Parece que essa história tem algo a ver com O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati - ótimo livro que também virou filme anos atrás -, pelo menos como inspiração. Trata-se de uma alegoria caracterizada por abuso e violência praticados por homens sem nenhum senso de justiça e ou decência, como são os personagens de Depp e Pattinson. Em oposição a eles há um magistrado decente, que também vai sofrer na mente e no corpo a crueldade que os tiranos praticam contra os supostos bárbaros, na verdade, povos nativos do deserto. Vale a pena conhecer essas obras, livros e filmes...
Sinopse nesta data (10/09/23) completamente absurda. Alguém a corrija, por favor. Trata-se, na verdade, da história de um garoto (Nino) de 17 anos de uma grande família italiana de gente muito rica, que se envolve com a sedutora mulher (personagem de Gina) de seu tio. Ela, por sua vez, já está envolvida com o sócio do marido, o que causa ciúmes profundos no rapazinho, que a deseja ardentemente. Mauro Bolognini fez filmes melhores do que esse (por exemplo, O Belo Antonio, talvez sua melhor direção), mas vale a pena uma visita para conhecer a estética italiana dos anos finais da década de 1960 (filme é de 1968). E claro, conferir a beleza de um dos últimos símbolos sensuais da história do cinema. Parece que agora, daquela época de ouro do cinema, só restam vivas Sophia Loren e Claudia Cardinale.
Até 1 hora de projeção o filme estava interessante e parecia muito bem interpretado, convincente. Depois, quando surgem aquelas estranhas criaturas subterrâneas, a história fica apelativa e bem idiota, então desisti de ver até o final. Daí que duas estrelas são pela primeira parte, e se o filme tivesse continuado naquele tom, seriam, no mínimo, quatro estrelas na avaliação.
Muito bom. Um filme que se não tem o mesmo brilho de outras obras conhecidas de Schrader, ao menos mantém o espectador interessado o tempo todo por envolver personagens singulares como o jardineiro Narvel, a rica sra. Haverhill e Maya, a jovem problemática sobrinha-neta dela. E também, de certo modo, é uma aula sobre jardinagem.
Documentário interessante, embora um pouco lento e meio desconexo (não é tão linear como eu gostaria), mas mostra o essencial: os poderosos quando desejam algo, no caso uma árvore centenária em seu estranho jardim, não hesitam em que outras árvores sejam derrubadas para atingir seu intento. Pode ser visto como uma metáfora, em vez de árvores imaginemos pessoas.
Berdreymi não significa belas criaturas como quer o título brasileiro (provavelmente copiado do americano Beautiful Beings), mas pesadelo. Que é o que vemos a maior parte do tempo acontecer nos sonhos (pesadelos) de Addi (que tem a mãe clarividente), também em sua vida real ao se juntar a dois outros delinquentes (Konni e Siggi) mais Balli, o garoto do olho de vidro que sofre bullying grande parte do tempo e tem uma família completamente disfuncional. Todos parecem infelizes ou cheios de problemas, mas o curioso é que tudo isso se dê num dos países mais felizes do mundo, a Islândia. Mas daí não teríamos esse interessante drama, não é mesmo?
Caprichado e eficiente dramalhão dos anos de ouro de Hollywood baseado em best seller homônimo de Grace Metalious, com tudo para prender a atenção dos espectador daqueles tempos (anos 1950-1960) e mesmo décadas depois. Uma crítica que encontrei na internet: apesar de a história se passar no tempo da II Guerra Mundial, muitas coisas lembram mais 1957 (ano da produção) do que propriamente 1941 em diante. Verdade. Fora isso, o filme vale a pena uma visita. .
