O mais próximo possível que já vi um filme brasileiro chegar do Woody Allen, o que é um elogio e tanto, mas a história acaba sendo um pouco forçada. O pai dele é o melhor personagem, onde está o humor refinado do filme e uma possível explicação para o protagonista ser um fracassado!
Começa num velório, assim como Dona Flor e Seus Dois Maridos. Só que aqui a nossa Sônia é quem bebe, não Vadinho! E ela solta o grito de libertação que dona Florípedes, tão recatada, não teria coragem de soltar! Referências intermináveis fazem de Bacurau um documento histórico sobre o nosso país e nossa cultura! Ele é, entre tantas outras coisas, uma resposta feminista às personagens submissas que Sonia Braga interpretou ao longo da vida (especialmente Gabriela e Dona Florípedes) Assim como Vadinho, a dona Carmelita também volta do outro plano para dialogar com os vivos. É lindo demais!
Assisti no último dia de exibição do Guion, aqui em Porto Alegre (sábado dia 4 de Setembro)! Poderia ter sido com um filme melhor, mas valeu pela despedida! Vai deixar saudade o "meu" cinema!
O que mais me chama a atenção neste filme é quão teatral ele é, e o quanto esse tipo de filme exige dos atores, que vão muito bem. As discussões são filmadas de forma que a gente consegue sentir a tensão por completo, não somente com closes ou primeiros planos, como são filmadas hoje. A direção dá uma espécie de palco para que a gente possa observar as ações, que muitas vezes se desenrolam várias ao mesmo tempo. Não é curioso que um filme de 82 anos atrás exija mais atenção do público e tenha mais ação durante os diálogos que quase todos os dramas de hoje? Foi só o funcionário matar o concorrente que foi recontratado hahahaha esse foi genial! Lembrei de Parasita em alguns momentos, como a empregada fica literalmente abaixo da patroa (ajoelhada diante dela) e todos os funcionários comem em um ambiente até geograficamente inferior
Na cena final, no hotel, reconheci o velho Alfred que tanto amo! O pisca-pisca nos rende uma bela tensão típica do diretor. Incrível como tudo se encaixa e funciona bem. O aniversário da menina na casa da tia causa uma angústia muito grande. A forma com que ele a "salva" estabelece a conexão perfeita entre eles. Existe uma poesia na forma como o protagonista vê o sol através de janelas sempre fechadas ao longo de sua fuga, e também quando o advogado comenta sobre a beleza do dia (que o protagonista não vê porque está "preso" dando depoimento). Bonito e poético filme do mestre Hitchcock, um dos melhores dessa fase
Enquanto aparece o letreiro JEANLUC CINEMA GODARD, vemos alguns carros andando e outros carros parados. Todos esses nos chamam a atenção, mas os protagonistas surgem lá de trás, em um carro que ainda não estava aparecendo. É o gênio nos propondo uma reflexão sobre o direcionamento que o diretor é capaz de fazer no olhar do espectador. Olhamos para onde quer o autor, é ele quem nos diz o que é importante. Essa assinatura crítica já faz o filme começar de forma brilhante. Depois só vai, com mais propostas de reflexão e referências, no melhor estilo Godard. Como sempre, é muito difícil acompanhar e absorver o suficiente sem bagagem, de Shakespeare a filmes noir. Também rola uma bela discussão sobre as adaptações literárias, quando a professora lê trechos de Romeu e Julieta enquanto as imagens são da versão de Godard para o clássico, onde existe um gângster de noir em meio ao casal. Na mesma cena, na sala de aula, o gângster em questão se recusa a tirar o tradicional sobretudo dos personagens de noir, enquanto o outro rapaz aceita tirar o chapéu, deixando, dessa forma, de ser um personagem noir para transformar-se no romântico. Karina representa mais uma vez uma oposição aos tipos clássicos de mulher no cinema da época, com seu jeito "moleca"!
