Uma profunda beleza inquietante que perpassa as paisagens exteriores como pleno e profundo reflexo das paisagens interiores das personagens. O externo diz muito do modo como se conduz a narrativa que operando por elipses aprofunda-se no drama, na dúvida, nas inquietações provocadas por uma gravidez fora do casamento. Um filme estético e moral. O q deve-se fazer diante da revelação de uma traição? E em que consiste de fato essa traição? Homem e mulher, seus papéis, suas dores, suas dúvidas. Quais os sentidos dos laços familiares e mais dos laços humanos e do destino que as coisas tomam no fundo mistério que é a existência. Filme lento e preciso, cheio de silêncios e reflexões, além de uma vasta gama de símbolos.
A eterna repetição metaforizada pelo rodopiar de um pião: a falta de amor, o desamor, a incomunicabilidade, o vazio e a solidão. O porco espinho: afastamento e ausência. Uma busca por amor que encontra apenas o nada e o puro desprezo. Duas solidões? Desencontros. Um mundo frio e fechado onde o afeto é apenas uma forca contundente. Uma corrida onde não se chega, onde não se alcança. A vida como uma recusa de todo carinho, de todo encontro possível. Áspero e pesado feito um soco. Não preciso de porco espinho.
Dentro de um filme outros filmes ainda. Espelho multiplicado. Realidades fraturadas. Rasuras. Mistura. Vidas. Metalinguagem. Onde começa o real? Qual filme vemos? O q vc crê ser um fio condutor. Os labirintos do real. Apenas a beleza do ato. Monsieur Oscar circula, transita e se transfigura. Tudo é um jogo. Uma velhinha pedinte, um assassino brutal, um amante nostálgico, um pai melancólico… Paris é mais do q uma fresta. Brechas de múltiplos sentidos. Qual papel vc desempenha? Apenas mergulhe e troque de peças. Reviva.
O perigo da fé transformada em fanatismo. O dogma e a acusação. Um embate entre a racionalidade e a mais pura forma de domínio via medo. Um modo crítico de se entender, de se ler e refletir sobre o mundo contemporâneo e a periculosidade de toda forma discursiva que se arroga como “verdade”. O fanatismo como uma espécie de fascismo, de mergulho no obscuro e naquilo q há de pior em cada um de nós.
“Há esperança, mas não para nós” Kafka. Tudo é desesperança e vazio. Um vazio imenso, brutal e desolador. Cada imagem corta contundentemente feito adaga, fere profundamente ao modo de uma áspera e infinita chuva. Lama e dança e tristeza. Nada resultará em algo bom. Nenhuma palavra mais em meio ao desespero de uma partida perdida. A vida é apenas desesperança e desolação infinita e isso é tudo. Aqui a beleza é crua e dura e talvez por isso mesmo intensa e forte como deve ser. Um filme imenso, gigante, que crava fundo na gente feito faca afiada afundando em nosso peito.
“Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos”. Tudo é inverno. As plantas não germinam, as abelhas não dão mais mel, e nem as vacas leite. Um silêncio profundo. Uma espécie de fábula avassaladora e apocalíptica passada feito um sonho, um pesadelo instalado numa aldeia, numa localidade rural. Muitos são os símbolos q dizem mais do q significam. “A estrada é caos”. Qual a saída? Um rito cheio de ressonâncias. Um filme onde o q vale mesmo é a imagem em si, o q não se conta por inteiro, o q se esconde, se emaranha nas frestas das personagens e suas ações.
Um prédio. Um áudio livro: três histórias emaranhadas por uma carona. “Ela pendurou os sonhos no vento/Aqui nós estremecemos/Venha mundo, seja uma carta/ não uma vida/Mas arranhões de uma vida”. A incompatibilidade entre o q se quer, o q se deseja e o q esperam q a gente faça. Um duelo real e ficcional entre o eu e o mundo, entre as falhas, as brechas, o não dito, o inaudito e mesmo o absurdo da vida q ressoam avassaladoramente de modo distintos em cada um. A vida não é limpa nem higiênica. A vida é estranha e insuportável.
