É um filme bem vazio em termos de plot, não tendo muito sucesso em construir o drama do protagonista - e, portanto, nos fazer se importar com ele - nem de entregar a mitologia ou a reviravolta que promete. Mas The Invitation é um filme de suspense, então isso não importa tanto não é? É a tensão insidiosa e paranoica que permeia boa parte da obra que é a protagonista, e ela está lá: talentosamente dosada, trazendo o protagonista - e eu - até o limite com sua cadência branda e enganadora. Ainda que eu tenha um problema grande com a montagem do filme, principalmente no primeiro ato, O Convite é uma boa pedida pra quem curte um suspense despretensioso e certeiro, já que suas qualidades certamente ultrapassam os deslizes.
É um filme muito bem executado, com destaque para o elenco impecável e para a montagem, que me governou entre fluidez e tensão na medida certa enquanto assistia. Eu gostei muito do fato de que, apesar de ser um filme extremamente virtuoso e controlado tecnicamente, além de edificar uma discussão social não muito sutil - e sim veemente - em seu todo, o filme nunca deixa a história e a importância de seus personagens em segundo plano em detrimento destes aspectos. É verdade que se conhecêssemos um pouco mais cada um Parasita seria um filme mais marcante, mas ao mesmo tempo há de se valorizar o equilíbrio de Bong Joon-ho entre contar as histórias de seus personagens e produzir um sentido marcante para seus contextos, sem fracassar em nenhum. Dito isso, não acho que Parasita seja nenhuma obra-prima, mas é certamente um filme importante e não imagino ninguém além de Bong Joon-ho capaz de executar uma obra dessas na tela: provocativa, perturbadora e, ainda assim, divertida, cheia de humor, ação e dramédia.
Coutinho e uma pequena equipe de filmagem sobem, dentre todos os lugares do Rio de Janeiro, o Morro Chapéu Mangueira, no ano novo de 1999 - a virada do século. Essa é a abertura para a abordagem de moradores da comunidade e para o garimpo fértil de Coutinho em capturar toda a poesia, vivacidade e dor de um coletivo, tanto quanto de indivíduos por si só, singulares. Bem difícil expressar em palavras o que é esse doc e o que ele passou, sinceramente rs
É um documento audiovisual bem didático do livro da Daniela Arbex. As imagens junto ás vozes (finalmente) ouvidas têm um impacto vívido e, por isso, extremamente relevante, fazendo do documentário um complemento essencial ao livro. Ambos - filme e livro -são advertências passageiras da atrocidade que resulta do aniquilamento do sujeito, por mais assustadoramente simples que seja o fazê-lo.
Acredito que por já admirar bastante o trabalho do Petzold, este último acabou não me agradando tanto quantos seus primeiros. A narração, ainda que belamente justificada, me incomodou bastante em seu desvio dos silêncios narrativos tão expressivos e presentes nas outras obras do diretor. É que o que me fascina nesse tipo de narrativa que Petzold domina com tanta maestria é o contraste que tais silêncios podem possibilitar, das mais diversas formas, criando uma ambiguidade intensa, tão gritante quanto silenciosa. Não encontrei muito desse contraste aqui. Mas, aparte disso, Transit não deixa de ser um filme competente e emocionante, que amarra história-fato e poesia-humana de maneira segura, bela e trágica, ainda que nunca demonstre perseguir estes dois últimos aspectos à custa da humanidade de seus personagens.
É um filme expõe questões gritantes numa cadência sutil. É interessante pensar que, como o filme de Muylaert comprova, é possível - e até mesmo essencial - a simplicidade não derivar para uma superficialidade, mas sim englobar múltiplas questões, perspectivas, subjetividades. Que Horas Ela Volta? tem muito dessa simplicidade certeira, seja no roteiro, em todo o esmero na composição de suas cenas ou na atuação magistral de Regina Casé, componentes de um todo que se torna rico e vivido, sem se distanciar de quem o assiste. Não subestimem esse filme, nem o talento de sua diretora.
É difícil descrever poesia, principalmente as melhores. E é isso que este filme é: um pouco que engloba muito. Imensidões de desejo, amor, tristeza, beleza. Acabei o filme sem palavras, apenas sentimento.
É impossível assistir The Farewell e não recordar, em alguns momentos, de outros dramas familiares produzidos no oriente, sejam clássicos ou contemporâneos, de Ozu à Koreeda. Por outro lado, a influência ocidental no filme é visivelmente presente, fazendo dele um híbrido interessante, que dá novos contornos a este tipo de filme. A obra de Lulu Wang é, portanto, mais dinâmica e menos melancólica, cedendo gradativamente espaços para seu drama se instalar, buscando que seus subtextos sejam, acima de tudo, sentidos. É interessante imaginar que o filme funcionaria perfeitamente dentro de uma abordagem ainda mais cadenciada, sutil e tipicamente oriental, mas sua hibridez fascina pela forma - também deveras suave e orgânica - que é edificada, cumprindo, afinal, com o objetivo de emocionar, dar peso ao drama de seus personagens e suscitar reflexões em que as respostas não são fáceis de serem completamente determinadas. Apenas uma ressalva: gostaria de ter visto mais no filme sobre o passado, bem como da vida atual, da protagonista. Nos momentos em que o filme nos apresentou algumas cenas envolvendo essas questões, emergiram discussões geracionais com grande potencial, que atravessam todo o filme, mas que nunca chegam a ganhar um protagonismo cujas sementes para tal estavam presente. Uma escolha do filme que eu não apreciei, mas que respeito.
