Acredito que o que mais nos atrapalha em assistir Alexander Nevsky não seja nem o aspecto panfletário, já que isso ainda acaba sendo bem conduzido no contexto geral, mas sim que a restauração feita sobre o filme é tão boa que acabamos vendo toda a baixa qualidade dos equipamentos e figurinos, com espadas sendo verdadeiros pedaços de pau em cena, algo que não se percebia tão facilmente nas projeções antigas. Com isso, todo o aspecto épico da obra acaba indo embora.
Ainda assim é um filme interessante de ver, nada perto de outras obras de Eisenstein, mas que tem um valor como documento histórico. O ponto alto do filme são as personagens femininas, dando exemplo ao cinema atual.
Faz parte daqueles filmes que, com exceção do Ridley Scott, ninguém tem mais disposição de fazer, por isso sempre é importante prestigiar quando surge alguém fora da curva que segue a escola de David Lean se propõe a lançar um grande épico.
É bonito, principalmente no âmbito visual com seu "palácio de cristal" próximo ao fim, como se a pessoa estivesse vivendo no seu mundo dos sonhos. Tem um bom ritmo e trata da história apenas o necessário para compreender a ascensão e queda de um estilo de vida.
No entanto, mesmo tendo mais de três horas de duração ele acaba sendo prejudicado pelo fato de que o livro que adapta é ainda mais longo, tendo que apressar diversos acontecimentos que seriam indispensáveis para o público comprar ainda mais esses personagens e os seus romances. Em determinados momentos você chega até mesmo a questionar se esse amor entre Jivago e Lara é tão forte assim.
Por conta disso, a passagem do tempo não fica tão marcada, com o público sabendo que anos se passaram por frases inseridas nos diálogos, mas sem qualquer correspondência visual. O filme, com isso, fica com um aspecto de incompleto, como se algo importante tivesse sido cortado.
Revendo após 15 anos gostei bem mais nesta revisitada. Porque se inicialmente eu estava vendo a minha primeira adaptação de Agatha Christie (ainda sequer existiam as adaptações de Kenneth Brannagh, que acho maravilhosas, e a série com David Suchet era algo difícil de encontrar) agora pude prestar mais atenção aos detalhes e à composição dos mistérios ao estilo de Agatha Christie, as pistas falsas e a forma como surpreendentemente isso vira piada ao longo do filme através do personagem de Martin Balsam. E, diferente da primeira vez que considerei o filme extremamente cansativo, desta vez considerei sua construção até mesmo bem enérgica, seguindo toda a apresentação de personagens em meia hora, a investigação na hora seguinte e dedicar seus trinta minutos finais somente à revelação, algo fiel à composição da escritora. É um filme para os fãs, então não é de se espantar que muitos não gostem.
Acabou sendo o último filme da maratona do Oscar que assisti e por sinal foi um dos melhores. Mesmo com um segmento inicial extremamente pesado e desconfortável, muda de figura após 45 minutos e se torna até divertido na forma como Edward reconhece que o problema nunca foi sua condição, mas sim ele mesmo, a ponto de a cada momento situações mais mirabolantes irem surgindo, sempre com o mesmo resultado. Tem muito de David Lynch, claro, e também alguns toques de A Mosca e até de Woody Allen, com algumas cenas de perseguição em meio a Jazz. Oswald é um cara tão fascinante que até mesmo nós não acreditamos que ele possa existir.
Ele tem uma característica muito interessante que acontece em sua metade final. Em seu início segue mais a característica do documentário e dos diários, narrando questões passadas e quase como sendo um complemento ao livro que a protagonista escreve. Por conta desse excesso de informações acaba sendo maçante. No entanto, após esse período o filme basicamente perde este aspecto planejado, como se toda a história pretérita alcançasse o momento atual da protagonista, com o surgimento de várias reviravoltas que tornam a história tensa, quase como um drama propriamente dito e não uma obra documental e jornalística (o que não desmerece seu aspecto real). Essa condução final faz valer a pena assistir.
É um documentário que não leva a lugar algum. Não trata o seu tema com profundidade, seja no aspecto histórico ou no aspecto pessoal. Acaba mostrando mais o sofrimento das vítimas e a sua relutância em tratar o assunto. Ao fim, acaba tendo momentos bem desagradáveis, com o diretor puxando temas aleatórios com seu pai e que não agregam em nada ao contexto final.
Para mim o ponto alto não foi nem o roteiro, que de fato considerei ok, nada de extraordinário comparado com outros thrillers de acontecimentos catastróficos. Mas de fato ele é bem agradável de assistir pela forma como o elenco interage entre si, passando um realismo compatível com a situação, em especial a tradutora interpretada por Leonie Benesch, a qual considerei o ponto alto do filme. Afora isso, não chega a ser uma obra memorável.
Bem fraco por não ter coragem de explorar a própria realidade da guerra. Com isso não me refiro à ideologias e lados, mas sim ao próprio cotidiano. Na forma como mostrado no documentário, fica parecendo que os soldados saem de casa todo dia cedo para fazer uma caminhada na floresta e depois voltam, com a maior segurança do mundo, sem nem saber onde estão os adversários. Você fica até mesmo sem saber se são soldados alistados ou grupos que atuam de forma paralela. Por ser tão vago, não prende a atenção.
