Depois da pasteurização em Wonder Woman, Aquaman e Shazam, o DCEU volta a ter um filme com personalidade própria. Tem problemas, mas valorizo a "originalidade".
Terrorzão honesto e bem feito. Que fase incrível do cinema de horror brasileiro, história boas e filmes que não parecem ter sido feitos com 10 reais, como há um tempo. Lida bem com o gore e até com os clichês.
Primeiro longa de animação da Warner com a Liga da Justiça. Romântico, carismático e divertido, mas ambicioso demais por adaptar um arco muito grande. Derrapa ao tomar algumas liberdades em relação ao original.
Premissa boa e tema importante desperdiçados num filme de 1h30 que poderia ser um curta de 15 minutos. A mensagem é que homem é lixo e jovem é merda. Homem jovem então...
Não é tão bom quanto o primeiro, tem umas "inconsistências físicas" mas é um filme de tubarão, né? Trabalha o confinamento e a sensação de labirinto muito bem, e o CGI é bem utilizado se considerarmos o orçamento.
Estética giallo, temática meio pornochanchada, trama de slasher movie genérico. Tudo isso misturado com a afetação 'art house' francesa. Ambientação boa, visual interessante, mas o roteiro é fraquíssimo.
Desnecessário, repetitivo, derivado e ainda deu conta de esvaziar o carisma dos protagonistas ainda mais do que no terceiro filme. Algumas gags engraçadinhas e só.
Abordagem lúdica e carismática em um tema pesado, e caminhando bem entre o humor negro e a caricatura. Bateu errado em mim como todo filme que envolve crianças em contextos merda e eu me emocionei mais do que o esperado. Taika Waititi ótimo.
Mais um filme esquisito de Justin Benson e Aaron Moorhead, os diretores mais lovecraftianos da atualidade. Não curti tanto quanto Spring, mas tem seu valor. A experiência é melhor pra quem viu Resolution de 2012.
História da criação primeiro time de futebol feminino da França envelopada como comédia de sessão da tarde. Os personagens são pouco desenvolvidos e tem um romance desnecessário, mas é bobinho e possui certo charme (malditos franceses).
Suspense de confinamento/crítica corporativa produzido pela Blumhouse e escrito por James Gunn. Meio 'Cubo', meio 'Como Enlouquecer seu Chefe'. Divertido, apesar do final bobo.
Filme original netflix da Indonésia, ainda reverberando o sucesso de The Raid. Duas horas de porradaria insana, ossos quebrando, crânios sendo esmagados, membros sendo decepados e muito sangue jorrando. Não tem história pra preencher essa duração, podia ter uns 20 minutos a menos.
Adaptação de um romance do Ryu Murakami, mesmo autor de Audição de 1999, e a história tem aquela pegada. Estética giallo setentista muito bonita e ótimas atuações de Christopher Abbott e Mia Wasikowska. Filme esquisito bom, dependendo do freguês.
Filme português absolutamente maluco que satiriza a figura do Cristiano Ronaldo ao mesmo tempo que fala da crise dos imigrantes na Europa, brexit, masculinidade tóxica, futebol como ferramenta politica e clonagem de pessoas(?).
Bicho, que filme mais sem propósito. Quem são os protagonistas e por que estão sendo mortos? Não importa. Quem é o assassino e por que ele mata? Não interessa. O filme não faz o minimo esforço pra ter uma história. Não há criatividade no roteiro, nem nos sustos, nem nas mortes. Até a máscara é genérica. A única "inovação" é a Bex Taylor Klaus fazendo papel de hétero.
Temos que admitir que está sendo mais fácil ser um entusiasta do terror no cinema brasileiro nos últimos tempos. Na rabeira do prestigio recuperado pelo gênero em Hollywood por filmes como O Babadook, Hereditário, It Follows, entre outros – ainda que alguns resistam a chamar essas obras de ‘filme de terror’ – os cineastas brasileiros lançaram algumas peças interessantíssimas do tipo, como O Animal Cordial e As Boas Maneiras recentemente, além de esforços bem honestos como O Diabo Mora Aqui e Quando Eu Era Vivo um tempinho atrás.
Infelizmente na TV o cenário é outro. Sequer podemos dizer que o gênero engatinha, mas talvez estejamos começando a rastejar, e para isso produções como Terrores Urbanos se fazem válidas e muito importantes, ainda que tropecem nas próprias pernas de vez em quando.
