Que filme! É inegável o talento colossal de Jake Gyllenhaal para papéis complexos e problemáticos (como o enigmático professor Adam e seu múltiplo em “O homem duplicado” e o caubói Jack Twist em “Brokeback Mountain”, só para citar alguns dos mais famosos). Em “Donnie Darko”, mesmo ainda muito jovem, ele encarna um adolescente disfuncional e psicologicamente atormentado de forma impressionante. Richard Kelly aliou essa atuação com um roteiro tão original e sugestivo que o filme se torna uma verdadeira viagem – literalmente. Provavelmente passarei muito tempo levantando hipóteses não apenas sobre o famigerado final, mas acerca do filme como um todo. Falando em final, "Mad World" ainda está ecoando na minha cabeça!
A ideia distópica deste filme me surpreendeu positivamente, achei que havia bastante potencial a ser explorado. O que me frustrou foi o fato de o foco ser restrito à tensão e ao terror vividos por apenas uma família durante a noite da "purificação" anual, quando se sabe que aquilo é um fenômeno que ocorre em todo o país. Poderiam ter mostrado o que estava acontecendo nas outras casas e no centro da cidade, pelo menos, de modo que pudéssemos acompanhar "em tempo real" o alcance da purificação (cujos resultados são tão entusiasticamente comentados nos meios de comunicação, durante os créditos finais) Ainda assim, num nível mais dramático, considerei um bom filme de suspense. Espero, contudo, que a ideia tenha sido abordada de maneira mais ampla em "Anarquia".
Na minha montanha-russa de filmes vampirescos, este é uma queda livre (no pior sentido). O ponto central da história até que é aceitável, há boas cenas de luta, mas os (d)efeitos especiais horríveis conseguem estragar o filme: são muito mal realizados, parecem desenho tosco, especialmente nas cenas com os vampiros voadores. Outra enorme frustração é a sequência final de ação, com o tão aguardado confronto com Onigen: é uma cena boba com final ridículo. Uma pena.
Mesmo já tendo visto um punhado de filmes de terror dentro desse estilo slasher dos anos 80, este "A noite das brincadeiras mortais" me surpreendeu bastante, especialmente pelo final. Eu preferiria que fosse o típico final "convencional" a que o filme parecia se encaminhar, no estilo Agatha Christie (como uma personagem, inclusive comenta em dado momento), mas inegavelmente foi bem melhor o desfecho dado, porque foi imprevisível e original, mesmo que frustrante em certa perspectiva. Achei, afinal, muito coerente com o título original e com as "brincadeiras" que ocorrem no decorrer do filme. Muito criativo.
Em meio a experiências sublimes e outras lamentáveis acerca de filmes sobre vampiros, eis que me deparo – e já não era sem tempo – com esta pérola sombria de Werner Herzog, remake do clássico de Murnau. Gostei da forma como Herzog trabalha com luz e sombra neste filme, algo que Murnau já tinha feito no original, mas que, naquele caso, foi uma saída inteligente para lidar com os poucos recursos do cinema da época. Já no caso desta refilmagem, o claro/escuro é uma marca da própria história, alternando a luz diurna, que remete a espaços abertos com as sombras noturnas e claustrofóbicas da atmosfera tipicamente vampiresca nas cenas com o famigerado Conde. A forma como a escuridão se insinua, aos poucos, até absorver toda a atmosfera de determinadas cenas (especialmente as que ocorrem no castelo de Drácula) é magistral. No geral, enfim, é uma boa adaptação livre do romance de Stoker, um mérito também devido à excelente e mórbida atuação de Klaus Kinski.
Misericórdia! Não consigo pensar numa exclamação mais sutil para expressar meu desagrado com este filme. Fico surpreso com a forma como algumas produções ganham sequências não apenas descartáveis, mas extremamente ruins. O primeiro filme, com Gerard Butler como Drácula me agradou bastante, considerando-o como mero entretenimento sem grande vínculo com o romance de Bram Stoker, mas esta continuação definitivamente não funciona. Num filme onde não há ninguém do elenco do original (nem o próprio Butler), não era mesmo para se esperar grande coisa. O roteiro é patético e enfadonho, com o vampiro preso praticamente durante todo o filme, só se libertando perto do final. Até lá acompanhamos uma história chata que parece se arrastar como um tormento sem fim com atuações ruins, efeitos visuais fracos e diálogos medonhos (no mau sentido, é claro). E quando parece que as coisas vão finalmente engatar e haverá alguma ação que justifique a espera, o filme acaba. Ponto final.
Algo que eu acho risível é a megalomania de alguns cineastas, como é o caso de John Carpenter, que faz questão de ostentar seu nome nas produções que realiza, buscando sempre se autopromover. Assim, é comum encontrar o nome dele estampado ANTES dos títulos dos filmes, até mesmo daqueles filmes onde ele não é o diretor, como é o caso deste “Vampiros: Os Mortos”, no qual ele é apenas produtor. Sequência de “Vampiros” (este sim dirigido por Carpenter), que era apenas razoável, este “novo” filme é bem cansativo e só vale por umas poucas mordidas, um ou outro esguicho de sangue e umas queimaduras de 3º grau ao sol.Excetuando isso, nem Bon Jovi consegue salvá-lo da mediocridade. Se ao menos abrissem uma brecha para ele cantar “It’s my life” seria mais interessante: se não para melhorar o roteiro, ao menos para torná-lo menos maçante. Não teria nada a ver com o contexto, mas ao menos se poderia dizer que o filme teve um momento agradável: e, neste caso, dane-se o contexto.
