Com a redução de novos elementos surpresas durante o filme e efeitos visuais menos elaborados há um down-grade na nota. Talvez para explorar a novo tecnologia de terceira dimensão, alguns artifícios acabam não funcionando bem em 2D. Neste espaço de corrida automobilística, nos parece que a morte dá uma 'forcinha' para além do sutil, na ordem de arquitetar o desastre. Assistível, porém inferior aos outros da franquia.
A terceira parte da maldição dos que não morreram, mas que terão uma nova chance, permanece imutável. A Montanha Russa de um parque de diversões é o ambiente perfeito para a tragédia. Mortes criativas nos aguardam...
A segunda parte da saga mantem os requintes de crueldade usados pela morte para corrigir suas frustrações de acidentes não concretizados. Uma rodovia agora é o alvo para uma catástrofe. Efeitos especiais e atuações padrões.
Filme padrão sobre psicopatia pós separação. Hollywood já está mais do que reinventada no desenvolvimento deste tipo de trama. Ver Katherine Heigl (tradicionalmente uma comediante) como a vilã é que parece ser o elemento de fascínio. O thriller segue o curso do previsível e nada vai além dos confrontos já esperados. Pouca substância gasta para os talentos de Heigl e Rosario Dawson cujas boas interpretações valorizam o filme, porém incapaz de mudar a mediocridade do roteiro.
A única coisa válida aqui foi a quantidade de empregos e renda que deve ter sido gerada na produção deste terrorzinho capenga. Fora isso, nada justifica o esforço para se fazer um filme incrivelmente constrangedor de tacanho. As atuações, aliada com a direção, são de um amadorismo inacreditável. Um encontro de pessoas com ações, comportamentos e personalidades desconexas que não transmitem um segundo sequer de credibilidade de suas motivações. Ruim, aqui, é apelido.
Os ingredientes mais constantes nos filmes mudos dos anos vinte estão aqui: a vamp destruidora de lares, o mocinho ludibriado, a virgem sonhadora e o pai super protetor. Um filme com o padrão MGM de qualidade. Ambientado na Indochina (atual Vietnã), porém totalmente rodado em estúdios, Sedução leva o espectador da época ao exotismo do oriente. Repleto de marcas de esteriótipo e, para os nosso dias, cheios de atentados ecológicos, é nítida a qualidade e a sofisticação dos cenários, dos figurinos e dos movimentos de câmera. O melodrama também polemiza ao articular uma disputa entre mãe e filha pelo interesse de um mesmo homem. Sedução conta ainda com mitos icônicos do período silencioso: Lon Channey (célebre por interpretar filmes de terror) e a jovial mexicana Lupe Velez.
A grande atração de Sob A Mesma Lua é a atuação do ator mirim Adrian Alonso, o Carlitos. O desembarace com que ele desenvolve suas cenas é fantástico e nos incita a percorrer sua jornada. Tratando o drama de reencontros, imigração ilegal e marginalização com uma emotividade intensa, o filme da diretora Patricia Riggen cativa o espectador que é guiado, neste quase 'road movie', pelo olhar amadurecido da criança. Simples e bem produzido.
Remake do clássico de 1985, mas sem a espontaneidade, o charme e o carisma do original. Faltou mais substancia para que o filme pudesse contribuir com algo mais e não se tornasse apenas uma reprodução com nova roupagem. Bons efeitos visuais e boas interpretações seguram o filme numa razoabilidade que não chega a empolgar, mas dá para passar o tempo.
Há algo forçado e não natural que A Hospedeira tenta levar, poeticamente, ao espectador. Fica bastante claro a mensagem 'ternura' do filme, mas no formato artificializado e de escassa credibilidade com que o roteiro estabelece as motivações, precisamos ser muito ingênuos para comprar a história. A montagem talvez seja um dos motivos pelo qual a resolução da dramática das cenas se precipitem de uma forma não espontânea. Durante toda a exibição nos é informando uma volubilidade anormal de sentimentos por parte dos personagens que se distanciam de um aspecto necessário numa obra já fantasiosa: o minimo de apego ao valor real da construção do afeto. Estamos falando de um produto com um aspecto visual/fotográfico caprichado e com bons atores que acabaram sendo desperdiçados numa aventura de discurso infantilizado com toques de violência grotesca para oferecer um toque de seriedade. Funcionaria bem dentro de uma estética das produções de baixo orçamento.
Um dom que passa de pai para filho: o de dar vida às telas. Se Pierre Renoir tem o talento de compor com o pincel, Jean Renoir tem a mesma genialidade, só que em outro tipo de plataforma. Ambos são capazes de transformar as imagens, cada um ao seu modo, em obras primas. Recontando um caso clássico de relação passional urbana, o cineasta francês, filho do pintor mais célebre da corrente impressionista, usa um repertório extenso de recursos fílmicos extremamente sofisticados e vanguardistas para explorar o poder narrativo da história em sua fotografia. Câmeras manuais, dollies, plonges, profundidade de campo em mais de duas camadas e sombras são alguns dos artifícios usados por Jean Renoir que exibe total domínio de uma arte ainda em pleno reajuste técnico com o recente uso do som. O roteiro linear, simples e bem estruturado se estabelece em cima da tríade de elementos indispensáveis, segundo a cultura popular, para a ruína humana: dinheiro, crimes e traições. As atuações dos três protagonistas são excelentes e suas atuações conseguem transmitir ao espectador a essência de suas personalidades. Obrigatório aos amantes do melhor cinema.