Leste e oeste europeus. Trânsito de pessoas, valores morais, ausência de valores. A vida como desagregação e crueza. Muito frio. Intensamente frio. O desajustamento entre mundos possíveis e a dureza suja e fria da realidade. Exasperante. A felicidade é um erro, um engano, uma ilusão. Apenas a dor e a merda. Vida e morte nem sempre são opostos. Fede a mijo, a decomposição. Uma porrada no crânio. Contundente feito um soco. Duro e áspero feito a vida.
Uma espécie de odisseia suja e apocalíptica pelas ruas de londres, pelas almas sem rumo q se encontram no caminho. No princípio era o verbo e o verbo foi cancelado. Deus não veio e se viesse não faria diferença alguma. Tudo vai mal garotos, muito mal. Fim de feira. Fim de festa. Perambulações, errâncias. Um sincero humanismo e o absurdo. Vazio existencial e esgoto. Apenas um macaco insolente. Todo esse sarcasmo, meu deus, todo esse sarcasmo e essa ironia e esses diálogos e essa dor e esse vazio e esse nada. Nenhuma perspectiva. Nenhuma esperança, nenhuma salvação, nenhum sentido para isto q se chama vida.
A ilha urbana e deserta. Uma moça q dorme escondida dentro do seu armário envolta em plástico bolha. A ilha deserta de cada de um de nós. Solidão, encontro, isolamento. Que a vida pudesse ser um 1/6 mais leve. Entre o cômico e o trágico uma reflexão sobre a modernidade, sobre as cidades e a existência solitária. Internet e quarto:ilha deserta. Empréstimo. Entre o socorro e o olá. Noodles de feijão e esperança. Uma forma lírica de pensar a vida de cada um de nós através da estranheza e semelhança entre nós e os personagens
A solidão é o grande tema que irrompe nestas histórias q ao mesmo tempo se aproximam e se distanciam. Uma mescla de drama e comédia na medida certa q não cai no convencional ou no piegas, antes apostando na melancolia de alguns personagens comuns e tremendamente humanos. A solidão de um homem numa cadeira de rodas. A solidão do astronauta no espaço. A solidão de um enfermeira num plantão noturno. A solidão de uma velha atriz. A solidão de uma mãe com o filho preso. A solidão de um garoto num apartamento. Pequenos encontros inesperados que de algum modo transformam o vazio e a falta de afeto num pequeno oásis em meio a incomunicabilidade dos nossos dias.
Um filme divertidíssimo. Cômico, cativante, crítico e criativo. Um filme baseado. Um verde alucinógeno. E um duende claro. O cotidiano de uma família comum. Não há diálogos apenas interjeições e grunhidos. O pai q trabalha num matadouro e é infiel. A loira fatal. A mãe q trabalha como caixa num supermercado. A repetição mecânica rotineira dos movimentos. O filho vegetariano, anarquista e maconheiro. A filha q não curte muito a escola. Tudo muito bem temperado pela trilha sonora, pelos gestos desastrados, pelo “drama”. Um filme cheio de humor e de vida. Uma pequena pérola de diversão e pensamento.
O desamor. A incomunicabilidade. A falta de todo tipo de afeto. Apenas um calor dos diabos. Dias de cão é um filme sobre a falta, a ausência de alma, de espírito, de beleza q permeia a vida monótona, vazia, seca, áspera e depressiva de variados tipos humanos. São quadros, são vidas q perecem sob o sol. A crueldade é o grande lance. A violência e o corpo. Um corpo envelhecido pq fruto da podridão de uma não vida. Uma atrofia do espírito. Um imenso vazio visto microscopicamente em cada fatia mostrada e lido macroscopicamente como ácida crítica ao “modus vivendi” austríaco e por consequência europeu. Apenas nós mesmos. Um imenso painel do quanto conseguimos chegar ao tédio, ao nojo com tudo aquilo q pensamos ter feito de nossas vidas.
