A mais nova superprodução de Martin Scorsese revela as faces do colonialismo europeu através da igreja, barrada no Japão no século XVII. Em quase três horas de filme, o aclamado diretor estadunidense detalha com riqueza o episódio em que um padre português é detido e torturado pelas forças japonesas a fim desacreditar sua fé cristã e a dos seus seguidores nipônicos. Se não fosse a megalomania de Scorsese, Silêncio causaria um impacto muito maior. Desnecessariamente arrastado e maçante, o filme literalmente cansa por não apresentar um resultado que o justifique. Silêncio seria muito melhor digerido caso fosse direcionado para um formato de mini-série televisiva. Neste conjunto de imagens e sons espetaculares, somos levados a crer que, na visão dos roteiristas, a percepção clássica e deturpada de mocinhos e bandidos ainda predomina em Hollywood.
Sendo um filme de baixo custo (facilmente observado pela produção que e quase toda em externas e com efeitos visuais capengas), se todo o dinheiro tiver sido para o cachê de Halle Berry, mais do que valeu a pena. O Sequestro é o palco para mostrar toda a intensidade dramática de Berry, que nos convence e contamina com sua capacidade de reagir com seu olhar e gestos todo o amor, angústia e fúria maternas desde o primeiro instante que seu filho é sequestrado. O público é levado a máximo de tensão sempre que a protagonista se expõe aos limites de sobrevivência na jornada em busca de seu filho. Thriller contagiante e com uma edição pertinente que reduz e acelera as cenas, pondo sob controle os picos de tensão, dando o alívio necessário para expectador se recompor entre as sequencias. Muito bom divertimento.
Filme que explora bastante a singularidade única da intérprete Elis Regina nos palcos, shows e festivais, mas que esquece o ingrediente psicológico, neste caso, essencial. Revivida incrivelmente pela atriz Andreia Horta que se transformou num clone da diva da MPB, Elis é um tributo lírico a estrela, reafirmando sua grandeza como profissional, mas esquecendo de debater suas instabilidades, vícios e surtos emocionais que por vim viriam a dominá-la. Esse vácuo relata uma superficialidade em enfrentar o assunto, seja por excesso de respeito a figura icônica ou por não querer macular o filme com uma Elis Regina mais humana e menos endeusada. Coberto e recheado com as melhores canções da Cantora de início ao film, fica impossível não simpatizar com o trabalho dirigido por Hugo Prata e a fotografia estonteante. Apesar da qualidade da construção das imagens, após os créditos finais, o espectador ainda se pergunta quais os reais conflitos de Elis que a encaminharam para comportamentos de risco e sua partida prematura, quando os seus desafios eram, aparentemente, os mesmo enfrentados pelos artísticas de sua geração. Para uma radiografia mais genuína sobre um dos nossos maiores ícones, faltou coragem em preencher lacunas e esclarecer as circunstancias de maior densidade que permeiam, de formas diversas, a alma de cada um de nós.
O cinema está repleto de filmes que recontam as histórias de perseguições contra os agentes dos grandes furos jornalísticos envolvendo grandes denúncias, ou seja, os próprios jornalistas. Conspiração e Poder não foge a regra dos ditames recorrentes de construção narrativa para criar o suspense e a tensão de um caso extremamente relevante para a política norte-americana. Entretanto o episódio detalhado no filme, mesmo que bem dirigido e com uma excelente fotografia, é apenas mais um neste universo de tantos outros mais interessantes. Pode-se dizer até que um caso genérico, entre milhares, em que o embate entre as forças mediáticas que formam a opinião pública e a máquina estatal travam uma quebra de braço que se flexibiliza de acordo com os interesses mútuos. O filme tem como cartada principal Cate Blanchet. A atriz britanica mais do que convence como Mary Mapes, profissional do canal CBS, vítima da fúria do governo de George Busch. Seu calvário começou após revelar uma possível, em plena corrida de eleição para a Casa Branca, a estratégia burocrática e ilegal considerada como deserção de Busch no período da guerra do Vietnã. Daquele em momento em diante a vida da profissional e de seus associados serão viradas de cabeça para baixo. História bem contada, mas longe de ser arrebatadora.
O que falar dessa produção feita para tv ? Tão ruim que chega a ser risível. O pior é que ela tenta se levar a sério o que faz parecer ainda mais ridícula. Tudo bem que é um projeto de baixo orçamento... mas um mínimo de acabamento melhor no roteiro e um diretor com uma equipe menos amadora seria o mais sensato.
Diva da Era de Ouro de Hollywood na década de 30, Mae West foi uma das rainhas no período da depressão econômica americana numa época em que o código de censura instituído pelos estúdios ainda não tinha entrado em pleno vigor. Suas comédias escapistas tinham como chamariz o despojamento, a erotização dos diálogos com duplo sentido e muita malícia no olhar. West escrevia os próprios diálogos de seus filmes, tendo controle sob determinados aspectos das produções. Suas personagens seguiam um esteriótipo da mulher liberal, de forte inclinação poligâmica, comprometida basicamente com seu contentamento financeiro e sexual. O retrato da predadora, de bom coração, no comando de suas vontades frente a objetificação pelo sexo masculino. Desfilando nas telas com uma desenvoltura libertina e um charme deliciosamente vulgar que lhe é próprio, Mae West contracena com Cary Grant em Uma Loira Para Três. Embora o título sugira uma mulher apenas para três, a disputa aqui se dá com praticamente todo o elenco masculino levando em consideração o fascínio que ela exerce sobre o respectivo gênero. Destaque para Louise Beavers uma das grandes atrizes do cinema, reduzida a papeis de subserviência e pouca expressividade pelo fato de ser negra.
