Tripalium ou Quem diria, Greta foi parar no Ceará.
Uma das melhores produções nos últimos cinco anos. Eu assisti ao texto/produção no teatro e essa adaptação para o cinema foi louvável. Dentro de um contexto de solidão, abandono e múltiplos preconceitos existem três forças: a da sobrevivência vital da trans Daniela; a sobrevivência existencial de Pedro; e a sobrevivência social de Jean. A primeira encontra como evasão os shows na boate. O segundo, em uma personagem quem idolatra: Greta Garbo. O terceiro em Pedro. Os três condenados: à morte, à solidão, à cadeia. O escapismo, pois, é a resolução dos problemas como um poeta romântico do século XIX. Um salve para a direção envolvente com cenas singelas como a da famigerada nudez aos 70 de Pedro (grande Nanini, um dos maiores atores do Brasil- lenda viva!) e do banho que ele dá em Daniela (gigante Denise, atriz pouco requisitada na televisão, pouco falada, porém de uma competência que há muito não se vê numa atriz do porte e gabarito e comprometimento e longevidade, no que tange à carreira, como ela e Regina Braga, por exemplo, a qual fez uma dobradinha impecável na série Alice da HBO).
Logo, “Greta” - com toda licença para explorar o sentido amplo da palavra- é um trabalho de três pontas que se unem: roteiro, direção e produção; Daniela, Pedro e Jean.
Aqui no Brasil precisávamos não só de um filme como esse, assim como que, se tivesse sido feito justiça, a fim de respeitar a memória de quem foi perseguido, torturado e morto pelos militares, quando eles estavam no poder. 1985, por sua vez, toca em uma ferida a qual, mesmo aparentemente não aberta, ainda não está cicatrizada. O excelente texto combinado à direção quase documental, que extrapola a sisudez de uma projeção marcada por um ambiente predominante masculino e violento, emociona em vários trechos como no depoimento dolorido de uma mãe e o veredicto lido ao final pelo promotor seguido da retirada dos lenços das mães da praça de maio. Um globo de ouro não é suficiente para representar a importância da discussão que esse filme evoca.
Pureza é luta, resistência, resiliência… Todo respeito às Purezas desse vasto país que ainda sofre com mazelas como escravidão, trabalho forçado, miséria, exploração etc. As Purezas desta nação , infelizmente, estão morrendo por seus filhos ou lutando para que seja feita justiça pelo desaparecimento e, eventualmente, a morte de sua prole. É uma mistura de tristeza que desemboca na satisfação final. Lindo!
Apesar de um exagero na quantidade de minutos da projeção, é um filme que não fica chato. Gostei bastante! Destaco que a Gaga foi bem dirigida, apesar de que a direção pecou no fato de deixar algumas partes corridas quando deveriam ser mais bem desenvolvidas (a sequência do assassinato, por exemplo) e as partes que poderiam ser mais rápidas, ficaram modorrentas e arrastadas (a disputa judicial, que mais parecia pilhéria e a mudança no perfil de Maurizio, um grande babaca!). Com um texto que deu conta de uma trajetória de sucesso de uma mulher por detrás de um homem banana, rivalizando com um personagem excêntrico e estranhamente construído pelo Jared Leto. Por fim, levanto a elegância do figurino e da arquitetura italiana a qual, por si só, já é um charme!
É um filme esquisito, mal dirigido. Sou levado a crer que, pela falta de uma boa direção, Kirsten não rendeu tanto. Se o roteiro fosse mais instigante e a direção fosse por um caminho mais do drama do que do suspense, talvez o filme tivesse rendido mais e melhor. Faltou alma! Faltou coração! Faltou EMOÇÃO. O bacana é que o recorte é bem diferenciado de tudo o que a gente espera quando se trata da história de Diana. Ela realmente é protagonista absoluta do filme, por isso mesmo que a atriz merecia um texto e uma direção mais esmeradas. E, para mim, o ponto alto é a revelação inusitada da funcionária da princesa. A trama poderia ter girado em torno daquilo ali. Seria mais bonito, mais tocante e mais diferenciado.
