Rami Malek esquecível e inexpressivo e o muito provavelmente o Bond mais sexualmente castrado da história da franquia. Duração exagerada de modo justificável. Clímax sem sal, apesar da pompa toda. De bom, a cena de ação com os jipes na floresta.
ORDINARY PEOPLE de olhos puxados. Filme com roteiro pra menos de uma hora e meia, lotado até a tampa de "momentos intimistas", esticado à exaustão em intermináveis três horas de performances de gente falando pra dentro à la Casey Affleck. Remédio pra insônia.
Tema exaurido demaaaaais no cinema mundial. Cadê o holocausto indiano, que teve um raro retrato cinematográfico em TROVÃO DISTANTE, do Satyajit Ray? Ou o holocausto cigano? Vale até mais a pena descobrir - ironia das ironias - o holocausto palestino, como no ótimo SETE CÂMERAS QUEBRADAS.
Woody Allen é um cineasta prolífico e muito irregular. Esse aqui, infelizmente, é da safra ruim e não acrescenta absolutamente nada à filmografia do diretor.
O melhor modo de homenagear o recém-falecido Peter Bogdanovich (do sensacional A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA) é (re)visitar da obra legada por esse raro exemplo de crítico de cinema que conseguiu fazer de modo brilhante a transição para fazer cinema propriamente dito, como também aconteceu com o brasileiro Kleber Mendonça Filho.
No caso deste excelente longa do começo de sua carreira, numa tacada só ele versa de modo brilhante, sempre imbuído na própria narrativa e sem apelar para exercícios pedantes de metalinguagem direta (como faz o recente e insosso MATRIX RESURRECTIONS), Bogdanovich versa sobre o declínio do gênero terror já nos anos sessenta, a crescente violência urbana estadunidense e a rebordosa terrível da Guerra do Vietnã causada para o povo estadunidense antes mesmo dela terminar em 1975.
Que mulher tonga e indecisa do c@r@lh*, ainda por cima vivida por uma atriz fraca que tem as mesmas reações a três atores coadjuvantes (até bons) que deveriam causar sensações absolutamente distintas nela.
P.S.: o debate que o longa gerou aqui no Filmow é mais interessante que o filme em si, bastante moroso o tongo na indecisão irresponsável da protagonista sobretudo no segundo ato. E de fato ficou a impressão que se o longa tivesse se encerrado com um desfecho mais verossímil, ou até mesmo mais aberto, teria mantido suas provocações morais de modo mais memorável e menos infantil.
Marromenos. A vibe me pareceu uma espécie de PIECES OF A WOMAN deste ano.
Boa atuação de Colman (embora não chegue a ser tudo o que estão dizendo) e da versão da personagem em flashback. Roteiro e direção apenas razoáveis, com a alegoria da boneca roubada sendo usada à exaustão.
Também me atrapalhou o fato de eu não conseguir me identificar em NADA com a protagonista, seja na versão mais velha ou na mais jovem. quanto mais avançava nos dilemas dela com a maternidade, mais me causava repulsa e, já próximo do terceiro ato, até indiferença. O arco dela podia ter o desfecho que fosse que, dada a antipatia que eu nutri pelas decisões dela mais nova, já não importava muito.
Como acontece nos últimos anos com vencedores do Oscar como GREEN BOOK e NOMADLAND, esse aqui também é muito barulho por nada até certo ponto - e periga ganhar o Oscar só por fazer o arroz com feijão de sempre (exatamente como os dois supra citados), embora possa ter dificuldade pra faturar o prêmio principal por vir de produção direta pra streaming.
Pelo menos esse aqui é mesmo acima da média (embora nada muito além disso) e tem uma parte técnica bem envernizada, sobretudo a cenografia. O elenco está ok, longe do brilhantismo todo que a crítica apontou nos coadjuvantes, sendo o maior destaque de longe o cowboy bronco e rancoroso vivido por Benedict Cumberbatch. A mulher é tão patética e fraca que cheguei a, da metade pro fim, abertamente torcer pra ela se f*der mesmo. O terceiro ato tem uma revelação bem sacada.