Uma das poucas sequências que achei bastante superior ao original, o qual considero muito fraquinho e arrastado, mesmo tendo uma duração relativamente curta. Ótimas cenas de ação (adorei a cena da luta no cemitério), uma melhoria significativa nos efeitos visuais (neste os cães zumbis me convenceram, ao contrário do primeiro, por exemplo) e uma Alice mais realista, consequentemente mais forte e determinada; e, claro, a própria história, com uma dimensão de apocalipse que faz jus ao subtítulo. Esses pontos me fisgaram.
Fraquíssimo. Acho curioso que eu tenha visto o 2º filme antes deste, e tenha achado a sequência bem melhor (repleto de personagens estereotipados, mas ainda assim melhor). Acho interessante a “mitologia” da criatura, seus rituais de escolha das vítimas e sua ideia de colecionar os corpos. A atmosfera sombria (porque as maioria das cenas de perseguição ocorrem à noite) também foi um ponto favorável, na minha opinião. Porém, o casal de protagonistas estragou tudo com uma série de atitudes estúpidas que são o cúmulo do clichê, como ficar parados “assistindo” aos ataques do monstro ao invés de fugir, fuçar no covil do dito cujo mesmo sabendo que é uma péssima ideia, entrar num cano de esgoto para ver “se tem alguém aí”, perder tempo conversando sobre gatos com uma velha lunática no meio da noite, sair do próprio carro para ver se “está tudo bem” com as pessoas do outro carro, que foi atacado pelo monstro, e por aí vai... Uma infinidade de atitudes patéticas desse tipo. Dá vergonha alheia ver as caretas de Justin Long e Gina Philips nos closes excessivos que tentam forçar a expressão de pavor que eles supostamente deveriam sentir. Enfim, é um filme bastante esquecível.
Apesar das críticas negativas esmagadoras que li a respeito deste filme, eu quis bancar o masoquista, então decidi vê-lo mesmo assim. Assim, no final das contas eu achei este filme muito “meio a meio”, ou seja, tão bom quanto ruim. Vamos por partes. Como pontos negativos óbvios, o mais irritante é a “objetificação” da mulher, visível tanto nos pôsteres (nos quais há mulheres do tipo gostosona prestes a ser atacadas pelas piranhas) quanto no próprio filme, que exagera na apelação à nudez feminina, na maior parte do tempo gratuita. Outro aspecto péssimo são as próprias piranhas, muito inverossímeis e malfeitas, de vez em quando (ou seria de vez em sempre?) parecendo desenhos animados, especialmente nas cenas com os cardumes: maldita CG... Porém, nem tudo está perdido: além de ser recheado de nomes notáveis no elenco (inclusive pontas com Eli Roth e Christopher Lloyd, porque provavelmente até eles têm contas a pagar) achei o filme muito competente nas cenas de horror do clímax com o ataque aos banhistas do lago. Felizmente tiveram o bom senso de deixar os efeitos digitais de lado e não economizaram na boa e velha tinta vermelha na água, que criou um efeito visualmente bem mais interessante e realista do que os “milagres” toscos da computação. Também achei ótima a maquiagem do filme: os estragos produzidos pelas piranhas nas – poucas – pessoas que sobrevivem ao ataque são impressionantes, muito gore e nojentas e com relação a isso eu não tive do que reclamar. Portanto, tirando o arrastar apelativo que consome mais da metade do filme, o clímax compensou a espera. De qualquer forma, ainda bem que é um filme curto.
Só estou até agora tentando entender a relevância de mostrarem o pênis em CG do Jerry O'Connell sendo disputado pelas piranhas para, logo depois de ser comido por uma delas, ser “vomitado” na tela: não encontraram um uso melhor para o 3D?
É um filme bastante desconfortável, denso e violento, embora essa violência seja mais sugestiva e psicológica do que gráfica. Ainda assim, não é fácil digerir a tensão a que a família é submetida, explorando o medo e a agonia de forma visceral, imprevisível. As atuações estão impecáveis, sobretudo as de Naomi Watts e de Michael Pitt.
A única coisa que me desagradou neste filme e me impediu de incluí-lo na lista de favoritos foi a infame cena do controle remoto, a qual achei bastante desnecessária. Gosto de finais "fatalistas", mas, considerando que a personagem conseguisse eliminar, com aquele tiro, um dos psicopatas, ainda assim o final seria aceitável com a subsequente morte dela; daria até certo equilíbrio; se, porém, a ideia era (como aliás, foi) manter os dois lunáticos vivos, conforme a "volta no tempo" mostrou, então a cena do tiro poderia ter sido eliminada sem alterar o resultado final do filme.
Segue o estilo de slasher teen de "Pânico" e "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado" (afinal, é dos mesmos criadores), com o diferencial de incluir, desta vez, o elemento sobrenatural, macabro (no caso, o vodu). Ótima fotografia dos pântanos enevoados. Não chega a ser um dos melhores do gênero, mas é bem razoável.
Eu me diverti bem mais do que esperava com este filme, especialmente com as cenas envolvendo a "Britney Spears" valentona e o "Kevin Spacey" bundão. Uma comédia que começa com "pequenos azares" que se desdobram em fracassos épicos, culminando numa perseguição trash, com muito humor negro, mesmo quando o filme se define como terror. Achei divertido e original, um ótimo entretenimento.
