A única verdade é a total incapacidade de Silvio Santos em comandar uma emissora de forma séria e não usá-la como seu brinquedinho particular.
GloboNews em Pauta
4.4 1"Em Pauta" virou o melhor programa da GloboNews
A pandemia do novo coronavírus implicou em uma catástrofe mundial e com milhares de mortes. A luz no fim do túnel é a criação da vacina, que ainda parece distante. E a situação tão assustadora para muitos acabou impulsionando o jornalismo. A importância da imprensa sempre foi grande, mas agora está ainda maior. O Brasil é o melhor exemplo. Os telejornais têm funcionado como fontes de informações confiáveis diante de um governo que nega a gravidade do atual momento. E o "GloboNews em Pauta" se firmou como o melhor produto do canal a cabo.
É evidente que as emissoras abertas seguem dominando o alcance nos lares. Tanto que o "Jornal Nacional" é a maior referência e o expressivo crescimento de audiência é a prova. Porém, a "GloboNews" também cresceu ainda mais por conta da intensa cobertura sobre a pandemia e o desastre do governo. Não por acaso se isolou na liderança entre os canais por assinatura. Nem a estreia da "CNN" abalou os números do canal. E o "Em Pauta" virou o maior atrativo da programação por vários fatores.
O programa está no ar desde 2010 e se solidificou na grade com méritos. O formato permite uma mistura de descontração e seriedade através de boas análises com competentes jornalistas ao longo de duas horas A identidade da atração sempre foi a repercussão das notícias no dia. Mas a duração foi aumentada em uma hora em virtude do conturbado período que o Brasil e o mundo atravessam. A mudança não poderia ter sido melhor.
Até um ano e meio atrás, a edição durava uma hora e havia menos debatedores. O dobro do tempo não resulta em algo desgastante por conta das ótimas conversas protagonizadas pelo âncora e seus colegas que aparecem na telão dividido, algumas vezes, em até cinco partes.
Marcelo Cosme está no comando do programa desde o final de janeiro de 2019 e se firmou no posto. Sérgio Aguiar era o apresentador até então, mas se transferiu para a Record na época. Após a mudança, o formato cresceu no Ibope e a boa aceitação do jornalista garantiu uma vaga para Cosme no rodízio de apresentadores do "Jornal Hoje", na Globo, desde setembro do ano passado. E o reconhecimento é merecido. Marcelo consegue comandar a edição com desenvoltura e imprime um tom menos formal. Sua intimidade com os correspondentes também é nítida.
Aliás, o time de jornalistas é de alto nível. Andréia Sadi virou uma das referências em cobertura política e sempre se destaca, assim como Gerson Camarotti, Eliane Castanhêde e Cristiana Lôbo. A participação frequente de Fernando Gabeira agrega muito, enquanto é prazeroso ouvir as análises de Miriam Leitão, Guga Chacra e Jorge Pontual. Carlos Alberto Sardenberg e Mônica Waldvogel também merecem menção pelos bons comentários sobre a falta de rumo do governo na economia. Demétrio Magnoli, Sandra Coutinho e Natuza Nery são outros nomes que só somam ao excelente time.
Mas não é tudo. Na edição da terça-feira (02/06/2020), o programa foi duramente criticado pela ausência de debatedores negros durante a cobertura dos históricos protestos contra o racismo nos Estados Unidos ---- que surgiram em virtude do assassinato covarde de George Floyd, cidadão negro sufocado por nove minutos por um policial branco, em uma imagem devastadora. E realmente não havia, até então, jornalistas negros fixos na atração. A Globo aceitou as críticas e na edição de quarta-feira (03/06) exibiu um programa histórico. Marcelo Cosme admitiu o erro apontado pelos telespectadores e ainda exibiu no ar o tweet de Irlan Simões ("Rapaziada... a pauta é racismo...") com a imagem de todos os integrantes brancos. O jornalista cedeu seu lugar ao decano Heraldo Pereira, que comandou o formato por um dia e anunciou a presença das cinco comentaristas negras: Lilian Oliveira, Aline Midlej, Flávia Oliveira, Zileide Silva e Maju Coutinho. Os seis debateram ao longo de duas horas sobre o racismo no Brasil. E a grata surpresa foi o anúncio de Flávia Oliveira e Zileide Silva como novas integrantes do time, que ficou ainda melhor.