O maior rebuliço das redes sociais no final de 2021 não é a última coca-cola no deserto que alguns pintaram, ainda mais tendo em mente a boa filmografia do diretor Adam McKay (do ótimo VICE, pra ficar num exemplo só).
Tem gordura demais no roteiro e alguns personagens que simplesmente sobram conceitualmente, como aqueles vividos por da Jennifer Lawrence, Timothee Chalamet, Tyler Perry e, em parte Ron Perlman. Esse excesso - só pra colocar gente célebre nos cartazes marketeiros, só dilui o impacto que teria com arcos mais unificados nas personas de Leonardo DiCaprio (em grande medida interpretando as aspirações políticas "ambientalistas" dele mesmo), Meryl Streep, Mark Rylance e a performance divertidamente cínica da repórter de Cate Blanchet.
Ainda que eu tenha ressalvas, no entanto, é um filme acima da média, no geral bem realizado e com sacadas muito atinadas ao momento que vivemos hoje não só pela pandemia de coronavírus (a entrelinha mais óbvia do roteiro), mas também pela situação de "decadência administrada" que os Estados Unidos - e a cultura ocidental de modo geral - vivem já faz um tempo, torcendo pra que a gente não veja que o fim deles está próximo.
Se você gosta de musicais (eu detesto), pode ser uma boa pedida. É superior ao sonolento longa original de 1961. Tá no nível do La La Land. Tem méritos estéticos, pelo menos uma cena empolgante (a da canção "In America" ou algo do tipo), elenco satisfatório sobretudo na ala feminina, com a atriz da Anita sendo um tesão de encher os olhos em cena.
Se você não gosta do gênero, não é este aqui que vai te fazer mudar de ideia. Só mais um remake desnecessário (mais um!) de Roliúde, com a diferença que esse aqui se insere no conceito de renovação da "Doutrina Monroe", dada a necessidade geopolítica de tentar garantir o domínio cultural estadunidense sobre seu "quintal" latino-americano, o que pode ser visto sobretudo em animações recentes da Disney se passando no México ou na Colômbia.
Por conta desse contexto, aliás, pra mim foi difícil não torcer descaradamente pela gangue porto-riquenha, principalmente o boxeador, contra os "white trash" rivais. De modo que a mocinha fica parecendo uma vira-latas vendida para o 'lado de lá' e acabo torcendo mais pelo final trágico rolar mesmo.
A quarta filial da franquia MATRIX infelizmente não passa de uma galhofada caça-níqueis de metalinguagem que tira sarro e si mesmo e do filme original, dissimulando o total esgotamento criativo de Roliúde como sendo "pastiche IXXPÉÉÉRTU" lotado até a tampa de auto-referências. Uma besteira completa e sem dúvidas a maior decepção do ano.
As falas do Merovíngio (em curta passagem), afinal, estavam certas: houve um tempo em que "originalidade importava" - e talvez esse tempo tenha se esgotado, em termos de roteiros originais do cinema estadunidense, justamente no MATRIX lançado no apagar das luzes do século passado. Depois ainda tivemos algumas boas adaptações literárias (sobretudo O SENHOR DOS ANÉIS), surpresas bacanas de sequências tardias (como BLADE RUNNER 2049 e MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA). Fora isso, apenas exceções que corroboram a regra, muitas delas dirigidas por cineastas estrangeiros àquele país.
A verdade é que o cinemão de massa do Tio Sam saturou de vez e sucumbiu, comercialmente, ao streaming e, criativamente, ao subgênero interminável (que tende a envelhecer mal) e esticado à exaustão das adaptações de quadrinhos. Quem vem ganhando com essa lacuna de roteiros originais são países como os nossos vizinhos portenhos e, do outro lado do mundo, os sul-coreanos (que chegaram a ganhar um Oscar de melhor filme jogando fora de casa e fazer a série de maior visibilidade da história da Netflix).
Quanto ao quarto MATRIX, acaba sendo emblemático que justamente uma sequência tardia (outra!) do último suspiro criativo do cinema industrial estadunidense se mostre um exercício auto-indulgente de metalinguagem, uma experiência morosa de tiro no pé em bullet time. Erra mais diretamente na composição dos personagens novos em cena - e só a nostalgia não salva a cara dos mais conhecidos, aqui em performances apagadas.
