Uma obra prima sobre arrependimentos, passado e futuro. Depois que Marion consegue se livrar do passado (seus amantes, ela mesma jovem fazendo terapia interpretada por Mia Farrow) e consertar sua relação com o irmão, está pronta para se redescobrir, em uma vida feliz em que poderá ser sincera com ela mesma. O suicídio da mulher do passado que ela tentava evitar somos nós quando nos apegamos àquilo que nos faz mal e nos trava! Precisamos nos livrar da nossa Mia Farrow. Vamos parar de segui-la, precisamos deixar que ela morra para que a voz dela se cale. O passado é uma roupa que não nos serve mais, afinal. Woody Allen brilhante, genial, um dos melhores dele!
O pior filme que assisti na vida, dentre os que merecem ser levados a sério. A ideia simplesmente não emplaca e é muito mal explicada e executada. Constrangedor utilizar tão mal um elenco promissor
A direção consegue contar a história de forma competente através das imagens entre eles e a criança, é claramente bem pensada e minuciosamente "desenhada". É um poema visual bem bonito. O problema do filme começa quando os dois protagonistas começam a conversar. Incrível a falta de talento do roteirista para criar diálogos que contribuam de fato com a construção de personagens ou com o andamento da história. O que muda na nossa percepção sobre o filme depois daquela discussão deles, quando ele soca a parede e depois cai em lágrimas? A gente já sabia que ele estava com raiva, mas também sabia que ainda havia um sentimento bom entre os dois. Quando começa a briga, era óbvio que eles falariam coisas horríveis e depois se arrependeriam. Diálogos servem para fazer a história avançar, para nos mostrar alguma nova nuance dos personagens ou, em filmes filosóficos, para alguma reflexão geral sobre a vida que vá além da história que estamos vendo. Porém no História de um Casamento, os diálogos entre os dois não cumprem nenhuma dessas funções. São conversas que morrem ali. Não trazem novas informações, nem criam novas perspectivas para a sequência do filme. Eles simplesmente confirmam o que já sabemos desde os primeiros 10 minutos de filme. Outro defeito é aleatoriedade da profissão deles. Se o filme mostra que eles são artistas que viviam fazendo peças de teatro juntos, a arte deveria impactar de alguma forma a relação deles. A impressão que dá é que o filme estava pronto e pensaram: "precisamos escolher uma profissão em que ela se sinta desvalorizada diante dele, vai teatro mesmo". Se eles não usavam as frustrações da vida como inspiração para a criação artística (o que é raríssimo), o filme deveria mostrar por que. Se usavam, o filme deveria mostrar como. Pensem bem: Se o Adam Driver fosse chefe dela numa loja de roupas, a gente só trocaria as palavras "diretor" por "gerente", e "atriz" por "vendedora". No mais, não mudaria nada. Essa relação profissional que poderia ser o ponto de partida para uma história riquíssima, com citação dos textos das peças nas conversas, com as dificuldades entre separar vida real da arte, para citar duas sugestões mais óbvias, é simplesmente jogada no lixo pelo roteiro. É uma criação natimorta. Dá uma tristeza ver um filme com tanto potencial ser tão vazio, redundante. Simplesmente não saímos do lugar. Saudade de quando o Noah era menos pretensioso e fazia filmes como Frances Ha!
Para não deixar de elogiar, as atuações femininas são brilhantes, especialmente a da Laura Dern. Oscar merecidíssimo. A personagem da mãe deveria ser mais explorada, porque é bem interessante.