Mulholland Drive não sai da minha cabeça desde o primeiro dia que assisti. This is The Girl. É um filme sobre a vida de todo mundo. Sobre o sucesso que todos nós gostaríamos de atingir e também sobre o que precisamos abdicar para chegar lá. O longa do Gênio David Lynch critica a soberba de Hollywood e cutuca a ferida de todos aqueles que fracassaram nesse meio, quase que literalmente matando-os. O Lucas de hoje que realizou o sonho morre de medo e tenta matar o Lucas do passado, que um dia sonhou, porque um traiu o outro. Os dois Lucas já passaram pela Mulholland Drive. Quando Rita se descobre rica sem sequer saber de onde veio o dinheiro, estamos diante da complexidade maior, porque a atriz rica não sabe lidar com a fama e passa a ser o maior desgosto da vida da menina sonhadora do começo do filme. Para assistir e entender o maior filme do Século 21, é preciso aprender que não estamos no controle de NADA e que o nosso ontem pode oprimir o nosso amanhã. This is The Girl! Llorando... in Club Silencio. Lynch também traz um manifesto sobre o trabalho do diretor, que, por suas convicções artísticas, "apanha" na vida pessoal e na profissional e depois ainda leva consigo as "manchas" desse sacrifício. Adam Kesher é obrigado a ceder artisticamente mas goza dos frutos da fama.
Filme charmoso, com ótimos diálogos e atuações, especialmente da Sandrine. Mas o roteiro é truncado, não nos apresenta os suspeitos de forma convincente e
Mais um filme-testamento do gênio. Esse Woody Allen de fim de carreira é comovente, triste e ao mesmo tempo revigorante. Espero que não seja a despedida, como o filme dá a entender! Lembram-se da primeira aparição do Jerry (personagem do Woody) em Para Roma Com Amor? Quem diria que ele admitiria seu arrependimento por não ter ido receber prêmios ao longo da vida?
A premissa é interessante, a ideia isolada de fazer com que o público ouça (não ouça) como ele é bem boa, mas o roteiro apresenta soluções muito repentinas e pouco explicadas para essas questões. Praticamente não existe construção de personagem. Não há uma história de pessoas a ser defendida nem questionada. O protagonista simplesmente cai de paraquedas como vítima de um problema também mal explicado. Ninguém sabe por que o casal se dá bem, nem porque eles seguem juntos em turnê, muito menos porque voltam a ficarem juntos no fim, como se nada tivesse acontecido. "Você salvou a minha vida" acaba sendo uma frase clichê que não tem embasamento algum na história que assistimos por duas horas. Como que salvaram um ao outro, se ficaram distantes nos momentos mais difíceis dele e de maior sucesso dela? O filme só não merece ser chamado de ruim porque tem cenas interessantes na "clínica" (alguém entendeu exatamente que tipo de instituição era aquela?) entre o protagonista e as crianças lá presentes. Tem ótimas sequências, bem emocionantes. E o final é poético e bonito.
O grande barato desse filme é que ele lança luz sobre o que não é filmado, que pode ser inferido a partir do que vemos. Os recortes são muito bem feitos, com pistas iniciais sobre cada questão, deixando o espectador em totais condições de "completar" o restante na sua cabeça. A relação problemática com a mãe ausente escancara um problema social, porque ela trabalha muito para pagar uma dívida que não sabemos de onde vem e soa como eterna, impagável. Essa ausência também já surge como provável origem para os problemas da protagonista (uma das colegas inclusive usa essa questão financeira da mãe para praticar bullying). O sangue na cadeira, como um simulacro de menstruação, também reforça essa ideia, porque ela e a mãe provavelmente nunca tiveram tempo para conversar sobre esse tipo assunto. O vermelho como assunto delicado também pode ser uma analogia ao Partido Comunista, às faixas opressivas que "decoravam" a escola da mesma cor. Sexualidade, política, economia, relações humanas. Esse filme consegue abordar praticamente todos os temas relevantes do mundo, mas o faz sutilmente, para os mais atentos. Um filme não é sobre um assunto específico, ele é "um mundo" particular, cuja complexidade e profundidade dependem do talento e dos objetivos do autor. No caso de Better Days, é uma obra bem abrangente, crítica e poética. Observem que a protagonista não possui uma característica única que a diferencie de qualquer outra pessoa. É como se ela tivesse sido escolhida por acaso. É um caso raro no cinema de protagonista que é conduzida em vez de conduzir. Até o
homicídio que ela comete ocorre como uma reação natural a uma violência histórica, sendo ela uma representante de um grupo que costuma sofrer sem oferecer qualquer resistência. Nesse ponto temos também uma crítica social sobre os motivos que levam uma pessoa oprimida a se tornar violenta.