Os atores têm desempenhos tão bons que parecem mesmo "favelados" ingleses. Ou desocupados, delinquentes e drogados de verdade, tamanho o realismo apresentado pela diretora Barnard. Viver do modo que o filme retrata os protagonistas parece muito mais uma opção das pessoas do que propriamente porque a sociedade inglesa fosse determinante nesse fato. A escola que os meninos frequentavam não era nenhum estábulo como os que encontramos em certas regiões brasileiras (vide certas escolas do Maranhão, Piaui etc.), pelo contrário. A polícia não é recebida pelos moradores da periferia com balas e metralhadoras, ainda que Arbor exija que tirem os sapatos ao entrar em sua casa. Parece que muitos anos serão necessários para que nossos miseráveis atinjam o padrão de excelência dos "favelados" ingleses. Não é bolsa família que resolve. É educação que faz a vida das pessoas melhorar - Arbor e alguns vizinhos não pensavam assim. Daí que as tragédias acontecem.
Os filmes para adultos como este e outros de décadas atrás estão rareando cada vez mais, enquanto os filmes idiotas proliferam, principalmente os de super-heróis e outros, destinados às crianças e aos adultos infantilizados. Bem, a atuação dos intérpretes da dupla de casais (Taylor-Burton, Segal-Dennis) é fabulosa porque eles tinham em mãos um ótimo texto, a peça de Edward Albee, cujo título brinca com a cantiga infantil "Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...". Lobo em inglês é "wolf", palavra parecida com Woolf, sobrenome da grande autora inglesa, e eles todos são intelectuais, então temos diversos jogos de palavras o tempo todo, especialmente lançados por George (Burton). Da violência verbal passamos à violência física, e a relação explosiva do casal George-Martha acaba atingindo também Nick e Honey, os visitantes. George e Martha se amam e se odeiam: eles se completam, um não existe sem o outro. Li a peça e vi o filme em seguida: é tudo material de primeira.
Não tem homoerotismo nem no livro (que terminei de ler), nem no filme, como querem alguns. Porque essa história (bem resumida na sinopse) é sobretudo sobre amizade, pais e filhos, incompreensão, companheirismo, montanhismo etc. Tela quadrada não me agradou, assim como o uso de canções não italianas na trilha sonora. Mas a história e os cenários fizeram valer a pena acompanhar esse longo filme.
Comédia sem graça alguma: americanos conseguiram fazer um fake Boccaccio, com algumas cenas supostamente eróticas e muitos palavrões. Melhor ver ou rever Decameron, de Pasolini (1971), lembrando que o italiano exagerava na nudez dos atores/atrizes e por vezes apresentava sexo explícito em seus filmes.
Nunca tinha visto Garrel (aqui também diretor) fazendo comédia e penso que até que não se saiu mal. Não é nenhum grande filme, mas também não deixa o espectador entediado.
Mais um filme iraniano parecido com os demais, que se vale de um assunto - aqui o desentendimento de um casal de atores que participa de um filme do próprio diretor - é metalinguagem, um filme dentro de outro - e um caso mais grave de esposa prometida que ama outro - para dar uma geral sobre a repressão da ditadura iraniana, que costuma enforcar seus desafetos, os críticos do regime e outros. Taxi Teerã (2015) do mesmo Panahi foi muito melhor.
Apesar de ter visto Relatos Selvagens (2014) não me lembrava do ator Oscar Martínez, porque penso que todo o elenco daquele ótimo filme ficou ofuscado pela presença do grande Ricardo Darin, um patrimônio do cinema argentino. E Martínez não fica atrás de Darín em talento, assim como O Cidadão Ilustre (2016) pode muito bem ser colocado ao lado de Relatos Selvagens, porque é quase tão bom quanto ele. O filme todo é interessante, pitoresco, surpreendente. E ainda por cima fala de literatura, preciso dizer mais?
Apesar de estar mais para sátira do que para drama, incomodou não tanto pela crítica implícita aos endinheirados e ditos conhecedores de gastronomia, mas pela ausência de humor e ironia e excesso de violência física. O tal de Tyler, fã do chef, foi exageradamente interpretado por Hoult, e mereceu o fim que teve. Mas o restante dos funcionários do restaurante também eram fanáticos como o subchefe Jeremy a ponto de fazer o que ele fez? Apesar de tanta comida (insossa), cenários caprichados e alguns bons atores o resultado foi um filme um tanto vazio.