Não sei se por Christopher Lee já ter interpretado Drácula tantas vezes anteriormente nos filmes da Hammer, mas neste filme aqui ele me pareceu estar trabalhando no modo automático (como o restante do elenco, aliás): é tudo muito teatral e inexpressivo, superficial. Aquele morcego de plástico, papelão ou seja o que for (que nem move as asas), fazendo sombra nas janelas é o cúmulo da canastrice, bem como o sussurro irritante: "Lucy! Lucy! Lucy! Lucy!" (que repete-se intermitente e infinitas vezes)
E aquele final, com Drácula sendo queimado na sua caixa de terra foi uma das coisas mais toscas e malfeitas que já vi, coisa de amador.
Que Jesús Franco me perdoe, mas se o desejo é ver Lee no papel que o consagrou, é melhor vê-lo nos filmes de Terence Fisher, porque este aqui não deu para engolir.
Alguns filmes são tão ruins que acabam sendo bons; esse não é o caso de "Garota infernal": o filme é tão ruim que é só ruim mesmo. Um dos trailers dizia que era "um filme de terror diferente de tudo que você já viu", o que achei uma tremenda picaretagem, pois o filme que vi era absurdamente genérico e bobo. Vi a versão "Unrated" (Sem censura), mas nem essa tem nada de relevante ou provocativo, fracassando até nas tentativas de ser sensual. Que Megan Fox não convence como atriz, isso é um fato, mas o maior problema deste filme é que nenhum personagem tem personalidade marcante, nem mesmo Jennifer, que é só a típica bitch que adquire alguns poderes que, nas palavras dela, são "como os da galera dos X-Men". As cenas com Jennifer "possuída", que deveriam ser o ponto alto do filme, são muito ruins, com efeitos fraquíssimos. Vale duas estrelas pela ótima trilha sonora, que em alguns momentos consegue desviar a atenção dos defeitos.
Uma das maiores decepções que já tive, em termos de sequências de terror, neste "Cabana do inferno 2" o desastre é completo, a começar pelo título nacional, totalmente incoerente (já que neste filme não há cabana alguma). Naturalmente o filme não pode ser responsabilizado pelo título lamentável que recebeu por aqui, mas a própria produção se encarrega de preencher o roteiro de furos, incoerências e exageros. A saída de Eli Roth da direção/roteiro/produção se percebe logo de cara e ele faz uma falta tremenda. Esse pôster dizendo "Do mesmo diretor de O Albergue" é uma grande picaretagem, pois Roth não teve nenhuma participação neste filme, não sendo sequer mencionado nos créditos. Continuando, enquanto no primeiro filme vemos a doença se espalhando por etapas e acompanhamos a paranoia e o medo dos personagens em relação a ser os próximos infectados, neste segundo filme não acontece nada durante grande parte do tempo e, de repente há a eclosão da doença, com um monte de gente sangrando, vomitando e morrendo, da forma mais tosca possível; não se vê o avanço da doença, os efeitos graduais dela nas vítimas apodrecendo-as vivas como uma espécie de gangrena (como acontece no antecessor); agora elas estão bem e simplesmente começam a soltar secreções e morrer poucos instantes depois. Difícil engolir isso. O desenrolar da história é chato e arrastado, o que piora pelo fato de tentar forçar comédia, o que definitivamente não consegue - a não ser que se aceite como tal as escatologias ao estilo "Todo mundo em pânico" - que preenchem parte do filme. A história se passa quase que exclusivamente no interior de uma escola, como se o vírus, da água contaminada que vemos ser distribuída, tivesse ido parar só naquele lugar, outro ponto mal resolvido do roteiro.
Um dos momentos mais patéticos do filme é quando o casal de protagonistas está saindo da escola e a polícia, já alarmada com a doença, força-os a voltarem para dentro e, em seguida persegue-os lá dentro, para executá-los junto com os demais infectados. Se a ideia era matá-los, não seria mais inteligente e prático ter feito isso enquanto eles estavam lá fora, em mira fácil? Outra cena ridícula é o momento em que dois personagens estão fugindo da cidade de carro e na saída são barrados por UM só policial. Uma cidade em quarentena e pânico com uma doença letal e contagiosa...e só um policial está ali para impedir a saída das pessoas? Sério isso?
Por fim, antes que lembre de mais furos, menciono a péssima maquiagem deste filme: vemos gente banhada em sangue, vômito e outras secreções, mas não vemos os estragos causados pelo vírus no corpo das vítimas; em outras palavras, exageraram na tinta vermelha como forma de disfarçar a precariedade dos efeitos de maquiagem. No primeiro filme a deterioração dos corpos era mostrada de forma trash, mas bastante realista. Porém, é importante mencionar que naquele caso havia a presença de Greg Nicotero, um dos magos da maquiagem de terror. Nicotero, como Roth, não está envolvido nesse 2º filme da franquia, então não era mesmo de se esperar algo satisfatório. Dou uma estrela pela animação dos créditos iniciais e do final. Apenas.
Eu acho que um filme de terror, mais do que os outros gêneros, tem mais chance de surpreender o espectador se este não criar expectativas. Assim, "Cabana do inferno" foi uma agradável surpresa para mim: eu achava o título original ("Cabin fever") estranho, mas o título nacional me fazia pensar que se tratava de mais um desses slashers com serial killers ao estilo "Sexta-feira 13", ou, quando muito, algo sobre possessões na floresta, como em "The Evil Dead". Então, não tive como não me surpreender com o verdadeiro rumo deste filme. A história é bem simples e, a meu ver, o fato de o "vilão" do filme não ser uma presença física, mas sim uma doença, é algo bizarro e consegue aterrorizar conforme a proposta do roteiro, que ainda abre espaço para uma ou outra tirada de humor. Há alguns momentos bem escatológicos, gore, uma marca que posteriormente, embora com foco diferente, Eli Roth imprimiria em "O albergue" (outro filme que, como "Cabana do inferno", é amado por uns e odiado por outros). A propósito, adorei a participação de Roth no filme, com um personagem estranho e meio chapado. Enfim, "Cabana do inferno" me agradou bastante; embora quase 15 anos já tenham passado desde seu lançamento, para mim ele continua mais original e divertido do que muitas besteiras recentes, tão pretensiosas quanto vazias.