Continuação pífia e pouco empolgante. Queda visível na qualidade técnica em comparação com seu antecessor. O aspecto está mais compatível com um filme de baixo orçamento, apelativo, previsível e de pouca criatividade. Dá pra assistir, mas vá com expectativa '0'.
Terrorzinho juvenil que tem vampiros que se assemelham a zumbis como uma praga a ser sempre superada. Produção mediana com nível técnico razoável. Assistível, mas muito longe de ser algo espetacular. Anoitecer Violento se equilibra entre imagens de bom gosto com outras composições de péssima qualidade (a fotografia poderia ser mais apurada para enxergarmos a ação nas cenas escuras com mais acuidade). O roteiro força algumas situações para que o filme aconteça, mas nada que provoque uma quebra total da naturalidade da ordem dramática. Atuações suficientemente boas para que a gente se deixe enganar em pouco mais de uma hora e meia de exibição.
Entre a realidade mundana e o espaço idílico é onde se instala o eixo dramático de Capitão Fantástico. É um das poucas produções em que se exemplifica uma linha fática muito tênue entre amor e maus tratos. Ben é um pai zeloso (de acordo com seus princípios), mas que, acima de tudo, acredita qual é o melhor estilo de vida para criar e educar seus filhos. O direcionamento da ação vai revelando pequenos detalhes como o amor, a cumplicidade, as diferenças e até os confrontos desta poesia cativante sobre relacionamento familiar. A resistência a convencionalidade é constante e renderá não só lágrimas, mas muitos risos. Um road movie que tem como destaques um roteiro objetivo, uma bela fotografia e atuações convincentes com destaque para Viggo Mortensen como o protagonista titulo do filme. A exceção de excelência ficou por conta da composição das personagens femininas de uma forma geral que são representadas de forma subserviente, conformada e indiferente a anseios pessoais, contrariamente ao que acontece com os masculinos cujas problemáticas são bem desenvolvidas pela narrativa.
Baixo orçamento, baixa atuação, baixa direção e roteiro intragável... Bornless Ones se baseia em Uma Noite Alucinante para dar o formato a esta trama tacanha, apelativa e de pouca criatividade. Antes de mais nada ainda não entendi porque alguém com um mínimo de sanidade mental leva uma outra pessoa com paralisia cerebral para morar entre o fim do mundo e o meio do nada... o que essas produções não inventam para ganhar alguns trocados né ?
Produção espanhola portadora de um certo ar macabro. O Bar ficciona os conflitos num ambiente que, formado por um coletivo diverso de pessoas, ao ter seus limites testados, torna-se hostil ás diferenças. O thriller psicológico vai empilhando diversos motes sócio-circunstanciais para a escalada de tensão, onde o maior terror reside em se surpreender com o próximo. Quando o confinamento se instala e o risco de morte é iminente, o salve-se quem puder é a palavra de ordem de um grupo formado por homens e mulheres presos dentro de um bar no centro de Madrid. A desconfiança guia as ações dos protagonistas cujas atitudes se movimentam de acordo com meras suposições.Tudo conta para que se faça uma segregação imediata de acordo com a aparência, o status, mas acima de tudo, para aqueles que parecem ter o poder imediato. O filme tem uma boa fotografia e consegue através de muitos planos detalhes, pouco luminosidade e uma paletas de cores mais escuras e muitas sombras, construir um certo ar claustrofóbico de aprisionamento. O ponto negativo é a sensaçao de 'deja vu', uma vez que outras produções já se fizeram valer ao extrair o radicalismo comportamental humano quando testado sobre pressão. O desenvolvimento vai se dando de forma não totalmente obscura, mas fará com que o espectador termine a experiencia cinematográfica com mais conjecturas do que certezas.
Fica fácil perceber porque um dos maiores mitos do cinema mundial se aposentou após atuar em Trog. Filme de baixíssimo orçamento com atores canastrões e uma direção inimaginavelmente péssima que se alia um roteiro que vai além do ridículo. Mesmo assim existe uma assinatura autoral e criativa dentro da perspectiva de criação de um filme 'B' através do uso de recursos limitados. Joan Crawford e seu público remanescente, no entanto, estavam acostumados a sofisticação e a técnica clássica e menos ao improviso e a um ambiente sem qualquer nota de glamour. A direção de arte e a caracterização do objeto central da história, Trog - o troglodita que dá o título história, consegue rivalizar a nível do cômico-tosco e decadente com as produções mais paupérrimas que se pode imaginar (as de Ed Wood, por exemplo). Crawford nunca se conformou com o declínio de sua carreira. Sucessivas investidas de volta ao estrelato se tornaram frequentes desde O Que Aconteceu a Baby Jane ?, mas a maioria infrutífera. Para não sair da cena e ser esquecida por Hollywood, a atriz acabava aceitando as escassas ofertas de papeis para as mulheres de sua idade que iam surgindo, mesmo que muito inferiores a sua pretensão. Observando pela perspectiva do gênero 'trash' em que "quanto pior, melhor"; pode se dizer que estamos diante de um clássico 'B' da década de setenta que tem como o grande atrativo o absurdo cômico de seu conjunto de elementos de construção de imagem/narratividade e, mais especificamente, uma Joan Crawford completamente desconfortável.