Vale mais a pena rever o longa de 99, ou até as sequências de 2003 que, embora não atinjam o nível espetacular do primeiro (pra mim o melhor filme dos anos 1990), conseguem manter o interesse e expandem bem o universo rico em metáforas políticas e filosóficas atinadas até hoje de modo perfeito com a "cibercultura".
Tentativa meia-boca de um cineatsa oriundo de país da segunda linha do imperialismo (Alemanha) entender a contemporaneidade cultural de outro país também da segunda linha do imperialismo (Japão), ambos assolados pelo assédio cultural estadunidense após a Segunda Guerra - mais o segundo que o primeiro.
Se Herzog tivesse chutado o pau da barraca na proposta conceitual dele e feito logo um documentário (gênero no qual ele se sai muito bem), acredito que teria um resultado mais impactante e pertinente.
Embora não seja um filme espetacular e padeça de alguns defeitos de escrita e construção de personagens que soam inverossímeis, como a insistência demasiada na postura "stalker" do meganha curitibano, é uma interessante radiografia das contradições culturais, regionais e religiosas do Brasil ainda sob efeito do golpe de 2016, incluindo aí o fenômeno crescente dos bolsonaristas arrependidos.
Decepção, embora eu já não esperava muito de um diretor cujo último filme realmente acima da média foi AMERICAN GANGSTER.
Elenco irregular falando em onipresente sotaque macarrônico forçado, com destaque positivo para o ótimo Jeremy Itons e destaque negativo para o insuportavelmente caricato Jared Leto (cantor querendo provar que é ator, quase sempre com performances canhestras). Edição fraca, com dois terços do filme se arrastando (piora justamente quando Irons sai de cena). a grande cena do crime acaba sendo até meio esvaziada de sentido e impacto.
Enfim, salvo pontuais qualidades mais no começo, uma perda de tempo.
Esse tipo de filme independente, bastante focado em improviso do elenco, nem sempre consegue ser genial, porém não é incomum que (como em WANDA) acerte na espontaneidade genuína que passa na composição de seus personagens.
É bem provável que Barbara Loden - que morreu nova, vítima de câncer de mama - tenha usado seu único longa-metragem para o cinema visando expiar os fantasmas de seu casamento, à sombra do gigante artístico Elia Kazan.
Comédia estilo sessão da tarde dos anos setenta, só que bem filmada e com elenco carismático.
Peca pelo terceiro ato bobo e convencional, ao invés de uma "quebrada de cara" mais verossímil e memorável por parte do protagonista. E afinal, como é que o cidadão ficou tão 'surpreso' com a então mulher dele logo nos primeiros dias de lua de mel? Não fazia nem vaga ideia de como ela era antes?
Os defeitos, no entanto, são muito pouco para macular a abordagem corajosa da diretora, que inclusive colocou a própria filha numa interpretação bem feita da "esposa rejeitada". Boa pedida.
Discreto e sutil até demais, a ponto de se esvaziar de emoção (mal que também afeta, por exemplo, o recente MANCHESTER BY THE SEA), mesmo tendo à frente uma atriz competente.
007: Sem Tempo para Morrer
3.6 564 Assista AgoraRami Malek esquecível e inexpressivo e o muito provavelmente o Bond mais sexualmente castrado da história da franquia. Duração exagerada de modo justificável. Clímax sem sal, apesar da pompa toda. De bom, a cena de ação com os jipes na floresta.
A Tragédia de Macbeth
3.7 191 Assista AgoraWilliam Shakespeare atemporal.
Drive My Car
3.8 381 Assista AgoraORDINARY PEOPLE de olhos puxados. Filme com roteiro pra menos de uma hora e meia, lotado até a tampa de "momentos intimistas", esticado à exaustão em intermináveis três horas de performances de gente falando pra dentro à la Casey Affleck. Remédio pra insônia.
El Norte
3.6 9Um JAULA DE OURO dos anos oitenta. Dolorosamente atual.
