O único arco interessante dentro de todo o filme é o que gira em torno da greve. Em geral, todo o resto não convence, a começar pelas atuações, passando pela trilha sonora muito mal empregada até alcançar a monotonia de grande parte das cenas, apesar (ou mesmo por causa) da excessiva dramaticidade empregada. Contudo, o expoente negativo do filme é o menino, Huw, interpretado por uma criança sem a mínima expressividade. Mas bem, umas gotas de colírio nos olhos devem ser suficientes. Por outro lado, alguns enquadramentos são bem executados e há cenas muito bem montadas, a exemplo do final em retrospectiva. No mais, achei tudo frio, cru e carente de tratamento devido, e é por isso que odeio esta fase do cinema nos Estados Unidos e solidifico ainda mais a minha tese de que o Oscar só está aí para premiar o já estabelecido - e só premia o novo quando o velho já perdeu lugar em todos os outros espaços.
É evidente que o filme não pretende se apropriar de mais do que o título do trabalho do Griffith, galera, provavelmente para fazer o devido contraste e uma correção: o filme de Griffith não representa o verdadeiro nascimento de uma nação; este, sim. Quero muito ver!
Divertidíssimo e bastante reflexivo, além de ter uma trilha sonora lindíssima e um roteiro interessante; contudo, convenhamos: a execução da ideia possui um grande erro, que é a montagem das cenas, muito amadora. Mas é um filme sensacional ♥
Não sei bem explicar por que, mas amo muito esse filme ♥ Cada vez que assisto sinto uma coisa inexplicável em meu coração, e análise nenhuma, por mais superficial que fosse, eu poderia fazer nestas circunstâncias. Fantástico!
Francis Ford Coppola é um filho da puta que sabe bem o que fazer quando o assunto é cinema. Direção excepcional, com destaque à montagem da cena da ópera, que é de tirar o fôlego por cada uma de suas pequenas partes (o que, aliás, me deixou com muita raiva - ninguém pode fazer algo tão bom assim, Jesus Cristo). Não vou nem me arriscar a fazer a análise que esse filme e a trilogia merecem porque não sou capaz, não estou no nível necessário para falar qualquer coisa de uma grandiosidade dessa. Sensacional!
Mais um filme do Woody Allen que, depois de Manhattan, Annie Hall, Meia-noite em Paris etc. entra para o hall de histórias ruins bem produzidas. Há pouca coisa a reclamar além do fato de que o longa, em seus diálogos e em seu enredo, foi feito para ser algo que não conseguiu: profundo. Se é para falar do melhor filme do Allen nesse século, eu, que não sou grande fã, com certeza já teria um pretendente: Meia-noite em Paris. Esse aqui passaria longe.
"Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua faz uma viagem de três passos pelo céu da boca abaixo e, no terceiro, bate nos dentes. Lo. Li. Ta."
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Não tecerei comentários acerca do inconveniente, indigesto e excelente romance de Nabokov, pois já o fiz na exposição do meu ponto de vista sobre o filme de Kubrick. Ao terminar de assistir à versão de Lyne, concluo o que já esperava: o renome do diretor de Laranja Mecânica e 2001, como sua infeliz e habitual insensibilidade no tratamento de alguns temas, aliada às expectativas dos estúdios, foi o grande responsável pela difusão da primeira adaptação cinematográfica de uma das obras mais significativas do século XX; também por esse motivo, eu acredito, se deu a excessiva romantização (em sentido amplíssimo) do relacionamento entre Humbert e Lolita. Contudo, fico feliz por, mais de três décadas depois, Adrian Lyne ter se dedicado a uma readaptação de Lolita. Trata-se de um trabalho de conversão sério, sensível e crítico. Retrato fiel do livro mesmo quanto aos pequenos detalhes, há traços que dele o distinguem e o qualificam não apenas como mera adaptação de algo já criado mas também como obra extremamente original, de que é exemplo mais expresso a montagem, em certa cena do filme, que cruza a batida dos pés de C. Q. e Dolly, indicativo do plano arquitetado pelos dois. O roteirista é Stephen Schiff, desconhecido para mim e muita gente; apesar disso, fez aqui um bom trabalho, criando um roteiro inteligente, lógico e redondo, muito mais do que o presente no filme de Kubrick, que é muito bom, mas deixa a desejar pelo superficial recurso aos elementos presentes no livro. Curiosamente, Nabokov foi um dos roteiristas dessa adaptação, ao lado do próprio Kubrick e de um outro rapaz. Os três foram capazes de destruir completamente a atmosfera do livro ao instituir absurdos, a exemplo de um sempre presente Quilty, em flagrante desarmonia com o clima investigativo que o cerca no texto do escritor russo. Ele mesmo, aliás, poderia ter uma presença ainda mais invisível, mas isso faria do Lolita de Adrian Lyne um filme facilmente classificável como uma das mais adequadas adaptações de livros no cinema já realizadas, e ninguém conseguiria lidar com esse "problema". Mesmo as cenas cortadas (procurem no YouTube, pois são relativas a cenas importantes que são vistas no livro) apenas potencializariam ainda mais a beleza da coerência desse filme. Ao contrário do que ocorre em Kubrick, temos atores em plena harmonia com os seus papéis, preservando toda a ambiguidade dos seus personagens. Jeremy Irons, Dominique Swain e Frank Langella nasceram para interpretar, respectivamente, Humbert, Dololita Haze e Quilty. Todas essas atuações merecem destaque se for considerado o filme em si mesmo; comparado a Kubrick, outra vez, contudo, essa é a Lolita que o público deveria conhecer. Sue Lyon parecia um pouco desconfortável com o papel tão bem vivido por Dominique Swain. A trilha sonora deixa a desejar, quesito em que o filme de 62 ganha despontadamente. Canções àquele tempo contemporâneas não me pareceram a melhor escolha para colocar o leitor na vibe do filme. Se pegassem o Nelson Reedle de "Lolita Ya Ya" para trabalhar aqui... Bem, isso seria fantástico! Temos Ennio Morricone, é verdade, mas o seu fundo musical não se destaca tanto, não passando de um fundo - espero mudar de ideia sobre o assunto pois sou apaixonado pelos trabalhos do cara. A montagem, acima mencionada, ficou LINDA, fantástica ,merecendo destaque a cena supracitada, sem desmerecer todas as outras glórias que podem ser verificadas em toda a extensão do filme - outro exemplo é a cena em que Humbert Humbert primeiro comparece à escola de Lola. A fotografia merece particular atenção pela técnica e pela ousadia... Se é tecnicamente difícil sensualizar da melhor forma no cinema, o que dizer da sensualização de uma adolescente? Lolita na grama, molhada, foi uma interessante jogada, provavelmente encabeçada pelo Adrian e o Howard Atherton, que já trabalhou como diretor de fotografia em dois outros filmes que se aproximam da sexualidade (Proposta Indencente - 1993 - e Atração Fatal - 1987). De toda forma, cabe lembrar a necessária cautela ao se apaixonar por uma história como essa. Não se deve transformar em amor a relação entre Dolores e Humbert. Disso nunca se tratou. Nesse filme, como no livro, H. H. apresenta uma tendência sociopata a se vitimizar de alguma forma. Entretanto, não se pode também negar a beleza da manifestação da sua insensibilidade ao chorar pela primeira vez ao encontrar a não-mais-Lolita-mas-agora-Richard F. Schiller e outros momentos que expressam claramente as suas demências. São cenas repugnantes que merecem atenção por terem sido bem executadas. Lolita é uma das melhores histórias que pude acompanhar, e espero lê-lo outras vezes. Mas é uma história cruel. E ser cruel... Fazer com que o leitor se sinta parte da própria trama por estar na cabeça de Humburg Humburg e, se muito descuidado, o defenda... Isso Nabokov mostrou saber trabalhar como ninguém. Obra prima!
