Um excelente retrato sobre o que é estar desconfortável e fora do padrão, ainda sem ter amadurecido o suficiente para saber onde ou o que prefere, sobre quais amizades prefere perto, como discernir aqueles que te querem bem ou como estar confortável em se colocar. Acho que uma pessoa da minha geração consegue se ver em muitas das circunstâncias e dilemas vividos pela protagonista. Se a intenção era essa, realmente, está aí um belo retrato dessa fase de passagem e transição
Amei que nenhuma das músicas da trilha sonora é do Elvis. Achei uma maneira sútil (ou nem tanto) de mostrar de outras maneiras que o filme não era sobre ele. Apesar de eu não ter gostado da atuação da Cailee Spainey (nas cenas mais dramáticas ou de choro intenso ela parecia retraída demais, não sei se foi orientada a ser assim ou se de fato faltou uma amplitude dramática da parte dela), gostei da direção e da busca por trazer essa relação complexa e que tinha tudo para durar décadas em um ciclo destrutivo (ainda bem que não durou). Se o desenvolvimento da história é entediante e sem brilho, acredito que seja por conta da própria realidade mesmo. O cara passava meses e mais meses fora de casa, tendo caso com metade da cidade, voltava apenas para dormir e usar drogas… não é entediante mesmo? Ele queria um objeto.
Último ponto (que combina com o primeiro): amei a música final no original com a Dolly Parton. Bela música de rompimento na voz de uma diva dessas.
Um filme que aponta a ironia do sadismo das pessoas, que potencializa e une as contradições, mostrando que elas podem sim coexistir. Um filme que ensina que um som bem aproveitado e pensado faz absoluta diferença na experiência do espectador. Que é gritante justamente pelo que não mostra, mostrando. Ou pelo que mostra não mostrando. O pano de fundo que não pode ser ignorado (ou que pode?). Os judeus não estavam ali (mas estavam), nem durante o período em que o filme se passa, nem no futuro, eles são apenas suas reminiscências e seus sinais vagos (a fumaça do trem chegando, as cinzas que caem do céu, um casaco comprido, um batom, os sapatos). Enfim, se não ganhar ao menos o Oscar de melhor som é porque tem algo errado. A atuação de Sandra Hüller é algo impressionante
Maravilhoso. Uma mistura de Vidas Secas (inclusive com poucas falas das personagens) com O medo consome a alma (com as cores mais concentradas dentro das casas e dos ambientes internos e uma cidade pouco ou nada acolhedora para o casal). O amor proletário com um humor muito particular e cru.
Tecnicamente impecável, as personagens tem arcos bem definidos com começo, meio e fim, a trama te prende e se desenrola com soluções interessantes para a tela. Meu único contraponto é que pareceu um filme pouco rico do ponto de vista antropológico. Acho que a imagem que cria das mulheres indígenas é nitidamente a de que elas eram usadas, que não tinham absolutamente nenhuma noção do que estava acontecendo ali, ou que se tinham não se importavam. Não sou da área, mas não precisa de tanto para perceber que possivelmente a situação era bem mais complexa do que foi mostrada. É uma excelente tentativa de trazer para o cinema uma denúncia forte dessas, mas não se pode esquecer jamais que há um olhar por trás da câmera, e que ele influencia a maneira com que tudo é mostrado.