No último ano de sobrevivência do regime soviético, o controle da censura já não era o mesmo. Não se mova, Morra, Ressuscite prova que o moribundo sistema comunista implantado por Lenin em 1917, já não se importava com as críticas óbvias que acabaram por dar fim a utopia de um sistema político/econômico realmente igualitário. O filme foi rodado em 1990 e a dissolução da URSS em 1991. O cenário é a longínqua Sibéria, lar dos campos de prisioneiros mais severos do mundo, e da comunidade esquecida de Shuzan. Nascida pela exploração de minério, homens livres e exilados interagem. Nesta última fronteira é onde a pobreza obriga os moradores a se contentarem com uma quantidade regrada de 'ração' fornecida pelo governo. A falta de oportunidades invariavelmente leva a comunidade a pratica do comercio informal, da prostituição e dos pequenos delitos. Neste ambiente desagregado, desolado e indiferente, a resistência aos infortúnios é aprendida logo cedo. É através do olhar das crianças Valerka e Gaia que testemunhamos a cumplicidade mais pura das amizades que se pode ter em um ambiente hostil às demonstrações de afeto. Rodado em tom quase documental num estilo semelhante a estética neorealista italiana (ênfase nas locações externas, uso da luz natural, atores não profissionais), o filme de Vitaly Kanesky tem a capacidade de imergir o público no ambiente decadente e escasso de recursos que penalizam os súditos do socialismo totalitário. A fotografia de uma qualidade rara, trabalha com muitos planos abertos em cenas externas, molduram a geografia inóspita que se contrapõe ao mesmo tempo que se alia aos rostos sofridos de seus habitantes. Filme de uma robustez singular que ensinar a narrar com grande verdade um conjunto de tragédias que podem ocorrer em qualquer grupo humano desamparado.
No final dos anos oitenta o engajamento político para a conscientização da necessidade do fim da descriminação social e sexual dos negros e gays nos Estados Unidos tomava um corpo ainda maior pelo agravamento da epidemia da Aids. A afirmação, pela massa ignorante, que a doença trazida pelos gays era um dos indícios do apocalipse aumentaram a pressão sobre aqueles que, previamente, já eram hostilizados. Ser negro e, ao mesmo tempo, gostar de relacionar-se sexualmente com pessoas do mesmo sexo agregou a essa parcela da população o papel de bode expiatório em primeiro grau. Inundando o espectador com argumentos esclarecedores sobre a desvalorização dos negros gays americanos - muitas vezes partindo de figuras de referência midiática negras, o documentarista enriquece o trabalho utilizando depoimentos, sketches, imagens de arquivo de noticiários, de programas televisivos e filmes, de trechos de músicas e de passagens literárias. Línguas Desatadas usa métodos diversos para exemplificar, denunciar e chamar a razão para um debate que quase trinta anos depois mantém-se atual. A manutenção no que tange a índole humana de criar uma escala de valores de acordo com o gênero, a raça e a classe social permanece mais presente do que nunca. Nesta colcha de retalhos da amostragem de opressão, Marlon Riggs racionaliza, literalmente, em "RAP' e prosa, um pensamento resiliente a dominação e que se nega a se responsabilizar pelo caos de um mundo que prefere a violência moral e, frequentemente, física a tolerância pela diversidade e suas liberdades de escolha.
Um 'road movie' de autoconhecimento. A tragédia leva a reflexão e muitas vezes a necessidade de expiação. É o que mais pede no presente momento a vida do escritor Jorgen, deposto no trabalho e na fracassada vida pessoal. Quando sua filha preferida desaparece numa viagem à Namíbia, o caos se instala em sua vida e o mesmo parte para a África a sua procura. Tirza possui uma história interessante, caso não houvesse tantos desvios do foco narrativo, confundindo o espectador ao pulverizar a atenção em múltiplas situações e possibilidades. Essa desconcentração dá uma cadência desacelerada e arrasta o filme numa poética existencial fracionada e subjetiva. São perspectivas pertinentes, mas que em excesso cansam o espectador no final do quebra cabeças.
Moldada pelo método de interpretação criado por Stanislavisky, onde a força emotiva dos personagens deveria se derivar das experiencias pessoais do histórico de vida do ator , Alla Nazimova surgiu primeiro como uma maiores atrizes dos palcos no fim do século XIX e início do século XX. Reconhecida em sua época como a melhor intérprete das adaptações das peças de Ibsen, deixou a cena artística da Europa pelos palcos da Broadway. Antes de completar 40 anos (já no final dos anos de 1920), Nazimova já era considerada velha para os papeis que ainda almejava realizar. A perda do controle criativo que desejava e a escassez de personagens de seu interesse, fizeram-na sair de Nova Iorque e ir para a nova meca do cinema mundial: Hollywood. O primeiro estúdio se fixou em Hollywood em 1911 e o primeiro filme de Alla, War Brides foi feito em 1916, tornando-a, uma pioneira da indústria de entretenimento que ali se instalava. Alla Nazimova tinha uma participação lendária na agitação da vida social artística da recém criada cidade dos sonhos, realizando festas e dando recepções em sua casa, que ficou conhecida como o "Jardim de Alla". Amiga do mítico 'latin lover' Rudolpho Valentino e de sua esposa, a diretora de arte Natasha Rambova, a atriz ucraniana rapidamente estabeleceu contatos na Tinseltwon e fundou sua própria produtora. Embora tivesse trabalhado com o galã Valentino em A Dama das Camélias, foi em Salomé, tendo Rambova como diretora de arte, que Alla Nazimova deixou uma marca de forte composição visual na montagem de uma obra classica de Oscar Wilde baseada na histórica bíblica de Salomé. O filme apresenta uma narrativa muito mais independente e autoral dos que as produções desse período. A perspectiva vanguardista na composição estética do palácio de Herodes, dos figurinos e da cenografia se aliam ao texto de Wilde apresentando uma Salomé, que através de Nazimova, transparece uma indiferença mortal e uma energia maléfica raramente vista nas interpretações das vilãs durante o período do cinema silencioso. Sim, existe ainda a limitação das técnicas de construção de imagem, a câmera ainda tem um papel estático de uma cumplicidade imóvel sem muitas variedades de planos. É notório também uma forte contaminação da disposição teatral, acentuada pela necessidade de um gesticular mais contundente pela ausência de áudio. Essa característica fica visível nas interpretações com excesso de pantominas e antinaturalidade do elenco, praticamente regra nas atuações daquela época. Ótimo trabalho experimental e artístico onde o cinema ainda procurava sedimentar uma linguagem independente do teatro.