Não mais me causa surpresa tanta especulação romântica acerca da relação entre Humbert Humbert (não somente mas também um pedófilo) e Lolita (uma garota cuja inocência é roubada). Stanley Kubrick faz um trabalho excelente enquanto diretor, apesar de algumas partes do filme merecerem alguns retoques para que se mantivesse mais fiel à obra de Vladimir Nabokov. A crise de Humbert Humbert após ter encontrado Mrs. Richard. F. Schiller é de grande beleza poética e importância para entrar no doentio jogo de Nabokov, em que o leitor se vê sensibilizado - leitor cruel! leitor cruel! - por um homem doente porque lhe parece simplesmente fascinante. Sim, Humbert Humbert é um personagem fascinante! Não se pode negar o quanto a sua loucura é atraente à mente, principalmente quando o observador é alguém fortemente interessado em personagens trágicos e incomuns. Alie-se isso tudo à sua falta de credibilidade enquanto narrador que também é personagem, então... Uma perfeita figura popular! Um deleite para os fãs da controvérsia. Entretanto, Kubrick não dá atenção a esse fator, completamente deixado de lado. Ao encontro entre Lol... Mrs. Richard F. Schiller e Humbert se segue a injustificada e emocionalmente súbita morte de C. Q.. Outro ponto importante que Kubrick deixou de lado e que é essencial à transmissão das sensações provocadas pelo livro (tento não cair no velho "o livro é melhor..."; não falo aqui de profundidade, mas de abordagens. O esquema anterior não custaria mais que dez minutos adicionais) é o secundarismo de C. Q.. Em várias cenas envolvendo C. Q. fica clara a diferença entre o que é mero surto psicótico e o que é a realidade. Seria mais interessante deixar ao espectador a função de investigar as cenas e chegar a uma conclusão. Entretanto, isso também não foi trazido por Kubrick, que preferiu uma aproximação mais simplista e clichê, infelizmente. Com isso, porém, encerro as minhas críticas e atinjo o ponto de equilíbrio desta pretensa extensiva análise: agora, menciono os créditos do diretor. O mestre responsável pela direção de Lolita é um dos meus diretores preferidos. É dotado de muito talento e comanda como ninguém as filmagens, que saem sempre impecáveis se observadas em si mesmas. Os enquadramentos são muito bem realizados e a trilha sonora... Ah, a trilha sonora! Composta por Nelson Riddle (o mesmo carinha da trilha clássica do Batman - nanananananananana), destacam-se "Lolita Ya Ya" e a canção temática do filme. Peter Sellers está EXPEPCIONAL - como sempre! - e James Mason faz um Humbert bem diferente dos livros... Apesar disso, cria uma versão diferente e igualmente interessante do personagem. Sue Lyon, em minha opinião, é só bonitinha. Executou bem o seu papel, mas nada que me permita dizer que ela fez algo extraordinário. Sobre ela e seu envelhecimento, zero para a equipe de maquiagem. Não sabia disso, mas uns erros de continuidade podem ser percebidos. O negócio agora é dar atenção à versão de 97, de Adrian Lyne, que parece ter feito uma abordagem tecnicamente menos eficiente do que a de Kubrick mas muito mais contundente e harmônica com o que visto nos livros se comparada com a produção do diretor.
Após ter visto pela segunda vez, estou ainda mais certo do quanto Cidadão Kane faz mesmo juz a toda a glória e renome que possui. Talvez não seja, para uns, como muitos outros afirmam, a melhor obra fílmica do mundo, porque acho que classificar um filme como tal é um ato pessoal que exige a presença de um elemento extremamente subjetivo, que é a mais crua identificação entre quem vê e o que é visto. Para mim, acontece que Cidadão Kane era um dos meus filmes favoritos, e agora talvez tenha se tornado a melhor coisa que já passou pelo cinema estado-unidense e pela sua história no mundo. Tudo o que se vê não é visto em sua completude. Não seria Welles a dizer o significado de Rosebud, ninguém poderia fazê-lo e estar plenamente certo, pois a expressão pode ser entendida de várias formas, mesmo se tendo em alto relevo a obviedade exposta pelo filme: Rosebud é o nome do trenó do jovenzinho Kane. Entretanto, cabe uma reflexão quanto ao termo. De plano, vale notar que é em torno de Rosebud que o filme gira. Como um suspense investigativo (eu iria dizer policial, mas seria incabido), Cidadão Kane tenta guiar quem o assiste por uma estrada ao final da qual será encontrada a resposta para a pergunta "o que é Rosebud?". Entretanto, a resposta que damos parte sempre de nós e de nossas experiências. Rosebud é o trenó. Mas não é, claro, apenas um trenó. E me arrisco a dizer que não é somente um trenó e a infância perdida. Rosebud é, para mim, expressão do próprio sentimento de perda na vida de Charles Kane. É por isso que estou agora, depois de tê-lo visto pela segunda vez, tão apaixonado pela linearidade que às vezes parece não existir aqui. Mesmo a edição do começo do filme é retomada ao seu final, com os fades de cenas indo, ao começo, e vindo, ao final. Da mesma forma que acompanhamos a ascensão e a queda de um magnata da imprensa, acompanhamos a chegada e a ida de um sentimento que só é aflorado duas vezes: quando o filme começa e quando ele termina. A perda está no abandono, passa despercebida ou recalcada por boa parte do filme, mas é retomada ao final, quando Kane é novamente abandonado (e, sinto dizer, foi aqui que me senti mais identificado, tocado, atacado, até). Tudo o que Kane fazia, fazia por uma razão, é verdade, e essa razão era sempre a mesma: Charles Foster Kane. Ele não tenta impedir Suzan de ir embora por qualquer sentimento romântico e infinito que nutre por ela, mas pelo medo de ser abandonado. Ela nota isso, e ao notar, vai embora. Quantos de nós não nos sentimos assim? Bem, ele pode não ser um filho da puta, mas a dureza daquele momento, a forma como Charlie chora pela primeira vez no filme... É difícil de lidar, sabe? Enfim, eis porque julgo ser este um dos melhores filmes do mundo, além dos motivos abaixo. Orson Welles conjuga no filme os aspectos que são capazes de tornar a experiência de assistir a uma história inesquecível e, sem dúvidas, produtora de grande fascínio. A trama é muito bem desenvolvida, o roteiro fecha em si mesmo, são usados recursos dos mais variados para explicar os acontecimentos (desde flashbacks, recursos que estão além da quarta parede, até um documentário, empregado dentro do próprio filme e da história narrada, passando por referências entre o passado e o futuro convergindo no presente). A edição realizada é absurdamente impressionante: Welles se utiliza, enquanto diretor, de vários artifícios para criar no espectador as sensações necessárias ao aproveitamento da cena, transformando todo o longa em um grande suspense com começo, meio e fim bem delimitados. A trilha sonora cumpre com maestria o seu papel, tirando o fôlego nas cenas feitas para tirar o fôlego e servindo de aditivo sonoplástico às cenas que visualmente já provocariam certos incômodos mas, com o seu auxílio, tornam o espectador ainda mais atento. A continuidade das cenas é fantástica, não se podendo notar um erro sequer (a exemplo de uma das apresentações de Suzan, em que primeiro a vemos de frente, somos levados pela câmera à lâmpada logo acima, que pisca, após o que somos levados de volta para baixo, ao nível do palco, e nos defrontamos com o fato de que nossos sentidos foram traídos e de que Suzan nos deu as costas). Um clássico imperdível e de imenso valor cultural para a história do mundo que merece ser revisto infinitas vezes por toda uma vida.
