Apesar da boa experiência, o filme não é muito eficiente ao estabelecer ou manter o suspense. Logo no começo, o diretor já alude para a possibilidade do crime e, a cada cena, a desconfiança se confirma. No fim das contas, estamos acompanhando o desenrolar da história sem uma imersão no mistério. Não conheço o material original, mas os personagens aqui não são bem desenvolvidos e os diálogos decepcionam, especialmente para o gênero. Tudo parece muito mecânico, inclusive o ritmo da produção e a passagem de tempo - e, surpreendentemente, a performance do Bogart também.
Barbara Stanwyck, por sua vez, não tem muito o que fazer aqui. Ela, que tinha uma atuação mais comedida que outras grandes estrelas da época, acaba perdida na condução abrupta do filme. Ainda assim, entrega uma performance incrível, sou muito fã dela.
Mais pro final, o filme consegue resgatar um clima de suspense quando suscita apreensão sobre o desfecho. Infelizmente, a conclusão não é grande coisa.
Apesar dos problemas, o filme tem uma história legal de acompanhar (inclusive, lembra muito grandes obras do Hitchcock).
O contraste da história simples com a direção sofisticada do Scorsese é um dos principais destaques do primeiro segmento. Nick Nolte manda muito bem e a Rosanna Arquette também interpreta bem a aprendiz. Eu achei toda a experiência de acompanhar o "casal" meio irritante, mas o curta é legal. Ainda tem um cameo da Debbie Harry.
Sinto confessar, mas o segmento do Coppola foi uma baita queda de qualidade pra mim. Não acho que a condução dele valorizou a história, muito pelo contrário.
Apesar do meu problema com o Woody Allen, eu tento ser justo com as produções que assisto. Foi divertido, mas cansou em menos de 10 minutos. Depois de um tempo ficou insuportável.
Filme bom demais, merece passar pelo processo de resgate que transforma umas produções esquecidas em clássicos. Funciona como noir e comédia, tem boas cenas de ação e atuações competentes, bom comentário social e uma representação honesta do pós-guerra para a população negra dos EUA.
Bom passatempo, mas é incrível como os filmes com a Doris Day, em sua maioria, envelhecem mal. O roteiro tem umas sacadas legais quando aborda a questão das classes (ainda que muito aquém de outras produções da época, mas temos que considerar o gênero e o público da obra) e o elenco também manda bem. O Cary Grant nunca perdeu a pose de astro, mesmo em papéis não tão interessantes como neste caso. Os coadjuvantes são divertidos e bem integrados ao romance, que é meio blasé, mas tem bons momentos. O filme também tem gags muito divertidas, o mais legal da produção pra mim.
Nem o mais cínico e desiludido espectador consegue resistir a esse romance. Barbara Stanwyck e Fred McMurray tem uma boa química, como visto também em outros trabalhos, mas isso está muito de longe de ser a única qualidade da produção.
Relevando alguns discursos e esteriótipos da época (o racial é sempre o mais difícil de engolir), o roteiro encanta em cada cena, a qualidade não cai e o texto não recorre a passagens mirabolantes pra prender a atenção. Na verdade, a narrativa é muito honesta e sóbria, especialmente pra uma comédia romântica. Agora, custava colocar mais uns dez minutos de filme pra termos um final menos amargo? A cara da censura da época.
Nas mãos de outro diretor, o filme poderia ter sido grandioso. Os vícios do Woody Allen não valorizam a história, o que resulta em uma produção singela, mas aclamada, ainda que eu não saiba o motivo.
O bom argumento é transformado em um roteiro raso e bruto, que saiu vitorioso do Oscar por razões exteriores ao trabalho. As atuações são competentes, mas fica aquém do calibre do elenco, a ambientação parece exigir mais esforço do espectador que da equipe de produção, a delicadeza que a história pede não existe, a jornada do protagonista é cuspida na tela e a conclusão do filme (com a formação de casal com uma vendedora aleatória) é pura decepção.
Apesar de tudo, vale a pena assistir e se divertir com os passeios do escritor. Achei razoável.
Eu me senti mais um velho conhecido ali na mesa, atento à conversa e procurando uma brecha pra responder os personagens. Filme cuja percepção vai mudar bastante conforme o momento da vida do espectador, por isso acho que é uma produção pra ser revisitada de vez em quando.
Eu tenho um amigo como o Andre, que insiste em discutir temas por uma perspectiva de universalidade a partir de uma ótica muito, mas muito particular. Não leva a lugar algum em relação a discussão, mas contribui muito para o entendimento que o interlocutor tem de si, ou do seu lugar, ou do amigo, ou da vida....