A primeira produção em que o experimentalismo e a noção de uma construção narrativa se aproximam através da criatividade de Émile Cohl. A criação de imagens com uso de traços que será resgatado novamente na década de setenta com a animação da linha. Primeiro desenho animado com cena 'live action'. Valor histórico indiscutível.
Em 1930 foi instituído um código normativo (Código Hays) para toda produção cinematográfica visando defender a moral e os bons costumes. As leis presentes neste dispositivo, porém, só exerceram sua força com toda severidade a partir de 1934 quando Hollywood viu-se obrigada a exercer a censura sobre o material que fornecia ás audiências sob pena de sofrer boicotes de âmbito nacional o que poria em risco a lucratividade dos estúdios.Todavia até 1934 a meca do cinema norte-americano floresceu com liberdade criativa e temática sem ter que lidar com as regras impostas por um grupo de censores religiosos ligados às principais igrejas. Produções como Ladrão Romântico fazem parte desta safra. Embora a princípio o filme tenha uma vertente escapista, ele não se reduz apenas a este proposito. Uma vez que os Estados Unidos encontrava-se afundado devido a Grande Depressão (iniciada com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e cujos efeitos se estenderam durante quase toda a década seguinte) e a película da Warner apresentasse a vida de luxos extravagantes da esposa de um barão austríaco era natural que a população afetada pelo pessimismo procurasse a fartura e não a escassez a que já estavam acostumados. Esse era o grande público que ia aos cinemas naquela época. Ladrão Romântico vai além desse alívio para a massa empobrecida e se apresenta como um dos melhores exemplos de filmes a serem futuramente banidos das salas de cinema, pelas novas leis a serem implementadas. Estrelado por Wiiliam Powell, pela lendária Kay Francis e dirigido pelo ex-ator alemão William Dieterle Ladrão Romântico, escancaradamente, expõe temas ultra tabus como adultério, uso de drogas e apologia ao crime de forma natural e sem qualquer polemização. A fotografia apresenta alguns momentos fabulosos como a quebra da quarta parede pela protagonista em uma cena significativa em que ela inclui, olhando para a câmera de forma hipnotizante, o espectador como cúmplice e único confidente de sua empreitada. Dentro do esquema hermético e fechado de estúdios, Ladrão Romântico se sobressai por sua ousadia na cadência narrativa e a fórmula de abordagem das questões sem exercer ditame julgador. Reflexo de uma elite cultural que desde os atribulados anos vinte e suas correntes de livre expressão artística (literatura, cinema, pintura, entre outras) ainda encontra-se sedenta por novas experiências e experimentos procurando brechas de ousadia, até mesmo, dentro da padronizada indústria de entretenimento comercial chamada Hollywood.
Senão exatamente na fotografia, O Poder da Sedução incorpora outros elementos vitais do ‘noir’ clássico: a ganância pelo dinheiro, a necessidade de um crime e a onipotência da ‘femme fatalle’. Na construção moderna deste subgênero do suspense policial que dominou os anos quarenta, o roteiro vai trançando um percurso sinuoso onde um leque de motivações, guiados pelos pecados capitais, vão se acumulando. A escalada do clímax é construída com maestria. O espectador é envolvido na trama de forma crescente não apenas pela direção e montagem, que condensam o filme da melhor forma sem perder o foco da história fixando-se em detalhes marginais, mas também graças a atuação da protagonista Linda Fiorentino que exala uma verdade irresistível no papel de uma criminosa sedutora no melhor estilo Kathleen Turner em Corpos Ardentes. Perceba que a câmera explora os detalhes mais sensuais da atriz, espelhando em sua composição visual, qualidades estéticas marcantes das divas da Era de Ouro do cinema holywoodiano como o penteado ‘peek’a’boo’ tipo Veronica Lake e a ênfase da voz rouca ‘a La’ Lauren Bacall.
Muita pretensão para um resultado pífio e desconexo. Liam Cunningham tem um presença forte em cena, mas seu talento é desperdiçado nesse suspense 'B' apelativo, sanguinário e sem charme algum. Fábula moral já explorada em outras produções e que tem como base a lenda bíblica do anjo exterminador.
Comédia mamão com mel da Globo filmes que tem como atração Marcus Majella. Carismático e com sua espontaneidade irresistível de sempre, Majella contracena com a ótima Ana Lúcia Torre que faz o papel de sua mãe. Nada além da proposta de entretenimento família.
Co-Produção americana tendo como tema o folclórico terror japonês em terras nipônicas. Apelativo, gratuito e mal roteirizado do começo ao fim, não há muito que se aproveitar aqui. Os personagens agem de forma instintivamente estúpida, artificializando as situações e ofertando ao espectador a previsibilidade dos possíveis sustos. Efeitos visuais interessantes, porém insuficientes para manter um padrão de razoabilidade à história. Narrativa abaixo da média.
