Nada a ver com "Crepúsculo": uma menina sonsa e sem sal chega a uma nova "escola" e lá conhece o garoto estranho de cabelo armado que faz parte de uma espécie de "família" bizarra e que a princípio esnoba a tal garota insossa (a típica postura de mártir: "é que eu sou perigoso/estou fazendo isso para te proteger e blá-blá-blá"). Tem também o triângulo amoroso nada original (mocinho e bad boy disputando a menina). Ah, sim, e o grande trunfo: ao contrário dos vampiros de Stephenie Meyer, que brilham à toa, os anjos desse filme só têm glitter nas asas Não, não tem mesmo nada a ver com "Crepúsculo".
Minha primeira decepção com a BBC não poderia ser maior... Estou abismado com a descaracterização hedionda a que essa adaptação submeteu o clássico de Henry James. A história de “A volta do parafuso” é uma das mais originais produções literárias de terror psicológico que já li; é uma trama baseada na ambiguidade, na sugestão, nos subentendidos e na análise da lucidez e da parcialidade da narradora. Essa produção ignora todos esses pontos-chave da obra e entrega uma história clichê, um show de horror barato e genérico com crianças violentas que falam palavrões com uma “segunda voz” (cópia de “O exorcista”) e que assistem adultos fazendo sexo. No livro, as “perversões” das crianças são tão brilhantemente duvidosas que nada fica explícito ou provado; nesse filme, ao contrário, querem dar a entender que os irmãos Flora e Miles são demônios mirins da mesma safra de Regan MacNeil. Além das crianças, os outros personagens também foram extremamente mal representados, com destaque para os fantasmas de Quint (mostrado como um devasso insaciável e assassino incontrolável) e Jessel (apresentada como uma mosca morta submissa). Ambos são unilateralmente estereotipados. Como se não bastasse isso, a governanta, que deveria ser a personagem mais importante da trama (afinal, é a perspectiva dela que molda o terror proposto) foi representada como uma virgem reprimida caricata a ponto de ter não apenas fantasias, mas sonhos tórridos nos quais faz sexo com o tio das crianças. Como se vê, sutileza que é bom, nada! Naturalmente, haverá quem defenda essa produção dizendo que o que funciona no livro não funcionaria na tela; entretanto, o magnífico filme dos anos 60 “Os inocentes” (este sim, uma produção fidedigna) está aí para desmentir tal argumento: o filme de Jack Clayton capta todas as nuances do livro e apresenta uma produção assustadora e sugestiva, sem nenhum tipo de apelação vulgar e sem uma gota de sangue. Uma verdadeira proeza da arte de assustar.
Não gostei: parece que o livro foi todo picotado (e o que é pior, com tesoura cega) e depois remendado negligentemente para a tela, resultando num filme insosso. Isso é lamentável, já que o livro é de uma profundidade emocional cativante. Achei impressionante como, mesmo tendo apenas 1 hora e meia de duração, esse filme se arrastou tanto que parecia se estender até a eternidade. Uma estrela por José de Abreu (o personagem dele é o único que tem alguma identidade: pudera, é um veterano da teledramaturgia brasileira); e outra estrela pela fotografia, muito chamativa em algumas passagens. De qualquer forma, o livro merecia mais atenção; vou procurar outras versões, porque de modo geral essa aqui é frustrante.
Visualmente é um filme muito rico, com a beleza sombria típica de Guillermo del Toro. Porém, merecia uma protagonista mais expressiva do que Mia Wasikowska: aquele cabelo de Maria Bethânia também não ajudou a personagem.
Não é necessariamente ruim; é apenas genérico e clichê como tantos outros filmes de terror adolescente. Para quem tem um mínimo de experiência com o gênero, sabe logo de cara a identidade do assassino (é extremamente óbvio). Da mesma forma, percebe-se desde o começo quem vai sobreviver: não é o casal assanhado que quer fazer sexo (a mulher é loira, claro), não é o palhaço das piadas sem graça e não é o "quase-herói". Sobra uma opção bastante evidente.
Gostei: é uma história original (embora seja um remake) e tem uma metaforização singela sobre o tempo e a espera, regada a Jane Austen, com a ótima contextualização de "Persuasão". Reeves e Bullock estão ótimos nos papéis de protagonistas, sem afetação, exageros ou melosismos: em se tratando de romance, eu prefiro atuações sóbrias, o que é o caso nesse filme.
Gostei bem mais desse filme do que da versão de 2010. O que mais incomoda no remake de Aja é que ele força muito a barra com a objetificação sexual (sobretudo feminina); é como se ele dissesse o tempo todo: "vejam, peitos, bundas, mais peitos, mais bundas!" Nesse filme original isso quase não acontece: há algumas cenas de "seminudez", mas elas são bem contextualizadas com o roteiro, que é leve e divertido, com as tosqueiras típicas dos bons filmes de terror B antigos (que eu adoro). As cenas de ataque das piranhas são inteligentes, tendo em vista a época, com recursos bem simples e, o melhor, sem economizar na tinta vermelha no clímax. Até a maquiagem dos "atacados" ficou boa. Quanto ao final, achei mais interessante o desfecho desse do que do remake (que, assim como o filme em si, é todo forçado e inverossímil). Ah, sim, a explicação sobre a origem das piranhas desse filme também ficou mais plausível do que a da refilmagem, só para complementar.