O pobre morre sozinho, calado, atirado no chão. A patroa é acudida por todos, levada ao médico e socorrida em tempo. Luta de classes, meus amigos! Camila Morgado brilha como sempre, que atuação magnífica, completa
É preciso entender que, quando um filme homenageia um gênero e faz críticas à sociedade, ele muito provavelmente não será um simples entretenimento. É preciso refletir, digerir. Jim Jarmusch evoca Romero para criticar os zumbis do século 21, que vivem andando por aí sem objetivo algum, apenas procurando diversão fácil, sexo, comida e wi-fi. Daí os zumbis da vida real assistem a um filme foda desses, não entendem, e acham que a obra é ruim só porque exige repertório, paciência e atividade do espectador, em vez de passividade! Iggy Pop como o primeiro zumbi a sair da tumba, Selena Gomez morta rapidinho sem nem chance de retornar como zumbi, o cinéfilo morrendo depois de muita resistência, os protagonistas conversando com o diretor. Cada um no seu devido lugar e sua narrativa própria! Mais um filme incrível de um diretor que não deveria morrer nunca
Bom dentro do que se propõe. Quando os coadjuvantes não possuem profundidade alguma e só estão ali como "personagens-escravo", o filme fica inevitavelmente incompleto, raso. Mas Gregorio e Clarice têm química demais e fazem o filme valer a pena. Divertido!
É incrível como as referências ajudam a entender o filme. Último Tango em Paris (sexo casual) + O Desprezo, de Godard (filme sobre um casal em crise). O filme consegue usar os corpos dos atores a seu favor, de forma bem teatral. Poemas visuais como o quadro torto, o pé sangrando e a posição dos sofás contribuem demais! Luiza Mariani está brilhante, atuação completa, com expressão corporal, esbanjando talento literalmente dos pés à cabeça! A sua Clarice é a personagem mais profunda, transbordando incoerências, crises, dúvidas e um charme decadente que só quem usa uma camiseta do Exile On Main St. consegue entender. De cruzadas de pernas a deitadas no sofá, de cigarros à estrelas francesas a olhares penetrantes de desprezo, ela dá o tom do filme, Sim, estou apaixonado por essa composição artística espetacular e inexplicavelmente pouco comentada. Marina vai bem, mas o casal que ela forma com o Bruno não tem química nenhuma.
Kleber utilizou um gênero típico dos EUA para promover uma vingança tupiniquim contra os imperialistas! Representa tanto para o cinema brasileiro e para o país, que me emociono só de lembrar! Finalmente podemos falar "brazilian here", sem que ninguém nos cale nem nos obrigue a falar qualquer outro idioma. AQUI É BRASIL, PORRA! Terra de religião (dona Carmelita), medicina caseira, rural, caridosa e não interesseira (Dona Domingas), professores intelectuais e batalhadores (Seu Plinio), pessoas que conseguem curtir a vida mesmo em momentos de maior dificuldade (as filas no puteiro/motel) e de um líder altivo que está pronto para nos liderar rumo a vitórias inimagináveis (LUNGA LIVRE). Bacurau é o melhor filme de todos os tempos para um brasileiro que quer entender o seu país. Se Bacurau não está no mapa, o Brasil está na tela, inteirinho!
É disparado o melhor filme da trilogia. Não tem o mesmo problema de ritmo que tanto atrapalha os outros dois, consegue dar um final coerente para todos os personagens importantes, a montagem é mais poética, os atores parecem mais à vontade nos papéis. Enfim, um filme de samurai digno da fama! Sem muita enrolação, ótimos diálogos e duelo final com belíssima fotografia e ótimos planos!
Esse filme foi o pior que vi até hoje dos lançados pela Versátil home Video. Montagem sem sentido, totalmente fria, que não consegue dar ritmo ao filme. Existe pouquíssimo estudo de personagem fora do protagonista. Nem o grupo consegue ter uma "personalidade" ou características que o torne interessante! O principal valor do filme está no protagonista, que segue sua jornada de evolução.
Um filmaço com um defeito bem grave: a falta de camadas nas personagens. Tudo é preto no branco. A fofoqueira é um ser humano sem qualidade, o personagem do Hudson não tem defeito, etc! Esses dois "mundos" diferentes servem para deixar a protagonista em dúvida, mas precisavam de uma maior profundidade. O plano em que ela se vê sozinha na TV está entre os 10 maiores momentos da história do cinema, a meu ver!