O Projeto Flórida de 2018: Doce, cativante e por vezes devastador. Support the Girls é um filme que poderia facilmente ser tomado como oportunista num momento de Time's Up na indústria, mas suas personagens e situações são tão orgânicas que fica inegável a autenticidade da obra e todo o carinho com que ela foi edificada. Dos meus favoritos de 2018.
Tenho um apreço muito grande por filmes que conseguem ser extremamente diretos em suas intenções e ao mesmo tempo conquistam certos espaços vazios no seu decorrer, esses que nos permitem derivar, absorver e sentir a obra e seus desdobramentos. Essa conquista vem de uma consciência profunda sobre o que se está edificando e uma habilidade imensa e sensível para o fazê-lo. Este primeiro filme que vejo de Rainer Werner Fassbinder é assim: uma simplicidade que engloba imensidões, ainda que flerte com um melodrama que raramente me agrada o cineasta alemão já me conquistou de cara e o fato de O Medo Devora a Alma ser um filme sobre dois indivíduos que até hoje são, de certa forma, "invisíveis" ao mundo, e que encontram algo imperfeito e gentil em sua união é algo que ficará comigo para sempre junto à ideia do cineasta. É uma bela imagem.
Antes de tudo é preciso dizer que Logan Lerman está excepcional aqui. Sua atuação, assim como o filme, passaram muito batidos em 2016, ambos são extremamente relevantes. Indignação é uma obra que cutuca de maneira veemente uma das feridas mais complexas da sociedade, seja de qualquer época ou país: a moral. No contexto do filme, a relação dessa moral com a sociedade da época faz um prato cheio para uma dissecação desse elemento complexo e suas diversas faces - em especial a repressão. Nela, a hipocrisia de um conservadorismo pretensioso entra em choque com uma guerra que faz vítimas os próprios jovens a que essa sociedade vive de repreender tão histericamente. Com o passar do filme, o embate acaba se estabelecendo sofridamente dentro do protagonista: temer a morte física ou a moral? É certo que a sociedade americana já tem uma resposta para esse pergunta até hoje rs Esse embate é posto em tela da mais sutil das maneiras, e toma forma muitas vezes como uma história de amor, o que acaba marcando o filme com um quê de tragédia inevitável. Uma tragédia pragmática, relevante e, em alguns ínfimos instante, deveras bela. Não é pouco o que Indignation consegue englobar.
Closet Monster é um debute e tanto para o diretor Stephen Dunn, pois funciona exatamente como um típico debute em sua linguagem - inovador, audacioso, livre - ao mesmo tempo que tem por trás uma equipe segura de suas pretensões, seja estética e no roteiro. Dessa forma, é um filme com pouquíssimos deslizes típicos de um cineasta iniciante, e que constrói um tema tão importante e complexo quanto a autoaceitação de maneira muito imaginativa e cativante, ainda que intensa. É muito fácil confundir câmera lenta e música pop com uma narrativa pop de qualidade, e esse erro Dunn não comete. Closet Monster cai em poucos lugares comuns no que se refere aos momentos mais importantes de sua narrativa, e quando o faz, consegue aquele estabelecer aquela deliciosa e verdadeira familiaridade que um clichê bem estruturado pode apresentar: a empatia. Não é só um filme gay ou sobre sair do armário, é um coming-of-age de grande qualidade: o amadurecimento, os sonhos e o senso de realidade do protagonista são constantemente colocados em cheque. Com isso o filme consegue agarrar muito mais do que vários filmes já tentaram (inclusive o pífio debute de outro Canadense tão laureado por aí rs)
Por mais que sua credibilidade possa ser contestada e que apele para pieguismos em algumas cenas, Na Captura dos Friedmans é um documento extremamente interessantes - e perturbador - em diversos sentidos. A narrativa de Andrew Jarecki em seus docs é sempre muito cínica, mas ao mesmo tempo o fator mais distinto de seu cinema é o de humanizar seus supostos monstros. Essa constituição ambígua rendeu pérolas como Catfish e The Jinx, mas aqui ela assume uma nota um tanto peculiar ao nos inserir num contexto tão universal quanto o de uma família. O final ou a verdade acabam não importanto quando podemos assistir em primeira mão a desintegração e as desfuncionalidades de uma família diante da sociedade e de si mesmos.