Essa é a terceira vez que Power Rangers é levado a tela grande. Com um design ainda modesto, porém superior as adaptações realizadas em 1995 e 1997, os heróis coloridos recorrem mais as referências saudosistas dos fãs do que a um roteiro criativo e empolgante. Guardando as características dos filmes japoneses de baixo orçamento como Jaspion, Changeman, Cavaleiros do Zodíaco que foram inspiração na composição desta safra de defensores do planeta terra, o novo filme de 2017 não apresenta nenhum recurso que possa lhe dar maior destaque que o livrasse da mediocridade, ficando muitos degraus abaixo das produções das franquias cinematográficas da Marvel e DC Comics.
Filosoficamente O Afogamento tenta por em debate o valor da culpa diante da dicotomia entre a ação dolosa, satisfação e necessidade como instrumentos de distinção da mente criminosa . A narrativa trabalha com um diálogo de caráter subliminar nas construção dos conflitos e a natureza de uma possível relatividade das ações humanas. O jogo de manipulação entre os agentes se estabelece como a premissa para os embates de questões incertas entre médico e paciente numa relação pessoal, distorcida, pouco terapêutica e com um potencial grande de letalidade. O Afogamento exibe falhas em seu roteiro, marginalizando, deliberadamente, personagens que, a priori, parecia ter relevância contundente nas causas da história. O clímax, é por vezes, desconstruído dando a o espectador a impressão de um flme desacelerado e de pouco vigor. Essas incongruências danificam a leitura mais objetiva, mas não prejudica o entendimento do mote central desta tentativa pouco robusta de thriller psicológico.
Através do dispositivo da entrevista, Woody Allen e seus associados (atores, atrizes, empresária (irmã), técnicos), críticos de cinema (incluindo Martin Scorcesse) vão revisitando e pontuando o histórico de vida, surgimento, o estilo, os percalços e a evolução do cineasta novaiorquino ao longo de seus sessenta anos de carreira. O filme faz um recorte de grande parte de seus filmes mais importantes com cenas, bastidores e diversas imagens de arquivo de suas apresentações em programas de entrevistas e apresentações na tv. Documentário rodado no estilo tradicional e hermético, porém bastante esclarecedor.
Trabalhando com o humor 'nonsense', Tatá Werneck consegue ser 'quase' engraçada. E isso não é suficiente para salvar essa superprodução de comédia, recheada com estrelas globais, da mediocridade de apelo unicamente comercial. A melhor parte nem foi as 'gags' forçadas da atriz protagonista, mas as tiradas do roteiro que com humor fizeram uma análise superficial, porém bastante realista acerca das teias de relações. E só.
Produção tosca de baixíssimo orçamento e de padrão quase caseiro que acrescenta a filmografia dos filmes de suspense apenas a coragem em ter sido realizada sob essas condições. Um pessoal que acha que fazer filme é apenas 'uma idéia na cabeça e uma câmera na mão', porém não bem assim. Roteiro sem consistência e com interpretações idem. Do começo ao fim nada faz sentido e as contradições, coerência e debilidade narrativa é que imperam.
O medo vem de várias formas. Para Stephen King, autor e mestre das temáticas suspense/terror, desta vez, ele vem cruelmente travestido de palhaço. It - A Coisa é a Primeira adaptação para o cinema (em 1990 houve uma filmagem feita para tv em uma série de dois capítulos) do livro It... lançado em 1986. Com algumas cenas que são guturalmente assustadoras e violentas (há algo mais aterrorizante do que perseguir crianças ?), It... não chega a ser surpreendente, porém se eleva a média de filmes com essa temática que vem sendo lançados. Graças aos efeitos visuais bem utilizados, a fotografia sofisticada e ao teor psicológico e densamente sinistro do roteiro, que tenta despistar o expectador dos clichês mais manjados - embora eles eclodam por várias vezes, pode-se dizer que It - A Coisa é o melhor trabalho levado às telas de King nos últimos anos.
Ficção científica futurista simpática e bem roteirizada. O filme trabalha em cima dos efeitos psicológicos que o isolamento prolongado exerce sobre um ser com uma necessidade tão forte de socializar quanto o da raça humana. As fórmulas de sobrevivência, a capacidade de resistir a solidão e as atitudes impensadas e impulsivas vão sendo circunstanciadas na trama. Tratando-se de um filme comercial, protagonizado por Jennifer Lawrence e Chirs Pratt, Passageiros foca mais nas situações objetivas, alegóricas e superficiais, enveredando menos em esculpir uma leitura densa e profunda, preferindo se deter nas imagens de impacto visual e no drama de maior evidencia e de fácil solução narrativa. Embora possa gerar uma percepção de maior agilidade, Passageiros perde potência ao desenvolver um tema tão poderoso explicitando pouco da realidade, fantasiando com uma utopia romântica uma situação trágica.
Um dos piores filmes de Tom Cruise, senão o pior. O roteiro não poderia ser mais ingênuo e inverossímel. Desde os primórdios do cinema as múmias vem ressuscitando e criando o caos, mas desta vez bem que essa assombração demoníaca poderia ter permanecido no sarcófago. Uma colcha de clichês, efeitos visuais batidos, fotografia trivial e cenas de ação muito inferiores a que estamos acostumados com os filmes Cruise. Produtor de obras mais arrojadas, como a série Missão Impossível, o nível técnico de A Múmia esta abaixo da média em comparação a sua filmografia e acaba frustrando o espectador. Assistível, porém esquecível devido a sua mediocridade.
Silêncio
3.8 576A mais nova superprodução de Martin Scorsese revela as faces do colonialismo europeu através da igreja, barrada no Japão no século XVII. Em quase três horas de filme, o aclamado diretor estadunidense detalha com riqueza o episódio em que um padre português é detido e torturado pelas forças japonesas a fim desacreditar sua fé cristã e a dos seus seguidores nipônicos. Se não fosse a megalomania de Scorsese, Silêncio causaria um impacto muito maior. Desnecessariamente arrastado e maçante, o filme literalmente cansa por não apresentar um resultado que o justifique. Silêncio seria muito melhor digerido caso fosse direcionado para um formato de mini-série televisiva. Neste conjunto de imagens e sons espetaculares, somos levados a crer que, na visão dos roteiristas, a percepção clássica e deturpada de mocinhos e bandidos ainda predomina em Hollywood.