Terrores Urbanos é uma série em cinco episódios, produzida pela Sentimental Filmes para o Play Plus, serviço de streaming da Rede Record, que apresenta versões modernizadas de lendas urbanas muito populares no Brasil nas décadas de 80 e 90, como a Loira do Banheiro, a Gangue dos Palhaços, o Quadro do Menino que Chora, o Boneco Amigão (o Fofão sem direitos autorais) e o Homem do Saco. A criação de Maristela Mattos e Thais Falcão tem como característica marcante não parecer uma série brasileira. E isso vale para aspectos positivos e negativos.
Nos aspectos positivos podemos citar a qualidade da produção em si, que em nada deixa a desejar a produções internacionais. A elaboração dos cenários e dos figurinos, fotografia e principalmente a direção. As tomadas burocráticas típicas da dramaturgia na TV aberta não são vistas aqui. Há um capricho na montagem e nos enquadramentos também, com uma movimentação de câmeras que emula bem os padrões de obras americanas do gênero, apesar de alguns exageros aqui ou ali.
Mas no lado negativo temos a estranheza na ambientação dos episódios, com exceção feita ao quinto deles, se não fossem falados em português seria difícil localizar as histórias numa realidade brasileira, especialmente nos dois primeiros capítulos. Temos escolas super elitizadas, mansões com sistemas de segurança moderníssimos… não que isso não exista no Brasil, mas o nome Terrores Urbanos evoca um outro tipo de ambientação.
E a verdade é que falta história para se contar em Terrores Urbanos. As lendas urbanas sozinhas não sustentam episódios de quarenta minutos por que, convenhamos, são narrativas bastante superficiais. Elas funcionam bem na oralidade por contarem com o preenchimento cultural de cada local do país e por nossa fértil imaginação também. E quando coube aos roteiristas dar sustância a essas narrativas, faltou talento. Até existe uma boa contextualização, pincelando temáticas atuais como bulimia, violência doméstica, o stress da maternidade e do trabalho, entre outros temas, mas para nisso.
Essa falta de história acaba tornando a série absolutamente formulaica, onde todos os episódios repetem a mesma estrutura baseada no protagonista caminhando em direção a um surto psicótico, com a lenda se materializando no background, utilizando até mesmo as mesmas manifestações. Em literalmente todos os episódios tem uma ou mais cenas de sonho ou alucinação, ou de personagens interagindo com “coisas” que não exatamente o que eles pensam que são. E esses são apenas alguns exemplos de estratégias repetidas exaustivamente. É literalmente como se tivesse uma forminha onde todos os episódios foram gerados.
Dada essa falta do que contar e também do excesso de repetições do roteiro, a capacidade de funcionar como suspense ou terror fica a cargo da capacidade de cada diretor em criar uma boa atmosfera e do bom desempenho de seu elenco. E nesses quesitos os melhores resultados são alcançados por Juliana Rojas, em O Quadro do Menino que Chora, e Felipe Adami, em A Gangue dos Palhaços, seguido por Fernando Coimbra (O Lobo Atrás da Porta) em O Homem do Saco. Rojas e Coimbra não conseguem repetir seus desempenhos nos fracos Boneco Amigão e A Loira do Banheiro, respectivamente.
Em resumo, Terrores Urbanos não vai marcar época na televisão, nem mudar a forma como o público da tv aberta encara esse gênero, mas ele pode ser mais um passo rumo a aceitação do estilo. Tem resultados irregulares graças a falta de força do seu texto e ao desempenho desigual do elenco, mas o talento de seus diretores consegue extrair um clima capaz de pelo menos entreter uma horinha por dia.
“Ugh, mais uma série de TV sobre super-heróis. É tudo o que o mundo precisa agora.”
Ironiza Eric Morden na primeira frase do primeiro episódio de Doom Patrol, antes de explicar ao espectador que o que viria a seguir não era bem uma série sobre super-heróis, mas sobre um grupo de perdedores, patéticos e tão dignos de pena, que talvez fizessem você mesmo se sentir melhor a respeito da própria mediocridade depois de assistir. Soa um pouco pretensioso, não? Até soa, mas acredite, vale a pena.
O adjetivo mais apropriado para a primeira temporada de Doom Patrol é diferente, começando pela sua estrutura. Analisando a vasta oferta de séries baseadas em quadrinhos de herói, vamos notar duas formas predominantes de execução de narrativa, que podemos resumir como o modo CW e o modo Netflix. No modo CW, o arco da temporada é desenvolvido a conta gotas, em vinte episódios com histórias individuais (e sempre muito parecidas) com começo, meio e fim que contribuem muito pouco pra trama principal.