O filme chama mais a atenção pelo contexto da produção: último filme de um dos grandes diretores da Hollywood clássica, a terceira colaboração do George Stevens com a Elizabeth Taylor, uma produção menor da atriz, que já não era mais tão apreciada pela indústria, e um pairing meio aleatório com outro grande ator, mas que deu certo.
A história é simples e não traz novidades, e o roteiro poderia ser melhor. A trilha sonora é divertida e as transições, apesar de não tão inspiradas, são bons acertos. Além disso, e do casal protagonista, eu diria que o filme acaba prendendo a atenção justamente por elementos que deixam transparecer a tentativa de adaptação de "profissionais deixados para trás" em uma década marcada por mudanças.
Vale a pena demais, ainda que não seja lá uma grande produção (aliás, não devia ser tão esquecida). Gostei mais do que pensei que gostaria, achei o ritmo ideal para a história (neste aspecto, me lembra um pouco Johnny e Frankie, com Michelle Pfeiffer e Al Pacino), embora não seja tão fluido quanto outros romances. Agora, fosse outra atriz, talvez eu não gostasse tanto, reconheço.
Hollywood mastigou, engoliu, regurgitou e cuspiu a Elizabeth Taylor, mas ela fez o mesmo com a Máquina. Viveu bem os momentos áureos e enfrentou os revezes com dignidade, e tenho certeza que foi muito feliz.
Bom filme, mais realista que muitas representações da SGM anteriores. O cinema já deixava pra trás alguns dos vícios da era de ouro, muitos dos quais eram uma resposta direta à censura do Código Hayes.
Eu confesso que assisti ao filme pela capa belíssima com a Sophia Loren, mas, como já comentado abaixo, ela é um clickbait. Ha!
Infelizmente, o filme diminui um pouco as jornadas de todas as figuras históricas envolvidas pela forma como foi conduzida.
Não sei bem quão responsável o diretor é por isso, visto as regras ridículas e os preconceitos que limitavam as produções e a forma como discussões importantes eram representadas.
A narrativa aborda a corrupção e a imoralidade militar, a guerra franco-prussiana, o nacionalismo francês, e até levanta um debate sobre a dicotomia da arte e do comércio. Agora, a produção nos leva a diferentes lugares e acontecimentos, todos muito relevantes, mas sempre focando nas consequências, como um pulo de A a D, depois pra G e assim por diante.
Todos esses saltos pra depois insistir nas cenas de tribunal que, convenhamos, não contribui tanto para a história proposta quanto os momentos que ficam subentendidos. Irônico, pois são nas cenas de tribunal que o filme se encontra.
No auge da carreira em Hollywood, Ingrid Bergman, 33, interpreta um dos grandes ícones da História francesa. Joan of Arc tinha quase a metade da idade da atriz, e essa foi uma das grandes críticas à produção na época do lançamento. Contudo, devo dizer que me envolvi e acreditei completamente na atuação da protagonista (mas sou suspeito).
Assisti à reedição de 145 minutos, carregada de bons diálogos, mas que não emocionam ou impressionam. Acho uma pena que o diretor não se apoiou mais em simbolismos, especialmente quando consideramos a história contada. Gostaria de ver uma versão da construção do mito que se tornou Joan of Arc, explorando mais a religiosidade e o background da jovem, mas a cruzada romântica da protagonista também é satisfatória.
Quanto às interpretações, todos são competentes, mas ninguém tem muito espaço para se destacar, além de Bergman e do coadjuvante Jose Ferrer. Acredito que isso se deve mais pelo caráter de biografia do que por falhas na condução dos atores. Na verdade, Fleming faz um trabalho incrível, principalmente no primeiro ato, de estabelecer o tom e a ambientação da história.
Li que essa versão tem diferenças significativas com exibições anteriores, prefiro essa narrativa cronológica ao voice over das outras edições.
Piegas e arrastado, esse é o tipo de papel que menos gosto de ver Bette Davis interpretando, ainda que ela tenha um bom desempenho sempre.
Do romance ao drama, tudo é muito afetado, o roteiro é artificial, mas o ritmo da produção e as atuações ajudam a disfarçar o tom antiquado.
Sou apaixonado pelo cinema clássico e assisto a filmes de todos os gêneros, mas esses romances da alta sociedade nem sempre me conquistam. Até a governanta é rica e herdeira, fugiram até de uma discussão de classe, o conflito é que o cara é casado e não larga a esposa. De qualquer forma, não me arrependo da sessão.