É interessante quando levanta as questões morais e éticas sobre a fabricação da bomba - acho, inclusive, que poderia ter tido mais monólogos ou explorado mais esse lado. Mas para mim o roteiro se perde, chega um momento que precisamos ficar lembrando de 5-6 personagens de uma vez, em uma só frase, conectando os acontecimentos e situações que se passam em poucos segundos de tela (me perdi várias vezes e chegou um momento em que decidi abstrair e me focar nas resoluções da trama muito mais do que no processo em si). Acho que foi uma tentativa do diretor de abarcar toda a história do Oppenheimer, mas será mesmo que precisava? Acho que apenas quem conhece profundamente os meandros do que houve na época conseguiria entender tranquilamente a série de referências que começam a fazer a partir do julgamento dele. O roteiro acaba se estendendo e ficando cansativo (e olha que eu amo filmes longos e os clássicos épicos). Senti falta também da criação de uma personagem mais controversa, mesmo que ele apresente mudanças e questionamentos morais depois, acho que ainda assim tentam colocá-lo como um herói ou pelo menos alguém que não foi adequadamente retribuído pela nação. A forma da narrativa nos leva a deduzir que ele foi injustiçado, ao invés de levantar mais as contradições que ele (como qualquer uma de nós) tinha. O último ponto é a grande quantidade de atores renomados jogados ao léu, fazendo uma ou duas cenas pequenas e sem impacto, para preencher a quantidade imensa de referências que havia na “vida real”. Virou uma espécie de figuração incômoda e que não dá espaço para atores tão bons se expressarem ou ganharem profundidade.
Tanto a maneira de filmar, quanto os figurinos e a trilha sonora me lembraram muito um dos filmes mais lindos que já vi, Perdidos na Noite (Midnight Cowboys, 1969). Acho que tem muito potencial para ganhar o Oscar de melhor filme
Apesar do plot ser nítido desde as primeiríssimas cenas, gostei da forma que foi filmado. Achei interessante que em quase todas as cenas em que o Oliver aparece vemos ele em meio a espelhos (um velho truque cinematográfico para demonstrar que a personagem é muito ambígua ou que esconde algo).
Achei um bom filme da categoria para ver em família, com todos na sala comendo pipoca. Não é para ir assistir esperando uma ultra coerência e um drama embasado, vá com a ideia de estar assistindo um filme da Disney no mais clássico estilo que te remete à infância. Diferente dos demais aqui, eu gostei e pretendo tentar assistir com minhas sobrinhas.
Eu amo que chega em determinado momento do filme que temos muita dificuldade de diferenciar o que de fato está acontecendo e o que é imaginação dela. Parece uma analogia com o próprio estado mental da personagem, que tem delírios sobre si mesma e sobre o que ela gostaria que acontecesse.
Socorro, o que fizeram com esse roteiro? E tem inúmeros furos, alguns que divergem inteiramente da história original. Terminei o filme sem entender porque fizeram algo assim, mesmo.
Achei a atuação da Bruna Marquezine melhor que a do Xolo Maridueña, não sei exatamente o que eu estava esperando quando fui assistir, mas me surpreendi positivamente
Quando o filme começou eu não imaginei que me apegaria a alguns personagens. E é uma história curta, mas talvez por ser filmada com cadência e dividida em atos (como no teatro) o filme ganha profundidade e vamos conhecendo um pouco as questões de cada personagem, ainda que sejam muitos
Tem uma parábola do Kafka que se chama Diante da Lei (está no famoso O processo). E, nossa, impressionante como esse filme trouxe analogias e reflexões que me lembraram muito esse texto, uma espécie de metáfora política, social e filosófica para aquele que fica diante da porta, esperando que ela seja aberta quase que por milagre ou concessão divina - e que entra, afinal (ou não?)
Uma denúncia em forma de filme, é o absurdo normalizado. Com tantas camadas que faz ter vontade de ler todas as teorias e análises possíveis relacionadas ao filme.
Estou aqui encantada. São tantas e tantas cenas irônicas e satíricas. O padre encontrando o assassino dos seus próprios pais no leito de morte, a guerra acontecendo enquanto os burgueses jantam, o enterro inesperado que acontece num restaurante qualquer, a cocaína, os adultérios. Buñuel viu tudo. As cenas do mensageiro soldado que aparece de tempos em tempos e conta as histórias místicas que envolvem sua mãe-fantasma me lembraram muito as cenas de Hiroshima Mon Amour. Uma espécie de eterno retorno, de relembrar o que se esquece, da ruína que está sempre presente.