Está aí: um dos filmes sobre vampiros mais originais que eu já vi nos últimos tempos. As analogias sociais e a co-existência entre humanos e vampiros, bem como a ideia de um substituto artificial para o sangue humano, me fizeram lembrar de True Blood, embora, diferente da série da HBO, o filme siga uma linha um tanto distópica, na qual os seres humanos são tratados como gado, sendo "cultivados" para alimentar os vampiros, numa nova ordem social com claros elementos darwinistas. Achei interessante também a representação do consumismo nesse mundo vampiresco eminentemente "capitalista" (carros com proteção contra raios UV, túneis para tráfego diurno seguro, inserção de porcentagens limitadas de sangue em produtos como café, etc.). Outro aspecto de que gostei foi o conceito de marginalização mesmo no mundo vampiresco. Aqueles que possuem status e poder conseguem se manter com a imagem aristocrática clássica (e, nesse sentido, Sam Neil como "vampiro-gerente" está impagável), enquanto aqueles que ficam sem acesso a sangue (cada vez mais caro e raro, posto que a espécie humana está à beira da extinção) passam por uma "morceguificação", transformando-se em monstros decrépitos que precisam ser contidos e/ou eliminados em prol do equilíbrio social. Em termos de atuações, Ethan Hawke está bom como protagonista, mas, a meu ver, Sam Neil como vilão está ainda melhor.
Fraquíssimo e desnecessário, com desenvolvimento lento e maçante, esse filme não tem nem ligação com o primeiro (que achei ótimo). Não há personagens remanescentes nem fio que junte a história com a anterior. Christian Slater não possui o "carisma homicida" de Kevin Bacon para o papel de psicopata invisível. E, por falar em invisibilidade, nem os efeitos visuais desse filme se salvam: ao que parece, os produtores estavam com orçamento limitado, de modo que os "melhores" efeitos estão nas cenas de invisibilidade (ou seja, ironicamente os melhores efeitos são aqueles que "não se vê", o que soa contraditório). Porém, o cúmulo da propaganda enganosa é a sinopse dizer que os dois homens sem sombra ficam cara a cara para a "espetacular batalha final": que batalha final, cara pálida? O confronto entre eles dura poucos segundos e é bem boba, com o típico final rápido; com certeza não teve nada de espetacular. Uma estrela pela primeira morte (sangrenta e original) e outra pelo Peter Facinelli, que até se esforça para tornar seu personagem carismático.
Como livro, eu achei "Inferno" a obra mais fraca de Dan Brown; entretanto, como filme, considerei melhor do que "Anjos e demônios" (que, por sua vez, achei uma péssima adaptação). Esse novo filme tem mais ação do que os anteriores, mas o roteiro acabou sofrendo com isso: tudo é muito corrido, parecendo ter sido feito apenas para quem já leu o livro e, portanto, não precisa de explicações detalhadas e nem de tempo para processar os enigmas. As informações são atiradas às pressas e mal dá tempo de acompanhar o raciocínio dos personagens. Achei frustrante que nesse frenesi as referências a Dante tenham sido tão ínfimas. Gostei, contudo, dos efeitos visuais cheios de laranja (fogo) e vermelho (sangue). O inferno retratado (que parece saído de um mundo pós-apocalíptico) me lembrou bastante o do filme "Constantine", do Francis Lawrence. Enfim, de modo geral eu achei esse filme razoável, justamente por não ter apreciado muito o livro.
O filme mais chato e maçante que vi neste ano foi, de longe, "Invasores" (Intruders), no qual um pequeno grupo de marginais incompetentes planeja assaltar a casa de uma "moça frágil", mas acabam se tornando vítimas dela. É um filme arrastado e previsível, verdadeiro porre. E, quando eu achei que essa história de "bandidos que se tornam vítimas de suas vítimas" já estava saturada, me deparo com "O homem nas trevas", que achei quase tão ruim quanto Intruders. Como pontos positivos, o filme é claustrofóbico e escuro (o que é muito condizente com a cegueira do "vilão"); além disso, é cheio de tensão, dá para sentir o perigo ao qual os "mocinhos" (termo relativo) estão expostos. Porém, o que estraga a história é a enorme sucessão de situações e atitudes ridiculamente clichês e inverossímeis presentes: perdi a conta de quantas vezes o casalzinho marginal teve a chance de liquidar o velho, mas desistiu; isso sem falar na cena das chaves, que é melhor nem comentar. Outra coisa irritante é o timing de algumas cenas:
[/spoiler] o momento em que o rapaz aparece para salvar a moça da "inseminação artificial", por exemplo. É incrível como ele chega na hora exata; não chega alguns segundos antes e nem um pouco depois, mas exatamente na hora H. Achei isso uma tremenda forçação. [spoiler]
E, por falar na moça (Rocky), também não gostei da personagem: Jane Levy esteve bem melhor em "Evil Dead", onde Fede Alvarez conseguiu fazer algo bem mais interessante do que este filme.
Eu considerava "O Lobo da Estepe" um livro inadaptável para a linguagem do cinema, mas esse filme conseguiu me surpreender com a sua fidelidade,não apenas em termos de roteiro, mas principalmente devido aos recursos visuais usados para transmitir o contexto psicodélico do livro. Gostei particularmente da parte da "leitura" do Tratado do Lobo da Estepe, que é apresentado através de animações em stop motion . Também gostei da forma como foram elaborados os delírios e sonhos de Harry Haller no Teatro Mágico (inclusive com a discussão constante sobre sua personalidade múltipla). E, por falar em Harry, acho difícil imaginar alguém melhor do que Max von Sydow para o papel: o personagem cai como uma luva para ele nessa atuação inspirada.