Seu ponto alto é ser calcado unicamente em imagens de arquivo, e imagens de difícil acesso, sendo realmente um documento histórico. Acaba sendo um pouco confuso em sua tentativa de aliar o Jazz à todo o movimento político que ocorria visto que, afora a situação com Pops Armstrong ao final, pouca relação é estabelecida ao longo do filme. Sim, a trilha é incrível e serve muito para nos inserir naquele momento do mundo, mas o filme todo indica que haveria um grande vínculo entre os músicos e os golpes de estado (ou a luta contra estes golpes), algo que de fato não se concretiza, sendo mais um acompanhamento do que um tema principal.
Confesso que gostei muito mais deste documentário do que da cinebiografia RocketMan (apesar de também reconhecer que preciso assistir novamente pois não estava muito bom do estômago no cinema e isso pode ter atrapalhado eu gostar da obra). Mas isso porque ele, ao se apoiar nos depoimentos do próprio Elton John, se tornar muito mais eficaz ao transmitir seus sentimentos e até mesmo a tensão dos momentos, seja para mencionar o abandono paterno ou seu relacionamento abusivo.
Ainda é muito eficaz em fazer toda uma contextualização da música, seja sua ou da que tocava no período, mostrando o que estava rolando na cena e como seu trabalho acabou despontando.
Os trechos em animação são incríveis, sem exceção. E o filme é muito inteligente em seu final visto que nós, como fãs e espectadores, ficamos o tempo todo com a pergunta "Mas por que um gênio desses precisa se aposentar?", e quando ele mesmo responde enquanto canta Your Song acabamos pensando "Ok, é justo. Você fez por merecer".
O grande trunfo do filme é a sua escolha mais ousada: trocar seu protagonista por um macaco. Porque afora toda a questão filosófica e a metáfora de se sentir deslocado e até mesmo uma marionete do showbiz, ele serve para criar uma empatia com o protagonista.
Isto porque o próprio Robbie Williams, que inicia como narrador, não nega que muito do que fez em vida lhe trouxe uma imagem de pessoa desprezível. O ato de colocá-lo como um animal faz com que automaticamente, mesmo com todas as suas falhas de caráter, tenhamos um apego e queiramos ouvir sua história.
E realmente o ponto alto do filme são os efeitos especiais, principalmente em dois momentos em específico (a saída da banda e a apresentação com cenas de luta), em que te dá até vontade de ver algum novo filme do Planeta dos Macacos se utilizando do mesmo momento.
É uma metáfora muito interessante sobre a forma como o judeu foi tratado nos Estados Unidos do Pós-Guerra, com uma visão bem profunda sobre o seu cotidiano ao estilo do que um Will Eisner faria. Ele ao menos te faz entender a razão da busca por uma “terra prometida”.
O Brutalista não é um filme digno de todas as suas indicações, mas tem tanta coragem em um cinema atual que está mais preocupado com os números do que com o lado artístico que isto é como uma forma de incentivar outros realizadores a contarem histórias do mesmo modo.
Sim, o filme não é uma obra-prima. Sequer é compreensível a indicação de Adrien Brody visto que esta atuação nem está entre as melhores de sua própria carreira, mas seu valor está no contexto geral, em ver uma história ser contada sem pressa, utilizando um indivíduo para representar todo um período histórico.
A trilha sonora é incrível, digna de grandes clássicos. Guy Pearce e Felicity Jones roubam a cena sempre que aparecem. Mas de fato o grande trunfo do filme é sua edição. Isso porque 3h:20min não são fáceis de assistir e, mesmo não tendo um ritmo frenético, a montagem faz com que seja agradável passar esse tempo assistindo esta história extremamente pesada e injusta.
É como O Irlandês: Poderia ser contado de uma forma mais sucinta? Com certeza, mas também seria um grande pecado se isso acontecesse.
Senti falta de uma contextualização maior dessas expulsões. Mesmo com o foco do documentário sendo o sentimento dos moradores e sua luta constante pela manutenção de suas residências, ainda assim se torna um pouco confuso por se tratar de uma situação que se prolonga por vários anos, te deixando curioso para saber sobre como a situação é resolvida de imediato, se eles se dirigem a outro vilarejo, se acabam se afastando da região ou quanto tempo ficam nas cavernas, quanto tempo leva a reconstrução e até mesmo se de fato os locais destruídos acabam sendo utilizados como campo militar. A ausência de demonstração dessa parte mais prática dos ocorridos, que poderia facilmente ser explicada com um mapa das destruições e assentamentos, deixa o filme incompleto para quem não conhece a causa.