Filme necessário e, diria, tudo na medida certa. Com boas doses de humor em meio a tanta densidade no roteiro, numa sociedade carregada de racismo, o personagem de Seu Jorge se destaca! Ao passo que Alfie Enoch vai crescendo, costurando aos poucos um personagem cheio de nuances e costurando a tensão necessária para o drama com que o Lázaro nos presenteou. Eu saio com sensação de que precisamos lutar e ir às ruas sim! Medida provisória é motivador, aliás, mostra a urgência de uma revolução em todos os âmbitos sociais.
Uma história bonita e que serve de inspiração a muitos, sem sombra de dúvidas! No entanto, considero que houve muito tempo de projeção até chegar no ápice da carreira das irmãs Williams. Afora isso, é uma trama que vai além de superação de limites, é sobre perseverança, autoestima e combate ao racismo. Em tempo, a luta de Richard era para que as filhas e a família fossem respeitados e tivessem consciência de onde vieram e aonde querem chegar, sem jamais esquecerem suas origens e suas projeções, não perdendo a humildade e a essência. Personagem controverso, Richard pode ser o grande momento para que o Will Smith ganhe todos os prêmios de melhor ator da temporada. Destaco também o trabalho de Aunjanus Ellis, com toda fibra e força de uma mãe presente e também de grande gestora e mantenedora do sonho coletivo dos Williams.
É inegável a qualidade do texto é incontestável o talento e construção que Denzel e Francis fizeram do casal Macbeth. A fotografia também é linda, porém a direção de Coen (aqui em carreira solo), ao meu ver, geralmente, é cansativa e nada dinâmica.
Um filme bastante sensível sobre o entre-lugar do artista de rua/informal e a classe lgbtqi. O pano de fundo sócio-histórico da Ditadura Militar casa bem com toda castração a qual sofria o personagem Fininha. Eu destaco também o romance tórrido, intenso é tão verossimilhante com daquele com Clécio, mostrando que os problemas de um casal gay são análogos a de um casal hétero, pelos quais todos nós estamos sujeitos a passar.
Drama familiar com dilemas críveis, bem delineados pelo enredo de forma sensível, capaz de promover um relevante merchandising social. Aliás, o grande trunfo da direção foi trabalhar com um elenco de surdos-mudos e mostrar a dificuldade real não só da família em se estabelecer, como também em se adaptar e fazer com que a única componente oralizada não sofra com a falta de traquejo e o preconceito que toda a sociedade perpetra contra a comunidade. O comportamento dos colegas de escola de Ruby, os problemas referentes ao ofício da família e a criação da cooperativa, a cena do dueto de Ruby e Miles no musical apresentado na escola revelam perfeitamente bem a visão que tive supracitada. Para mim, sem sombra de dúvidas, uma das grandes apostas para as premiações e um dos melhores filmes da temporada.
Muitos arrumam um subterfúgio, uma desculpa, uma válvula de escape na bebida e isso pode tornar-se um mal irreversível. Com os professores de Druk não foi diferente, pois cada um deles estava absorto em seus dilemas pessoais, conjugais e profissionais e viram no alcoolismo a união e o refúgio. Em um país como a Dinamarca, essa doença me parece ser uma triste realidade e o longa-metragem estabelece sua crítica de forma bem-humorada e inteligente, mostrando o quão devastador pode ser uma vida mergulhada no álcool.
O talento de MJ Rodriguez precisa de mais espaço e visibilidade. Andrew Garfield mostrou o quão é versátil e que vai muito além de um ator de filmes blockbuster. O roteiro é bom e bem dirigido, inclusive a parte dos musicais. Porém, essa última parte foi a que menos me cativou.
