Um curta com um roteiro sensível e, ao mesmo tempo forte. Retrata a comunhão verdadeira entre irmãos, mas também a dificuldade de crescer e ser fiel à sua essência quando se nasce em uma família arraigada a antigas tradições e preconceitos. O enredo emociona muito e deixa claro como é importante o apoio daqueles a quem amamos, para que a vida se torne mais leve e mais justa.
"Nimic" é o nada, o esvaziamento, aquele estágio da vida em que o desgaste, a rotina ou a falta de esperanças e sonhos arrancam a alma de alguém, deixando-lhe somente um corpo oco, cumprindo sua jornada diária. O maior paradoxo é que, a partir do nada, tudo pode acontecer, transformar-se e preencher aquelas lacunas.
O nada também permite que qualquer outra coisa o substitua, ainda que diferente, destoante ou desarmônica. Quem se torna nada, perde a identidade e não representa mais nenhum papel. O olhar ausente, apático e permeável é um sinal claro dessa inexistência interior.
Yorgos Lanthimos uma vez mais consegue penetrar nos incômodos humanos e nos fazer encará-los de frente, com a habilidade de um mestre.
"Le Ballon Rouge" (O Balão Vermelho) é um curta-metragem francês que fez história. Lançado em 1956, foi o único curta - até a presente data - a ganhar um Oscar na categoria Melhor Roteiro Original (29ª Cerimônia, 1957). O filme nos mostra a felicidade e os sonhos de uma criança, na forma de um lindo e brilhante balão vermelho.
Ao perceberem o objeto, que acompanha incansavelmente o menino, as pessoas reagem de formas diferentes. Alguns adultos não permitem que o menino o traga consigo, outros tentam livrar-se dele e os meninos da rua tentam roubá-lo. Como ninguém tem êxito, tentam então furar o balão.
Num filme de cerca de 30 minutos, quase sem diálogos, vemos o quanto a maldade humana pode se fazer presente, sem que haja nenhum motivo ou causa para isso. Sempre me surpreendo com a capacidade dos curtas em transmitir fortes mensagens. Este é um deles.
Um roteiro que encanta. A fotografia e os efeitos visuais são belos, inclusive o desfecho, com os balões nas cores da bandeira francesa.
Talvez a inspiração de Park Chan-Wook para este curta-metragem tenha vindo de um desastre terrível que aconteceu na Coreia do Sul alguns anos antes, quando o edifício da loja Sampoong desabou, contabilizando mais de 500 mortes. Entretanto, os desastres naturais também são bem frequentes naquela região, agravando a situação econômica do país, que já é debilitada. Nesse contexto pode ter surgido o seu filme de estreia: "Simpan" (Judgement).
A trama é contada dentro da sala de autópsias de um necrotério coreano. A primeira cena mostra um homem acompanhando pela televisão uma reportagem sobre a devastação causada pelas tragédias que assolam o país. O repórter divulga que as famílias das vítimas do recente terremoto receberão quase 520 mil dólares, somados os valores do seguro, compensação do governo e doações. Informa também que o corpo de uma jovem que morrera há 3 dias no desabamento da loja de departamentos 'Plus', havia sido identificado por seus pais.
O homem que vemos no início, trabalha no necrotério e segue para o local onde está o corpo da jovem. Na sala estão os supostos pais e os repórteres que cobrem a matéria. O homem, então, afirma que aquela jovem é a sua filha que havia saído de casa há 7 anos. Cria-se um enorme tumulto entre as duas supostas famílias da morta. Em meio a tal cenário, Park Chan-Wook consegue inserir doses de um humor cáustico e irresistível, na medida certa. Aliás, esta é uma das características do cineasta.
Assistindo ao curta já é possível vislumbrar o talento de Park Chan-Wook, comprovado por sua ótima filmografia, que inclui a famosa 'Trilogia da Vingança' e 'A Criada'.
"Paranmanjang" (Night Fishing) é um curta-metragem de 33 minutos, filmado por Park Chan-Wook com seu IPhone 4. O conteúdo do curta-metragem é denso, capaz de impressionar e amedrontar. Park Chan-Wook gosta mesmo de temas que envolvem o sobrenatural e despertam medo ou repulsa, mas já provou ter habilidade para colocar um certo humor em meio ao horror e à violência.
Neste curta, será contada uma fábula meio fantasmagórica, de um pescador que, durante a noite, depara-se com o corpo de uma jovem que supostamente morreu afogada. A agonia começa quando ele tenta retirar o corpo preso à sua linha de pesca. Daí em diante, o pescador fará uma desagradável descoberta, enquanto uma espécie de portal se abre entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Desconheço os rituais que os orientais fazem para estabelecer a comunicação espiritual, mas as sequências da despedida e da 'travessia' mostradas no filme impressionam bastante.
Curta bastante famoso, do cineasta surrealista Luis Buñuel em parceria com o não menos famoso artista plástico Salvador Dalí. A bela estética dos filmes mudos está presente na película, que também conta com uma ótima trilha sonora.
O enredo, entretanto, é cheio de incógnitas. Pode tratar-se de uma jornada onírica, como alguns interpretam, mas o fato é que fica por vezes difícil procurar ali um sentido maior.