O modo Netflix, por sua vez, aposta na lógica de “filmes de 10 horas”, diluindo homeopaticamente a trama principal em dez ou treze episódios, que são nada mais do que a quantidade de cenas que couber em divisões de quarenta minutos. Basta pensar nas grandes séries de TV, como Sopranos, Lost, Breaking Bad e até mesmo Game of Thrones (apesar do desfecho tão criticado) para reconhecer um padrão na execução da narrativa que não se parece nem um pouco com os modelos citados. Essas séries têm uma noção muito clara do que deve ser um episódio, uma peça da história que funcione individualmente, avance a trama principal, mas não ofereça um desfecho simulado ou se renda a cliffhangers fajutos. E Doom Patrol entende muito bem isso.
Outro elogio que se deve fazer baseado na diferença de Doom Patrol para produtos do seu tipo, falando aqui especialmente de Titans, sua predecessora nesse universo, está na importância dada aos protagonistas da história. Enquanto Titans foge de desenvolver seus protagonistas para investir em uma apresentação de contexto e personagens secundários, Doom Patrol é focado na construção de seu quinteto principal. Usando interações entre eles, contato com coadjuvantes e flashbacks muito bem colocados, cada personagem é desenvolvido de forma convincente, tornando-se absolutamente tridimensionais, mudando e evoluindo com o passar dos episódios.
Nota-se uma versão bem intensa de ‘um conto de natal’ na construção dos personagens, pois temos pessoas que sentiram o gosto do sucesso, da vida perfeita - Cliff fora uma estrela do automobilismo, Rita do cinema, Larry era um respeitado militar, Victor um proeminente atleta juvenil - mas não eram exatamente boas pessoas, até que perderam quase que literalmente tudo, suas carreiras, suas famílias e até mesmo seus corpos e sua época, e só assim aprenderam a valorizar o lugar a qual pertencem e as pessoas a sua volta. Parece meio triste? E é. Na essência Doom Patrol fala muito sobre medo, tristeza, aceitação e segundas chances, mas envelopando esse drama todo está um senso de humor absolutamente bizarro e surreal, que começa com um narrador autoconsciente que conduz, interfere e zomba da história que está contando, e vai até uma barata que acredita ser o novo messias. E acredite, isso está longe de ser a situação mais non-sense da temporada.
A qualidade de Doom Patrol também está aliada a um desempenho espetacular do seu elenco principal, formado por Alan Tudyk, Diane Guerrero, April Bowlby, Matt Bomer, Joivan Wade, Timothy Dalton e, já que falamos de segundas chances, Brendan Fraser. Que baita retorno, Brendan Fraser. O trabalho de dublagem dele e de Matt Bomer é incrível, passam todas as variações emocionais e nuances de personalidade de dois personagens bastante complexos apenas usando a voz. April Bowlby também merece destaque, constrói uma diva de outra época de forma totalmente convincente.
Doom Patrol entrou com certa facilidade no rol de melhores séries baseadas em quadrinhos. É engraçada, surreal, criativa, não se leva a sério demais, tem personagens bem construídos, tecnicamente apresenta soluções de fotografia, movimentos de câmera e efeitos práticos que driblam o orçamento baixo e reforçam o talento dos envolvidos no projeto. São quinze episódios que valem cada minuto do seu tempo. Doom Patrol deve chegar ao Brasil no segundo semestre pela HBO.
Jumanji: Próxima Fase
3.3 441 Assista AgoraRepete as fórmulas do primeiro filme na cara dura, mas ainda assim funciona bem.
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KDepois da pasteurização em Wonder Woman, Aquaman e Shazam, o DCEU volta a ter um filme com personalidade própria. Tem problemas, mas valorizo a "originalidade".
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraImpressionante que mesmo quando faz papel de calmo, Joe Pesci dá a impressão que vai merendar alguém no soco a qualquer momento.
Morto Não Fala
3.4 386 Assista AgoraTerrorzão honesto e bem feito. Que fase incrível do cinema de horror brasileiro, história boas e filmes que não parecem ter sido feitos com 10 reais, como há um tempo. Lida bem com o gore e até com os clichês.
Liga da Justiça - A Nova Fronteira
3.6 93 Assista AgoraPrimeiro longa de animação da Warner com a Liga da Justiça. Romântico, carismático e divertido, mas ambicioso demais por adaptar um arco muito grande. Derrapa ao tomar algumas liberdades em relação ao original.