Uma contundente crítica ao negacionismo científico. Nada mais atual que isso, mais incisivo e objetivo impossível! As mais de duas horas de duração não são necessárias. Tudo poderia ser resolvido em 1 hora e meia. E, para finalizar, a cena do senhor atirando para o alto, como se fosse conter o meteoro, é emblemática. Inclusive, acho que é o símbolo do totalitarismo contemporâneo.
É um filme que demora a ganhar forma e, talvez, por isso, as duas horas de projeção foram muito mal aproveitadas. Acho que as partes obscenas (fora de cena) dizem muito mais do que as que são mostradas nas divisões em atos. Ainda assim, vale a pena pela excelente atuação de Kirsten Dunst em um tipo perturbado e assombrada pelo suicídio do marido, trazendo o medo de perder seu único filho e acometida pelo alcoolismo. A construção dúbia do personagem Phil também merece destaque para o bom trabalho de Cumberbatch. De resto, mais do mesmo.
Não estou aqui para avaliar quem foi o Marighella guerrilheiro, tampouco utilizar um juízo de valor a fim de colocar em pauta a moral, a conduta e o senso de justiça daquele personagem-título ficcionalizado. Apenas irei discorrer sobre a parte técnica: direção, fotografia, sonoplastia e roteiro. Em resumo: Wagner Moura entregou TUDO nesse filme. Não teve medo de fazer aquele excelente plano sequência (dificílimo gravar tudo de uma só vez!!), com uma fotografia a qual retrata uma atmosfera tensa, delicada, de guerra mesmo, com uma câmera nervosa, documental. A trilha sonora também recupera essa tensão. A canção do Gonzaguinha (Elza Soares regravou e ficou lindíssima a nova roupagem!!Poderiam ter colocado na voz dela, uma vez que sofreu também com a ditadura militar) arrematou. E, por fim, que texto! Cheio de mensagens sublimares que casam bastante com o que estamos vivenciando hoje, aliás, a cena do Virgílio sendo torturado até a morte teve um cuidado no que tange ao roteiro que… meu Deus! Que soco na boca do estômago! É sobre isso! O Marighella de Wagner é interessante e catártico. O elenco me surpreendeu, principalmente a jovem Bella, Humberto Carrão e Bruno Gagliasso. Menção honrosa ao Luiz Vasconcellos e Adriana Esteves (sempre ótimos) e faço uma ressalva para um nome esquecido na maioria dos créditos de elenco: Jorge Paz. Roubou a cena em vários momentos. Bis!
É um filme que traz uma reflexão sobre quanto vale a pena a gente abrir mão de tudo por não querer se comprometer com nada nem ninguém. Aliás, o texto, os depoimentos e a belíssima fotografia dos interiores dos Estados Unidos são o grande trunfo dessa direção. A trilha sonora também merece ênfase nessa crítica, uma vez que imprime uma melancolia, uma solidão adequada à atmosfera densa. Logo, os vazios pelos quais Fern circulava se confundem aos vazios da memória, do marido falecido, da família que abandonou, do cônjuge de quem abriu mão… “É como meu pai sempre disse: ‘só morre quem é lembrado…’”
Um filme deveras divertido com um elenco primoroso. Cumpre sua função: entreter! É ágil, texto inteligente e um humor pastelão com um toque sofisticado a la Fernanda Young. Só achei o sotaque da Susana um pouco forçado e ela escapa um pouco do italianês do Bixiga. Afora isso, Arlete e Rosi nasceram para comédia, aliás, são extremamente versáteis e competentes sempre no que fazem. Valeu a pena quase 80 minutos de projeção.
Visibilidade mais que necessária ao também homem das letras que foi durante décadas apagado da história desse país. O filme começa meio modorrento, mas esse início é bem necessário e quando descamba para a parte do seu ativismo, como um jurista, o longa ganha contornos de um grande drama biográfico. Linda a abordagem de um diretor negro, sobre um homem negro. No teatro, no Rio, vi Deo Garces em um monólogo lindo sobre Gama. Agora, no cinema, o grande público poderá ter acesso a sua trajetória e legado. Logo, o resgate de pessoas como doutor Gama, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e tanta gente preta a qual construiu a cultura dessa nação deve ser uma realidade, uma necessidade!