Nunca vi a culpa ser filmada de forma tão precisa. Tentem assistir a esse filme sem acompanhar os diálogos, apenas observando os movimentos do protagonista. Todas as fases da culpa estão ali, é genial!
A mulher em situação vulnerável, abandonada pelo estado e obrigada a entrar na prostituição, é atacada por todos os lados. E ninguém quer ler a sua carta! Os problemas são escondidos, somente a beleza física resta! Os dois últimos capítulos são uma espécie de resumo rápido da história do cinema. Primeiro, eles 'falando' mas sem a voz aparecer, apenas com a legenda (como os letreiros do cinema mudo). Passamos também pelas adaptações literárias (Poe), romances. Depois, um noir. Mas aqui a heroína é manipulada em vez de manipular, tem cabelos curtos e não faz o tipo mulherão. Godard revolucionário em todos os sentidos e "escrevendo" com a câmera!
Belíssimo filme, com poemas visuais interessantíssimos e citação imagética à Bergman (Persona). Bom que evoluímos demais como sociedade nesse sentido, e títulos como Duas Mulheres Pecam não pegam esse novo longa francês! Seriam as moças duas faces (literalmente) da mesma pessoa? A que olha para o lado procurando soluções x a que olha para si mesma. A que pode escolher casar ou não x a obrigada a casar. A corajosa x a temerosa. A que já foi a orquestra x a que nunca foi.
O final, com a frase "eu a vi, mas ela não me viu", favorece essa interpretação, pois é como se não houvessem mais duas, mas uma só, agora sim bem resolvida e forte. Como se a pessoa de hoje estivesse olhando com orgulho e coragem para a mulher que ela virá a se tornar. O rosto emocionado de quem só lembra, mas não tem mais condições de ver o passado para consertá-lo. E claro que a trilha sonora do maravilhoso plano final dialoga com os assuntos levantados ao longo do filme: a orquestra, que significa a nova vida e a nova pessoa
Precisamos queimar nossos traços feios (defeitos, erros) para que nossa melhor versão apareça. Outro ponto positivo é a questão da sororidade. O longa só erra, a meu ver, por não conseguir se diferenciar muito dos outros romances impossíveis já filmados há mais de um século, de F. W. Murnau a Greta Gerwig. Perde uma estrela por isso e porque o roteiro, em alguns momentos, parece travado, algumas cenas não fazem a história avançar (a supressão dessas poderia tornar o filme mais dinâmico e, consequentemente, melhor).
A aventura, de Michelangelo Antonioni, começa com uma história trivial, sem surpresas. Nesse momento, chegamos a acreditar que estamos diante de um filme comum. Quando um grupo de ricos sai de férias em um cruzeiro, Anna (Lea Massari) desaparece logo após inventar ter visto um tubarão no mar, para chamar a atenção do namorado Sandro (Gabriele Forseti). Nunca saberemos o futuro da personagem sumida. A partir do desaparecimento, o gênio italiano desenvolve uma narrativa intensa e falsamente confusa. Enquanto acompanhamos a eterna busca por Anna, sua amiga Claudia (Monica Vitti) passa a ser tentada por Sandro. Ela não sabe como agir. A insegurança de Claudia é a mesma que sentimos por não sabermos em quem acreditar. Sandro é o tipo de homem que tenta conquistar todas as mulheres que tem oportunidade ou realmente passou a amar a amiga de Anna? Claudia tem receio por suas convicções ou por temer julgamentos alheios por estar se aproveitando da ausência? A trilha é inconstante e flerta com a personalidade questionável de todas as personagens. Quando Claudia percebe que está sozinha na cama e sente falta de Sandro, ela parece, pela primeira vez, ser uma personagem de um filme qualquer, feito por um diretor nada mais que competente. A música acompanha essa impressão, em mais uma demonstração