Uma espécie de kammerspiel que foi indicado pelos críticos e cineastas da Nouvelle Vague como um de seus precursores. Melville arcou com as despesas e o produziu na casa onde Vercors escreveu a novela homônima, um dos símbolos da resistência à ocupação alemã. Pouco a pouco os monólogos do oficial vão se tornando tão delirantes quanto sua ideia de um "casamento" entre Alemanha e França através da guerra e a invasão.
Contra as proclamações do cinema gritado de hoje, Uzak sussurra com força a sua mensagem, mostrando a verdadeira dimensão do indescritível com uma sutil e irônica melancolia, revelando a fragilidade de dois homens incapazes de cruzar o perímetro da inação que construíram ao redor de si, preferindo a incerteza de uma solidão autossuficiente.
Cenários reais, ausência de acompanhamento musical, tomadas em ordem cronológica, roteiro limitado à descrição detalhada das cenas e personagens, diálogos confiados à inspiração dos intérpretes. É o método de Ulrich Seidl, cineasta sui generis adorado por Werner Herzog, que através deste modelo se dedicou à produção de uma trilogia inspirada no tema da felicidade, aos vários caminhos diferentes pelos quais os indivíduos buscam seu paraíso pessoal.
The Lady Vanishes é ambientado em contexto histórico e político bem preciso: a iminência da Segunda Guerra com suas ameaças e ambiguidades. Os obstáculos que a protagonista tem que superar, que nutrem todo o suspense do filme, são também motivos para denunciar a indiferença, o egoísmo e a estupidez da natureza humana em geral, mas acima de tudo a britânica.
Último filme da dupla Carné-Prévert que funde a mitologia do ambiente do Prévert com um ambiente social e historicamente bem definido como o do pós-guerra. Não é dos melhores, mas definitivamente um filme que só poderia ter sido dirigido por Marcel Carné. O papel de Malou originalmente foi previsto para Marlene Dietrich e o de Jean Diego para Jean Gabin, mas "Les feuilles mortes" acabou, indissoluvelmente, ligada ao nome de Yves Montand.
Na linguagem dos especialistas, “the angels’ share” ou “a parte dos anjos”, é aquele percentual do precioso whisky que se dissolve no ar no momento da abertura dos barris, marcando o nascimento de uma bebida que é fruto de um minucioso trabalho de anos de envelhecimento. Assim Ken Loach voltou a pisar em seu familiar tapete vermelho da Croisette, com uma comédia, gênero que o diretor afirmou ter escolhido em contraposição à estória que queria contar: uma estória em que o drama da desocupação juvenil implica no próprio reverso da medalha, feito de sonhos e expectativas, muita energia e desejo de redenção.
La Cicatrice Intéreure transborda simbolismo e apresenta uma Nico muito diferente da loira ícone do Velvet Underground. Desorientados, os protagonistas partem em uma peregrinação sem uma origem e sem uma meta. Isolamento e falta de comunicação são os territórios pelos quais se movem Nico e Garrel. Um caminho compartilhado através de imagens e música. Aos poucos ambos se distanciam das frustrações do passado, suas cicatrizes interiores: as revoltas de maio de 68 para ele, e a Factory, para ela.
Tatarak se estrutura através de um jogo de espelhos metalinguísticos entre realidade e ficção e revela uma reflexão sobre a incapacidade e a insuficiência da própria arte em mitigar as feridas e sofrimentos da vida.
La Grande Illusion e La Règle du Jeu são dois filmes completamente intercambiáveis do Renoir. La Grand Illusion é a verdadeira regra do jogo, La Règle du Jeu, por sua vez, é a grande ilusão.
A primeira história é bem divertida, a segunda muito sofisticada e a melhor, mas infelizmente terceira não se mantém no mesmo nível. De qualquer forma não deixa de ser uma variação bem interessante do microcosmo bipolar (acaso e destino, homem e mulher, verdade, mentira) do Éric Rohmer, sempre com a capacidade de capturar lugares e situações com muita sensibilidade.
Dias de Ira foi dirigido durante a ocupação nazista na Dianamarca e extremamente distorcido pela crítica que entendia como uma metáfora a forma submissa com que Anna aceita sua sentença. É muita injustiça com a obra reduzir esses personagem carregados de um sofrimento tão verdadeiro a uma simples metáfora que não se encaixa com a história narrada.
A grandeza do filme está no olhar, na respiração lenta e solene que vai dando forma à ação, o crescimento de uma tensão que não termina em um grito desesperado, mas permanece sob a forma de um choro contido, como uma sentença de dor da qual o homem não consegue escapar, mas que se mostra como sua única certeza.
