Curiosa biografia dramatizada de José Mojica Marins. O que não gostei muito é esse tom megalomaníaco. Talvez tivesse sido melhor se houvesse mais "documentário" e menos dramatização.
Acho que é o melhor do Zé, eis aqui uma obra com muito estilo. Só me cansa um pouco essa coisa metalinguística envolvendo a bizarra personagem, lembrando que Exorcismo Negro e Delírios de um Anormal também exploram a ideia "Zé do Caixão: ficção ou realidade?"... Ritual de Sádicos parece ter mais qualidades que ambas as obras citadas, então tá ok. Outra coisa que se repete no cinema do Mojica é isso de botar cenas colorizadas no meio do filme pb. A ideia era magnífica em Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver, mas aqui já não tem o fator surpresa...
Finis Hominis é um interessante personagem do Mojica. Vale se você estiver cansado do Zé do Caixão e seus trejeitos. O melhor seguimento é o da menina ninfomaníaca/masoquista. No final das contas o filme não passa de uma baboseira ultra-moralista e sem qualquer sentido, mas diverte.
Ruim demais. Outro filme que estava entre meus favoritos por conta do fator saudosismo/nostalgia. O que mais fode com ele é o humor retardado e que tudo é uma repetição futurista lixo do que ocorria no primeiro filme.
Depois de assistir ao Leon, o Profissional, tive de voltar ao Taxi Driver. A comparação é inevitável para mim. Ambos os filmes possuem características de cinema de ação, mas tendo em primeiro plano um contexto mais complexo, e como subtrama (não sei ainda se é subtrama em O Profissional), o "abuso infantil". As tramas partem de pontos em comum, atingindo resultados diferentes. Não consegui desligar meu cérebro e as relações que ele ia fazendo enquanto assistia Leon. Ali vemos um caso de "amor" entre um adulto e uma criança, apenas não tão explicitado na parte sexual. Leon é sempre inocente nessa parte, e nunca se afasta duma imagem ideal de proteção. Natural que a menina se confunda e erotize essa relação. Leon é que é o complicado no filme, ele é que não faz sentido: seu personagem é o marginal, carente, sem princípios morais, sem remorso pelo que faz, com toda aquela pinta de tarado, e além de tudo: alguém que nunca cresceu. Mas o filme romantiza essa figura, transformando o assassino frio, o "monstrengo", em herói com princípios nobres e moralistas. Eu realmente não pude evitar a constatação: para nossa sociedade, o sujeito pode matar, estraçalhar, roubar, fazer o diabo; o ruim é se ele for um estuprador/pedófilo. Outro grande problema no filme, no meu entendimento, era como certos personagens eram postos ali: o irmãozinho de Mathilda só está no filme pra gente sentir ódio dos criminosos, e a irmã mais velha (ainda adolescente), é erotizada ao extremo numa cena em que se abaixa e levanta fazendo ginástica, e depois colocada como o diabo em pessoa e indigna da vida. Ela já pertence ao mundo dos adultos, e por isso foi objetificada, foi transformada num simples tipo sem personalidade, apenas para contrastar com a irmã pré-adolescente (que ainda não pertence ao mundo adulto). No fim das contas, por mais que o filme seja interessante, bem dirigido e com ótimas atuações (de Natalie Portman); é ultramoralista e "enganador".
Então foi que me lembrei do excelente Taxi Driver e precisei revê-lo à luz das minhas novas conjecturas a respeitos dos temas: violência, abuso sexual, figura do macho protetor, justiçamento, etc. A principal diferença está na forma com que o protagonista é tratado. Travis não é o ideal de nada, ele é exatamente como tantos sujeitos solitários e marginalizados se comportam na sociedade. Seus motivos para fazer qualquer coisa não são nobres. Ele quer ser visto, quer chamar atenção de alguém, influir no mundo. Ao mesmo tempo, não suporta viver tanta humilhação. É somente por isso que
Quando se envolve com a menina prostituída, seu moralismo esconde um desejo de subjugar aquela figura frágil. No fundo, ele fica tentado por Iris, isso está no filme. E quando ela se porta de forma teimosa, Travis não fica insistindo muito em tirá-la daquela vida. Afinal, ele está tão amortecido com tudo. O que vemos em Travis é um sujeito perdido, cansado, tratado como lixo, e que quer se diferenciar do que ele próprio chama de “escória”. E então percebemos todo seu conservadorismo de caipirão, toda sua raiva e preconceito de norte-americano orgulhoso de ter combatido na guerra. Ele é um ignoranto desajeitado, que quer ser alguém distinto e respeitado, com uma bela mulher ao lado.
A violência em Taxi Driver não é idealizada, ela é cruel e feia. Nem as cenas de ação são espetaculosas. Analisemos a primeira vez em que Travis atira em alguém.
O cara está roubando a loja, ele tem a oportunidade e atira. É tudo muito realista e rápido. Não tem efeitos miraculosos. Você não fica feliz em ver aquela morte, dá até um embrulho no estômago. A figura do criminoso desmaiado no chão sendo atingido pelo dono da loja é triste. O ladrão se humaniza naquele momento. Claro que ao atirar, Travis dá vazão ao que todos sentimos ao ver alguém oprimir outra pessoa (no caso, o bandido roubando o trabalhador). É o que todos nós queremos fazer, ele puxa o gatilho tão leve, tão fácil – como se com a ajuda de todos nossos dedos de espectadores.
Agora, comparemos com as mortes em O Profissional... Terei de fazer a comparação novamente, é inevitável para mim. Quer dizer, matar deveria ser uma montanha-russa de sentimentos conflitantes, da mesma forma em que vejo em produções como Taxi Driver. Mas em O Profissional o sujeito mata dez, vinte pessoas em tempo recorde, e você não sente metade da tensão dessa pequena cena do assaltante da loja. Em O Profissional, matar é uma coisa bela e sublime, como se assistíssemos a gols de nosso time. E só isso. Dezenas de pessoas sendo mortas e não temos a sensação de ver pessoas morrendo: não há embrulho no estômago; não tem a raiva acumulada contra as figuras de opressores e criminosos, liberadas pela mão do personagem justiceiro; não tem a frustração ao se deparar com a miserável figura humana agonizando... É apenas: veja como esse cara é fodão, ele mata o quanto quer e ninguém o atinge.