O "GloboNews em Pauta" virou um programa imprescindível e se consagrou como o melhor produto do principal canal de notícias da Globo. Vale citar ainda os bons debates que ocorreram na atração com convidados. Em um deles quatro governadores foram chamados para uma conversa sobre a importância das medidas de isolamento social e em outro momento cientistas e médicos debateram sobre as consequências do coronavírus no futuro. É inegável a relevância do jornalismo em qualquer momento, mas atualmente se tornou algo vital. E esse formato comandado por Marcelo Cosme é o de maior qualidade hoje.
O Outro Lado Do Paraíso
3.5 54A novela também recebeu críticas sobre algumas abordagens. Foi o caso da "coach" Adriana (Julia Dalavia), que desvendou o caso de abuso envolvendo Laura e Vinícius. Na época, o Conselho Federal de Psicologia se pronunciou, alegando que um profissional da área médica deveria ter tratado a menina.
Questões como racismo e homofobia também tiveram cenas fortes e, por vezes, caricatas. No caso de Samuel e Cido (Rafael Zulu), a trama enveredou para um humor desnecessário e forçado. Porém, teve um desfecho bonito, levantando a bandeira da diversidade e respeito.
Uma das grandes promessas de maldade no início da trama, a personagem de Grazi Massafera não disse a que veio. Perdeu força e ficou submissa aos desmandos de Sophia.
Será que ainda tem tempo de no capítulo final de 11.05.18 todas as indagações serem respondidas?
Faltou comentar que nenhum tribunal brasileiro funciona daquele modo. O autor utilizou o modelo dos Estados Unidos na novela. No Brasil, nenhum julgamento ocorreria como o do julgamento do delegado pedófilo ou da própria Sofia. Quem vê estes dois julgamentos, acredita que Brasil e Estados Unidos têm o mesmo sistema judiciário. Não é nem parecido.
Minha mais severa critica é: o que aconteceu com Renato??? morreu? fugiu? não apareceu o corpo dele sendo levado do local onde ocorreu o cativeiro... essa cena ficou "no ar" sem desfecho....
Acredito que não pois parece-me e posso estar errado mais o carro de Rato que atropelou a Juíza e seu próprio assassinato está sendo esquecido de maneira inadmissível; Bem como as falcatruas de Jô juntamente com o galã namorado da mãe de Clara que deveria ser melhor esclarecido e até agora ele se porta como bozinho/mocinho mas teve ações de canalha em vários momentos! Somente quem como eu que já fui vítima destas atrocidades demonstradas na ficção por Walcyr Carrasco a quem denunciei minha história verídica que faz com que o juiz da 6ª Vara Cível de Uberlândia/MG Dr. Armando Conceição Ferro tenha feito do Magistrado da Novela /Ficção Dr. Gustavo (Luiz Mello) se tornasse fichinha perto do fato concreto de minha história de vida transformada numa verdadeira saga! SOS Socorro Urgente HELP Glória Perez, Walcyr Carrasco, Luiz Fernando Veríssimo, João Emanoel Carlos e demais autores e escritores como Paulo Coelho e Jô Soares que podem nos ajudar a fazer a Justiça no Brasil de fato melhorar dando-nos direito a voz como vítimas e principais prejudicados além de verdadeiramente interessados!
A Favorita
3.9 348 Assista AgoraÉ a primeira oportunidade do telespectador assistir ao folhetim em HD, já que em 2008 a maioria das televisões no Brasil não tinha resolução em alta definição. A novela marcou a teledramaturgia porque começou a ser exibida para o público sem as 'determinações' clássicas a respeito de quem era mocinha e quem era vilã. O telespectador não ficou na condição privilegiada de saber o contexto do enredo, muito pelo contrário, ele simplesmente passou a fazer parte daquela trama, podendo ser enganado ou não pelas duas principais personagens. Eram duas versões de uma mesma história e a pergunta exposta no teaser chamava atenção: "Quem está falando a verdade?". Um dos atrativos era justamente bancar o detetive, analisando o comportamento dos perfis.
