Um slasher autorreferencial repleto de altos e baixos. Primeiramente, curti o estilo falso documentário, enaltecendo os grandes psicopatas cinematográficos das décadas de 70 e 80 como se os mesmos fossem reais. Há sacadas bem bacanas, que remetem principalmente à imortalidade e disposição física de Jason e Michael Myers. As participações de Zelda Rubinstein e do ícone Robert 'Freddy' Englund são mais do que especiais! Além disso, há personagens secundários carismáticos, onde se destacam o Eugene de Scott Wilson e sua esposa.
O mestre de Leslie Vernon e sua 'final girl', que se apaixonaram e casaram, hahaha.
Em contrapartida, os protagonistas são insuportáveis. Nathan Baesel faz do serial killer do título um bobalhão sem qualquer credibilidade, um engraçadinho de stand-up. Pior ainda é a atuação de Angela Goethals, que parece ter levado o papel a sério demais com suas caras e bocas de filme de arte. As cenas de morte são razoáveis, mas mesmo assim é uma produção divertida pra quem aprecia esse estilo. O recente Terror nos Bastidores é melhor, de qualquer maneira.
Sabe aquele filme que você queria assistir há um bom tempo, mas não encontrava?! E que mesmo tendo expectativas altas, ele ainda é capaz de superá-las?! Que quando acaba, você fica louco pra assisti-lo novamente?! Que mesmo sabendo que as reviravoltas são muitas, ele nunca para de te surpreender?! Que pouca gente viu, mas deveria ser MUITO mais conhecido?! Sim, Armadilha Mortal é tudo isso e mais um pouco, na minha humilde opinião. Um exercício metalinguístico absurdamente inteligente, divertido, hipnotizante e ousado. Michael Caine, excepcional desde sempre, e Christopher Reeve em brilhante performance também. O tom teatral torna-se um aliado da narrativa (afinal de contas, o longa é baseado numa peça e mostra uma peça sendo criada), o que poderia ser um tiro no pé em termos de ritmo. Porém, o que vemos é justamente o contrário: uma produção envolvente e fluida, cujas duas horas voam em meio a tanta perspicácia, surpresas, direção magistral, elenco afiado e desfecho sarcástico. É um grande espetáculo, em todos os sentidos possíveis. Cinco estrelas e favorito, pra se cultuar e querer bem!
Drama intimista, cíclico e que vai evoluindo juntamente aos personagens, inicialmente (e propositalmente) apáticos. Gostei, mas o longa tem um quê de repetitivo dentro da filmografia de Woody Allen. Se destaca por passar-se em um único ambiente, onde os traumas vêm à tona e todos vão revelando suas faces reais. Mia Farrow brilha como protagonista, em um tom depressivo que desperta pena no espectador ao mesmo tempo em que pede por uns chacoalhões. Dianne Wiest e Elaine Stritch são as duas ladras de cena da produção, esta última com uma personagem egoísta e forte, que contrasta com a passividade e vitimismo de sua filha Lane. No mais, diálogos contundentes e tudo que se espera de um bom drama do prolífico cineasta, sem que ele atue no mesmo. Interiores é bem superior, mas nada que desqualifique Setembro e seu desfecho falsamente otimista.
É uma comédia bastante simpática, repleta de personagens divertidos, pitorescos e um tanto estereotipados (com destaque para os clientes do agente interpretado por Woody Allen e aquela italianada toda, rs). Confesso que só começou a empolgar quando a Tina Vitale de Mia Farrow entrou em cena, e não há como negar que sua caracterização é um dos pontos altos do filme. Além disso, roteiros onde um sujeito comum passa a ser perseguido devido a um mal-entendido costumam ser certeiros, sempre rendendo bons momentos e com Danny Rose não foi diferente! Como disseram aí embaixo, não chega a ser uma obra-prima do cineasta já que ele dirigiu grandes filmes nesse período, mas é uma produção de muita qualidade: história bem contada, bela fotografia e desfecho cativante.
Zelig, o personagem, é um pouco de cada um de nós, quando nos mantemos neutros a fim de evitar discussões ou mudamos de opinião conforme a maré, quando buscamos aceitação, quando abdicamos de nossa própria personalidade e individualidade. Zelig, o filme, é um falso documentário nada menos que magnífico, inteligente, divertido, ácido e originalíssimo. Confesso ter sido atingido em cheio pelas críticas expostas no longa que, além de tudo, é metalinguístico e atemporal. Os diálogos são geniais e a edição, impressionante: parece mesmo que a história do homem-metamorfose ambulante se passa nos anos 20 e 30, e o espectador até esquece por alguns instantes que trata-se de ficção. Como se não bastasse, ainda funciona como uma bela comédia romântica, graças à parceria (muito produtiva na época) entre os ótimos Woody e Mia Farrow. Sério, o diretor tava muito inspirado nessa fase!
James Wan mantém o nível lá em cima nesta sequência e mostra mais uma vez o porquê de ser considerado o melhor diretor de filmes de terror da atualidade. O cara sabe criar uma atmosfera macabra, trazendo ângulos de câmera diferenciados, elegantes e surpreendentes. Além disso, é firme na condução de seu elenco, sobretudo o mirim: Madison Wolfe dá um show de atuação na pele da garota atormentada pelas entidades malignas de Enfield. Patrick Wilson e Vera Farmiga nasceram para interpretar o casal Warren e estão maravilhosos, destacando-se ainda mais do que na produção de 2013. Aliás, não falta romance, humor, suspense e drama, tudo muito bem equilibrado com o horror propriamente dito que, se demora um pouco a engrenar, quando chega é de fazer o espectador encolher-se na poltrona! Talvez perca pontos devido a alguns excessos e por pesar a mão no CGI (o Homem Torto que o diga), mas nada que o desqualifique como o melhor filme do gênero desde o lançamento do longa original. Não, não vou pagar de cult e dizer que (o superestimadíssimo) A Bruxa é o melhor do ano... Não mesmo.