Clássico do cinema mundial graças a capacidade técnica de D.W. Griffith em coordenar os múltiplos elementos fílmicos (proximidades de planos, cross cutting, panorâmicas e outros recursos) já experimentados anteriormente por cineastas como Thomas H. Ince, Edwin S. Potter e pelo diretor Giovanni Pastroni (dirigiu o épico italiano Cabíria em 1914). Griffith deu forma a construção do significado da imagem através não apenas dos planos fotográficos de captação, mas também da montagem e da edição. Tudo isso obedecendo a ordem lógica de uma narrativa própria e que ajudou ao cinema a se distanciar da perspectiva teatral e a conceber uma técnica exclusiva para contar sua história. A superprodução ainda conta com atrizes que ficariam famosas por acompanhar Griffith em vários outros trabalhos como Lilian Gish, Mae Marsh e Miriam Cooper. Por outro lado, a mancha moral de seu roteiro (adaptação do livro 'The Clansman: Um Romance Histórico Sobre a Ku Klux Klan de Thomas Dixon) se apresenta tão polêmica e bizarra quando foi lançada há mais de cem anos atrás. Seu viés sociológico é claramente voltado a segregação e a potência das suas cenas, ajudaram a sedimentar, ainda mais, uma cultura de esteriótipo, má representação, mistificação e superioridade entre raças. O trabalho ainda é fruto de debates não apenas sobre o conteúdo insidioso, mas também em relação as intenções de Griffith que sempre se defendeu dizendo que o filme apresentava o ponto de vista de uma obra adaptada e não o dele. Na época de seu lançamento O Nascimento de Uma Nação, se tornaria uma ferramenta que promoveria ainda mais os conflitos entre brancos e negros, tornando-se responsável por revigorar o movimento da Ku Klux Klan.
A maturidade traz uma carga de análise reflexiva sobre ações e omissões do passado, assim como as perspectivas de um futuro. Emoldurado pela arquitetura clássica romana dos palácios, praças e monumentos, A Grande Beleza reflete mais a expectativa de uma busca do que a satisfação de uma descoberta: ela não está assim tão na cara quanto a suntuosidade histórica da Itália. É assim que a inquietante câmera funciona. Ela percorre, invade, apresenta os espaços, as pessoas em seus detalhes e toda 'a grande beleza' perceptível, ou não, aos olhos vai sendo descortinada ao espectador. Somos guiados pela perspectiva e raciocíonio de Jep, um escritor 'bon vivant', crítico, sarcástico e frustrado pelo fato de, aos sessenta e cinco anos, se dar conta da insuficiente vida mundana pela qual se dedicou durante sua vida. Autocentrado e praticante do quase total desapego, o egoísmo lhe conduziu a uma presente sensação de perda e um medo implícito da solidão. Agora a morte e o distanciamento das pessoas que lhe completam lhe infligem uma dor que lhe desarma. O roteiro apresenta uma galeria de personagens quase surreais que muito nos lembra o cenário Feliniano numa mistura de A Doce Vida e Oito e Meio com Amarcord. O porém em A Grande Beleza é a repetição de idéias que faz o filme, em alguns momentos desacelerar sua evolução. Ótima interpretação de Toni Servillo que com sutilidade presenteia o espectador com uma performance arrebatadora.
Comédia romântica com a leveza de uma pluma. Sim, existem os encontros e os desencontros para obter-se o material fílmico, no entanto, mesmo sem nem lermos a sinopse, o espectador já sabe bem como se dará o desfecho. A química entre o carismático Will Smith e a voluptuosa Eva Mendes funciona e o filme vai deslizando com as situações hilárias que são propostas no roteiro de Hitch - Conselheiro Amoroso. O destaque vai para Kevin James no papel de Albert, um dos 'clientes' de Hitch. Filme descontraído para assistir e comer pipoca.