E agora vejamos o clímax de Taxi Driver, quando Travis, furioso,
desafoga a alma atirando contra o cafetão e os outros canalhas.
A cena é maravilhosa por quebrar todas nossas expectativas construídas na base de muita marmelada cinematográfica. Travis tem um trabalho imenso para matar os três sujeitos e sobreviver. Ou você acha que seria fácil? Ainda mais sem qualquer planejamento antecipado: ele vai na emoção, na adrenalina do momento. E tem sorte (mas uma sorte convincente).
Travis é um herói realista. Ele é mau, conservador, moralista, paranoico, perturbado, e é redimido de toda sua maldade por fim, contando com um empurrãozinho do acaso. Assim como todos os heróis.
Não é lá aquelas coisas, mas consegue ser menos arrastado que o normal dos filmes do Mojica. Achei inferior à Estranha Hospedaria dos Prazeres, que muitos julgaram como o pior filme dos inéditos em DVD dele (até recentemente). De qualquer forma, sempre vale a pena assistir mais um exemplar do cinema do "Zé do Caixão". O final foi meio bobo e inconsistente, mas funcionou.
Tem umas coisas muito erradas nesse filme. Ao mesmo tempo em que romantiza ao extremo a violência e a vida à margem da sociedade, como muitos exemplares do cinema de ação da mesma época, que nunca se preocuparam em ser verossímeis; procura oferecer um algo a mais, uma trama mais complexa, cheia de psicologismo, mas que acaba ficando num outro romantismo, um tanto mais perigoso. Pois o que vemos na tela, no final das contas, é uma espécie de comédia de amor frustrada.
O Profissional é basicamente a história de amor entre um adulto bobalhão, ignorante, e uma pré-adolescente que cresceu numa família disfuncional. Claro, esse caso de amor não é explicitado - mas é disso que o filme trata o tempo todo, com uma trama violenta para disfarçar. E eu realmente não sei o que pensar sobre isso, no fim das contas. Foi corajoso abordar o tema? Mas era mesmo necessária toda a sensualização da menina? Há cenas em que fico imaginando as instruções que deram à garota. Ela tinha total noção do que estava fazendo, das intenções dos seus gestos? E eu não consigo não ver esse trabalho como um abuso. Esse é o ponto mais verossímil de toda a trama: os sentimentos da garota pelo seu acolhedor. Ele é um pai? é um amante? é um amigo? Pois ele está suprindo suas necessidades emocionais (daí a cena do estômago, em que ela diz não sentir mais um vazio). Esse aspecto do filme, isto é, as emoções da menina pelo homem que a acolhe naquela mundo de violência, foi abordado de forma crível. Com alguns momentos perturbadores, alguns constrangedores, mas tudo é crível: você consegue imaginar muitas garotas como ela. E realmente conseguiram retirar uma atuação inacreditável da pequena Natalie Portman. Você pode explicar psicologicamente as "fases" dos sentimentos de Mathilda por Leon durante o filme.
O que é difícil é explicar Leon. O cara é um assassino sem remorsos, que mata por dinheiro, mas ao mesmo tempo é doce e terno? Porra! Então ele adota uma criança e se torna uma pessoa melhor? Ah, mas é que ele nunca foi má pessoa, pois foi enganado pelos mafiosos e ficou assim, uma máquina de matar cheia de emoções nobres. E mais importante de tudo: com valores morais o bastante para jamais fazer mal a uma criança! Vocês entendem isso: ele é retardado o bastante para matar, pegar a grana e deixar com um mafioso local; mas não é retardado o bastante para tentar algo com a garota? Ele tem todo o jeito de pedófilo, até porque nunca cresceu. Mas tem noção o bastante para "só" matar pessoas. Esse personagem é a romantização bizarra do macho protetor, que é forte e valente, e meio abobalhado. Cruel no mundo dos homens, mas que está lá para proteger as mulheres e crianças pequenas. É o King Kong do gueto. Não consigo suportar o que fizeram ao personagem para que coubesse nos sonhos moralistas da sociedade. Ele é mais absurdo e pitoresco que o Rambo.
Além de tudo, não me desceu a desumanização da personagem da irmã mais velha, que não deixava de ser adolescente. Ela
morre de forma violenta, não sem antes aparecer de trajes mínimos se abaixando e levantando daquele jeito.
A mensagem é: "essa pessoa é fútil e não merece viver! olha como ela age! olha como maltrata a irmã!" Há uma clara objetificação da mulher nessa personagem. E que surte efeito: o público não se compadece dela. Já o irmãozinho de Mathilda aparece com o único propósito de causar comoção no público. Aquela comoção mais primitiva: "justiça com as próprias mãos! justiça com as próprias mãos!".
Não me entendam mal, não quero condenar esses elementos da trama de forma politicamente correta, mas é inevitável para mim não olhar para eles, não significá-los; justamente porque o filme tentou ir além da "ação burra". Bem, ele ficou com esse status. Eu não estaria aqui detonando certas obras de ação oitentistas, que obviamente são datadas e precisam de contextualização. Não estaria analisando o que fica entre as linhas numa comédia romântica qualquer. Mas O Profissional definitivamente tentou me enganar! hehehe
Imagina quando o povo medroso e supersticioso via no cinema aquela sequência no inferno? Em cores, o inferno ganha vida! Hahahah que sacada genial! Claro que, visto hoje, os defeitos do filme acabem saltando aos olhos. E o que estraga um pouco a diversão é o ritmo. Nos primeiros minutos, estou adorando tudo em Esta Noite Encarnarei em Teu Cadáver; nos últimos, já não aguento mais assisti-lo.