da rara sensibilidade do autor. Ao mesmo tempo em que observamos as paisagens e os carros partindo, de longe, no melhor estilo Antonioni, ele nos aproxima da angústia de Claudia e Sandro, em uma interminável procura por Anna (Lea Massari), na qual eles parecem não querer encontrá-la, mas uma desculpa para ficarem juntos sem culpa. A grandiosidade da película vai aparecendo sutilmente. Em alguns momentos, não podemos entender o que está acontecendo, mas somos convidados a participar. Para isso, Antonioni prolonga o sofrimento das personagens e arrasta a história de forma sufocante e angustiante. Quando segue na dúvida a respeito do que pensar sobre sua relação com Sandro, Claudia sussurra que “gostaria de ter as ideias claras de verdade”. “Nós também”, pensamos, atônitos diante de tamanha complexidade. Os coadjuvantes também têm participações importantes e fortes, como Patrizia (Esmeralda Ruspoli), que cansada da mesmice do seu relacionamento, diz, antes de transar com um jovem artista que acabara de encontrar: “Se encontrar Conrado (seu namorado), diga que meu coração está batendo forte, forte, forte. E, por ora, esta é a única coisa que me interessa”; e a amante de Sandro (Gloria Perkins), que pede, de forma romântica, uma “pequena lembrança” do caso que tivera com ele e recebe duas notas de dinheiro como resposta. Ao final, somos premiados pela magia da sétima arte. Contemplamos a conclusão da história que nos é apresentada sem nenhuma palavra, mas com movimentos lentos e simbólicos, através de uma fotografia impecável. Tudo fica claro. O que parecia confusão era simplesmente uma charada feita por um diretor com enorme conhecimento sobre seu trabalho e que soube exatamente até onde poderia ir. Antonioni nos insere em uma aventura de emoções e questionamentos, criando uma atmosfera inquietante, tirando-nos da zona de conforto e obrigando-nos a manter a atenção em todos os detalhes, certificando-nos que estamos diante de uma verdadeira obra de arte, não de um simples entretenimento.
Uma protagonista maravilhosa que segue de forma meticulosa muitos dos 'segredos' de criação de personagem. Ela quer algo bem específico, quer da sua forma não da dos outros, age o filme todo em busca desse sonho, quando está perto pensa em desistir, faz 'burradas' por ser obstinada demais pelo sonho. E a gente se apega a ela por ser demasiada humana, como uma personagem Nietzscheana que sente orgulho e apego por seus erros e acertos. Flashdance é o melhor e mais profundo filme desses "adolescentes" dos anos 80!
Só quem se importa com os nossos problemas somos nós mesmos! E se cometermos algum erro, seremos cobrados de forma inapelável. É isso. Somos mais um na multidão, sem identidade própria. Um gado a mais para trabalhar e produzir. E a nossa honra depende da loteria que é o sucesso na sociedade capitalista!
A Outra
3.8 146Uma obra prima sobre arrependimentos, passado e futuro. Depois que Marion consegue se livrar do passado (seus amantes, ela mesma jovem fazendo terapia interpretada por Mia Farrow) e consertar sua relação com o irmão, está pronta para se redescobrir, em uma vida feliz em que poderá ser sincera com ela mesma. O suicídio da mulher do passado que ela tentava evitar somos nós quando nos apegamos àquilo que nos faz mal e nos trava! Precisamos nos livrar da nossa Mia Farrow. Vamos parar de segui-la, precisamos deixar que ela morra para que a voz dela se cale. O passado é uma roupa que não nos serve mais, afinal. Woody Allen brilhante, genial, um dos melhores dele!
Quem Matou Pixote?
3.3 63Quem não se emocionou quando a mãe dele beija as paredes da casa? Esse país, minha gente, vamos ajudar esse país a voltar a crescer!