Lembra bastante a primeira fase da filmografia de Woody Allen, aquela do início da década de 70 com um humor mais bobalhão, mas sem deixar de lado os relacionamentos, as crises existenciais e os diálogos bem trabalhados. Digamos que o cineasta decai um pouco em relação a seus filmes anteriores, mas não chega a ofender. Ainda mais em se tratando de todas as referências à obra de Shakespeare, com o romantismo e o toque místico que Woody soube satirizar com a competência habitual. As cenas envolvendo Andrew e Adrian, na tentativa de esquentar a relação e salvar o casamento da suposta frigidez da personagem de Mary Steenburgen, são as mais engraçadas do filme! O desfecho é um tanto estranho, mas pertinente dentro do universo fantástico que o diretor tomou como base.
Se eu gostei do filme?! Lógico, mas não achei extraordinário. DiCaprio mereceu o Oscar SIM e não só pelo conjunto da obra, lobby, campanha nas redes sociais, etc. Por mais que ele já tenha provado o quanto é brilhante inúmeras vezes, com atuações grandiosas em filmes superiores, há de se reconhecer seu empenho em dar vida a Hugh Glass naquele ambiente inóspito e em meio a sequências impressionantes, mesmo sem tantos diálogos. Aliás, O Regresso traz algumas cenas de cair o queixo (nem preciso citá-las) e estas são intercaladas por momentos tão arrastados e repetitivos, o que é uma pena... Fiquei pensando que, com uns 40 minutos a menos, o longa teria me conquistado bem mais! Além do ator do ano, o prêmio de melhor fotografia também foi muito merecido. É deslumbrante! E Tom Hardy bem que podia ter ficado com a estatueta de coadjuvante: sua performance é tão fantástica que, por muito pouco, não ofusca o nosso celebrado e oscarizado protagonista.
Memórias é outro que figura entre as melhores obras de Woody Allen, com seus diálogos maravilhosos e uma narrativa mais complexa, o que faz o espectador ter vontade de revê-lo logo em seguida pra pegar todas as referências, críticas e autocríticas. A metalinguagem infalível, a presença marcante de Charlotte Rampling e, é claro, aquela cinematografia em preto e branco fazem-no bastante especial e particular dentro do universo do diretor. Quanto a ser seu longa mais autobiográfico ou não, sempre fico com a impressão de que todos o são. Ou seja, isso é bem relativo! Poético e cínico, sincero e um tanto pretensioso, mas certamente um belíssimo filme. Ao contrário de alguns, achei que o desfecho ficou à altura do resto da obra e o meu interesse em conferir 8½ de Fellini só aumentou...
Um drama e tanto. As relações familiares mostradas no longa me lembraram Hannah e Suas Irmãs, que Woody Allen dirigiria quase uma década depois, mas em Interiores o tom é muito mais denso, amargo e realista. É a inveja, o descaso, o egoísmo, a depressão e a baixa autoestima que vão se revelando aos olhos do espectador perante uma simples separação. Geraldine Page tá excepcional no papel da designer de interiores que, digamos, expõe seu interior sem ressalvas, mesmo que a faça se tornar um fardo e acabe por afastar a todos. O contraponto, interpretado por Maureen Stapleton, também é interessantíssimo: uma mulher de meia-idade e com pouca bagagem cultural, mas feliz e cheia de vida, o que causa um inevitável desconforto nos disfuncionais e esnobes membros desse clã que Allen retratou com maestria. Fora isso, o desfecho na casa de praia é inesquecível...
Não é ruim como sugere a premissa, nem tampouco chega a ser um bom thriller. Quanto à reviravolta, não é ridícula mas também não se mostra tão imprevisível a meu ver. Digamos que há uma pista falsa, apenas.
Desconfiei que não fosse caso de possessão e que Malcolm era o verdadeiro Brahms, por mais que isso pareça óbvio demais a certa altura da trama...
Lauren Cohan é linda e até se esforça, porém sua personagem não convence. A relação entre a moça e o boneco, bem como seu entusiasmo quando eventos estranhos passam a ocorrer na mansão, soam estapafúrdios e inconsistentes. Confesso que os clichês do filme foram eficientes no que se refere aos sustos e eu tomei vários, mas isso é muito pouco diante dos furos no roteiro e da falta de competência na direção. Destaque para a tensão que se instala a partir do momento em que o mistério é revelado. Brahms e Annabelle combinam bastante: ambos são pouco dinâmicos e já podem se casar, hahaha.
É a melhor sátira/homenagem a um subgênero cinematográfico dos últimos anos. Diversão pura pra quem é fã de slashers oitentistas, com tudo o que se tem direito: adolescentes interpretados por atores acima dos 30 anos, musiquinha característica a la Sexta-Feira 13, assassinatos, perseguições e hormônios em ebulição. Como se não bastasse, há uma metalinguagem esperta, os melhores clichês dos filmes de terror com psicopatas vingativos e ótimos recursos visuais, que tornam a trama ainda mais criativa.
Muito bacana o lance do flashback e dos créditos finais de Camp Bloodbath, o filme dentro do filme.
Além disso, ri muito de alguns diálogos propositalmente toscos e, é claro, dos estereotipados e safados personagens Kurt e Tina. Taissa Farmiga é muito carismática e o resto do elenco também não fica atrás, a trilha sonora é massa e o desfecho é de deixar um sorrisão no rosto do espectador. Adorei!