Quase um estudo fílmico do cotidiano manicomial, e uma forte base para a luta antimanicomial, sem dúvidas! Jack Nicholson não deixa a desejar em nada, mas nenhum dos atores deixam, nem mesmo os secundários, resultado da excelente direção do Millos Forman. Ótima fotografia e a banda sonora cabe perfeitamente em cada uma das cenas em que é usada... Gostei muito!
Hitchcock é verdadeiramente o mestre do suspense. Cada enquadramento, cada segundo do filme, especialmente da metade para a frente, quando surge o rumor do que teria ocorrido e ficamos presos ao enredo. MUITO BOM MESMO!
Começo a perceber que o que torna aborrecida a experiência de assistir a alguns filmes (não só do Godard, mas de tantos outros, novos e antigos) é o link entre o começo deles e o seu fim, que, infelizmente, abrange a maior parte de um trabalho cinematográfico. O problema, contudo, é verdadeiramente a falta de paciência do espectador médio, grupo em que eu e tantos outros estão inseridos. Não é um problema do criador se queremos arte de fácil deglutição, interessados apenas no sabor inicial e na satisfação da fome, incapazes de sentir verdadeiramente o conteúdo daquilo que estamos a provar. Não queremos pensar, não queremos ter esse trabalho: o filme tem que estar mastigado. Entretanto, mesmo sentindo essa necessidade destruidora, em nós incutida pela cultura de consumo induzida pela sociedade devota do imperialismo em que vivemos, percebemos beleza ao transmitirem-se aos olhos as primeiras cenas e ao fechar do filme. Mesmo com essa incapacidade cognitiva, que precisa ser vencida em nome da diversidade, percebo que o trabalho de dirigir deve ser verdadeiramente difícil, porque consiste em fazer sentir alguém que não sente. Mas, aos trancos e barrancos, vamos que vamos!
Prós: história interessante, excelente direção do Ridley Scott, ótimos efeitos visuais e referências e piadas bem trabalhadas, além de uma trilha sonora bem bacaninha e de ter fugido ao padrão do "tudo dá errado durante para dar certo ao final", afinal por que coisas extremamente boas só podem ocorrer ao final de um filme? Contras: todo o resto, com destaque a um Matt Damon que está mesmo perdido, oferecendo uma atuação que não me convenceu. Honestamente, a minha opinião é de que não mereceria concorrer ao Oscar de melhor filme nem de melhor ator, mas, dependendo das qualidades dos seus concorrentes nas outras categorias, talvez mereça um de Melhor Design de Produção ou de Melhor Edição de Som...
Enquanto não vejo pela segunda vez, algumas palavras: Le Mépris é sobre cinema e sobre o amor, mais especificamente sobre a industria desses dois. Após os créditos serem apresentados de maneira inesperada, nos é lembrado que André Bazin disse, certa vez, que "le cinéma substitue à notre regard un monde qui s'accorde à nos desirs", enquanto a equipe de filmagem caminha em nossa direção, com Giorgia Moll (Francesca, a assistente do insolente Jack Palance) revisando as suas falas. A primeira surpresa: o filme, ao mesmo tempo, começou e não começou. Acompanhamos o prelúdio de algo grandioso, Le Mépris. Logo depois, eis a primeira das duas grandes reviravoltas do filme, marcado por duas tragédias surpreendentes: Raoul Coutard manuseia a sua câmera e a sua lente passa a nos fitar: "Le Mépris est l'histoire de ce monde". Uma fantástica quebra da parede que nos diz: O Desprezo é a sua história, ou a história do seu mundo. Será mesmo? A câmera se vira contra nós, e às vezes, quando entendemos o que está se passando, sentimo-nos expostos por ela. Contudo, ela também se vira contra os nossos olhos, aquilo que nós vemos, tratando, talvez por isso, do mundo que nós vemos, que, para Godard (ou Fritz), pode mesmo existir objetivamente tal como ele é. As cenas seguintes são de grande beleza fotográfica, sendo-nos apresentados o azul de Paul e o vermelho de Camille, que, na opinião de alguém que, como eu, precisa reassistir aos filmes que vê antes de ter certeza de alguma coisa, fazem constante intercâmbio. Camille faz perguntas sobre seu corpo, buscando a atenção de Paul, que não para de tocá-la, olhá-la e acariciá-la, apaixonado como está. Camille quer saber o que pensa Paul de tudo, dos seus pés aos seus seios, no vermelho da cena, logo desmanchado e substituído por uma cor mais natural, que protagonizará o gentil passeio da câmera pelo corpo da atriz, afastando a estrela e dando lugar ao seu brilho vulgar (no melhor sentido da palavra, no sentido de se tratar de uma tentativa de nos tirar o foco das palavras e focarmos no corpo), Seus pés cruzados marcam o início da viagem de volta, ao final da qual o natural, precedido pelo vermelho, é sucedido pelo azul, que entra junto com o ar inalado por Paul antes de falar do rosto da sua amada. "Todo?", pergunta ela. "Minha boca, meus olhos, meu nariz, minhas orelhas?". Paul ama tudo, e termina: "Sim, eu te amo totalmente, ternamente e tragicamente". Depois disso, perdi minha concentração e ficaram gravadas em minha mente apenas umas poucas passagens, que denotam a habilidade de Godard como diretor e, mais ainda, do Raoul como fotógrafo, merecendo destaque também a trilha sonora, que, independentemente de ter sido ou não criada especificamente para o filme, encaixa perfeitamente em todas as cenas em que é aplicada. A montagem final, responsável por finalizar a peça com grande estilo, é fantástica. "Adieu, Camille". Gostaria de fechar o comentário com aquela que julgo ter sido a passagem mais bonita do filme: após o fim da sessão de dança, sobre Camille ir a Capri, Paul lhe fala que "Si tu ne veux plus y aller, je ne t'y force pas.". Ela responde: "C'est pas toi qui m'y forces. C'est la vie." Tristíssimo.