Uma boa adaptação do romance de Jane Austen, com todos os elementos relevantes desse livro (e muitas marcas características de suas obras em geral), sobretudo no que se refere a etiqueta e comportamento na sociedade inglesa do século XIX. Porém, não gostei da Amanda Root como Anne: no livro ela tem 27 anos, mas a atriz que a interpreta, embora tivesse pouco mais de 30 anos na época desse filme, aparentava ter quase 40. Esse foi um desagrado semelhante ao que tive ao ver Grandes esperanças, de David Lean: ótimo filme também, mas com um Pip muito velho para fingir ter 20 anos.
Um filme decepcionante, clichê e vazio, pretensiosamente preenchido com violência na tentativa de deixá-lo chocante. Porém, se consegue chocar, é pela falta de conteúdo ou originalidade. Parece que James Watkins quis pegar carona na vibe de "Funny games", mas não consegue chegar nem perto da tensão provocada pelos filmes de Michael Haneke (original e remake). A maquiagem e as cenas de violência são boas, mas só isso, sem personagens interessantes (nem Michael Fassbender se salva) e, principalmente, sem uma história densa, não evita que o filme se perca na mediocridade.
Uma boa adaptação do famoso "E não sobrou nenhum", de Agatha Christie, especialmente se considerada a época (a década de 1940). Salvo pequenas mudanças, os personagens foram bem desenvolvidos e eu gostei particularmente do final (que é diferente, mas eu achei melhor do que o do livro).
Ainda não vi um filme sobre vampiros que tirasse a minha predileção absoluta por "Entrevista com o vampiro"; de qualquer forma, achei instigante esse novo (relativamente) trabalho de Neil Jordan com o tema. Não é tão sombrio e intenso quanto a adaptação do romance de Anne Rice, mas tem uma atmosfera poética e melancólica semelhante a de filmes como "O beijo do vampiro" e "Amantes eternos". Embora eu prefira a abordagem erótica-sanguinária-gótica do tema, essa perspectiva mais dramática é interessante de vez em quando.
Michael Crichton já gostava da ideia de espalhar o caos em parques de diversões quase vinte anos antes de Jurassic Park, e de uma forma também original, substituindo os dinossauros pela "terra sem lei" do velho oeste americano (e pelos mundos medieval e romano, embora em grau muito menor). Curiosamente, o filme é muito simples, até meio tosco e risível, justamente como os filmes de faroeste antigos (da época em que Kirk Douglas era um ícone do gênero). Não há debate sobre as questões complexas a respeito de consciência, memória e realidade que coalham a série da HBO. A própria "pane" que deixa os robôs incontroláveis não tem a ver com eles ganharem discernimento, mas é decorrente de uma falha de programação, como um personagem evidencia em certo momento, ao falar da complexidade daqueles robôs e sobre como é difícil diagnosticar todos os problemas deles (uma vez que alguns são projetados por outras máquinas). Seja como for, achei este filme interessante, não tanto pela temática western, mas especialmente pela premissa de ficção científica que a HBO está desenvolvendo tão bem até agora.
Em meio a tanta bobagem pretensiosa que tem invadido o cinema depois que distopias se tornaram moda adolescente (vide Jogos vorazes e companhia), "Equals" me chamou a atenção por ter uma proposta muito mais direta e simples, sem deixar de lado o teor reflexivo, remetendo ao universo dos verdadeiros clássicos distópicos, como "1984". É claro que para quem está acostumado com as distopias teen este filme pode soar chato ou arrastado, mas eu vejo por outra perspectiva. Eu considerei a proposta deste filme muito plausível e realista porque imagino que um futuro distópico seria da forma como é mostrada ali: com um sistema que oprime através da monotonia e da ignorância (bem diferente da tosca ação em CGI, aventuras forçadas e romance meloso das adaptações de best-sellers de Suzanne Collins, Veronica Roth e James Dashner). A fotografia em tons frios de branco e azul é ótima, dando uma conotação de mundo asséptico tanto literalmente quanto de forma figurativa. Nunca pensei que diria isso, mas gostei da atuação da Kristen Stewart aqui, até porque interpretando uma personagem de uma sociedade sem sentimentos, emoções ou expressividade ela está, na verdade, interpretando a si mesma, ao natural. Ademais, ela teve uma boa química com Nicholas Hoult nessa jornada de descoberta/renúncia dos sentimentos. Só uma coisa me chateou no filme, mas a "culpa" não foi dele propriamente, e sim das mãos brasileiras desleixadas responsáveis pela distribuição dele por aqui: o ridículo título nacional "Quando te conheci", que tira toda a beleza e simplicidade do título original e soa como nome de romance da Jojo Moyes.
Eu bem que me esforcei para gostar, mas o esforço se perdeu na frustração. Visualmente, até que é agradável, com cenas que transportam o espectador para uma experiência similar à leitura do livro original. Porém, o que, a meu ver, estragou o encanto que o filme poderia proporcionar foi o roteiro inconsistente, que não sabia se seguia o livro fielmente ou se seguia pelo caminho das "liberdades criativas". O resultado é um roteiro do tipo colcha de retalhos. Para piorar, tiveram a ideia de fazer um filme musical e essas músicas (bem como suas coreografias) são o maior tormento de se suportar: além de extremamente enfadonhas e cansativas, são sequências muito longas e que, na prática, não acrescentam nada de relevante à história (vide a dança estilo Michael Jackson da serpente, que eu cheguei a pensar que não terminaria). Os ótimos diálogos que o Príncipe tem nos planetas por que viaja foram cortados ou substituídos por falas vazias e sem graça, especialmente a conversa dele com o rei e com o acendedor de lampiões (este último nem aparece, apesar de estar no pôster). E, por falar no Príncipe, não gostei de Steven Warner no papel: aquela história de que é um "menininho fofo" não significa nada para mim, se essa "fofura" toda não vem acompanhada de alguma expressividade e, francamente, não vi nenhuma demonstração disso naquele menino ao longo dos quase 90 minutos desse filme que, afinal, de tão entediante parece durar bem mais.