Um filme que vale a pena cada minuto. O próprio título já é espetacular
Ao contrário dos comentários anteriores, o que eu gostei foi justamente a mescla teatral, a troca constante entre atuar e discutir o roteiro e o tom que deve ser adotado (lembra um pouco a pegada do Eduardo Coutinho, inclusive). Gostei muito da mescla das linguagens do cinema e do teatro, foi uma escolha que reforçou o fato de ser uma adaptação, além de causar a impressão de que estamos sempre vendo "detrás da cortina", a reação do público mas também a dos atores - e é impressionante ver a facilidade com que cada um deles se insere nas personagens conforme lê o roteiro.
Olivia de Havilland está fascinante na atuação, conseguimos notar toda a evolução de Catherine, em todas as nuances de cada fase. Da inocência à dor, ao olhar experiente da vivência.
Gostei muito da evolução da personagem de Broderick Crawford, e a sua atuação é parte fundamental dessa mudança que vamos observando ao longo do filme (que tem um roteiro tão bem feito que faz as duas horas de duração parecerem quatro, é muito notável a quantidade de paralelos e histórias que acontecem ao longo do filme, ao mesmo tempo sem comprometer o ritmo e o interesse que temos). Se assistirmos o filme sem lermos a sinopse somos surpreendidos com a corrupção que toma conta (ou que vai sendo mostrada) de Willie Stark, confesso que nos primeiros 40 minutos eu não esperava que ele fosse se tornar um chefe de milícia, gângster típico, inclemente. Excelente e muito atual. Eu destacaria, ainda que de forma muito marginal da trama principal, a atuação de Anne Seymour.
Um filme precursor do que mais tarde também rende outros lindos como Garota Interrompida ou Um estranho no ninho. Vamos gradualmente encontrando diálogo e formando simpatia pelas mulheres internadas e suas peculiaridades. O excesso de didática sobre o tratamento pode talvez ser atribuído ao período.
Para quem não sabe dançar ballet, como eu, pode parecer à primeira vista que não é tão difícil transmitir leveza na dança, um grande erro.
Um dos filmes mais completos, vivos, coloridos, bem atuado, bem desenvolvido. Figurino e maquiagens espetaculares, além dos cenários, da coreografia - eu destacaria inclusive os efeitos especiais, um tanto surrealistas e lembrando até um pouco de Salvador Dali em alguns momentos. O paralelo entre a narrativa do conto de fadas, o espetáculo de ballet e a vida das personagens é maravilhoso. O trio central, Moira Shearer (que tem coincidentemente o mesmo sobrenome de uma das melhores atrizes da década de 30, Norma Shearer), Marius Goring e Anton Walbrook desenvolvem seus papéis de forma curiosamente harmônica entre eles, como se de fato estivessem em equilíbrio na trama, sempre em contrapontos. A escolha que Victoria Page é constantemente chamada a fazer entre carreira e vida pessoal - e todo o drama que envolve isso - pode nos parecer mais distante hoje em dia, mas ainda recentemente era uma questão para muitas mulheres.
Um filme que trata de temas tão sensíveis, de morte, mas que nos faz querer viver e ver mais.
How to Have Sex
3.7 110 Assista AgoraUm excelente retrato sobre o que é estar desconfortável e fora do padrão, ainda sem ter amadurecido o suficiente para saber onde ou o que prefere, sobre quais amizades prefere perto, como discernir aqueles que te querem bem ou como estar confortável em se colocar. Acho que uma pessoa da minha geração consegue se ver em muitas das circunstâncias e dilemas vividos pela protagonista. Se a intenção era essa, realmente, está aí um belo retrato dessa fase de passagem e transição
Priscilla
3.4 160 Assista AgoraAmei que nenhuma das músicas da trilha sonora é do Elvis. Achei uma maneira sútil (ou nem tanto) de mostrar de outras maneiras que o filme não era sobre ele. Apesar de eu não ter gostado da atuação da Cailee Spainey (nas cenas mais dramáticas ou de choro intenso ela parecia retraída demais, não sei se foi orientada a ser assim ou se de fato faltou uma amplitude dramática da parte dela), gostei da direção e da busca por trazer essa relação complexa e que tinha tudo para durar décadas em um ciclo destrutivo (ainda bem que não durou). Se o desenvolvimento da história é entediante e sem brilho, acredito que seja por conta da própria realidade mesmo. O cara passava meses e mais meses fora de casa, tendo caso com metade da cidade, voltava apenas para dormir e usar drogas… não é entediante mesmo? Ele queria um objeto.