Tocante e excepcional atuação do Bennedict Cumberbatch! O filme se desenvolve muito bem e não é cansativo, além de contar com grandes momentos de tensão. É uma lástima que a Grã-Bretanha tenha demorado tanto tempo para se excusar de seus atos praticados contra a vida desse homem, e é ainda pior saber que muitos outros sofreram as mesmas penas e humilhações e permanecem hoje esquecidos pela história. Um exemplo de como o sistema jurídico de um país pode ser capaz de tomar medidas infames e extremamente desagradáveis. Uma ode aos diferentões - mas tem que ser diferentão mesmo!
Descobriram o que pensavam de si mesmos, afinal, hein? hahaha Não sei por que raios esses filmes da década de oitenta, e muito particularmente os escritos e/ou dirigidos pelo Hughes, me fazem sentir tão identificado... Esse clima é tão, mas tão interessante! É impressionante como os anos passam, e com eles a história, e o cinema acompanha as mudanças ocasionadas por essa passagem, assim como toda forma de arte, mas sempre vemos algo em comum: a tensão entre a velha e a nova onda, a liquidez dos relacionamentos, a culpa criada pela sociedade... Esses e outros fatores sempre estarão presentes, não importa se você está vendo Juventude Transviada, Submarine ou The Breakfast Club. Poxa! Caralho, nem sei mais o que dizer, que filme foda sudhasuhd
Três estrelas por motivos de: adorei o filme, mas o odiei ao mesmo tempo. É um ótimo filme para o que se propõe, e as cenas de ação foram SUPER FODAS, além das incontáveis referências e de uma trilha sonora fantástica. Ryan Reynolds não sabe atuar (minha opinião), mas deu um ótimo ator de merda nesse filme. Acho que apesar de tudo, tudo funcionou bem, mas, apesar da grande inventividade, não achei um filme (FILME, SENTIDO AMPLO) muito acima do normal.
Manhattan deve ser o quarto filme que vejo do Woody Allen. A impressão que tenho é que ele é uma versão muito mais original do Tarantino, apesar do grande abismo estilístico que há entre os materiais produzidos pelos dois. Tarantino é uma colagem descarada; Allen faz um cinema referencial, copiando o mundo - e isso não é mal, porque a "arte copia a vida", é bem sabido. Apesar disso, é muito mais original do que o Tarantino pelo seu personagem, por esse alter-ego que entra em cena sempre que o diretor e roteirista aparece em frente das câmeras, esse amontoado de coisas que encontro em mim. Por isso mesmo sinto tanta raiva do Allen: há muito de mim nele - e vamos ser um pouquinho narcisistas... grande mal não deve causar. A diferença está na aparentemente verdadeira ideia de que a criatura, e talvez o próprio criador, outra criatura, adquiriu segurança com o tempo. Faltam-me colhões para lidar com o que há dentro de mim e com o que há lá fora. Mas chega de falar de mim, vamos à minha paupérrima análise do produto final: Manhattan. E, de forma simplista, merece destaque o roteiro, por óbvio. É encantador, de um jeito que só alguém como Allen poderia fazer. Não acho que seja, objetivamente, o melhor roteirista do mundo, mas, pelo modo como vejo o mundo, é ele quem melhor representa a realidade, isto é, é ele quem mais representa a minha realidade, apesar das discrepâncias. Os plot-twists amorosos são um recurso bastante interessante, um dos utilizados com frequencia, o que me faz perceber o quanto há umas coisas que mudam e outras que nunca mudam: mesmo nos mais recentes Magic in the Moonlight e Midnight in Paris se percebe Manhattan e Annie Hall, o que é deveras bacana. Creio que Woody Allen é um dos poucos artistas cuja repetitividade não me incomoda... Bem, não tem me incomodado MUITO, pois algo que há algum tempo era uma realidade ideal para mim tem se tornado a minha realidade... quer dizer, essa realidade permanece em minha vida, mas apenas mudou de forma, e cá estou eu falando de mim novamente. Droga, maldita indissociabilidade entre a arte e a vida. Droga, droga... Enfim, continuemos. De toda forma, tem começado a me causar uma série de controversas sensações essa fixação por meninas mais jovens, o que é muito estranho, malgrado possa se falar que a diferença de idade é compensada pelo equilíbrio de maturidade. Vejam bem: ao mesmo tempo em que se fala que a idade é sim um problema, se fala que não se pode classificar como desordem psicológicas de segundo grau aquelas neuroses encontradas em pessoas mais jovens pela vida fácil e irresponsável que levam, o que me dirige a, aliás, uma outra crítica que julgo ser pertinente: sei bem que só se pode falar daquilo que se conhece, pois fazer o contrário é arriscar-se num território perigoso e ao fracasso, mas será que esse mundo branco de classe média não cansa? Batido, mas me incomoda. Não diria que a trilha sonora é um dos aspectos tão positivos do filme, pois me recuso a creditar à obra o bom-gosto do seu obreiro; para o inferno com isso! Os clássicos do jazz podem ser encontrados aqui, e contrastam bastante com a filmagem em preto-e-branco e todo o clima visual construído ao decorrer do longa. Foi uma belíssima cena aquela da Golden Bridge, com duas silhuetas negras, sentadas num banco, despretensiosas, assistindo a todo o seu esplendor. Ah, Manhattan...
Ver um filme do Nolan é sempre uma experiência muito marcante, e poderia passar horas falando sobre Interstellar, se realmente soubesse falar por tanto tempo das coisas por que me apaixono. Contudo, destaco as ótimas atuações do Matthew e da Anne Hathaway, a genialidade do roteiro, a MARAVILHOSA trilha sonora e a inventividade do roteiro, além da imensa beleza aplicada nos efeitos visuais. Que filme, senhores, que filme!
Que final viajado hahahaha É engraçado e tem boas cenas de ação, mas achei bem mediano, sem muito mais a destacar além dos efeitos visuais e da comédia bem básica
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraMuito ruim, muito estranho.
Como Era Verde Meu Vale
4.1 152 Assista AgoraO único arco interessante dentro de todo o filme é o que gira em torno da greve. Em geral, todo o resto não convence, a começar pelas atuações, passando pela trilha sonora muito mal empregada até alcançar a monotonia de grande parte das cenas, apesar (ou mesmo por causa) da excessiva dramaticidade empregada. Contudo, o expoente negativo do filme é o menino, Huw, interpretado por uma criança sem a mínima expressividade. Mas bem, umas gotas de colírio nos olhos devem ser suficientes.