Talvez o desejo dos cineastas tenha sido exatamente esse: produzir um filme que pudesse ser admirado - como o são as obras de arte - mas não necessariamente compreendido.
Curta no gênero documentário. A diretora busca a essência da musicalidade: O som.
Se não tivéssemos o ar, o som não existiria, pois ele é o resultado da agitação das moléculas no espaço. A partir dessa definição, o filme caminha para mostrar como a humanidade criou instrumentos e formas para que esse som, esse ruído, virasse música.
E, a partir da música, a noção de tempo passou a ser diferente. As canções têm muito poder e significado para nós - representam povos e momentos vividos em nossa história, como as guerras, por exemplo. As canções têm o dom de nos trazer lembranças, afetos.
Um curta-metragem com o DNA delicado de Alice Rohrwacher. E, como é dito no documentário, atualmente, com os serviços de rádio e streaming, passamos a escutar mais as canções e a usar cada vez menos a nossa voz para cantá-las.
"Omelia Contadina" (Homilia Contadina) é um documentário em curta metragem, escrito e dirigido por Alice Rohrwacher. O filme usa a alegoria do velório e enterro de pequenos agricultores do Planalto de Alfina, para dar um recado a muitos outros lugares do mundo, onde o cultivo camponês tradicional está desaparecendo, sendo engolido pela agricultura industrial e sucumbindo ante os investidores do agronegócio.
** Qualquer semelhança com o que acontece aqui no Brasil, não é mera coincidência.
O filme, apesar do tom sóbrio e fúnebre, tem uma fotografia encantadora e o uso de enormes lençóis impressos com a imagem dos camponeses locais causa um impacto visual forte, diferente e impressionante. O ato final, com a leitura da homilia, reverbera como se fosse dirigida ao nosso próprio povo. Faz com que pensemos em tudo o que estamos deixando ser soterrado ultimamente.
Poucos conseguem entender tão bem a alma feminina como Almodóvar. Ele é sempre intenso, profundo e perfeito. Este curta, baseado na peça "The Human Voice" de Jean Cocteau, é mais uma prova disto. Logo na primeira cena, ele nos mostra uma mulher num vestido longo vermelho, lindo, ardente. Ela espera algo. No instante seguinte, a vemos num vestido preto, desalinhado, como se fosse uma viúva a lamentar sua perda.
Almodóvar sempre usa cores fortes em seus filmes. Cores vivas, cheias de significados. A protagonista é Tilda Swinton, e durante o filme ela usará azul, vermelho e preto, cada cor indicando o tipo de emoção que a domina naquele momento. O enredo vai nos revelando que há três dias aquela mulher está sem notícias de seu amante. Com essa ausência prolongada, ela começa a temer o término.
À medida que o tempo passa, a certeza torna-se mais forte. Então, ela se desespera. O talento assombroso de Tilda nos enlaça num monólogo impressionante, em que ela simula casualidade ao atender uma ligação ao telefone para, logo em seguida, revelar sua imensa aflição, raiva, medo e, por fim, render-se à certeza do abandono.
Com um desfecho que somente Almodóvar poderia preparar, o mundo ganha mais uma fênix, devastada como tantas outras...
Curta de animação com temática sertaneja nordestina. Adorável! Método clássico de animação e colorização, com trilha sonora encantadora, lembrando os repentes entoados naquela região. O roteiro é uma adaptação do famoso conto de 'João e o Pé de Feijão' e, nesta versão nordestina de Diogo Pereira Viegas, o feijão cedeu lugar ao pé de macaxeira (aipim) que, realmente, é parte constante e importante da culinária regional do nordeste e norte do Brasil. É possível ser mais cativante?
"O Paradoxo da Espera do Ônibus" é capaz de nos trazer uma identificação imediata. Afinal, quem nunca se viu sozinho numa parada de ônibus, perdido entre milhões de pensamentos? Este é o roteiro do curta dirigido por Christian Caselli. Simples, mas filosófico. O dilema da parada de ônibus se estende para muitas outras situações de esperas que a vida nos impõe. De forma divertida, o filme retrata o difícil momento em que as escolhas precisam ser feitas, mesmo frente à incerteza dos resultados. Eis a questão. A animação usa a técnica dos fotogramas em still e desenhos com traços e colorização semelhantes aos das histórias em quadrinhos. As imagens sem movimento são excelentes para a observação de todos os elementos narrativos, como o cartaz de 'Jesus breve voltará' e o rótulo que pede para não jogar o lixo no chão. Seriam também paradoxos na visão do autor? O tom da voz narrada em off também é genial. Serena, casual e muito engraçada à medida que avança pelos labirintos do pensamento. Formidável.
"Genius Loci" é uma expressão em latim, que significa 'espírito que habita um lugar'. Esta animação de Adrien Merigeau, em aquarela, guarda significados pessoais para o autor. São ilustrações de pessoas que ele conhece. Uma delas, sua amiga, adora música e disse a ele que os sons despertam nela um 'espírito' que a torna uma pessoa diferente.