Talvez o melhor filme do PTA? Talvez o melhor filme do PTA. Trama Fantasma é muito fascinante, realmente me surpreendeu pois esperava um filme bem mais lento e impenetrável - adjetivos que muitos usaram para descrever o filme e que não necessariamente são um defeito dentro do cinema do diretor. Entretanto, o que encontrei foi um vigor tremendo do filme para me manter indagando constantemente, de reter uma intensidade narrativa do início ao fim sem apresentar qualquer fiapo substancial de subtrama. O filme é todo Day-Lewis e Vicky Krieps e seus personagens, e dentro da relação dos dois há uma miríade de temas explodindo e mutando de uma maneira que poucas vezes vi igual. É um filme visceral, em certo sentido, mesmo em meio à todo o cetim, pois algumas das características fundamentais do ser humano que são expostas nele - em especial o desejo e a necessidade do outro - não poderiam ser retratadas de outra maneira que não fosse da a pompa implacável e quase vil com que é apresentada. Às vísceras expostas, não evitarei dizer: obra-prima.
É um filme que, por todo o meu atraso em pegar para assisti-lo, acaba perdendo um pouco de sua potencial intensidade graças à constante reciclagem de suas temáticas e artifícios nas últimas décadas. Ainda assim, meu gosto pelo filme vai além de uma admiração distante, pois ele não deixa de ser uma obra bem certeira em quase todos os sentidos: um terror bem equilibrado, que deixa seus elementos crescerem e trabalharem em nossa imaginação e nos personagens, um filme do gênero que ainda tanto nos faz falta nos dias de hoje.
Por boa parte de Call Me By Your Name eu não consigo me desligar da lembrançada poderosa da narrativa do livro que inspirou o filme. E isso não é exatamente um bom sinal. É difícil explicar pois o roteiro do filme beira à genialidade, transformando elementos próprios do livro para elementos próprios de seu próprio mundo cinematográfico - e mesmo assim não necessariamente diferentes. O filme é um conto de fadas, como já somos informados na primeira informação que recebemos: o Era uma vez em forma de "Em algum lugar na Itália...", e isso felizmente não significa que a obra abra mão de seu senso de realidade - e, portanto, relevância - mas apenas o faz por outras vias e enfoques. Por mais que seja possível apontar momentos em que o utopismo de Call By Your Name atrapalhe sua credibilidade e, portanto, a nossa imersão, seu alvo se mostra poderoso e certeiro: os sentimentos se afloram de maneiras tanto bela quanto perversas, e isso é incrível. Esse feito, que dá à obra de Guadagnino o quê de relevância e qualidade inegáveis, só é possível em tal grau de intensidade porque todo o resto que haveria - os pequenos e grandes dramas que são excluídos do paraíso de Elio e Oliver - não existem para nos distrair e diluir as lágrimas que deixamos rolar, literal ou espiritualmente, nos últimos momentos do filme, por exemplo. E isso sem mencioar a sagacidade e sensibilidade que a obra tem ao puxar este tapete irreal e mostrar não tudo, mas o detalhe perverso do pouco (que já é imensidão) que acaba expondo.
Pois bem, o livro faz seu conto de fadas também, mas por todo outro viés (se você gosta do filme por causa de como o filme trata de maneira intensa sobre o desejo e a paixão, experimente ler o livro rs), e também por outro enfoque: no livro, o agridoce complexo do término é só uma nota de rodapé diante de um monumento colossal construído para nos fazer experienciar, também de maneira ambivalente, a divindade do desejo. A diferença porém, é que a obra literária foi minha primeira experiência com Elio e Oliver. E o poder de sua narrativa me marcou tanto que, mesmo reconhecendo suas conquistas, o material original ressoa demais em mim para assistir o filme como tal. É com essa honestidade que percebi que não sou capaz de avaliar Call Me By Your Name satisfatoriamente de qualquer maneira, objetiva ou sentimentalmente. Andrei Tarkovski afirmou num dos primeiros capítulos de seu diário que nunca adaptaria uma obra literária de grande força narrativa - ou talvez estética, nas palavras dele. O choque de forças seria muito grande, e em sua visão o perdedor já estaria - na sua forma - sempre declarado. Estou com ele nessa rs
É um dos poucos filmes desse século que chegam perto da perfeição. Onde os Fracos Não Tem Vez é implacável, lacônico e filosófico; e a sua execução está em perfeita consonância com esses pilares propostos pelos diretores.. Muito pode se dizer sobre como o filme mostra um lado absoluto da maldade humana, ou do mundo. E não faz isso ao rebaixar o ser humano ao status de animal como muitos já o fizeram, mas trazendo esse status de implacável e quase instintivo à um lado próprio de seus portadores em tela. Dentro disso, e com a atitude que a obra toma em todas as suas cenas, é possível interpretá-lo como um filme muito mais resignado do que pessimista. A diferença para mim é bem grande: enquanto um é informação, o outro é valor, e há de se prezar as poucas obras de arte que conseguem fazer essa diferenciação e então retratar um e outro como tal (não que qualquer obra tenha a obrigação de fazer isso).