O Sequestro
3.2 295 Assista AgoraSendo um filme de baixo custo (facilmente observado pela produção que e quase toda em externas e com efeitos visuais capengas), se todo o dinheiro tiver sido para o cachê de Halle Berry, mais do que valeu a pena. O Sequestro é o palco para mostrar toda a intensidade dramática de Berry, que nos convence e contamina com sua capacidade de reagir com seu olhar e gestos todo o amor, angústia e fúria maternas desde o primeiro instante que seu filho é sequestrado. O público é levado a máximo de tensão sempre que a protagonista se expõe aos limites de sobrevivência na jornada em busca de seu filho. Thriller contagiante e com uma edição pertinente que reduz e acelera as cenas, pondo sob controle os picos de tensão, dando o alívio necessário para expectador se recompor entre as sequencias. Muito bom divertimento.
Elis
3.5 522 Assista AgoraFilme que explora bastante a singularidade única da intérprete Elis Regina nos palcos, shows e festivais, mas que esquece o ingrediente psicológico, neste caso, essencial. Revivida incrivelmente pela atriz Andreia Horta que se transformou num clone da diva da MPB, Elis é um tributo lírico a estrela, reafirmando sua grandeza como profissional, mas esquecendo de debater suas instabilidades, vícios e surtos emocionais que por vim viriam a dominá-la. Esse vácuo relata uma superficialidade em enfrentar o assunto, seja por excesso de respeito a figura icônica ou por não querer macular o filme com uma Elis Regina mais humana e menos endeusada. Coberto e recheado com as melhores canções da Cantora de início ao film, fica impossível não simpatizar com o trabalho dirigido por Hugo Prata e a fotografia estonteante. Apesar da qualidade da construção das imagens, após os créditos finais, o espectador ainda se pergunta quais os reais conflitos de Elis que a encaminharam para comportamentos de risco e sua partida prematura, quando os seus desafios eram, aparentemente, os mesmo enfrentados pelos artísticas de sua geração. Para uma radiografia mais genuína sobre um dos nossos maiores ícones, faltou coragem em preencher lacunas e esclarecer as circunstancias de maior densidade que permeiam, de formas diversas, a alma de cada um de nós.
Conspiração e Poder
3.7 108 Assista AgoraO cinema está repleto de filmes que recontam as histórias de perseguições contra os agentes dos grandes furos jornalísticos envolvendo grandes denúncias, ou seja, os próprios jornalistas. Conspiração e Poder não foge a regra dos ditames recorrentes de construção narrativa para criar o suspense e a tensão de um caso extremamente relevante para a política norte-americana. Entretanto o episódio detalhado no filme, mesmo que bem dirigido e com uma excelente fotografia, é apenas mais um neste universo de tantos outros mais interessantes. Pode-se dizer até que um caso genérico, entre milhares, em que o embate entre as forças mediáticas que formam a opinião pública e a máquina estatal travam uma quebra de braço que se flexibiliza de acordo com os interesses mútuos. O filme tem como cartada principal Cate Blanchet. A atriz britanica mais do que convence como Mary Mapes, profissional do canal CBS, vítima da fúria do governo de George Busch. Seu calvário começou após revelar uma possível, em plena corrida de eleição para a Casa Branca, a estratégia burocrática e ilegal considerada como deserção de Busch no período da guerra do Vietnã. Daquele em momento em diante a vida da profissional e de seus associados serão viradas de cabeça para baixo. História bem contada, mas longe de ser arrebatadora.
Império dos Tubarões
1.5 7 Assista AgoraO que falar dessa produção feita para tv ? Tão ruim que chega a ser risível. O pior é que ela tenta se levar a sério o que faz parecer ainda mais ridícula. Tudo bem que é um projeto de baixo orçamento... mas um mínimo de acabamento melhor no roteiro e um diretor com uma equipe menos amadora seria o mais sensato.
Uma Loira para Três
3.2 32Diva da Era de Ouro de Hollywood na década de 30, Mae West foi uma das rainhas no período da depressão econômica americana numa época em que o código de censura instituído pelos estúdios ainda não tinha entrado em pleno vigor. Suas comédias escapistas tinham como chamariz o despojamento, a erotização dos diálogos com duplo sentido e muita malícia no olhar. West escrevia os próprios diálogos de seus filmes, tendo controle sob determinados aspectos das produções. Suas personagens seguiam um esteriótipo da mulher liberal, de forte inclinação poligâmica, comprometida basicamente com seu contentamento financeiro e sexual. O retrato da predadora, de bom coração, no comando de suas vontades frente a objetificação pelo sexo masculino. Desfilando nas telas com uma desenvoltura libertina e um charme deliciosamente vulgar que lhe é próprio, Mae West contracena com Cary Grant em Uma Loira Para Três. Embora o título sugira uma mulher apenas para três, a disputa aqui se dá com praticamente todo o elenco masculino levando em consideração o fascínio que ela exerce sobre o respectivo gênero. Destaque para Louise Beavers uma das grandes atrizes do cinema, reduzida a papeis de subserviência e pouca expressividade pelo fato de ser negra.