O bicho de sete cabeças foi e ainda é a relação caótica entre pais e filhos em um mundo cada vez mais opressor, egoísta, segregador e individualista. As relações estão pautadas ora pelo medo ora pelo distanciamento. Logo, O problema de Neto não eram as drogas, nem questões psicológicas mais profundas como uma depressão ou um trauma de infância. Na verdade, faltava diálogo naquela família, bem como amor, carinho, atenção… afeto. Infelizmente o relacionamento com o outro em tempos de modernidade líquida, como diria Bauman, é o grande desafio, o real bicho de 7 cabeças a ser enfrentado diariamente. Sobre as atuações: Cássia foi uma autêntica mãe negligente, Othon, o pai sem traquejo e nada diligente; e Rodrigo, em uma das melhores atuações de sua carreira (coloco junto a Neto, frei Malthus de Hilda Furacão e a detenta Lady Di de Carandiru) com o problemático Neto. Os três fizeram total diferença. Menção honrosa ao sempre bom Gero Camilo e ao Caco Ciocler.
Greta
3.5 74 Assista AgoraTripalium ou Quem diria, Greta foi parar no Ceará.
Uma das melhores produções nos últimos cinco anos. Eu assisti ao texto/produção no teatro e essa adaptação para o cinema foi louvável. Dentro de um contexto de solidão, abandono e múltiplos preconceitos existem três forças: a da sobrevivência vital da trans Daniela; a sobrevivência existencial de Pedro; e a sobrevivência social de Jean. A primeira encontra como evasão os shows na boate. O segundo, em uma personagem quem idolatra: Greta Garbo. O terceiro em Pedro. Os três condenados: à morte, à solidão, à cadeia. O escapismo, pois, é a resolução dos problemas como um poeta romântico do século XIX.
Um salve para a direção envolvente com cenas singelas como a da famigerada nudez aos 70 de Pedro (grande Nanini, um dos maiores atores do Brasil- lenda viva!) e do banho que ele dá em Daniela (gigante Denise, atriz pouco requisitada na televisão, pouco falada, porém de uma competência que há muito não se vê numa atriz do porte e gabarito e comprometimento e longevidade, no que tange à carreira, como ela e Regina Braga, por exemplo, a qual fez uma dobradinha impecável na série Alice da HBO).
Logo, “Greta” - com toda licença para explorar o sentido amplo da palavra- é um trabalho de três pontas que se unem: roteiro, direção e produção; Daniela, Pedro e Jean.
Argentina, 1985
4.3 334Aqui no Brasil precisávamos não só de um filme como esse, assim como que, se tivesse sido feito justiça, a fim de respeitar a memória de quem foi perseguido, torturado e morto pelos militares, quando eles estavam no poder.
1985, por sua vez, toca em uma ferida a qual, mesmo aparentemente não aberta, ainda não está cicatrizada. O excelente texto combinado à direção quase documental, que extrapola a sisudez de uma projeção marcada por um ambiente predominante masculino e violento, emociona em vários trechos como no depoimento dolorido de uma mãe e o veredicto lido ao final pelo promotor seguido da retirada dos lenços das mães da praça de maio. Um globo de ouro não é suficiente para representar a importância da discussão que esse filme evoca.
Pureza
4.0 94 Assista AgoraPureza é luta, resistência, resiliência… Todo respeito às Purezas desse vasto país que ainda sofre com mazelas como escravidão, trabalho forçado, miséria, exploração etc. As Purezas desta nação , infelizmente, estão morrendo por seus filhos ou lutando para que seja feita justiça pelo desaparecimento e, eventualmente, a morte de sua prole. É uma mistura de tristeza que desemboca na satisfação final. Lindo!