Elenco ruim (o único que se salva é Tom Savini, e ainda assim, seu papel é mínimo), roteiro vazio, péssima direção e um desenvolvimento tão horrivelmente clichê que é difícil de engolir. Na maior parte do filme tudo é escuro, uma tentativa patética de criar uma atmosfera sombria, mas a impressão que dá é que o filme é uma fita gravada por algum cinegrafista amador. Quanto às ninfas diabólicas, é necessário bem mais do que uns peitos à mostra, umas dentaduras que não convencem e umas lentes de contato vagabundas para dar a elas algum tipo de presença maligna que justifique o pretenso terror com conotação erótica deste filme. Lamentável do começo ao fim.
Dentro do que propõe, é um ótimo filme de terror sangrento, com poucas, mas muito elaboradas cenas de horror, com uma excelente maquiagem. Porém, no quesito psicológico, deixa muito a desejar. O aterrorizante livro homônimo de Scott Smith, que originou o filme, tinha potencial para ser explorado com muito mais profundidade: a gradual perda da sanidade, a fome, a sede, o desespero... elementos que se sobrepõem ao horror gráfico. Mesmo sendo roteirizado pelo próprio autor, o filme passa a impressão de que prefere ficar na zona do convencionalismo. Uma pena.
Sou muito condescendente com erotismo em produções acerca do tema vampirismo, então até certo ponto gostei desta releitura de "Embrace of the vampire", embora seja um filme muito superficial e, consequentemente, esquecível. Se houvesse um maior destaque na abordagem vampiresca, com detalhes mais aprofundados sobre os ancestrais de Charlotte e o passado de Stefan (sobre quem só temos rápidos e vagos flashbacks), ao invés de deixar em primeiro plano as alucinações eróticas da protagonista, o filme poderia ser memorável. Infelizmente não é o que acontece: o sexo, aliás, parece estar ali mais para preencher as lacunas da falta de roteiro do que para contextualizá-lo, como ocorreu acertadamente no recente (e muito mais sexy) "Kiss of the damned". De qualquer forma, vale por algumas mordidas e pela cena final.
Particularmente, em se tratando de adaptação de obra de José Saramago, gostei mais da abordagem de "O homem duplicado" para as telas do que deste "Ensaio sobre a cegueira". Cada qual com suas perspectivas (no primeiro,a perda da identidade; neste a perda da humanidade), achei que Denis Villeneuve teve ousadia e originalidade enquanto Fernando Meirelles preferiu transcrever o romance para as telas, mantendo o máximo de fidelidade literal possível, mas infelizmente abrindo mão da inventividade. É um ótimo filme, reflexivo e crítico, perverso e escatológico, com a visão niilista e animalesca do ser humano que Saramago metaforiza tão brilhantemente no livro; mas seria interessante se Meirelles inserisse no filme ideias próprias que se encaixassem no contexto da obra original, preservando sua essência, tal como fez Villeneuve.
Excelente filme sobre as consequências do fanatismo religioso e da histeria coletiva durante a "caça às bruxas", dando ao episódio um enfoque dramático surpreendente. Winona Ryder está magnífica (e detestável, ao mesmo tempo!) e sua interação com Daniel Day-Lewis dispensa maiores comentários. Ótima reconstrução de época, figurinos e fotografia.
Adaptação muito morna do clássico de Victor Hugo: gostei de Uma Thurman como Fantine e de Geoffrey Rush como Javert, mas infelizmente Liam Neeson não convence como o protagonista Jean Valjean. Foi bastante frustrante ver que o mesmo ator de extraordinário talento interpretativo em “A lista de Schindler”, por exemplo, não conseguiu encarnar Valjean de forma suficientemente satisfatória. Creio que em parte isso se deve à própria simplificação do roteiro, que não impregnou o personagem de toda a sua carga dramática e crivada de sofrimentos, como ocorreu, por exemplo, na ótima versão de 2012, que, mesmo sendo um musical, transmitiu com perfeição o sofrimento e a glória épica da trajetória de Valjean. Também um abismo separa as representações de Hugh Jackman da de Liam Neeson. Mas, de toda forma, essa versão de 1998 é razoável, vale pela já mencionada atuação de Rush como o implacável Javert e também pela boa montagem e figurinos.
Uma ótima adaptação do livro de Conan Doyle, apesar de fazer algumas mudanças não muito boas na segunda metade, se comparadas ao roteiro original. A fotografia é muito chamativa, Peter Cushing convence como Holmes e seu “arqui-inimigo” de outros filmes, Christopher Lee, acaba se saindo bem também como Henry Baskerville.
Donnie Darko
4.2 3,8K Assista AgoraQue filme!
É inegável o talento colossal de Jake Gyllenhaal para papéis complexos e problemáticos (como o enigmático professor Adam e seu múltiplo em “O homem duplicado” e o caubói Jack Twist em “Brokeback Mountain”, só para citar alguns dos mais famosos).
Em “Donnie Darko”, mesmo ainda muito jovem, ele encarna um adolescente disfuncional e psicologicamente atormentado de forma impressionante.