Os Cohen trazem a informação dos termos do universo humano em suas piores - mas não esquece-se, verdadeiras - faces, e não às permite nenhuma redenção, em nenhum momento do filme, acentuando essa inexorabilidade. É possível apontar uma briga de luz e trevas na obra, mas uma com o resultado já declarado de antemão - e reafirmado a cada situação retratada. Mas eu prefiro pensar que, ao final do filme, a sensação passada é a de que tudo se misturou, na verdade mais isso: que talvez tudo - a "luz" e a "treva" - já estivesse ligado, nessa inexorabilidade, desde o princípio. Para alguns isso é uma pensamento abominável, talvez não mentiroso, mas há de ser bem encaixotado e posto de lado permanentemente. Para os Cohen - e para mim - essa é uma questão de peso justamente por ser tão fundante em sua inevitabilidade: para se aceitar algo, é primeiro preciso tomar consciência de sua existência e até mesmo ter a audácia, ou o desapego, de buscar seus contornos e forma - e é em nisso que vejo que o filme se apoia. Há tantas maneiras de se dizer tudo isso, principalmente das maneiras mais chocantes e verborrágicas - o discurso moderno parece claramente tangenciado por esse lado negro de seu mundo-produto. Entretanto, No Country For Old Men conta tudo isso como um suspiro. Seja ele resignação pura ou com pretensões de desafio, há muito o que se discutir.
É a obra-prima de Miyazaki. Todas as suas temáticas recorrentes como o conflito natureza x humano, a vilanidade do belicismo e a busca por uma identidade harmônica se encontram aqui de maneira mista e concisa como em nenhum outro filme do diretor. Para isso, Miyazaki abre mão de sua usual narrativa derivante, que abre espaço para seus universos florescerem como por vida própria, e alinha seus esforços em direção à seus dois personagens principais. Essa escolha não significa que o universo de Monoke é menos rico ou fascinante, justamente pelo fato desses dois personagens englobarem tanto de seu cinema e complexidade em si, Ashitaka e Monoke são os produtos opostos de um mesmo mundo em conflito, representando a conciliação e a fúria de duas almas em busca de paz no seu mundo - por diferentes vias. A mitologia do filme funciona como de costume, com uma explosão de vivacidade, bela e terrível, a cada cena, e uma sensibilidade inconfudível referente ao estúdio Ghibli. Eu ainda prefiro os filmes mais "viajados" e menos certeiros do Miazaki, mas foi incrível ver do que o diretor é capaz quando se propõe a colocar os dedos na ferida de maneira mais veemente.
É um dos poucos casos em que a gente acaba o filme pensando que ele foi curto demais para todo o potencial envolvido. Roxanne Roxanne tem um elenco espetacular, um texto competente e uma figura interessantíssima e carismática para retratar. Ainda assim, todos os méritos conquistados, as camadas retratadas na tela, mesmo que bastante competentes, soam insuficientes para dar os contornos à uma personagem da magnitude de Shante, principalmente no que se refere à sua relação e habilidades com o rap. Bem, não deixa de ser um filme fascinante.
A ideia desse filme é muito interessante, talvez por ela eu até acabe lendo o livro. O filme também o é, mas parece não chegar ao potencial completo de suas pretensões. Primeiro porque as pretensões de um filme como esse, ou pelo menos da maneira que ele busca ser executado, demandariam um orçamento maior, um trabalho de efeitos especiais que criasse um universo provável, vivo, para podermos adentrá-lo com todas as emoções que a obra busca capturar de nós: deslumbre, horror, medo e curiosidade. Mas o resultado na verdade é bastante, bastante artifical, a fotografia é irritantemente engessada, os planos perdendo qualquer poder de deslumbre por isso, e a busca por sequências mais escuras e fechadas, além de rápidas, na hora da ação é um sintoma precário da falta de recursos do diretor - financeiros mas também de sua própria capacidade diante de suas dificuldades. Além disso, por mais que tenha seus pontos altos, Aniquilação é um filme bem óbvio narrativamente, que talvez desse mais certo como um simples filme independente (hello Ex-Machina), mas se acha inteligente demais dentro de sua pretensa simplicidade ao também assumir o posto de uma grande produção, assim falhando. É um filme um pouco infeliz, talvez mais do que isso, mas não chega a ser uma perda de tempo.
ake Your Pills é um documentário muito pouco ambicioso, se certificando de mostrar apenas o básico de sua temática para o espectador e, mesmo nesse básico, não demonstrando um vigor nem um paixão muito grande pelo seu discurso - já li comentários dizendo que para um filme que busca expor o abuso de estimulantes nos EUA ele é um ótimo comercial de Adderal rs e em muitos momentos eu não consigo discordar disso. O filme se recusa a qualquer aprofundamento de sua temática tão importante e rica em problemáticas: É um documentário que não faz questão nenhum de produzir perguntas relevantes. Entretanto, não acredito que ele seja por completo descartável, apenas esquecível.