Talvez por ser a primeira adaptação do livro de Charles Dickens a que eu assisto, gostei muito desta versão e posso dizer que superou as minhas expectativas, como geralmente ocorre com as visualmente caprichadas produções da BBC: ótimo figurino, fotografia e roteiro (embora, nesse último aspecto eu tenha lamentado o corte do personagem Orlick, de grande importância em eventos cruciais do romance original). Quanto ao elenco, gostei dos irmãos Toby e Jeremy Irvine como as versões criança e adolescente de Pip respectivamente. O restante do elenco também se saiu bem , embora eu tenha achado Helena Bonham Carter um tanto caricata com sua Miss Havisham cheia de caras e bocas. Quanto ao final, vi críticas ao fato de ser "abrupto", mas eu gostei: o desfecho em aberto coincide com o do livro e, em ambos os casos, fiquei muito satisfeito.
Um filme de Tarzan... mas com Tarzan de menos. Por se passar depois da história já exaustivamente conhecida do selvagem que foi criado na floresta por (e entre) animais até ser levado de volta à "civilização", este filme é mais uma espécie de sequência alternativa do que uma nova versão da história. Assim sendo, na maior parte do filme não se tem um Tarzan (o "selvagem"), e sim John (o "civilizado"), que devido a uma suposta questão diplomática retorna à África e só então vive uma típica aventura "tarzaniana", que garante as sequências de ação do filme. O filme me agradou razoavelmente, mas alguns pontos negativos me impediram de apreciá-lo mais. O principal deles foi o timing: as coisas demoram muito a acontecer (basicamente na primeira hora do filme, ou seja, mais que a metade da duração do mesmo, não ocorre nada de realmente relevante) e as sequências de ação foram jogadas bem para o final. O roteiro também careceu de um maior cuidado, já que quiseram intercalar características clássicas das histórias de Tarzan com eventos históricos reais como pano de fundo. Em alguns momentos os diálogos e atitudes dos personagens e o próprio andamento da história ficam dispersos e confusos. Os efeitos também poderiam ser melhores: as cenas com Tarzan "viajando" via cipós pela floresta ficaram muito artificiais e pareceram inspiradas no Homem-Aranha e sua teia. Quanto ao vilão, Christoph Waltz tem uma presença marcante, é inegável, mas achei que ele está muito apagado neste filme, trabalhando no modo automático: não transmitiu a ameaça pretendida pelo roteiro. Uma pena.
Apesar de a ligação com o livro de Carroll dar-se apenas por referências superficiais (como o óbvio espelho como portal e a cena com o tabuleiro de xadrez), achei este filme tão bom quanto o primeiro, e ainda com a vantagem de trazer uma história "inédita", por assim dizer. Confesso que no filme do Tim Burton tive certa dificuldade em aceitar Mia Wasikowska como Alice, mas nesta sequência me pareceu que ela estava mais adaptada ao papel. Entretanto, o personagem que mais me chamou a atenção foi o (aparentemente) vilão, Tempo. A meu ver, Sacha Baron Cohen deu um toque especial a essa alegoria cômica do tempo, inevitável, implacável, mas ainda assim, zelando pela manutenção dos ritmos da vida e do universo, cujo desequilíbrio produz uma verdadeira catástrofe no clímax do filme. Ademais, foi bom rever os outros personagens do filme anterior, tanto os "reais" (como as Rainhas Branca e Vermelha, o Chapeleiro) quanto as animações: Absolem, Coelho Branco, a Lebre... e o meu favorito, embora dessa vez tenha aparecido muito pouco: Cheshire.
Gosto de pensar nos filmes dos X-Men como "duas fases". Então, da primeira fase o meu favorito é o "X-Men: O Filme", de 2000, enquanto nessa segunda fase o meu favorito é este "X-Men: Apocalipse", até porque dessa vez não ficaram bagunçando as linhas do tempo (como Deadpool acertadamente ironiza no seu filme). As cenas com o Evan Peters foram as minhas prediletas. Contudo, eu esperava mais do vilão Apocalipse, tendo em vista o seu poder fabuloso nos quadrinhos. A meu ver ele foi muito simplificado neste filme. Ainda assim, é um capítulo interessante e digno para a franquia.
Eu ri muito com as falas e "ações" do Jamie Kennedy nesse filme, mas isso não muda o fato de que é uma sequência desnecessária (aliás, como todas depois do 2º). É divertido e trash em alguns momentos, e ainda tem um quê de nostálgico para quem, assim como eu, acompanhou a exibição do primeiro "Tremors" no Cinema em Casa inúmeras vezes nos anos 90. Porém, para mim o maior problema deste filme são os monstros em CG: continuam bizarros, mas não têm o impacto visual e o "glamour" dos vermes "de verdade" do primeiro filme.
Fallen: O Filme
2.1 524 Assista AgoraNada a ver com "Crepúsculo": uma menina sonsa e sem sal chega a uma nova "escola" e lá conhece o garoto estranho de cabelo armado que faz parte de uma espécie de "família" bizarra e que a princípio esnoba a tal garota insossa (a típica postura de mártir: "é que eu sou perigoso/estou fazendo isso para te proteger e blá-blá-blá"). Tem também o triângulo amoroso nada original (mocinho e bad boy disputando a menina). Ah, sim, e o grande trunfo: ao contrário dos vampiros de Stephenie Meyer, que brilham à toa, os anjos desse filme só têm glitter nas asas
Não, não tem mesmo nada a ver com "Crepúsculo".