Muito mais uma comédia do que um drama, esse filme alemão é bastante ágil para mostrar a história de alguns trambiqueiros envolvidos em golpes financeiros com o propósito de se tornarem milionários. Se fosse muito aprofundado, cheio de detalhes das práticas criminosas perderia a agilidade e poderia se tornar chato. Se vai dar golpe ajuda muito ter boa aparência física e mesmo sendo pobre ou remediado, parecer rico.
Parece que o original japonês de 1952 - Ikiru, do Kurosawa - que deu origem a Living é bem superior a este. O sr. Williams vivia uma vida sem sentido, como é a vida da maioria das pessoas na Terra - nascer, viver, morrer -, encontrando algum sentido nela somente quando estava perto de morrer, coisa que deveria ter encontrado antes, se tivesse lido Nietzsche. O filme não é ruim, tampouco é lá muito bom, mas é profundamente inglês, talvez sua melhor característica. Embora eu tenha apreciado também a trilha sonora, com alguns standards, certa levada de jazz.
Bem, a história parte de uma boa premissa, a do garoto de catorze anos que negligenciado pelo pai não pretende fazer o mesmo com o filho que teve com uma garota da escola nessa prematura idade. Mas a realização disso tudo não foi lá muito feliz, resultou numa filme apenas mediano, uma pena.
O filme tem tantas qualidades que mesmo que não entendamos tudo o que se passa na tela, compensa vê-lo inteiro. Começando pela primorosa fotografia em branco e preto de uma Roma esplendorosa de 60 anos atrás. Depois tem o imenso talento dos atores centrais, que também esbanjam beleza física. E na trilha sonora tem jazz ou coisa parecida, além de Mina cantando um iê-iê-ie, como se dizia então. Passamos das cenas iniciais de tédio e incomunicabilidade (características do cinema de Antonioni) entre Riccardo (Rabal) e Vittoria (Vitti) para mais tarde, as cenas de intensa comunicação entre os operadores da bolsa de valores no meio do (aparente) caos de um pregão daqueles tempos.
Antes, temos aquelas cenas digamos, africanas, que se na época poderiam ser consideradas engraçadas ou exóticas, hoje podem ser vistas e condenadas como racialmente incorretas; eram outros tempos, então ninguém dizia isso: ria-se.
Mais para o final, quando ocorre o eclipse quase total dos valores que os acionistas aplicaram em papéis, Piero (Delon) diz para Vittoria, quando ela quer saber para onde foram os bilhões de liras perdidos, que eles não foram para lado nenhum. Ela insiste dizendo que se alguém perdeu então alguém lucrou. E Piero diz: "Não é tão simples assim." Da mesma forma que aplicar na bolsa (ou em criptomoedas hoje em dia) não é simples, nenhum filme de Antonioni parece ser simples, nem é. Com ele não tem essa história de infeliz no jogo mas feliz no amor, nada disso. Mesmo assim é muito prazeroso ver seus filmes.
Filme abusa da metalinguagem - tem uma peça dentro, A Ratoeira, de Agatha Christie, que tem cenas ou momentos parecidos entre si -, um bom elenco e cenários e é interessante grande parte do tempo. Próximo do final já não rende tanto e o próprio final não é lá essas coisas. Vale uma visita mas não daria para ver uma segunda vez.
Bem, a versão que vi era com os mesmos atores e direção mas durava 2 horas e 38 minutos e foi provavelmente feita para televisão canadense, não sei. Se foi encurtada para 100 minutos como consta acima, desconheço. Quanto à sinopse, o filme é isso mesmo, uma jovem tem de escolher entre três pretendentes. Mas no meio disso tudo tem muita neve e frio, muito serviço para fazer na propriedade do pai, distante de qualquer vila e diversão e com a ocorrência de pequenos drama e um mais sério. Apesar de longo demais é bem interessante, especialmente quando mostra a amplidão da natureza canadense.