Boris Grushenko encerra essa primeira fase de Woody Allen e antecede um de seus filmes mais celebrados e premiados, Annie Hall. O tom pastelão e nonsense rende momentos engraçadíssimos e, apesar de meu preferido ainda ser Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo..., dá pra entender o porquê dele ser considerado o ápice do cineasta dentre as produções dessa época.
Dei altas gargalhadas naquela cena em que Napoleão se apresenta à Boris e Sonja (supostamente a irmã de Don Francisco, hahaha).
Uma produção repleta de citações interessantes e com uma ótima química entre Allen e a maravilhosa Diane Keaton, além de caprichada no quesito direção de arte. Porém, ainda prefiro os longas que ele dirigiu a partir de Manhattan até o fim dos anos 80. Essa fase sim, o auge incontestável de sua filmografia!
É inteligente por misturar sci-fi com comédia, política com romance, tecnologia com filosofia e se sair bem nessa miscelânea toda. Tem cenas hilariantes (especialmente aquelas onde Miles precisa fugir de seus perseguidores), e ainda tem Diane Keaton no auge da beleza e iniciando essa parceria lendária com o diretor/ator. A ambientação e caracterização dos personagens, bem como a sempre curiosa visão futurista tornam tudo ainda mais divertido e digno de ser conferido em qualquer época. Os diálogos são afiados, como era de se esperar, e é notável o quanto Allen era visionário ao trabalhar tantas referências e críticas em meio a elementos absurdos, mas que no fundo nem soam tão absurdos assim diante do domínio que ele já tinha ao conduzir um bom roteiro.
Dessa primeira fase do Woody Allen, com humor mais escrachado e muito nonsense, esse foi o que eu mais gostei dentre os quais assisti. Talvez minha queda por filmes compostos de diversas e pequenas histórias tenha prevalecido, mas a verdade é que o diretor fez tudo certo aqui, e o humor, de fato, funciona! Já conhecia algumas cenas do filme sem nunca tê-lo assistido e isso já é um indicativo de que ele marcou a história das comédias no cinema... É original, transgressor, bizarro, às vezes constrangedor e o principal: é engraçado! Quase impossível não rir da ovelha seduzindo de cinta-liga, do casal que só conseguia se satisfazer sexualmente em público, do homem que se veste de mulher e, é claro, do multifacetado Woody interpretando um espermatozoide no orgasmo clássico que encerra esta ótima comédia.
Sátira sempre atual às ditaduras latino-americanas, mesmo depois de 45 anos (por que será?!). Confesso que essa atemporalidade da temática foi o que mais me chamou a atenção, já que o humor, no geral, soou um tanto exagerado e, muitas vezes, mais parecia um filme d'Os Trapalhões e não do Woody Allen. Portanto, achei um pouco sem graça apesar de ter curtido o roteiro, as cenas envolvendo a mídia e sua falta de limites, as neuroses típicas do protagonista e a sequência do julgamento. A piadinha sobre pedofilia foi válida, o que vindo do controverso Woody não é pouco, hahaha. Também me surpreendi com a pequena participação do Stallone e considero Bananas pouco marcante na extensa filmografia do cineasta, ainda que um bom filme por estar entre os primeiros dele.
Mesmo amando Almodóvar, ainda não havia conferido este último filme dele, o que pude fazê-lo outro dia no canal Max. Tantas críticas negativas, mas não é que eu gostei?! Tudo bem, tá longe da genialidade e da maturidade das obras que o cineasta lançou a partir do final dos anos 90. Mas é divertido, depravado e despretensioso como alguns filmes mais antigos dele. As participações especiais são a cereja do bolo, o elenco é brilhante e tá muito à vontade em meio a esse voo repleto de situações absurdas! Os comissários de bordo roubam a cena e são os responsáveis pelas melhores piadas, rs. Os créditos iniciais são bacanas também. Mas já quero Julieta e um Almodóvar menos brincalhão e mais passional, que é o que sempre iremos preferir, não é mesmo?!
Carol é um romance sutil e classudo (mas claro, uma das protagonistas é a Cate Blanchett, queriam o que?!), tendo me agradado bastante. É um filme lento, de passagens longas e sem acontecimentos impactantes, mas isso não é demérito em momento algum. Primeiramente, a fotografia é sensacional e as atrizes estão ótimas, como já era de se esperar. Rooney também tava digna de Oscar, por mais que não fosse exatamente coadjuvante tal qual Alicia Vikander, e Cate... bem, ela sempre merece todos os prêmios, por mais que Brie Larson tenha merecido imensamente a estatueta neste ano. O desenrolar da trama é conduzido com habilidade por Todd Haynes e a sequência de sexo entre Carol e Therese é bela, elegante, cheia de naturalidade. A verdadeira intensidade tá nas entrelinhas, no desejo reprimido, nos sorrisos e nas muitas trocas de olhares entre ambas! Pra quem não achou Azul é a Cor Mais Quente tão incrível assim ou se chocou com uma ou outra cena, pode assistir Carol sem medo, certamente um filme melhor e mais enxuto. Apenas para efeito de comparação...
Brooklyn me surpreendeu por fugir de clichês e por ser um romance que de bobinho não tem nada. É sim um filme romântico, cativante, belo em todos os sentidos, mas acima de tudo é uma história de amadurecimento, desapego, coragem e escolhas. 'Sircha' Ronan surge encantadora no papel de Eilis! Sua interpretação é, ao mesmo tempo, delicada e forte, fazendo com que o público torça para que a moça encontre seu lugar ao sol e supere as dificuldades após ter deixado sua terra.