Esse eu fiquei impressionado pelo seguinte: ele é clichêzão, tem diálogos bem vergonha alheia, personagens estereotipados, as atuações sequer são grande coisa e tem bem o aspecto de filme feito para a televisão, mas mesmo com tudo isso é uma delícia de assistir. Sim, porque seus clichês pegam a gente de jeito, sabemos que estamos sendo usados em momentos criados de propósito para ficarmos com raiva, ou uma música que vem crescendo para aumentar a emoção, e mesmo assim você fica vidrado na tela e torce por aquelas personagens. Kerry Washington domina o filme com uma personagem extremamente cativante, te prendendo sempre que aparece em tela, e as imagens de arquivo dão o toque final de homenagem que o filme representa. É um ótimo sessão da tarde para assistir com a família (e não tem nada de pejorativo nisso).
Para quem já gosta de Bob Dylan é delicioso de assistir. Ele consegue te levar para a Nova York dos anos 60 e você consegue visualizar as mesmas pessoas e ruas que aparecem na capa do Freewheelin’ Bob Dylan. As músicas são incríveis e, mesmo com os atores não entregando atuações fora de série, são bem competentes ao contar esse história, te convencendo ao menos como músicos. Sim, em nenhum momento você esquece que está vendo o Timothee Chalamet ao invés do Bob Dylan, o que não é necessariamente algo ruim quando um dos focos do filme são as personas que Dylan adota ao longo da vida (e que inclusive foi a ideia do filme anterior sobre o cantor, Não estou lá). Tem algumas pistas sobre o futuro, como menções aos Beatles e ao acidente de moto, dando algo a mais para os fãs.
No entanto, para quem não conhece o filme pode parecer vazio, como se fosse um filme de Dylan sem Dylan. Isso porque ele pega a fase inicial do cantor, quando de fato sua vida era uma página em branco, ele inventava sua origem e pouco se sabia a seu respeito. O filme faz um retrato do período, não de Dylan, algo importante de se ter em mente.
Mesmo tendo uma sequência final um pouco cansativa quando quer tratar da gravação do Highway 61 revisited e de um relacionamento, acaba sendo maravilhoso com o show em sequência.
Não consegui gostar. Achei extremamente cansativo, principalmente pelo foco do filme que vai alternando entre a revolução popular e a família, não conseguindo focar de forma suficiente em nenhum dos dois. Sobre o primeiro ponto, mostra somente imagens de arquivo. Sobre o segundo, não nos dá motivos suficientes para nos apegarmos a qualquer dos personagens ou comprar sua ideia de loucura e fanatismo, a ponto de não temermos qualquer consequência ao final.
É um pouco difícil de definir sobre a sua qualidade. Isso porque o filme tem duas partes: a primeira hora inicial, focada em Roy Cohn e como ele foi um mentor de um Trump "ingênuo" na sociedade americana; e a segunda hora, em que Cohn mal aparece, com um Trump que aprende as dicas de forma tal que acaba superando seu mestre.
As duas metades são muito boas. A primeira por focar mais na parte histórica e tendo a atuação incrível de Jeremy Strong que rouba a cena, e a segunda por ter um ritmo melhor e uma fotografia que lembram muito as imagens de arquivo da televisão (Na parte final Sebastian Stan está idêntico ao Trump atual, até mesmo nos trejeitos).
No entanto, parece que essas duas partes, mesmo contando a mesma história, não conversam tanto entre si, sendo até mesmo abrupta essa divisão feita, como se tivesse ocorrido um salto no tempo que não conseguimos ver, atrapalhando a nossa imersão na história. Ainda, tem atores e personagens tão bons, como Maria Bakalova como Ivana Trump, que o filme acaba parecendo incompleto ao não nos mostrar o que acontece com ela (mesmo com o divórcio acontecendo dentro do período retratado).
Mesmo ficando um pouco cansativo no seu encerramento, a forma como essa história é contada é tão fascinante que te dá vontade que ela se estenda por vários minutos a mais, só para ir te apresentando novos personagens. Porque apesar de sua protagonista ser Grace, o que torna interessante e gostoso de ver essa história extremamente pesada são os personagens que vão surgindo ao longo do filme. São eles que tornam toda essa história que trata sobre depressão, fetiches, fanatismo religioso e preconceitos uma coisa mais palpável de se digerir, te fazendo refletir por um bom tempo mesmo após o final da trama. É um dos melhores do ano.
Este é um que merecia também estar indicado nas categorias de roteiro. É como um bom livro adaptado, com diversos pequenos plot twists ao longo do filme, como que demonstrando um final de capítulo que te deixa ansioso pelo seguinte. É interessante porque em nenhum momento essas viradas parecem deslocadas na história. Você torce pelo resultado contrário, óbvio, mas mesmo assim quando vem a pancada ainda é algo condizente com a história.
Não sei se foi algo proposital ou não, mas tem um elemento específico que lembra Misery do Stephen King (o livro, não o filme).
Quando Stephen King descreve a personagem de Kathy Bates, que também é uma assassina de bebês, ele descreve muito os olhos da personagem, colocando-os como olhos retos, igual daquelas pinturas de filme em que alguém colocava o rosto atrás para espionar quem está na sala
. E de forma muito impressionante a personagem de Dagmar tem essa mesma característica, sendo assustador vê-la olhando para o nada no meio de toda essa trama.