A Volta do Parafuso
2.8 28Minha primeira decepção com a BBC não poderia ser maior... Estou abismado com a descaracterização hedionda a que essa adaptação submeteu o clássico de Henry James. A história de “A volta do parafuso” é uma das mais originais produções literárias de terror psicológico que já li; é uma trama baseada na ambiguidade, na sugestão, nos subentendidos e na análise da lucidez e da parcialidade da narradora.
Essa produção ignora todos esses pontos-chave da obra e entrega uma história clichê, um show de horror barato e genérico com crianças violentas que falam palavrões com uma “segunda voz” (cópia de “O exorcista”) e que assistem adultos fazendo sexo. No livro, as “perversões” das crianças são tão brilhantemente duvidosas que nada fica explícito ou provado; nesse filme, ao contrário, querem dar a entender que os irmãos Flora e Miles são demônios mirins da mesma safra de Regan MacNeil.
Além das crianças, os outros personagens também foram extremamente mal representados, com destaque para os fantasmas de Quint (mostrado como um devasso insaciável e assassino incontrolável) e Jessel (apresentada como uma mosca morta submissa). Ambos são unilateralmente estereotipados.
Como se não bastasse isso, a governanta, que deveria ser a personagem mais importante da trama (afinal, é a perspectiva dela que molda o terror proposto) foi representada como uma virgem reprimida caricata a ponto de ter não apenas fantasias, mas sonhos tórridos nos quais faz sexo com o tio das crianças.
Como se vê, sutileza que é bom, nada!
Naturalmente, haverá quem defenda essa produção dizendo que o que funciona no livro não funcionaria na tela; entretanto, o magnífico filme dos anos 60 “Os inocentes” (este sim, uma produção fidedigna) está aí para desmentir tal argumento: o filme de Jack Clayton capta todas as nuances do livro e apresenta uma produção assustadora e sugestiva, sem nenhum tipo de apelação vulgar e sem uma gota de sangue. Uma verdadeira proeza da arte de assustar.
Meu Pé de Laranja Lima
3.9 343Não gostei: parece que o livro foi todo picotado (e o que é pior, com tesoura cega) e depois remendado negligentemente para a tela, resultando num filme insosso. Isso é lamentável, já que o livro é de uma profundidade emocional cativante. Achei impressionante como, mesmo tendo apenas 1 hora e meia de duração, esse filme se arrastou tanto que parecia se estender até a eternidade.
Uma estrela por José de Abreu (o personagem dele é o único que tem alguma identidade: pudera, é um veterano da teledramaturgia brasileira); e outra estrela pela fotografia, muito chamativa em algumas passagens.
De qualquer forma, o livro merecia mais atenção; vou procurar outras versões, porque de modo geral essa aqui é frustrante.
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraVisualmente é um filme muito rico, com a beleza sombria típica de Guillermo del Toro. Porém, merecia uma protagonista mais expressiva do que Mia Wasikowska: aquele cabelo de Maria Bethânia também não ajudou a personagem.
Presos no Gelo
3.1 280 Assista AgoraNão é necessariamente ruim; é apenas genérico e clichê como tantos outros filmes de terror adolescente. Para quem tem um mínimo de experiência com o gênero, sabe logo de cara a identidade do assassino (é extremamente óbvio). Da mesma forma, percebe-se desde o começo quem vai sobreviver: não é o casal assanhado que quer fazer sexo (a mulher é loira, claro), não é o palhaço das piadas sem graça e não é o "quase-herói". Sobra uma opção bastante evidente.
A Casa do Lago
3.6 1,6K Assista AgoraGostei: é uma história original (embora seja um remake) e tem uma metaforização singela sobre o tempo e a espera, regada a Jane Austen, com a ótima contextualização de "Persuasão".
Reeves e Bullock estão ótimos nos papéis de protagonistas, sem afetação, exageros ou melosismos: em se tratando de romance, eu prefiro atuações sóbrias, o que é o caso nesse filme.
Piranha
2.7 145 Assista AgoraGostei bem mais desse filme do que da versão de 2010. O que mais incomoda no remake de Aja é que ele força muito a barra com a objetificação sexual (sobretudo feminina); é como se ele dissesse o tempo todo: "vejam, peitos, bundas, mais peitos, mais bundas!"
Nesse filme original isso quase não acontece: há algumas cenas de "seminudez", mas elas são bem contextualizadas com o roteiro, que é leve e divertido, com as tosqueiras típicas dos bons filmes de terror B antigos (que eu adoro). As cenas de ataque das piranhas são inteligentes, tendo em vista a época, com recursos bem simples e, o melhor, sem economizar na tinta vermelha no clímax. Até a maquiagem dos "atacados" ficou boa.
Quanto ao final, achei mais interessante o desfecho desse do que do remake (que, assim como o filme em si, é todo forçado e inverossímil). Ah, sim, a explicação sobre a origem das piranhas desse filme também ficou mais plausível do que a da refilmagem, só para complementar.
2019: O Ano da Extinção
3.0 808Está aí: um dos filmes sobre vampiros mais originais que eu já vi nos últimos tempos. As analogias sociais e a co-existência entre humanos e vampiros, bem como a ideia de um substituto artificial para o sangue humano, me fizeram lembrar de True Blood, embora, diferente da série da HBO, o filme siga uma linha um tanto distópica, na qual os seres humanos são tratados como gado, sendo "cultivados" para alimentar os vampiros, numa nova ordem social com claros elementos darwinistas.