Filme tocante lançado em um momento divisor da história dos EUA, em que o movimento pelos direitos civis encaminhava para seu ápice de força e influência.
Eu imagino que não tenha agradado uma parte dos ativistas mais radicais do CRM, mas para uma produção hollywoodiana de meados de 60 foi um lançamento bastante ousado.
Dois anos depois, Guess Who's Coming to Dinner?, com um Poitier já no status de astro, seria ainda mais controverso.
Chorei em várias cenas, todo mundo mandou bem demais. Poderia ser mais longo, inclusive.
Diz muito sobre a sociedade estadunidense o general ser considerado herói. Lunático e desequilibrado, ele não lutou contra o nazismo e isso fica muito claro nas declarações que fez durante a guerra. Pensa só nesse cara, com esse ego todo, ao lado do Hitler? Não é difícil imaginar.
O filme exigiu de mim um esforço muito grande de suspender meus valores pra conseguir aproveitar a história, mas é sim uma boa experiência de entretenimento e uma biografia tecnicamente bem executada. O George C. Scott está muito bem no papel e a direção das cenas é sensacional, assim como a fotografia.
O título do filme por aqui "Patton: heroi ou rebelde?" também diz muito sobre nossa própria cultura. Que tal nenhum? Pior é ver o brasileiro médio admirando essa figura patética que a produção mostra. Assistimos ao mesmo filme? Parece que a galera ficou mais vidrada nas explosões e nas frases de efeitos do que no conteúdo em si. Até falaram que é um estrategista foda, e as vitórias do exército liderado por ele até corroboram, mas não mostrou nada além de piti e devaneios.
Apesar de tudo, não tem como negar as qualidades da produção, a equipe mandou bem demais.
Queria muito ter gostado, mas o texto não ajuda. Sou um grande fã do cinema da década de 40 e acho que o tom teatral mais contribuem do que atrapalha a experiência, então isso não é problema.
Contudo, devo dizer que o filme despertou pouco em mim, parece bem aquela leva de filmes de guerra hollywoodianos que pouco têm a dizer. Não senti as intrigas, nem o temor, nem as paixões e nem nada, mas tecnicamente é formidável. Devo tentar mais uma vez.
Produção com 180 minutos e a história parece mal aproveitada, com poucos grandes momentos e várias pontas soltas. Apesar disso, eu consigo entender a vitória no Oscar de 1937, mas nada justifica o prêmio de Melhor Atriz para Luise Rainer na minha cabeça. Ela está boa, mas perderam a oportunidade de premiar a ótima Irene Dunne.
Myrna Loy dá uma revigorada na narrativa, mas logo cai no mesmo ritmo arrastado no segundo ato. Fanny Bryce é o destaque pra mim, mas William Powell é quem sustenta a história com sua ótima atuação. Aliás, ele também esteve no ótimo My Man Godfrey do mesmo ano.
Os espetáculos do Zegfield devem ter sido uma experiência única, só de assistir no filme já fico encantado.
Sou um grande admirador do Pollack, mas ele comandou um filme que apaga quase que completamente qualquer traço de cultura que não seja o anglicano.
Apesar disso, não tem como negar as qualidades técnicas do filme. Aliás, a produção poderia ter sido muito mais maçante não fosse o tom jocoso de algumas situações e da própria atuação da Meryl Streep, o que diminui conforme o filme progride e acaba prejudicando minha experiência.
Envelheceu mal? Sim. Na verdade, eu diria que já nasceu na controvérsia. Contudo, devo dizer que o filme até me surpreendeu com o ritmo do primeiro ato, com a direção competente e os belos cenários do Quênia.
Uma pena que, depois de relevar tantas problemáticas, o segundo ato me perdeu e o filme chega a ser difícil de acompanhar até o final. E olha, 160 minutos é muito pra premissa.
Particularmente, eu não daria ao filme nenhuma das vitórias no Oscar, talvez só Trilha Sonora. (A derrota do Kurosawa foi a que mais doeu).
Preciso fazer outra confissão: achei o personagem do Redford um tédio e sem propósito a não ser dar lição de moral vazia.
Os personagens são ruins e o final é extremamente cafona, mas o filme tem suas qualidades. Inclusive, algumas cenas são impressionantes e tenho certeza que ficarão na minha memória, ao menos por um tempo.