P.S.: Quem foi leitor nos anos 90 vai encontrar muita semelhança na cena da agulha com a criada por Sidney Sheldon em O Outro Lado da Meia Noite.
Como é bom ter de volta um ótimo filme de roteiro. Criado de uma maneira completamente despretensiosa, é impressionante como um filme que mal chega aos 90 minutos nos deixa reflexivos por muito mais tempo. Porque, de forma muito inteligente, ele cria personagens que não são um fim em si mesmo, que não estão preocupados em trazer uma respostas para as suas (e as nossas) angústias, mas sim mostrar um momento da vida que todos já passamos ou que, inevitavelmente, teremos que passar, transcendendo a análise dessa dor para outras formas como a solidão, a depressão e até o holocausto. Sua inteligência vem de saber que não vai conseguir trazer respostas para esses temas e então, por deixar essa tarefa ao espectador, o filme acaba sendo ainda mais tocante. Kieran Culkin está incrível no filme, tomando conta sempre que aparece, até mesmo quando está errado, e seu olhar final é o mais verdadeiro que alguém que já esteve em sua posição pode transmitir. Você não vê mentira ali, e por isso o filme te acompanha mesmo após o fim.
Claramente o filme foi feito por uma pessoa que prefere gatos do que cachorros (e talvez por isso eu não tenha me apegado tanto). É um trabalho incrível, uma aula sobre fazer cinema. O filme tem ritmo, é fluído e mesmo sem qualquer diálogo te deixa apreensivo e curioso sobre como essa história irá se acabar. E, mesmo com uma história dessas tendo o direito de ser contada da forma como quiser, ainda tem um aspecto técnico incrível. A água parece real, os animais repetem os movimentos que realmente fariam na situação e, em alguns casos, sequer são espécies comuns, como por exemplo capivaras e lêmures. Particularmente, dentre os indicados, The Wild Robot me cativou mais, mas unicamente pelo aspecto pessoal.
Um bom filme que é atrapalhado pela narrativa lenta. Seu ponto forte é essa inovação ao buscar contar toda a história (e não somente um trecho) com a câmera em primeira pessoa, mesmo quando alterna os pontos de vista. No entanto a inovação por si só não segura o filme e, quando começa a prolongar os eventos, termina prejudicando seu próprio plot twist, fazendo com que o impacto seja menor do que deveria. Indicações justas nas duas categorias.
Esse é o verdadeiro sentido de "Ars Gratia artis". É um filme tocante e preocupado em mostrar seres humanos, e faz isso de uma forma tão inteligente que a única vez em que fala sobre o crime cometido é quando se refere à pessoa que foi presa injustamente. Sobre os demais isso pouco importa porque o foco sobre eles é a transformação originada.
Colman Domingo é um daqueles caras que te dá vontade de ser amigo, tendo mais uma vez uma atuação incrível e, por sorte, todos os demais são tão bons interpretando a si próprios que o filme se torna agradável de assistir, deixando de lado a tragédia para focar na comédia absurda.
P.S.: Daquelas coincidências que a vida causa: O livro "A glória e seu cortejo de horrores" da Fernanda Torres termina no exato ponto em que Sing Sing começa.
Confesso que gostei do filme, mesmo tendo visto já predisposto a odiar (não saía da minha cabeça a cena que viralizou na internet do "From penis to vagina"). Mas o principal que me fez mudar de opinião foram dois pontos que estavam me incomodando durante toda a história e que fizeram sentido no momento dos créditos.
O primeiro era referente às músicas. Apesar de ter alguns números muito bons outras pareciam deslocadas, o que me fazia pensar “Isso faria mais sentido no teatro, não no cinema musical”, até que vi nos créditos finais que Emilia Perez é uma adaptação de uma ópera (que por sua vez é adaptada de um livro), fazendo sentido então as canções com diálogos comuns, ao estilo da ópera. Esta era uma informação essencial que deveria ser anunciada.
E o outro era a indicação de Karla Sofia Gascón como melhor atriz sendo que, confesso, não via nada de extraordinário em sua Emilia Perez, até perceber nos créditos que ela não fez somente Emilia, mas também o seu eu masculino, realmente tendo uma atuação completamente diferente a ponto de parecer outra pessoa.
Afora essa estranheza em alguns números musicais é um bom filme. Não chega a ser uma obra prima digna das 13 indicações mas tem vários elementos de destaque. Ainda, ao menos para mim, a atuação da Selena Gomez foi muito mais potente do que a de Zoe Saldaña, merecendo muito mais uma indicação.
Alexander Nevsky
4.0 30 Assista AgoraAcredito que o que mais nos atrapalha em assistir Alexander Nevsky não seja nem o aspecto panfletário, já que isso ainda acaba sendo bem conduzido no contexto geral, mas sim que a restauração feita sobre o filme é tão boa que acabamos vendo toda a baixa qualidade dos equipamentos e figurinos, com espadas sendo verdadeiros pedaços de pau em cena, algo que não se percebia tão facilmente nas projeções antigas. Com isso, todo o aspecto épico da obra acaba indo embora.