Em 1936, o cineasta norte americano Leo McCarey dirigiu Make Way For Tomorrow (A Cruz dos Anos), um filme muito sensível sobre um casal de idosos que se vê obrigado a se separar e encarar de frente o conflito de gerações entre pais e filhos. O filme agradou muito ao diretor japonês Yasujiro Ozu, que com sua notória maestria, inspirado no filme do diretor americano, produziu uma obra prima, um dos melhores filmes do cinema japonês e da história do cinema, Tôkyô monogatari (Era uma vez em Tóquio), no ano de 1953. Em 2008 o tema voltou as telas sob o olhar da veterana diretora alemã Doris Dörrie, com uma dolorosa e profunda releitura moderna da obra.
Michelangelo Antonioni declarou quase ter perdido a vida durante as filmagens de L’Avventura: a utilização de um barco em ruínas, dias de sol que se alternavam com tempestades deixando o mar muito violento; suprimentos de energia elétrica escassos; a falência da produtora; a greve da tripulação que abandonou a ilha deixando o diretor com os atores e seis ou sete membros da equipe técnica; dois homens desaparecidos no mar por uma noite reaparecendo esgotados no dia seguinte.
O Silêncio do Mar
4.0 16Uma espécie de kammerspiel que foi indicado pelos críticos e cineastas da Nouvelle Vague como um de seus precursores. Melville arcou com as despesas e o produziu na casa onde Vercors escreveu a novela homônima, um dos símbolos da resistência à ocupação alemã. Pouco a pouco os monólogos do oficial vão se tornando tão delirantes quanto sua ideia de um "casamento" entre Alemanha e França através da guerra e a invasão.
Distante
3.7 32Contra as proclamações do cinema gritado de hoje, Uzak sussurra com força a sua mensagem, mostrando a verdadeira dimensão do indescritível com uma sutil e irônica melancolia, revelando a fragilidade de dois homens incapazes de cruzar o perímetro da inação que construíram ao redor de si, preferindo a incerteza de uma solidão autossuficiente.
Paraíso: Amor
3.7 70 Assista AgoraCenários reais, ausência de acompanhamento musical, tomadas em ordem cronológica, roteiro limitado à descrição detalhada das cenas e personagens, diálogos confiados à inspiração dos intérpretes. É o método de Ulrich Seidl, cineasta sui generis adorado por Werner Herzog, que através deste modelo se dedicou à produção de uma trilogia inspirada no tema da felicidade, aos vários caminhos diferentes pelos quais os indivíduos buscam seu paraíso pessoal.
A Dama Oculta
4.0 142 Assista AgoraThe Lady Vanishes é ambientado em contexto histórico e político bem preciso: a iminência da Segunda Guerra com suas ameaças e ambiguidades. Os obstáculos que a protagonista tem que superar, que nutrem todo o suspense do filme, são também motivos para denunciar a indiferença, o egoísmo e a estupidez da natureza humana em geral, mas acima de tudo a britânica.
Portas da Noite
3.6 4 Assista AgoraÚltimo filme da dupla Carné-Prévert que funde a mitologia do ambiente do Prévert com um ambiente social e historicamente bem definido como o do pós-guerra. Não é dos melhores, mas definitivamente um filme que só poderia ter sido dirigido por Marcel Carné. O papel de Malou originalmente foi previsto para Marlene Dietrich e o de Jean Diego para Jean Gabin, mas "Les feuilles mortes" acabou, indissoluvelmente, ligada ao nome de Yves Montand.
A Parte dos Anjos
3.5 97 Assista AgoraNa linguagem dos especialistas, “the angels’ share” ou “a parte dos anjos”, é aquele percentual do precioso whisky que se dissolve no ar no momento da abertura dos barris, marcando o nascimento de uma bebida que é fruto de um minucioso trabalho de anos de envelhecimento. Assim Ken Loach voltou a pisar em seu familiar tapete vermelho da Croisette, com uma comédia, gênero que o diretor afirmou ter escolhido em contraposição à estória que queria contar: uma estória em que o drama da desocupação juvenil implica no próprio reverso da medalha, feito de sonhos e expectativas, muita energia e desejo de redenção.
A Cicatriz Interior
4.1 12La Cicatrice Intéreure transborda simbolismo e apresenta uma Nico muito diferente da loira ícone do Velvet Underground. Desorientados, os protagonistas partem em uma peregrinação sem uma origem e sem uma meta. Isolamento e falta de comunicação são os territórios pelos quais se movem Nico e Garrel. Um caminho compartilhado através de imagens e música. Aos poucos ambos se distanciam das frustrações do passado, suas cicatrizes interiores: as revoltas de maio de 68 para ele, e a Factory, para ela.