E que frágil opressora. Filme belíssimo, que poderia ser um pouco mais curto. E se alguém me pagasse eu faria uma crítica maior e mais detalhada, falando de todos os "pistas" que o filme nos traz.
Quando um filme se esforça muito para ser fiel à história torna-se chato. Foi o que aconteceu aqui. É totalmente previsível e esquecível. Poderia durar 20 minutos, não 120. Daniel Kaluuya, Jesse Plemons e Lakeith Stanfield estão muito bem e fazem a experiência valer um pouco a pena.
Esteticamente pobre, consegue sua força em personagens bem construídos e com interpretações espetaculares, especialmente Bete como Maria, Guarnieri como Otávio e Fernanda Montenegro como Romama. Conseguem nuances muito realistas e que cativam o espectador. Filme típico brasileiro, com tudo que nosso país tem de melhor e pior. Tem morto pela polícia, bêbado morto em assalto, polícia sendo racista, pobre precisando negar seus princípios por grana, pobre abrindo mão de grana por princípios, discussão sobre aborto, esposa servil, esposa apaixonada, mulher submissa, mulher que enfrenta o noivo, mulher apanhando de homem covarde, guri pobre adotado, guri jovem preguiçoso com emprego precário, dono de bar sendo incomodado por bêbados. Mais um filme referenciado por Bacurau: o cachaceiro que toca violão não lembra o cantor de Bacurau que zomba dos forasteiros?
A Família Bélier
4.2 436Vocês já ouviram alguém falar mal desse filme? Não? A família da Paula também não
Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos
3.4 631O mais próximo possível que já vi um filme brasileiro chegar do Woody Allen, o que é um elogio e tanto, mas a história acaba sendo um pouco forçada. O pai dele é o melhor personagem, onde está o humor refinado do filme e uma possível explicação para o protagonista ser um fracassado!
Gilda
4.0 225 Assista AgoraThis is the girl!
Da Derrota à Vitória
3.0 8Um clichê atrás do outro. Mais Wayne. Amo!
O Mensageiro do Diabo
4.1 261 Assista AgoraMais um pr'aquela lista de "não se fazem mais filmes como antigamente". É bom demais!
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraComeça num velório, assim como Dona Flor e Seus Dois Maridos. Só que aqui a nossa Sônia é quem bebe, não Vadinho! E ela solta o grito de libertação que dona Florípedes, tão recatada, não teria coragem de soltar! Referências intermináveis fazem de Bacurau um documento histórico sobre o nosso país e nossa cultura! Ele é, entre tantas outras coisas, uma resposta feminista às personagens submissas que Sonia Braga interpretou ao longo da vida (especialmente Gabriela e Dona Florípedes) Assim como Vadinho, a dona Carmelita também volta do outro plano para dialogar com os vivos. É lindo demais!
O Monstro do Inferno
2.9 10 Assista AgoraPouco criativo, clichê e sequer tem cenas marcantes!
Edifício Gagarine
3.5 17 Assista AgoraAssisti no último dia de exibição do Guion, aqui em Porto Alegre (sábado dia 4 de Setembro)! Poderia ter sido com um filme melhor, mas valeu pela despedida! Vai deixar saudade o "meu" cinema!