Ainda assim é um filme interessante de ver, nada perto de outras obras de Eisenstein, mas que tem um valor como documento histórico. O ponto alto do filme são as personagens femininas, dando exemplo ao cinema atual.
Doutor Jivago
4.2 317 Assista AgoraFaz parte daqueles filmes que, com exceção do Ridley Scott, ninguém tem mais disposição de fazer, por isso sempre é importante prestigiar quando surge alguém fora da curva que segue a escola de David Lean se propõe a lançar um grande épico.
É bonito, principalmente no âmbito visual com seu "palácio de cristal" próximo ao fim, como se a pessoa estivesse vivendo no seu mundo dos sonhos. Tem um bom ritmo e trata da história apenas o necessário para compreender a ascensão e queda de um estilo de vida.
No entanto, mesmo tendo mais de três horas de duração ele acaba sendo prejudicado pelo fato de que o livro que adapta é ainda mais longo, tendo que apressar diversos acontecimentos que seriam indispensáveis para o público comprar ainda mais esses personagens e os seus romances. Em determinados momentos você chega até mesmo a questionar se esse amor entre Jivago e Lara é tão forte assim.
Por conta disso, a passagem do tempo não fica tão marcada, com o público sabendo que anos se passaram por frases inseridas nos diálogos, mas sem qualquer correspondência visual. O filme, com isso, fica com um aspecto de incompleto, como se algo importante tivesse sido cortado.
Assassinato no Expresso Oriente
3.7 195 Assista AgoraRevendo após 15 anos gostei bem mais nesta revisitada. Porque se inicialmente eu estava vendo a minha primeira adaptação de Agatha Christie (ainda sequer existiam as adaptações de Kenneth Brannagh, que acho maravilhosas, e a série com David Suchet era algo difícil de encontrar) agora pude prestar mais atenção aos detalhes e à composição dos mistérios ao estilo de Agatha Christie, as pistas falsas e a forma como surpreendentemente isso vira piada ao longo do filme através do personagem de Martin Balsam. E, diferente da primeira vez que considerei o filme extremamente cansativo, desta vez considerei sua construção até mesmo bem enérgica, seguindo toda a apresentação de personagens em meia hora, a investigação na hora seguinte e dedicar seus trinta minutos finais somente à revelação, algo fiel à composição da escritora. É um filme para os fãs, então não é de se espantar que muitos não gostem.
Um Homem Diferente
3.5 125 Assista AgoraAcabou sendo o último filme da maratona do Oscar que assisti e por sinal foi um dos melhores. Mesmo com um segmento inicial extremamente pesado e desconfortável, muda de figura após 45 minutos e se torna até divertido na forma como Edward reconhece que o problema nunca foi sua condição, mas sim ele mesmo, a ponto de a cada momento situações mais mirabolantes irem surgindo, sempre com o mesmo resultado. Tem muito de David Lynch, claro, e também alguns toques de A Mosca e até de Woody Allen, com algumas cenas de perseguição em meio a Jazz. Oswald é um cara tão fascinante que até mesmo nós não acreditamos que ele possa existir.
Quatro Paredes
3.8 28 Assista AgoraEle tem uma característica muito interessante que acontece em sua metade final. Em seu início segue mais a característica do documentário e dos diários, narrando questões passadas e quase como sendo um complemento ao livro que a protagonista escreve. Por conta desse excesso de informações acaba sendo maçante. No entanto, após esse período o filme basicamente perde este aspecto planejado, como se toda a história pretérita alcançasse o momento atual da protagonista, com o surgimento de várias reviravoltas que tornam a história tensa, quase como um drama propriamente dito e não uma obra documental e jornalística (o que não desmerece seu aspecto real). Essa condução final faz valer a pena assistir.
Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno
3.6 37 Assista AgoraÉ um documentário que não leva a lugar algum. Não trata o seu tema com profundidade, seja no aspecto histórico ou no aspecto pessoal. Acaba mostrando mais o sofrimento das vítimas e a sua relutância em tratar o assunto. Ao fim, acaba tendo momentos bem desagradáveis, com o diretor puxando temas aleatórios com seu pai e que não agregam em nada ao contexto final.
Setembro 5
3.4 65 Assista AgoraPara mim o ponto alto não foi nem o roteiro, que de fato considerei ok, nada de extraordinário comparado com outros thrillers de acontecimentos catastróficos. Mas de fato ele é bem agradável de assistir pela forma como o elenco interage entre si, passando um realismo compatível com a situação, em especial a tradutora interpretada por Leonie Benesch, a qual considerei o ponto alto do filme. Afora isso, não chega a ser uma obra memorável.
Guerra da Porcelana
3.0 24Bem fraco por não ter coragem de explorar a própria realidade da guerra. Com isso não me refiro à ideologias e lados, mas sim ao próprio cotidiano. Na forma como mostrado no documentário, fica parecendo que os soldados saem de casa todo dia cedo para fazer uma caminhada na floresta e depois voltam, com a maior segurança do mundo, sem nem saber onde estão os adversários. Você fica até mesmo sem saber se são soldados alistados ou grupos que atuam de forma paralela. Por ser tão vago, não prende a atenção.
Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado
3.8 47Seu ponto alto é ser calcado unicamente em imagens de arquivo, e imagens de difícil acesso, sendo realmente um documento histórico. Acaba sendo um pouco confuso em sua tentativa de aliar o Jazz à todo o movimento político que ocorria visto que, afora a situação com Pops Armstrong ao final, pouca relação é estabelecida ao longo do filme. Sim, a trilha é incrível e serve muito para nos inserir naquele momento do mundo, mas o filme todo indica que haveria um grande vínculo entre os músicos e os golpes de estado (ou a luta contra estes golpes), algo que de fato não se concretiza, sendo mais um acompanhamento do que um tema principal.
Elton John: Never Too Late
3.6 29 Assista AgoraConfesso que gostei muito mais deste documentário do que da cinebiografia RocketMan (apesar de também reconhecer que preciso assistir novamente pois não estava muito bom do estômago no cinema e isso pode ter atrapalhado eu gostar da obra). Mas isso porque ele, ao se apoiar nos depoimentos do próprio Elton John, se tornar muito mais eficaz ao transmitir seus sentimentos e até mesmo a tensão dos momentos, seja para mencionar o abandono paterno ou seu relacionamento abusivo.
Ainda é muito eficaz em fazer toda uma contextualização da música, seja sua ou da que tocava no período, mostrando o que estava rolando na cena e como seu trabalho acabou despontando.
Os trechos em animação são incríveis, sem exceção. E o filme é muito inteligente em seu final visto que nós, como fãs e espectadores, ficamos o tempo todo com a pergunta "Mas por que um gênio desses precisa se aposentar?", e quando ele mesmo responde enquanto canta Your Song acabamos pensando "Ok, é justo. Você fez por merecer".
Better Man: A História de Robbie Williams
3.8 65 Assista AgoraO grande trunfo do filme é a sua escolha mais ousada: trocar seu protagonista por um macaco. Porque afora toda a questão filosófica e a metáfora de se sentir deslocado e até mesmo uma marionete do showbiz, ele serve para criar uma empatia com o protagonista.
Isto porque o próprio Robbie Williams, que inicia como narrador, não nega que muito do que fez em vida lhe trouxe uma imagem de pessoa desprezível. O ato de colocá-lo como um animal faz com que automaticamente, mesmo com todas as suas falhas de caráter, tenhamos um apego e queiramos ouvir sua história.
E realmente o ponto alto do filme são os efeitos especiais, principalmente em dois momentos em específico (a saída da banda e a apresentação com cenas de luta), em que te dá até vontade de ver algum novo filme do Planeta dos Macacos se utilizando do mesmo momento.
O Brutalista
3.6 248 Assista AgoraÉ uma metáfora muito interessante sobre a forma como o judeu foi tratado nos Estados Unidos do Pós-Guerra, com uma visão bem profunda sobre o seu cotidiano ao estilo do que um Will Eisner faria. Ele ao menos te faz entender a razão da busca por uma “terra prometida”.
O Brutalista não é um filme digno de todas as suas indicações, mas tem tanta coragem em um cinema atual que está mais preocupado com os números do que com o lado artístico que isto é como uma forma de incentivar outros realizadores a contarem histórias do mesmo modo.
Sim, o filme não é uma obra-prima. Sequer é compreensível a indicação de Adrien Brody visto que esta atuação nem está entre as melhores de sua própria carreira, mas seu valor está no contexto geral, em ver uma história ser contada sem pressa, utilizando um indivíduo para representar todo um período histórico.
A trilha sonora é incrível, digna de grandes clássicos. Guy Pearce e Felicity Jones roubam a cena sempre que aparecem. Mas de fato o grande trunfo do filme é sua edição. Isso porque 3h:20min não são fáceis de assistir e, mesmo não tendo um ritmo frenético, a montagem faz com que seja agradável passar esse tempo assistindo esta história extremamente pesada e injusta.
É como O Irlandês: Poderia ser contado de uma forma mais sucinta? Com certeza, mas também seria um grande pecado se isso acontecesse.
Sem Chão
4.2 68 Assista AgoraSenti falta de uma contextualização maior dessas expulsões. Mesmo com o foco do documentário sendo o sentimento dos moradores e sua luta constante pela manutenção de suas residências, ainda assim se torna um pouco confuso por se tratar de uma situação que se prolonga por vários anos, te deixando curioso para saber sobre como a situação é resolvida de imediato, se eles se dirigem a outro vilarejo, se acabam se afastando da região ou quanto tempo ficam nas cavernas, quanto tempo leva a reconstrução e até mesmo se de fato os locais destruídos acabam sendo utilizados como campo militar. A ausência de demonstração dessa parte mais prática dos ocorridos, que poderia facilmente ser explicada com um mapa das destruições e assentamentos, deixa o filme incompleto para quem não conhece a causa.
Batalhão 6888
3.7 110Esse eu fiquei impressionado pelo seguinte: ele é clichêzão, tem diálogos bem vergonha alheia, personagens estereotipados, as atuações sequer são grande coisa e tem bem o aspecto de filme feito para a televisão, mas mesmo com tudo isso é uma delícia de assistir.