Baseado nesse relato, nasceu este curta, onde o som é uma parte importante da narrativa. As imagens psicodélicas tornam-se um belo acessório para o ritmo. É a sonoridade da obra que dita os efeitos em Reine. Todos os sons reverberam em sua mente. A experiência sensorial é intensa.
As crianças que vivem atrás das grades dos condomínios, com seus quartos repletos de brinquedos, crescem com um pensamento meio distorcido, acreditando que podem ter tudo ou que todas as coisas podem ser compradas. Negar-lhes algo é como tirar-lhes o chão. São mimadas e rejeitam receber um 'não'. Em geral padecem de solidão e, não raro, são portadoras de todo tipo de alergias e fragilidades.
"O Menino do Cinco" é bastante realista ao retratar um encontro infeliz entre um menino de condomínio e um menino de rua. O menino de rua tem um cachorrinho. Ele brinca com outros meninos e, num momento de descuido, o animal ultrapassa as grades do condomínio e o menino que vive ali dentro, pega o animal e se recusa a devolvê-lo. Ele simplesmente se apossa do bichinho e ignora os pedidos do dono.
O menino de rua fica desesperado. Ele estava perdendo o seu companheiro, o bichinho a quem se afeiçoara e que lhe pertencia. O menino do condomínio esconde o animal no quarto. Ele queria aquela novidade em sua vida, um brinquedo novo que ele ainda não possuía e que seu pai não permitiria, pois o menino tinha asma.
Para aquele menino que não recebia negativas, apropriar-se de algo que não lhe pertencia, era natural. Seu pai, inclusive, diante das atitudes extremadas da criança, acaba cedendo e permitindo que fique com o cachorrinho. O menino de rua não tinha ninguém para falar por ele ou defendê-lo, então procurou agir pelos próprios meios.
Assim, o filme caminha para um desfecho polêmico, numa crítica contundente e realista à classe média, que se cerca de razões e direitos e não admite abrir mão de nada, ainda que não lhe pertença ou custe a desgraça dos outros.
"To Gerard" é um daqueles curtas com mensagens cifradas, escondidas sob a trama. Conta a estorinha de um senhor - Gerard - que trabalha no setor de distribuição de correspondências e, como hobby, pratica alguns pequenos truques de mágica. Um dia, Gerard recebe a visita de uma menina e ela se encanta com seus truques.
Essa menina, já adulta, torna-se uma mágica famosa e, em seu show, convida Gerard e o homenageia. Certo, mas e a mensagem? Num dos trechos da animação, há uma foto no mural: Gerard ainda criança, e aquele que talvez tenha sido seu mestre... um velho mágico. Uma voz diz a Gerard que ele ainda fará "sua própria mágica". E a mágica aconteceu. Ele modificou a vida de alguém, fez com que a menina descobrisse sua paixão e seu talento, incentivou-a a seguir por esse caminho. Todos nós somos capazes de fazer a mágica de influenciar a vida de alguém, positiva ou negativamente.
Deixando de lado questões religiosas, este curta "Fist of Jesus" tem ótimos efeitos especiais e um trabalho cuidadoso de maquiagem. O roteiro é criativo e engraçado, seguindo o caminho do humor negro... gore demais. Mas dá pra rir com respeito.
P.S: Quem poderia imaginar o grau de letalidade de uma espinha de peixe?
"A Avó Cibernética" (Kybernetická Babicka), de Jiri Trnka, já nos mostrava em 1962 que algumas inovações tecnológicas poderiam tornar-se perigosas, dependendo da forma como fossem utilizadas. Neste curta, uma menina é levada por sua avó a um laboratório futurista, e lá ela encontra a 'avó cibernética': um aparato em forma de cadeira, com asinhas de mariposa. A avó cibernética parece meio desconfigurada e sinistra, ela age de forma autoritária e enérgica. Chama a menina para contar uma estória, mas o enredo é pavoroso. Tudo parece um enorme pesadelo, até que a vovó de verdade aparece.
"'Alternative Math" (Matemática Alternativa) é um curta fantástico, porque o mesmo exemplo abordado no filme também se aplica a diversos outros absurdos atuais. Há algum tempo a ciência e a história vêm sendo renegadas e subvertidas para atender interesses. Fica mais fácil controlar e manipular as mentes confusas das pessoas e, para isso, modificam-se fatos concretos, criam-se pós-verdades e disseminam-se falsas notícias.
Como exemplos recentes, cito a crença na Terra plana, o surgimento da Nova Ordem Mundial, a inexistência de uma Ditadura Militar no Brasil e o plano Chinês para extermínio da humanidade... mas lamentavelmente há muitos mais, todos os dias.
As pessoas estão desaprendendo a pensar criticamente, a contestar o que leem - aliás, informação de Whatsapp e Youtube não conta! É necessário ler e estudar, de preferência buscando fontes acadêmicas e confiáveis. É preciso que nos perguntemos a quem interessa tanta desinformação. Mas infelizmente, as pessoas que discordam e tentam lançar alertas provavelmente se retraem, porque são agredidas como a professora do filme.
"Two Strangers Who Meet Five Times", de Marcus Markou já recebeu inúmeros prêmios desde seu lançamento. Todos merecidos! O curta tem o poder de transmitir uma intensa emoção e levar a uma reflexão sobre como nos comportamos perante os outros e o quanto nossas atitudes podem influenciar a vida e o bem-estar das pessoas.