Como todos os filmes que vi do Zé do Caixão, poderia ser mais curto (contando também seus curtas, que, verdade seja dita, não são muito menos arrastados do que a obra em análise). A Estranha Hospedaria dura cerca de 1 hora, pois os 15 ou 20 minutos iniciais são pura enrolação (dessa vez não tão engraçada quanto a enrolação inicial do Estranho Mundo de Zé do Caixão). Pois bem, essa 1 hora que realmente conta poderia ser reduzida em metade, talvez mais. Talvez pudesse ser um simples curta de 10 minutos. É verdade que estamos diante de um verdadeiro conto de horror, com começo, meio e fim. Trata-se de uma narrativa tradicional, por assim dizer; e não essa loucura disforme que estamos acostumados em ver nas produções brasileiras do gênero. A situação de clímax foi muito bem construída e o desfecho é um barato (
). Os atores são ruins (como sempre), a edição é porca. Mas o pior de tudo é a sensação de que não há cenários no filme! Sim, pois a câmera está sempre focando o rosto de alguém, os olhos. Você não vê o ambiente; ou melhor, não consegue diferenciar um ambiente e outro, pois está tudo em filmagem fechada. Soma-se isso ao escurecimento da imagem (talvez por conta da idade da película, que deve ter ficado armazenada em algum canto qualquer por anos e mais anos?), e temos um efeito "sei o que está acontecendo, mas não consigo enxergar", que chega a ser deprimente. Mesmo com todos os seus contras, A Estranha Hospedaria dos Prazeres me divertiu à beça. É impressionante o que, na ausência de recursos, uma boa história pode fazer. Vale a pena dar uma conferida, principalmente se não for com grandes expectativas e já bem avisado com relação aos muitos senões que encontrará aqui. Ah, tem uma cena que me fez rir horrores.
Continua sendo um filme interessante depois de todos esses anos (a última vez em que o assisti inteiro foi na infância, diferente do primeiro Evil Dead que conheci já adolescente e reprisei dezenas de vezes ao longo dos anos). O legal aqui é que, apesar de toda a galhofa, há momentos tensos e que chegam a assustar um pouquinho. Nesse quesito, seria como um Goonies, um Família Adams mais pesadinho. O filme é, além do mais, movimentado e cheio de ação. Poderia ser mais splatter, porém tentaram amenizar as coisas para conseguir uma classificação light nos cinemas. Não funcionou e podaram o filme à toa. Pena... É engraçado isso do remake/continuação. Porque, se não percebeu, ele faz as duas coisas ao mesmo tempo. O remake propriamente dito está nos minutos inicias, em que os roteiristas encurtaram a história do primeiro filme (não podiam utilizar as imagens), colocando na casa apenas Ash e a namorada. Quando Ash é possuído
(isso ocorre nos segundos finais do primeiro filme)
é que realmente começa Evil Dead II enquanto continuação da história, abordando coisas que não estavam na história original. Ash está em sua segunda noite na casa, lutando contra o demônio dentro de si. As demais cenas refilmadas podem ser vistas, às vezes, como citações (também ocorre no terceiro filme). No mais, como o filme não tem muito enredo mesmo, então se alguém o considerar apenas remake ninguém liga muito rsrs. Esse negócio de remake/continuação com cenas repetidas ocorre muito também na série O Massacre da Serra Elétrica.
Tirei dos meus favoritos. Tinha as melhores lembranças desse filme, mas acontece que o vi pela última vez aos 14 anos, se não me engano. E sou anti-saudosista: no fim das contas, o filme é um belo pedaço de merda. Acho que não estou sendo injusto com essa terceira parte da série, pois revi também o segundo filme, e gostei bastante, consegui me divertir com aquele tipo de humor. Evil Dead II é mais peculiar, com elementos que destoam e todas as incoerências, mas parece honesto. O grande problema de Army of Darkness não é o humor bobalhão, mas que ele é nada a ver com nada. São muitas cenas que não convencem e você fica se dizendo "por que filmaram isso?... Sério, não teve graça... A referência é obscura". Ash se batendo pela casa no segundo filme é um momento interessante do cinema, mas a mesma ideia neste faz lembrar Esqueceram de Mim e Dênis, o pimentinha. Acaba sendo só estimulo visual descerebrado.
Não gostei. Na verdade foi uma puta decepção pra mim. Não se preocuparam em nenhum momento com contar uma história, apenas injetaram toneladas de efeitos especiais em cada segundo de filme. O resultado é cansativo. Aí que comecei a analisar tudo o que não fazia sentido ou estava muito exagerado depois que os efeitos loucos perderam a graça... E meu, simplesmente não conseguia mais aguentar certas coisas como:
corridinha com pessoas cuspindo gasolina diretamente pro motor; o guitarrista do "carro alegórico" ndoo filme todo, sem se cansar um minuto e sempre parecendo muito feliz em fazer o que está fazendo; motos saltando por montanhas direto para a parte traseira do caminhão; pessoas usando uma vara para saltar de um veículo para outro em movimento... Fora que, apesar de viverem num mundo pós-apocalíptico, os carros estão sempre impecáveis, com pintura fodérrima e são praticamente indestrutíveis, com o melhores pneus, lataria, tudo. O combustível desses doidos é ilimitado. Nunca é explicado como conseguiram prender toda a água dentro de uma montanha... E, veja bem, se vivem num deserto sem fim como é que havia água ainda? Se o povo quase não bebia água, como poderia sobreviver? Se não havia água, como poderia haver gasolina? Se as pessoas estavam doentes sem água como poderiam trabalhar pra extrair gasolina? Que motivação teriam para trabalhar? Se só havia aquela montanha com água guardada por um pessoalzinho autoritário, o povo não poderia se rebelar e tomar tudo pra eles? Não entendo como conseguem ficar escravizados ainda!
O tipo de coisa que sempre busquei em um filme. O roteirista e o diretor foram muito habilidosos (e corajosos), pois muitos já tentaram, mas não me lembro de um filme que passe tão bem a sensação de estar num sonho, com todas as bizarrices do mundo onírico. Acho que somente Lynch conseguiu chegar perto desse resultado, superado agora. Para que tudo fosse um sonho, só faltou o personagem acordar no final (o que, ainda bem, não aconteceu, pois seria de uma total banalidade). No mundo dos sonhos as coisas são assim, há uma lógica, uma "temática principal" que tem a ver com o que estamos vivendo naquele momento, porém o que visualizamos são apenas representações, já que não temos memória de tudo. Daí que vão surgindo elementos que se distanciam da temática, pois não havia material visual para dar continuidade. Nosso cérebro compensa uma ausência de uma imagem fraca na memória por uma outra imagem. Esse novo material visual vai criando novas dinâmicas e o sonho vai ficando cada vez mais complexo, o "enredo" muda, embora o tema básico seja o mesmo. É claro que não ouvi ninguém falar que o filme trata-se de um sonho, mas a dinâmica estabelecida, as conexões entre uma cena e outra, o conteúdo metafórico, tudo faz parecer estarmos dentro de um. Li, não me lembro se em algum livro de Freud, que nossos sonhos de toda noite são obras de arte únicas que, infelizmente, perdemos ao acordar. Por isso gostei tanto dessa obra, esperei muito tempo pra uma experiência assim.