Engraçado as críticas sobre certos comportamentos na escola (nada demais, inclusive, é uma comédia) paroquial como se igreja fosse um pedaço do céu na Terra. Sabemos muito bem as barbaridades que podem acontecer nesses ambientes, então não há nada a se criticar nesse sentido. Enfim... o moralismo dos cinéfilos cristãos é péssimo.
A sequência de O Bom Pastor é leve e bem humorada, com histórias bobinhas, mas que põem um sorriso no rosto. Eu sou um grande fã da Ingrid Bergman, como muitos aqui, e ela está em um papel diferente do costume. Ela e o Bing Crosby entrosam muito bem, e os coadjuvantes também têm bons momentos.
Filme mais indicado da edição do Oscar de 1947. Não sei se era pra tanto, mas é uma produção muito divertida. Aumentei um pouco a nota pela Bergman, que brilha sempre.
Filmaço sobre a sociedade estadunidense do pos-guerra comandado pelo grande Wyler, que extrai o máximo dos atores, como de costume. Eu sou um grande admirador do trabalho do Fredric March, que saiu com o Oscar de Melhor Ator, e não foi a única atuação premiada na edição do prêmio.
A produção tem algumas particularidades que surpreendem pela época do lançamento, especialmente em relação à maneira como a guerra é abordada, mas também chama a atenção a ausência de grandes momentos de clímax e sentimentalismo barato, o que poderia ser facilmente explorado como forma de instigar a audiência.
Se eu dissesse que passou voando estaria mentindo, mas difícil pensar em algum plot que cortaria.
Grande clássico protagonizado por um jovem James Stewart e a bela Jean Arthur, uma das minhas atrizes preferidas. A direção do Frank Capra ordena bem o enredo caótico e conduz os atores perfeitamente. Apesar do romance ser o plot central, ele funciona como um guia para outras discussões mais importantes e faz um bom contraste com as cenas divertidas dos coadjuvantes.
Datado e utópico? Pode até ser, mas esquenta o coração. Grande Capra.
O filme tem um roteiro muito sagaz, boas atuações e claramente o pessoal sabia o que estava fazendo, mas achei extremamente desagradável. Claro, grande parte disso foi intencional, porém acabou afetando minha percepção da produção como um todo; o humor não me pegou e o fiquei apático durante grande parte do filme.
Apesar disso, devo reconhecer a qualidade da produção. Aliás, talvez essa seja a minha interpretação favorita da Cameron Diaz.
O filme começa com uma contextualização que trata os nativos de Oklahoma como nada, enquanto os colonos feito selvagem partem numa corrida pra usurpar as terras dos indígenas. Insensível ao extremo, mas precisamos considerar o contexto.
O filme me lembrou um pouco o britânico Cavalcade, que se tornaria o próximo vencedor de Melhor Filme no Oscar.
Eu não tive problema com o ritmo da produção, muito pelo contrário, mas tem alguns problemas mais graves.
Apesar das boas atuações, o protagonista desanima por ser um poço de moralismo e hipocrisia. Sem falar no complexo de Mary Sue (ou Gary Stu). O cara é editor, pastor, pistoleiro, advogado, soldado, governador, ativista dos direitos indígenas e até feminista. No fim, ele ainda vira herói. Ha.
Irene Dunne faz o que pode com uma personagem sem graça, que tem um arco de redenção que poderia ser melhor desenvolvido.
Eugene Jackson serve como alívio cômico, antes de ser descartado sem um bom motivo.
Além disso, o roteiro parece muito artificial em alguns momentos (como no segmento de 1890-93) ignorância bem cínica em relação a questões sociais da época. E claro, ufanista demais pra uma história genocida e criminosa, mas isso era a regra.
Olha, não concordo com nenhum dos prêmios que levou, mas não é uma produção terrível e dá pra perceber alguns pontos que o fizeram ganhar como melhor filme em 1932.
Inspiração Trágica
3.8 11 Assista AgoraApesar da boa experiência, o filme não é muito eficiente ao estabelecer ou manter o suspense. Logo no começo, o diretor já alude para a possibilidade do crime e, a cada cena, a desconfiança se confirma. No fim das contas, estamos acompanhando o desenrolar da história sem uma imersão no mistério. Não conheço o material original, mas os personagens aqui não são bem desenvolvidos e os diálogos decepcionam, especialmente para o gênero. Tudo parece muito mecânico, inclusive o ritmo da produção e a passagem de tempo - e, surpreendentemente, a performance do Bogart também.
Barbara Stanwyck, por sua vez, não tem muito o que fazer aqui. Ela, que tinha uma atuação mais comedida que outras grandes estrelas da época, acaba perdida na condução abrupta do filme. Ainda assim, entrega uma performance incrível, sou muito fã dela.