Um Homem Só
2.8 44 Assista AgoraO pior filme que assisti na vida, dentre os que merecem ser levados a sério. A ideia simplesmente não emplaca e é muito mal explicada e executada. Constrangedor utilizar tão mal um elenco promissor
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraA direção consegue contar a história de forma competente através das imagens entre eles e a criança, é claramente bem pensada e minuciosamente "desenhada". É um poema visual bem bonito. O problema do filme começa quando os dois protagonistas começam a conversar. Incrível a falta de talento do roteirista para criar diálogos que contribuam de fato com a construção de personagens ou com o andamento da história. O que muda na nossa percepção sobre o filme depois daquela discussão deles, quando ele soca a parede e depois cai em lágrimas? A gente já sabia que ele estava com raiva, mas também sabia que ainda havia um sentimento bom entre os dois. Quando começa a briga, era óbvio que eles falariam coisas horríveis e depois se arrependeriam. Diálogos servem para fazer a história avançar, para nos mostrar alguma nova nuance dos personagens ou, em filmes filosóficos, para alguma reflexão geral sobre a vida que vá além da história que estamos vendo. Porém no História de um Casamento, os diálogos entre os dois não cumprem nenhuma dessas funções. São conversas que morrem ali. Não trazem novas informações, nem criam novas perspectivas para a sequência do filme. Eles simplesmente confirmam o que já sabemos desde os primeiros 10 minutos de filme. Outro defeito é aleatoriedade da profissão deles. Se o filme mostra que eles são artistas que viviam fazendo peças de teatro juntos, a arte deveria impactar de alguma forma a relação deles. A impressão que dá é que o filme estava pronto e pensaram: "precisamos escolher uma profissão em que ela se sinta desvalorizada diante dele, vai teatro mesmo". Se eles não usavam as frustrações da vida como inspiração para a criação artística (o que é raríssimo), o filme deveria mostrar por que. Se usavam, o filme deveria mostrar como. Pensem bem: Se o Adam Driver fosse chefe dela numa loja de roupas, a gente só trocaria as palavras "diretor" por "gerente", e "atriz" por "vendedora". No mais, não mudaria nada. Essa relação profissional que poderia ser o ponto de partida para uma história riquíssima, com citação dos textos das peças nas conversas, com as dificuldades entre separar vida real da arte, para citar duas sugestões mais óbvias, é simplesmente jogada no lixo pelo roteiro. É uma criação natimorta. Dá uma tristeza ver um filme com tanto potencial ser tão vazio, redundante. Simplesmente não saímos do lugar. Saudade de quando o Noah era menos pretensioso e fazia filmes como Frances Ha!
Para não deixar de elogiar, as atuações femininas são brilhantes, especialmente a da Laura Dern. Oscar merecidíssimo. A personagem da mãe deveria ser mais explorada, porque é bem interessante.
Domingo
3.3 26O pobre morre sozinho, calado, atirado no chão. A patroa é acudida por todos, levada ao médico e socorrida em tempo. Luta de classes, meus amigos! Camila Morgado brilha como sempre, que atuação magnífica, completa
Os Mortos Não Morrem
2.5 465 Assista AgoraÉ preciso entender que, quando um filme homenageia um gênero e faz críticas à sociedade, ele muito provavelmente não será um simples entretenimento. É preciso refletir, digerir. Jim Jarmusch evoca Romero para criticar os zumbis do século 21, que vivem andando por aí sem objetivo algum, apenas procurando diversão fácil, sexo, comida e wi-fi. Daí os zumbis da vida real assistem a um filme foda desses, não entendem, e acham que a obra é ruim só porque exige repertório, paciência e atividade do espectador, em vez de passividade! Iggy Pop como o primeiro zumbi a sair da tumba, Selena Gomez morta rapidinho sem nem chance de retornar como zumbi, o cinéfilo morrendo depois de muita resistência, os protagonistas conversando com o diretor. Cada um no seu devido lugar e sua narrativa própria! Mais um filme incrível de um diretor que não deveria morrer nunca
Desculpe o Transtorno
2.8 75Bom dentro do que se propõe. Quando os coadjuvantes não possuem profundidade alguma e só estão ali como "personagens-escravo", o filme fica inevitavelmente incompleto, raso. Mas Gregorio e Clarice têm química demais e fazem o filme valer a pena. Divertido!