Alistair (Laurence Spellman) e Samir (Sargon Yelda) irão se encontrar cinco vezes ao longo de suas vidas. A cada novo encontro, uma oportunidade para exercer o perdão, a compaixão, a solidariedade. Porém, outros sentimentos permeiam esses encontros: a raiva, o ressentimento, o preconceito, a desconfiança... e, infelizmente, muitas vezes eles prevalecem.
Mas a vida concede a esses estranhos outra oportunidade, e eles se reencontram uma vez mais...
"Do Not Split", de Anders Hammer, é uma coletânea de imagens incríveis que mostram a série de protestos que ocorreram em Honk Kong, de junho a novembro de 2019. A situação política daquele povo jamais poderia se mesclar passivamente ao regime Chinês, muito menos com a imposição jurídica ou com coação policial. Eles são um povo livre, com costumes e cultura próprios, não aceitariam a privação da democracia. E a liberdade é o bem maior de um povo. Enquanto aquelas pessoas lutam, mesmo com medo, para manter e defender sua liberdade, nós estamos abrindo mão da nossa...
"Yes-People", de Gísli Halldórsson, nos traz diferentes aspectos do "sim". As seis pessoas que protagonizam a animação dizem o tempo todo a palavra "sim", mas em contextos bastante diferentes. A esposa fumante e dependente de álcool, desgostosa, não consegue dizer não ao vício; e seu marido, indiferente, faz o mesmo com a comida. É um sim que não implica escolhas. Eles aparentemente já não convivem, não se importam e vivem em solidão. A mãe professora diz um sim reticente ao seu aluno, apenas para não desmotivá-lo a tentar melhorar, enquanto seu filho adolescente, que passa as noites em claro, diz um sim alheio e absenteísta durante o dia. O terceiro casal, tem o sim mais feliz dentre os demais... gostam da companhia um do outro, ouvem música e fazem amor. O único "não" do curta é dito pelo marido, quando o desânimo e o cansaço o abate, pois é apenas ele quem retira a neve acumulada na entrada do prédio... mas a esposa imediatamente o contagia com sua alegria. Muitas mensagens em tão poucos minutos... A gente pode se perguntar que tipo de sim (ou não) costuma dizer para a vida. E quem está retirando a neve do meio do caminho.
"La Mujer Rota" (A Mulher Quebrada), do diretor Jeremias Segovia, impressiona por vários elementos: a fotografia impecável em preto e branco, criando a atmosfera ideal para o enredo de mistério que se assiste; em seguida temos um trabalho de caracterização bem executado, chegando a dar certa angústia; e, por fim, um roteiro com mensagem forte e desfecho surpreendente.
"Eletrodoméstica", de Kleber Mendonça Filho apenas nos lembra o quanto dependemos dos eletrônicos para absolutamente tudo. Quando a energia vai embora, a vida para. A cena final tem algo de cômico e de trágico. Para aquela dona de casa, talvez a máquina de lavar fosse sua única fonte de prazer.
"Yuki's Sun" é um curta em animação de extrema relevância, pois marca a estreia de Hayao Miyazaki como diretor. Em seus trabalhos anteriores, ele havia feito apenas as ilustrações. Este curta é um piloto, apresentando a personagem Yuki, que seria a protagonista de uma série que nunca aconteceu. Dentre as características das personagens de Miyazaki estão a força e o ímpeto de sobreviver. E Yuki é assim... Uma menina de 10 anos, que não conhece seus pais, pois foi abandonada em um orfanato ainda bebê, apenas com uma cruz de madeira pendurada em seu pescoço. Uma pena que a série não tenha sido lançada, pois não existe um único trabalho de Miyazaki que não comova ou encante, seja pelo enredo ou pela beleza de traços.
"Sertão de Acrílico Azul Piscina" é um curta documentário, com narrativa aberta feito por Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, condensando várias filmagens avulsas feitas pela dupla de cineastas em suas viagens pelo sertão dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Nessas filmagens estão retratadas várias situações cotidianas dos povos nordestinos, como as festas de forró pé-de-serra, as paisagens da beira de estrada, as promessas e romarias ao Santo Padre Cícero e as feiras e vendinhas de interior. Os diferentes eventos se justapõem de forma que o próprio estilo de vida do sertanejo torna-se a temática a ser apreciada.
Muitos trechos deste curta (capturados na virada do século XIX para o século XX) seriam utilizados futuramente no longa-metragem "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo", lançado em 2009 e também dirigido por Marcelo e Karim.
Brothers
3.5 5Um curta com um roteiro sensível e, ao mesmo tempo forte. Retrata a comunhão verdadeira entre irmãos, mas também a dificuldade de crescer e ser fiel à sua essência quando se nasce em uma família arraigada a antigas tradições e preconceitos.
O enredo emociona muito e deixa claro como é importante o apoio daqueles a quem amamos, para que a vida se torne mais leve e mais justa.