Não se Mova, Morra, Ressuscite
4.2 4No último ano de sobrevivência do regime soviético, o controle da censura já não era o mesmo. Não se mova, Morra, Ressuscite prova que o moribundo sistema comunista implantado por Lenin em 1917, já não se importava com as críticas óbvias que acabaram por dar fim a utopia de um sistema político/econômico realmente igualitário. O filme foi rodado em 1990 e a dissolução da URSS em 1991. O cenário é a longínqua Sibéria, lar dos campos de prisioneiros mais severos do mundo, e da comunidade esquecida de Shuzan. Nascida pela exploração de minério, homens livres e exilados interagem. Nesta última fronteira é onde a pobreza obriga os moradores a se contentarem com uma quantidade regrada de 'ração' fornecida pelo governo. A falta de oportunidades invariavelmente leva a comunidade a pratica do comercio informal, da prostituição e dos pequenos delitos. Neste ambiente desagregado, desolado e indiferente, a resistência aos infortúnios é aprendida logo cedo. É através do olhar das crianças Valerka e Gaia que testemunhamos a cumplicidade mais pura das amizades que se pode ter em um ambiente hostil às demonstrações de afeto. Rodado em tom quase documental num estilo semelhante a estética neorealista italiana (ênfase nas locações externas, uso da luz natural, atores não profissionais), o filme de Vitaly Kanesky tem a capacidade de imergir o público no ambiente decadente e escasso de recursos que penalizam os súditos do socialismo totalitário. A fotografia de uma qualidade rara, trabalha com muitos planos abertos em cenas externas, molduram a geografia inóspita que se contrapõe ao mesmo tempo que se alia aos rostos sofridos de seus habitantes. Filme de uma robustez singular que ensinar a narrar com grande verdade um conjunto de tragédias que podem ocorrer em qualquer grupo humano desamparado.
Línguas Desatadas
4.4 32No final dos anos oitenta o engajamento político para a conscientização da necessidade do fim da descriminação social e sexual dos negros e gays nos Estados Unidos tomava um corpo ainda maior pelo agravamento da epidemia da Aids. A afirmação, pela massa ignorante, que a doença trazida pelos gays era um dos indícios do apocalipse aumentaram a pressão sobre aqueles que, previamente, já eram hostilizados. Ser negro e, ao mesmo tempo, gostar de relacionar-se sexualmente com pessoas do mesmo sexo agregou a essa parcela da população o papel de bode expiatório em primeiro grau. Inundando o espectador com argumentos esclarecedores sobre a desvalorização dos negros gays americanos - muitas vezes partindo de figuras de referência midiática negras, o documentarista enriquece o trabalho utilizando depoimentos, sketches, imagens de arquivo de noticiários, de programas televisivos e filmes, de trechos de músicas e de passagens literárias. Línguas Desatadas usa métodos diversos para exemplificar, denunciar e chamar a razão para um debate que quase trinta anos depois mantém-se atual. A manutenção no que tange a índole humana de criar uma escala de valores de acordo com o gênero, a raça e a classe social permanece mais presente do que nunca. Nesta colcha de retalhos da amostragem de opressão, Marlon Riggs racionaliza, literalmente, em "RAP' e prosa, um pensamento resiliente a dominação e que se nega a se responsabilizar pelo caos de um mundo que prefere a violência moral e, frequentemente, física a tolerância pela diversidade e suas liberdades de escolha.
Tirza
3.2 12Um 'road movie' de autoconhecimento. A tragédia leva a reflexão e muitas vezes a necessidade de expiação. É o que mais pede no presente momento a vida do escritor Jorgen, deposto no trabalho e na fracassada vida pessoal. Quando sua filha preferida desaparece numa viagem à Namíbia, o caos se instala em sua vida e o mesmo parte para a África a sua procura. Tirza possui uma história interessante, caso não houvesse tantos desvios do foco narrativo, confundindo o espectador ao pulverizar a atenção em múltiplas situações e possibilidades. Essa desconcentração dá uma cadência desacelerada e arrasta o filme numa poética existencial fracionada e subjetiva. São perspectivas pertinentes, mas que em excesso cansam o espectador no final do quebra cabeças.
Salomé
4.0 4 Assista AgoraMoldada pelo método de interpretação criado por Stanislavisky, onde a força emotiva dos personagens deveria se derivar das experiencias pessoais do histórico de vida do ator , Alla Nazimova surgiu primeiro como uma maiores atrizes dos palcos no fim do século XIX e início do século XX. Reconhecida em sua época como a melhor intérprete das adaptações das peças de Ibsen, deixou a cena artística da Europa pelos palcos da Broadway. Antes de completar 40 anos (já no final dos anos de 1920), Nazimova já era considerada velha para os papeis que ainda almejava realizar. A perda do controle criativo que desejava e a escassez de personagens de seu interesse, fizeram-na sair de Nova Iorque e ir para a nova meca do cinema mundial: Hollywood. O primeiro estúdio se fixou em Hollywood em 1911 e o primeiro filme de Alla, War Brides foi feito em 1916, tornando-a, uma pioneira da indústria de entretenimento que ali se instalava. Alla Nazimova tinha uma participação lendária na agitação da vida social artística da recém criada cidade dos sonhos, realizando festas e dando recepções em sua casa, que ficou conhecida como o "Jardim de Alla". Amiga do mítico 'latin lover' Rudolpho Valentino e de sua esposa, a diretora de arte Natasha Rambova, a atriz ucraniana rapidamente estabeleceu contatos na Tinseltwon e fundou sua própria produtora. Embora tivesse trabalhado com o galã Valentino em A Dama das Camélias, foi em Salomé, tendo Rambova como diretora de arte, que Alla Nazimova deixou uma marca de forte composição visual na montagem de uma obra classica de Oscar Wilde baseada na histórica bíblica de Salomé. O filme apresenta uma narrativa muito mais independente e autoral dos que as produções desse período. A perspectiva vanguardista na composição estética do palácio de Herodes, dos figurinos e da cenografia se aliam ao texto de Wilde apresentando uma Salomé, que através de Nazimova, transparece uma indiferença mortal e uma energia maléfica raramente vista nas interpretações das vilãs durante o período do cinema silencioso. Sim, existe ainda a limitação das técnicas de construção de imagem, a câmera ainda tem um papel estático de uma cumplicidade imóvel sem muitas variedades de planos. É notório também uma forte contaminação da disposição teatral, acentuada pela necessidade de um gesticular mais contundente pela ausência de áudio. Essa característica fica visível nas interpretações com excesso de pantominas e antinaturalidade do elenco, praticamente regra nas atuações daquela época. Ótimo trabalho experimental e artístico onde o cinema ainda procurava sedimentar uma linguagem independente do teatro.