O Convite
3.3 1,1KÉ um filme bem vazio em termos de plot, não tendo muito sucesso em construir o drama do protagonista - e, portanto, nos fazer se importar com ele - nem de entregar a mitologia ou a reviravolta que promete. Mas The Invitation é um filme de suspense, então isso não importa tanto não é? É a tensão insidiosa e paranoica que permeia boa parte da obra que é a protagonista, e ela está lá: talentosamente dosada, trazendo o protagonista - e eu - até o limite com sua cadência branda e enganadora. Ainda que eu tenha um problema grande com a montagem do filme, principalmente no primeiro ato, O Convite é uma boa pedida pra quem curte um suspense despretensioso e certeiro, já que suas qualidades certamente ultrapassam os deslizes.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraÉ um filme muito bem executado, com destaque para o elenco impecável e para a montagem, que me governou entre fluidez e tensão na medida certa enquanto assistia. Eu gostei muito do fato de que, apesar de ser um filme extremamente virtuoso e controlado tecnicamente, além de edificar uma discussão social não muito sutil - e sim veemente - em seu todo, o filme nunca deixa a história e a importância de seus personagens em segundo plano em detrimento destes aspectos. É verdade que se conhecêssemos um pouco mais cada um Parasita seria um filme mais marcante, mas ao mesmo tempo há de se valorizar o equilíbrio de Bong Joon-ho entre contar as histórias de seus personagens e produzir um sentido marcante para seus contextos, sem fracassar em nenhum. Dito isso, não acho que Parasita seja nenhuma obra-prima, mas é certamente um filme importante e não imagino ninguém além de Bong Joon-ho capaz de executar uma obra dessas na tela: provocativa, perturbadora e, ainda assim, divertida, cheia de humor, ação e dramédia.
Babilônia 2000
4.3 38Coutinho e uma pequena equipe de filmagem sobem, dentre todos os lugares do Rio de Janeiro, o Morro Chapéu Mangueira, no ano novo de 1999 - a virada do século. Essa é a abertura para a abordagem de moradores da comunidade e para o garimpo fértil de Coutinho em capturar toda a poesia, vivacidade e dor de um coletivo, tanto quanto de indivíduos por si só, singulares. Bem difícil expressar em palavras o que é esse doc e o que ele passou, sinceramente rs
Holocausto Brasileiro
4.3 154É um documento audiovisual bem didático do livro da Daniela Arbex. As imagens junto ás vozes (finalmente) ouvidas têm um impacto vívido e, por isso, extremamente relevante, fazendo do documentário um complemento essencial ao livro. Ambos - filme e livro -são advertências passageiras da atrocidade que resulta do aniquilamento do sujeito, por mais assustadoramente simples que seja o fazê-lo.
Em Trânsito
3.8 49Acredito que por já admirar bastante o trabalho do Petzold, este último acabou não me agradando tanto quantos seus primeiros. A narração, ainda que belamente justificada, me incomodou bastante em seu desvio dos silêncios narrativos tão expressivos e presentes nas outras obras do diretor. É que o que me fascina nesse tipo de narrativa que Petzold domina com tanta maestria é o contraste que tais silêncios podem possibilitar, das mais diversas formas, criando uma ambiguidade intensa, tão gritante quanto silenciosa. Não encontrei muito desse contraste aqui. Mas, aparte disso, Transit não deixa de ser um filme competente e emocionante, que amarra história-fato e poesia-humana de maneira segura, bela e trágica, ainda que nunca demonstre perseguir estes dois últimos aspectos à custa da humanidade de seus personagens.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraÉ um filme expõe questões gritantes numa cadência sutil. É interessante pensar que, como o filme de Muylaert comprova, é possível - e até mesmo essencial - a simplicidade não derivar para uma superficialidade, mas sim englobar múltiplas questões, perspectivas, subjetividades. Que Horas Ela Volta? tem muito dessa simplicidade certeira, seja no roteiro, em todo o esmero na composição de suas cenas ou na atuação magistral de Regina Casé, componentes de um todo que se torna rico e vivido, sem se distanciar de quem o assiste. Não subestimem esse filme, nem o talento de sua diretora.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 944 Assista AgoraÉ difícil descrever poesia, principalmente as melhores. E é isso que este filme é: um pouco que engloba muito. Imensidões de desejo, amor, tristeza, beleza. Acabei o filme sem palavras, apenas sentimento.
A Despedida
4.0 300É impossível assistir The Farewell e não recordar, em alguns momentos, de outros dramas familiares produzidos no oriente, sejam clássicos ou contemporâneos, de Ozu à Koreeda. Por outro lado, a influência ocidental no filme é visivelmente presente, fazendo dele um híbrido interessante, que dá novos contornos a este tipo de filme.
A obra de Lulu Wang é, portanto, mais dinâmica e menos melancólica, cedendo gradativamente espaços para seu drama se instalar, buscando que seus subtextos sejam, acima de tudo, sentidos. É interessante imaginar que o filme funcionaria perfeitamente dentro de uma abordagem ainda mais cadenciada, sutil e tipicamente oriental, mas sua hibridez fascina pela forma - também deveras suave e orgânica - que é edificada, cumprindo, afinal, com o objetivo de emocionar, dar peso ao drama de seus personagens e suscitar reflexões em que as respostas não são fáceis de serem completamente determinadas.
Apenas uma ressalva: gostaria de ter visto mais no filme sobre o passado, bem como da vida atual, da protagonista. Nos momentos em que o filme nos apresentou algumas cenas envolvendo essas questões, emergiram discussões geracionais com grande potencial, que atravessam todo o filme, mas que nunca chegam a ganhar um protagonismo cujas sementes para tal estavam presente. Uma escolha do filme que eu não apreciei, mas que respeito.