Nimic
3.5 61"Nimic" é o nada, o esvaziamento, aquele estágio da vida em que o desgaste, a rotina ou a falta de esperanças e sonhos arrancam a alma de alguém, deixando-lhe somente um corpo oco, cumprindo sua jornada diária. O maior paradoxo é que, a partir do nada, tudo pode acontecer, transformar-se e preencher aquelas lacunas.
O nada também permite que qualquer outra coisa o substitua, ainda que diferente, destoante ou desarmônica. Quem se torna nada, perde a identidade e não representa mais nenhum papel. O olhar ausente, apático e permeável é um sinal claro dessa inexistência interior.
Yorgos Lanthimos uma vez mais consegue penetrar nos incômodos humanos e nos fazer encará-los de frente, com a habilidade de um mestre.
O Balão Vermelho
4.4 237 Assista Agora"Le Ballon Rouge" (O Balão Vermelho) é um curta-metragem francês que fez história. Lançado em 1956, foi o único curta - até a presente data - a ganhar um Oscar na categoria Melhor Roteiro Original (29ª Cerimônia, 1957). O filme nos mostra a felicidade e os sonhos de uma criança, na forma de um lindo e brilhante balão vermelho.
Ao perceberem o objeto, que acompanha incansavelmente o menino, as pessoas reagem de formas diferentes. Alguns adultos não permitem que o menino o traga consigo, outros tentam livrar-se dele e os meninos da rua tentam roubá-lo. Como ninguém tem êxito, tentam então furar o balão.
Num filme de cerca de 30 minutos, quase sem diálogos, vemos o quanto a maldade humana pode se fazer presente, sem que haja nenhum motivo ou causa para isso. Sempre me surpreendo com a capacidade dos curtas em transmitir fortes mensagens. Este é um deles.
Um roteiro que encanta. A fotografia e os efeitos visuais são belos, inclusive o desfecho, com os balões nas cores da bandeira francesa.
Judgement
3.7 18Talvez a inspiração de Park Chan-Wook para este curta-metragem tenha vindo de um desastre terrível que aconteceu na Coreia do Sul alguns anos antes, quando o edifício da loja Sampoong desabou, contabilizando mais de 500 mortes. Entretanto, os desastres naturais também são bem frequentes naquela região, agravando a situação econômica do país, que já é debilitada. Nesse contexto pode ter surgido o seu filme de estreia: "Simpan" (Judgement).
A trama é contada dentro da sala de autópsias de um necrotério coreano. A primeira cena mostra um homem acompanhando pela televisão uma reportagem sobre a devastação causada pelas tragédias que assolam o país. O repórter divulga que as famílias das vítimas do recente terremoto receberão quase 520 mil dólares, somados os valores do seguro, compensação do governo e doações. Informa também que o corpo de uma jovem que morrera há 3 dias no desabamento da loja de departamentos 'Plus', havia sido identificado por seus pais.
O homem que vemos no início, trabalha no necrotério e segue para o local onde está o corpo da jovem. Na sala estão os supostos pais e os repórteres que cobrem a matéria. O homem, então, afirma que aquela jovem é a sua filha que havia saído de casa há 7 anos. Cria-se um enorme tumulto entre as duas supostas famílias da morta. Em meio a tal cenário, Park Chan-Wook consegue inserir doses de um humor cáustico e irresistível, na medida certa. Aliás, esta é uma das características do cineasta.
Assistindo ao curta já é possível vislumbrar o talento de Park Chan-Wook, comprovado por sua ótima filmografia, que inclui a famosa 'Trilogia da Vingança' e 'A Criada'.
Night Fishing
3.6 21"Paranmanjang" (Night Fishing) é um curta-metragem de 33 minutos, filmado por Park Chan-Wook com seu IPhone 4. O conteúdo do curta-metragem é denso, capaz de impressionar e amedrontar. Park Chan-Wook gosta mesmo de temas que envolvem o sobrenatural e despertam medo ou repulsa, mas já provou ter habilidade para colocar um certo humor em meio ao horror e à violência.
Neste curta, será contada uma fábula meio fantasmagórica, de um pescador que, durante a noite, depara-se com o corpo de uma jovem que supostamente morreu afogada. A agonia começa quando ele tenta retirar o corpo preso à sua linha de pesca. Daí em diante, o pescador fará uma desagradável descoberta, enquanto uma espécie de portal se abre entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Desconheço os rituais que os orientais fazem para estabelecer a comunicação espiritual, mas as sequências da despedida e da 'travessia' mostradas no filme impressionam bastante.
Um Cão Andaluz
4.1 706Curta bastante famoso, do cineasta surrealista Luis Buñuel em parceria com o não menos famoso artista plástico Salvador Dalí. A bela estética dos filmes mudos está presente na película, que também conta com uma ótima trilha sonora.
O enredo, entretanto, é cheio de incógnitas. Pode tratar-se de uma jornada onírica, como alguns interpretam, mas o fato é que fica por vezes difícil procurar ali um sentido maior.
Talvez o desejo dos cineastas tenha sido exatamente esse: produzir um filme que pudesse ser admirado - como o são as obras de arte - mas não necessariamente compreendido.
Una Canzone (9x10 Novanta)
3.4 1Curta no gênero documentário. A diretora busca a essência da musicalidade:
O som.