Achei interessante também a representação do consumismo nesse mundo vampiresco eminentemente "capitalista" (carros com proteção contra raios UV, túneis para tráfego diurno seguro, inserção de porcentagens limitadas de sangue em produtos como café, etc.).
Outro aspecto de que gostei foi o conceito de marginalização mesmo no mundo vampiresco. Aqueles que possuem status e poder conseguem se manter com a imagem aristocrática clássica (e, nesse sentido, Sam Neil como "vampiro-gerente" está impagável), enquanto aqueles que ficam sem acesso a sangue (cada vez mais caro e raro, posto que a espécie humana está à beira da extinção) passam por uma "morceguificação", transformando-se em monstros decrépitos que precisam ser contidos e/ou eliminados em prol do equilíbrio social.
Em termos de atuações, Ethan Hawke está bom como protagonista, mas, a meu ver, Sam Neil como vilão está ainda melhor.
O Homem Sem Sombra 2
2.2 85 Assista AgoraFraquíssimo e desnecessário, com desenvolvimento lento e maçante, esse filme não tem nem ligação com o primeiro (que achei ótimo). Não há personagens remanescentes nem fio que junte a história com a anterior. Christian Slater não possui o "carisma homicida" de Kevin Bacon para o papel de psicopata invisível. E, por falar em invisibilidade, nem os efeitos visuais desse filme se salvam: ao que parece, os produtores estavam com orçamento limitado, de modo que os "melhores" efeitos estão nas cenas de invisibilidade (ou seja, ironicamente os melhores efeitos são aqueles que "não se vê", o que soa contraditório).
Porém, o cúmulo da propaganda enganosa é a sinopse dizer que os dois homens sem sombra ficam cara a cara para a "espetacular batalha final": que batalha final, cara pálida? O confronto entre eles dura poucos segundos e é bem boba, com o típico final rápido; com certeza não teve nada de espetacular.
Uma estrela pela primeira morte (sangrenta e original) e outra pelo Peter Facinelli, que até se esforça para tornar seu personagem carismático.
Inferno
3.2 832 Assista AgoraComo livro, eu achei "Inferno" a obra mais fraca de Dan Brown; entretanto, como filme, considerei melhor do que "Anjos e demônios" (que, por sua vez, achei uma péssima adaptação).
Esse novo filme tem mais ação do que os anteriores, mas o roteiro acabou sofrendo com isso: tudo é muito corrido, parecendo ter sido feito apenas para quem já leu o livro e, portanto, não precisa de explicações detalhadas e nem de tempo para processar os enigmas. As informações são atiradas às pressas e mal dá tempo de acompanhar o raciocínio dos personagens. Achei frustrante que nesse frenesi as referências a Dante tenham sido tão ínfimas.
Gostei, contudo, dos efeitos visuais cheios de laranja (fogo) e vermelho (sangue). O inferno retratado (que parece saído de um mundo pós-apocalíptico) me lembrou bastante o do filme "Constantine", do Francis Lawrence.
Enfim, de modo geral eu achei esse filme razoável, justamente por não ter apreciado muito o livro.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraO filme mais chato e maçante que vi neste ano foi, de longe, "Invasores" (Intruders), no qual um pequeno grupo de marginais incompetentes planeja assaltar a casa de uma "moça frágil", mas acabam se tornando vítimas dela. É um filme arrastado e previsível, verdadeiro porre. E, quando eu achei que essa história de "bandidos que se tornam vítimas de suas vítimas" já estava saturada, me deparo com "O homem nas trevas", que achei quase tão ruim quanto Intruders.
Como pontos positivos, o filme é claustrofóbico e escuro (o que é muito condizente com a cegueira do "vilão"); além disso, é cheio de tensão, dá para sentir o perigo ao qual os "mocinhos" (termo relativo) estão expostos. Porém, o que estraga a história é a enorme sucessão de situações e atitudes ridiculamente clichês e inverossímeis presentes: perdi a conta de quantas vezes o casalzinho marginal teve a chance de liquidar o velho, mas desistiu; isso sem falar na cena das chaves, que é melhor nem comentar. Outra coisa irritante é o timing de algumas cenas:
[/spoiler]
o momento em que o rapaz aparece para salvar a moça da "inseminação artificial", por exemplo. É incrível como ele chega na hora exata; não chega alguns segundos antes e nem um pouco depois, mas exatamente na hora H. Achei isso uma tremenda forçação.
[spoiler]
E, por falar na moça (Rocky), também não gostei da personagem: Jane Levy esteve bem melhor em "Evil Dead", onde Fede Alvarez conseguiu fazer algo bem mais interessante do que este filme.
O Lobo da Estepe
3.6 56Eu considerava "O Lobo da Estepe" um livro inadaptável para a linguagem do cinema, mas esse filme conseguiu me surpreender com a sua fidelidade,não apenas em termos de roteiro, mas principalmente devido aos recursos visuais usados para transmitir o contexto psicodélico do livro. Gostei particularmente da parte da "leitura" do Tratado do Lobo da Estepe, que é apresentado através de animações em stop motion . Também gostei da forma como foram elaborados os delírios e sonhos de Harry Haller no Teatro Mágico (inclusive com a discussão constante sobre sua personalidade múltipla). E, por falar em Harry, acho difícil imaginar alguém melhor do que Max von Sydow para o papel: o personagem cai como uma luva para ele nessa atuação inspirada.
Persuasão
3.6 60Uma boa adaptação do romance de Jane Austen, com todos os elementos relevantes desse livro (e muitas marcas características de suas obras em geral), sobretudo no que se refere a etiqueta e comportamento na sociedade inglesa do século XIX.