O público se viu na mesma condição dos personagens, não podendo julgar quem acreditava ou não em quem. Afinal, o telespectador ficou tão em dúvida quanto várias figuras pertencentes ao enredo tão bem trabalhado pelo autor. Felizmente, João, muito inteligentemente, soube induzir com competência, abusando de estereótipos clássicos em folhetins.
Era normal achar que a loira, de olhos claros e cara de sofrida (que havia cumprido pena de 18 anos por ter assassinado um homem) era inocente e tentava se vingar de seus delatores, após ter ficado longe da filha (Lara - Mariana Ximenes) por tanto tempo. Flora (Patrícia Pillar) carregava todos os atributos de uma vítima injustiçada.
Ao mesmo tempo que Donatela (Cláudia Raia), uma mulher rica, arrogante e perua tinha todas as características de uma vilã em potencial. E a personagem sempre garantiu que Flora era uma demônia que havia assassinado seu marido, Marcelo (Flávio Tolezani), a sangue frio. A novela foi se desenvolvendo em torno dessa disputa de 'verdades', e, apesar das induções do autor, não dava para ter certeza a respeito de quem era culpada ou vítima da situação. Havia um clima de suspense constante que deixava a trama imperdível, onde as peças do quebra-cabeças eram encaixadas aos poucos, à medida que os capítulos se desenrolavam. Aliás, essa ousadia do escritor provocou um natural estranhamento do público, refletindo em uma audiência abaixo do esperado nas primeiras semanas.
Então, a história caiu do gosto popular assim que a grande revelação foi feita, em uma das melhores viradas da teledramaturgia. Após apontar uma arma para Flora, ameaçando matá-la, Donatela é desarmada pela rival, que tira sua máscara revelando seu instinto assassino, enfatizando que a perua nunca teria coragem de apertar o gatilho, ao contrário dela. A partir de então, o enredo começou a seguir o seu caminho tendo a vilã e a mocinha claramente expostas. A reviravolta se deu antes da metade da trama e serviu para destacar ainda mais Patrícia Pillar e Cláudia Raia na história, que passaram a ser ainda mais exigidas.
Com a revelação, todo o passado das duas protagonistas foi ficando ainda mais em evidência. Elas cresceram como irmãs e eram unha e carne, pois Donatela perdeu os pais em um acidente e acabou adotada pela família de Flora. Ambas tinham vocação para o canto e acabaram formando uma dupla sertaneja (Faísca e Espoleta) de relativo sucesso ("Beijinho Doce" era a música que marcava a parceria), cujo 'empresário' era Silveirinha (Ary Fontoura), um caça-talentos ---- que depois virou mordomo de Donatela e ainda foi para o lado da Flora quando a então patroa se viu arruinada. A turnê da duas acabou interrompida quando Donatela conheceu Marcelo, provocando imenso ciúmes de Flora, que acabou se envolvendo com o malandro Dodi (Murilo Benício) ---- a vilã ainda mandou sequestrar o filho da 'amiga' (Halley - Cauã Reymond) e teve um caso com Marcelo, desestabilizando de vez o relacionamento com a 'quase irmã.'
O enredo central era repleto de detalhes e foi desenvolvido com maestria por João Emanuel Carneiro, que soube rechear a trama com drama, suspense, viradas e thriller. Até porque uma das cenas mais impactantes da história da teledramaturgia foi protagonizada por Patrícia Pillar e Mauro Mendonça, intérprete do ricaço Gonçalo.
Pouco depois de ter descoberto que Flora era uma psicopata assassina, o empresário caiu em uma emboscada armada pela vilã ---- que já havia substituído os remédios do avô de Lara por balinhas ---- e teve um infarto quando viu todos os cômodos de sua mansão ensanguentados, enquanto ouvia a víbora dizer que sua neta e esposa (Irene - Glória Menezes) tinham sido assassinadas por ela.