Por outro lado, alguns enquadramentos são bem executados e há cenas muito bem montadas, a exemplo do final em retrospectiva.
No mais, achei tudo frio, cru e carente de tratamento devido, e é por isso que odeio esta fase do cinema nos Estados Unidos e solidifico ainda mais a minha tese de que o Oscar só está aí para premiar o já estabelecido - e só premia o novo quando o velho já perdeu lugar em todos os outros espaços.
O Nascimento de Uma Nação
3.6 149É evidente que o filme não pretende se apropriar de mais do que o título do trabalho do Griffith, galera, provavelmente para fazer o devido contraste e uma correção: o filme de Griffith não representa o verdadeiro nascimento de uma nação; este, sim.
Quero muito ver!
Os Deuses Devem Estar Loucos
3.8 299Divertidíssimo e bastante reflexivo, além de ter uma trilha sonora lindíssima e um roteiro interessante; contudo, convenhamos: a execução da ideia possui um grande erro, que é a montagem das cenas, muito amadora.
Mas é um filme sensacional ♥
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista AgoraNão sei bem explicar por que, mas amo muito esse filme ♥ Cada vez que assisto sinto uma coisa inexplicável em meu coração, e análise nenhuma, por mais superficial que fosse, eu poderia fazer nestas circunstâncias.
Fantástico!
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraFrancis Ford Coppola é um filho da puta que sabe bem o que fazer quando o assunto é cinema. Direção excepcional, com destaque à montagem da cena da ópera, que é de tirar o fôlego por cada uma de suas pequenas partes (o que, aliás, me deixou com muita raiva - ninguém pode fazer algo tão bom assim, Jesus Cristo). Não vou nem me arriscar a fazer a análise que esse filme e a trilogia merecem porque não sou capaz, não estou no nível necessário para falar qualquer coisa de uma grandiosidade dessa.
Sensacional!
Café Society
3.3 530 Assista AgoraMais um filme do Woody Allen que, depois de Manhattan, Annie Hall, Meia-noite em Paris etc. entra para o hall de histórias ruins bem produzidas. Há pouca coisa a reclamar além do fato de que o longa, em seus diálogos e em seu enredo, foi feito para ser algo que não conseguiu: profundo.
Se é para falar do melhor filme do Allen nesse século, eu, que não sou grande fã, com certeza já teria um pretendente: Meia-noite em Paris. Esse aqui passaria longe.
Lolita
3.7 823 Assista Agora"Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta:
a ponta da língua faz uma viagem de três passos pelo céu da boca abaixo e, no terceiro, bate nos dentes. Lo. Li. Ta."
-
Não tecerei comentários acerca do inconveniente, indigesto e excelente romance de Nabokov, pois já o fiz na exposição do meu ponto de vista sobre o filme de Kubrick. Ao terminar de assistir à versão de Lyne, concluo o que já esperava: o renome do diretor de Laranja Mecânica e 2001, como sua infeliz e habitual insensibilidade no tratamento de alguns temas, aliada às expectativas dos estúdios, foi o grande responsável pela difusão da primeira adaptação cinematográfica de uma das obras mais significativas do século XX; também por esse motivo, eu acredito, se deu a excessiva romantização (em sentido amplíssimo) do relacionamento entre Humbert e Lolita.
Contudo, fico feliz por, mais de três décadas depois, Adrian Lyne ter se dedicado a uma readaptação de Lolita. Trata-se de um trabalho de conversão sério, sensível e crítico. Retrato fiel do livro mesmo quanto aos pequenos detalhes, há traços que dele o distinguem e o qualificam não apenas como mera adaptação de algo já criado mas também como obra extremamente original, de que é exemplo mais expresso a montagem, em certa cena do filme, que cruza a batida dos pés de C. Q. e Dolly, indicativo do plano arquitetado pelos dois.
O roteirista é Stephen Schiff, desconhecido para mim e muita gente; apesar disso, fez aqui um bom trabalho, criando um roteiro inteligente, lógico e redondo, muito mais do que o presente no filme de Kubrick, que é muito bom, mas deixa a desejar pelo superficial recurso aos elementos presentes no livro. Curiosamente, Nabokov foi um dos roteiristas dessa adaptação, ao lado do próprio Kubrick e de um outro rapaz. Os três foram capazes de destruir completamente a atmosfera do livro ao instituir absurdos, a exemplo de um sempre presente Quilty, em flagrante desarmonia com o clima investigativo que o cerca no texto do escritor russo. Ele mesmo, aliás, poderia ter uma presença ainda mais invisível, mas isso faria do Lolita de Adrian Lyne um filme facilmente classificável como uma das mais adequadas adaptações de livros no cinema já realizadas, e ninguém conseguiria lidar com esse "problema". Mesmo as cenas cortadas (procurem no YouTube, pois são relativas a cenas importantes que são vistas no livro) apenas potencializariam ainda mais a beleza da coerência desse filme.
Ao contrário do que ocorre em Kubrick, temos atores em plena harmonia com os seus papéis, preservando toda a ambiguidade dos seus personagens. Jeremy Irons, Dominique Swain e Frank Langella nasceram para interpretar, respectivamente, Humbert, Dololita Haze e Quilty. Todas essas atuações merecem destaque se for considerado o filme em si mesmo; comparado a Kubrick, outra vez, contudo, essa é a Lolita que o público deveria conhecer. Sue Lyon parecia um pouco desconfortável com o papel tão bem vivido por Dominique Swain.
A trilha sonora deixa a desejar, quesito em que o filme de 62 ganha despontadamente. Canções àquele tempo contemporâneas não me pareceram a melhor escolha para colocar o leitor na vibe do filme. Se pegassem o Nelson Reedle de "Lolita Ya Ya" para trabalhar aqui... Bem, isso seria fantástico! Temos Ennio Morricone, é verdade, mas o seu fundo musical não se destaca tanto, não passando de um fundo - espero mudar de ideia sobre o assunto pois sou apaixonado pelos trabalhos do cara.
A montagem, acima mencionada, ficou LINDA, fantástica ,merecendo destaque a cena supracitada, sem desmerecer todas as outras glórias que podem ser verificadas em toda a extensão do filme - outro exemplo é a cena em que Humbert Humbert primeiro comparece à escola de Lola.
A fotografia merece particular atenção pela técnica e pela ousadia... Se é tecnicamente difícil sensualizar da melhor forma no cinema, o que dizer da sensualização de uma adolescente? Lolita na grama, molhada, foi uma interessante jogada, provavelmente encabeçada pelo Adrian e o Howard Atherton, que já trabalhou como diretor de fotografia em dois outros filmes que se aproximam da sexualidade (Proposta Indencente - 1993 - e Atração Fatal - 1987).