Ferrugem
2.9 129Premissa boa e tema importante desperdiçados num filme de 1h30 que poderia ser um curta de 15 minutos. A mensagem é que homem é lixo e jovem é merda. Homem jovem então...
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraFILMAÇARALHO!!! Um pino de cocaína em forma de filme (não que eu esteja familiarizado com os efeitos de um pino de cocaína, mas um amigo me contou).
Medo Profundo: O Segundo Ataque
2.6 336Não é tão bom quanto o primeiro, tem umas "inconsistências físicas" mas é um filme de tubarão, né? Trabalha o confinamento e a sensação de labirinto muito bem, e o CGI é bem utilizado se considerarmos o orçamento.
Faca no Coração
3.4 68 Assista AgoraEstética giallo, temática meio pornochanchada, trama de slasher movie genérico. Tudo isso misturado com a afetação 'art house' francesa. Ambientação boa, visual interessante, mas o roteiro é fraquíssimo.
Toy Story 4
4.1 1,4K Assista AgoraDesnecessário, repetitivo, derivado e ainda deu conta de esvaziar o carisma dos protagonistas ainda mais do que no terceiro filme. Algumas gags engraçadinhas e só.
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraAbordagem lúdica e carismática em um tema pesado, e caminhando bem entre o humor negro e a caricatura. Bateu errado em mim como todo filme que envolve crianças em contextos merda e eu me emocionei mais do que o esperado. Taika Waititi ótimo.
O Culto
3.2 203 Assista AgoraMais um filme esquisito de Justin Benson e Aaron Moorhead, os diretores mais lovecraftianos da atualidade. Não curti tanto quanto Spring, mas tem seu valor. A experiência é melhor pra quem viu Resolution de 2012.
Como Meninos
3.4 5História da criação primeiro time de futebol feminino da França envelopada como comédia de sessão da tarde. Os personagens são pouco desenvolvidos e tem um romance desnecessário, mas é bobinho e possui certo charme (malditos franceses).
Dia de Trabalho Mortal
3.1 310Suspense de confinamento/crítica corporativa produzido pela Blumhouse e escrito por James Gunn. Meio 'Cubo', meio 'Como Enlouquecer seu Chefe'. Divertido, apesar do final bobo.
A Noite nos Persegue
3.6 174Filme original netflix da Indonésia, ainda reverberando o sucesso de The Raid. Duas horas de porradaria insana, ossos quebrando, crânios sendo esmagados, membros sendo decepados e muito sangue jorrando. Não tem história pra preencher essa duração, podia ter uns 20 minutos a menos.
Piercing
2.8 48Adaptação de um romance do Ryu Murakami, mesmo autor de Audição de 1999, e a história tem aquela pegada. Estética giallo setentista muito bonita e ótimas atuações de Christopher Abbott e Mia Wasikowska. Filme esquisito bom, dependendo do freguês.
Diamantino
3.2 33Filme português absolutamente maluco que satiriza a figura do Cristiano Ronaldo ao mesmo tempo que fala da crise dos imigrantes na Europa, brexit, masculinidade tóxica, futebol como ferramenta politica e clonagem de pessoas(?).
Um Dia de Caos
3.0 122Meu novo gênero de cinema favorito é 'filmes com a Samara Weaving toda ensanguentada fumando um cigarro'.
68 Kill
3.3 21Trashzão divertido. Meio Rob Zombie, meio Robert Rodriguez. Fica registrado que o Matthew Gray Gubler é idêntico ao Rodrigo Caio do Flamengo.
Parque do Inferno
2.6 312 Assista AgoraBicho, que filme mais sem propósito.
Quem são os protagonistas e por que estão sendo mortos? Não importa.
Quem é o assassino e por que ele mata? Não interessa.
O filme não faz o minimo esforço pra ter uma história. Não há criatividade no roteiro, nem nos sustos, nem nas mortes. Até a máscara é genérica. A única "inovação" é a Bex Taylor Klaus fazendo papel de hétero.
Falcons em Jogo
1.6 50O filme conseguiu falhar em ser propositalmente ruim. Isso é um feito e tanto.
Departamento Q: Em Busca de Vingança
3.9 31 Assista AgoraÉ o mais fraco dos quatro, mas ainda assim tem seu valor. Carl Mørck mais rabugento do que nunca.