Um Acidente de Caça
3.9 5Cinismo, hipocrisia, manipulação e muita decadência.
Doce Perfume
3.5 11Tatarak se estrutura através de um jogo de espelhos metalinguísticos entre realidade e ficção e revela uma reflexão sobre a incapacidade e a insuficiência da própria arte em mitigar as feridas e sofrimentos da vida.
Pão e Leite
3.8 7Desgraça pouca é bobagem.
A Grande Ilusão
4.1 54 Assista AgoraLa Grande Illusion e La Règle du Jeu são dois filmes completamente intercambiáveis do Renoir. La Grand Illusion é a verdadeira regra do jogo, La Règle du Jeu, por sua vez, é a grande ilusão.
Os Encontros de Paris
3.8 6A primeira história é bem divertida, a segunda muito sofisticada e a melhor, mas infelizmente terceira não se mantém no mesmo nível. De qualquer forma não deixa de ser uma variação bem interessante do microcosmo bipolar (acaso e destino, homem e mulher, verdade, mentira) do Éric Rohmer, sempre com a capacidade de capturar lugares e situações com muita sensibilidade.
A Cidade dos Piratas
4.0 9Amigo do Klossowski e frequentador do círculo pós-estruturalista francês. Motivos suficientes para assistir os filmes do Ruiz sem pensar duas vezes.
Dias de Ira
4.3 38 Assista AgoraDias de Ira foi dirigido durante a ocupação nazista na Dianamarca e extremamente distorcido pela crítica que entendia como uma metáfora a forma submissa com que Anna aceita sua sentença. É muita injustiça com a obra reduzir esses personagem carregados de um sofrimento tão verdadeiro a uma simples metáfora que não se encaixa com a história narrada.
A grandeza do filme está no olhar, na respiração lenta e solene que vai dando forma à ação, o crescimento de uma tensão que não termina em um grito desesperado, mas permanece sob a forma de um choro contido, como uma sentença de dor da qual o homem não consegue escapar, mas que se mostra como sua única certeza.
Hanami: Cerejeiras em Flor
4.4 292Em 1936, o cineasta norte americano Leo McCarey dirigiu Make Way For Tomorrow (A Cruz dos Anos), um filme muito sensível sobre um casal de idosos que se vê obrigado a se separar e encarar de frente o conflito de gerações entre pais e filhos. O filme agradou muito ao diretor japonês Yasujiro Ozu, que com sua notória maestria, inspirado no filme do diretor americano, produziu uma obra prima, um dos melhores filmes do cinema japonês e da história do cinema, Tôkyô monogatari (Era uma vez em Tóquio), no ano de 1953. Em 2008 o tema voltou as telas sob o olhar da veterana diretora alemã Doris Dörrie, com uma dolorosa e profunda releitura moderna da obra.
O Longo Amanhecer
3.3 7Éva Almássy Albert de Sátántangó e Werckmeister Harmóniák fazendo uma pontinha na metade do filme, muito bom!
A Aventura
4.1 113 Assista AgoraMichelangelo Antonioni declarou quase ter perdido a vida durante as filmagens de L’Avventura: a utilização de um barco em ruínas, dias de sol que se alternavam com tempestades deixando o mar muito violento; suprimentos de energia elétrica escassos; a falência da produtora; a greve da tripulação que abandonou a ilha deixando o diretor com os atores e seis ou sete membros da equipe técnica; dois homens desaparecidos no mar por uma noite reaparecendo esgotados no dia seguinte.
Análise completa
A Garota da Fábrica de Fósforos
3.9 162 Assista Agoraesse poster do filme é puro spoiler.
Na Escuridão do Tempo
4.4 21com legenda em português
O Tango de Satã
4.3 139esse ódio todo é vontade de assistir e gostar mas não conseguir?
Entrevista
3.9 23 Assista AgoraA cena que a Anita Ekberg assiste La Dolce Vita é crueldade felliniana pura.
Zombie e o Trem Fantasma
3.9 6Irônia e pessimismo ao estilo de "Os Cowboys de Leningrado" e Matti Pellonpää como coprotagonista. Só poderia ser obra de um Kaurismäki.
O Quarto do Filho
3.8 162Mais chato e previsível impossível zzzzz
Ariel
3.8 29O Taisto é a cara do Nick Cave.