Porém, não gostei da Amanda Root como Anne: no livro ela tem 27 anos, mas a atriz que a interpreta, embora tivesse pouco mais de 30 anos na época desse filme, aparentava ter quase 40. Esse foi um desagrado semelhante ao que tive ao ver Grandes esperanças, de David Lean: ótimo filme também, mas com um Pip muito velho para fingir ter 20 anos.
Sem Saída
3.3 734Um filme decepcionante, clichê e vazio, pretensiosamente preenchido com violência na tentativa de deixá-lo chocante. Porém, se consegue chocar, é pela falta de conteúdo ou originalidade. Parece que James Watkins quis pegar carona na vibe de "Funny games", mas não consegue chegar nem perto da tensão provocada pelos filmes de Michael Haneke (original e remake). A maquiagem e as cenas de violência são boas, mas só isso, sem personagens interessantes (nem Michael Fassbender se salva) e, principalmente, sem uma história densa, não evita que o filme se perca na mediocridade.
O Vingador Invisível
3.6 67 Assista AgoraUma boa adaptação do famoso "E não sobrou nenhum", de Agatha Christie, especialmente se considerada a época (a década de 1940). Salvo pequenas mudanças, os personagens foram bem desenvolvidos e eu gostei particularmente do final (que é diferente, mas eu achei melhor do que o do livro).
Byzantium: Uma Vida Eterna
3.4 352Ainda não vi um filme sobre vampiros que tirasse a minha predileção absoluta por "Entrevista com o vampiro"; de qualquer forma, achei instigante esse novo (relativamente) trabalho de Neil Jordan com o tema. Não é tão sombrio e intenso quanto a adaptação do romance de Anne Rice, mas tem uma atmosfera poética e melancólica semelhante a de filmes como "O beijo do vampiro" e "Amantes eternos". Embora eu prefira a abordagem erótica-sanguinária-gótica do tema, essa perspectiva mais dramática é interessante de vez em quando.
Westworld - Onde Ninguém Tem Alma
3.3 196Michael Crichton já gostava da ideia de espalhar o caos em parques de diversões quase vinte anos antes de Jurassic Park, e de uma forma também original, substituindo os dinossauros pela "terra sem lei" do velho oeste americano (e pelos mundos medieval e romano, embora em grau muito menor).
Curiosamente, o filme é muito simples, até meio tosco e risível, justamente como os filmes de faroeste antigos (da época em que Kirk Douglas era um ícone do gênero).
Não há debate sobre as questões complexas a respeito de consciência, memória e realidade que coalham a série da HBO. A própria "pane" que deixa os robôs incontroláveis não tem a ver com eles ganharem discernimento, mas é decorrente de uma falha de programação, como um personagem evidencia em certo momento, ao falar da complexidade daqueles robôs e sobre como é difícil diagnosticar todos os problemas deles (uma vez que alguns são projetados por outras máquinas).
Seja como for, achei este filme interessante, não tanto pela temática western, mas especialmente pela premissa de ficção científica que a HBO está desenvolvendo tão bem até agora.
Quando Te Conheci
3.3 472 Assista AgoraEm meio a tanta bobagem pretensiosa que tem invadido o cinema depois que distopias se tornaram moda adolescente (vide Jogos vorazes e companhia), "Equals" me chamou a atenção por ter uma proposta muito mais direta e simples, sem deixar de lado o teor reflexivo, remetendo ao universo dos verdadeiros clássicos distópicos, como "1984".
É claro que para quem está acostumado com as distopias teen este filme pode soar chato ou arrastado, mas eu vejo por outra perspectiva. Eu considerei a proposta deste filme muito plausível e realista porque imagino que um futuro distópico seria da forma como é mostrada ali: com um sistema que oprime através da monotonia e da ignorância (bem diferente da tosca ação em CGI, aventuras forçadas e romance meloso das adaptações de best-sellers de Suzanne Collins, Veronica Roth e James Dashner).
A fotografia em tons frios de branco e azul é ótima, dando uma conotação de mundo asséptico tanto literalmente quanto de forma figurativa.
Nunca pensei que diria isso, mas gostei da atuação da Kristen Stewart aqui, até porque interpretando uma personagem de uma sociedade sem sentimentos, emoções ou expressividade ela está, na verdade, interpretando a si mesma, ao natural. Ademais, ela teve uma boa química com Nicholas Hoult nessa jornada de descoberta/renúncia dos sentimentos.
Só uma coisa me chateou no filme, mas a "culpa" não foi dele propriamente, e sim das mãos brasileiras desleixadas responsáveis pela distribuição dele por aqui: o ridículo título nacional "Quando te conheci", que tira toda a beleza e simplicidade do título original e soa como nome de romance da Jojo Moyes.
O Pequeno Príncipe
3.9 442 Assista AgoraEu bem que me esforcei para gostar, mas o esforço se perdeu na frustração. Visualmente, até que é agradável, com cenas que transportam o espectador para uma experiência similar à leitura do livro original. Porém, o que, a meu ver, estragou o encanto que o filme poderia proporcionar foi o roteiro inconsistente, que não sabia se seguia o livro fielmente ou se seguia pelo caminho das "liberdades criativas". O resultado é um roteiro do tipo colcha de retalhos. Para piorar, tiveram a ideia de fazer um filme musical e essas músicas (bem como suas coreografias) são o maior tormento de se suportar: além de extremamente enfadonhas e cansativas, são sequências muito longas e que, na prática, não acrescentam nada de relevante à história (vide a dança estilo Michael Jackson da serpente, que eu cheguei a pensar que não terminaria).