Support The Girls
3.5 47O Projeto Flórida de 2018: Doce, cativante e por vezes devastador. Support the Girls é um filme que poderia facilmente ser tomado como oportunista num momento de Time's Up na indústria, mas suas personagens e situações são tão orgânicas que fica inegável a autenticidade da obra e todo o carinho com que ela foi edificada. Dos meus favoritos de 2018.
O Medo Devora a Alma
4.3 112 Assista AgoraTenho um apreço muito grande por filmes que conseguem ser extremamente diretos em suas intenções e ao mesmo tempo conquistam certos espaços vazios no seu decorrer, esses que nos permitem derivar, absorver e sentir a obra e seus desdobramentos. Essa conquista vem de uma consciência profunda sobre o que se está edificando e uma habilidade imensa e sensível para o fazê-lo. Este primeiro filme que vejo de Rainer Werner Fassbinder é assim: uma simplicidade que engloba imensidões, ainda que flerte com um melodrama que raramente me agrada o cineasta alemão já me conquistou de cara e o fato de O Medo Devora a Alma ser um filme sobre dois indivíduos que até hoje são, de certa forma, "invisíveis" ao mundo, e que encontram algo imperfeito e gentil em sua união é algo que ficará comigo para sempre junto à ideia do cineasta. É uma bela imagem.
Jogo de Cena
4.4 346 Assista AgoraJogo de Cena é a imensidão que o cinema às vezes atinge (e a atinge com pouco, como sempre é).
Indignação
3.3 88 Assista AgoraAntes de tudo é preciso dizer que Logan Lerman está excepcional aqui. Sua atuação, assim como o filme, passaram muito batidos em 2016, ambos são extremamente relevantes.
Indignação é uma obra que cutuca de maneira veemente uma das feridas mais complexas da sociedade, seja de qualquer época ou país: a moral. No contexto do filme, a relação dessa moral com a sociedade da época faz um prato cheio para uma dissecação desse elemento complexo e suas diversas faces - em especial a repressão.
Nela, a hipocrisia de um conservadorismo pretensioso entra em choque com uma guerra que faz vítimas os próprios jovens a que essa sociedade vive de repreender tão histericamente. Com o passar do filme, o embate acaba se estabelecendo sofridamente dentro do protagonista: temer a morte física ou a moral? É certo que a sociedade americana já tem uma resposta para esse pergunta até hoje rs
Esse embate é posto em tela da mais sutil das maneiras, e toma forma muitas vezes como uma história de amor, o que acaba marcando o filme com um quê de tragédia inevitável. Uma tragédia pragmática, relevante e, em alguns ínfimos instante, deveras bela. Não é pouco o que Indignation consegue englobar.
O Monstro no Armário
3.7 237 Assista AgoraCloset Monster é um debute e tanto para o diretor Stephen Dunn, pois funciona exatamente como um típico debute em sua linguagem - inovador, audacioso, livre - ao mesmo tempo que tem por trás uma equipe segura de suas pretensões, seja estética e no roteiro. Dessa forma, é um filme com pouquíssimos deslizes típicos de um cineasta iniciante, e que constrói um tema tão importante e complexo quanto a autoaceitação de maneira muito imaginativa e cativante, ainda que intensa. É muito fácil confundir câmera lenta e música pop com uma narrativa pop de qualidade, e esse erro Dunn não comete.
Closet Monster cai em poucos lugares comuns no que se refere aos momentos mais importantes de sua narrativa, e quando o faz, consegue aquele estabelecer aquela deliciosa e verdadeira familiaridade que um clichê bem estruturado pode apresentar: a empatia. Não é só um filme gay ou sobre sair do armário, é um coming-of-age de grande qualidade: o amadurecimento, os sonhos e o senso de realidade do protagonista são constantemente colocados em cheque. Com isso o filme consegue agarrar muito mais do que vários filmes já tentaram (inclusive o pífio debute de outro Canadense tão laureado por aí rs)
Minha Vida de Abobrinha
4.2 301 Assista AgoraDaqueles que a (aparente) simplicidade acaba encantando até demais.
Na Captura dos Friedmans
3.9 58 Assista AgoraPor mais que sua credibilidade possa ser contestada e que apele para pieguismos em algumas cenas, Na Captura dos Friedmans é um documento extremamente interessantes - e perturbador - em diversos sentidos. A narrativa de Andrew Jarecki em seus docs é sempre muito cínica, mas ao mesmo tempo o fator mais distinto de seu cinema é o de humanizar seus supostos monstros. Essa constituição ambígua rendeu pérolas como Catfish e The Jinx, mas aqui ela assume uma nota um tanto peculiar ao nos inserir num contexto tão universal quanto o de uma família. O final ou a verdade acabam não importanto quando podemos assistir em primeira mão a desintegração e as desfuncionalidades de uma família diante da sociedade e de si mesmos.