Desencanto, desilusão, uma aura de tristeza e fundo tédio. Um mundo entulhado de luzes, de jogos eletrônicos, fliperamas, cinemas … um vazio superpovoado por solidão. O descentramento e a perda de todo sentido. Nenhuma busca q valha a pena. A vida sem a vida. A grande cidade é a metáfora perfeita da ausência de afetos, da incomunicabilidade, do distanciamento entre as pessoas. Um filme quase mudo. O flash de vidas q não mudam, q não se comunicam, q são alienadas em meio ao conglomerado dos grandes centros perfeitamente inúteis. Uma juventude sem rumo, sem destino atada ao instante das grandes luzes dos videogames. A existência perdida. O puro nada. Artificialismo. A negatividade do neon luz fria.
Um circo estranho. O universo inocente da fantasia infantil e sua total corrupção. Entre o trash e o sublime. Uma plena realidade poética no q esta tem de demoníaca.Segundo Rilke ” A beleza nada mais é do q o primeiro grau do terrível. E pode-se dizer q o q vemos na tela é terrível, é forte, é avassalador. Nos atrai e nos fascina pelo elemento aterrador, pelo jogo de um surrealismo sujo e bastardo entranhando uma cópula perturbadora. Uma “doce” subversão do sangue. Sob certo prisma lembrou-me aliás “Santa Sangre” de Jodorowsky quanto ao incômodo e ao onírico aliado ao espaço circense q no presente caso funciona como contraponto aos tormentos pelo qual somos aliciados ao observamos de dentro do estojo musical um mundo q se corrompe na mais crua aversão a qualquer tipo de valor humano. Um filme q dói q quebra a coluna da alma em pedaços.
tão belo como um comercial de coca-cola. há algo do cinemão americano no q este tem de situações limite q tendem hora ao caricato, ora ao drama revelador das comezinhas ações humanas no q estas tem de podre, sujo e vil. trata-se duma comédia de humor negro pode-se assim dizer e pode-se dizer tbm q é divertido ver isto associado a uma ação entre trágica e cômica. desde a cena inicial somos lançados dentro do bar junto a seus frequentadores mais habituais como o mendigo, o ex- policial, a dona do estabelecimento e tbm aos q por um motivo ou outro entraram no bar. no momento final parece q vemos um outro filme dada a mudança da proposição narrativa q agora busca uma perquirição mais acurada da doce e meiga e pq não fétida e egoísta alma humana ao modo de um esgoto digamos assim. o filme é interessante e vale a pena ser visto.
A solidão parece ser o fato inexorável da vida humana. Uma dança onde quase se toca o outro, a vida do outro tão próxima e distante da gente. Tão incomunicável, tão cinza e ao mesmo tempo cheia de plena poesia. Quatro vidas, pequenos fragmentos do distanciamento, do afeto esquecido numa gaveta qualquer do cérebro ou do coração q se vai por entre aquilo q não se pode dizer de todo, q não se revela q antes se ilumina. Pequena centelha dos desencontros cotidianos. Comum e comovente. Flores de plástico não precisam de água nem de afeto, mas seres humanos sim.
“Nosso planeta a Terra, planeta azul, nasceu há 4,6 bilhões de anos. E, dizem q daqui há 4,6 bilhões de anos não haverá mais vida na Terra.” Um pedaço pulsante de realidade. Ou da natureza do mal. Desejos escusos. Ao modo de “uma flor desabrochando”. Linear como uma bomba. O q é a alma senão um conjunto de vísceras. “A vida é dolorosa.” Entre a imensidão do universo as estrelas e os peixes: Cadeia alimentar. Baseado na realidade no q esta tem de surpreendente e cruel. Uma certa libido do horror.
Um tema de pendor borgiano ( não convêm dispensar a metafísica apesar de.) A angústia do infinito:o círculo. forma acabada de perfeição ou inferno permanente? Andar e andar e andar e outra e outra e outra vez andar sempre chegando ao mesmo ponto. nada além do mesmo ponto. nem começo nem fim: infinitamente. A estrada, as escadas: diferença e repetição. “Mutus nomen dedit cocit”. O tempo avariado: presentificação contínua do mesmo. Temporalidade circular. A volta do tempo sobre si mesmo. Dentro da história, estória outra história mesma espelhando-se.