Casa Gucci
3.2 706 Assista AgoraApesar de um exagero na quantidade de minutos da projeção, é um filme que não fica chato. Gostei bastante! Destaco que a Gaga foi bem dirigida, apesar de que a direção pecou no fato de deixar algumas partes corridas quando deveriam ser mais bem desenvolvidas (a sequência do assassinato, por exemplo) e as partes que poderiam ser mais rápidas, ficaram modorrentas e arrastadas (a disputa judicial, que mais parecia pilhéria e a mudança no perfil de Maurizio, um grande babaca!).
Com um texto que deu conta de uma trajetória de sucesso de uma mulher por detrás de um homem banana, rivalizando com um personagem excêntrico e estranhamente construído pelo Jared Leto. Por fim, levanto a elegância do figurino e da arquitetura italiana a qual, por si só, já é um charme!
Eduardo e Mônica
3.6 368Mediano, previsível. No entanto, Alice Braga consegue fazer tudo sempre com maestria e beirando a perfeição.
Spencer
3.7 569 Assista AgoraÉ um filme esquisito, mal dirigido. Sou levado a crer que, pela falta de uma boa direção, Kirsten não rendeu tanto. Se o roteiro fosse mais instigante e a direção fosse por um caminho mais do drama do que do suspense, talvez o filme tivesse rendido mais e melhor. Faltou alma! Faltou coração! Faltou EMOÇÃO. O bacana é que o recorte é bem diferenciado de tudo o que a gente espera quando se trata da história de Diana. Ela realmente é protagonista absoluta do filme, por isso mesmo que a atriz merecia um texto e uma direção mais esmeradas. E, para mim, o ponto alto é a revelação inusitada da funcionária da princesa. A trama poderia ter girado em torno daquilo ali. Seria mais bonito, mais tocante e mais diferenciado.
Medida Provisória
3.6 432Filme necessário e, diria, tudo na medida certa. Com boas doses de humor em meio a tanta densidade no roteiro, numa sociedade carregada de racismo, o personagem de Seu Jorge se destaca! Ao passo que Alfie Enoch vai crescendo, costurando aos poucos um personagem cheio de nuances e costurando a tensão necessária para o drama com que o Lázaro nos presenteou. Eu saio com sensação de que precisamos lutar e ir às ruas sim! Medida provisória é motivador, aliás, mostra a urgência de uma revolução em todos os âmbitos sociais.
King Richard: Criando Campeãs
3.8 409Uma história bonita e que serve de inspiração a muitos, sem sombra de dúvidas! No entanto, considero que houve muito tempo de projeção até chegar no ápice da carreira das irmãs Williams. Afora isso, é uma trama que vai além de superação de limites, é sobre perseverança, autoestima e combate ao racismo. Em tempo, a luta de Richard era para que as filhas e a família fossem respeitados e tivessem consciência de onde vieram e aonde querem chegar, sem jamais esquecerem suas origens e suas projeções, não perdendo a humildade e a essência. Personagem controverso, Richard pode ser o grande momento para que o Will Smith ganhe todos os prêmios de melhor ator da temporada. Destaco também o trabalho de Aunjanus Ellis, com toda fibra e força de uma mãe presente e também de grande gestora e mantenedora do sonho coletivo dos Williams.
A Tragédia de Macbeth
3.7 191 Assista AgoraÉ inegável a qualidade do texto é incontestável o talento e construção que Denzel e Francis fizeram do casal Macbeth. A fotografia também é linda, porém a direção de Coen (aqui em carreira solo), ao meu ver, geralmente, é cansativa e nada dinâmica.
Tatuagem
4.2 923 Assista AgoraUm filme bastante sensível sobre o entre-lugar do artista de rua/informal e a classe lgbtqi. O pano de fundo sócio-histórico da Ditadura Militar casa bem com toda castração a qual sofria o personagem Fininha. Eu destaco também o romance tórrido, intenso é tão verossimilhante com daquele com Clécio, mostrando que os problemas de um casal gay são análogos a de um casal hétero, pelos quais todos nós estamos sujeitos a passar.