Mais pro final, o filme consegue resgatar um clima de suspense quando suscita apreensão sobre o desfecho. Infelizmente, a conclusão não é grande coisa.
Apesar dos problemas, o filme tem uma história legal de acompanhar (inclusive, lembra muito grandes obras do Hitchcock).
Contos de Nova York
3.5 267 Assista AgoraO contraste da história simples com a direção sofisticada do Scorsese é um dos principais destaques do primeiro segmento. Nick Nolte manda muito bem e a Rosanna Arquette também interpreta bem a aprendiz. Eu achei toda a experiência de acompanhar o "casal" meio irritante, mas o curta é legal. Ainda tem um cameo da Debbie Harry.
Sinto confessar, mas o segmento do Coppola foi uma baita queda de qualidade pra mim. Não acho que a condução dele valorizou a história, muito pelo contrário.
Apesar do meu problema com o Woody Allen, eu tento ser justo com as produções que assisto. Foi divertido, mas cansou em menos de 10 minutos. Depois de um tempo ficou insuportável.
O Diabo Veste Azul
3.2 48 Assista AgoraFilme bom demais, merece passar pelo processo de resgate que transforma umas produções esquecidas em clássicos. Funciona como noir e comédia, tem boas cenas de ação e atuações competentes, bom comentário social e uma representação honesta do pós-guerra para a população negra dos EUA.
Carícias de Luxo
3.5 15 Assista AgoraBom passatempo, mas é incrível como os filmes com a Doris Day, em sua maioria, envelhecem mal. O roteiro tem umas sacadas legais quando aborda a questão das classes (ainda que muito aquém de outras produções da época, mas temos que considerar o gênero e o público da obra) e o elenco também manda bem. O Cary Grant nunca perdeu a pose de astro, mesmo em papéis não tão interessantes como neste caso.
Os coadjuvantes são divertidos e bem integrados ao romance, que é meio blasé, mas tem bons momentos.
O filme também tem gags muito divertidas, o mais legal da produção pra mim.
Lembra-se Daquela Noite?
3.8 19 Assista AgoraNem o mais cínico e desiludido espectador consegue resistir a esse romance. Barbara Stanwyck e Fred McMurray tem uma boa química, como visto também em outros trabalhos, mas isso está muito de longe de ser a única qualidade da produção.
Relevando alguns discursos e esteriótipos da época (o racial é sempre o mais difícil de engolir), o roteiro encanta em cada cena, a qualidade não cai e o texto não recorre a passagens mirabolantes pra prender a atenção. Na verdade, a narrativa é muito honesta e sóbria, especialmente pra uma comédia romântica. Agora, custava colocar mais uns dez minutos de filme pra termos um final menos amargo? A cara da censura da época.
Liquid Sky
3.7 71Nem só de estética se produz um filme bom, mas essa aura punk chama a atenção. Se os diálogos não fossem tão ruins, eu teria me envolvido mais.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraNas mãos de outro diretor, o filme poderia ter sido grandioso. Os vícios do Woody Allen não valorizam a história, o que resulta em uma produção singela, mas aclamada, ainda que eu não saiba o motivo.
O bom argumento é transformado em um roteiro raso e bruto, que saiu vitorioso do Oscar por razões exteriores ao trabalho. As atuações são competentes, mas fica aquém do calibre do elenco, a ambientação parece exigir mais esforço do espectador que da equipe de produção, a delicadeza que a história pede não existe, a jornada do protagonista é cuspida na tela e a conclusão do filme (com a formação de casal com uma vendedora aleatória) é pura decepção.
Apesar de tudo, vale a pena assistir e se divertir com os passeios do escritor. Achei razoável.
Meu Jantar com André
4.1 78Eu me senti mais um velho conhecido ali na mesa, atento à conversa e procurando uma brecha pra responder os personagens. Filme cuja percepção vai mudar bastante conforme o momento da vida do espectador, por isso acho que é uma produção pra ser revisitada de vez em quando.
Eu tenho um amigo como o Andre, que insiste em discutir temas por uma perspectiva de universalidade a partir de uma ótica muito, mas muito particular. Não leva a lugar algum em relação a discussão, mas contribui muito para o entendimento que o interlocutor tem de si, ou do seu lugar, ou do amigo, ou da vida....