Todas as Canções de Amor
3.6 97É incrível como as referências ajudam a entender o filme. Último Tango em Paris (sexo casual) + O Desprezo, de Godard (filme sobre um casal em crise). O filme consegue usar os corpos dos atores a seu favor, de forma bem teatral. Poemas visuais como o quadro torto, o pé sangrando e a posição dos sofás contribuem demais! Luiza Mariani está brilhante, atuação completa, com expressão corporal, esbanjando talento literalmente dos pés à cabeça! A sua Clarice é a personagem mais profunda, transbordando incoerências, crises, dúvidas e um charme decadente que só quem usa uma camiseta do Exile On Main St. consegue entender. De cruzadas de pernas a deitadas no sofá, de cigarros à estrelas francesas a olhares penetrantes de desprezo, ela dá o tom do filme, Sim, estou apaixonado por essa composição artística espetacular e inexplicavelmente pouco comentada. Marina vai bem, mas o casal que ela forma com o Bruno não tem química nenhuma.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraKleber utilizou um gênero típico dos EUA para promover uma vingança tupiniquim contra os imperialistas! Representa tanto para o cinema brasileiro e para o país, que me emociono só de lembrar! Finalmente podemos falar "brazilian here", sem que ninguém nos cale nem nos obrigue a falar qualquer outro idioma. AQUI É BRASIL, PORRA! Terra de religião (dona Carmelita), medicina caseira, rural, caridosa e não interesseira (Dona Domingas), professores intelectuais e batalhadores (Seu Plinio), pessoas que conseguem curtir a vida mesmo em momentos de maior dificuldade (as filas no puteiro/motel) e de um líder altivo que está pronto para nos liderar rumo a vitórias inimagináveis (LUNGA LIVRE). Bacurau é o melhor filme de todos os tempos para um brasileiro que quer entender o seu país. Se Bacurau não está no mapa, o Brasil está na tela, inteirinho!
Samurai III: Duelo na Ilha Ganryu
3.8 10É disparado o melhor filme da trilogia. Não tem o mesmo problema de ritmo que tanto atrapalha os outros dois, consegue dar um final coerente para todos os personagens importantes, a montagem é mais poética, os atores parecem mais à vontade nos papéis. Enfim, um filme de samurai digno da fama! Sem muita enrolação, ótimos diálogos e duelo final com belíssima fotografia e ótimos planos!
Samurai II: Duelo no Templo Ichijoji
3.7 11Esse filme foi o pior que vi até hoje dos lançados pela Versátil home Video. Montagem sem sentido, totalmente fria, que não consegue dar ritmo ao filme. Existe pouquíssimo estudo de personagem fora do protagonista. Nem o grupo consegue ter uma "personalidade" ou características que o torne interessante! O principal valor do filme está no protagonista, que segue sua jornada de evolução.
Tudo o Que o Céu Permite
4.0 93Um filmaço com um defeito bem grave: a falta de camadas nas personagens. Tudo é preto no branco. A fofoqueira é um ser humano sem qualidade, o personagem do Hudson não tem defeito, etc! Esses dois "mundos" diferentes servem para deixar a protagonista em dúvida, mas precisavam de uma maior profundidade. O plano em que ela se vê sozinha na TV está entre os 10 maiores momentos da história do cinema, a meu ver!
Ato de Violência
3.9 15Nunca vi a culpa ser filmada de forma tão precisa. Tentem assistir a esse filme sem acompanhar os diálogos, apenas observando os movimentos do protagonista. Todas as fases da culpa estão ali, é genial!