Richard Kelly aliou essa atuação com um roteiro tão original e sugestivo que o filme se torna uma verdadeira viagem – literalmente. Provavelmente passarei muito tempo levantando hipóteses não apenas sobre o famigerado final, mas acerca do filme como um todo. Falando em final, "Mad World" ainda está ecoando na minha cabeça!
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraA ideia distópica deste filme me surpreendeu positivamente, achei que havia bastante potencial a ser explorado. O que me frustrou foi o fato de o foco ser restrito à tensão e ao terror vividos por apenas uma família durante a noite da "purificação" anual, quando se sabe que aquilo é um fenômeno que ocorre em todo o país. Poderiam ter mostrado o que estava acontecendo nas outras casas e no centro da cidade, pelo menos, de modo que pudéssemos acompanhar "em tempo real" o alcance da purificação (cujos resultados são tão entusiasticamente comentados nos meios de comunicação, durante os créditos finais)
Ainda assim, num nível mais dramático, considerei um bom filme de suspense. Espero, contudo, que a ideia tenha sido abordada de maneira mais ampla em "Anarquia".
Caçadores de Vampiros
2.7 104Na minha montanha-russa de filmes vampirescos, este é uma queda livre (no pior sentido). O ponto central da história até que é aceitável, há boas cenas de luta, mas os (d)efeitos especiais horríveis conseguem estragar o filme: são muito mal realizados, parecem desenho tosco, especialmente nas cenas com os vampiros voadores. Outra enorme frustração é a sequência final de ação, com o tão aguardado confronto com Onigen: é uma cena boba com final ridículo. Uma pena.
A Noite das Brincadeiras Mortais
3.2 184Mesmo já tendo visto um punhado de filmes de terror dentro desse estilo slasher dos anos 80, este "A noite das brincadeiras mortais" me surpreendeu bastante, especialmente pelo final. Eu preferiria que fosse o típico final "convencional" a que o filme parecia se encaminhar, no estilo Agatha Christie (como uma personagem, inclusive comenta em dado momento), mas inegavelmente foi bem melhor o desfecho dado, porque foi imprevisível e original, mesmo que frustrante em certa perspectiva.
Achei, afinal, muito coerente com o título original e com as "brincadeiras" que ocorrem no decorrer do filme. Muito criativo.
Nosferatu: O Vampiro da Noite
4.0 248Em meio a experiências sublimes e outras lamentáveis acerca de filmes sobre vampiros, eis que me deparo – e já não era sem tempo – com esta pérola sombria de Werner Herzog, remake do clássico de Murnau.
Gostei da forma como Herzog trabalha com luz e sombra neste filme, algo que Murnau já tinha feito no original, mas que, naquele caso, foi uma saída inteligente para lidar com os poucos recursos do cinema da época. Já no caso desta refilmagem, o claro/escuro é uma marca da própria história, alternando a luz diurna, que remete a espaços abertos com as sombras noturnas e claustrofóbicas da atmosfera tipicamente vampiresca nas cenas com o famigerado Conde. A forma como a escuridão se insinua, aos poucos, até absorver toda a atmosfera de determinadas cenas (especialmente as que ocorrem no castelo de Drácula) é magistral.
No geral, enfim, é uma boa adaptação livre do romance de Stoker, um mérito também devido à excelente e mórbida atuação de Klaus Kinski.
Drácula 2: A Ascensão
2.0 33Misericórdia! Não consigo pensar numa exclamação mais sutil para expressar meu desagrado com este filme. Fico surpreso com a forma como algumas produções ganham sequências não apenas descartáveis, mas extremamente ruins.
O primeiro filme, com Gerard Butler como Drácula me agradou bastante, considerando-o como mero entretenimento sem grande vínculo com o romance de Bram Stoker, mas esta continuação definitivamente não funciona. Num filme onde não há ninguém do elenco do original (nem o próprio Butler), não era mesmo para se esperar grande coisa. O roteiro é patético e enfadonho, com o vampiro preso praticamente durante todo o filme, só se libertando perto do final. Até lá acompanhamos uma história chata que parece se arrastar como um tormento sem fim com atuações ruins, efeitos visuais fracos e diálogos medonhos (no mau sentido, é claro). E quando parece que as coisas vão finalmente engatar e haverá alguma ação que justifique a espera, o filme acaba. Ponto final.
Vampiros: Os Mortos
2.2 79 Assista AgoraAlgo que eu acho risível é a megalomania de alguns cineastas, como é o caso de John Carpenter, que faz questão de ostentar seu nome nas produções que realiza, buscando sempre se autopromover. Assim, é comum encontrar o nome dele estampado ANTES dos títulos dos filmes, até mesmo daqueles filmes onde ele não é o diretor, como é o caso deste “Vampiros: Os Mortos”, no qual ele é apenas produtor.
Sequência de “Vampiros” (este sim dirigido por Carpenter), que era apenas razoável, este “novo” filme é bem cansativo e só vale por umas poucas mordidas, um ou outro esguicho de sangue e umas queimaduras de 3º grau ao sol.Excetuando isso, nem Bon Jovi consegue salvá-lo da mediocridade. Se ao menos abrissem uma brecha para ele cantar “It’s my life” seria mais interessante: se não para melhorar o roteiro, ao menos para torná-lo menos maçante. Não teria nada a ver com o contexto, mas ao menos se poderia dizer que o filme teve um momento agradável: e, neste caso, dane-se o contexto.
Resident Evil 2: Apocalipse
3.3 823 Assista AgoraUma das poucas sequências que achei bastante superior ao original, o qual considero muito fraquinho e arrastado, mesmo tendo uma duração relativamente curta. Ótimas cenas de ação (adorei a cena da luta no cemitério), uma melhoria significativa nos efeitos visuais (neste os cães zumbis me convenceram, ao contrário do primeiro, por exemplo) e uma Alice mais realista, consequentemente mais forte e determinada; e, claro, a própria história, com uma dimensão de apocalipse que faz jus ao subtítulo. Esses pontos me fisgaram.