Dois mil e dezesseis foi o ano do reconhecimento. Várias cinebiografias, principalmente aquelas referentes a personalidades negras, tiraram das sombras ícones da luta pela igualdade que de alguma forma quebraram barreiras e se tornaram referência. Loving é um desses filmes que surgiram nesta última onda. Boas interpretações e uma bela fotografia ajudam a recontar e adicionar poesia a história, que tem como o centro da discussão, a proibição de uniões inter-raciais no Estado da Virgínia da década de cinquenta. Embora o roteiro não seja tão dinâmico como poderia, repassando situações inexpressivas mais vezes e relegando a menos importância debates mais pertinentes, a história de Mildred e Richard Loving reflete a cultura de uma nação que, ainda hoje, briga pela resistência contra a efetiva prática da igualdade de direitos civis conquistada há cinco décadas atrás.
Uma pedra preciosa no meio da linha de produção padronizada pela fabrica de filmes de Hollywood do início da década de trinta. Michael Curtiz, que ficaria mais reconhecido no futuro como diretor do clássico definitivo Casablanca, usa sua expertise para compor uma obra visual cheia de estratégias e criatividades na construção da imagem, enriquecendo a narrativa com planos aquáticos, zoom in fechando planos abertos em planos médios e planos detalhes com o objetivo de metaforizar as cenas. O destaque da interpretação não vai para a carismática Kay Francis e nem para o eterno gentelman William Powell e sim para Skippy o personagem coadjuvante interpretado por Frank McHugh que oferece momentos cômicos com muita naturalidade e maestria. A Única Solução é um drama/romance com características próprias e incomuns em sua época, seja no desenvolvimento da trama e seu desfecho, seja nas soluções técnicas do uso da câmera, acrescentando singularidade e ousadia em sua substância.
Porque uma superprodução com um diretor reconhecido, um elenco de primeira e uma temática tão propensa a virar um blockbuster não consegue decolar ? Simples, mesmo efeitos visuais de ponta empregados na construção das imagens não é suficiente como quesito compensatório de um roteiro vagabundo com resoluções fáceis e desmioladas de sua narrativa. TODOS os personagens agem, em algum momento, de forma ilógica para facilitar o desenvolvimento da ação dramática. Isso tudo sem falar na enxurrada de clichês. A impressão é que nem o diretor/roteirista, nem o elenco e, por fim, nem nós mesmo acabamos conseguindo acreditar naquele universo. O que vemos é um pastiche de gênero futurista, mais compatível com uma linha de baixo orçamento e muito aquém do que se poderia ter alcançado. Assistível, porém esquecível.
No mar de caracteres infinitos criados por Woody Allen, a psicótica Jasmine já tem um lugar cativo no panteão dos melhores. Graças a atuação marcante de Cate Blanchett, a personagem emerge com a loucura necessária para traduzir o caos de uma vida que que se desmantela da noite para o dia. O filme brilha não apenas por causa de Blanchett, mas também pela fotografia de cores quentes e com alto grau de saturamento que se contradiz com a problemática densa que ele trata. Essa fórmula é atraente para o espectador que compra o drama, com um visual de férias de verão, como uma comédia próxima ao nonsense. O filme no entanto avança de uma forma incrível, expondo a gana de Allen em compor transtornos comportamentais para os principais protagonistas - notoriamente para aqueles que são crias de Nova Iorque. Sally Hawkins, para honrar a tradição de Woody Allen em escolher suas coadjuvantes, também tem uma ótima participação como Ginger, a irmã de Jasmine. Embora a tragédia das aspirações realcem o filme durante seu percurso, o tom sarcástico e cômico com que o diretor vai desenvolvendo as situações é certeiro e ele segue oferecendo leveza mesmo dentro do abismo. Blue Jasmine reafirma Allen fazendo o mesmo, talvez nem sempre melhor, mas ainda com muita substância criativa. Algo fantástico para um artista com mais de sessenta anos e que sempre se manteve em alta produtividade.
Joseph Mankiewicz dirige e roteiriza Sangue do Meu Sangue (título dado no Brasil e, pra variar, muito pouco sedutor). A montagem, respeitando uma ordem em formato de flashback, consegue imprimir fluidez e a agilidade revelando as peças dessa intriga marcada pela ganância. O roteiro consegue ambientar o espectador dentro do universo de uma família de imigrantes italianos cujo patriarca prosperou fazendo fortuna como banqueiro. A câmera de Mankiewicz vai compondo a sequencia de imagens com poder narrativo forte e com uma sofisticação precisa no uso das sombras num cenário de cores preto e branco. Edward G. Robinson como o patriarca machista, centralizador e ditatorial rouba as cenas e é a presença, indiscutivelmente, mais forte junto com Susan Hayward no papel da amante de um dos herdeiros. Visualmente irrepreensível e com uma trama bem desenvolvida, Joseph Mankiewicz passa,mais uma vez, seu recado sobre a falta de limites de corruptibilidade da alma.
Premonição 4
2.5 1,6K Assista AgoraCom a redução de novos elementos surpresas durante o filme e efeitos visuais menos elaborados há um down-grade na nota. Talvez para explorar a novo tecnologia de terceira dimensão, alguns artifícios acabam não funcionando bem em 2D. Neste espaço de corrida automobilística, nos parece que a morte dá uma 'forcinha' para além do sutil, na ordem de arquitetar o desastre. Assistível, porém inferior aos outros da franquia.