A Regra do Jogo
4.1 122 Assista AgoraO que mais me chama a atenção neste filme é quão teatral ele é, e o quanto esse tipo de filme exige dos atores, que vão muito bem. As discussões são filmadas de forma que a gente consegue sentir a tensão por completo, não somente com closes ou primeiros planos, como são filmadas hoje. A direção dá uma espécie de palco para que a gente possa observar as ações, que muitas vezes se desenrolam várias ao mesmo tempo. Não é curioso que um filme de 82 anos atrás exija mais atenção do público e tenha mais ação durante os diálogos que quase todos os dramas de hoje? Foi só o funcionário matar o concorrente que foi recontratado hahahaha esse foi genial! Lembrei de Parasita em alguns momentos, como a empregada fica literalmente abaixo da patroa (ajoelhada diante dela) e todos os funcionários comem em um ambiente até geograficamente inferior
Jovem e Inocente
3.6 48 Assista AgoraNa cena final, no hotel, reconheci o velho Alfred que tanto amo! O pisca-pisca nos rende uma bela tensão típica do diretor. Incrível como tudo se encaixa e funciona bem. O aniversário da menina na casa da tia causa uma angústia muito grande. A forma com que ele a "salva" estabelece a conexão perfeita entre eles. Existe uma poesia na forma como o protagonista vê o sol através de janelas sempre fechadas ao longo de sua fuga, e também quando o advogado comenta sobre a beleza do dia (que o protagonista não vê porque está "preso" dando depoimento). Bonito e poético filme do mestre Hitchcock, um dos melhores dessa fase
O Bando à Parte
4.1 211Enquanto aparece o letreiro JEANLUC CINEMA GODARD, vemos alguns carros andando e outros carros parados. Todos esses nos chamam a atenção, mas os protagonistas surgem lá de trás, em um carro que ainda não estava aparecendo. É o gênio nos propondo uma reflexão sobre o direcionamento que o diretor é capaz de fazer no olhar do espectador. Olhamos para onde quer o autor, é ele quem nos diz o que é importante. Essa assinatura crítica já faz o filme começar de forma brilhante. Depois só vai, com mais propostas de reflexão e referências, no melhor estilo Godard. Como sempre, é muito difícil acompanhar e absorver o suficiente sem bagagem, de Shakespeare a filmes noir. Também rola uma bela discussão sobre as adaptações literárias, quando a professora lê trechos de Romeu e Julieta enquanto as imagens são da versão de Godard para o clássico, onde existe um gângster de noir em meio ao casal. Na mesma cena, na sala de aula, o gângster em questão se recusa a tirar o tradicional sobretudo dos personagens de noir, enquanto o outro rapaz aceita tirar o chapéu, deixando, dessa forma, de ser um personagem noir para transformar-se no romântico. Karina representa mais uma vez uma oposição aos tipos clássicos de mulher no cinema da época, com seu jeito "moleca"!
Trem Mistério
4.0 51 Assista AgoraSou fã do Jim Jarmusch, mas esse não me pegou, não. A última história evoca alguns elementos do Down By Law, só que simplesmente não funciona!
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraMulholland Drive não sai da minha cabeça desde o primeiro dia que assisti. This is The Girl. É um filme sobre a vida de todo mundo. Sobre o sucesso que todos nós gostaríamos de atingir e também sobre o que precisamos abdicar para chegar lá. O longa do Gênio David Lynch critica a soberba de Hollywood e cutuca a ferida de todos aqueles que fracassaram nesse meio, quase que literalmente matando-os. O Lucas de hoje que realizou o sonho morre de medo e tenta matar o Lucas do passado, que um dia sonhou, porque um traiu o outro. Os dois Lucas já passaram pela Mulholland Drive. Quando Rita se descobre rica sem sequer saber de onde veio o dinheiro, estamos diante da complexidade maior, porque a atriz rica não sabe lidar com a fama e passa a ser o maior desgosto da vida da menina sonhadora do começo do filme. Para assistir e entender o maior filme do Século 21, é preciso aprender que não estamos no controle de NADA e que o nosso ontem pode oprimir o nosso amanhã. This is The Girl! Llorando... in Club Silencio.
Lynch também traz um manifesto sobre o trabalho do diretor, que, por suas convicções artísticas, "apanha" na vida pessoal e na profissional e depois ainda leva consigo as "manchas" desse sacrifício. Adam Kesher é obrigado a ceder artisticamente mas goza dos frutos da fama.
A Cor da Mentira
3.5 3Filme charmoso, com ótimos diálogos e atuações, especialmente da Sandrine. Mas o roteiro é truncado, não nos apresenta os suspeitos de forma convincente e
repentinamente descobrimos quem é o assassino da menina, um personagem com poucas falas e consequentemente pobre
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Um Bonde Chamado Desejo
3.4 28Esse filme não deveria existir
O Festival do Amor
3.3 45 Assista AgoraMais um filme-testamento do gênio. Esse Woody Allen de fim de carreira é comovente, triste e ao mesmo tempo revigorante. Espero que não seja a despedida, como o filme dá a entender! Lembram-se da primeira aparição do Jerry (personagem do Woody) em Para Roma Com Amor? Quem diria que ele admitiria seu arrependimento por não ter ido receber prêmios ao longo da vida?
Copacabana Mon Amour
3.9 77É ainda mais anárquico que Sem, Essa Aranha, tratando-se da forma. Mr. Sganzerla é yellow, green: Brasil.
Paw
3.0 2Alguém já assistiu esse filme? Onde tem?