Trama Fantasma
3.7 805 Assista AgoraTalvez o melhor filme do PTA? Talvez o melhor filme do PTA. Trama Fantasma é muito fascinante, realmente me surpreendeu pois esperava um filme bem mais lento e impenetrável - adjetivos que muitos usaram para descrever o filme e que não necessariamente são um defeito dentro do cinema do diretor. Entretanto, o que encontrei foi um vigor tremendo do filme para me manter indagando constantemente, de reter uma intensidade narrativa do início ao fim sem apresentar qualquer fiapo substancial de subtrama. O filme é todo Day-Lewis e Vicky Krieps e seus personagens, e dentro da relação dos dois há uma miríade de temas explodindo e mutando de uma maneira que poucas vezes vi igual.
É um filme visceral, em certo sentido, mesmo em meio à todo o cetim, pois algumas das características fundamentais do ser humano que são expostas nele - em especial o desejo e a necessidade do outro - não poderiam ser retratadas de outra maneira que não fosse da a pompa implacável e quase vil com que é apresentada. Às vísceras expostas, não evitarei dizer: obra-prima.
O Exorcista
4.1 2,4K Assista AgoraÉ um filme que, por todo o meu atraso em pegar para assisti-lo, acaba perdendo um pouco de sua potencial intensidade graças à constante reciclagem de suas temáticas e artifícios nas últimas décadas. Ainda assim, meu gosto pelo filme vai além de uma admiração distante, pois ele não deixa de ser uma obra bem certeira em quase todos os sentidos: um terror bem equilibrado, que deixa seus elementos crescerem e trabalharem em nossa imaginação e nos personagens, um filme do gênero que ainda tanto nos faz falta nos dias de hoje.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraPor boa parte de Call Me By Your Name eu não consigo me desligar da lembrançada poderosa da narrativa do livro que inspirou o filme. E isso não é exatamente um bom sinal. É difícil explicar pois o roteiro do filme beira à genialidade, transformando elementos próprios do livro para elementos próprios de seu próprio mundo cinematográfico - e mesmo assim não necessariamente diferentes. O filme é um conto de fadas, como já somos informados na primeira informação que recebemos: o Era uma vez em forma de "Em algum lugar na Itália...", e isso felizmente não significa que a obra abra mão de seu senso de realidade - e, portanto, relevância - mas apenas o faz por outras vias e enfoques. Por mais que seja possível apontar momentos em que o utopismo de Call By Your Name atrapalhe sua credibilidade e, portanto, a nossa imersão, seu alvo se mostra poderoso e certeiro: os sentimentos se afloram de maneiras tanto bela quanto perversas, e isso é incrível. Esse feito, que dá à obra de Guadagnino o quê de relevância e qualidade inegáveis, só é possível em tal grau de intensidade
porque todo o resto que haveria - os pequenos e grandes dramas que são excluídos do paraíso de Elio e Oliver - não existem para nos distrair e diluir as lágrimas que deixamos rolar, literal ou espiritualmente, nos últimos momentos do filme, por exemplo. E isso sem mencioar a sagacidade e sensibilidade que a obra tem ao puxar este tapete irreal e mostrar não tudo, mas o detalhe perverso do pouco (que já é imensidão) que acaba expondo.
Pois bem, o livro faz seu conto de fadas também, mas por todo outro viés (se você gosta do filme por causa de como o filme trata de maneira intensa sobre o desejo e a paixão, experimente ler o livro rs), e também por outro enfoque: no livro, o agridoce complexo do término é só uma nota de rodapé diante de um monumento colossal construído para nos fazer experienciar, também de maneira ambivalente, a divindade do desejo.
A diferença porém, é que a obra literária foi minha primeira experiência com Elio e Oliver. E o poder de sua narrativa me marcou tanto que, mesmo reconhecendo suas conquistas, o material original ressoa demais em mim para assistir o filme como tal. É com essa honestidade que percebi que não sou capaz de avaliar Call Me By Your Name satisfatoriamente de qualquer maneira, objetiva ou sentimentalmente.
Andrei Tarkovski afirmou num dos primeiros capítulos de seu diário que nunca adaptaria uma obra literária de grande força narrativa - ou talvez estética, nas palavras dele. O choque de forças seria muito grande, e em sua visão o perdedor já estaria - na sua forma - sempre declarado. Estou com ele nessa rs
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraÉ um dos poucos filmes desse século que chegam perto da perfeição. Onde os Fracos Não Tem Vez é implacável, lacônico e filosófico; e a sua execução está em perfeita consonância com esses pilares propostos pelos diretores.. Muito pode se dizer sobre como o filme mostra um lado absoluto da maldade humana, ou do mundo. E não faz isso ao rebaixar o ser humano ao status de animal como muitos já o fizeram, mas trazendo esse status de implacável e quase instintivo à um lado próprio de seus portadores em tela. Dentro disso, e com a atitude que a obra toma em todas as suas cenas, é possível interpretá-lo como um filme muito mais resignado do que pessimista. A diferença para mim é bem grande: enquanto um é informação, o outro é valor, e há de se prezar as poucas obras de arte que conseguem fazer essa diferenciação e então retratar um e outro como tal (não que qualquer obra tenha a obrigação de fazer isso).
Os Cohen trazem a informação dos termos do universo humano em suas piores - mas não esquece-se, verdadeiras - faces, e não às permite nenhuma redenção, em nenhum momento do filme, acentuando essa inexorabilidade.