Premonição 3
3.0 1,1K Assista AgoraA terceira parte da maldição dos que não morreram, mas que terão uma nova chance, permanece imutável. A Montanha Russa de um parque de diversões é o ambiente perfeito para a tragédia. Mortes criativas nos aguardam...
Premonição 2
3.0 823 Assista AgoraA segunda parte da saga mantem os requintes de crueldade usados pela morte para corrigir suas frustrações de acidentes não concretizados. Uma rodovia agora é o alvo para uma catástrofe. Efeitos especiais e atuações padrões.
Paixão Obsessiva
2.6 276 Assista AgoraFilme padrão sobre psicopatia pós separação. Hollywood já está mais do que reinventada no desenvolvimento deste tipo de trama. Ver Katherine Heigl (tradicionalmente uma comediante) como a vilã é que parece ser o elemento de fascínio. O thriller segue o curso do previsível e nada vai além dos confrontos já esperados. Pouca substância gasta para os talentos de Heigl e Rosario Dawson cujas boas interpretações valorizam o filme, porém incapaz de mudar a mediocridade do roteiro.
Ouija: Exorcismo
1.3 28A única coisa válida aqui foi a quantidade de empregos e renda que deve ter sido gerada na produção deste terrorzinho capenga. Fora isso, nada justifica o esforço para se fazer um filme incrivelmente constrangedor de tacanho. As atuações, aliada com a direção, são de um amadorismo inacreditável. Um encontro de pessoas com ações, comportamentos e personalidades desconexas que não transmitem um segundo sequer de credibilidade de suas motivações. Ruim, aqui, é apelido.
Sedução
3.5 2Os ingredientes mais constantes nos filmes mudos dos anos vinte estão aqui: a vamp destruidora de lares, o mocinho ludibriado, a virgem sonhadora e o pai super protetor. Um filme com o padrão MGM de qualidade. Ambientado na Indochina (atual Vietnã), porém totalmente rodado em estúdios, Sedução leva o espectador da época ao exotismo do oriente. Repleto de marcas de esteriótipo e, para os nosso dias, cheios de atentados ecológicos, é nítida a qualidade e a sofisticação dos cenários, dos figurinos e dos movimentos de câmera. O melodrama também polemiza ao articular uma disputa entre mãe e filha pelo interesse de um mesmo homem. Sedução conta ainda com mitos icônicos do período silencioso: Lon Channey (célebre por interpretar filmes de terror) e a jovial mexicana Lupe Velez.
Sob a Mesma Lua
3.6 91A grande atração de Sob A Mesma Lua é a atuação do ator mirim Adrian Alonso, o Carlitos. O desembarace com que ele desenvolve suas cenas é fantástico e nos incita a percorrer sua jornada. Tratando o drama de reencontros, imigração ilegal e marginalização com uma emotividade intensa, o filme da diretora Patricia Riggen cativa o espectador que é guiado, neste quase 'road movie', pelo olhar amadurecido da criança. Simples e bem produzido.
A Hora do Espanto
3.0 1,3K Assista AgoraRemake do clássico de 1985, mas sem a espontaneidade, o charme e o carisma do original. Faltou mais substancia para que o filme pudesse contribuir com algo mais e não se tornasse apenas uma reprodução com nova roupagem. Bons efeitos visuais e boas interpretações seguram o filme numa razoabilidade que não chega a empolgar, mas dá para passar o tempo.
A Hospedeira
3.2 2,2KHá algo forçado e não natural que A Hospedeira tenta levar, poeticamente, ao espectador. Fica bastante claro a mensagem 'ternura' do filme, mas no formato artificializado e de escassa credibilidade com que o roteiro estabelece as motivações, precisamos ser muito ingênuos para comprar a história. A montagem talvez seja um dos motivos pelo qual a resolução da dramática das cenas se precipitem de uma forma não espontânea. Durante toda a exibição nos é informando uma volubilidade anormal de sentimentos por parte dos personagens que se distanciam de um aspecto necessário numa obra já fantasiosa: o minimo de apego ao valor real da construção do afeto. Estamos falando de um produto com um aspecto visual/fotográfico caprichado e com bons atores que acabaram sendo desperdiçados numa aventura de discurso infantilizado com toques de violência grotesca para oferecer um toque de seriedade. Funcionaria bem dentro de uma estética das produções de baixo orçamento.
A Cadela
3.9 29Um dom que passa de pai para filho: o de dar vida às telas. Se Pierre Renoir tem o talento de compor com o pincel, Jean Renoir tem a mesma genialidade, só que em outro tipo de plataforma. Ambos são capazes de transformar as imagens, cada um ao seu modo, em obras primas. Recontando um caso clássico de relação passional urbana, o cineasta francês, filho do pintor mais célebre da corrente impressionista, usa um repertório extenso de recursos fílmicos extremamente sofisticados e vanguardistas para explorar o poder narrativo da história em sua fotografia. Câmeras manuais, dollies, plonges, profundidade de campo em mais de duas camadas e sombras são alguns dos artifícios usados por Jean Renoir que exibe total domínio de uma arte ainda em pleno reajuste técnico com o recente uso do som. O roteiro linear, simples e bem estruturado se estabelece em cima da tríade de elementos indispensáveis, segundo a cultura popular, para a ruína humana: dinheiro, crimes e traições. As atuações dos três protagonistas são excelentes e suas atuações conseguem transmitir ao espectador a essência de suas personalidades. Obrigatório aos amantes do melhor cinema.