De toda forma, cabe lembrar a necessária cautela ao se apaixonar por uma história como essa. Não se deve transformar em amor a relação entre Dolores e Humbert. Disso nunca se tratou. Nesse filme, como no livro, H. H. apresenta uma tendência sociopata a se vitimizar de alguma forma. Entretanto, não se pode também negar a beleza da manifestação da sua insensibilidade ao chorar pela primeira vez ao encontrar a não-mais-Lolita-mas-agora-Richard F. Schiller e outros momentos que expressam claramente as suas demências. São cenas repugnantes que merecem atenção por terem sido bem executadas. Lolita é uma das melhores histórias que pude acompanhar, e espero lê-lo outras vezes. Mas é uma história cruel. E ser cruel... Fazer com que o leitor se sinta parte da própria trama por estar na cabeça de Humburg Humburg e, se muito descuidado, o defenda... Isso Nabokov mostrou saber trabalhar como ninguém.
Obra prima!
Lolita
3.7 632 Assista AgoraNão mais me causa surpresa tanta especulação romântica acerca da relação entre Humbert Humbert (não somente mas também um pedófilo) e Lolita (uma garota cuja inocência é roubada). Stanley Kubrick faz um trabalho excelente enquanto diretor, apesar de algumas partes do filme merecerem alguns retoques para que se mantivesse mais fiel à obra de Vladimir Nabokov.
A crise de Humbert Humbert após ter encontrado Mrs. Richard. F. Schiller é de grande beleza poética e importância para entrar no doentio jogo de Nabokov, em que o leitor se vê sensibilizado - leitor cruel! leitor cruel! - por um homem doente porque lhe parece simplesmente fascinante.
Sim, Humbert Humbert é um personagem fascinante! Não se pode negar o quanto a sua loucura é atraente à mente, principalmente quando o observador é alguém fortemente interessado em personagens trágicos e incomuns. Alie-se isso tudo à sua falta de credibilidade enquanto narrador que também é personagem, então... Uma perfeita figura popular! Um deleite para os fãs da controvérsia.
Entretanto, Kubrick não dá atenção a esse fator, completamente deixado de lado. Ao encontro entre Lol... Mrs. Richard F. Schiller e Humbert se segue a injustificada e emocionalmente súbita morte de C. Q..
Outro ponto importante que Kubrick deixou de lado e que é essencial à transmissão das sensações provocadas pelo livro (tento não cair no velho "o livro é melhor..."; não falo aqui de profundidade, mas de abordagens. O esquema anterior não custaria mais que dez minutos adicionais) é o secundarismo de C. Q.. Em várias cenas envolvendo C. Q. fica clara a diferença entre o que é mero surto psicótico e o que é a realidade. Seria mais interessante deixar ao espectador a função de investigar as cenas e chegar a uma conclusão. Entretanto, isso também não foi trazido por Kubrick, que preferiu uma aproximação mais simplista e clichê, infelizmente.
Com isso, porém, encerro as minhas críticas e atinjo o ponto de equilíbrio desta pretensa extensiva análise: agora, menciono os créditos do diretor.
O mestre responsável pela direção de Lolita é um dos meus diretores preferidos. É dotado de muito talento e comanda como ninguém as filmagens, que saem sempre impecáveis se observadas em si mesmas. Os enquadramentos são muito bem realizados e a trilha sonora... Ah, a trilha sonora! Composta por Nelson Riddle (o mesmo carinha da trilha clássica do Batman - nanananananananana), destacam-se "Lolita Ya Ya" e a canção temática do filme. Peter Sellers está EXPEPCIONAL - como sempre! - e James Mason faz um Humbert bem diferente dos livros... Apesar disso, cria uma versão diferente e igualmente interessante do personagem. Sue Lyon, em minha opinião, é só bonitinha. Executou bem o seu papel, mas nada que me permita dizer que ela fez algo extraordinário. Sobre ela e seu envelhecimento, zero para a equipe de maquiagem. Não sabia disso, mas uns erros de continuidade podem ser percebidos.
O negócio agora é dar atenção à versão de 97, de Adrian Lyne, que parece ter feito uma abordagem tecnicamente menos eficiente do que a de Kubrick mas muito mais contundente e harmônica com o que visto nos livros se comparada com a produção do diretor.
O Último Magnata
3.3 39 Assista AgoraFantástica direção de Elia Kazan e uma perfeita e sensível explicação do cinema enquanto forma de arte pura.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista AgoraSai do cinema agora e to na bad nao sei pq
Cidadão Kane
4.3 990 Assista AgoraApós ter visto pela segunda vez, estou ainda mais certo do quanto Cidadão Kane faz mesmo juz a toda a glória e renome que possui. Talvez não seja, para uns, como muitos outros afirmam, a melhor obra fílmica do mundo, porque acho que classificar um filme como tal é um ato pessoal que exige a presença de um elemento extremamente subjetivo, que é a mais crua identificação entre quem vê e o que é visto. Para mim, acontece que Cidadão Kane era um dos meus filmes favoritos, e agora talvez tenha se tornado a melhor coisa que já passou pelo cinema estado-unidense e pela sua história no mundo.
Tudo o que se vê não é visto em sua completude. Não seria Welles a dizer o significado de Rosebud, ninguém poderia fazê-lo e estar plenamente certo, pois a expressão pode ser entendida de várias formas, mesmo se tendo em alto relevo a obviedade exposta pelo filme: Rosebud é o nome do trenó do jovenzinho Kane. Entretanto, cabe uma reflexão quanto ao termo. De plano, vale notar que é em torno de Rosebud que o filme gira. Como um suspense investigativo (eu iria dizer policial, mas seria incabido), Cidadão Kane tenta guiar quem o assiste por uma estrada ao final da qual será encontrada a resposta para a pergunta "o que é Rosebud?". Entretanto, a resposta que damos parte sempre de nós e de nossas experiências. Rosebud é o trenó. Mas não é, claro, apenas um trenó. E me arrisco a dizer que não é somente um trenó e a infância perdida. Rosebud é, para mim, expressão do próprio sentimento de perda na vida de Charles Kane.
É por isso que estou agora, depois de tê-lo visto pela segunda vez, tão apaixonado pela linearidade que às vezes parece não existir aqui. Mesmo a edição do começo do filme é retomada ao seu final, com os fades de cenas indo, ao começo, e vindo, ao final. Da mesma forma que acompanhamos a ascensão e a queda de um magnata da imprensa, acompanhamos a chegada e a ida de um sentimento que só é aflorado duas vezes: quando o filme começa e quando ele termina. A perda está no abandono, passa despercebida ou recalcada por boa parte do filme, mas é retomada ao final, quando Kane é novamente abandonado (e, sinto dizer, foi aqui que me senti mais identificado, tocado, atacado, até). Tudo o que Kane fazia, fazia por uma razão, é verdade, e essa razão era sempre a mesma: Charles Foster Kane. Ele não tenta impedir Suzan de ir embora por qualquer sentimento romântico e infinito que nutre por ela, mas pelo medo de ser abandonado. Ela nota isso, e ao notar, vai embora. Quantos de nós não nos sentimos assim? Bem, ele pode não ser um filho da puta, mas a dureza daquele momento, a forma como Charlie chora pela primeira vez no filme... É difícil de lidar, sabe? Enfim, eis porque julgo ser este um dos melhores filmes do mundo, além dos motivos abaixo.