Não sou fã das obras de Ken Follett, mas me pareceu que o diretor Marquand fez uma adaptação bastante razoável do livro homônimo dentro do limite de quase duas horas de projeção. Tem bastante suspense e consegue envolver o espectador mesmo que se saiba que o espião alemão não irá poder escapar para sempre. Sutherland no auge da carreira valoriza bastante o filme. Vale a pena uma visita.
Ótimo documentário, espero que ganhe o Oscar da categoria. Putin e seus cúmplices fazem o que querem na Rússia e também fora dela, como a invasão da Ucrânia, daí que é necessário haver gente como Navalny. Ele tem seus defeitos, claro, mas como agir diferente se todo mundo que apita na Rússia é comprado pelo ditador, as eleições são manipuladas assim como a imprensa e os tribunais, os adversários são envenenados ou mortos, enfim é uma situação que beira o surreal de tanta mentira que o Estado russo inventa para se sustentar. Putin tem seguidores mundo afora: o ditadores da Nicarágua, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Bielorússia, China e admiradores por aqui, como Lula e Bolsonaro, políticos falsos, travestidos de democratas que se pudessem, tentariam ficar no poder até a morte.
Esperando os Bárbaros
3.0 41 Assista AgoraParece que essa história tem algo a ver com O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati - ótimo livro que também virou filme anos atrás -, pelo menos como inspiração. Trata-se de uma alegoria caracterizada por abuso e violência praticados por homens sem nenhum senso de justiça e ou decência, como são os personagens de Depp e Pattinson. Em oposição a eles há um magistrado decente, que também vai sofrer na mente e no corpo a crueldade que os tiranos praticam contra os supostos bárbaros, na verdade, povos nativos do deserto. Vale a pena conhecer essas obras, livros e filmes...
Aquele Novembro Maravilhoso
3.4 1Sinopse nesta data (10/09/23) completamente absurda. Alguém a corrija, por favor. Trata-se, na verdade, da história de um garoto (Nino) de 17 anos de uma grande família italiana de gente muito rica, que se envolve com a sedutora mulher (personagem de Gina) de seu tio. Ela, por sua vez, já está envolvida com o sócio do marido, o que causa ciúmes profundos no rapazinho, que a deseja ardentemente. Mauro Bolognini fez filmes melhores do que esse (por exemplo, O Belo Antonio, talvez sua melhor direção), mas vale a pena uma visita para conhecer a estética italiana dos anos finais da década de 1960 (filme é de 1968). E claro, conferir a beleza de um dos últimos símbolos sensuais da história do cinema. Parece que agora, daquela época de ouro do cinema, só restam vivas Sophia Loren e Claudia Cardinale.
Apóstolo
3.0 426Até 1 hora de projeção o filme estava interessante e parecia muito bem interpretado, convincente. Depois, quando surgem aquelas estranhas criaturas subterrâneas, a história fica apelativa e bem idiota, então desisti de ver até o final. Daí que duas estrelas são pela primeira parte, e se o filme tivesse continuado naquele tom, seriam, no mínimo, quatro estrelas na avaliação.
Jardim dos Desejos
3.3 11Muito bom. Um filme que se não tem o mesmo brilho de outras obras conhecidas de Schrader, ao menos mantém o espectador interessado o tempo todo por envolver personagens singulares como o jardineiro Narvel, a rica sra. Haverhill e Maya, a jovem problemática sobrinha-neta dela. E também, de certo modo, é uma aula sobre jardinagem.
Domando o Jardim
3.5 3Documentário interessante, embora um pouco lento e meio desconexo (não é tão linear como eu gostaria), mas mostra o essencial: os poderosos quando desejam algo, no caso uma árvore centenária em seu estranho jardim, não hesitam em que outras árvores sejam derrubadas para atingir seu intento. Pode ser visto como uma metáfora, em vez de árvores imaginemos pessoas.