The Last Days
4.4 19Tema exaurido demaaaaais no cinema mundial. Cadê o holocausto indiano, que teve um raro retrato cinematográfico em TROVÃO DISTANTE, do Satyajit Ray? Ou o holocausto cigano? Vale até mais a pena descobrir - ironia das ironias - o holocausto palestino, como no ótimo SETE CÂMERAS QUEBRADAS.
Roda do Destino
4.0 43Meia-boca. A última das três historinhas é um porre. A do meio é bacana e tem um desenvolvimento inesperado. A primeira é ok.
O Festival do Amor
3.3 45 Assista AgoraWoody Allen é um cineasta prolífico e muito irregular. Esse aqui, infelizmente, é da safra ruim e não acrescenta absolutamente nada à filmografia do diretor.
Ataque dos Cães
3.7 932Benedict Cumberbatch é o Lee Marvin do século XXI. Há inclusive certa semelhança física e de orientação sexual.
Na Mira da Morte
3.9 34O melhor modo de homenagear o recém-falecido Peter Bogdanovich (do sensacional A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA) é (re)visitar da obra legada por esse raro exemplo de crítico de cinema que conseguiu fazer de modo brilhante a transição para fazer cinema propriamente dito, como também aconteceu com o brasileiro Kleber Mendonça Filho.
No caso deste excelente longa do começo de sua carreira, numa tacada só ele versa de modo brilhante, sempre imbuído na própria narrativa e sem apelar para exercícios pedantes de metalinguagem direta (como faz o recente e insosso MATRIX RESURRECTIONS), Bogdanovich versa sobre o declínio do gênero terror já nos anos sessenta, a crescente violência urbana estadunidense e a rebordosa terrível da Guerra do Vietnã causada para o povo estadunidense antes mesmo dela terminar em 1975.
tick, tick... BOOM!
3.8 450"Musical é uma forma socialmente aceita de tortura" (BOSCOV, Isabela).
A Mão de Deus
3.6 190Maradonão da massa subverteu a política ao fazer um argentino ser idolatrado na Europa ocidental (e no mundo).
Conto de Inverno
3.8 33Que mulher tonga e indecisa do c@r@lh*, ainda por cima vivida por uma atriz fraca que tem as mesmas reações a três atores coadjuvantes (até bons) que deveriam causar sensações absolutamente distintas nela.
P.S.: o debate que o longa gerou aqui no Filmow é mais interessante que o filme em si, bastante moroso o tongo na indecisão irresponsável da protagonista sobretudo no segundo ato. E de fato ficou a impressão que se o longa tivesse se encerrado com um desfecho mais verossímil, ou até mesmo mais aberto, teria mantido suas provocações morais de modo mais memorável e menos infantil.
A Filha Perdida
3.6 573Marromenos. A vibe me pareceu uma espécie de PIECES OF A WOMAN deste ano.
Boa atuação de Colman (embora não chegue a ser tudo o que estão dizendo) e da versão da personagem em flashback. Roteiro e direção apenas razoáveis, com a alegoria da boneca roubada sendo usada à exaustão.
Também me atrapalhou o fato de eu não conseguir me identificar em NADA com a protagonista, seja na versão mais velha ou na mais jovem. quanto mais avançava nos dilemas dela com a maternidade, mais me causava repulsa e, já próximo do terceiro ato, até indiferença. O arco dela podia ter o desfecho que fosse que, dada a antipatia que eu nutri pelas decisões dela mais nova, já não importava muito.
O Que Ficou Para Trás
3.6 510 Assista AgoraEsse subgênero horror com crítica social resgatado por CORRA! é bem bacana. A reviravolta envolvendo a "filha" do casal protagonista é sensacional.
Ataque dos Cães
3.7 932Como acontece nos últimos anos com vencedores do Oscar como GREEN BOOK e NOMADLAND, esse aqui também é muito barulho por nada até certo ponto - e periga ganhar o Oscar só por fazer o arroz com feijão de sempre (exatamente como os dois supra citados), embora possa ter dificuldade pra faturar o prêmio principal por vir de produção direta pra streaming.