Se não tivéssemos o ar, o som não existiria, pois ele é o resultado da agitação das moléculas no espaço. A partir dessa definição, o filme caminha para mostrar como a humanidade criou instrumentos e formas para que esse som, esse ruído, virasse música.
E, a partir da música, a noção de tempo passou a ser diferente. As canções têm muito poder e significado para nós - representam povos e momentos vividos em nossa história, como as guerras, por exemplo. As canções têm o dom de nos trazer lembranças, afetos.
Um curta-metragem com o DNA delicado de Alice Rohrwacher. E, como é dito no documentário, atualmente, com os serviços de rádio e streaming, passamos a escutar mais as canções e a usar cada vez menos a nossa voz para cantá-las.
Omelia Contadina
4.1 4"Omelia Contadina" (Homilia Contadina) é um documentário em curta metragem, escrito e dirigido por Alice Rohrwacher. O filme usa a alegoria do velório e enterro de pequenos agricultores do Planalto de Alfina, para dar um recado a muitos outros lugares do mundo, onde o cultivo camponês tradicional está desaparecendo, sendo engolido pela agricultura industrial e sucumbindo ante os investidores do agronegócio.
** Qualquer semelhança com o que acontece aqui no Brasil, não é mera coincidência.
O filme, apesar do tom sóbrio e fúnebre, tem uma fotografia encantadora e o uso de enormes lençóis impressos com a imagem dos camponeses locais causa um impacto visual forte, diferente e impressionante. O ato final, com a leitura da homilia, reverbera como se fosse dirigida ao nosso próprio povo. Faz com que pensemos em tudo o que estamos deixando ser soterrado ultimamente.
A Voz Humana
3.9 71 Assista AgoraPoucos conseguem entender tão bem a alma feminina como Almodóvar. Ele é sempre intenso, profundo e perfeito. Este curta, baseado na peça "The Human Voice" de Jean Cocteau, é mais uma prova disto. Logo na primeira cena, ele nos mostra uma mulher num vestido longo vermelho, lindo, ardente. Ela espera algo.
No instante seguinte, a vemos num vestido preto, desalinhado, como se fosse uma viúva a lamentar sua perda.
Almodóvar sempre usa cores fortes em seus filmes. Cores vivas, cheias de significados. A protagonista é Tilda Swinton, e durante o filme ela usará azul, vermelho e preto, cada cor indicando o tipo de emoção que a domina naquele momento. O enredo vai nos revelando que há três dias aquela mulher está sem notícias de seu amante. Com essa ausência prolongada, ela começa a temer o término.
À medida que o tempo passa, a certeza torna-se mais forte. Então, ela se desespera. O talento assombroso de Tilda nos enlaça num monólogo impressionante, em que ela simula casualidade ao atender uma ligação ao telefone para, logo em seguida, revelar sua imensa aflição, raiva, medo e, por fim, render-se à certeza do abandono.
Com um desfecho que somente Almodóvar poderia preparar, o mundo ganha mais uma fênix, devastada como tantas outras...
Josué e o Pé de Macaxeira
3.7 25Curta de animação com temática sertaneja nordestina. Adorável! Método clássico de animação e colorização, com trilha sonora encantadora, lembrando os repentes entoados naquela região.
O roteiro é uma adaptação do famoso conto de 'João e o Pé de Feijão' e, nesta versão nordestina de Diogo Pereira Viegas, o feijão cedeu lugar ao pé de macaxeira (aipim) que, realmente, é parte constante e importante da culinária regional do nordeste e norte do Brasil.
É possível ser mais cativante?
O Paradoxo da Espera do Ônibus
3.8 413"O Paradoxo da Espera do Ônibus" é capaz de nos trazer uma identificação imediata. Afinal, quem nunca se viu sozinho numa parada de ônibus, perdido entre milhões de pensamentos? Este é o roteiro do curta dirigido por Christian Caselli. Simples, mas filosófico.
O dilema da parada de ônibus se estende para muitas outras situações de esperas que a vida nos impõe. De forma divertida, o filme retrata o difícil momento em que as escolhas precisam ser feitas, mesmo frente à incerteza dos resultados. Eis a questão.
A animação usa a técnica dos fotogramas em still e desenhos com traços e colorização semelhantes aos das histórias em quadrinhos. As imagens sem movimento são excelentes para a observação de todos os elementos narrativos, como o cartaz de 'Jesus breve voltará' e o rótulo que pede para não jogar o lixo no chão. Seriam também paradoxos na visão do autor?
O tom da voz narrada em off também é genial. Serena, casual e muito engraçada à medida que avança pelos labirintos do pensamento.
Formidável.
Genius Loci
3.1 55"Genius Loci" é uma expressão em latim, que significa 'espírito que habita um lugar'. Esta animação de Adrien Merigeau, em aquarela, guarda significados pessoais para o autor. São ilustrações de pessoas que ele conhece. Uma delas, sua amiga, adora música e disse a ele que os sons despertam nela um 'espírito' que a torna uma pessoa diferente.