Olhos Famintos
3.1 1,0K Assista AgoraFraquíssimo. Acho curioso que eu tenha visto o 2º filme antes deste, e tenha achado a sequência bem melhor (repleto de personagens estereotipados, mas ainda assim melhor). Acho interessante a “mitologia” da criatura, seus rituais de escolha das vítimas e sua ideia de colecionar os corpos. A atmosfera sombria (porque as maioria das cenas de perseguição ocorrem à noite) também foi um ponto favorável, na minha opinião.
Porém, o casal de protagonistas estragou tudo com uma série de atitudes estúpidas que são o cúmulo do clichê, como ficar parados “assistindo” aos ataques do monstro ao invés de fugir, fuçar no covil do dito cujo mesmo sabendo que é uma péssima ideia, entrar num cano de esgoto para ver “se tem alguém aí”, perder tempo conversando sobre gatos com uma velha lunática no meio da noite, sair do próprio carro para ver se “está tudo bem” com as pessoas do outro carro, que foi atacado pelo monstro, e por aí vai... Uma infinidade de atitudes patéticas desse tipo. Dá vergonha alheia ver as caretas de Justin Long e Gina Philips nos closes excessivos que tentam forçar a expressão de pavor que eles supostamente deveriam sentir. Enfim, é um filme bastante esquecível.
Piranha 3D
2.1 1,3K Assista AgoraApesar das críticas negativas esmagadoras que li a respeito deste filme, eu quis bancar o masoquista, então decidi vê-lo mesmo assim. Assim, no final das contas eu achei este filme muito “meio a meio”, ou seja, tão bom quanto ruim. Vamos por partes.
Como pontos negativos óbvios, o mais irritante é a “objetificação” da mulher, visível tanto nos pôsteres (nos quais há mulheres do tipo gostosona prestes a ser atacadas pelas piranhas) quanto no próprio filme, que exagera na apelação à nudez feminina, na maior parte do tempo gratuita. Outro aspecto péssimo são as próprias piranhas, muito inverossímeis e malfeitas, de vez em quando (ou seria de vez em sempre?) parecendo desenhos animados, especialmente nas cenas com os cardumes: maldita CG...
Porém, nem tudo está perdido: além de ser recheado de nomes notáveis no elenco (inclusive pontas com Eli Roth e Christopher Lloyd, porque provavelmente até eles têm contas a pagar) achei o filme muito competente nas cenas de horror do clímax com o ataque aos banhistas do lago. Felizmente tiveram o bom senso de deixar os efeitos digitais de lado e não economizaram na boa e velha tinta vermelha na água, que criou um efeito visualmente bem mais interessante e realista do que os “milagres” toscos da computação. Também achei ótima a maquiagem do filme: os estragos produzidos pelas piranhas nas – poucas – pessoas que sobrevivem ao ataque são impressionantes, muito gore e nojentas e com relação a isso eu não tive do que reclamar.
Portanto, tirando o arrastar apelativo que consome mais da metade do filme, o clímax compensou a espera. De qualquer forma, ainda bem que é um filme curto.
Só estou até agora tentando entender a relevância de mostrarem o pênis em CG do Jerry O'Connell sendo disputado pelas piranhas para, logo depois de ser comido por uma delas, ser “vomitado” na tela: não encontraram um uso melhor para o 3D?
Violência Gratuita
3.4 1,3KÉ um filme bastante desconfortável, denso e violento, embora essa violência seja mais sugestiva e psicológica do que gráfica. Ainda assim, não é fácil digerir a tensão a que a família é submetida, explorando o medo e a agonia de forma visceral, imprevisível. As atuações estão impecáveis, sobretudo as de Naomi Watts e de Michael Pitt.
A única coisa que me desagradou neste filme e me impediu de incluí-lo na lista de favoritos foi a infame cena do controle remoto, a qual achei bastante desnecessária. Gosto de finais "fatalistas", mas, considerando que a personagem conseguisse eliminar, com aquele tiro, um dos psicopatas, ainda assim o final seria aceitável com a subsequente morte dela; daria até certo equilíbrio; se, porém, a ideia era (como aliás, foi) manter os dois lunáticos vivos, conforme a "volta no tempo" mostrou, então a cena do tiro poderia ter sido eliminada sem alterar o resultado final do filme.
Venom
2.7 163 Assista AgoraSegue o estilo de slasher teen de "Pânico" e "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado" (afinal, é dos mesmos criadores), com o diferencial de incluir, desta vez, o elemento sobrenatural, macabro (no caso, o vodu). Ótima fotografia dos pântanos enevoados.
Não chega a ser um dos melhores do gênero, mas é bem razoável.
Cabana Macabra
2.6 77 Assista AgoraEu me diverti bem mais do que esperava com este filme, especialmente com as cenas envolvendo a "Britney Spears" valentona e o "Kevin Spacey" bundão. Uma comédia que começa com "pequenos azares" que se desdobram em fracassos épicos, culminando numa perseguição trash, com muito humor negro, mesmo quando o filme se define como terror. Achei divertido e original, um ótimo entretenimento.