” E todas as vidas que vivemos e todas as vidas a viver estão cheias de árvores e folhas cambiantes” Virgínia Woolf. Cores fortes e intensas. Um roman pornô. Pode ser lido assim: Ou se é uma puta ou se é uma virgem santa. Set de filmagem. A condição feminina. ( Todas as mulheres deveriam assistir e todos os homens tbm). E pode ser lido assim tbm: Representação dentro da representação. Eros e Tânatos. O lagarto preso na garrafa. Borboletas. A falsa liberdade do corpo. Entre o prazer e a dor. Dominação e submissão. Há algo de forte e intensa poesia no uso das cores, das metáforas, dos símbolos. “Você é uma triste puta púrpura com imortais olhos de cristal”. ou “Eu pego a liberdade que me limita jogo na privada e dou descarga” . Cru e lírico. Avassalador. E tbm: Um realismo delirante q beira um pesadelo em tons surrealistas no q este tem de desconcertante.
As alegrias e tristezas. O ciclo das estações. O ir e vir de fragmentos da vida comum captados com extrema e exímia sensibilidade. Um filme intimista voltado ao recorte de um ano na vida de um simpático casal e seus amigos e parentes. Os encontros, a solidão, a morte, o amor. Tudo pincelado com delicadeza numa sóbria configuração harmônica onde sente-se a própria vida vicejando inteiramente em sua grandeza e em sua miséria. Pessoas comuns, nenhuma grande reviravolta, sem efeitos especias. Apenas a vida no q esta tem de belo e comovente. Um retrato sensível do tempo q fluí inexorável e carrega consigo dores, frustrações e tbm a felicidade.
Civilização e barbárie. Vidas q se tocam e dispersam. Quanta dor é necessária para se alcançar a felicidade? Talvez infinita. Pequenos dramas pessoais q revelam aquilo q a face da culta e rica europa esconde: Imigração ilegal, escravos sexuais, guerras, feridas e desencontros. Uma orquestra polifônica feito uma ferida exposta. Na multiplicidade das narrativas q ora se aproximam, ora se distanciam temos um painel onde se aprofundam em grande angular e em silêncio, a frieza sóbria de um ambiente hostil. Afinal, quem se importa com o drama e a dor pessoal mesmo quando esta chega a superfície de nossa consciência como um soco coletivo.
A vida é uma estrada, garotos, e como toda estrada ela tem um fim. Os cactos, o jabuti, a festa de aniversário, o cigarro, as conversas… pequenos fatos da vida q se vai como tudo o mais. Lucky, é um homem velho q toma consciência de q nada permanece. Ao modo de um blues, do som da gaita q cala fundo acompanhamos esta pequena odisseia humana no q ela tem de grande e miserável. Uma metafísica afeita ao realismo e a uma profunda sensibilidade das coisas. Profundamente humano. Não há transcendência alguma além do vazio e da morte. Pode-se dizer q toda beleza reside na transitoriedade de tudo e de todos, neste movimento em desalinho, na dissonância de um mundo q se finda por inteiro e completamente. “Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, /Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.” Fernando Pessoa.
“A capacidade de judiar dos mais fracos. A capacidade de esquecer as coisas ruins.” A dor é tão boa feito uma aula, melhor do que toda educação e mais fértil que qualquer outro sentimento. O que podes confessar entre A e B? Uma aula excepcional e o sangue. “A vida é importante?” “Eu como sua professora vou corrigí-lo.” O barulho de algo importante desaparecendo. “Todo homem mata as coisas que ama” Oscar Wilde.
O Desterro
3.9 25Uma profunda beleza inquietante que perpassa as paisagens exteriores como pleno e profundo reflexo das paisagens interiores das personagens. O externo diz muito do modo como se conduz a narrativa que operando por elipses aprofunda-se no drama, na dúvida, nas inquietações provocadas por uma gravidez fora do casamento. Um filme estético e moral. O q deve-se fazer diante da revelação de uma traição? E em que consiste de fato essa traição? Homem e mulher, seus papéis, suas dores, suas dúvidas. Quais os sentidos dos laços familiares e mais dos laços humanos e do destino que as coisas tomam no fundo mistério que é a existência. Filme lento e preciso, cheio de silêncios e reflexões, além de uma vasta gama de símbolos.