Orson Welles conjuga no filme os aspectos que são capazes de tornar a experiência de assistir a uma história inesquecível e, sem dúvidas, produtora de grande fascínio. A trama é muito bem desenvolvida, o roteiro fecha em si mesmo, são usados recursos dos mais variados para explicar os acontecimentos (desde flashbacks, recursos que estão além da quarta parede, até um documentário, empregado dentro do próprio filme e da história narrada, passando por referências entre o passado e o futuro convergindo no presente). A edição realizada é absurdamente impressionante: Welles se utiliza, enquanto diretor, de vários artifícios para criar no espectador as sensações necessárias ao aproveitamento da cena, transformando todo o longa em um grande suspense com começo, meio e fim bem delimitados. A trilha sonora cumpre com maestria o seu papel, tirando o fôlego nas cenas feitas para tirar o fôlego e servindo de aditivo sonoplástico às cenas que visualmente já provocariam certos incômodos mas, com o seu auxílio, tornam o espectador ainda mais atento. A continuidade das cenas é fantástica, não se podendo notar um erro sequer (a exemplo de uma das apresentações de Suzan, em que primeiro a vemos de frente, somos levados pela câmera à lâmpada logo acima, que pisca, após o que somos levados de volta para baixo, ao nível do palco, e nos defrontamos com o fato de que nossos sentidos foram traídos e de que Suzan nos deu as costas).
Um clássico imperdível e de imenso valor cultural para a história do mundo que merece ser revisto infinitas vezes por toda uma vida.
Lilo & Stitch
3.9 590 Assista AgoraUma das melhores animações da Disney, em minha opinião ♥
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista AgoraQuase um estudo fílmico do cotidiano manicomial, e uma forte base para a luta antimanicomial, sem dúvidas! Jack Nicholson não deixa a desejar em nada, mas nenhum dos atores deixam, nem mesmo os secundários, resultado da excelente direção do Millos Forman. Ótima fotografia e a banda sonora cabe perfeitamente em cada uma das cenas em que é usada... Gostei muito!
Janela Indiscreta
4.3 1,2K Assista AgoraHitchcock é verdadeiramente o mestre do suspense. Cada enquadramento, cada segundo do filme, especialmente da metade para a frente, quando surge o rumor do que teria ocorrido e ficamos presos ao enredo. MUITO BOM MESMO!
Masculino-Feminino
3.9 159 Assista AgoraComeço a perceber que o que torna aborrecida a experiência de assistir a alguns filmes (não só do Godard, mas de tantos outros, novos e antigos) é o link entre o começo deles e o seu fim, que, infelizmente, abrange a maior parte de um trabalho cinematográfico. O problema, contudo, é verdadeiramente a falta de paciência do espectador médio, grupo em que eu e tantos outros estão inseridos. Não é um problema do criador se queremos arte de fácil deglutição, interessados apenas no sabor inicial e na satisfação da fome, incapazes de sentir verdadeiramente o conteúdo daquilo que estamos a provar. Não queremos pensar, não queremos ter esse trabalho: o filme tem que estar mastigado. Entretanto, mesmo sentindo essa necessidade destruidora, em nós incutida pela cultura de consumo induzida pela sociedade devota do imperialismo em que vivemos, percebemos beleza ao transmitirem-se aos olhos as primeiras cenas e ao fechar do filme. Mesmo com essa incapacidade cognitiva, que precisa ser vencida em nome da diversidade, percebo que o trabalho de dirigir deve ser verdadeiramente difícil, porque consiste em fazer sentir alguém que não sente.
Mas, aos trancos e barrancos, vamos que vamos!
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraPrós: história interessante, excelente direção do Ridley Scott, ótimos efeitos visuais e referências e piadas bem trabalhadas, além de uma trilha sonora bem bacaninha e de ter fugido ao padrão do "tudo dá errado durante para dar certo ao final", afinal por que coisas extremamente boas só podem ocorrer ao final de um filme?
Contras: todo o resto, com destaque a um Matt Damon que está mesmo perdido, oferecendo uma atuação que não me convenceu.
Honestamente, a minha opinião é de que não mereceria concorrer ao Oscar de melhor filme nem de melhor ator, mas, dependendo das qualidades dos seus concorrentes nas outras categorias, talvez mereça um de Melhor Design de Produção ou de Melhor Edição de Som...
O Desprezo
4.0 266Enquanto não vejo pela segunda vez, algumas palavras:
Le Mépris é sobre cinema e sobre o amor, mais especificamente sobre a industria desses dois. Após os créditos serem apresentados de maneira inesperada, nos é lembrado que André Bazin disse, certa vez, que "le cinéma substitue à notre regard un monde qui s'accorde à nos desirs", enquanto a equipe de filmagem caminha em nossa direção, com Giorgia Moll (Francesca, a assistente do insolente Jack Palance) revisando as suas falas. A primeira surpresa: o filme, ao mesmo tempo, começou e não começou. Acompanhamos o prelúdio de algo grandioso, Le Mépris. Logo depois, eis a primeira das duas grandes reviravoltas do filme, marcado por duas tragédias surpreendentes: Raoul Coutard manuseia a sua câmera e a sua lente passa a nos fitar: "Le Mépris est l'histoire de ce monde". Uma fantástica quebra da parede que nos diz: O Desprezo é a sua história, ou a história do seu mundo. Será mesmo?
A câmera se vira contra nós, e às vezes, quando entendemos o que está se passando, sentimo-nos expostos por ela. Contudo, ela também se vira contra os nossos olhos, aquilo que nós vemos, tratando, talvez por isso, do mundo que nós vemos, que, para Godard (ou Fritz), pode mesmo existir objetivamente tal como ele é.
As cenas seguintes são de grande beleza fotográfica, sendo-nos apresentados o azul de Paul e o vermelho de Camille, que, na opinião de alguém que, como eu, precisa reassistir aos filmes que vê antes de ter certeza de alguma coisa, fazem constante intercâmbio. Camille faz perguntas sobre seu corpo, buscando a atenção de Paul, que não para de tocá-la, olhá-la e acariciá-la, apaixonado como está. Camille quer saber o que pensa Paul de tudo, dos seus pés aos seus seios, no vermelho da cena, logo desmanchado e substituído por uma cor mais natural, que protagonizará o gentil passeio da câmera pelo corpo da atriz, afastando a estrela e dando lugar ao seu brilho vulgar (no melhor sentido da palavra, no sentido de se tratar de uma tentativa de nos tirar o foco das palavras e focarmos no corpo), Seus pés cruzados marcam o início da viagem de volta, ao final da qual o natural, precedido pelo vermelho, é sucedido pelo azul, que entra junto com o ar inalado por Paul antes de falar do rosto da sua amada. "Todo?", pergunta ela. "Minha boca, meus olhos, meu nariz, minhas orelhas?". Paul ama tudo, e termina: "Sim, eu te amo totalmente, ternamente e tragicamente".