Belas Criaturas
3.9 11Berdreymi não significa belas criaturas como quer o título brasileiro (provavelmente copiado do americano Beautiful Beings), mas pesadelo. Que é o que vemos a maior parte do tempo acontecer nos sonhos (pesadelos) de Addi (que tem a mãe clarividente), também em sua vida real ao se juntar a dois outros delinquentes (Konni e Siggi) mais Balli, o garoto do olho de vidro que sofre bullying grande parte do tempo e tem uma família completamente disfuncional. Todos parecem infelizes ou cheios de problemas, mas o curioso é que tudo isso se dê num dos países mais felizes do mundo, a Islândia. Mas daí não teríamos esse interessante drama, não é mesmo?
A Caldeira do Diabo
4.0 47 Assista AgoraCaprichado e eficiente dramalhão dos anos de ouro de Hollywood baseado em best seller homônimo de Grace Metalious, com tudo para prender a atenção dos espectador daqueles tempos (anos 1950-1960) e mesmo décadas depois. Uma crítica que encontrei na internet: apesar de a história se passar no tempo da II Guerra Mundial, muitas coisas lembram mais 1957 (ano da produção) do que propriamente 1941 em diante. Verdade. Fora isso, o filme vale a pena uma visita. .
O Gigante Egoísta
3.8 51Os atores têm desempenhos tão bons que parecem mesmo "favelados" ingleses. Ou desocupados, delinquentes e drogados de verdade, tamanho o realismo apresentado pela diretora Barnard. Viver do modo que o filme retrata os protagonistas parece muito mais uma opção das pessoas do que propriamente porque a sociedade inglesa fosse determinante nesse fato. A escola que os meninos frequentavam não era nenhum estábulo como os que encontramos em certas regiões brasileiras (vide certas escolas do Maranhão, Piaui etc.), pelo contrário. A polícia não é recebida pelos moradores da periferia com balas e metralhadoras, ainda que Arbor exija que tirem os sapatos ao entrar em sua casa. Parece que muitos anos serão necessários para que nossos miseráveis atinjam o padrão de excelência dos "favelados" ingleses. Não é bolsa família que resolve. É educação que faz a vida das pessoas melhorar - Arbor e alguns vizinhos não pensavam assim. Daí que as tragédias acontecem.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
4.3 497 Assista AgoraOs filmes para adultos como este e outros de décadas atrás estão rareando cada vez mais, enquanto os filmes idiotas proliferam, principalmente os de super-heróis e outros, destinados às crianças e aos adultos infantilizados. Bem, a atuação dos intérpretes da dupla de casais (Taylor-Burton, Segal-Dennis) é fabulosa porque eles tinham em mãos um ótimo texto, a peça de Edward Albee, cujo título brinca com a cantiga infantil "Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...". Lobo em inglês é "wolf", palavra parecida com Woolf, sobrenome da grande autora inglesa, e eles todos são intelectuais, então temos diversos jogos de palavras o tempo todo, especialmente lançados por George (Burton). Da violência verbal passamos à violência física, e a relação explosiva do casal George-Martha acaba atingindo também Nick e Honey, os visitantes. George e Martha se amam e se odeiam: eles se completam, um não existe sem o outro. Li a peça e vi o filme em seguida: é tudo material de primeira.
As Oito Montanhas
4.0 25 Assista AgoraNão tem homoerotismo nem no livro (que terminei de ler), nem no filme, como querem alguns. Porque essa história (bem resumida na sinopse) é sobretudo sobre amizade, pais e filhos, incompreensão, companheirismo, montanhismo etc. Tela quadrada não me agradou, assim como o uso de canções não italianas na trilha sonora. Mas a história e os cenários fizeram valer a pena acompanhar esse longo filme.