Viver a Vida
4.2 391A mulher em situação vulnerável, abandonada pelo estado e obrigada a entrar na prostituição, é atacada por todos os lados. E ninguém quer ler a sua carta! Os problemas são escondidos, somente a beleza física resta! Os dois últimos capítulos são uma espécie de resumo rápido da história do cinema. Primeiro, eles 'falando' mas sem a voz aparecer, apenas com a legenda (como os letreiros do cinema mudo). Passamos também pelas adaptações literárias (Poe), romances. Depois, um noir. Mas aqui a heroína é manipulada em vez de manipular, tem cabelos curtos e não faz o tipo mulherão. Godard revolucionário em todos os sentidos e "escrevendo" com a câmera!
A Felicidade Não Se Compra
4.5 1,2K Assista AgoraMr Potter seria o Sr Scrooge, do Dickens?
Samurai: O Guerreiro Dominante
3.8 29Belíssimas imagens, com um melodrama na medida certa, mas tem seríssimo problema de ritmo! 90 minutos que parecem 200!! um dos pais de Kill Bill
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraBelíssimo filme, com poemas visuais interessantíssimos e citação imagética à Bergman (Persona). Bom que evoluímos demais como sociedade nesse sentido, e títulos como Duas Mulheres Pecam não pegam esse novo longa francês! Seriam as moças duas faces (literalmente) da mesma pessoa? A que olha para o lado procurando soluções x a que olha para si mesma. A que pode escolher casar ou não x a obrigada a casar. A corajosa x a temerosa. A que já foi a orquestra x a que nunca foi.
O final, com a frase "eu a vi, mas ela não me viu", favorece essa interpretação, pois é como se não houvessem mais duas, mas uma só, agora sim bem resolvida e forte. Como se a pessoa de hoje estivesse olhando com orgulho e coragem para a mulher que ela virá a se tornar. O rosto emocionado de quem só lembra, mas não tem mais condições de ver o passado para consertá-lo. E claro que a trilha sonora do maravilhoso plano final dialoga com os assuntos levantados ao longo do filme: a orquestra, que significa a nova vida e a nova pessoa
Precisamos queimar nossos traços feios (defeitos, erros) para que nossa melhor versão apareça. Outro ponto positivo é a questão da sororidade. O longa só erra, a meu ver, por não conseguir se diferenciar muito dos outros romances impossíveis já filmados há mais de um século, de F. W. Murnau a Greta Gerwig. Perde uma estrela por isso e porque o roteiro, em alguns momentos, parece travado, algumas cenas não fazem a história avançar (a supressão dessas poderia tornar o filme mais dinâmico e, consequentemente, melhor).
Muito Bem Acompanhada
3.5 542 Assista AgoraDivertido, leve e romântico sem ser pedante! Bom entretenimento!
O Eclipse
4.1 90 Assista AgoraO vazio e as incertezas nunca foram tão bem traduzidas como nesse filme! Antonioni é brilhante!
A Aventura
4.1 112 Assista AgoraA aventura, de Michelangelo Antonioni, começa com uma história trivial, sem surpresas. Nesse momento, chegamos a acreditar que estamos diante de um filme comum. Quando um grupo de ricos sai de férias em um cruzeiro, Anna (Lea Massari) desaparece logo após inventar ter visto um tubarão no mar, para chamar a atenção do namorado Sandro (Gabriele Forseti). Nunca saberemos o futuro da personagem sumida.
A partir do desaparecimento, o gênio italiano desenvolve uma narrativa intensa e falsamente confusa. Enquanto acompanhamos a eterna busca por Anna, sua amiga Claudia (Monica Vitti) passa a ser tentada por Sandro. Ela não sabe como agir. A insegurança de Claudia é a mesma que sentimos por não sabermos em quem acreditar. Sandro é o tipo de homem que tenta conquistar todas as mulheres que tem oportunidade ou realmente passou a amar a amiga de Anna? Claudia tem receio por suas convicções ou por temer julgamentos alheios por estar se aproveitando da ausência?