No Ritmo do Coração
4.1 754 Assista AgoraDrama familiar com dilemas críveis, bem delineados pelo enredo de forma sensível, capaz de promover um relevante merchandising social. Aliás, o grande trunfo da direção foi trabalhar com um elenco de surdos-mudos e mostrar a dificuldade real não só da família em se estabelecer, como também em se adaptar e fazer com que a única componente oralizada não sofra com a falta de traquejo e o preconceito que toda a sociedade perpetra contra a comunidade.
O comportamento dos colegas de escola de Ruby, os problemas referentes ao ofício da família e a criação da cooperativa, a cena do dueto de Ruby e Miles no musical apresentado na escola revelam perfeitamente bem a visão que tive supracitada.
Para mim, sem sombra de dúvidas, uma das grandes apostas para as premiações e um dos melhores filmes da temporada.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraMuitos arrumam um subterfúgio, uma desculpa, uma válvula de escape na bebida e isso pode tornar-se um mal irreversível. Com os professores de Druk não foi diferente, pois cada um deles estava absorto em seus dilemas pessoais, conjugais e profissionais e viram no alcoolismo a união e o refúgio. Em um país como a Dinamarca, essa doença me parece ser uma triste realidade e o longa-metragem estabelece sua crítica de forma bem-humorada e inteligente, mostrando o quão devastador pode ser uma vida mergulhada no álcool.
tick, tick... BOOM!
3.8 450O talento de MJ Rodriguez precisa de mais espaço e visibilidade.
Andrew Garfield mostrou o quão é versátil e que vai muito além de um ator de filmes blockbuster.
O roteiro é bom e bem dirigido, inclusive a parte dos musicais. Porém, essa última parte foi a que menos me cativou.
A Filha Perdida
3.6 573Olívia Colman carrega o filme nas costas.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraUma contundente crítica ao negacionismo científico. Nada mais atual que isso, mais incisivo e objetivo impossível! As mais de duas horas de duração não são necessárias. Tudo poderia ser resolvido em 1 hora e meia. E, para finalizar, a cena do senhor atirando para o alto, como se fosse conter o meteoro, é emblemática. Inclusive, acho que é o símbolo do totalitarismo contemporâneo.
Identidade
3.4 102 Assista Agora“É fácil um negro se passar por branco. Só não sei se é tão fácil um branco se passar por negro”
Ataque dos Cães
3.7 933É um filme que demora a ganhar forma e, talvez, por isso, as duas horas de projeção foram muito mal aproveitadas. Acho que as partes obscenas (fora de cena) dizem muito mais do que as que são mostradas nas divisões em atos. Ainda assim, vale a pena pela excelente atuação de Kirsten Dunst em um tipo perturbado e assombrada pelo suicídio do marido, trazendo o medo de perder seu único filho e acometida pelo alcoolismo. A construção dúbia do personagem Phil também merece destaque para o bom trabalho de Cumberbatch. De resto, mais do mesmo.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraNão estou aqui para avaliar quem foi o Marighella guerrilheiro, tampouco utilizar um juízo de valor a fim de colocar em pauta a moral, a conduta e o senso de justiça daquele personagem-título ficcionalizado. Apenas irei discorrer sobre a parte técnica: direção, fotografia, sonoplastia e roteiro. Em resumo: Wagner Moura entregou TUDO nesse filme. Não teve medo de fazer aquele excelente plano sequência (dificílimo gravar tudo de uma só vez!!), com uma fotografia a qual retrata uma atmosfera tensa, delicada, de guerra mesmo, com uma câmera nervosa, documental. A trilha sonora também recupera essa tensão. A canção do Gonzaguinha (Elza Soares regravou e ficou lindíssima a nova roupagem!!Poderiam ter colocado na voz dela, uma vez que sofreu também com a ditadura militar) arrematou. E, por fim, que texto! Cheio de mensagens sublimares que casam bastante com o que estamos vivenciando hoje, aliás, a cena do Virgílio sendo torturado até a morte teve um cuidado no que tange ao roteiro que… meu Deus! Que soco na boca do estômago!