Conde Drácula
3.3 28Não sei se por Christopher Lee já ter interpretado Drácula tantas vezes anteriormente nos filmes da Hammer, mas neste filme aqui ele me pareceu estar trabalhando no modo automático (como o restante do elenco, aliás): é tudo muito teatral e inexpressivo, superficial. Aquele morcego de plástico, papelão ou seja o que for (que nem move as asas), fazendo sombra nas janelas é o cúmulo da canastrice, bem como o sussurro irritante: "Lucy! Lucy! Lucy! Lucy!" (que repete-se intermitente e infinitas vezes)
E aquele final, com Drácula sendo queimado na sua caixa de terra foi uma das coisas mais toscas e malfeitas que já vi, coisa de amador.
Que Jesús Franco me perdoe, mas se o desejo é ver Lee no papel que o consagrou, é melhor vê-lo nos filmes de Terence Fisher, porque este aqui não deu para engolir.
Garota Infernal
2.7 2,7K Assista AgoraAlguns filmes são tão ruins que acabam sendo bons; esse não é o caso de "Garota infernal": o filme é tão ruim que é só ruim mesmo. Um dos trailers dizia que era "um filme de terror diferente de tudo que você já viu", o que achei uma tremenda picaretagem, pois o filme que vi era absurdamente genérico e bobo. Vi a versão "Unrated" (Sem censura), mas nem essa tem nada de relevante ou provocativo, fracassando até nas tentativas de ser sensual.
Que Megan Fox não convence como atriz, isso é um fato, mas o maior problema deste filme é que nenhum personagem tem personalidade marcante, nem mesmo Jennifer, que é só a típica bitch que adquire alguns poderes que, nas palavras dela, são "como os da galera dos X-Men". As cenas com Jennifer "possuída", que deveriam ser o ponto alto do filme, são muito ruins, com efeitos fraquíssimos.
Vale duas estrelas pela ótima trilha sonora, que em alguns momentos consegue desviar a atenção dos defeitos.
Cabana do Inferno 2
2.0 241Uma das maiores decepções que já tive, em termos de sequências de terror, neste "Cabana do inferno 2" o desastre é completo, a começar pelo título nacional, totalmente incoerente (já que neste filme não há cabana alguma). Naturalmente o filme não pode ser responsabilizado pelo título lamentável que recebeu por aqui, mas a própria produção se encarrega de preencher o roteiro de furos, incoerências e exageros. A saída de Eli Roth da direção/roteiro/produção se percebe logo de cara e ele faz uma falta tremenda. Esse pôster dizendo "Do mesmo diretor de O Albergue" é uma grande picaretagem, pois Roth não teve nenhuma participação neste filme, não sendo sequer mencionado nos créditos.
Continuando, enquanto no primeiro filme vemos a doença se espalhando por etapas e acompanhamos a paranoia e o medo dos personagens em relação a ser os próximos infectados, neste segundo filme não acontece nada durante grande parte do tempo e, de repente há a eclosão da doença, com um monte de gente sangrando, vomitando e morrendo, da forma mais tosca possível; não se vê o avanço da doença, os efeitos graduais dela nas vítimas apodrecendo-as vivas como uma espécie de gangrena (como acontece no antecessor); agora elas estão bem e simplesmente começam a soltar secreções e morrer poucos instantes depois. Difícil engolir isso.
O desenrolar da história é chato e arrastado, o que piora pelo fato de tentar forçar comédia, o que definitivamente não consegue - a não ser que se aceite como tal as escatologias ao estilo "Todo mundo em pânico" - que preenchem parte do filme. A história se passa quase que exclusivamente no interior de uma escola, como se o vírus, da água contaminada que vemos ser distribuída, tivesse ido parar só naquele lugar, outro ponto mal resolvido do roteiro.
Um dos momentos mais patéticos do filme é quando o casal de protagonistas está saindo da escola e a polícia, já alarmada com a doença, força-os a voltarem para dentro e, em seguida persegue-os lá dentro, para executá-los junto com os demais infectados. Se a ideia era matá-los, não seria mais inteligente e prático ter feito isso enquanto eles estavam lá fora, em mira fácil? Outra cena ridícula é o momento em que dois personagens estão fugindo da cidade de carro e na saída são barrados por UM só policial. Uma cidade em quarentena e pânico com uma doença letal e contagiosa...e só um policial está ali para impedir a saída das pessoas? Sério isso?
Por fim, antes que lembre de mais furos, menciono a péssima maquiagem deste filme: vemos gente banhada em sangue, vômito e outras secreções, mas não vemos os estragos causados pelo vírus no corpo das vítimas; em outras palavras, exageraram na tinta vermelha como forma de disfarçar a precariedade dos efeitos de maquiagem. No primeiro filme a deterioração dos corpos era mostrada de forma trash, mas bastante realista. Porém, é importante mencionar que naquele caso havia a presença de Greg Nicotero, um dos magos da maquiagem de terror. Nicotero, como Roth, não está envolvido nesse 2º filme da franquia, então não era mesmo de se esperar algo satisfatório.
Dou uma estrela pela animação dos créditos iniciais e do final. Apenas.
Cabana do Inferno
2.7 338 Assista AgoraEu acho que um filme de terror, mais do que os outros gêneros, tem mais chance de surpreender o espectador se este não criar expectativas. Assim, "Cabana do inferno" foi uma agradável surpresa para mim: eu achava o título original ("Cabin fever") estranho, mas o título nacional me fazia pensar que se tratava de mais um desses slashers com serial killers ao estilo "Sexta-feira 13", ou, quando muito, algo sobre possessões na floresta, como em "The Evil Dead". Então, não tive como não me surpreender com o verdadeiro rumo deste filme.