A trilha é inconstante e flerta com a personalidade questionável de todas as personagens. Quando Claudia percebe que está sozinha na cama e sente falta de Sandro, ela parece, pela primeira vez, ser uma personagem de um filme qualquer, feito por um diretor nada mais que competente. A música acompanha essa impressão, em mais uma demonstração da rara sensibilidade do autor.
Ao mesmo tempo em que observamos as paisagens e os carros partindo, de longe, no melhor estilo Antonioni, ele nos aproxima da angústia de Claudia e Sandro, em uma interminável procura por Anna (Lea Massari), na qual eles parecem não querer encontrá-la, mas uma desculpa para ficarem juntos sem culpa.
A grandiosidade da película vai aparecendo sutilmente. Em alguns momentos, não podemos entender o que está acontecendo, mas somos convidados a participar. Para isso, Antonioni prolonga o sofrimento das personagens e arrasta a história de forma sufocante e angustiante. Quando segue na dúvida a respeito do que pensar sobre sua relação com Sandro, Claudia sussurra que “gostaria de ter as ideias claras de verdade”. “Nós também”, pensamos, atônitos diante de tamanha complexidade.
Os coadjuvantes também têm participações importantes e fortes, como Patrizia (Esmeralda Ruspoli), que cansada da mesmice do seu relacionamento, diz, antes de transar com um jovem artista que acabara de encontrar: “Se encontrar Conrado (seu namorado), diga que meu coração está batendo forte, forte, forte. E, por ora, esta é a única coisa que me interessa”; e a amante de Sandro (Gloria Perkins), que pede, de forma romântica, uma “pequena lembrança” do caso que tivera com ele e recebe duas notas de dinheiro como resposta.
Ao final, somos premiados pela magia da sétima arte. Contemplamos a conclusão da história que nos é apresentada sem nenhuma palavra, mas com movimentos lentos e simbólicos, através de uma fotografia impecável. Tudo fica claro. O que parecia confusão era simplesmente uma charada feita por um diretor com enorme conhecimento sobre seu trabalho e que soube exatamente até onde poderia ir.
Antonioni nos insere em uma aventura de emoções e questionamentos, criando uma atmosfera inquietante, tirando-nos da zona de conforto e obrigando-nos a manter a atenção em todos os detalhes, certificando-nos que estamos diante de uma verdadeira obra de arte, não de um simples entretenimento.
Flashdance: Em Ritmo de Embalo
3.4 643 Assista AgoraUma protagonista maravilhosa que segue de forma meticulosa muitos dos 'segredos' de criação de personagem. Ela quer algo bem específico, quer da sua forma não da dos outros, age o filme todo em busca desse sonho, quando está perto pensa em desistir, faz 'burradas' por ser obstinada demais pelo sonho. E a gente se apega a ela por ser demasiada humana, como uma personagem Nietzscheana que sente orgulho e apego por seus erros e acertos. Flashdance é o melhor e mais profundo filme desses "adolescentes" dos anos 80!
Os Incompreendidos
4.4 645Um dos melhores e mais importantes filmes da história. Não canso de assistir, até perdi a conta de quantas vezes!
O Estrangeiro
3.8 49Anna Karina dublada não rolou pra mim! E a frase clássica "mamão morreu..." ser cortada também não foi legal. Mastroiani destruidor como sempre
Ladrões de Bicicleta
4.4 532 Assista AgoraSó quem se importa com os nossos problemas somos nós mesmos! E se cometermos algum erro, seremos cobrados de forma inapelável. É isso. Somos mais um na multidão, sem identidade própria. Um gado a mais para trabalhar e produzir. E a nossa honra depende da loteria que é o sucesso na sociedade capitalista!