Baseado nesse relato, nasceu este curta, onde o som é uma parte importante da narrativa. As imagens psicodélicas tornam-se um belo acessório para o ritmo. É a sonoridade da obra que dita os efeitos em Reine. Todos os sons reverberam em sua mente. A experiência sensorial é intensa.
Menino do Cinco
3.8 13As crianças que vivem atrás das grades dos condomínios, com seus quartos repletos de brinquedos, crescem com um pensamento meio distorcido, acreditando que podem ter tudo ou que todas as coisas podem ser compradas. Negar-lhes algo é como tirar-lhes o chão. São mimadas e rejeitam receber um 'não'. Em geral padecem de solidão e, não raro, são portadoras de todo tipo de alergias e fragilidades.
"O Menino do Cinco" é bastante realista ao retratar um encontro infeliz entre um menino de condomínio e um menino de rua. O menino de rua tem um cachorrinho. Ele brinca com outros meninos e, num momento de descuido, o animal ultrapassa as grades do condomínio e o menino que vive ali dentro, pega o animal e se recusa a devolvê-lo. Ele simplesmente se apossa do bichinho e ignora os pedidos do dono.
O menino de rua fica desesperado. Ele estava perdendo o seu companheiro, o bichinho a quem se afeiçoara e que lhe pertencia. O menino do condomínio esconde o animal no quarto. Ele queria aquela novidade em sua vida, um brinquedo novo que ele ainda não possuía e que seu pai não permitiria, pois o menino tinha asma.
Para aquele menino que não recebia negativas, apropriar-se de algo que não lhe pertencia, era natural. Seu pai, inclusive, diante das atitudes extremadas da criança, acaba cedendo e permitindo que fique com o cachorrinho. O menino de rua não tinha ninguém para falar por ele ou defendê-lo, então procurou agir pelos próprios meios.
Assim, o filme caminha para um desfecho polêmico, numa crítica contundente e realista à classe média, que se cerca de razões e direitos e não admite abrir mão de nada, ainda que não lhe pertença ou custe a desgraça dos outros.
To: Gerard
3.8 6"To Gerard" é um daqueles curtas com mensagens cifradas, escondidas sob a trama. Conta a estorinha de um senhor - Gerard - que trabalha no setor de distribuição de correspondências e, como hobby, pratica alguns pequenos truques de mágica.
Um dia, Gerard recebe a visita de uma menina e ela se encanta com seus truques.
Essa menina, já adulta, torna-se uma mágica famosa e, em seu show, convida Gerard e o homenageia.
Certo, mas e a mensagem? Num dos trechos da animação, há uma foto no mural: Gerard ainda criança, e aquele que talvez tenha sido seu mestre... um velho mágico. Uma voz diz a Gerard que ele ainda fará "sua própria mágica". E a mágica aconteceu. Ele modificou a vida de alguém, fez com que a menina descobrisse sua paixão e seu talento, incentivou-a a seguir por esse caminho.
Todos nós somos capazes de fazer a mágica de influenciar a vida de alguém, positiva ou negativamente.
Fist of Jesus
4.2 46Deixando de lado questões religiosas, este curta "Fist of Jesus" tem ótimos efeitos especiais e um trabalho cuidadoso de maquiagem. O roteiro é criativo e engraçado, seguindo o caminho do humor negro... gore demais.
Mas dá pra rir com respeito.
P.S: Quem poderia imaginar o grau de letalidade de uma espinha de peixe?
A Avó Cibernética
3.9 2"A Avó Cibernética" (Kybernetická Babicka), de Jiri Trnka, já nos mostrava em 1962 que algumas inovações tecnológicas poderiam tornar-se perigosas, dependendo da forma como fossem utilizadas.
Neste curta, uma menina é levada por sua avó a um laboratório futurista, e lá ela encontra a 'avó cibernética': um aparato em forma de cadeira, com asinhas de mariposa. A avó cibernética parece meio desconfigurada e sinistra, ela age de forma autoritária e enérgica. Chama a menina para contar uma estória, mas o enredo é pavoroso.
Tudo parece um enorme pesadelo, até que a vovó de verdade aparece.
Matemática Alternativa
3.9 14"'Alternative Math" (Matemática Alternativa) é um curta fantástico, porque o mesmo exemplo abordado no filme também se aplica a diversos outros absurdos atuais.
Há algum tempo a ciência e a história vêm sendo renegadas e subvertidas para atender interesses. Fica mais fácil controlar e manipular as mentes confusas das pessoas e, para isso, modificam-se fatos concretos, criam-se pós-verdades e disseminam-se falsas notícias.
Como exemplos recentes, cito a crença na Terra plana, o surgimento da Nova Ordem Mundial, a inexistência de uma Ditadura Militar no Brasil e o plano Chinês para extermínio da humanidade... mas lamentavelmente há muitos mais, todos os dias.
As pessoas estão desaprendendo a pensar criticamente, a contestar o que leem - aliás, informação de Whatsapp e Youtube não conta! É necessário ler e estudar, de preferência buscando fontes acadêmicas e confiáveis. É preciso que nos perguntemos a quem interessa tanta desinformação. Mas infelizmente, as pessoas que discordam e tentam lançar alertas provavelmente se retraem, porque são agredidas como a professora do filme.