Pelo menos esse aqui é mesmo acima da média (embora nada muito além disso) e tem uma parte técnica bem envernizada, sobretudo a cenografia. O elenco está ok, longe do brilhantismo todo que a crítica apontou nos coadjuvantes, sendo o maior destaque de longe o cowboy bronco e rancoroso vivido por Benedict Cumberbatch. A mulher é tão patética e fraca que cheguei a, da metade pro fim, abertamente torcer pra ela se f*der mesmo. O terceiro ato tem uma revelação bem sacada.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraO FIM ESTÁ PRÓXIMO
O maior rebuliço das redes sociais no final de 2021 não é a última coca-cola no deserto que alguns pintaram, ainda mais tendo em mente a boa filmografia do diretor Adam McKay (do ótimo VICE, pra ficar num exemplo só).
Tem gordura demais no roteiro e alguns personagens que simplesmente sobram conceitualmente, como aqueles vividos por da Jennifer Lawrence, Timothee Chalamet, Tyler Perry e, em parte Ron Perlman. Esse excesso - só pra colocar gente célebre nos cartazes marketeiros, só dilui o impacto que teria com arcos mais unificados nas personas de Leonardo DiCaprio (em grande medida interpretando as aspirações políticas "ambientalistas" dele mesmo), Meryl Streep, Mark Rylance e a performance divertidamente cínica da repórter de Cate Blanchet.
Ainda que eu tenha ressalvas, no entanto, é um filme acima da média, no geral bem realizado e com sacadas muito atinadas ao momento que vivemos hoje não só pela pandemia de coronavírus (a entrelinha mais óbvia do roteiro), mas também pela situação de "decadência administrada" que os Estados Unidos - e a cultura ocidental de modo geral - vivem já faz um tempo, torcendo pra que a gente não veja que o fim deles está próximo.
Amor, Sublime Amor
3.4 355 Assista AgoraSe você gosta de musicais (eu detesto), pode ser uma boa pedida. É superior ao sonolento longa original de 1961. Tá no nível do La La Land. Tem méritos estéticos, pelo menos uma cena empolgante (a da canção "In America" ou algo do tipo), elenco satisfatório sobretudo na ala feminina, com a atriz da Anita sendo um tesão de encher os olhos em cena.
Se você não gosta do gênero, não é este aqui que vai te fazer mudar de ideia. Só mais um remake desnecessário (mais um!) de Roliúde, com a diferença que esse aqui se insere no conceito de renovação da "Doutrina Monroe", dada a necessidade geopolítica de tentar garantir o domínio cultural estadunidense sobre seu "quintal" latino-americano, o que pode ser visto sobretudo em animações recentes da Disney se passando no México ou na Colômbia.
Por conta desse contexto, aliás, pra mim foi difícil não torcer descaradamente pela gangue porto-riquenha, principalmente o boxeador, contra os "white trash" rivais. De modo que a mocinha fica parecendo uma vira-latas vendida para o 'lado de lá' e acabo torcendo mais pelo final trágico rolar mesmo.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraORIGINALIDADE IMPORTAVA!
A quarta filial da franquia MATRIX infelizmente não passa de uma galhofada caça-níqueis de metalinguagem que tira sarro e si mesmo e do filme original, dissimulando o total esgotamento criativo de Roliúde como sendo "pastiche IXXPÉÉÉRTU" lotado até a tampa de auto-referências. Uma besteira completa e sem dúvidas a maior decepção do ano.
As falas do Merovíngio (em curta passagem), afinal, estavam certas: houve um tempo em que "originalidade importava" - e talvez esse tempo tenha se esgotado, em termos de roteiros originais do cinema estadunidense, justamente no MATRIX lançado no apagar das luzes do século passado. Depois ainda tivemos algumas boas adaptações literárias (sobretudo O SENHOR DOS ANÉIS), surpresas bacanas de sequências tardias (como BLADE RUNNER 2049 e MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA). Fora isso, apenas exceções que corroboram a regra, muitas delas dirigidas por cineastas estrangeiros àquele país.