de terror psicológico
A novela também tinhas alguns bons núcleos paralelos. O drama de Catarina (esplêndida Lília Cabral), que era constantemente agredida pelo marido (Leonardo - Jackson Antunes), fez muito sucesso e ainda marcou a estreia de Alexandre Nero nas novelas ---- ele viveu o verdureiro Vanderlei, que era apaixonado por Catarina. O romance de Copola (Tarcísio Meira) e Irene (Glória Menezes) também agradou, assim como todas as situações vividas pela ex manicure Cilene (Elizângela) e suas meninas que eram 'oferecidas'' como acompanhantes de homens ricos pela quase cafetina ----- Manu (Emanuelle Araújo), Sharon (Giovanna Ewbank) e Melissa (Raquel Galvão). Outros perfis que merecem menção são Zé Bob (Carmo Dalla Vechia), Pedro (Genésio de Barros) --- pai de Flora ---, Orlandinho (Iran Malfitano), Dr. Salvatore (Walmor Chagas) e o alienado Augusto Cézar (José Mayer em um perfil completamente diferente dos seus galãs conquistadores).
Claro que nem tudo funcionou. O autor se equivocou em algumas tramas paralelas, deixando personagens avulsos e com enredos que não foram desenvolvidos a contento. O triângulo protagonizado pelo prefeito Elias (Leonardo Medeiros), a esposa Dedina (Helena Ranaldi) e o amante Damião (Malvino Salvador), por exemplo, não disse a que veio, assim como o núcleo do político corrupto Romildo (Milton Gonçalves), que vivia em conflito com os filhos Alícia (Taís Araújo) e Didu (Fabrício Boliveira). O sonho do tímido Cassiano (Thiago Rodrigues) em ser cantor pouco acrescentou e outros perfis também ficaram deslocados, desvalorizando seus intérpretes, como Tereza (Rosi Campos), Lorena (Gisele Fróes), Átila (Chico Diaz), Dulce (Selma Egrei), Arlete (Ângela Vieira), Cida (Cláudia Ohana), entre outros.
"A Favorita", dirigida por Ricardo Waddington, não foi uma novela impecável em virtude dos problemas em alguns núcleos paralelos, ainda sim, foi a trama mais ousada de João Emanuel Carneiro e entrou para a galeria de grandes folhetins da teledramaturgia em virtude do seu forte enredo central, que arrebatou o público. A principal história foi contada com maestria e ainda inseriu Flora no time
das grandes vilãs
Caldeirão do Huck
2.5 10Caldeirão do Huck já cansou faz tempo
Luciano Huck tinha um programa na Band, o "Programa H". Era uma espécie de programa de auditório mais voltado para os adolescentes. Foi lá que ele revelou a "Tiazinha" e a "Feiticeira". Ainda se lembra delas? Pois é, por causa da relativa repercussão da atração, o apresentador foi convidado pela Globo para integrar o time da casa. Obviamente não recusou. Convite aceito e assim vimos , em 8 de abril de 2000, a estreia do "Caldeirão do Huck" nas tardes de sábado.
A emissora que nunca deu muito valor para a sua programação vespertina desse dia específico, começou a ver que havia acertado em cheio nessa contratação. Não demorou muito para o programa fazer sucesso e Luciano se firmar como um ótimo comunicador. Ao longo desse tempo vários quadros foram, e ainda são, apresentados na atração: "Lata Velha", "Lar Doce Lar", "Pulsação", "Agora ou Nunca", "Olha Minha Banda", "Cantando o 7", "Vou de Táxi", "Super Chance" e mais alguns. Todos têm o objetivo de premiar generosamente os participantes.
Porém, se antes o programa era mais voltado ao entretenimento, com entrevistas, provas engraçadas (se lembram das gincanas que tinham no palco?) e bandas, de uns tempos pra cá acabou se transformando exclusivamente num projeto assistencialista. Muitas vezes não temos nada a ser apresentado a não ser um único quadro. O "Lata Velha" e o "Lar Doce Lar" são os principais. Quantas vezes não vimos o programa resumido exclusivamente a isso? Todos os quadros do programa têm uma duração excessiva e que com o tempo foi cansando o telespectador. Os dois que eu acabei de citar, quase sempre são intercalados. Um sábado temos o primeiro e no da semana seguinte o outro. São sempre histórias quase iguais, de famílias pobres, que sofreram muito na vida e precisam de ajuda. Existem muitas pessoas de classe média, por exemplo, que tem um carro bem esculhambado ou uma casa precisando muito de uma reforma. Mas essas ele não "melhora". Precisa ter uma historinha triste pra contar. Aí vem a pergunta: os quadros são para nos entreter ou para ajudar os necessitados?