Dos piores filmes do Roger Corman que vi. Também das piores adaptações de Poe. Se bem que já não sei se o problema está na produção em si, ou no conto que serviu de roteiro: nunca fui muito com a cara do tal. Fico confuso. Quer dizer, é uma peça muito bem escrita, é verdade. Mas você lê uma vez e o pouco de surpresa que o final causa não é suficiente pra querer ver uma filmagem disso. Fui levado pela minha admiração pelo trabalho de Corman e de Vincent Price, e acho que no fundo havia uma esperança de que o filme superasse o conto (o mesmo acaba dando margem para intervenções, invenções estilísticas e tal).
Filme extremamente longo. Foi uma ironia, pois apesar dele ter apenas 1 hora o considerei cansativo. Se fosse um curta-metragem de uns 15 minutos seria melhor. Mas trata-se de uma produção de muito antigamente e parece até injusto de minha parte tratar dele em termos assim. Bom, o que posso dizer? Consigo gostar de muito filme mudo, mas, indepentende de técnicas, você precisa de coisas ocorrendo em frente às câmeras... São curiosas essas adaptações de obras de Poe, que normalmente preenchiam pouquíssimas páginas e que se tornaram longa-metragens. A maioria é decepcionante.
Richard Fleischer fez vários filmes a respeito de assassinos e investigações criminais, dentre eles O Estrangulador Misterioso, O Homem que Odiava as Mulheres e O Estrangulador de Rillington Place. Dos que assisti, O Estrangulador de Rillington Place é certamente o mais impactante, porém esse The Boston Strangler é muito interessante, também, principalmente levando-se em consideração a maneira com que foi montado, com vários planos apresentados ao mesmo tempo para representar a mente fragmentada do assassino e as peças sendo encaixadas pela investigação (e pelo espectador). Não sabemos quem é o assassino até lá pela metade do filme. Depois disso, não há muito o que ser visto. O final é bem chatinho, pois você precisa aguentar cerca de meia hora com um vilão dizendo coisas como "nã-não me lembro, e-eu não sei, e-eu acho que... ah, não sei ao certo". Enfim, vale pela hora inicial, quando o filme está ágil e a direção criativa.
Há momentos cujo simbolismo é bastante simples, como por exemplo, quando o arquiteto é apresentado feito um mágico e há pessoas vestidas como ratos correndo pelos cantos daquele local com estrutura esquisita. Ou quando os jovens se emasculam para seguir o "chefe da polícia". Ou ainda, quando há impostores tentando desviar o grupo que ruma para a montanha sagrada, oferecendo maneiras fáceis de se vencer o desafio. Porém, a maior parte do filme é bem maluca e pode nos deixar perdidos, sem saber como interpretar. O final é um dos mais wtf já apresentados. No mesmo nível daquele do Dead or Alive, de Takashi Miike.
Não é tão legal quanto Galáxia do Terror, outra produção de Roger Corman dessa época, por exemplo. Tem lá seus momentos gore, cômicos e "apelativos", que garantem diversão. Mas não há nada tão expressivo, relevante... Com exceção do final, pois conseguiram gravar uma das cenas mais estúpidas que já tive o prazer (ou desprazer) de conferir:
A retirada de um tumor no peito sem anestesia e em tempo recorde por um sujeito que não tinha a menor noção do que estivesse fazendo... Então ele faz com que o monstro mutante devore esse tumor, o que o mata instantâneamente!
Não é um filme para ser visto assim "à toa". Você precisa reservar aquele tempo e embarcar nessa viagem de cabeça aberta. Procure assistir Stalker como se fosse o primeiro filme que viu na vida. Irei guardar para sempre essa frase (que não é dita exatamente assim no filme): "Seus desejos mais sinceros são aqueles adquiridos em sofrimento".
Acredito que não seja possível uma melhor adaptação. O filme de Polanski provavelmente superou as adaptações dos palcos. E acho que é isso que se esperava de uma tragédia tão cheia de vigor e violência. As cenas de batalhas são bastante realistas. Destaco toda a cena no castelo, quando Macbeth luta contra vários soldados e depois enfrenta Macduff, até o desfecho desse duelo,
. Provavelmente os atores se machucaram ao fazer tal cena, que não é perfeitamente coreografada, mas que deixa muito efeito modernoso no chinelo. Todas as cenas de violência tem impacto e podem até mesmo perturbar algumas pessoas. Assim como as cenas de delírio de Macbeth, ou quando as bruxas fazem seus nojentos feitiços. Trata-se de uma obra com gore considerável. Polanski também acerta em trabalhar cada personagem em cena com os requintes das obras teatrais. Os atores conseguem se destacar, por mais que o trabalho de fotografia seja belíssimo e os grandes planos sejam abundantes nos filmes desse diretor. A ideia que tenho ao assistir Polanski é que ele não quer deixar passar nada, todos os detalhes são valorizados em seus filmes; então você pode apreciá-lo por muitos aspectos. O único problema, a meu ver, é que o texto original também foi hiper-valorizado, quando, apesar de sua beleza, poderia ser adaptado para soar mais natural.
Fraco. A fotografia em tons quentes esbanja agressividade, há efeitos modernos nas cenas de batalhas e duelos, mas todo o filme tem um aspecto... menor. Por mais que tente ser épico. Não sei como conseguiram transformar a obra de Shakespeare nisso. Provavelmente porque apenas investiram na "testosterona", sem se importar tanto com o restante. Julgo que essa fotografia berrante conseguida através de filtros e processos artificiais está toda equivocada, tons mais escuros e frios combinavam mais com o conteúdo do texto, que foi simplesmente jogado entre uma cena "afogueada" e outra cena "afogueada".
No estilão "cenas eróticas com saxofone de trilha". Brega, bobo, ultrapassado. Vale mais pelo suspense. Todo o julgamento é bem emocionante e segura o filme. O final é infantil.
Demônios e Maravilhas
3.6 17Curiosa biografia dramatizada de José Mojica Marins. O que não gostei muito é esse tom megalomaníaco. Talvez tivesse sido melhor se houvesse mais "documentário" e menos dramatização.