Dois Estranhos Que Se Encontram Cinco Vezes
3.6 1"Two Strangers Who Meet Five Times", de Marcus Markou já recebeu inúmeros prêmios desde seu lançamento. Todos merecidos! O curta tem o poder de transmitir uma intensa emoção e levar a uma reflexão sobre como nos comportamos perante os outros e o quanto nossas atitudes podem influenciar a vida e o bem-estar das pessoas.
Alistair (Laurence Spellman) e Samir (Sargon Yelda) irão se encontrar cinco vezes ao longo de suas vidas. A cada novo encontro, uma oportunidade para exercer o perdão, a compaixão, a solidariedade. Porém, outros sentimentos permeiam esses encontros: a raiva, o ressentimento, o preconceito, a desconfiança... e, infelizmente, muitas vezes eles prevalecem.
Mas a vida concede a esses estranhos outra oportunidade, e eles se reencontram uma vez mais...
Do Not Split
3.6 36"Do Not Split", de Anders Hammer, é uma coletânea de imagens incríveis que mostram a série de protestos que ocorreram em Honk Kong, de junho a novembro de 2019.
A situação política daquele povo jamais poderia se mesclar passivamente ao regime Chinês, muito menos com a imposição jurídica ou com coação policial. Eles são um povo livre, com costumes e cultura próprios, não aceitariam a privação da democracia.
E a liberdade é o bem maior de um povo.
Enquanto aquelas pessoas lutam, mesmo com medo, para manter e defender sua liberdade, nós estamos abrindo mão da nossa...
Yes-People
2.5 55"Yes-People", de Gísli Halldórsson, nos traz diferentes aspectos do "sim". As seis pessoas que protagonizam a animação dizem o tempo todo a palavra "sim", mas em contextos bastante diferentes.
A esposa fumante e dependente de álcool, desgostosa, não consegue dizer não ao vício; e seu marido, indiferente, faz o mesmo com a comida. É um sim que não implica escolhas. Eles aparentemente já não convivem, não se importam e vivem em solidão.
A mãe professora diz um sim reticente ao seu aluno, apenas para não desmotivá-lo a tentar melhorar, enquanto seu filho adolescente, que passa as noites em claro, diz um sim alheio e absenteísta durante o dia.
O terceiro casal, tem o sim mais feliz dentre os demais... gostam da companhia um do outro, ouvem música e fazem amor. O único "não" do curta é dito pelo marido, quando o desânimo e o cansaço o abate, pois é apenas ele quem retira a neve acumulada na entrada do prédio... mas a esposa imediatamente o contagia com sua alegria.
Muitas mensagens em tão poucos minutos...
A gente pode se perguntar que tipo de sim (ou não) costuma dizer para a vida.
E quem está retirando a neve do meio do caminho.
A Mulher Quebrada
3.7 1"La Mujer Rota" (A Mulher Quebrada), do diretor Jeremias Segovia, impressiona por vários elementos: a fotografia impecável em preto e branco, criando a atmosfera ideal para o enredo de mistério que se assiste; em seguida temos um trabalho de caracterização bem executado, chegando a dar certa angústia; e, por fim, um roteiro com mensagem forte e desfecho surpreendente.
Eletrodoméstica
3.8 67 Assista Agora"Eletrodoméstica", de Kleber Mendonça Filho apenas nos lembra o quanto dependemos dos eletrônicos para absolutamente tudo. Quando a energia vai embora, a vida para.
A cena final tem algo de cômico e de trágico. Para aquela dona de casa, talvez a máquina de lavar fosse sua única fonte de prazer.
O Sol de Yuki
3.1 16 Assista Agora"Yuki's Sun" é um curta em animação de extrema relevância, pois marca a estreia de Hayao Miyazaki como diretor. Em seus trabalhos anteriores, ele havia feito apenas as ilustrações.
Este curta é um piloto, apresentando a personagem Yuki, que seria a protagonista de uma série que nunca aconteceu. Dentre as características das personagens de Miyazaki estão a força e o ímpeto de sobreviver. E Yuki é assim... Uma menina de 10 anos, que não conhece seus pais, pois foi abandonada em um orfanato ainda bebê, apenas com uma cruz de madeira pendurada em seu pescoço.
Uma pena que a série não tenha sido lançada, pois não existe um único trabalho de Miyazaki que não comova ou encante, seja pelo enredo ou pela beleza de traços.
Sertão de Acrílico Azul Piscina
3.6 10"Sertão de Acrílico Azul Piscina" é um curta documentário, com narrativa aberta feito por Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, condensando várias filmagens avulsas feitas pela dupla de cineastas em suas viagens pelo sertão dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Nessas filmagens estão retratadas várias situações cotidianas dos povos nordestinos, como as festas de forró pé-de-serra, as paisagens da beira de estrada, as promessas e romarias ao Santo Padre Cícero e as feiras e vendinhas de interior. Os diferentes eventos se justapõem de forma que o próprio estilo de vida do sertanejo torna-se a temática a ser apreciada.
Muitos trechos deste curta (capturados na virada do século XIX para o século XX) seriam utilizados futuramente no longa-metragem "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo", lançado em 2009 e também dirigido por Marcelo e Karim.