Jogo de Paixões
3.3 5O filme chama mais a atenção pelo contexto da produção: último filme de um dos grandes diretores da Hollywood clássica, a terceira colaboração do George Stevens com a Elizabeth Taylor, uma produção menor da atriz, que já não era mais tão apreciada pela indústria, e um pairing meio aleatório com outro grande ator, mas que deu certo.
A história é simples e não traz novidades, e o roteiro poderia ser melhor. A trilha sonora é divertida e as transições, apesar de não tão inspiradas, são bons acertos. Além disso, e do casal protagonista, eu diria que o filme acaba prendendo a atenção justamente por elementos que deixam transparecer a tentativa de adaptação de "profissionais deixados para trás" em uma década marcada por mudanças.
Vale a pena demais, ainda que não seja lá uma grande produção (aliás, não devia ser tão esquecida). Gostei mais do que pensei que gostaria, achei o ritmo ideal para a história (neste aspecto, me lembra um pouco Johnny e Frankie, com Michelle Pfeiffer e Al Pacino), embora não seja tão fluido quanto outros romances. Agora, fosse outra atriz, talvez eu não gostasse tanto, reconheço.
Hollywood mastigou, engoliu, regurgitou e cuspiu a Elizabeth Taylor, mas ela fez o mesmo com a Máquina. Viveu bem os momentos áureos e enfrentou os revezes com dignidade, e tenho certeza que foi muito feliz.
Operação Crossbow
3.5 10 Assista AgoraBom filme, mais realista que muitas representações da SGM anteriores. O cinema já deixava pra trás alguns dos vícios da era de ouro, muitos dos quais eram uma resposta direta à censura do Código Hayes.
Eu confesso que assisti ao filme pela capa belíssima com a Sophia Loren, mas, como já comentado abaixo, ela é um clickbait. Ha!
A Vida de Emile Zola
3.7 41 Assista AgoraInfelizmente, o filme diminui um pouco as jornadas de todas as figuras históricas envolvidas pela forma como foi conduzida.
Não sei bem quão responsável o diretor é por isso, visto as regras ridículas e os preconceitos que limitavam as produções e a forma como discussões importantes eram representadas.
A narrativa aborda a corrupção e a imoralidade militar, a guerra franco-prussiana, o nacionalismo francês, e até levanta um debate sobre a dicotomia da arte e do comércio. Agora, a produção nos leva a diferentes lugares e acontecimentos, todos muito relevantes, mas sempre focando nas consequências, como um pulo de A a D, depois pra G e assim por diante.
Todos esses saltos pra depois insistir nas cenas de tribunal que, convenhamos, não contribui tanto para a história proposta quanto os momentos que ficam subentendidos. Irônico, pois são nas cenas de tribunal que o filme se encontra.
Joana D'Arc
3.5 27 Assista AgoraNo auge da carreira em Hollywood, Ingrid Bergman, 33, interpreta um dos grandes ícones da História francesa. Joan of Arc tinha quase a metade da idade da atriz, e essa foi uma das grandes críticas à produção na época do lançamento. Contudo, devo dizer que me envolvi e acreditei completamente na atuação da protagonista (mas sou suspeito).
Assisti à reedição de 145 minutos, carregada de bons diálogos, mas que não emocionam ou impressionam. Acho uma pena que o diretor não se apoiou mais em simbolismos, especialmente quando consideramos a história contada. Gostaria de ver uma versão da construção do mito que se tornou Joan of Arc, explorando mais a religiosidade e o background da jovem, mas a cruzada romântica da protagonista também é satisfatória.
Quanto às interpretações, todos são competentes, mas ninguém tem muito espaço para se destacar, além de Bergman e do coadjuvante Jose Ferrer. Acredito que isso se deve mais pelo caráter de biografia do que por falhas na condução dos atores. Na verdade, Fleming faz um trabalho incrível, principalmente no primeiro ato, de estabelecer o tom e a ambientação da história.
Li que essa versão tem diferenças significativas com exibições anteriores, prefiro essa narrativa cronológica ao voice over das outras edições.
Tudo Isto e o Céu Também
4.2 29 Assista AgoraPiegas e arrastado, esse é o tipo de papel que menos gosto de ver Bette Davis interpretando, ainda que ela tenha um bom desempenho sempre.
Do romance ao drama, tudo é muito afetado, o roteiro é artificial, mas o ritmo da produção e as atuações ajudam a disfarçar o tom antiquado.
Sou apaixonado pelo cinema clássico e assisto a filmes de todos os gêneros, mas esses romances da alta sociedade nem sempre me conquistam. Até a governanta é rica e herdeira, fugiram até de uma discussão de classe, o conflito é que o cara é casado e não larga a esposa. De qualquer forma, não me arrependo da sessão.