O Despertar da Besta
3.8 76 Assista AgoraAcho que é o melhor do Zé, eis aqui uma obra com muito estilo. Só me cansa um pouco essa coisa metalinguística envolvendo a bizarra personagem, lembrando que Exorcismo Negro e Delírios de um Anormal também exploram a ideia "Zé do Caixão: ficção ou realidade?"... Ritual de Sádicos parece ter mais qualidades que ambas as obras citadas, então tá ok.
Outra coisa que se repete no cinema do Mojica é isso de botar cenas colorizadas no meio do filme pb. A ideia era magnífica em Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver, mas aqui já não tem o fator surpresa...
Finis Hominis: O Fim do Homem
3.5 33 Assista AgoraFinis Hominis é um interessante personagem do Mojica. Vale se você estiver cansado do Zé do Caixão e seus trejeitos. O melhor seguimento é o da menina ninfomaníaca/masoquista. No final das contas o filme não passa de uma baboseira ultra-moralista e sem qualquer sentido, mas diverte.
De Volta Para o Futuro 2
4.2 886 Assista AgoraRuim demais. Outro filme que estava entre meus favoritos por conta do fator saudosismo/nostalgia. O que mais fode com ele é o humor retardado e que tudo é uma repetição futurista lixo do que ocorria no primeiro filme.
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraDepois de assistir ao Leon, o Profissional, tive de voltar ao Taxi Driver. A comparação é inevitável para mim. Ambos os filmes possuem características de cinema de ação, mas tendo em primeiro plano um contexto mais complexo, e como subtrama (não sei ainda se é subtrama em O Profissional), o "abuso infantil". As tramas partem de pontos em comum, atingindo resultados diferentes.
Não consegui desligar meu cérebro e as relações que ele ia fazendo enquanto assistia Leon. Ali vemos um caso de "amor" entre um adulto e uma criança, apenas não tão explicitado na parte sexual. Leon é sempre inocente nessa parte, e nunca se afasta duma imagem ideal de proteção. Natural que a menina se confunda e erotize essa relação. Leon é que é o complicado no filme, ele é que não faz sentido: seu personagem é o marginal, carente, sem princípios morais, sem remorso pelo que faz, com toda aquela pinta de tarado, e além de tudo: alguém que nunca cresceu. Mas o filme romantiza essa figura, transformando o assassino frio, o "monstrengo", em herói com princípios nobres e moralistas.
Eu realmente não pude evitar a constatação: para nossa sociedade, o sujeito pode matar, estraçalhar, roubar, fazer o diabo; o ruim é se ele for um estuprador/pedófilo.
Outro grande problema no filme, no meu entendimento, era como certos personagens eram postos ali: o irmãozinho de Mathilda só está no filme pra gente sentir ódio dos criminosos, e a irmã mais velha (ainda adolescente), é erotizada ao extremo numa cena em que se abaixa e levanta fazendo ginástica, e depois colocada como o diabo em pessoa e indigna da vida. Ela já pertence ao mundo dos adultos, e por isso foi objetificada, foi transformada num simples tipo sem personalidade, apenas para contrastar com a irmã pré-adolescente (que ainda não pertence ao mundo adulto).
No fim das contas, por mais que o filme seja interessante, bem dirigido e com ótimas atuações (de Natalie Portman); é ultramoralista e "enganador".
Então foi que me lembrei do excelente Taxi Driver e precisei revê-lo à luz das minhas novas conjecturas a respeitos dos temas: violência, abuso sexual, figura do macho protetor, justiçamento, etc.
A principal diferença está na forma com que o protagonista é tratado. Travis não é o ideal de nada, ele é exatamente como tantos sujeitos solitários e marginalizados se comportam na sociedade. Seus motivos para fazer qualquer coisa não são nobres. Ele quer ser visto, quer chamar atenção de alguém, influir no mundo. Ao mesmo tempo, não suporta viver tanta humilhação. É somente por isso que
planeja a morte do político.
Quando se envolve com a menina prostituída, seu moralismo esconde um desejo de subjugar aquela figura frágil. No fundo, ele fica tentado por Iris, isso está no filme. E quando ela se porta de forma teimosa, Travis não fica insistindo muito em tirá-la daquela vida. Afinal, ele está tão amortecido com tudo.
O que vemos em Travis é um sujeito perdido, cansado, tratado como lixo, e que quer se diferenciar do que ele próprio chama de “escória”. E então percebemos todo seu conservadorismo de caipirão, toda sua raiva e preconceito de norte-americano orgulhoso de ter combatido na guerra. Ele é um ignoranto desajeitado, que quer ser alguém distinto e respeitado, com uma bela mulher ao lado.
A violência em Taxi Driver não é idealizada, ela é cruel e feia. Nem as cenas de ação são espetaculosas. Analisemos a primeira vez em que Travis atira em alguém.
O cara está roubando a loja, ele tem a oportunidade e atira. É tudo muito realista e rápido. Não tem efeitos miraculosos. Você não fica feliz em ver aquela morte, dá até um embrulho no estômago. A figura do criminoso desmaiado no chão sendo atingido pelo dono da loja é triste. O ladrão se humaniza naquele momento. Claro que ao atirar, Travis dá vazão ao que todos sentimos ao ver alguém oprimir outra pessoa (no caso, o bandido roubando o trabalhador). É o que todos nós queremos fazer, ele puxa o gatilho tão leve, tão fácil – como se com a ajuda de todos nossos dedos de espectadores.
Agora, comparemos com as mortes em O Profissional... Terei de fazer a comparação novamente, é inevitável para mim. Quer dizer, matar deveria ser uma montanha-russa de sentimentos conflitantes, da mesma forma em que vejo em produções como Taxi Driver. Mas em O Profissional o sujeito mata dez, vinte pessoas em tempo recorde, e você não sente metade da tensão dessa pequena cena do assaltante da loja. Em O Profissional, matar é uma coisa bela e sublime, como se assistíssemos a gols de nosso time. E só isso. Dezenas de pessoas sendo mortas e não temos a sensação de ver pessoas morrendo: não há embrulho no estômago; não tem a raiva acumulada contra as figuras de opressores e criminosos, liberadas pela mão do personagem justiceiro; não tem a frustração ao se deparar com a miserável figura humana agonizando... É apenas: veja como esse cara é fodão, ele mata o quanto quer e ninguém o atinge.
E agora vejamos o clímax de Taxi Driver, quando Travis, furioso,
desafoga a alma atirando contra o cafetão e os outros canalhas.