Último ponto (que combina com o primeiro): amei a música final no original com a Dolly Parton. Bela música de rompimento na voz de uma diva dessas.
Zona de Interesse
3.6 582 Assista AgoraUm filme que aponta a ironia do sadismo das pessoas, que potencializa e une as contradições, mostrando que elas podem sim coexistir. Um filme que ensina que um som bem aproveitado e pensado faz absoluta diferença na experiência do espectador. Que é gritante justamente pelo que não mostra, mostrando. Ou pelo que mostra não mostrando. O pano de fundo que não pode ser ignorado (ou que pode?). Os judeus não estavam ali (mas estavam), nem durante o período em que o filme se passa, nem no futuro, eles são apenas suas reminiscências e seus sinais vagos (a fumaça do trem chegando, as cinzas que caem do céu, um casaco comprido, um batom, os sapatos). Enfim, se não ganhar ao menos o Oscar de melhor som é porque tem algo errado. A atuação de Sandra Hüller é algo impressionante
Folhas de Outono
3.8 99Maravilhoso. Uma mistura de Vidas Secas (inclusive com poucas falas das personagens) com O medo consome a alma (com as cores mais concentradas dentro das casas e dos ambientes internos e uma cidade pouco ou nada acolhedora para o casal). O amor proletário com um humor muito particular e cru.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 607 Assista AgoraTecnicamente impecável, as personagens tem arcos bem definidos com começo, meio e fim, a trama te prende e se desenrola com soluções interessantes para a tela. Meu único contraponto é que pareceu um filme pouco rico do ponto de vista antropológico. Acho que a imagem que cria das mulheres indígenas é nitidamente a de que elas eram usadas, que não tinham absolutamente nenhuma noção do que estava acontecendo ali, ou que se tinham não se importavam. Não sou da área, mas não precisa de tanto para perceber que possivelmente a situação era bem mais complexa do que foi mostrada. É uma excelente tentativa de trazer para o cinema uma denúncia forte dessas, mas não se pode esquecer jamais que há um olhar por trás da câmera, e que ele influencia a maneira com que tudo é mostrado.
Oppenheimer
4.0 1,1KÉ interessante quando levanta as questões morais e éticas sobre a fabricação da bomba - acho, inclusive, que poderia ter tido mais monólogos ou explorado mais esse lado. Mas para mim o roteiro se perde, chega um momento que precisamos ficar lembrando de 5-6 personagens de uma vez, em uma só frase, conectando os acontecimentos e situações que se passam em poucos segundos de tela (me perdi várias vezes e chegou um momento em que decidi abstrair e me focar nas resoluções da trama muito mais do que no processo em si). Acho que foi uma tentativa do diretor de abarcar toda a história do Oppenheimer, mas será mesmo que precisava? Acho que apenas quem conhece profundamente os meandros do que houve na época conseguiria entender tranquilamente a série de referências que começam a fazer a partir do julgamento dele. O roteiro acaba se estendendo e ficando cansativo (e olha que eu amo filmes longos e os clássicos épicos). Senti falta também da criação de uma personagem mais controversa, mesmo que ele apresente mudanças e questionamentos morais depois, acho que ainda assim tentam colocá-lo como um herói ou pelo menos alguém que não foi adequadamente retribuído pela nação. A forma da narrativa nos leva a deduzir que ele foi injustiçado, ao invés de levantar mais as contradições que ele (como qualquer uma de nós) tinha.