Quando Só o Coração Vê
4.2 48 Assista AgoraFilme tocante lançado em um momento divisor da história dos EUA, em que o movimento pelos direitos civis encaminhava para seu ápice de força e influência.
Eu imagino que não tenha agradado uma parte dos ativistas mais radicais do CRM, mas para uma produção hollywoodiana de meados de 60 foi um lançamento bastante ousado.
Dois anos depois, Guess Who's Coming to Dinner?, com um Poitier já no status de astro, seria ainda mais controverso.
Chorei em várias cenas, todo mundo mandou bem demais. Poderia ser mais longo, inclusive.
Patton, Rebelde ou Herói?
3.9 133 Assista AgoraDiz muito sobre a sociedade estadunidense o general ser considerado herói. Lunático e desequilibrado, ele não lutou contra o nazismo e isso fica muito claro nas declarações que fez durante a guerra. Pensa só nesse cara, com esse ego todo, ao lado do Hitler? Não é difícil imaginar.
O filme exigiu de mim um esforço muito grande de suspender meus valores pra conseguir aproveitar a história, mas é sim uma boa experiência de entretenimento e uma biografia tecnicamente bem executada. O George C. Scott está muito bem no papel e a direção das cenas é sensacional, assim como a fotografia.
O título do filme por aqui "Patton: heroi ou rebelde?" também diz muito sobre nossa própria cultura. Que tal nenhum? Pior é ver o brasileiro médio admirando essa figura patética que a produção mostra. Assistimos ao mesmo filme? Parece que a galera ficou mais vidrada nas explosões e nas frases de efeitos do que no conteúdo em si. Até falaram que é um estrategista foda, e as vitórias do exército liderado por ele até corroboram, mas não mostrou nada além de piti e devaneios.
Apesar de tudo, não tem como negar as qualidades da produção, a equipe mandou bem demais.
Ivan, o Terrível - Parte I
4.1 50 Assista AgoraQueria muito ter gostado, mas o texto não ajuda. Sou um grande fã do cinema da década de 40 e acho que o tom teatral mais contribuem do que atrapalha a experiência, então isso não é problema.
Contudo, devo dizer que o filme despertou pouco em mim, parece bem aquela leva de filmes de guerra hollywoodianos que pouco têm a dizer. Não senti as intrigas, nem o temor, nem as paixões e nem nada, mas tecnicamente é formidável. Devo tentar mais uma vez.
Ziegfeld - O Criador de Estrelas
3.5 38 Assista AgoraProdução com 180 minutos e a história parece mal aproveitada, com poucos grandes momentos e várias pontas soltas. Apesar disso, eu consigo entender a vitória no Oscar de 1937, mas nada justifica o prêmio de Melhor Atriz para Luise Rainer na minha cabeça. Ela está boa, mas perderam a oportunidade de premiar a ótima Irene Dunne.
Myrna Loy dá uma revigorada na narrativa, mas logo cai no mesmo ritmo arrastado no segundo ato. Fanny Bryce é o destaque pra mim, mas William Powell é quem sustenta a história com sua ótima atuação. Aliás, ele também esteve no ótimo My Man Godfrey do mesmo ano.
Os espetáculos do Zegfield devem ter sido uma experiência única, só de assistir no filme já fico encantado.
Entre Dois Amores
3.7 237 Assista AgoraSou um grande admirador do Pollack, mas ele comandou um filme que apaga quase que completamente qualquer traço de cultura que não seja o anglicano.
Apesar disso, não tem como negar as qualidades técnicas do filme. Aliás, a produção poderia ter sido muito mais maçante não fosse o tom jocoso de algumas situações e da própria atuação da Meryl Streep, o que diminui conforme o filme progride e acaba prejudicando minha experiência.
Envelheceu mal? Sim. Na verdade, eu diria que já nasceu na controvérsia. Contudo, devo dizer que o filme até me surpreendeu com o ritmo do primeiro ato, com a direção competente e os belos cenários do Quênia.
Uma pena que, depois de relevar tantas problemáticas, o segundo ato me perdeu e o filme chega a ser difícil de acompanhar até o final. E olha, 160 minutos é muito pra premissa.
Particularmente, eu não daria ao filme nenhuma das vitórias no Oscar, talvez só Trilha Sonora. (A derrota do Kurosawa foi a que mais doeu).