Stake Land: Anoitecer Violento 2
2.4 45Continuação pífia e pouco empolgante. Queda visível na qualidade técnica em comparação com seu antecessor. O aspecto está mais compatível com um filme de baixo orçamento, apelativo, previsível e de pouca criatividade. Dá pra assistir, mas vá com expectativa '0'.
Stake Land: Anoitecer Violento
3.1 285Terrorzinho juvenil que tem vampiros que se assemelham a zumbis como uma praga a ser sempre superada. Produção mediana com nível técnico razoável. Assistível, mas muito longe de ser algo espetacular. Anoitecer Violento se equilibra entre imagens de bom gosto com outras composições de péssima qualidade (a fotografia poderia ser mais apurada para enxergarmos a ação nas cenas escuras com mais acuidade). O roteiro força algumas situações para que o filme aconteça, mas nada que provoque uma quebra total da naturalidade da ordem dramática. Atuações suficientemente boas para que a gente se deixe enganar em pouco mais de uma hora e meia de exibição.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraEntre a realidade mundana e o espaço idílico é onde se instala o eixo dramático de Capitão Fantástico. É um das poucas produções em que se exemplifica uma linha fática muito tênue entre amor e maus tratos. Ben é um pai zeloso (de acordo com seus princípios), mas que, acima de tudo, acredita qual é o melhor estilo de vida para criar e educar seus filhos. O direcionamento da ação vai revelando pequenos detalhes como o amor, a cumplicidade, as diferenças e até os confrontos desta poesia cativante sobre relacionamento familiar. A resistência a convencionalidade é constante e renderá não só lágrimas, mas muitos risos. Um road movie que tem como destaques um roteiro objetivo, uma bela fotografia e atuações convincentes com destaque para Viggo Mortensen como o protagonista titulo do filme. A exceção de excelência ficou por conta da composição das personagens femininas de uma forma geral que são representadas de forma subserviente, conformada e indiferente a anseios pessoais, contrariamente ao que acontece com os masculinos cujas problemáticas são bem desenvolvidas pela narrativa.
Bornless Ones
1.9 7Baixo orçamento, baixa atuação, baixa direção e roteiro intragável... Bornless Ones se baseia em Uma Noite Alucinante para dar o formato a esta trama tacanha, apelativa e de pouca criatividade. Antes de mais nada ainda não entendi porque alguém com um mínimo de sanidade mental leva uma outra pessoa com paralisia cerebral para morar entre o fim do mundo e o meio do nada... o que essas produções não inventam para ganhar alguns trocados né ?
O Bar
3.2 569Produção espanhola portadora de um certo ar macabro. O Bar ficciona os conflitos num ambiente que, formado por um coletivo diverso de pessoas, ao ter seus limites testados, torna-se hostil ás diferenças. O thriller psicológico vai empilhando diversos motes sócio-circunstanciais para a escalada de tensão, onde o maior terror reside em se surpreender com o próximo. Quando o confinamento se instala e o risco de morte é iminente, o salve-se quem puder é a palavra de ordem de um grupo formado por homens e mulheres presos dentro de um bar no centro de Madrid. A desconfiança guia as ações dos protagonistas cujas atitudes se movimentam de acordo com meras suposições.Tudo conta para que se faça uma segregação imediata de acordo com a aparência, o status, mas acima de tudo, para aqueles que parecem ter o poder imediato. O filme tem uma boa fotografia e consegue através de muitos planos detalhes, pouco luminosidade e uma paletas de cores mais escuras e muitas sombras, construir um certo ar claustrofóbico de aprisionamento. O ponto negativo é a sensaçao de 'deja vu', uma vez que outras produções já se fizeram valer ao extrair o radicalismo comportamental humano quando testado sobre pressão. O desenvolvimento vai se dando de forma não totalmente obscura, mas fará com que o espectador termine a experiencia cinematográfica com mais conjecturas do que certezas.