Fantasmagorie
4.0 30A primeira produção em que o experimentalismo e a noção de uma construção narrativa se aproximam através da criatividade de Émile Cohl. A criação de imagens com uso de traços que será resgatado novamente na década de setenta com a animação da linha. Primeiro desenho animado com cena 'live action'. Valor histórico indiscutível.
Ladrão Romântico
3.9 1Em 1930 foi instituído um código normativo (Código Hays) para toda produção cinematográfica visando defender a moral e os bons costumes. As leis presentes neste dispositivo, porém, só exerceram sua força com toda severidade a partir de 1934 quando Hollywood viu-se obrigada a exercer a censura sobre o material que fornecia ás audiências sob pena de sofrer boicotes de âmbito nacional o que poria em risco a lucratividade dos estúdios.Todavia até 1934 a meca do cinema norte-americano floresceu com liberdade criativa e temática sem ter que lidar com as regras impostas por um grupo de censores religiosos ligados às principais igrejas. Produções como Ladrão Romântico fazem parte desta safra. Embora a princípio o filme tenha uma vertente escapista, ele não se reduz apenas a este proposito. Uma vez que os Estados Unidos encontrava-se afundado devido a Grande Depressão (iniciada com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e cujos efeitos se estenderam durante quase toda a década seguinte) e a película da Warner apresentasse a vida de luxos extravagantes da esposa de um barão austríaco era natural que a população afetada pelo pessimismo procurasse a fartura e não a escassez a que já estavam acostumados. Esse era o grande público que ia aos cinemas naquela época. Ladrão Romântico vai além desse alívio para a massa empobrecida e se apresenta como um dos melhores exemplos de filmes a serem futuramente banidos das salas de cinema, pelas novas leis a serem implementadas. Estrelado por Wiiliam Powell, pela lendária Kay Francis e dirigido pelo ex-ator alemão William Dieterle Ladrão Romântico, escancaradamente, expõe temas ultra tabus como adultério, uso de drogas e apologia ao crime de forma natural e sem qualquer polemização. A fotografia apresenta alguns momentos fabulosos como a quebra da quarta parede pela protagonista em uma cena significativa em que ela inclui, olhando para a câmera de forma hipnotizante, o espectador como cúmplice e único confidente de sua empreitada. Dentro do esquema hermético e fechado de estúdios, Ladrão Romântico se sobressai por sua ousadia na cadência narrativa e a fórmula de abordagem das questões sem exercer ditame julgador. Reflexo de uma elite cultural que desde os atribulados anos vinte e suas correntes de livre expressão artística (literatura, cinema, pintura, entre outras) ainda encontra-se sedenta por novas experiências e experimentos procurando brechas de ousadia, até mesmo, dentro da padronizada indústria de entretenimento comercial chamada Hollywood.
O Poder da Sedução
3.3 41Senão exatamente na fotografia, O Poder da Sedução incorpora outros elementos vitais do ‘noir’ clássico: a ganância pelo dinheiro, a necessidade de um crime e a onipotência da ‘femme fatalle’. Na construção moderna deste subgênero do suspense policial que dominou os anos quarenta, o roteiro vai trançando um percurso sinuoso onde um leque de motivações, guiados pelos pecados capitais, vão se acumulando. A escalada do clímax é construída com maestria. O espectador é envolvido na trama de forma crescente não apenas pela direção e montagem, que condensam o filme da melhor forma sem perder o foco da história fixando-se em detalhes marginais, mas também graças a atuação da protagonista Linda Fiorentino que exala uma verdade irresistível no papel de uma criminosa sedutora no melhor estilo Kathleen Turner em Corpos Ardentes. Perceba que a câmera explora os detalhes mais sensuais da atriz, espelhando em sua composição visual, qualidades estéticas marcantes das divas da Era de Ouro do cinema holywoodiano como o penteado ‘peek’a’boo’ tipo Veronica Lake e a ênfase da voz rouca ‘a La’ Lauren Bacall.
Aprisionados
2.6 100 Assista AgoraMuita pretensão para um resultado pífio e desconexo. Liam Cunningham tem um presença forte em cena, mas seu talento é desperdiçado nesse suspense 'B' apelativo, sanguinário e sem charme algum. Fábula moral já explorada em outras produções e que tem como base a lenda bíblica do anjo exterminador.
Um Tio Quase Perfeito
2.7 94Comédia mamão com mel da Globo filmes que tem como atração Marcus Majella. Carismático e com sua espontaneidade irresistível de sempre, Majella contracena com a ótima Ana Lúcia Torre que faz o papel de sua mãe. Nada além da proposta de entretenimento família.
O Templo
1.5 90Co-Produção americana tendo como tema o folclórico terror japonês em terras nipônicas. Apelativo, gratuito e mal roteirizado do começo ao fim, não há muito que se aproveitar aqui. Os personagens agem de forma instintivamente estúpida, artificializando as situações e ofertando ao espectador a previsibilidade dos possíveis sustos. Efeitos visuais interessantes, porém insuficientes para manter um padrão de razoabilidade à história. Narrativa abaixo da média.