Travis é um herói realista. Ele é mau, conservador, moralista, paranoico, perturbado, e é redimido de toda sua maldade por fim, contando com um empurrãozinho do acaso. Assim como todos os heróis.
Inferno Carnal
3.3 33 Assista AgoraNão é lá aquelas coisas, mas consegue ser menos arrastado que o normal dos filmes do Mojica. Achei inferior à Estranha Hospedaria dos Prazeres, que muitos julgaram como o pior filme dos inéditos em DVD dele (até recentemente).
De qualquer forma, sempre vale a pena assistir mais um exemplar do cinema do "Zé do Caixão".
O final foi meio bobo e inconsistente, mas funcionou.
O Profissional
4.3 2,2K Assista AgoraTem umas coisas muito erradas nesse filme. Ao mesmo tempo em que romantiza ao extremo a violência e a vida à margem da sociedade, como muitos exemplares do cinema de ação da mesma época, que nunca se preocuparam em ser verossímeis; procura oferecer um algo a mais, uma trama mais complexa, cheia de psicologismo, mas que acaba ficando num outro romantismo, um tanto mais perigoso. Pois o que vemos na tela, no final das contas, é uma espécie de comédia de amor frustrada.
O Profissional é basicamente a história de amor entre um adulto bobalhão, ignorante, e uma pré-adolescente que cresceu numa família disfuncional. Claro, esse caso de amor não é explicitado - mas é disso que o filme trata o tempo todo, com uma trama violenta para disfarçar.
E eu realmente não sei o que pensar sobre isso, no fim das contas. Foi corajoso abordar o tema? Mas era mesmo necessária toda a sensualização da menina? Há cenas em que fico imaginando as instruções que deram à garota. Ela tinha total noção do que estava fazendo, das intenções dos seus gestos? E eu não consigo não ver esse trabalho como um abuso.
Esse é o ponto mais verossímil de toda a trama: os sentimentos da garota pelo seu acolhedor. Ele é um pai? é um amante? é um amigo? Pois ele está suprindo suas necessidades emocionais (daí a cena do estômago, em que ela diz não sentir mais um vazio). Esse aspecto do filme, isto é, as emoções da menina pelo homem que a acolhe naquela mundo de violência, foi abordado de forma crível. Com alguns momentos perturbadores, alguns constrangedores, mas tudo é crível: você consegue imaginar muitas garotas como ela. E realmente conseguiram retirar uma atuação inacreditável da pequena Natalie Portman.
Você pode explicar psicologicamente as "fases" dos sentimentos de Mathilda por Leon durante o filme.
O que é difícil é explicar Leon. O cara é um assassino sem remorsos, que mata por dinheiro, mas ao mesmo tempo é doce e terno? Porra! Então ele adota uma criança e se torna uma pessoa melhor? Ah, mas é que ele nunca foi má pessoa, pois foi enganado pelos mafiosos e ficou assim, uma máquina de matar cheia de emoções nobres. E mais importante de tudo: com valores morais o bastante para jamais fazer mal a uma criança!
Vocês entendem isso: ele é retardado o bastante para matar, pegar a grana e deixar com um mafioso local; mas não é retardado o bastante para tentar algo com a garota? Ele tem todo o jeito de pedófilo, até porque nunca cresceu. Mas tem noção o bastante para "só" matar pessoas.
Esse personagem é a romantização bizarra do macho protetor, que é forte e valente, e meio abobalhado. Cruel no mundo dos homens, mas que está lá para proteger as mulheres e crianças pequenas. É o King Kong do gueto. Não consigo suportar o que fizeram ao personagem para que coubesse nos sonhos moralistas da sociedade. Ele é mais absurdo e pitoresco que o Rambo.
Além de tudo, não me desceu a desumanização da personagem da irmã mais velha, que não deixava de ser adolescente. Ela
morre de forma violenta, não sem antes aparecer de trajes mínimos se abaixando e levantando daquele jeito.
Já o irmãozinho de Mathilda aparece com o único propósito de causar comoção no público. Aquela comoção mais primitiva: "justiça com as próprias mãos! justiça com as próprias mãos!".
Não me entendam mal, não quero condenar esses elementos da trama de forma politicamente correta, mas é inevitável para mim não olhar para eles, não significá-los; justamente porque o filme tentou ir além da "ação burra". Bem, ele ficou com esse status. Eu não estaria aqui detonando certas obras de ação oitentistas, que obviamente são datadas e precisam de contextualização. Não estaria analisando o que fica entre as linhas numa comédia romântica qualquer. Mas O Profissional definitivamente tentou me enganar! hehehe
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
3.9 111 Assista AgoraImagina quando o povo medroso e supersticioso via no cinema aquela sequência no inferno? Em cores, o inferno ganha vida! Hahahah que sacada genial!
Claro que, visto hoje, os defeitos do filme acabem saltando aos olhos. E o que estraga um pouco a diversão é o ritmo. Nos primeiros minutos, estou adorando tudo em Esta Noite Encarnarei em Teu Cadáver; nos últimos, já não aguento mais assisti-lo.
A Estranha Hospedaria dos Prazeres
2.9 27Como todos os filmes que vi do Zé do Caixão, poderia ser mais curto (contando também seus curtas, que, verdade seja dita, não são muito menos arrastados do que a obra em análise). A Estranha Hospedaria dura cerca de 1 hora, pois os 15 ou 20 minutos iniciais são pura enrolação (dessa vez não tão engraçada quanto a enrolação inicial do Estranho Mundo de Zé do Caixão). Pois bem, essa 1 hora que realmente conta poderia ser reduzida em metade, talvez mais. Talvez pudesse ser um simples curta de 10 minutos.
É verdade que estamos diante de um verdadeiro conto de horror, com começo, meio e fim. Trata-se de uma narrativa tradicional, por assim dizer; e não essa loucura disforme que estamos acostumados em ver nas produções brasileiras do gênero. A situação de clímax foi muito bem construída e o desfecho é um barato (
a cena da polícia chegando ao local
Os atores são ruins (como sempre), a edição é porca. Mas o pior de tudo é a sensação de que não há cenários no filme! Sim, pois a câmera está sempre focando o rosto de alguém, os olhos. Você não vê o ambiente; ou melhor, não consegue diferenciar um ambiente e outro, pois está tudo em filmagem fechada. Soma-se isso ao escurecimento da imagem (talvez por conta da idade da película, que deve ter ficado armazenada em algum canto qualquer por anos e mais anos?), e temos um efeito "sei o que está acontecendo, mas não consigo enxergar", que chega a ser deprimente.