Lobo
3.9 21A eterna repetição metaforizada pelo rodopiar de um pião: a falta de amor, o desamor, a incomunicabilidade, o vazio e a solidão. O porco espinho: afastamento e ausência. Uma busca por amor que encontra apenas o nada e o puro desprezo. Duas solidões? Desencontros. Um mundo frio e fechado onde o afeto é apenas uma forca contundente. Uma corrida onde não se chega, onde não se alcança. A vida como uma recusa de todo carinho, de todo encontro possível. Áspero e pesado feito um soco. Não preciso de porco espinho.
Holy Motors
3.9 651 Assista AgoraDentro de um filme outros filmes ainda. Espelho multiplicado. Realidades fraturadas. Rasuras. Mistura. Vidas. Metalinguagem. Onde começa o real? Qual filme vemos? O q vc crê ser um fio condutor. Os labirintos do real. Apenas a beleza do ato. Monsieur Oscar circula, transita e se transfigura. Tudo é um jogo. Uma velhinha pedinte, um assassino brutal, um amante nostálgico, um pai melancólico… Paris é mais do q uma fresta. Brechas de múltiplos sentidos. Qual papel vc desempenha? Apenas mergulhe e troque de peças. Reviva.
O Estudante
3.5 51O perigo da fé transformada em fanatismo. O dogma e a acusação. Um embate entre a racionalidade e a mais pura forma de domínio via medo. Um modo crítico de se entender, de se ler e refletir sobre o mundo contemporâneo e a periculosidade de toda forma discursiva que se arroga como “verdade”. O fanatismo como uma espécie de fascismo, de mergulho no obscuro e naquilo q há de pior em cada um de nós.
Danação
4.1 51“Há esperança, mas não para nós” Kafka. Tudo é desesperança e vazio. Um vazio imenso, brutal e desolador. Cada imagem corta contundentemente feito adaga, fere profundamente ao modo de uma áspera e infinita chuva. Lama e dança e tristeza. Nada resultará em algo bom. Nenhuma palavra mais em meio ao desespero de uma partida perdida. A vida é apenas desesperança e desolação infinita e isso é tudo. Aqui a beleza é crua e dura e talvez por isso mesmo intensa e forte como deve ser. Um filme imenso, gigante, que crava fundo na gente feito faca afiada afundando em nosso peito.
A Quinta Estação
3.8 16“Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos”. Tudo é inverno. As plantas não germinam, as abelhas não dão mais mel, e nem as vacas leite. Um silêncio profundo. Uma espécie de fábula avassaladora e apocalíptica passada feito um sonho, um pesadelo instalado numa aldeia, numa localidade rural. Muitos são os símbolos q dizem mais do q significam. “A estrada é caos”. Qual a saída? Um rito cheio de ressonâncias. Um filme onde o q vale mesmo é a imagem em si, o q não se conta por inteiro, o q se esconde, se emaranha nas frestas das personagens e suas ações.
Eu Pertenço
3.6 9Um prédio. Um áudio livro: três histórias emaranhadas por uma carona. “Ela pendurou os sonhos no vento/Aqui nós estremecemos/Venha mundo, seja uma carta/ não uma vida/Mas arranhões de uma vida”. A incompatibilidade entre o q se quer, o q se deseja e o q esperam q a gente faça. Um duelo real e ficcional entre o eu e o mundo, entre as falhas, as brechas, o não dito, o inaudito e mesmo o absurdo da vida q ressoam avassaladoramente de modo distintos em cada um. A vida não é limpa nem higiênica. A vida é estranha e insuportável.