Power Rangers
3.2 1,1K Assista AgoraEssa é a terceira vez que Power Rangers é levado a tela grande. Com um design ainda modesto, porém superior as adaptações realizadas em 1995 e 1997, os heróis coloridos recorrem mais as referências saudosistas dos fãs do que a um roteiro criativo e empolgante. Guardando as características dos filmes japoneses de baixo orçamento como Jaspion, Changeman, Cavaleiros do Zodíaco que foram inspiração na composição desta safra de defensores do planeta terra, o novo filme de 2017 não apresenta nenhum recurso que possa lhe dar maior destaque que o livrasse da mediocridade, ficando muitos degraus abaixo das produções das franquias cinematográficas da Marvel e DC Comics.
O Afogamento
2.2 83Filosoficamente O Afogamento tenta por em debate o valor da culpa diante da dicotomia entre a ação dolosa, satisfação e necessidade como instrumentos de distinção da mente criminosa . A narrativa trabalha com um diálogo de caráter subliminar nas construção dos conflitos e a natureza de uma possível relatividade das ações humanas. O jogo de manipulação entre os agentes se estabelece como a premissa para os embates de questões incertas entre médico e paciente numa relação pessoal, distorcida, pouco terapêutica e com um potencial grande de letalidade. O Afogamento exibe falhas em seu roteiro, marginalizando, deliberadamente, personagens que, a priori, parecia ter relevância contundente nas causas da história. O clímax, é por vezes, desconstruído dando a o espectador a impressão de um flme desacelerado e de pouco vigor. Essas incongruências danificam a leitura mais objetiva, mas não prejudica o entendimento do mote central desta tentativa pouco robusta de thriller psicológico.
Woody Allen: Um Documentário
4.2 134Através do dispositivo da entrevista, Woody Allen e seus associados (atores, atrizes, empresária (irmã), técnicos), críticos de cinema (incluindo Martin Scorcesse) vão revisitando e pontuando o histórico de vida, surgimento, o estilo, os percalços e a evolução do cineasta novaiorquino ao longo de seus sessenta anos de carreira. O filme faz um recorte de grande parte de seus filmes mais importantes com cenas, bastidores e diversas imagens de arquivo de suas apresentações em programas de entrevistas e apresentações na tv. Documentário rodado no estilo tradicional e hermético, porém bastante esclarecedor.
TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
2.4 303 Assista AgoraTrabalhando com o humor 'nonsense', Tatá Werneck consegue ser 'quase' engraçada. E isso não é suficiente para salvar essa superprodução de comédia, recheada com estrelas globais, da mediocridade de apelo unicamente comercial. A melhor parte nem foi as 'gags' forçadas da atriz protagonista, mas as tiradas do roteiro que com humor fizeram uma análise superficial, porém bastante realista acerca das teias de relações. E só.
Besetment
1.6 13Produção tosca de baixíssimo orçamento e de padrão quase caseiro que acrescenta a filmografia dos filmes de suspense apenas a coragem em ter sido realizada sob essas condições. Um pessoal que acha que fazer filme é apenas 'uma idéia na cabeça e uma câmera na mão', porém não bem assim. Roteiro sem consistência e com interpretações idem. Do começo ao fim nada faz sentido e as contradições, coerência e debilidade narrativa é que imperam.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraO medo vem de várias formas. Para Stephen King, autor e mestre das temáticas suspense/terror, desta vez, ele vem cruelmente travestido de palhaço. It - A Coisa é a Primeira adaptação para o cinema (em 1990 houve uma filmagem feita para tv em uma série de dois capítulos) do livro It... lançado em 1986. Com algumas cenas que são guturalmente assustadoras e violentas (há algo mais aterrorizante do que perseguir crianças ?), It... não chega a ser surpreendente, porém se eleva a média de filmes com essa temática que vem sendo lançados. Graças aos efeitos visuais bem utilizados, a fotografia sofisticada e ao teor psicológico e densamente sinistro do roteiro, que tenta despistar o expectador dos clichês mais manjados - embora eles eclodam por várias vezes, pode-se dizer que It - A Coisa é o melhor trabalho levado às telas de King nos últimos anos.
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraFicção científica futurista simpática e bem roteirizada. O filme trabalha em cima dos efeitos psicológicos que o isolamento prolongado exerce sobre um ser com uma necessidade tão forte de socializar quanto o da raça humana. As fórmulas de sobrevivência, a capacidade de resistir a solidão e as atitudes impensadas e impulsivas vão sendo circunstanciadas na trama. Tratando-se de um filme comercial, protagonizado por Jennifer Lawrence e Chirs Pratt, Passageiros foca mais nas situações objetivas, alegóricas e superficiais, enveredando menos em esculpir uma leitura densa e profunda, preferindo se deter nas imagens de impacto visual e no drama de maior evidencia e de fácil solução narrativa. Embora possa gerar uma percepção de maior agilidade, Passageiros perde potência ao desenvolver um tema tão poderoso explicitando pouco da realidade, fantasiando com uma utopia romântica uma situação trágica.
A Múmia
2.5 1K Assista AgoraUm dos piores filmes de Tom Cruise, senão o pior. O roteiro não poderia ser mais ingênuo e inverossímel. Desde os primórdios do cinema as múmias vem ressuscitando e criando o caos, mas desta vez bem que essa assombração demoníaca poderia ter permanecido no sarcófago. Uma colcha de clichês, efeitos visuais batidos, fotografia trivial e cenas de ação muito inferiores a que estamos acostumados com os filmes Cruise. Produtor de obras mais arrojadas, como a série Missão Impossível, o nível técnico de A Múmia esta abaixo da média em comparação a sua filmografia e acaba frustrando o espectador. Assistível, porém esquecível devido a sua mediocridade.