Depois disso, perdi minha concentração e ficaram gravadas em minha mente apenas umas poucas passagens, que denotam a habilidade de Godard como diretor e, mais ainda, do Raoul como fotógrafo, merecendo destaque também a trilha sonora, que, independentemente de ter sido ou não criada especificamente para o filme, encaixa perfeitamente em todas as cenas em que é aplicada. A montagem final, responsável por finalizar a peça com grande estilo, é fantástica.
"Adieu, Camille".
Gostaria de fechar o comentário com aquela que julgo ter sido a passagem mais bonita do filme: após o fim da sessão de dança, sobre Camille ir a Capri, Paul lhe fala que "Si tu ne veux plus y aller, je ne t'y force pas.". Ela responde: "C'est pas toi qui m'y forces. C'est la vie."
Tristíssimo.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraTocante e excepcional atuação do Bennedict Cumberbatch! O filme se desenvolve muito bem e não é cansativo, além de contar com grandes momentos de tensão.
É uma lástima que a Grã-Bretanha tenha demorado tanto tempo para se excusar de seus atos praticados contra a vida desse homem, e é ainda pior saber que muitos outros sofreram as mesmas penas e humilhações e permanecem hoje esquecidos pela história. Um exemplo de como o sistema jurídico de um país pode ser capaz de tomar medidas infames e extremamente desagradáveis.
Uma ode aos diferentões - mas tem que ser diferentão mesmo!
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraDescobriram o que pensavam de si mesmos, afinal, hein? hahaha Não sei por que raios esses filmes da década de oitenta, e muito particularmente os escritos e/ou dirigidos pelo Hughes, me fazem sentir tão identificado... Esse clima é tão, mas tão interessante!
É impressionante como os anos passam, e com eles a história, e o cinema acompanha as mudanças ocasionadas por essa passagem, assim como toda forma de arte, mas sempre vemos algo em comum: a tensão entre a velha e a nova onda, a liquidez dos relacionamentos, a culpa criada pela sociedade... Esses e outros fatores sempre estarão presentes, não importa se você está vendo Juventude Transviada, Submarine ou The Breakfast Club. Poxa! Caralho, nem sei mais o que dizer, que filme foda sudhasuhd
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraTrês estrelas por motivos de: adorei o filme, mas o odiei ao mesmo tempo. É um ótimo filme para o que se propõe, e as cenas de ação foram SUPER FODAS, além das incontáveis referências e de uma trilha sonora fantástica. Ryan Reynolds não sabe atuar (minha opinião), mas deu um ótimo ator de merda nesse filme. Acho que apesar de tudo, tudo funcionou bem, mas, apesar da grande inventividade, não achei um filme (FILME, SENTIDO AMPLO) muito acima do normal.
Manhattan
4.1 595 Assista AgoraManhattan deve ser o quarto filme que vejo do Woody Allen. A impressão que tenho é que ele é uma versão muito mais original do Tarantino, apesar do grande abismo estilístico que há entre os materiais produzidos pelos dois. Tarantino é uma colagem descarada; Allen faz um cinema referencial, copiando o mundo - e isso não é mal, porque a "arte copia a vida", é bem sabido. Apesar disso, é muito mais original do que o Tarantino pelo seu personagem, por esse alter-ego que entra em cena sempre que o diretor e roteirista aparece em frente das câmeras, esse amontoado de coisas que encontro em mim.
Por isso mesmo sinto tanta raiva do Allen: há muito de mim nele - e vamos ser um pouquinho narcisistas... grande mal não deve causar. A diferença está na aparentemente verdadeira ideia de que a criatura, e talvez o próprio criador, outra criatura, adquiriu segurança com o tempo. Faltam-me colhões para lidar com o que há dentro de mim e com o que há lá fora.
Mas chega de falar de mim, vamos à minha paupérrima análise do produto final: Manhattan.
E, de forma simplista, merece destaque o roteiro, por óbvio. É encantador, de um jeito que só alguém como Allen poderia fazer. Não acho que seja, objetivamente, o melhor roteirista do mundo, mas, pelo modo como vejo o mundo, é ele quem melhor representa a realidade, isto é, é ele quem mais representa a minha realidade, apesar das discrepâncias. Os plot-twists amorosos são um recurso bastante interessante, um dos utilizados com frequencia, o que me faz perceber o quanto há umas coisas que mudam e outras que nunca mudam: mesmo nos mais recentes Magic in the Moonlight e Midnight in Paris se percebe Manhattan e Annie Hall, o que é deveras bacana. Creio que Woody Allen é um dos poucos artistas cuja repetitividade não me incomoda... Bem, não tem me incomodado MUITO, pois algo que há algum tempo era uma realidade ideal para mim tem se tornado a minha realidade... quer dizer, essa realidade permanece em minha vida, mas apenas mudou de forma, e cá estou eu falando de mim novamente. Droga, maldita indissociabilidade entre a arte e a vida. Droga, droga... Enfim, continuemos. De toda forma, tem começado a me causar uma série de controversas sensações essa fixação por meninas mais jovens, o que é muito estranho, malgrado possa se falar que a diferença de idade é compensada pelo equilíbrio de maturidade. Vejam bem: ao mesmo tempo em que se fala que a idade é sim um problema, se fala que não se pode classificar como desordem psicológicas de segundo grau aquelas neuroses encontradas em pessoas mais jovens pela vida fácil e irresponsável que levam, o que me dirige a, aliás, uma outra crítica que julgo ser pertinente: sei bem que só se pode falar daquilo que se conhece, pois fazer o contrário é arriscar-se num território perigoso e ao fracasso, mas será que esse mundo branco de classe média não cansa? Batido, mas me incomoda.
Não diria que a trilha sonora é um dos aspectos tão positivos do filme, pois me recuso a creditar à obra o bom-gosto do seu obreiro; para o inferno com isso! Os clássicos do jazz podem ser encontrados aqui, e contrastam bastante com a filmagem em preto-e-branco e todo o clima visual construído ao decorrer do longa. Foi uma belíssima cena aquela da Golden Bridge, com duas silhuetas negras, sentadas num banco, despretensiosas, assistindo a todo o seu esplendor. Ah, Manhattan...
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraVer um filme do Nolan é sempre uma experiência muito marcante, e poderia passar horas falando sobre Interstellar, se realmente soubesse falar por tanto tempo das coisas por que me apaixono. Contudo, destaco as ótimas atuações do Matthew e da Anne Hathaway, a genialidade do roteiro, a MARAVILHOSA trilha sonora e a inventividade do roteiro, além da imensa beleza aplicada nos efeitos visuais.
Que filme, senhores, que filme!
Homem-Formiga
3.7 2,0K Assista AgoraQue final viajado hahahaha
É engraçado e tem boas cenas de ação, mas achei bem mediano, sem muito mais a destacar além dos efeitos visuais e da comédia bem básica