Importar Exportar
3.8 19 Assista AgoraLeste e oeste europeus. Trânsito de pessoas, valores morais, ausência de valores. A vida como desagregação e crueza. Muito frio. Intensamente frio. O desajustamento entre mundos possíveis e a dureza suja e fria da realidade. Exasperante. A felicidade é um erro, um engano, uma ilusão. Apenas a dor e a merda. Vida e morte nem sempre são opostos. Fede a mijo, a decomposição. Uma porrada no crânio. Contundente feito um soco. Duro e áspero feito a vida.
Nu
4.0 126Uma espécie de odisseia suja e apocalíptica pelas ruas de londres, pelas almas sem rumo q se encontram no caminho. No princípio era o verbo e o verbo foi cancelado. Deus não veio e se viesse não faria diferença alguma. Tudo vai mal garotos, muito mal. Fim de feira. Fim de festa. Perambulações, errâncias. Um sincero humanismo e o absurdo. Vazio existencial e esgoto. Apenas um macaco insolente. Todo esse sarcasmo, meu deus, todo esse sarcasmo e essa ironia e esses diálogos e essa dor e esse vazio e esse nada. Nenhuma perspectiva. Nenhuma esperança, nenhuma salvação, nenhum sentido para isto q se chama vida.
Náufrago da Lua
4.3 89A ilha urbana e deserta. Uma moça q dorme escondida dentro do seu armário envolta em plástico bolha. A ilha deserta de cada de um de nós. Solidão, encontro, isolamento. Que a vida pudesse ser um 1/6 mais leve. Entre o cômico e o trágico uma reflexão sobre a modernidade, sobre as cidades e a existência solitária. Internet e quarto:ilha deserta. Empréstimo. Entre o socorro e o olá. Noodles de feijão e esperança. Uma forma lírica de pensar a vida de cada um de nós através da estranheza e semelhança entre nós e os personagens
Fique Comigo
3.8 58 Assista AgoraA solidão é o grande tema que irrompe nestas histórias q ao mesmo tempo se aproximam e se distanciam. Uma mescla de drama e comédia na medida certa q não cai no convencional ou no piegas, antes apostando na melancolia de alguns personagens comuns e tremendamente humanos. A solidão de um homem numa cadeira de rodas. A solidão do astronauta no espaço. A solidão de um enfermeira num plantão noturno. A solidão de uma velha atriz. A solidão de uma mãe com o filho preso. A solidão de um garoto num apartamento. Pequenos encontros inesperados que de algum modo transformam o vazio e a falta de afeto num pequeno oásis em meio a incomunicabilidade dos nossos dias.
Skrítek
4.0 8Um filme divertidíssimo. Cômico, cativante, crítico e criativo. Um filme baseado. Um verde alucinógeno. E um duende claro. O cotidiano de uma família comum. Não há diálogos apenas interjeições e grunhidos. O pai q trabalha num matadouro e é infiel. A loira fatal. A mãe q trabalha como caixa num supermercado. A repetição mecânica rotineira dos movimentos. O filho vegetariano, anarquista e maconheiro. A filha q não curte muito a escola. Tudo muito bem temperado pela trilha sonora, pelos gestos desastrados, pelo “drama”. Um filme cheio de humor e de vida. Uma pequena pérola de diversão e pensamento.
Dias de Cão
3.4 21O desamor. A incomunicabilidade. A falta de todo tipo de afeto. Apenas um calor dos diabos. Dias de cão é um filme sobre a falta, a ausência de alma, de espírito, de beleza q permeia a vida monótona, vazia, seca, áspera e depressiva de variados tipos humanos. São quadros, são vidas q perecem sob o sol. A crueldade é o grande lance. A violência e o corpo. Um corpo envelhecido pq fruto da podridão de uma não vida. Uma atrofia do espírito. Um imenso vazio visto microscopicamente em cada fatia mostrada e lido macroscopicamente como ácida crítica ao “modus vivendi” austríaco e por consequência europeu. Apenas nós mesmos. Um imenso painel do quanto conseguimos chegar ao tédio, ao nojo com tudo aquilo q pensamos ter feito de nossas vidas.