Sim, porque seus clichês pegam a gente de jeito, sabemos que estamos sendo usados em momentos criados de propósito para ficarmos com raiva, ou uma música que vem crescendo para aumentar a emoção, e mesmo assim você fica vidrado na tela e torce por aquelas personagens.
Kerry Washington domina o filme com uma personagem extremamente cativante, te prendendo sempre que aparece em tela, e as imagens de arquivo dão o toque final de homenagem que o filme representa.
É um ótimo sessão da tarde para assistir com a família (e não tem nada de pejorativo nisso).
Um Completo Desconhecido
3.5 204 Assista AgoraPara quem já gosta de Bob Dylan é delicioso de assistir. Ele consegue te levar para a Nova York dos anos 60 e você consegue visualizar as mesmas pessoas e ruas que aparecem na capa do Freewheelin’ Bob Dylan. As músicas são incríveis e, mesmo com os atores não entregando atuações fora de série, são bem competentes ao contar esse história, te convencendo ao menos como músicos. Sim, em nenhum momento você esquece que está vendo o Timothee Chalamet ao invés do Bob Dylan, o que não é necessariamente algo ruim quando um dos focos do filme são as personas que Dylan adota ao longo da vida (e que inclusive foi a ideia do filme anterior sobre o cantor, Não estou lá). Tem algumas pistas sobre o futuro, como menções aos Beatles e ao acidente de moto, dando algo a mais para os fãs.
No entanto, para quem não conhece o filme pode parecer vazio, como se fosse um filme de Dylan sem Dylan. Isso porque ele pega a fase inicial do cantor, quando de fato sua vida era uma página em branco, ele inventava sua origem e pouco se sabia a seu respeito. O filme faz um retrato do período, não de Dylan, algo importante de se ter em mente.
Mesmo tendo uma sequência final um pouco cansativa quando quer tratar da gravação do Highway 61 revisited e de um relacionamento, acaba sendo maravilhoso com o show em sequência.
A Semente do Fruto Sagrado
3.9 134 Assista AgoraNão consegui gostar. Achei extremamente cansativo, principalmente pelo foco do filme que vai alternando entre a revolução popular e a família, não conseguindo focar de forma suficiente em nenhum dos dois. Sobre o primeiro ponto, mostra somente imagens de arquivo. Sobre o segundo, não nos dá motivos suficientes para nos apegarmos a qualquer dos personagens ou comprar sua ideia de loucura e fanatismo, a ponto de não temermos qualquer consequência ao final.
O Aprendiz
3.5 169 Assista AgoraÉ um pouco difícil de definir sobre a sua qualidade. Isso porque o filme tem duas partes: a primeira hora inicial, focada em Roy Cohn e como ele foi um mentor de um Trump "ingênuo" na sociedade americana; e a segunda hora, em que Cohn mal aparece, com um Trump que aprende as dicas de forma tal que acaba superando seu mestre.
As duas metades são muito boas. A primeira por focar mais na parte histórica e tendo a atuação incrível de Jeremy Strong que rouba a cena, e a segunda por ter um ritmo melhor e uma fotografia que lembram muito as imagens de arquivo da televisão (Na parte final Sebastian Stan está idêntico ao Trump atual, até mesmo nos trejeitos).
No entanto, parece que essas duas partes, mesmo contando a mesma história, não conversam tanto entre si, sendo até mesmo abrupta essa divisão feita, como se tivesse ocorrido um salto no tempo que não conseguimos ver, atrapalhando a nossa imersão na história. Ainda, tem atores e personagens tão bons, como Maria Bakalova como Ivana Trump, que o filme acaba parecendo incompleto ao não nos mostrar o que acontece com ela (mesmo com o divórcio acontecendo dentro do período retratado).
Memórias de um Caracol
4.2 96Mesmo ficando um pouco cansativo no seu encerramento, a forma como essa história é contada é tão fascinante que te dá vontade que ela se estenda por vários minutos a mais, só para ir te apresentando novos personagens. Porque apesar de sua protagonista ser Grace, o que torna interessante e gostoso de ver essa história extremamente pesada são os personagens que vão surgindo ao longo do filme. São eles que tornam toda essa história que trata sobre depressão, fetiches, fanatismo religioso e preconceitos uma coisa mais palpável de se digerir, te fazendo refletir por um bom tempo mesmo após o final da trama. É um dos melhores do ano.
A Garota da Agulha
4.0 263 Assista Agora“A humanidade é horrível”
Este é um que merecia também estar indicado nas categorias de roteiro. É como um bom livro adaptado, com diversos pequenos plot twists ao longo do filme, como que demonstrando um final de capítulo que te deixa ansioso pelo seguinte. É interessante porque em nenhum momento essas viradas parecem deslocadas na história. Você torce pelo resultado contrário, óbvio, mas mesmo assim quando vem a pancada ainda é algo condizente com a história.
Não sei se foi algo proposital ou não, mas tem um elemento específico que lembra Misery do Stephen King (o livro, não o filme).