É sobre isso! O Marighella de Wagner é interessante e catártico. O elenco me surpreendeu, principalmente a jovem Bella, Humberto Carrão e Bruno Gagliasso. Menção honrosa ao Luiz Vasconcellos e Adriana Esteves (sempre ótimos) e faço uma ressalva para um nome esquecido na maioria dos créditos de elenco: Jorge Paz. Roubou a cena em vários momentos. Bis!
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraÉ um filme que traz uma reflexão sobre quanto vale a pena a gente abrir mão de tudo por não querer se comprometer com nada nem ninguém. Aliás, o texto, os depoimentos e a belíssima fotografia dos interiores dos Estados Unidos são o grande trunfo dessa direção. A trilha sonora também merece ênfase nessa crítica, uma vez que imprime uma melancolia, uma solidão adequada à atmosfera densa. Logo, os vazios pelos quais Fern circulava se confundem aos vazios da memória, do marido falecido, da família que abandonou, do cônjuge de quem abriu mão… “É como meu pai sempre disse: ‘só morre quem é lembrado…’”
O Vendedor de Passados
2.7 172 Assista AgoraO roteiro tinha de ser mais fidedigno ao livro do Agualusa para se tornar mais interessante.
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraDuas horas de adrenalina e nitroglicerina pura, mas nada de novo, correria, diálogos rasos… tudo muito previsível.
Amigas de Sorte
2.4 15Um filme deveras divertido com um elenco primoroso. Cumpre sua função: entreter! É ágil, texto inteligente e um humor pastelão com um toque sofisticado a la Fernanda Young. Só achei o sotaque da Susana um pouco forçado e ela escapa um pouco do italianês do Bixiga. Afora isso, Arlete e Rosi nasceram para comédia, aliás, são extremamente versáteis e competentes sempre no que fazem. Valeu a pena quase 80 minutos de projeção.
Doutor Gama
3.6 53 Assista AgoraVisibilidade mais que necessária ao também homem das letras que foi durante décadas apagado da história desse país. O filme começa meio modorrento, mas esse início é bem necessário e quando descamba para a parte do seu ativismo, como um jurista, o longa ganha contornos de um grande drama biográfico. Linda a abordagem de um diretor negro, sobre um homem negro.
No teatro, no Rio, vi Deo Garces em um monólogo lindo sobre Gama. Agora, no cinema, o grande público poderá ter acesso a sua trajetória e legado.
Logo, o resgate de pessoas como doutor Gama, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e tanta gente preta a qual construiu a cultura dessa nação deve ser uma realidade, uma necessidade!
Bicho de Sete Cabeças
4.0 1,1K Assista AgoraO bicho de sete cabeças foi e ainda é a relação caótica entre pais e filhos em um mundo cada vez mais opressor, egoísta, segregador e individualista. As relações estão pautadas ora pelo medo ora pelo distanciamento. Logo, O problema de Neto não eram as drogas, nem questões psicológicas mais profundas como uma depressão ou um trauma de infância. Na verdade, faltava diálogo naquela família, bem como amor, carinho, atenção… afeto.
Infelizmente o relacionamento com o outro em tempos de modernidade líquida, como diria Bauman, é o grande desafio, o real bicho de 7 cabeças a ser enfrentado diariamente.
Sobre as atuações: Cássia foi uma autêntica mãe negligente, Othon, o pai sem traquejo e nada diligente; e Rodrigo, em uma das melhores atuações de sua carreira (coloco junto a Neto, frei Malthus de Hilda Furacão e a detenta Lady Di de Carandiru) com o problemático Neto. Os três fizeram total diferença.
Menção honrosa ao sempre bom Gero Camilo e ao Caco Ciocler.