A história é bem simples e, a meu ver, o fato de o "vilão" do filme não ser uma presença física, mas sim uma doença, é algo bizarro e consegue aterrorizar conforme a proposta do roteiro, que ainda abre espaço para uma ou outra tirada de humor. Há alguns momentos bem escatológicos, gore, uma marca que posteriormente, embora com foco diferente, Eli Roth imprimiria em "O albergue" (outro filme que, como "Cabana do inferno", é amado por uns e odiado por outros). A propósito, adorei a participação de Roth no filme, com um personagem estranho e meio chapado.
Enfim, "Cabana do inferno" me agradou bastante; embora quase 15 anos já tenham passado desde seu lançamento, para mim ele continua mais original e divertido do que muitas besteiras recentes, tão pretensiosas quanto vazias.
Floresta dos Condenados
1.6 70Elenco ruim (o único que se salva é Tom Savini, e ainda assim, seu papel é mínimo), roteiro vazio, péssima direção e um desenvolvimento tão horrivelmente clichê que é difícil de engolir. Na maior parte do filme tudo é escuro, uma tentativa patética de criar uma atmosfera sombria, mas a impressão que dá é que o filme é uma fita gravada por algum cinegrafista amador.
Quanto às ninfas diabólicas, é necessário bem mais do que uns peitos à mostra, umas dentaduras que não convencem e umas lentes de contato vagabundas para dar a elas algum tipo de presença maligna que justifique o pretenso terror com conotação erótica deste filme. Lamentável do começo ao fim.
As Ruínas
2.9 521 Assista AgoraDentro do que propõe, é um ótimo filme de terror sangrento, com poucas, mas muito elaboradas cenas de horror, com uma excelente maquiagem. Porém, no quesito psicológico, deixa muito a desejar. O aterrorizante livro homônimo de Scott Smith, que originou o filme, tinha potencial para ser explorado com muito mais profundidade: a gradual perda da sanidade, a fome, a sede, o desespero... elementos que se sobrepõem ao horror gráfico. Mesmo sendo roteirizado pelo próprio autor, o filme passa a impressão de que prefere ficar na zona do convencionalismo. Uma pena.
A Sedução do Mal
1.9 61 Assista AgoraSou muito condescendente com erotismo em produções acerca do tema vampirismo, então até certo ponto gostei desta releitura de "Embrace of the vampire", embora seja um filme muito superficial e, consequentemente, esquecível. Se houvesse um maior destaque na abordagem vampiresca, com detalhes mais aprofundados sobre os ancestrais de Charlotte e o passado de Stefan (sobre quem só temos rápidos e vagos flashbacks), ao invés de deixar em primeiro plano as alucinações eróticas da protagonista, o filme poderia ser memorável. Infelizmente não é o que acontece: o sexo, aliás, parece estar ali mais para preencher as lacunas da falta de roteiro do que para contextualizá-lo, como ocorreu acertadamente no recente (e muito mais sexy) "Kiss of the damned".
De qualquer forma, vale por algumas mordidas e pela cena final.
Ensaio Sobre a Cegueira
4.0 2,5KParticularmente, em se tratando de adaptação de obra de José Saramago, gostei mais da abordagem de "O homem duplicado" para as telas do que deste "Ensaio sobre a cegueira". Cada qual com suas perspectivas (no primeiro,a perda da identidade; neste a perda da humanidade), achei que Denis Villeneuve teve ousadia e originalidade enquanto Fernando Meirelles preferiu transcrever o romance para as telas, mantendo o máximo de fidelidade literal possível, mas infelizmente abrindo mão da inventividade.
É um ótimo filme, reflexivo e crítico, perverso e escatológico, com a visão niilista e animalesca do ser humano que Saramago metaforiza tão brilhantemente no livro; mas seria interessante se Meirelles inserisse no filme ideias próprias que se encaixassem no contexto da obra original, preservando sua essência, tal como fez Villeneuve.
As Bruxas de Salém
3.6 332Excelente filme sobre as consequências do fanatismo religioso e da histeria coletiva durante a "caça às bruxas", dando ao episódio um enfoque dramático surpreendente. Winona Ryder está magnífica (e detestável, ao mesmo tempo!) e sua interação com Daniel Day-Lewis dispensa maiores comentários. Ótima reconstrução de época, figurinos e fotografia.
Os Miseráveis
4.0 263 Assista AgoraAdaptação muito morna do clássico de Victor Hugo: gostei de Uma Thurman como Fantine e de Geoffrey Rush como Javert, mas infelizmente Liam Neeson não convence como o protagonista Jean Valjean. Foi bastante frustrante ver que o mesmo ator de extraordinário talento interpretativo em “A lista de Schindler”, por exemplo, não conseguiu encarnar Valjean de forma suficientemente satisfatória. Creio que em parte isso se deve à própria simplificação do roteiro, que não impregnou o personagem de toda a sua carga dramática e crivada de sofrimentos, como ocorreu, por exemplo, na ótima versão de 2012, que, mesmo sendo um musical, transmitiu com perfeição o sofrimento e a glória épica da trajetória de Valjean. Também um abismo separa as representações de Hugh Jackman da de Liam Neeson. Mas, de toda forma, essa versão de 1998 é razoável, vale pela já mencionada atuação de Rush como o implacável Javert e também pela boa montagem e figurinos.
O Cão dos Baskervilles
3.6 53 Assista AgoraUma ótima adaptação do livro de Conan Doyle, apesar de fazer algumas mudanças não muito boas na segunda metade, se comparadas ao roteiro original. A fotografia é muito chamativa, Peter Cushing convence como Holmes e seu “arqui-inimigo” de outros filmes, Christopher Lee, acaba se saindo bem também como Henry Baskerville.