Rebeldes do Deus Neón
4.0 44Desencanto, desilusão, uma aura de tristeza e fundo tédio. Um mundo entulhado de luzes, de jogos eletrônicos, fliperamas, cinemas … um vazio superpovoado por solidão. O descentramento e a perda de todo sentido. Nenhuma busca q valha a pena. A vida sem a vida. A grande cidade é a metáfora perfeita da ausência de afetos, da incomunicabilidade, do distanciamento entre as pessoas. Um filme quase mudo. O flash de vidas q não mudam, q não se comunicam, q são alienadas em meio ao conglomerado dos grandes centros perfeitamente inúteis. Uma juventude sem rumo, sem destino atada ao instante das grandes luzes dos videogames. A existência perdida. O puro nada. Artificialismo. A negatividade do neon luz fria.
Strange Circus
3.8 74Um circo estranho. O universo inocente da fantasia infantil e sua total corrupção. Entre o trash e o sublime. Uma plena realidade poética no q esta tem de demoníaca.Segundo Rilke ” A beleza nada mais é do q o primeiro grau do terrível. E pode-se dizer q o q vemos na tela é terrível, é forte, é avassalador. Nos atrai e nos fascina pelo elemento aterrador, pelo jogo de um surrealismo sujo e bastardo entranhando uma cópula perturbadora. Uma “doce” subversão do sangue. Sob certo prisma lembrou-me aliás “Santa Sangre” de Jodorowsky quanto ao incômodo e ao onírico aliado ao espaço circense q no presente caso funciona como contraponto aos tormentos pelo qual somos aliciados ao observamos de dentro do estojo musical um mundo q se corrompe na mais crua aversão a qualquer tipo de valor humano. Um filme q dói q quebra a coluna da alma em pedaços.
O Bar
3.2 569tão belo como um comercial de coca-cola. há algo do cinemão americano no q este tem de situações limite q tendem hora ao caricato, ora ao drama revelador das comezinhas ações humanas no q estas tem de podre, sujo e vil. trata-se duma comédia de humor negro pode-se assim dizer e pode-se dizer tbm q é divertido ver isto associado a uma ação entre trágica e cômica. desde a cena inicial somos lançados dentro do bar junto a seus frequentadores mais habituais como o mendigo, o ex- policial, a dona do estabelecimento e tbm aos q por um motivo ou outro entraram no bar. no momento final parece q vemos um outro filme dada a mudança da proposição narrativa q agora busca uma perquirição mais acurada da doce e meiga e pq não fétida e egoísta alma humana ao modo de um esgoto digamos assim. o filme é interessante e vale a pena ser visto.
Continental, un film sans fusil
3.2 3A solidão parece ser o fato inexorável da vida humana. Uma dança onde quase se toca o outro, a vida do outro tão próxima e distante da gente. Tão incomunicável, tão cinza e ao mesmo tempo cheia de plena poesia. Quatro vidas, pequenos fragmentos do distanciamento, do afeto esquecido numa gaveta qualquer do cérebro ou do coração q se vai por entre aquilo q não se pode dizer de todo, q não se revela q antes se ilumina. Pequena centelha dos desencontros cotidianos. Comum e comovente. Flores de plástico não precisam de água nem de afeto, mas seres humanos sim.
Cold Fish
3.8 115“Nosso planeta a Terra, planeta azul, nasceu há 4,6 bilhões de anos. E, dizem q daqui há 4,6 bilhões de anos não haverá mais vida na Terra.” Um pedaço pulsante de realidade. Ou da natureza do mal. Desejos escusos. Ao modo de “uma flor desabrochando”. Linear como uma bomba. O q é a alma senão um conjunto de vísceras. “A vida é dolorosa.” Entre a imensidão do universo as estrelas e os peixes: Cadeia alimentar. Baseado na realidade no q esta tem de surpreendente e cruel. Uma certa libido do horror.