Trog: O Monstro das Cavernas
2.5 20Fica fácil perceber porque um dos maiores mitos do cinema mundial se aposentou após atuar em Trog. Filme de baixíssimo orçamento com atores canastrões e uma direção inimaginavelmente péssima que se alia um roteiro que vai além do ridículo. Mesmo assim existe uma assinatura autoral e criativa dentro da perspectiva de criação de um filme 'B' através do uso de recursos limitados. Joan Crawford e seu público remanescente, no entanto, estavam acostumados a sofisticação e a técnica clássica e menos ao improviso e a um ambiente sem qualquer nota de glamour. A direção de arte e a caracterização do objeto central da história, Trog - o troglodita que dá o título história, consegue rivalizar a nível do cômico-tosco e decadente com as produções mais paupérrimas que se pode imaginar (as de Ed Wood, por exemplo). Crawford nunca se conformou com o declínio de sua carreira. Sucessivas investidas de volta ao estrelato se tornaram frequentes desde O Que Aconteceu a Baby Jane ?, mas a maioria infrutífera. Para não sair da cena e ser esquecida por Hollywood, a atriz acabava aceitando as escassas ofertas de papeis para as mulheres de sua idade que iam surgindo, mesmo que muito inferiores a sua pretensão. Observando pela perspectiva do gênero 'trash' em que "quanto pior, melhor"; pode se dizer que estamos diante de um clássico 'B' da década de setenta que tem como o grande atrativo o absurdo cômico de seu conjunto de elementos de construção de imagem/narratividade e, mais especificamente, uma Joan Crawford completamente desconfortável.
O Nascimento de uma Nação
3.0 231Clássico do cinema mundial graças a capacidade técnica de D.W. Griffith em coordenar os múltiplos elementos fílmicos (proximidades de planos, cross cutting, panorâmicas e outros recursos) já experimentados anteriormente por cineastas como Thomas H. Ince, Edwin S. Potter e pelo diretor Giovanni Pastroni (dirigiu o épico italiano Cabíria em 1914). Griffith deu forma a construção do significado da imagem através não apenas dos planos fotográficos de captação, mas também da montagem e da edição. Tudo isso obedecendo a ordem lógica de uma narrativa própria e que ajudou ao cinema a se distanciar da perspectiva teatral e a conceber uma técnica exclusiva para contar sua história. A superprodução ainda conta com atrizes que ficariam famosas por acompanhar Griffith em vários outros trabalhos como Lilian Gish, Mae Marsh e Miriam Cooper. Por outro lado, a mancha moral de seu roteiro (adaptação do livro 'The Clansman: Um Romance Histórico Sobre a Ku Klux Klan de Thomas Dixon) se apresenta tão polêmica e bizarra quando foi lançada há mais de cem anos atrás. Seu viés sociológico é claramente voltado a segregação e a potência das suas cenas, ajudaram a sedimentar, ainda mais, uma cultura de esteriótipo, má representação, mistificação e superioridade entre raças. O trabalho ainda é fruto de debates não apenas sobre o conteúdo insidioso, mas também em relação as intenções de Griffith que sempre se defendeu dizendo que o filme apresentava o ponto de vista de uma obra adaptada e não o dele. Na época de seu lançamento O Nascimento de Uma Nação, se tornaria uma ferramenta que promoveria ainda mais os conflitos entre brancos e negros, tornando-se responsável por revigorar o movimento da Ku Klux Klan.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraA maturidade traz uma carga de análise reflexiva sobre ações e omissões do passado, assim como as perspectivas de um futuro. Emoldurado pela arquitetura clássica romana dos palácios, praças e monumentos, A Grande Beleza reflete mais a expectativa de uma busca do que a satisfação de uma descoberta: ela não está assim tão na cara quanto a suntuosidade histórica da Itália. É assim que a inquietante câmera funciona. Ela percorre, invade, apresenta os espaços, as pessoas em seus detalhes e toda 'a grande beleza' perceptível, ou não, aos olhos vai sendo descortinada ao espectador. Somos guiados pela perspectiva e raciocíonio de Jep, um escritor 'bon vivant', crítico, sarcástico e frustrado pelo fato de, aos sessenta e cinco anos, se dar conta da insuficiente vida mundana pela qual se dedicou durante sua vida. Autocentrado e praticante do quase total desapego, o egoísmo lhe conduziu a uma presente sensação de perda e um medo implícito da solidão. Agora a morte e o distanciamento das pessoas que lhe completam lhe infligem uma dor que lhe desarma. O roteiro apresenta uma galeria de personagens quase surreais que muito nos lembra o cenário Feliniano numa mistura de A Doce Vida e Oito e Meio com Amarcord. O porém em A Grande Beleza é a repetição de idéias que faz o filme, em alguns momentos desacelerar sua evolução. Ótima interpretação de Toni Servillo que com sutilidade presenteia o espectador com uma performance arrebatadora.
Hitch: Conselheiro Amoroso
3.3 1,1K Assista AgoraComédia romântica com a leveza de uma pluma. Sim, existem os encontros e os desencontros para obter-se o material fílmico, no entanto, mesmo sem nem lermos a sinopse, o espectador já sabe bem como se dará o desfecho. A química entre o carismático Will Smith e a voluptuosa Eva Mendes funciona e o filme vai deslizando com as situações hilárias que são propostas no roteiro de Hitch - Conselheiro Amoroso. O destaque vai para Kevin James no papel de Albert, um dos 'clientes' de Hitch. Filme descontraído para assistir e comer pipoca.