O desfecho é o que diferencia o longa da maioria dos dramas românticos, sendo que o amor não é mais a principal motivação. No caso, Eilis decide retornar à América para não arriscar perder tudo o que conquistou e, em meio a isso, seu reencontro com Tony seria uma consequência natural de sua decisão.
Reconstituição de época digníssima de nota e um excelente elenco de coadjuvantes, que vão desde veteranos do cinema britânico (mal reconheci a Julie Walters) à astros do momento (Domhnall Gleeson tá em todas mesmo). Diria que o conjunto tá em perfeita sintonia com os expressivos olhos da protagonista!
Mesmo conhecendo a história trágica e marcante de Selena, e apesar do filme ter passado inúmeras vezes na TV aberta ao longo dos anos, eu só fui assistir agora num dos canais HBO. É uma cinebiografia convencional, bonita e envolvente. Jennifer Lopez tá muito convincente na pele da protagonista e não só em termos de semelhança física. Sua atuação é vibrante e pode-se dizer que, na época, ela era promissora como atriz. Outra que atuou bem foi a menina que interpreta Selena quando criança, além de Edward James Olmos no papel do pai, agente e incentivador da carreira da filha. Faltou explorarem melhor a relação da cantora com a presidente de seu fã-clube e também achei esse clímax meio apressado, enquanto algumas cenas pouco acrescentaram à trama ou ficaram repetitivas. Mas o filme é bom e as performances musicais são muito cativantes.
Uma obra-prima e o filme de horror mais assustador dos últimos anos, segundo a crítica. Uma grande porcaria, segundo a geração CGI que se satisfaz com sustinhos fáceis. Na minha humilde opinião, acho que A Bruxa fica ali no meio disso tudo. É sim um longa bem produzido, com uma fotografia exemplar para o gênero, uma excelente atuação da revelação Anya Taylor-Joy, assim como das crianças que interpretaram seus irmãos. O elenco adulto já não foi tão convincente assim, fora que ficaram devendo no quesito carisma. O roteiro é intrigante, seja com relação à abordagem da alienação religiosa, seja quanto a elementos inerentes à prática da bruxaria (e a figura da bruxa nos contos clássicos). Mas de aterrorizante o filme não tem quase nada, o ritmo é arrastado para uma hora e meia de duração e o desfecho é decepcionante. Ainda diria que a última cena é um tanto ridícula e desnecessária, rs. No fim, era mais marketing do que algo propriamente especial, tal qual o remake de A Morte do Demônio. Entre mediano e bom, apenas!
Lembrei da Gloria Pires no Oscar falando sobre a Charlotte: 'Nossaaa, que desempenho... fabuloso.' Hahahaha. Memes à parte, a atriz tá irretocável em 45 Anos com uma performance contida, poderosa, difícil de esquecer. Sua indicação foi bastante merecida e se não fosse a maravilhosa Brie Larson... Enfim, ela carrega o filme nas costas e seu olhar diz muito durante todos os desdobramentos e descobertas neste bom drama. Tom Courtenay também tá muito bem! É um filme lento mas não achei cansativo, onde as reflexões sobre o casamento, as aparências e o acaso deixam um gosto amargo no público. A ilusão da vida a dois teve uma abordagem original e aquela derradeira cena ao som de The Platters foi brilhante e dolorosa.
Muito bom, como não poderia deixar de ser uma produção comandada pelo diretor de Beleza Americana e estrelada pelo trio de Titanic. DiCaprio e Winslet estão ótimos mais uma vez.
Agora que cada um tem seu Oscar, espero que a dupla se reúna e nenhum dos dois morra em um terceiro filme. Não custa sonhar, né?! rs
Foi Apenas um Sonho é belo, melancólico, incômodo e realista. Assim como em seu longa mais premiado, Sam Mendes revela o que há por trás da fachada branca de uma residência carregada de frustrações, dúvidas, conflitos e traições. Mas também há amor, o que torna tudo ainda mais complicado. De quebra, ainda tem Michael Shannon como o mentalmente perturbado e supersincero John (merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante, mesmo com poucos minutos em cena) e Kathy Bates no papel de sua mãe. A trilha sonora, a fotografia e os diálogos também são acertos, bem como o retrato fiel da guerra travada entre o comodismo e a busca pela felicidade é emblemático. Deveria ter assistido antes.
Pierre-Yves Cardinal rouba a cena com um personagem perigoso, sedutor, assustador e doentio. Quanto ao longa, não chega a ser tão bom como outros do Dolan, mas gostei e é acima da média sim. É o tipo de filme que fica na cabeça depois que acaba por não trazer respostas fáceis e um desfecho esclarecedor.
O plano que se expande em Mommy para descrever a sensação de liberdade nos personagens é inverso ao que achata em Tom na Fazenda, fazendo com que nos sintamos sufocados e em perigo tal qual o personagem-título.
Enfim, um recurso simples e bastante eficiente. A tensão, seja homoerótica, seja em termos de suspense e sustos, também funciona.
Por Trás da Máscara: O Surgimento de Leslie Vernon
3.0 119Um slasher autorreferencial repleto de altos e baixos. Primeiramente, curti o estilo falso documentário, enaltecendo os grandes psicopatas cinematográficos das décadas de 70 e 80 como se os mesmos fossem reais. Há sacadas bem bacanas, que remetem principalmente à imortalidade e disposição física de Jason e Michael Myers. As participações de Zelda Rubinstein e do ícone Robert 'Freddy' Englund são mais do que especiais! Além disso, há personagens secundários carismáticos, onde se destacam o Eugene de Scott Wilson e sua esposa.