Mesmo com todos os seus contras, A Estranha Hospedaria dos Prazeres me divertiu à beça. É impressionante o que, na ausência de recursos, uma boa história pode fazer. Vale a pena dar uma conferida, principalmente se não for com grandes expectativas e já bem avisado com relação aos muitos senões que encontrará aqui.
Ah, tem uma cena que me fez rir horrores.
Quando o hippie reencontra o outro no meio da orgia e diz: "cara, você andou sumido, achei que tivesse batido as botas", ou algo assim.
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Uma Noite Alucinante 2
3.8 711 Assista AgoraContinua sendo um filme interessante depois de todos esses anos (a última vez em que o assisti inteiro foi na infância, diferente do primeiro Evil Dead que conheci já adolescente e reprisei dezenas de vezes ao longo dos anos).
O legal aqui é que, apesar de toda a galhofa, há momentos tensos e que chegam a assustar um pouquinho. Nesse quesito, seria como um Goonies, um Família Adams mais pesadinho. O filme é, além do mais, movimentado e cheio de ação.
Poderia ser mais splatter, porém tentaram amenizar as coisas para conseguir uma classificação light nos cinemas. Não funcionou e podaram o filme à toa. Pena...
É engraçado isso do remake/continuação. Porque, se não percebeu, ele faz as duas coisas ao mesmo tempo. O remake propriamente dito está nos minutos inicias, em que os roteiristas encurtaram a história do primeiro filme (não podiam utilizar as imagens), colocando na casa apenas Ash e a namorada. Quando Ash é possuído
(isso ocorre nos segundos finais do primeiro filme)
No mais, como o filme não tem muito enredo mesmo, então se alguém o considerar apenas remake ninguém liga muito rsrs. Esse negócio de remake/continuação com cenas repetidas ocorre muito também na série O Massacre da Serra Elétrica.
Uma Noite Alucinante 3
3.5 530 Assista AgoraTirei dos meus favoritos. Tinha as melhores lembranças desse filme, mas acontece que o vi pela última vez aos 14 anos, se não me engano. E sou anti-saudosista: no fim das contas, o filme é um belo pedaço de merda.
Acho que não estou sendo injusto com essa terceira parte da série, pois revi também o segundo filme, e gostei bastante, consegui me divertir com aquele tipo de humor. Evil Dead II é mais peculiar, com elementos que destoam e todas as incoerências, mas parece honesto.
O grande problema de Army of Darkness não é o humor bobalhão, mas que ele é nada a ver com nada. São muitas cenas que não convencem e você fica se dizendo "por que filmaram isso?... Sério, não teve graça... A referência é obscura".
Ash se batendo pela casa no segundo filme é um momento interessante do cinema, mas a mesma ideia neste faz lembrar Esqueceram de Mim e Dênis, o pimentinha.
Acaba sendo só estimulo visual descerebrado.
Amores Possíveis
3.2 115Obra de grande sensibilidade. Humor na dose certa.
A cena em que
o rapaz (Murilo Benício) está conquistando a moça (Carolina Ferraz, toda faceira, no balanço,
Incêndios
4.5 1,9KAchei um tanto apelativo e forçado em vários momentos. Não precisava ser tão longo, também. Tipo de filme que não assistira uma segunda vez.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraNão gostei. Na verdade foi uma puta decepção pra mim. Não se preocuparam em nenhum momento com contar uma história, apenas injetaram toneladas de efeitos especiais em cada segundo de filme. O resultado é cansativo. Aí que comecei a analisar tudo o que não fazia sentido ou estava muito exagerado depois que os efeitos loucos perderam a graça... E meu, simplesmente não conseguia mais aguentar certas coisas como:
corridinha com pessoas cuspindo gasolina diretamente pro motor;
o guitarrista do "carro alegórico" ndoo filme todo, sem se cansar um minuto e sempre parecendo muito feliz em fazer o que está fazendo;
motos saltando por montanhas direto para a parte traseira do caminhão;
pessoas usando uma vara para saltar de um veículo para outro em movimento...
Fora que, apesar de viverem num mundo pós-apocalíptico, os carros estão sempre impecáveis, com pintura fodérrima e são praticamente indestrutíveis, com o melhores pneus, lataria, tudo. O combustível desses doidos é ilimitado.
Nunca é explicado como conseguiram prender toda a água dentro de uma montanha... E, veja bem, se vivem num deserto sem fim como é que havia água ainda? Se o povo quase não bebia água, como poderia sobreviver? Se não havia água, como poderia haver gasolina? Se as pessoas estavam doentes sem água como poderiam trabalhar pra extrair gasolina? Que motivação teriam para trabalhar? Se só havia aquela montanha com água guardada por um pessoalzinho autoritário, o povo não poderia se rebelar e tomar tudo pra eles? Não entendo como conseguem ficar escravizados ainda!
Gozu
3.7 56O tipo de coisa que sempre busquei em um filme. O roteirista e o diretor foram muito habilidosos (e corajosos), pois muitos já tentaram, mas não me lembro de um filme que passe tão bem a sensação de estar num sonho, com todas as bizarrices do mundo onírico. Acho que somente Lynch conseguiu chegar perto desse resultado, superado agora. Para que tudo fosse um sonho, só faltou o personagem acordar no final (o que, ainda bem, não aconteceu, pois seria de uma total banalidade).
No mundo dos sonhos as coisas são assim, há uma lógica, uma "temática principal" que tem a ver com o que estamos vivendo naquele momento, porém o que visualizamos são apenas representações, já que não temos memória de tudo. Daí que vão surgindo elementos que se distanciam da temática, pois não havia material visual para dar continuidade. Nosso cérebro compensa uma ausência de uma imagem fraca na memória por uma outra imagem. Esse novo material visual vai criando novas dinâmicas e o sonho vai ficando cada vez mais complexo, o "enredo" muda, embora o tema básico seja o mesmo.
É claro que não ouvi ninguém falar que o filme trata-se de um sonho, mas a dinâmica estabelecida, as conexões entre uma cena e outra, o conteúdo metafórico, tudo faz parecer estarmos dentro de um. Li, não me lembro se em algum livro de Freud, que nossos sonhos de toda noite são obras de arte únicas que, infelizmente, perdemos ao acordar. Por isso gostei tanto dessa obra, esperei muito tempo pra uma experiência assim.