A verdade é que o cinemão de massa do Tio Sam saturou de vez e sucumbiu, comercialmente, ao streaming e, criativamente, ao subgênero interminável (que tende a envelhecer mal) e esticado à exaustão das adaptações de quadrinhos. Quem vem ganhando com essa lacuna de roteiros originais são países como os nossos vizinhos portenhos e, do outro lado do mundo, os sul-coreanos (que chegaram a ganhar um Oscar de melhor filme jogando fora de casa e fazer a série de maior visibilidade da história da Netflix).
Quanto ao quarto MATRIX, acaba sendo emblemático que justamente uma sequência tardia (outra!) do último suspiro criativo do cinema industrial estadunidense se mostre um exercício auto-indulgente de metalinguagem, uma experiência morosa de tiro no pé em bullet time. Erra mais diretamente na composição dos personagens novos em cena - e só a nostalgia não salva a cara dos mais conhecidos, aqui em performances apagadas.
Vale mais a pena rever o longa de 99, ou até as sequências de 2003 que, embora não atinjam o nível espetacular do primeiro (pra mim o melhor filme dos anos 1990), conseguem manter o interesse e expandem bem o universo rico em metáforas políticas e filosóficas atinadas até hoje de modo perfeito com a "cibercultura".
Uma História de Família
3.5 9Tentativa meia-boca de um cineatsa oriundo de país da segunda linha do imperialismo (Alemanha) entender a contemporaneidade cultural de outro país também da segunda linha do imperialismo (Japão), ambos assolados pelo assédio cultural estadunidense após a Segunda Guerra - mais o segundo que o primeiro.
Se Herzog tivesse chutado o pau da barraca na proposta conceitual dele e feito logo um documentário (gênero no qual ele se sai muito bem), acredito que teria um resultado mais impactante e pertinente.
Deserto Particular
3.8 183 Assista AgoraEmbora não seja um filme espetacular e padeça de alguns defeitos de escrita e construção de personagens que soam inverossímeis, como a insistência demasiada na postura "stalker" do meganha curitibano, é uma interessante radiografia das contradições culturais, regionais e religiosas do Brasil ainda sob efeito do golpe de 2016, incluindo aí o fenômeno crescente dos bolsonaristas arrependidos.
Casa Gucci
3.2 705 Assista AgoraDecepção, embora eu já não esperava muito de um diretor cujo último filme realmente acima da média foi AMERICAN GANGSTER.
Elenco irregular falando em onipresente sotaque macarrônico forçado, com destaque positivo para o ótimo Jeremy Itons e destaque negativo para o insuportavelmente caricato Jared Leto (cantor querendo provar que é ator, quase sempre com performances canhestras). Edição fraca, com dois terços do filme se arrastando (piora justamente quando Irons sai de cena). a grande cena do crime acaba sendo até meio esvaziada de sentido e impacto.
Enfim, salvo pontuais qualidades mais no começo, uma perda de tempo.
Wanda
3.8 18Esse tipo de filme independente, bastante focado em improviso do elenco, nem sempre consegue ser genial, porém não é incomum que (como em WANDA) acerte na espontaneidade genuína que passa na composição de seus personagens.
É bem provável que Barbara Loden - que morreu nova, vítima de câncer de mama - tenha usado seu único longa-metragem para o cinema visando expiar os fantasmas de seu casamento, à sombra do gigante artístico Elia Kazan.
O Rapaz que Partia Corações
3.4 20Comédia estilo sessão da tarde dos anos setenta, só que bem filmada e com elenco carismático.
Peca pelo terceiro ato bobo e convencional, ao invés de uma "quebrada de cara" mais verossímil e memorável por parte do protagonista. E afinal, como é que o cidadão ficou tão 'surpreso' com a então mulher dele logo nos primeiros dias de lua de mel? Não fazia nem vaga ideia de como ela era antes?
Os defeitos, no entanto, são muito pouco para macular a abordagem corajosa da diretora, que inclusive colocou a própria filha numa interpretação bem feita da "esposa rejeitada". Boa pedida.
Rumos Desiguais
3.3 4Discreto e sutil até demais, a ponto de se esvaziar de emoção (mal que também afeta, por exemplo, o recente MANCHESTER BY THE SEA), mesmo tendo à frente uma atriz competente.