A Comédia dos Pecados
2.9 128 Assista AgoraComédia sem graça alguma: americanos conseguiram fazer um fake Boccaccio, com algumas cenas supostamente eróticas e muitos palavrões. Melhor ver ou rever Decameron, de Pasolini (1971), lembrando que o italiano exagerava na nudez dos atores/atrizes e por vezes apresentava sexo explícito em seus filmes.
O Inocente
3.3 6Nunca tinha visto Garrel (aqui também diretor) fazendo comédia e penso que até que não se saiu mal. Não é nenhum grande filme, mas também não deixa o espectador entediado.
A Estadia
3.1 1Muitas situações do filme remetem a pesadelos dignos das páginas de Kafka. Impressionante o trabalho do então jovem ator que faz o personagem Mark.
Sem Ursos
3.9 15 Assista AgoraMais um filme iraniano parecido com os demais, que se vale de um assunto - aqui o desentendimento de um casal de atores que participa de um filme do próprio diretor - é metalinguagem, um filme dentro de outro - e um caso mais grave de esposa prometida que ama outro - para dar uma geral sobre a repressão da ditadura iraniana, que costuma enforcar seus desafetos, os críticos do regime e outros. Taxi Teerã (2015) do mesmo Panahi foi muito melhor.
O Cidadão Ilustre
4.0 198 Assista AgoraApesar de ter visto Relatos Selvagens (2014) não me lembrava do ator Oscar Martínez, porque penso que todo o elenco daquele ótimo filme ficou ofuscado pela presença do grande Ricardo Darin, um patrimônio do cinema argentino. E Martínez não fica atrás de Darín em talento, assim como O Cidadão Ilustre (2016) pode muito bem ser colocado ao lado de Relatos Selvagens, porque é quase tão bom quanto ele. O filme todo é interessante, pitoresco, surpreendente. E ainda por cima fala de literatura, preciso dizer mais?
O Menu
3.6 1,0K Assista AgoraApesar de estar mais para sátira do que para drama, incomodou não tanto pela crítica implícita aos endinheirados e ditos conhecedores de gastronomia, mas pela ausência de humor e ironia e excesso de violência física. O tal de Tyler, fã do chef, foi exageradamente interpretado por Hoult, e mereceu o fim que teve. Mas o restante dos funcionários do restaurante também eram fanáticos como o subchefe Jeremy a ponto de fazer o que ele fez? Apesar de tanta comida (insossa), cenários caprichados e alguns bons atores o resultado foi um filme um tanto vazio.
Altos Negócios
3.0 39 Assista AgoraMuito mais uma comédia do que um drama, esse filme alemão é bastante ágil para mostrar a história de alguns trambiqueiros envolvidos em golpes financeiros com o propósito de se tornarem milionários. Se fosse muito aprofundado, cheio de detalhes das práticas criminosas perderia a agilidade e poderia se tornar chato. Se vai dar golpe ajuda muito ter boa aparência física e mesmo sendo pobre ou remediado, parecer rico.
Viver
3.3 75Parece que o original japonês de 1952 - Ikiru, do Kurosawa - que deu origem a Living é bem superior a este. O sr. Williams vivia uma vida sem sentido, como é a vida da maioria das pessoas na Terra - nascer, viver, morrer -, encontrando algum sentido nela somente quando estava perto de morrer, coisa que deveria ter encontrado antes, se tivesse lido Nietzsche. O filme não é ruim, tampouco é lá muito bom, mas é profundamente inglês, talvez sua melhor característica. Embora eu tenha apreciado também a trilha sonora, com alguns standards, certa levada de jazz.
A Boy Called Dad
2.9 2Bem, a história parte de uma boa premissa, a do garoto de catorze anos que negligenciado pelo pai não pretende fazer o mesmo com o filho que teve com uma garota da escola nessa prematura idade. Mas a realização disso tudo não foi lá muito feliz, resultou numa filme apenas mediano, uma pena.