Terrores Urbanos (1ª Temporada)
3.2 26Temos que admitir que está sendo mais fácil ser um entusiasta do terror no cinema brasileiro nos últimos tempos. Na rabeira do prestigio recuperado pelo gênero em Hollywood por filmes como O Babadook, Hereditário, It Follows, entre outros – ainda que alguns resistam a chamar essas obras de ‘filme de terror’ – os cineastas brasileiros lançaram algumas peças interessantíssimas do tipo, como O Animal Cordial e As Boas Maneiras recentemente, além de esforços bem honestos como O Diabo Mora Aqui e Quando Eu Era Vivo um tempinho atrás.
Infelizmente na TV o cenário é outro. Sequer podemos dizer que o gênero engatinha, mas talvez estejamos começando a rastejar, e para isso produções como Terrores Urbanos se fazem válidas e muito importantes, ainda que tropecem nas próprias pernas de vez em quando.
Terrores Urbanos é uma série em cinco episódios, produzida pela Sentimental Filmes para o Play Plus, serviço de streaming da Rede Record, que apresenta versões modernizadas de lendas urbanas muito populares no Brasil nas décadas de 80 e 90, como a Loira do Banheiro, a Gangue dos Palhaços, o Quadro do Menino que Chora, o Boneco Amigão (o Fofão sem direitos autorais) e o Homem do Saco. A criação de Maristela Mattos e Thais Falcão tem como característica marcante não parecer uma série brasileira. E isso vale para aspectos positivos e negativos.
Nos aspectos positivos podemos citar a qualidade da produção em si, que em nada deixa a desejar a produções internacionais. A elaboração dos cenários e dos figurinos, fotografia e principalmente a direção. As tomadas burocráticas típicas da dramaturgia na TV aberta não são vistas aqui. Há um capricho na montagem e nos enquadramentos também, com uma movimentação de câmeras que emula bem os padrões de obras americanas do gênero, apesar de alguns exageros aqui ou ali.
Mas no lado negativo temos a estranheza na ambientação dos episódios, com exceção feita ao quinto deles, se não fossem falados em português seria difícil localizar as histórias numa realidade brasileira, especialmente nos dois primeiros capítulos. Temos escolas super elitizadas, mansões com sistemas de segurança moderníssimos… não que isso não exista no Brasil, mas o nome Terrores Urbanos evoca um outro tipo de ambientação.
E a verdade é que falta história para se contar em Terrores Urbanos. As lendas urbanas sozinhas não sustentam episódios de quarenta minutos por que, convenhamos, são narrativas bastante superficiais. Elas funcionam bem na oralidade por contarem com o preenchimento cultural de cada local do país e por nossa fértil imaginação também. E quando coube aos roteiristas dar sustância a essas narrativas, faltou talento. Até existe uma boa contextualização, pincelando temáticas atuais como bulimia, violência doméstica, o stress da maternidade e do trabalho, entre outros temas, mas para nisso.
Essa falta de história acaba tornando a série absolutamente formulaica, onde todos os episódios repetem a mesma estrutura baseada no protagonista caminhando em direção a um surto psicótico, com a lenda se materializando no background, utilizando até mesmo as mesmas manifestações. Em literalmente todos os episódios tem uma ou mais cenas de sonho ou alucinação, ou de personagens interagindo com “coisas” que não exatamente o que eles pensam que são. E esses são apenas alguns exemplos de estratégias repetidas exaustivamente. É literalmente como se tivesse uma forminha onde todos os episódios foram gerados.
Dada essa falta do que contar e também do excesso de repetições do roteiro, a capacidade de funcionar como suspense ou terror fica a cargo da capacidade de cada diretor em criar uma boa atmosfera e do bom desempenho de seu elenco. E nesses quesitos os melhores resultados são alcançados por Juliana Rojas, em O Quadro do Menino que Chora, e Felipe Adami, em A Gangue dos Palhaços, seguido por Fernando Coimbra (O Lobo Atrás da Porta) em O Homem do Saco. Rojas e Coimbra não conseguem repetir seus desempenhos nos fracos Boneco Amigão e A Loira do Banheiro, respectivamente.
Em resumo, Terrores Urbanos não vai marcar época na televisão, nem mudar a forma como o público da tv aberta encara esse gênero, mas ele pode ser mais um passo rumo a aceitação do estilo. Tem resultados irregulares graças a falta de força do seu texto e ao desempenho desigual do elenco, mas o talento de seus diretores consegue extrair um clima capaz de pelo menos entreter uma horinha por dia.