O Som do Silêncio
4.1 985 Assista AgoraA premissa é interessante, a ideia isolada de fazer com que o público ouça (não ouça) como ele é bem boa, mas o roteiro apresenta soluções muito repentinas e pouco explicadas para essas questões. Praticamente não existe construção de personagem. Não há uma história de pessoas a ser defendida nem questionada. O protagonista simplesmente cai de paraquedas como vítima de um problema também mal explicado. Ninguém sabe por que o casal se dá bem, nem porque eles seguem juntos em turnê, muito menos porque voltam a ficarem juntos no fim, como se nada tivesse acontecido. "Você salvou a minha vida" acaba sendo uma frase clichê que não tem embasamento algum na história que assistimos por duas horas. Como que salvaram um ao outro, se ficaram distantes nos momentos mais difíceis dele e de maior sucesso dela? O filme só não merece ser chamado de ruim porque tem cenas interessantes na "clínica" (alguém entendeu exatamente que tipo de instituição era aquela?) entre o protagonista e as crianças lá presentes. Tem ótimas sequências, bem emocionantes. E o final é poético e bonito.
Dias Melhores
3.9 139 Assista AgoraO grande barato desse filme é que ele lança luz sobre o que não é filmado, que pode ser inferido a partir do que vemos. Os recortes são muito bem feitos, com pistas iniciais sobre cada questão, deixando o espectador em totais condições de "completar" o restante na sua cabeça. A relação problemática com a mãe ausente escancara um problema social, porque ela trabalha muito para pagar uma dívida que não sabemos de onde vem e soa como eterna, impagável. Essa ausência também já surge como provável origem para os problemas da protagonista (uma das colegas inclusive usa essa questão financeira da mãe para praticar bullying). O sangue na cadeira, como um simulacro de menstruação, também reforça essa ideia, porque ela e a mãe provavelmente nunca tiveram tempo para conversar sobre esse tipo assunto. O vermelho como assunto delicado também pode ser uma analogia ao Partido Comunista, às faixas opressivas que "decoravam" a escola da mesma cor. Sexualidade, política, economia, relações humanas. Esse filme consegue abordar praticamente todos os temas relevantes do mundo, mas o faz sutilmente, para os mais atentos. Um filme não é sobre um assunto específico, ele é "um mundo" particular, cuja complexidade e profundidade dependem do talento e dos objetivos do autor. No caso de Better Days, é uma obra bem abrangente, crítica e poética. Observem que a protagonista não possui uma característica única que a diferencie de qualquer outra pessoa. É como se ela tivesse sido escolhida por acaso. É um caso raro no cinema de protagonista que é conduzida em vez de conduzir. Até o
homicídio que ela comete ocorre como uma reação natural a uma violência histórica, sendo ela uma representante de um grupo que costuma sofrer sem oferecer qualquer resistência. Nesse ponto temos também uma crítica social sobre os motivos que levam uma pessoa oprimida a se tornar violenta.
Judas e o Messias Negro
4.1 517 Assista AgoraQuando um filme se esforça muito para ser fiel à história torna-se chato. Foi o que aconteceu aqui. É totalmente previsível e esquecível. Poderia durar 20 minutos, não 120. Daniel Kaluuya, Jesse Plemons e Lakeith Stanfield estão muito bem e fazem a experiência valer um pouco a pena.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 548 Assista AgoraQuem acha que o final foi triste viu o filme errado
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraAnthony é a minha única torcida real no Oscar. Se não vencer será muito injusto.
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286Esteticamente pobre, consegue sua força em personagens bem construídos e com interpretações espetaculares, especialmente Bete como Maria, Guarnieri como Otávio e Fernanda Montenegro como Romama. Conseguem nuances muito realistas e que cativam o espectador. Filme típico brasileiro, com tudo que nosso país tem de melhor e pior. Tem morto pela polícia, bêbado morto em assalto, polícia sendo racista, pobre precisando negar seus princípios por grana, pobre abrindo mão de grana por princípios, discussão sobre aborto, esposa servil, esposa apaixonada, mulher submissa, mulher que enfrenta o noivo, mulher apanhando de homem covarde, guri pobre adotado, guri jovem preguiçoso com emprego precário, dono de bar sendo incomodado por bêbados. Mais um filme referenciado por Bacurau: o cachaceiro que toca violão não lembra o cantor de Bacurau que zomba dos forasteiros?