O Solar Maldito
3.6 66Dos piores filmes do Roger Corman que vi. Também das piores adaptações de Poe. Se bem que já não sei se o problema está na produção em si, ou no conto que serviu de roteiro: nunca fui muito com a cara do tal. Fico confuso. Quer dizer, é uma peça muito bem escrita, é verdade. Mas você lê uma vez e o pouco de surpresa que o final causa não é suficiente pra querer ver uma filmagem disso. Fui levado pela minha admiração pelo trabalho de Corman e de Vincent Price, e acho que no fundo havia uma esperança de que o filme superasse o conto (o mesmo acaba dando margem para intervenções, invenções estilísticas e tal).
A Queda da Casa de Usher
3.7 55Filme extremamente longo. Foi uma ironia, pois apesar dele ter apenas 1 hora o considerei cansativo. Se fosse um curta-metragem de uns 15 minutos seria melhor. Mas trata-se de uma produção de muito antigamente e parece até injusto de minha parte tratar dele em termos assim. Bom, o que posso dizer? Consigo gostar de muito filme mudo, mas, indepentende de técnicas, você precisa de coisas ocorrendo em frente às câmeras... São curiosas essas adaptações de obras de Poe, que normalmente preenchiam pouquíssimas páginas e que se tornaram longa-metragens. A maioria é decepcionante.
O Homem Que Odiava as Mulheres
3.6 27 Assista AgoraRichard Fleischer fez vários filmes a respeito de assassinos e investigações criminais, dentre eles O Estrangulador Misterioso, O Homem que Odiava as Mulheres e O Estrangulador de Rillington Place. Dos que assisti, O Estrangulador de Rillington Place é certamente o mais impactante, porém esse The Boston Strangler é muito interessante, também, principalmente levando-se em consideração a maneira com que foi montado, com vários planos apresentados ao mesmo tempo para representar a mente fragmentada do assassino e as peças sendo encaixadas pela investigação (e pelo espectador).
Não sabemos quem é o assassino até lá pela metade do filme. Depois disso, não há muito o que ser visto. O final é bem chatinho, pois você precisa aguentar cerca de meia hora com um vilão dizendo coisas como "nã-não me lembro, e-eu não sei, e-eu acho que... ah, não sei ao certo".
Enfim, vale pela hora inicial, quando o filme está ágil e a direção criativa.
A Montanha Sagrada
4.3 467Há momentos cujo simbolismo é bastante simples, como por exemplo, quando o arquiteto é apresentado feito um mágico e há pessoas vestidas como ratos correndo pelos cantos daquele local com estrutura esquisita. Ou quando os jovens se emasculam para seguir o "chefe da polícia". Ou ainda, quando há impostores tentando desviar o grupo que ruma para a montanha sagrada, oferecendo maneiras fáceis de se vencer o desafio. Porém, a maior parte do filme é bem maluca e pode nos deixar perdidos, sem saber como interpretar.
O final é um dos mais wtf já apresentados. No mesmo nível daquele do Dead or Alive, de Takashi Miike.
XB: Galáxia Proibida
3.1 20 Assista AgoraNão é tão legal quanto Galáxia do Terror, outra produção de Roger Corman dessa época, por exemplo.
Tem lá seus momentos gore, cômicos e "apelativos", que garantem diversão. Mas não há nada tão expressivo, relevante... Com exceção do final, pois conseguiram gravar uma das cenas mais estúpidas que já tive o prazer (ou desprazer) de conferir:
A retirada de um tumor no peito sem anestesia e em tempo recorde por um sujeito que não tinha a menor noção do que estivesse fazendo... Então ele faz com que o monstro mutante devore esse tumor, o que o mata instantâneamente!
Stalker
4.3 503 Assista AgoraNão é um filme para ser visto assim "à toa". Você precisa reservar aquele tempo e embarcar nessa viagem de cabeça aberta. Procure assistir Stalker como se fosse o primeiro filme que viu na vida.
Irei guardar para sempre essa frase (que não é dita exatamente assim no filme): "Seus desejos mais sinceros são aqueles adquiridos em sofrimento".
Macbeth
3.9 51Acredito que não seja possível uma melhor adaptação. O filme de Polanski provavelmente superou as adaptações dos palcos. E acho que é isso que se esperava de uma tragédia tão cheia de vigor e violência.
As cenas de batalhas são bastante realistas. Destaco toda a cena no castelo, quando Macbeth luta contra vários soldados e depois enfrenta Macduff, até o desfecho desse duelo,
com sua decapitação
Todas as cenas de violência tem impacto e podem até mesmo perturbar algumas pessoas. Assim como as cenas de delírio de Macbeth, ou quando as bruxas fazem seus nojentos feitiços. Trata-se de uma obra com gore considerável.
Polanski também acerta em trabalhar cada personagem em cena com os requintes das obras teatrais. Os atores conseguem se destacar, por mais que o trabalho de fotografia seja belíssimo e os grandes planos sejam abundantes nos filmes desse diretor.
A ideia que tenho ao assistir Polanski é que ele não quer deixar passar nada, todos os detalhes são valorizados em seus filmes; então você pode apreciá-lo por muitos aspectos.
O único problema, a meu ver, é que o texto original também foi hiper-valorizado, quando, apesar de sua beleza, poderia ser adaptado para soar mais natural.
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista AgoraFraco. A fotografia em tons quentes esbanja agressividade, há efeitos modernos nas cenas de batalhas e duelos, mas todo o filme tem um aspecto... menor. Por mais que tente ser épico. Não sei como conseguiram transformar a obra de Shakespeare nisso. Provavelmente porque apenas investiram na "testosterona", sem se importar tanto com o restante.
Julgo que essa fotografia berrante conseguida através de filtros e processos artificiais está toda equivocada, tons mais escuros e frios combinavam mais com o conteúdo do texto, que foi simplesmente jogado entre uma cena "afogueada" e outra cena "afogueada".
Corpo em Evidência
3.0 106 Assista AgoraNo estilão "cenas eróticas com saxofone de trilha". Brega, bobo, ultrapassado. Vale mais pelo suspense. Todo o julgamento é bem emocionante e segura o filme. O final é infantil.