Patrulha do Destino (1ª Temporada)
4.2 156 Assista Agora“Ugh, mais uma série de TV sobre super-heróis. É tudo o que o mundo precisa agora.”
Ironiza Eric Morden na primeira frase do primeiro episódio de Doom Patrol, antes de explicar ao espectador que o que viria a seguir não era bem uma série sobre super-heróis, mas sobre um grupo de perdedores, patéticos e tão dignos de pena, que talvez fizessem você mesmo se sentir melhor a respeito da própria mediocridade depois de assistir.
Soa um pouco pretensioso, não? Até soa, mas acredite, vale a pena.
O adjetivo mais apropriado para a primeira temporada de Doom Patrol é diferente, começando pela sua estrutura. Analisando a vasta oferta de séries baseadas em quadrinhos de herói, vamos notar duas formas predominantes de execução de narrativa, que podemos resumir como o modo CW e o modo Netflix. No modo CW, o arco da temporada é desenvolvido a conta gotas, em vinte episódios com histórias individuais (e sempre muito parecidas) com começo, meio e fim que contribuem muito pouco pra trama principal.
O modo Netflix, por sua vez, aposta na lógica de “filmes de 10 horas”, diluindo homeopaticamente a trama principal em dez ou treze episódios, que são nada mais do que a quantidade de cenas que couber em divisões de quarenta minutos. Basta pensar nas grandes séries de TV, como Sopranos, Lost, Breaking Bad e até mesmo Game of Thrones (apesar do desfecho tão criticado) para reconhecer um padrão na execução da narrativa que não se parece nem um pouco com os modelos citados. Essas séries têm uma noção muito clara do que deve ser um episódio, uma peça da história que funcione individualmente, avance a trama principal, mas não ofereça um desfecho simulado ou se renda a cliffhangers fajutos. E Doom Patrol entende muito bem isso.
Outro elogio que se deve fazer baseado na diferença de Doom Patrol para produtos do seu tipo, falando aqui especialmente de Titans, sua predecessora nesse universo, está na importância dada aos protagonistas da história. Enquanto Titans foge de desenvolver seus protagonistas para investir em uma apresentação de contexto e personagens secundários, Doom Patrol é focado na construção de seu quinteto principal. Usando interações entre eles, contato com coadjuvantes e flashbacks muito bem colocados, cada personagem é desenvolvido de forma convincente, tornando-se absolutamente tridimensionais, mudando e evoluindo com o passar dos episódios.
Nota-se uma versão bem intensa de ‘um conto de natal’ na construção dos personagens, pois temos pessoas que sentiram o gosto do sucesso, da vida perfeita - Cliff fora uma estrela do automobilismo, Rita do cinema, Larry era um respeitado militar, Victor um proeminente atleta juvenil - mas não eram exatamente boas pessoas, até que perderam quase que literalmente tudo, suas carreiras, suas famílias e até mesmo seus corpos e sua época, e só assim aprenderam a valorizar o lugar a qual pertencem e as pessoas a sua volta.
Parece meio triste? E é. Na essência Doom Patrol fala muito sobre medo, tristeza, aceitação e segundas chances, mas envelopando esse drama todo está um senso de humor absolutamente bizarro e surreal, que começa com um narrador autoconsciente que conduz, interfere e zomba da história que está contando, e vai até uma barata que acredita ser o novo messias. E acredite, isso está longe de ser a situação mais non-sense da temporada.
A qualidade de Doom Patrol também está aliada a um desempenho espetacular do seu elenco principal, formado por Alan Tudyk, Diane Guerrero, April Bowlby, Matt Bomer, Joivan Wade, Timothy Dalton e, já que falamos de segundas chances, Brendan Fraser. Que baita retorno, Brendan Fraser. O trabalho de dublagem dele e de Matt Bomer é incrível, passam todas as variações emocionais e nuances de personalidade de dois personagens bastante complexos apenas usando a voz. April Bowlby também merece destaque, constrói uma diva de outra época de forma totalmente convincente.
Doom Patrol entrou com certa facilidade no rol de melhores séries baseadas em quadrinhos. É engraçada, surreal, criativa, não se leva a sério demais, tem personagens bem construídos, tecnicamente apresenta soluções de fotografia, movimentos de câmera e efeitos práticos que driblam o orçamento baixo e reforçam o talento dos envolvidos no projeto. São quinze episódios que valem cada minuto do seu tempo.
Doom Patrol deve chegar ao Brasil no segundo semestre pela HBO.