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraDois mil e dezesseis foi o ano do reconhecimento. Várias cinebiografias, principalmente aquelas referentes a personalidades negras, tiraram das sombras ícones da luta pela igualdade que de alguma forma quebraram barreiras e se tornaram referência. Loving é um desses filmes que surgiram nesta última onda. Boas interpretações e uma bela fotografia ajudam a recontar e adicionar poesia a história, que tem como o centro da discussão, a proibição de uniões inter-raciais no Estado da Virgínia da década de cinquenta. Embora o roteiro não seja tão dinâmico como poderia, repassando situações inexpressivas mais vezes e relegando a menos importância debates mais pertinentes, a história de Mildred e Richard Loving reflete a cultura de uma nação que, ainda hoje, briga pela resistência contra a efetiva prática da igualdade de direitos civis conquistada há cinco décadas atrás.
A Única Solução
4.0 4Uma pedra preciosa no meio da linha de produção padronizada pela fabrica de filmes de Hollywood do início da década de trinta. Michael Curtiz, que ficaria mais reconhecido no futuro como diretor do clássico definitivo Casablanca, usa sua expertise para compor uma obra visual cheia de estratégias e criatividades na construção da imagem, enriquecendo a narrativa com planos aquáticos, zoom in fechando planos abertos em planos médios e planos detalhes com o objetivo de metaforizar as cenas. O destaque da interpretação não vai para a carismática Kay Francis e nem para o eterno gentelman William Powell e sim para Skippy o personagem coadjuvante interpretado por Frank McHugh que oferece momentos cômicos com muita naturalidade e maestria. A Única Solução é um drama/romance com características próprias e incomuns em sua época, seja no desenvolvimento da trama e seu desfecho, seja nas soluções técnicas do uso da câmera, acrescentando singularidade e ousadia em sua substância.
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraPorque uma superprodução com um diretor reconhecido, um elenco de primeira e uma temática tão propensa a virar um blockbuster não consegue decolar ? Simples, mesmo efeitos visuais de ponta empregados na construção das imagens não é suficiente como quesito compensatório de um roteiro vagabundo com resoluções fáceis e desmioladas de sua narrativa. TODOS os personagens agem, em algum momento, de forma ilógica para facilitar o desenvolvimento da ação dramática. Isso tudo sem falar na enxurrada de clichês. A impressão é que nem o diretor/roteirista, nem o elenco e, por fim, nem nós mesmo acabamos conseguindo acreditar naquele universo. O que vemos é um pastiche de gênero futurista, mais compatível com uma linha de baixo orçamento e muito aquém do que se poderia ter alcançado. Assistível, porém esquecível.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraNo mar de caracteres infinitos criados por Woody Allen, a psicótica Jasmine já tem um lugar cativo no panteão dos melhores. Graças a atuação marcante de Cate Blanchett, a personagem emerge com a loucura necessária para traduzir o caos de uma vida que que se desmantela da noite para o dia. O filme brilha não apenas por causa de Blanchett, mas também pela fotografia de cores quentes e com alto grau de saturamento que se contradiz com a problemática densa que ele trata. Essa fórmula é atraente para o espectador que compra o drama, com um visual de férias de verão, como uma comédia próxima ao nonsense. O filme no entanto avança de uma forma incrível, expondo a gana de Allen em compor transtornos comportamentais para os principais protagonistas - notoriamente para aqueles que são crias de Nova Iorque. Sally Hawkins, para honrar a tradição de Woody Allen em escolher suas coadjuvantes, também tem uma ótima participação como Ginger, a irmã de Jasmine. Embora a tragédia das aspirações realcem o filme durante seu percurso, o tom sarcástico e cômico com que o diretor vai desenvolvendo as situações é certeiro e ele segue oferecendo leveza mesmo dentro do abismo. Blue Jasmine reafirma Allen fazendo o mesmo, talvez nem sempre melhor, mas ainda com muita substância criativa. Algo fantástico para um artista com mais de sessenta anos e que sempre se manteve em alta produtividade.
Sangue do Meu Sangue
3.8 17Joseph Mankiewicz dirige e roteiriza Sangue do Meu Sangue (título dado no Brasil e, pra variar, muito pouco sedutor). A montagem, respeitando uma ordem em formato de flashback, consegue imprimir fluidez e a agilidade revelando as peças dessa intriga marcada pela ganância. O roteiro consegue ambientar o espectador dentro do universo de uma família de imigrantes italianos cujo patriarca prosperou fazendo fortuna como banqueiro. A câmera de Mankiewicz vai compondo a sequencia de imagens com poder narrativo forte e com uma sofisticação precisa no uso das sombras num cenário de cores preto e branco. Edward G. Robinson como o patriarca machista, centralizador e ditatorial rouba as cenas e é a presença, indiscutivelmente, mais forte junto com Susan Hayward no papel da amante de um dos herdeiros. Visualmente irrepreensível e com uma trama bem desenvolvida, Joseph Mankiewicz passa,mais uma vez, seu recado sobre a falta de limites de corruptibilidade da alma.