O Eclipse
4.1 90 Assista AgoraO filme tem tantas qualidades que mesmo que não entendamos tudo o que se passa na tela, compensa vê-lo inteiro. Começando pela primorosa fotografia em branco e preto de uma Roma esplendorosa de 60 anos atrás. Depois tem o imenso talento dos atores centrais, que também esbanjam beleza física. E na trilha sonora tem jazz ou coisa parecida, além de Mina cantando um iê-iê-ie, como se dizia então. Passamos das cenas iniciais de tédio e incomunicabilidade (características do cinema de Antonioni) entre Riccardo (Rabal) e Vittoria (Vitti) para mais tarde, as cenas de intensa comunicação entre os operadores da bolsa de valores no meio do (aparente) caos de um pregão daqueles tempos.
Antes, temos aquelas cenas digamos, africanas, que se na época poderiam ser consideradas engraçadas ou exóticas, hoje podem ser vistas e condenadas como racialmente incorretas; eram outros tempos, então ninguém dizia isso: ria-se.
Mais para o final, quando ocorre o eclipse quase total dos valores que os acionistas aplicaram em papéis, Piero (Delon) diz para Vittoria, quando ela quer saber para onde foram os bilhões de liras perdidos, que eles não foram para lado nenhum. Ela insiste dizendo que se alguém perdeu então alguém lucrou. E Piero diz: "Não é tão simples assim." Da mesma forma que aplicar na bolsa (ou em criptomoedas hoje em dia) não é simples, nenhum filme de Antonioni parece ser simples, nem é. Com ele não tem essa história de infeliz no jogo mas feliz no amor, nada disso. Mesmo assim é muito prazeroso ver seus filmes.
Veja Como Eles Correm
3.2 59 Assista AgoraFilme abusa da metalinguagem - tem uma peça dentro, A Ratoeira, de Agatha Christie, que tem cenas ou momentos parecidos entre si -, um bom elenco e cenários e é interessante grande parte do tempo. Próximo do final já não rende tanto e o próprio final não é lá essas coisas. Vale uma visita mas não daria para ver uma segunda vez.
A Escolha de Maria
3.5 4 Assista AgoraBem, a versão que vi era com os mesmos atores e direção mas durava 2 horas e 38 minutos e foi provavelmente feita para televisão canadense, não sei. Se foi encurtada para 100 minutos como consta acima, desconheço. Quanto à sinopse, o filme é isso mesmo, uma jovem tem de escolher entre três pretendentes. Mas no meio disso tudo tem muita neve e frio, muito serviço para fazer na propriedade do pai, distante de qualquer vila e diversão e com a ocorrência de pequenos drama e um mais sério. Apesar de longo demais é bem interessante, especialmente quando mostra a amplidão da natureza canadense.
O Buraco da Agulha
3.7 29 Assista AgoraNão sou fã das obras de Ken Follett, mas me pareceu que o diretor Marquand fez uma adaptação bastante razoável do livro homônimo dentro do limite de quase duas horas de projeção. Tem bastante suspense e consegue envolver o espectador mesmo que se saiba que o espião alemão não irá poder escapar para sempre. Sutherland no auge da carreira valoriza bastante o filme. Vale a pena uma visita.
Navalny
3.5 54 Assista AgoraÓtimo documentário, espero que ganhe o Oscar da categoria. Putin e seus cúmplices fazem o que querem na Rússia e também fora dela, como a invasão da Ucrânia, daí que é necessário haver gente como Navalny. Ele tem seus defeitos, claro, mas como agir diferente se todo mundo que apita na Rússia é comprado pelo ditador, as eleições são manipuladas assim como a imprensa e os tribunais, os adversários são envenenados ou mortos, enfim é uma situação que beira o surreal de tanta mentira que o Estado russo inventa para se sustentar. Putin tem seguidores mundo afora: o ditadores da Nicarágua, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Bielorússia, China e admiradores por aqui, como Lula e Bolsonaro, políticos falsos, travestidos de democratas que se pudessem, tentariam ficar no poder até a morte.