O mestre de Leslie Vernon e sua 'final girl', que se apaixonaram e casaram, hahaha.
Em contrapartida, os protagonistas são insuportáveis. Nathan Baesel faz do serial killer do título um bobalhão sem qualquer credibilidade, um engraçadinho de stand-up. Pior ainda é a atuação de Angela Goethals, que parece ter levado o papel a sério demais com suas caras e bocas de filme de arte. As cenas de morte são razoáveis, mas mesmo assim é uma produção divertida pra quem aprecia esse estilo. O recente Terror nos Bastidores é melhor, de qualquer maneira.
Armadilha Mortal
3.8 40Sabe aquele filme que você queria assistir há um bom tempo, mas não encontrava?! E que mesmo tendo expectativas altas, ele ainda é capaz de superá-las?! Que quando acaba, você fica louco pra assisti-lo novamente?! Que mesmo sabendo que as reviravoltas são muitas, ele nunca para de te surpreender?! Que pouca gente viu, mas deveria ser MUITO mais conhecido?! Sim, Armadilha Mortal é tudo isso e mais um pouco, na minha humilde opinião. Um exercício metalinguístico absurdamente inteligente, divertido, hipnotizante e ousado. Michael Caine, excepcional desde sempre, e Christopher Reeve em brilhante performance também. O tom teatral torna-se um aliado da narrativa (afinal de contas, o longa é baseado numa peça e mostra uma peça sendo criada), o que poderia ser um tiro no pé em termos de ritmo. Porém, o que vemos é justamente o contrário: uma produção envolvente e fluida, cujas duas horas voam em meio a tanta perspicácia, surpresas, direção magistral, elenco afiado e desfecho sarcástico. É um grande espetáculo, em todos os sentidos possíveis. Cinco estrelas e favorito, pra se cultuar e querer bem!
Setembro
3.6 106Drama intimista, cíclico e que vai evoluindo juntamente aos personagens, inicialmente (e propositalmente) apáticos. Gostei, mas o longa tem um quê de repetitivo dentro da filmografia de Woody Allen. Se destaca por passar-se em um único ambiente, onde os traumas vêm à tona e todos vão revelando suas faces reais. Mia Farrow brilha como protagonista, em um tom depressivo que desperta pena no espectador ao mesmo tempo em que pede por uns chacoalhões. Dianne Wiest e Elaine Stritch são as duas ladras de cena da produção, esta última com uma personagem egoísta e forte, que contrasta com a passividade e vitimismo de sua filha Lane. No mais, diálogos contundentes e tudo que se espera de um bom drama do prolífico cineasta, sem que ele atue no mesmo. Interiores é bem superior, mas nada que desqualifique Setembro e seu desfecho falsamente otimista.
Broadway Danny Rose
3.8 96É uma comédia bastante simpática, repleta de personagens divertidos, pitorescos e um tanto estereotipados (com destaque para os clientes do agente interpretado por Woody Allen e aquela italianada toda, rs). Confesso que só começou a empolgar quando a Tina Vitale de Mia Farrow entrou em cena, e não há como negar que sua caracterização é um dos pontos altos do filme. Além disso, roteiros onde um sujeito comum passa a ser perseguido devido a um mal-entendido costumam ser certeiros, sempre rendendo bons momentos e com Danny Rose não foi diferente! Como disseram aí embaixo, não chega a ser uma obra-prima do cineasta já que ele dirigiu grandes filmes nesse período, mas é uma produção de muita qualidade: história bem contada, bela fotografia e desfecho cativante.
Zelig
4.2 355Zelig, o personagem, é um pouco de cada um de nós, quando nos mantemos neutros a fim de evitar discussões ou mudamos de opinião conforme a maré, quando buscamos aceitação, quando abdicamos de nossa própria personalidade e individualidade. Zelig, o filme, é um falso documentário nada menos que magnífico, inteligente, divertido, ácido e originalíssimo. Confesso ter sido atingido em cheio pelas críticas expostas no longa que, além de tudo, é metalinguístico e atemporal. Os diálogos são geniais e a edição, impressionante: parece mesmo que a história do homem-metamorfose ambulante se passa nos anos 20 e 30, e o espectador até esquece por alguns instantes que trata-se de ficção. Como se não bastasse, ainda funciona como uma bela comédia romântica, graças à parceria (muito produtiva na época) entre os ótimos Woody e Mia Farrow. Sério, o diretor tava muito inspirado nessa fase!
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraJames Wan mantém o nível lá em cima nesta sequência e mostra mais uma vez o porquê de ser considerado o melhor diretor de filmes de terror da atualidade. O cara sabe criar uma atmosfera macabra, trazendo ângulos de câmera diferenciados, elegantes e surpreendentes. Além disso, é firme na condução de seu elenco, sobretudo o mirim: Madison Wolfe dá um show de atuação na pele da garota atormentada pelas entidades malignas de Enfield. Patrick Wilson e Vera Farmiga nasceram para interpretar o casal Warren e estão maravilhosos, destacando-se ainda mais do que na produção de 2013. Aliás, não falta romance, humor, suspense e drama, tudo muito bem equilibrado com o horror propriamente dito que, se demora um pouco a engrenar, quando chega é de fazer o espectador encolher-se na poltrona! Talvez perca pontos devido a alguns excessos e por pesar a mão no CGI (o Homem Torto que o diga), mas nada que o desqualifique como o melhor filme do gênero desde o lançamento do longa original. Não, não vou pagar de cult e dizer que (o superestimadíssimo) A Bruxa é o melhor do ano... Não mesmo.
Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão
3.4 103Lembra bastante a primeira fase da filmografia de Woody Allen, aquela do início da década de 70 com um humor mais bobalhão, mas sem deixar de lado os relacionamentos, as crises existenciais e os diálogos bem trabalhados. Digamos que o cineasta decai um pouco em relação a seus filmes anteriores, mas não chega a ofender. Ainda mais em se tratando de todas as referências à obra de Shakespeare, com o romantismo e o toque místico que Woody soube satirizar com a competência habitual. As cenas envolvendo Andrew e Adrian, na tentativa de esquentar a relação e salvar o casamento da suposta frigidez da personagem de Mary Steenburgen, são as mais engraçadas do filme! O desfecho é um tanto estranho, mas pertinente dentro do universo fantástico que o diretor tomou como base.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraSe eu gostei do filme?! Lógico, mas não achei extraordinário. DiCaprio mereceu o Oscar SIM e não só pelo conjunto da obra, lobby, campanha nas redes sociais, etc. Por mais que ele já tenha provado o quanto é brilhante inúmeras vezes, com atuações grandiosas em filmes superiores, há de se reconhecer seu empenho em dar vida a Hugh Glass naquele ambiente inóspito e em meio a sequências impressionantes, mesmo sem tantos diálogos. Aliás, O Regresso traz algumas cenas de cair o queixo (nem preciso citá-las) e estas são intercaladas por momentos tão arrastados e repetitivos, o que é uma pena... Fiquei pensando que, com uns 40 minutos a menos, o longa teria me conquistado bem mais! Além do ator do ano, o prêmio de melhor fotografia também foi muito merecido. É deslumbrante! E Tom Hardy bem que podia ter ficado com a estatueta de coadjuvante: sua performance é tão fantástica que, por muito pouco, não ofusca o nosso celebrado e oscarizado protagonista.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraMemórias é outro que figura entre as melhores obras de Woody Allen, com seus diálogos maravilhosos e uma narrativa mais complexa, o que faz o espectador ter vontade de revê-lo logo em seguida pra pegar todas as referências, críticas e autocríticas. A metalinguagem infalível, a presença marcante de Charlotte Rampling e, é claro, aquela cinematografia em preto e branco fazem-no bastante especial e particular dentro do universo do diretor. Quanto a ser seu longa mais autobiográfico ou não, sempre fico com a impressão de que todos o são. Ou seja, isso é bem relativo! Poético e cínico, sincero e um tanto pretensioso, mas certamente um belíssimo filme. Ao contrário de alguns, achei que o desfecho ficou à altura do resto da obra e o meu interesse em conferir 8½ de Fellini só aumentou...
Interiores
4.0 230Um drama e tanto. As relações familiares mostradas no longa me lembraram Hannah e Suas Irmãs, que Woody Allen dirigiria quase uma década depois, mas em Interiores o tom é muito mais denso, amargo e realista. É a inveja, o descaso, o egoísmo, a depressão e a baixa autoestima que vão se revelando aos olhos do espectador perante uma simples separação. Geraldine Page tá excepcional no papel da designer de interiores que, digamos, expõe seu interior sem ressalvas, mesmo que a faça se tornar um fardo e acabe por afastar a todos. O contraponto, interpretado por Maureen Stapleton, também é interessantíssimo: uma mulher de meia-idade e com pouca bagagem cultural, mas feliz e cheia de vida, o que causa um inevitável desconforto nos disfuncionais e esnobes membros desse clã que Allen retratou com maestria. Fora isso, o desfecho na casa de praia é inesquecível...
Boneco do Mal
2.7 1,2K Assista AgoraNão é ruim como sugere a premissa, nem tampouco chega a ser um bom thriller. Quanto à reviravolta, não é ridícula mas também não se mostra tão imprevisível a meu ver. Digamos que há uma pista falsa, apenas.
Desconfiei que não fosse caso de possessão e que Malcolm era o verdadeiro Brahms, por mais que isso pareça óbvio demais a certa altura da trama...
Lauren Cohan é linda e até se esforça, porém sua personagem não convence. A relação entre a moça e o boneco, bem como seu entusiasmo quando eventos estranhos passam a ocorrer na mansão, soam estapafúrdios e inconsistentes. Confesso que os clichês do filme foram eficientes no que se refere aos sustos e eu tomei vários, mas isso é muito pouco diante dos furos no roteiro e da falta de competência na direção. Destaque para a tensão que se instala a partir do momento em que o mistério é revelado. Brahms e Annabelle combinam bastante: ambos são pouco dinâmicos e já podem se casar, hahaha.
Terror Nos Bastidores
3.4 447 Assista AgoraÉ a melhor sátira/homenagem a um subgênero cinematográfico dos últimos anos. Diversão pura pra quem é fã de slashers oitentistas, com tudo o que se tem direito: adolescentes interpretados por atores acima dos 30 anos, musiquinha característica a la Sexta-Feira 13, assassinatos, perseguições e hormônios em ebulição. Como se não bastasse, há uma metalinguagem esperta, os melhores clichês dos filmes de terror com psicopatas vingativos e ótimos recursos visuais, que tornam a trama ainda mais criativa.
Muito bacana o lance do flashback e dos créditos finais de Camp Bloodbath, o filme dentro do filme.
Além disso, ri muito de alguns diálogos propositalmente toscos e, é claro, dos estereotipados e safados personagens Kurt e Tina. Taissa Farmiga é muito carismática e o resto do elenco também não fica atrás, a trilha sonora é massa e o desfecho é de deixar um sorrisão no rosto do espectador. Adorei!