Preciso fazer outra confissão: achei o personagem do Redford um tédio e sem propósito a não ser dar lição de moral vazia.
Correspondente Estrangeiro
3.7 54 Assista AgoraOs personagens são ruins e o final é extremamente cafona, mas o filme tem suas qualidades. Inclusive, algumas cenas são impressionantes e tenho certeza que ficarão na minha memória, ao menos por um tempo.
Os Sinos de Santa Maria
3.8 26Engraçado as críticas sobre certos comportamentos na escola (nada demais, inclusive, é uma comédia) paroquial como se igreja fosse um pedaço do céu na Terra. Sabemos muito bem as barbaridades que podem acontecer nesses ambientes, então não há nada a se criticar nesse sentido. Enfim... o moralismo dos cinéfilos cristãos é péssimo.
A sequência de O Bom Pastor é leve e bem humorada, com histórias bobinhas, mas que põem um sorriso no rosto. Eu sou um grande fã da Ingrid Bergman, como muitos aqui, e ela está em um papel diferente do costume. Ela e o Bing Crosby entrosam muito bem, e os coadjuvantes também têm bons momentos.
Filme mais indicado da edição do Oscar de 1947. Não sei se era pra tanto, mas é uma produção muito divertida. Aumentei um pouco a nota pela Bergman, que brilha sempre.
Os Melhores Anos de Nossa Vida
4.1 83Filmaço sobre a sociedade estadunidense do pos-guerra comandado pelo grande Wyler, que extrai o máximo dos atores, como de costume. Eu sou um grande admirador do trabalho do Fredric March, que saiu com o Oscar de Melhor Ator, e não foi a única atuação premiada na edição do prêmio.
A produção tem algumas particularidades que surpreendem pela época do lançamento, especialmente em relação à maneira como a guerra é abordada, mas também chama a atenção a ausência de grandes momentos de clímax e sentimentalismo barato, o que poderia ser facilmente explorado como forma de instigar a audiência.
Se eu dissesse que passou voando estaria mentindo, mas difícil pensar em algum plot que cortaria.
Do Mundo Nada Se Leva
4.2 111 Assista AgoraGrande clássico protagonizado por um jovem James Stewart e a bela Jean Arthur, uma das minhas atrizes preferidas. A direção do Frank Capra ordena bem o enredo caótico e conduz os atores perfeitamente. Apesar do romance ser o plot central, ele funciona como um guia para outras discussões mais importantes e faz um bom contraste com as cenas divertidas dos coadjuvantes.
Datado e utópico? Pode até ser, mas esquenta o coração. Grande Capra.
Quero Ser John Malkovich
4.0 1,4K Assista AgoraO filme tem um roteiro muito sagaz, boas atuações e claramente o pessoal sabia o que estava fazendo, mas achei extremamente desagradável. Claro, grande parte disso foi intencional, porém acabou afetando minha percepção da produção como um todo; o humor não me pegou e o fiquei apático durante grande parte do filme.
Apesar disso, devo reconhecer a qualidade da produção. Aliás, talvez essa seja a minha interpretação favorita da Cameron Diaz.
Cimarron
3.1 36 Assista AgoraO filme começa com uma contextualização que trata os nativos de Oklahoma como nada, enquanto os colonos feito selvagem partem numa corrida pra usurpar as terras dos indígenas. Insensível ao extremo, mas precisamos considerar o contexto.
O filme me lembrou um pouco o britânico Cavalcade, que se tornaria o próximo vencedor de Melhor Filme no Oscar.
Eu não tive problema com o ritmo da produção, muito pelo contrário, mas tem alguns problemas mais graves.
Apesar das boas atuações, o protagonista desanima por ser um poço de moralismo e hipocrisia. Sem falar no complexo de Mary Sue (ou Gary Stu). O cara é editor, pastor, pistoleiro, advogado, soldado, governador, ativista dos direitos indígenas e até feminista. No fim, ele ainda vira herói. Ha.
Irene Dunne faz o que pode com uma personagem sem graça, que tem um arco de redenção que poderia ser melhor desenvolvido.
Eugene Jackson serve como alívio cômico, antes de ser descartado sem um bom motivo.
Além disso, o roteiro parece muito artificial em alguns momentos (como no segmento de 1890-93) ignorância bem cínica em relação a questões sociais da época. E claro, ufanista demais pra uma história genocida e criminosa, mas isso era a regra.
Olha, não concordo com nenhum dos prêmios que levou, mas não é uma produção terrível e dá pra perceber alguns pontos que o fizeram ganhar como melhor filme em 1932.