É possível apontar uma briga de luz e trevas na obra, mas uma com o resultado já declarado de antemão - e reafirmado a cada situação retratada. Mas eu prefiro pensar que, ao final do filme, a sensação passada é a de que tudo se misturou, na verdade mais isso: que talvez tudo - a "luz" e a "treva" - já estivesse ligado, nessa inexorabilidade, desde o princípio. Para alguns isso é uma pensamento abominável, talvez não mentiroso, mas há de ser bem encaixotado e posto de lado permanentemente. Para os Cohen - e para mim - essa é uma questão de peso justamente por ser tão fundante em sua inevitabilidade: para se aceitar algo, é primeiro preciso tomar consciência de sua existência e até mesmo ter a audácia, ou o desapego, de buscar seus contornos e forma - e é em nisso que vejo que o filme se apoia.
Há tantas maneiras de se dizer tudo isso, principalmente das maneiras mais chocantes e verborrágicas - o discurso moderno parece claramente tangenciado por esse lado negro de seu mundo-produto.
Entretanto, No Country For Old Men conta tudo isso como um suspiro. Seja ele resignação pura ou com pretensões de desafio, há muito o que se discutir.
Princesa Mononoke
4.4 956 Assista AgoraÉ a obra-prima de Miyazaki. Todas as suas temáticas recorrentes como o conflito natureza x humano, a vilanidade do belicismo e a busca por uma identidade harmônica se encontram aqui de maneira mista e concisa como em nenhum outro filme do diretor. Para isso, Miyazaki abre mão de sua usual narrativa derivante, que abre espaço para seus universos florescerem como por vida própria, e alinha seus esforços em direção à seus dois personagens principais. Essa escolha não significa que o universo de Monoke é menos rico ou fascinante, justamente pelo fato desses dois personagens englobarem tanto de seu cinema e complexidade em si, Ashitaka e Monoke são os produtos opostos de um mesmo mundo em conflito, representando a conciliação e a fúria de duas almas em busca de paz no seu mundo - por diferentes vias.
A mitologia do filme funciona como de costume, com uma explosão de vivacidade, bela e terrível, a cada cena, e uma sensibilidade inconfudível referente ao estúdio Ghibli. Eu ainda prefiro os filmes mais "viajados" e menos certeiros do Miazaki, mas foi incrível ver do que o diretor é capaz quando se propõe a colocar os dedos na ferida de maneira mais veemente.
Cidade dos Sonhos
4.1 1,7K Assista AgoraQ
Roxanne, Roxanne
3.4 31 Assista AgoraÉ um dos poucos casos em que a gente acaba o filme pensando que ele foi curto demais para todo o potencial envolvido. Roxanne Roxanne tem um elenco espetacular, um texto competente e uma figura interessantíssima e carismática para retratar. Ainda assim, todos os méritos conquistados, as camadas retratadas na tela, mesmo que bastante competentes, soam insuficientes para dar os contornos à uma personagem da magnitude de Shante, principalmente no que se refere à sua relação e habilidades com o rap.
Bem, não deixa de ser um filme fascinante.
Aniquilação
3.4 1,6K Assista AgoraA ideia desse filme é muito interessante, talvez por ela eu até acabe lendo o livro. O filme também o é, mas parece não chegar ao potencial completo de suas pretensões. Primeiro porque as pretensões de um filme como esse, ou pelo menos da maneira que ele busca ser executado, demandariam um orçamento maior, um trabalho de efeitos especiais que criasse um universo provável, vivo, para podermos adentrá-lo com todas as emoções que a obra busca capturar de nós: deslumbre, horror, medo e curiosidade. Mas o resultado na verdade é bastante, bastante artifical, a fotografia é irritantemente engessada, os planos perdendo qualquer poder de deslumbre por isso, e a busca por sequências mais escuras e fechadas, além de rápidas, na hora da ação é um sintoma precário da falta de recursos do diretor - financeiros mas também de sua própria capacidade diante de suas dificuldades.
Além disso, por mais que tenha seus pontos altos, Aniquilação é um filme bem óbvio narrativamente, que talvez desse mais certo como um simples filme independente (hello Ex-Machina), mas se acha inteligente demais dentro de sua pretensa simplicidade ao também assumir o posto de uma grande produção, assim falhando.
É um filme um pouco infeliz, talvez mais do que isso, mas não chega a ser uma perda de tempo.
Tome Suas Pílulas
3.5 66 Assista Agoraake Your Pills é um documentário muito pouco ambicioso, se certificando de mostrar apenas o básico de sua temática para o espectador e, mesmo nesse básico, não demonstrando um vigor nem um paixão muito grande pelo seu discurso - já li comentários dizendo que para um filme que busca expor o abuso de estimulantes nos EUA ele é um ótimo comercial de Adderal rs e em muitos momentos eu não consigo discordar disso.
O filme se recusa a qualquer aprofundamento de sua temática tão importante e rica em problemáticas: É um documentário que não faz questão nenhum de produzir perguntas relevantes. Entretanto, não acredito que ele seja por completo descartável, apenas esquecível.