O Incidente
3.5 164Um tema de pendor borgiano ( não convêm dispensar a metafísica apesar de.) A angústia do infinito:o círculo. forma acabada de perfeição ou inferno permanente? Andar e andar e andar e outra e outra e outra vez andar sempre chegando ao mesmo ponto. nada além do mesmo ponto. nem começo nem fim: infinitamente. A estrada, as escadas: diferença e repetição. “Mutus nomen dedit cocit”. O tempo avariado: presentificação contínua do mesmo. Temporalidade circular. A volta do tempo sobre si mesmo. Dentro da história, estória outra história mesma espelhando-se.
Anti-Porno
3.4 60 Assista Agora” E todas as vidas que vivemos e todas as vidas a viver estão cheias de árvores e folhas cambiantes” Virgínia Woolf. Cores fortes e intensas. Um roman pornô. Pode ser lido assim: Ou se é uma puta ou se é uma virgem santa. Set de filmagem. A condição feminina. ( Todas as mulheres deveriam assistir e todos os homens tbm). E pode ser lido assim tbm: Representação dentro da representação. Eros e Tânatos. O lagarto preso na garrafa. Borboletas. A falsa liberdade do corpo. Entre o prazer e a dor. Dominação e submissão. Há algo de forte e intensa poesia no uso das cores, das metáforas, dos símbolos. “Você é uma triste puta púrpura com imortais olhos de cristal”. ou “Eu pego a liberdade que me limita jogo na privada e dou descarga” . Cru e lírico. Avassalador. E tbm: Um realismo delirante q beira um pesadelo em tons surrealistas no q este tem de desconcertante.
Mais um Ano
3.8 85As alegrias e tristezas. O ciclo das estações. O ir e vir de fragmentos da vida comum captados com extrema e exímia sensibilidade. Um filme intimista voltado ao recorte de um ano na vida de um simpático casal e seus amigos e parentes. Os encontros, a solidão, a morte, o amor. Tudo pincelado com delicadeza numa sóbria configuração harmônica onde sente-se a própria vida vicejando inteiramente em sua grandeza e em sua miséria. Pessoas comuns, nenhuma grande reviravolta, sem efeitos especias. Apenas a vida no q esta tem de belo e comovente. Um retrato sensível do tempo q fluí inexorável e carrega consigo dores, frustrações e tbm a felicidade.
A Suíte Paraíso
3.9 22Civilização e barbárie. Vidas q se tocam e dispersam. Quanta dor é necessária para se alcançar a felicidade? Talvez infinita. Pequenos dramas pessoais q revelam aquilo q a face da culta e rica europa esconde: Imigração ilegal, escravos sexuais, guerras, feridas e desencontros. Uma orquestra polifônica feito uma ferida exposta. Na multiplicidade das narrativas q ora se aproximam, ora se distanciam temos um painel onde se aprofundam em grande angular e em silêncio, a frieza sóbria de um ambiente hostil. Afinal, quem se importa com o drama e a dor pessoal mesmo quando esta chega a superfície de nossa consciência como um soco coletivo.
Lucky
4.1 193 Assista AgoraA vida é uma estrada, garotos, e como toda estrada ela tem um fim. Os cactos, o jabuti, a festa de aniversário, o cigarro, as conversas… pequenos fatos da vida q se vai como tudo o mais. Lucky, é um homem velho q toma consciência de q nada permanece. Ao modo de um blues, do som da gaita q cala fundo acompanhamos esta pequena odisseia humana no q ela tem de grande e miserável. Uma metafísica afeita ao realismo e a uma profunda sensibilidade das coisas. Profundamente humano. Não há transcendência alguma além do vazio e da morte. Pode-se dizer q toda beleza reside na transitoriedade de tudo e de todos, neste movimento em desalinho, na dissonância de um mundo q se finda por inteiro e completamente. “Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, /Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.” Fernando Pessoa.
Confissões
4.2 855“A capacidade de judiar dos mais fracos. A capacidade de esquecer as coisas ruins.” A dor é tão boa feito uma aula, melhor do que toda educação e mais fértil que qualquer outro sentimento. O que podes confessar entre A e B? Uma aula excepcional e o sangue. “A vida é importante?” “Eu como sua professora vou corrigí-lo.” O barulho de algo importante desaparecendo. “Todo homem mata as coisas que ama” Oscar Wilde.