O último ponto é a grande quantidade de atores renomados jogados ao léu, fazendo uma ou duas cenas pequenas e sem impacto, para preencher a quantidade imensa de referências que havia na “vida real”. Virou uma espécie de figuração incômoda e que não dá espaço para atores tão bons se expressarem ou ganharem profundidade.
Os Rejeitados
4.0 317Tanto a maneira de filmar, quanto os figurinos e a trilha sonora me lembraram muito um dos filmes mais lindos que já vi, Perdidos na Noite (Midnight Cowboys, 1969). Acho que tem muito potencial para ganhar o Oscar de melhor filme
Saltburn
3.5 848Apesar do plot ser nítido desde as primeiríssimas cenas, gostei da forma que foi filmado. Achei interessante que em quase todas as cenas em que o Oliver aparece vemos ele em meio a espelhos (um velho truque cinematográfico para demonstrar que a personagem é muito ambígua ou que esconde algo).
Mansão Mal-Assombrada
2.9 71 Assista AgoraAchei um bom filme da categoria para ver em família, com todos na sala comendo pipoca. Não é para ir assistir esperando uma ultra coerência e um drama embasado, vá com a ideia de estar assistindo um filme da Disney no mais clássico estilo que te remete à infância. Diferente dos demais aqui, eu gostei e pretendo tentar assistir com minhas sobrinhas.
A Mulher de um Espião
3.5 8 Assista AgoraSó eu fiquei com a impressão de que foi o próprio marido que denunciou a mulher com o falso filme para tentar se livrar dela?
Doente de Mim Mesma
3.9 95 Assista AgoraEu amo que chega em determinado momento do filme que temos muita dificuldade de diferenciar o que de fato está acontecendo e o que é imaginação dela. Parece uma analogia com o próprio estado mental da personagem, que tem delírios sobre si mesma e sobre o que ela gostaria que acontecesse.
Angela
2.5 81Socorro, o que fizeram com esse roteiro?
E tem inúmeros furos, alguns que divergem inteiramente da história original. Terminei o filme sem entender porque fizeram algo assim, mesmo.
Besouro Azul
3.2 556 Assista AgoraAchei a atuação da Bruna Marquezine melhor que a do Xolo Maridueña, não sei exatamente o que eu estava esperando quando fui assistir, mas me surpreendi positivamente
Asteroid City
3.1 188 Assista AgoraQuando o filme começou eu não imaginei que me apegaria a alguns personagens. E é uma história curta, mas talvez por ser filmada com cadência e dividida em atos (como no teatro) o filme ganha profundidade e vamos conhecendo um pouco as questões de cada personagem, ainda que sejam muitos
O Pagador de Promessas
4.3 363 Assista AgoraTem uma parábola do Kafka que se chama Diante da Lei (está no famoso O processo). E, nossa, impressionante como esse filme trouxe analogias e reflexões que me lembraram muito esse texto, uma espécie de metáfora política, social e filosófica para aquele que fica diante da porta, esperando que ela seja aberta quase que por milagre ou concessão divina - e que entra, afinal (ou não?)
O Discreto Charme da Burguesia
4.1 282 Assista AgoraUma denúncia em forma de filme, é o absurdo normalizado. Com tantas camadas que faz ter vontade de ler todas as teorias e análises possíveis relacionadas ao filme.
Estou aqui encantada. São tantas e tantas cenas irônicas e satíricas. O padre encontrando o assassino dos seus próprios pais no leito de morte, a guerra acontecendo enquanto os burgueses jantam, o enterro inesperado que acontece num restaurante qualquer, a cocaína, os adultérios. Buñuel viu tudo. As cenas do mensageiro soldado que aparece de tempos em tempos e conta as histórias místicas que envolvem sua mãe-fantasma me lembraram muito as cenas de Hiroshima Mon Amour. Uma espécie de eterno retorno, de relembrar o que se esquece, da ruína que está sempre presente.