A Última Noite de Boris Grushenko
4.0 218 Assista AgoraBoris Grushenko encerra essa primeira fase de Woody Allen e antecede um de seus filmes mais celebrados e premiados, Annie Hall. O tom pastelão e nonsense rende momentos engraçadíssimos e, apesar de meu preferido ainda ser Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo..., dá pra entender o porquê dele ser considerado o ápice do cineasta dentre as produções dessa época.
Dei altas gargalhadas naquela cena em que Napoleão se apresenta à Boris e Sonja (supostamente a irmã de Don Francisco, hahaha).
Uma produção repleta de citações interessantes e com uma ótima química entre Allen e a maravilhosa Diane Keaton, além de caprichada no quesito direção de arte. Porém, ainda prefiro os longas que ele dirigiu a partir de Manhattan até o fim dos anos 80. Essa fase sim, o auge incontestável de sua filmografia!
O Dorminhoco
3.7 195É inteligente por misturar sci-fi com comédia, política com romance, tecnologia com filosofia e se sair bem nessa miscelânea toda. Tem cenas hilariantes (especialmente aquelas onde Miles precisa fugir de seus perseguidores), e ainda tem Diane Keaton no auge da beleza e iniciando essa parceria lendária com o diretor/ator. A ambientação e caracterização dos personagens, bem como a sempre curiosa visão futurista tornam tudo ainda mais divertido e digno de ser conferido em qualquer época. Os diálogos são afiados, como era de se esperar, e é notável o quanto Allen era visionário ao trabalhar tantas referências e críticas em meio a elementos absurdos, mas que no fundo nem soam tão absurdos assim diante do domínio que ele já tinha ao conduzir um bom roteiro.
Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas …
3.5 384 Assista AgoraDessa primeira fase do Woody Allen, com humor mais escrachado e muito nonsense, esse foi o que eu mais gostei dentre os quais assisti. Talvez minha queda por filmes compostos de diversas e pequenas histórias tenha prevalecido, mas a verdade é que o diretor fez tudo certo aqui, e o humor, de fato, funciona! Já conhecia algumas cenas do filme sem nunca tê-lo assistido e isso já é um indicativo de que ele marcou a história das comédias no cinema... É original, transgressor, bizarro, às vezes constrangedor e o principal: é engraçado! Quase impossível não rir da ovelha seduzindo de cinta-liga, do casal que só conseguia se satisfazer sexualmente em público, do homem que se veste de mulher e, é claro, do multifacetado Woody interpretando um espermatozoide no orgasmo clássico que encerra esta ótima comédia.
Bananas
3.5 184 Assista AgoraSátira sempre atual às ditaduras latino-americanas, mesmo depois de 45 anos (por que será?!). Confesso que essa atemporalidade da temática foi o que mais me chamou a atenção, já que o humor, no geral, soou um tanto exagerado e, muitas vezes, mais parecia um filme d'Os Trapalhões e não do Woody Allen. Portanto, achei um pouco sem graça apesar de ter curtido o roteiro, as cenas envolvendo a mídia e sua falta de limites, as neuroses típicas do protagonista e a sequência do julgamento. A piadinha sobre pedofilia foi válida, o que vindo do controverso Woody não é pouco, hahaha. Também me surpreendi com a pequena participação do Stallone e considero Bananas pouco marcante na extensa filmografia do cineasta, ainda que um bom filme por estar entre os primeiros dele.
Os Amantes Passageiros
3.1 648 Assista AgoraMesmo amando Almodóvar, ainda não havia conferido este último filme dele, o que pude fazê-lo outro dia no canal Max. Tantas críticas negativas, mas não é que eu gostei?! Tudo bem, tá longe da genialidade e da maturidade das obras que o cineasta lançou a partir do final dos anos 90. Mas é divertido, depravado e despretensioso como alguns filmes mais antigos dele. As participações especiais são a cereja do bolo, o elenco é brilhante e tá muito à vontade em meio a esse voo repleto de situações absurdas! Os comissários de bordo roubam a cena e são os responsáveis pelas melhores piadas, rs. Os créditos iniciais são bacanas também. Mas já quero Julieta e um Almodóvar menos brincalhão e mais passional, que é o que sempre iremos preferir, não é mesmo?!
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraCarol é um romance sutil e classudo (mas claro, uma das protagonistas é a Cate Blanchett, queriam o que?!), tendo me agradado bastante. É um filme lento, de passagens longas e sem acontecimentos impactantes, mas isso não é demérito em momento algum. Primeiramente, a fotografia é sensacional e as atrizes estão ótimas, como já era de se esperar. Rooney também tava digna de Oscar, por mais que não fosse exatamente coadjuvante tal qual Alicia Vikander, e Cate... bem, ela sempre merece todos os prêmios, por mais que Brie Larson tenha merecido imensamente a estatueta neste ano. O desenrolar da trama é conduzido com habilidade por Todd Haynes e a sequência de sexo entre Carol e Therese é bela, elegante, cheia de naturalidade. A verdadeira intensidade tá nas entrelinhas, no desejo reprimido, nos sorrisos e nas muitas trocas de olhares entre ambas! Pra quem não achou Azul é a Cor Mais Quente tão incrível assim ou se chocou com uma ou outra cena, pode assistir Carol sem medo, certamente um filme melhor e mais enxuto. Apenas para efeito de comparação...
Brooklin
3.8 1,1KBrooklyn me surpreendeu por fugir de clichês e por ser um romance que de bobinho não tem nada. É sim um filme romântico, cativante, belo em todos os sentidos, mas acima de tudo é uma história de amadurecimento, desapego, coragem e escolhas. 'Sircha' Ronan surge encantadora no papel de Eilis! Sua interpretação é, ao mesmo tempo, delicada e forte, fazendo com que o público torça para que a moça encontre seu lugar ao sol e supere as dificuldades após ter deixado sua terra.