Quando Stephen King descreve a personagem de Kathy Bates, que também é uma assassina de bebês, ele descreve muito os olhos da personagem, colocando-os como olhos retos, igual daquelas pinturas de filme em que alguém colocava o rosto atrás para espionar quem está na sala
P.S.: Quem foi leitor nos anos 90 vai encontrar muita semelhança na cena da agulha com a criada por Sidney Sheldon em O Outro Lado da Meia Noite.
A Verdadeira Dor
3.5 204 Assista AgoraComo é bom ter de volta um ótimo filme de roteiro. Criado de uma maneira completamente despretensiosa, é impressionante como um filme que mal chega aos 90 minutos nos deixa reflexivos por muito mais tempo. Porque, de forma muito inteligente, ele cria personagens que não são um fim em si mesmo, que não estão preocupados em trazer uma respostas para as suas (e as nossas) angústias, mas sim mostrar um momento da vida que todos já passamos ou que, inevitavelmente, teremos que passar, transcendendo a análise dessa dor para outras formas como a solidão, a depressão e até o holocausto. Sua inteligência vem de saber que não vai conseguir trazer respostas para esses temas e então, por deixar essa tarefa ao espectador, o filme acaba sendo ainda mais tocante. Kieran Culkin está incrível no filme, tomando conta sempre que aparece, até mesmo quando está errado, e seu olhar final é o mais verdadeiro que alguém que já esteve em sua posição pode transmitir. Você não vê mentira ali, e por isso o filme te acompanha mesmo após o fim.
Flow
4.2 507Claramente o filme foi feito por uma pessoa que prefere gatos do que cachorros (e talvez por isso eu não tenha me apegado tanto). É um trabalho incrível, uma aula sobre fazer cinema. O filme tem ritmo, é fluído e mesmo sem qualquer diálogo te deixa apreensivo e curioso sobre como essa história irá se acabar. E, mesmo com uma história dessas tendo o direito de ser contada da forma como quiser, ainda tem um aspecto técnico incrível. A água parece real, os animais repetem os movimentos que realmente fariam na situação e, em alguns casos, sequer são espécies comuns, como por exemplo capivaras e lêmures. Particularmente, dentre os indicados, The Wild Robot me cativou mais, mas unicamente pelo aspecto pessoal.
O Reformatório Nickel
3.3 146 Assista AgoraUm bom filme que é atrapalhado pela narrativa lenta. Seu ponto forte é essa inovação ao buscar contar toda a história (e não somente um trecho) com a câmera em primeira pessoa, mesmo quando alterna os pontos de vista. No entanto a inovação por si só não segura o filme e, quando começa a prolongar os eventos, termina prejudicando seu próprio plot twist, fazendo com que o impacto seja menor do que deveria. Indicações justas nas duas categorias.
Sing Sing
3.8 125 Assista AgoraEsse é o verdadeiro sentido de "Ars Gratia artis". É um filme tocante e preocupado em mostrar seres humanos, e faz isso de uma forma tão inteligente que a única vez em que fala sobre o crime cometido é quando se refere à pessoa que foi presa injustamente. Sobre os demais isso pouco importa porque o foco sobre eles é a transformação originada.
Colman Domingo é um daqueles caras que te dá vontade de ser amigo, tendo mais uma vez uma atuação incrível e, por sorte, todos os demais são tão bons interpretando a si próprios que o filme se torna agradável de assistir, deixando de lado a tragédia para focar na comédia absurda.
P.S.: Daquelas coincidências que a vida causa: O livro "A glória e seu cortejo de horrores" da Fernanda Torres termina no exato ponto em que Sing Sing começa.
Emilia Pérez
2.4 464 Assista AgoraConfesso que gostei do filme, mesmo tendo visto já predisposto a odiar (não saía da minha cabeça a cena que viralizou na internet do "From penis to vagina"). Mas o principal que me fez mudar de opinião foram dois pontos que estavam me incomodando durante toda a história e que fizeram sentido no momento dos créditos.
O primeiro era referente às músicas. Apesar de ter alguns números muito bons outras pareciam deslocadas, o que me fazia pensar “Isso faria mais sentido no teatro, não no cinema musical”, até que vi nos créditos finais que Emilia Perez é uma adaptação de uma ópera (que por sua vez é adaptada de um livro), fazendo sentido então as canções com diálogos comuns, ao estilo da ópera. Esta era uma informação essencial que deveria ser anunciada.
E o outro era a indicação de Karla Sofia Gascón como melhor atriz sendo que, confesso, não via nada de extraordinário em sua Emilia Perez, até perceber nos créditos que ela não fez somente Emilia, mas também o seu eu masculino, realmente tendo uma atuação completamente diferente a ponto de parecer outra pessoa.
Afora essa estranheza em alguns números musicais é um bom filme. Não chega a ser uma obra prima digna das 13 indicações mas tem vários elementos de destaque. Ainda, ao menos para mim, a atuação da Selena Gomez foi muito mais potente do que a de Zoe Saldaña, merecendo muito mais uma indicação.