Os ótimos diálogos que o Príncipe tem nos planetas por que viaja foram cortados ou substituídos por falas vazias e sem graça, especialmente a conversa dele com o rei e com o acendedor de lampiões (este último nem aparece, apesar de estar no pôster). E, por falar no Príncipe, não gostei de Steven Warner no papel: aquela história de que é um "menininho fofo" não significa nada para mim, se essa "fofura" toda não vem acompanhada de alguma expressividade e, francamente, não vi nenhuma demonstração disso naquele menino ao longo dos quase 90 minutos desse filme que, afinal, de tão entediante parece durar bem mais.
Grandes Esperanças
3.2 104 Assista AgoraTalvez por ser a primeira adaptação do livro de Charles Dickens a que eu assisto, gostei muito desta versão e posso dizer que superou as minhas expectativas, como geralmente ocorre com as visualmente caprichadas produções da BBC:
ótimo figurino, fotografia e roteiro (embora, nesse último aspecto eu tenha lamentado o corte do personagem Orlick, de grande importância em eventos cruciais do romance original). Quanto ao elenco, gostei dos irmãos Toby e Jeremy Irvine como as versões criança e adolescente de Pip respectivamente. O restante do elenco também se saiu bem , embora eu tenha achado Helena Bonham Carter um tanto caricata com sua Miss Havisham cheia de caras e bocas.
Quanto ao final, vi críticas ao fato de ser "abrupto", mas eu gostei: o desfecho em aberto coincide com o do livro e, em ambos os casos, fiquei muito satisfeito.
A Lenda de Tarzan
3.1 793 Assista AgoraUm filme de Tarzan... mas com Tarzan de menos.
Por se passar depois da história já exaustivamente conhecida do selvagem que foi criado na floresta por (e entre) animais até ser levado de volta à "civilização", este filme é mais uma espécie de sequência alternativa do que uma nova versão da história. Assim sendo, na maior parte do filme não se tem um Tarzan (o "selvagem"), e sim John (o "civilizado"), que devido a uma suposta questão diplomática retorna à África e só então vive uma típica aventura "tarzaniana", que garante as sequências de ação do filme.
O filme me agradou razoavelmente, mas alguns pontos negativos me impediram de apreciá-lo mais. O principal deles foi o timing: as coisas demoram muito a acontecer (basicamente na primeira hora do filme, ou seja, mais que a metade da duração do mesmo, não ocorre nada de realmente relevante) e as sequências de ação foram jogadas bem para o final. O roteiro também careceu de um maior cuidado, já que quiseram intercalar características clássicas das histórias de Tarzan com eventos históricos reais como pano de fundo. Em alguns momentos os diálogos e atitudes dos personagens e o próprio andamento da história ficam dispersos e confusos. Os efeitos também poderiam ser melhores: as cenas com Tarzan "viajando" via cipós pela floresta ficaram muito artificiais e pareceram inspiradas no Homem-Aranha e sua teia. Quanto ao vilão, Christoph Waltz tem uma presença marcante, é inegável, mas achei que ele está muito apagado neste filme, trabalhando no modo automático: não transmitiu a ameaça pretendida pelo roteiro. Uma pena.
Alice Através do Espelho
3.4 732 Assista AgoraApesar de a ligação com o livro de Carroll dar-se apenas por referências superficiais (como o óbvio espelho como portal e a cena com o tabuleiro de xadrez), achei este filme tão bom quanto o primeiro, e ainda com a vantagem de trazer uma história "inédita", por assim dizer. Confesso que no filme do Tim Burton tive certa dificuldade em aceitar Mia Wasikowska como Alice, mas nesta sequência me pareceu que ela estava mais adaptada ao papel. Entretanto, o personagem que mais me chamou a atenção foi o (aparentemente) vilão, Tempo. A meu ver, Sacha Baron Cohen deu um toque especial a essa alegoria cômica do tempo, inevitável, implacável, mas ainda assim, zelando pela manutenção dos ritmos da vida e do universo, cujo desequilíbrio produz uma verdadeira catástrofe no clímax do filme.
Ademais, foi bom rever os outros personagens do filme anterior, tanto os "reais" (como as Rainhas Branca e Vermelha, o Chapeleiro) quanto as animações: Absolem, Coelho Branco, a Lebre... e o meu favorito, embora dessa vez tenha aparecido muito pouco: Cheshire.
X-Men: Apocalipse
3.5 2,1K Assista AgoraGosto de pensar nos filmes dos X-Men como "duas fases". Então, da primeira fase o meu favorito é o "X-Men: O Filme", de 2000, enquanto nessa segunda fase o meu favorito é este "X-Men: Apocalipse", até porque dessa vez não ficaram bagunçando as linhas do tempo (como Deadpool acertadamente ironiza no seu filme).
As cenas com o Evan Peters foram as minhas prediletas. Contudo, eu esperava mais do vilão Apocalipse, tendo em vista o seu poder fabuloso nos quadrinhos. A meu ver ele foi muito simplificado neste filme. Ainda assim, é um capítulo interessante e digno para a franquia.
O Ataque dos Vermes Malditos 5: Linhas de Sangue
2.6 71Eu ri muito com as falas e "ações" do Jamie Kennedy nesse filme, mas isso não muda o fato de que é uma sequência desnecessária (aliás, como todas depois do 2º). É divertido e trash em alguns momentos, e ainda tem um quê de nostálgico para quem, assim como eu, acompanhou a exibição do primeiro "Tremors" no Cinema em Casa inúmeras vezes nos anos 90. Porém, para mim o maior problema deste filme são os monstros em CG: continuam bizarros, mas não têm o impacto visual e o "glamour" dos vermes "de verdade" do primeiro filme.