Um filme que vale a pena cada minuto. O próprio título já é espetacular
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraO Oscar de melhor atriz coadjuvante desse ano precisa ir para a Hong Chau. O de melhor ator precisa ir para o Brendan Fraser.
O Beijo no Asfalto
4.1 95Ao contrário dos comentários anteriores, o que eu gostei foi justamente a mescla teatral, a troca constante entre atuar e discutir o roteiro e o tom que deve ser adotado (lembra um pouco a pegada do Eduardo Coutinho, inclusive). Gostei muito da mescla das linguagens do cinema e do teatro, foi uma escolha que reforçou o fato de ser uma adaptação, além de causar a impressão de que estamos sempre vendo "detrás da cortina", a reação do público mas também a dos atores - e é impressionante ver a facilidade com que cada um deles se insere nas personagens conforme lê o roteiro.
O Menu
3.6 1,0K Assista AgoraClichezão, nada ousado
Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo
4.4 163Perfeito, nostálgico, forte, musical, poético.
Tarde Demais
4.2 83 Assista AgoraOlivia de Havilland está fascinante na atuação, conseguimos notar toda a evolução de Catherine, em todas as nuances de cada fase. Da inocência à dor, ao olhar experiente da vivência.
A Grande Ilusão
3.9 41 Assista AgoraGostei muito da evolução da personagem de Broderick Crawford, e a sua atuação é parte fundamental dessa mudança que vamos observando ao longo do filme (que tem um roteiro tão bem feito que faz as duas horas de duração parecerem quatro, é muito notável a quantidade de paralelos e histórias que acontecem ao longo do filme, ao mesmo tempo sem comprometer o ritmo e o interesse que temos). Se assistirmos o filme sem lermos a sinopse somos surpreendidos com a corrupção que toma conta (ou que vai sendo mostrada) de Willie Stark, confesso que nos primeiros 40 minutos eu não esperava que ele fosse se tornar um chefe de milícia, gângster típico, inclemente. Excelente e muito atual. Eu destacaria, ainda que de forma muito marginal da trama principal, a atuação de Anne Seymour.
A Cova da Serpente
4.1 41Um filme precursor do que mais tarde também rende outros lindos como Garota Interrompida ou Um estranho no ninho. Vamos gradualmente encontrando diálogo e formando simpatia pelas mulheres internadas e suas peculiaridades. O excesso de didática sobre o tratamento pode talvez ser atribuído ao período.
Os Sapatinhos Vermelhos
4.3 171 Assista AgoraPara quem não sabe dançar ballet, como eu, pode parecer à primeira vista que não é tão difícil transmitir leveza na dança, um grande erro.
Um dos filmes mais completos, vivos, coloridos, bem atuado, bem desenvolvido. Figurino e maquiagens espetaculares, além dos cenários, da coreografia - eu destacaria inclusive os efeitos especiais, um tanto surrealistas e lembrando até um pouco de Salvador Dali em alguns momentos. O paralelo entre a narrativa do conto de fadas, o espetáculo de ballet e a vida das personagens é maravilhoso. O trio central, Moira Shearer (que tem coincidentemente o mesmo sobrenome de uma das melhores atrizes da década de 30, Norma Shearer), Marius Goring e Anton Walbrook desenvolvem seus papéis de forma curiosamente harmônica entre eles, como se de fato estivessem em equilíbrio na trama, sempre em contrapontos. A escolha que Victoria Page é constantemente chamada a fazer entre carreira e vida pessoal - e todo o drama que envolve isso - pode nos parecer mais distante hoje em dia, mas ainda recentemente era uma questão para muitas mulheres.
Um filme que trata de temas tão sensíveis, de morte, mas que nos faz querer viver e ver mais.