O desfecho é o que diferencia o longa da maioria dos dramas românticos, sendo que o amor não é mais a principal motivação. No caso, Eilis decide retornar à América para não arriscar perder tudo o que conquistou e, em meio a isso, seu reencontro com Tony seria uma consequência natural de sua decisão.
Reconstituição de época digníssima de nota e um excelente elenco de coadjuvantes, que vão desde veteranos do cinema britânico (mal reconheci a Julie Walters) à astros do momento (Domhnall Gleeson tá em todas mesmo). Diria que o conjunto tá em perfeita sintonia com os expressivos olhos da protagonista!
Selena
3.5 269 Assista AgoraMesmo conhecendo a história trágica e marcante de Selena, e apesar do filme ter passado inúmeras vezes na TV aberta ao longo dos anos, eu só fui assistir agora num dos canais HBO. É uma cinebiografia convencional, bonita e envolvente. Jennifer Lopez tá muito convincente na pele da protagonista e não só em termos de semelhança física. Sua atuação é vibrante e pode-se dizer que, na época, ela era promissora como atriz. Outra que atuou bem foi a menina que interpreta Selena quando criança, além de Edward James Olmos no papel do pai, agente e incentivador da carreira da filha. Faltou explorarem melhor a relação da cantora com a presidente de seu fã-clube e também achei esse clímax meio apressado, enquanto algumas cenas pouco acrescentaram à trama ou ficaram repetitivas. Mas o filme é bom e as performances musicais são muito cativantes.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraUma obra-prima e o filme de horror mais assustador dos últimos anos, segundo a crítica. Uma grande porcaria, segundo a geração CGI que se satisfaz com sustinhos fáceis. Na minha humilde opinião, acho que A Bruxa fica ali no meio disso tudo. É sim um longa bem produzido, com uma fotografia exemplar para o gênero, uma excelente atuação da revelação Anya Taylor-Joy, assim como das crianças que interpretaram seus irmãos. O elenco adulto já não foi tão convincente assim, fora que ficaram devendo no quesito carisma. O roteiro é intrigante, seja com relação à abordagem da alienação religiosa, seja quanto a elementos inerentes à prática da bruxaria (e a figura da bruxa nos contos clássicos). Mas de aterrorizante o filme não tem quase nada, o ritmo é arrastado para uma hora e meia de duração e o desfecho é decepcionante. Ainda diria que a última cena é um tanto ridícula e desnecessária, rs. No fim, era mais marketing do que algo propriamente especial, tal qual o remake de A Morte do Demônio. Entre mediano e bom, apenas!
45 Anos
3.7 254 Assista AgoraLembrei da Gloria Pires no Oscar falando sobre a Charlotte: 'Nossaaa, que desempenho... fabuloso.' Hahahaha. Memes à parte, a atriz tá irretocável em 45 Anos com uma performance contida, poderosa, difícil de esquecer. Sua indicação foi bastante merecida e se não fosse a maravilhosa Brie Larson... Enfim, ela carrega o filme nas costas e seu olhar diz muito durante todos os desdobramentos e descobertas neste bom drama. Tom Courtenay também tá muito bem! É um filme lento mas não achei cansativo, onde as reflexões sobre o casamento, as aparências e o acaso deixam um gosto amargo no público. A ilusão da vida a dois teve uma abordagem original e aquela derradeira cena ao som de The Platters foi brilhante e dolorosa.
Foi Apenas um Sonho
3.6 1,3K Assista AgoraMuito bom, como não poderia deixar de ser uma produção comandada pelo diretor de Beleza Americana e estrelada pelo trio de Titanic. DiCaprio e Winslet estão ótimos mais uma vez.
Agora que cada um tem seu Oscar, espero que a dupla se reúna e nenhum dos dois morra em um terceiro filme. Não custa sonhar, né?! rs
Foi Apenas um Sonho é belo, melancólico, incômodo e realista. Assim como em seu longa mais premiado, Sam Mendes revela o que há por trás da fachada branca de uma residência carregada de frustrações, dúvidas, conflitos e traições. Mas também há amor, o que torna tudo ainda mais complicado. De quebra, ainda tem Michael Shannon como o mentalmente perturbado e supersincero John (merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante, mesmo com poucos minutos em cena) e Kathy Bates no papel de sua mãe. A trilha sonora, a fotografia e os diálogos também são acertos, bem como o retrato fiel da guerra travada entre o comodismo e a busca pela felicidade é emblemático. Deveria ter assistido antes.
Tom na Fazenda
3.7 368 Assista AgoraPierre-Yves Cardinal rouba a cena com um personagem perigoso, sedutor, assustador e doentio. Quanto ao longa, não chega a ser tão bom como outros do Dolan, mas gostei e é acima da média sim. É o tipo de filme que fica na cabeça depois que acaba por não trazer respostas fáceis e um desfecho esclarecedor.
Teria sido Francis quem matou o próprio irmão?! Foi meu principal questionamento, dentre outros menos chocantes.
Adoro a câmera desse cara! Seus enquadramentos em momentos cruciais da trama são sempre inesperados e surtem um efeito inigualável no espectador.
O plano que se expande em Mommy para descrever a sensação de liberdade nos personagens é inverso ao que achata em Tom na Fazenda, fazendo com que nos sintamos sufocados e em perigo tal qual o personagem-título.
Enfim, um recurso simples e bastante eficiente. A tensão, seja homoerótica, seja em termos de suspense e sustos, também funciona.