Além disso, a maioria dos outros quadros citados (onde sempre estão relacionados com prêmios em dinheiro) também só envolvem participantes humildes. Nada contra ajudar pessoas pobres, mas quando isso se torna o único objetivo do programa é porque tem algo errado.
O programa está necessitando de novos ares e de muita criatividade. Uma reformulação mesmo. Há anos estamos vendo as mesmas coisas o tempo todo. O que ainda se salva é o "Soletrando", um projeto interessante, que nos entretém ao mesmo tempo que ensina. E ainda assim, esse ano fizeram questão de estragar o quadro ao reduzir o tempo de duração do mesmo e não colocar mais a disputa entre os alunos no palco da atração, com exceção da final.
Havia um formato muito bom, o "Mandando Bem", onde uma família recebia ajuda para conduzir o seu estabelecimento comercial, normalmente restaurantes ou bares. Ali víamos o objetivo do entretenimento já que não eram só pessoas necessitadas que eram contempladas. Mas não vingou sabe-se lá o porquê. Talvez justamente porque não era assistencialista e nem todos tinham uma história infeliz pra contar.
O "Olha minha Banda" seria interessante, mas com o tempo também vimos que só é ajudado quem tem uma banda e ao mesmo tempo tem uma vida difícil. Se a pessoa quer que seu grupo musical tenha fama e notoriedade, mas leva uma boa vida financeira, não conseguirá ser "sorteado". E convenhamos que isso também não deu muito certo. A única banda que teve um relativo sucesso foi um grupo formado por meninas que recebeu o nome de "Ângela". Elas lançaram uma música que tocou nas rádios e outra que emplacou e foi tema do filme "Desenrola". Os demais...
A prova de que tudo ali já cansou é simples: tenho certeza que em meados de agosto teremos o concurso da "Musa do Brasileirão" (concurso de mulheres boazudas) e no último programa do ano a junção do "Lata Velha" com o Lar Doce Lar" para uma só família humilde.
O "Caldeirão do Huck" ainda faz sucesso? Óbvio que faz. A prova é a liderança isolada da atração, que mesmo mudando de horário em 2011 (era exibido às 14h30 e agora foi para às 16h30), continua numa zona de conforto muito grande. Mas também é verdade que os quadros não geram mais a repercussão de antigamente e o Luciano Huck foi perdendo sua essência como apresentador. Se antes nunca era criticado, agora as coisas mudaram um pouquinho. Loucura, loucura, loucura...
Vale a Pena Ver de Novo
3.5 5‘Vale a Pena Ver de Novo’ completa 40 anos! Confira algumas curiosidades
'Dona Xêpa', de 1977, foi a primeira novela reprisada, em maio de 1980.
O Vale a Pena Ver de Novo completa nesta terça-feira (05/05/2020) 40 anos no ar. Exatamente no dia 5 de maio de 1980, Dona Xepa, grande sucesso de Gilberto Braga com a direção de Herval Rossano, começava a ser reexibida na faixa da tarde, estreando a sessão de reprises mais amada do Brasil.
Para os que viram a novela em sua primeira exibição, em 1977, foi a chance de matar a saudade da emocionante história da feirante dona Xepa (Yara Cortez) que, mesmo com todas as dificuldades, fazia de tudo para educar os filhos, Edson (Reinaldo Gonzaga) e Rosália (Nívea Maria), da melhor maneira possível. Aqueles que assistiram pela primeira vez, tiveram a oportunidade de conhecer uma obra-prima da teledramaturgia.
Ao longo destas quatro décadas, o Vale a Pena Ver Novo nos presenteou com grandes produções que fizeram história. Um encontro marcado todas as tardes, de segunda a sexta, cheio de emoção e nostalgia. E também um encontro com o futuro: quantos noveleiros não surgiram (e ainda surgem) nestas tardes, assistindo pela primeira vez a um folhetim que marcou outras gerações?
Quem é fã sabe que novela é como vinho, com o tempo só fica melhor. Dona Xepa teria muito para nos ensinar hoje em dia e com uma mensagem cheia de otimismo, palavra tão necessária em tempos de coronavírus.
Assim como as histórias que reapresenta, o Vale a Pena Ver de Novo também é cheio de curiosidades. E a gente reuniu algumas aqui para você. Aproveite a viagem e, claro, não perca mais um capítulo da reprise nesta tarde no ... você sabe.
Curiosidades sobre o Vale a Pena Ver de Novo 👇:
▶ As reprises de novelas no horário da tarde já existiam antes do Vale a Pena Ver de Novo. No início dos anos 70, era reprisado o capítulo anterior da novela das 7 que estava no ar.
▶ A partir de março de 1976, o horário logo após o Jornal Hoje passou a reprisar novelas recentes das faixas das 6 e das 7. A primeira foi Helena, que tinha sido exibida, originalmente, um ano antes, em 1975.
▶ A última novela exibida logo após o Jornal Hoje, mas ainda sem o nome Vale a Pena Ver de Novo, foi À Sombra dos Laranjais, que tinha ido ao ar, originalmente, em 1977.
▶ O nome Vale a Pena Ver de Novo foi criado para diferenciar estas reprises de novelas das que eram exibidas em um quadro do programa TV Mulher, que estreou em abril de 1980.
▶ A primeira novela das 8 exibida no Vale a Pena foi Água Viva, em 1984. A novela foi escrita por Gilberto Braga e a exibição original foi em 1980.
▶ Exibida no Vale a Pena Ver de Novo em 1990, Roda de Fogo é a novela que foi reprisada com a menor quantidade de capítulos até hoje. Os 179 capítulos originais foram compilados em apenas 35.
▶ Já a segunda reprise de Senhora do Destino foi a maior do horário em número de capítulos. Os 221 capítulos originais da história se transformaram em 195.
▶ Em 2000, a reprise da novela A Próxima Vítima trouxe um último capítulo inédito para o público brasileiro. Foi exibido o final gravado para Portugal. Ao invés de Adalberto (Cecil Thiré), o grande assassino na reprise foi Ulisses (Otávio Augusto).
▶ Até os anos 2000, a faixa costumava reprisar apenas uma vez as novelas. As exceções foram apenas A Moreninha, reprisada em 1982 e 1976 (antes da sessão ter o nome oficial de Vale a Pena Ver de Novo); Gabriela, exibida em 1988 e que já tinha sido reprisada às 10 em 1979; e Roque Santeiro, exibida em 2000 e 1991 (na antiga Sessão Aventura, horário ocupado hoje por Malhação).
▶ Roque Santeiro foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo em dezembro de 2000, como parte das comemorações dos 35 anos da TV. A novela voltou ao ar depois muitos pedidos do público na Central de Atendimento ao Telespectador.
▶ Logo após Roque Santeiro, em 2001, a sessão reprisou episódios de Você Decide, em que o público pôde escolher um novo final para a história. A apresentação ficou por conta de Susana Werner. A atração durou apenas um mês.
▶ Em julho de 2001, aconteceu a "segunda reprise" oficial da sessão com a volta de A Gata Comeu, exibida originalmente em 1985 e que tinha ido ao ar no Vale a Pena Ver de Novo pela primeira vez em 1989.
▶ Outras novelas que ganharam duas reprises: A Viagem (1997 / 2006), Chocolate com Pimenta (2006 / 2012), Anjo Mau (2003 / 2016), Da Cor do Pecado (2007 / 2012), Por Amor (2002 / 2019), Senhora do Destino (2009 / 2017), O Cravo e a Rosa (2003 / 2013), O Rei do Gado (1999 / 2015) e Mulheres de Areia (1996 / 2011).
▶ A partir da reprise de Caras & Bocas, em janeiro de 2014, a estreia das novelas no Vale a Pena Ver de Novo dividem espaço com a última semana da novela anterior.
▶ Benedito Ruy Barbosa é o autor mais reprisado até hoje. Foram nove vezes - oito novelas e uma segunda reprise. São elas as duas versões de Cabocla, Paraíso, as duas versões de Sinhá Moça, Renascer, Terra Nostra e O Rei do Gado, que foi reprisada duas vezes.
▶ Foram reprisadas:
36 novelas das 6;
26 novelas das 7;
27 novelas das 8 ou 9;
1 novela das 10;
1 programa.
▶ Eta Mundo Bom é a 91ª atração exibida na faixa do Vale a Pena Ver de Novo.