Às vezes, as pessoas se esquecem de que a vida comum, fora de um roteiro de cinema, não é cheia de reviravoltas e de grandes dramas. É apenas vida, comum, banal, medíocre; passável. E aqui, neste filme, é um retrato de uma sequela de vida dessas pessoas sem muitas firulas. Sim, isso torna o longa meio paradão, parece até sem foco em determinados momentos, mas é a vida em sua banalidade exposta na tela, né? No geral, valeu pela trilha e pelas atuações.
Sabe por que "A Baleia" gerou polêmica, com pessoas se dizendo horrorizadas e chocadas e indignadas? Porque é um filme que exige um mergulho em nossos preconceitos. Podemos esconder, podemos querer lacrar nas redes sociais e berrar "NÃO, EU NÃO FARIA ISSO!", mas TODOS nós (todos!) temos esse olhar quando vemos uma pessoa obesa. Não faça essa cara, você sabe que é verdade.
Nós somos a filha; nós somos a mãe, o garoto missionário, a enfermeira, o entregador de pizza... Nós somos. NÓS. Não eles, os "errados". Nós. E é nesse "nós" que o filme ganhou minha atenção, pois ele me puxou para fora da bolha de "sou um cara sem preconceitos". Mentira! Eu vi o Charlie com preconceitos sim. Admito.
Dizem que Aronofsky pecou porque "mostra o Charlie como se fosse num zoológico". Mas, gente, é o que nós fazemos: com pessoas obesas, com PCDs, com travestis, com pessoas transgênero, com prostitutas... NÓS, por mais conscientes que sejamos, temos esse olhar, mesmo que no subconsciente.
Eu sou um homem gay e certa vez, no shopping, apenas conversando com um amigo que tem aparência mais andrógina, apesar da barba, nós estávamos em um zoológico. Na sociedade, em certos momentos nós somos o público do zoológico, e em outros momentos, somos nós que estamos atrás das grades, sendo observados. É só entrar em qualquer escola, pública ou privada, e ver a selvageria social que muitos pais (e muitos educadores) se recusam a enxergar.
É como a Psicologia fala: "o incômodo que você sente em relação ao outro não tem a ver com o outro, mas sim com você".
E a frase do Charlie sobre ser honesto é um tapa na cara importantíssimo nestes tempos de redes sociais, de máscaras e fingimentos. Quantas pessoas não se sentiram enojadas com o Charlie, mas foram dizer o contrário? Quantas já não tiveram olhares de asco, mas quiseram lacrar nas redes sociais? Pare e pense, sinceramente, honestamente: quando você vê uma pessoa com obesidade, qual o teu primeiro pensamento? De verdade.
"A Baleia" não é um primor. É meio lento no começo e até moroso. Porém, Aronofsky mostra que a vida de uma pessoa como o Charlie vai muito, muito além do espetáculo da condição dele. É um filme cru, mas não cruel. Não se engane.
Aquele tipo de filme que é tão denso, tão imersivo, tão real, que fiquei me perguntando se é baseado em fatos reais. E no fim, diante da dita "liberdade" que temos, o filme é real. A lei foi abolida, ficaram os porões; os direitos foram implementados, permanece o preconceito; você é igual, mas, por favor, fique escondido. Alguns amores ainda estão restritos e condenados às várias prisões sociais invisíveis de nossa "civilidade". Filme incrível.
No início, ainda mais diante da classificação +16, eu pensei que teria diante de mim algo a lá "O Poço". De fato, há uma cena quase no final que lembra, porém, é só uma sombra.
Para mim, começou intrigante, tenso e cheia de críticas sociais importantes. O problema é que chegou a ponto em que eu já sabia "a moral" do filme (que, tenhamos sensatez, é bem óbvia) e não esperava para ver como eles iriam trabalhar esse clichê, o que trariam após toda a informação que jogaram. E não teve nada.
Toda a informação e linha de ações do filme é resolvida até a metade e daí para frente, na minha opinião fecal, o filme vai de excelente para um mero longa-metragem mediano, sabe?
É interessante? Sem dúvida. Faz pensar? Com certeza. Surpreende? Infelizmente, não.
Faltou aquele tempero, aquele toque final, para arrematar tudo e deixar um gosto de "quero mais".
Quando você assiste a um filme sobre uma cantora, um cantor, e mesmo que ali não esteja o artista você ainda assim fica boquiaberto com a performance, esse filme acertou em alguma essência. Para mim, isso é inegável. A potência vocal, as firulas com a voz, os meandros, o fato de Whitney fazer o que fazia parecendo brincadeira, tudo está no filme. Na parte musical, captaram A Voz
Porém, na parte pessoal, me pareceu quase um medo de mergulhar de verdade. Documentários e biografias têm um ponto em comum: a vida íntima de Whitney Houston foi um caos. E um caos de vícios pesados que culminaram, inclusive, na filha. O filme, percebo, optou por não abordar a sujeira para "preservar o legado". É uma pena.
É como se fizessem uma cinebiografia de Amy Winehouse e ignorassem o inferno que foi a vida dela nos últimos anos, sabe? O legado é a música? Sim, sem dúvida. Mas, ao meu ver, amenizar muito a realidade não contribuí.
Num mundo onde as pessoas só veem máscaras e glamour, nessa ânsia por fama e por virar influencer a qualquer custo, mostrar a realidade por trás da fama é uma forma de alertar para os perigos. Especialmente, psicológicos.
Como documentário , "Navalny" é espetacular. A montagem deixa tudo com jeito de thriller político, gera tensão e tem seu ponto alto na ligação que surpreende. Lembrei do maravilhoso e impactante"Colective". Contudo, é impossível não pensar no significado de um filme desses retratar uma pessoa tão controversa e racista.
Essa história de que "eu aceito falar com todos" porque temos um inimigo em comum é muito, muito, perigosa. E nós mesmos, aqui no Brasil, vimos o que aconteceu, né? Líderes que se unem com o chorume em prol de um "bem maior" também estão envoltos por esse mesmo chorume. Não nos enganemos.
No geral, "Navalny" foi um ótimo registro cinematográfico, mas que pecou ao esquecer de um princípio da investigação jornalística: contextualizar. Aqui, Daniel Roher se focou tanto em moldar o Navalny como um injustiçado, ignorando contextos complexos da Rússia, que, ao meu ver, construiu uma máscara para acobertar alguém que tem pensamentos tão terríveis quanto Putin.
Putin é um horror? Sim. Mas, para combater esse mesmo horror, vale tudo? Até lidar com defensores dos horrores? Esse é o ponto.
Filme muito bem feito, com atuações fortes e uma história complexa. Fiquei com muitas reflexões e, acredito, esse foi o objetivo do roteiro: forçar o espectador a ficar nessa balança entre o que é apenas amizade e o que de fato foi assédio. A dubiedade das cenas, os diálogos, as interações entre os personagens, tudo dá margem à muitos levantamentos. Uma questão pertinente é o que de fato é interesse sexual e o que é apenas uma intimidade maior entre amigos? É possível uma amizade nesse contexto? É ético, moral? Só por levantar essas questões (sem contar as críticas à igreja católica, pertinentes mesmo após 60 anos do lançamento!), por esses motivos, o filme vale MUITO a pena.
História fraca? Sim! É um filmalço transformador do cinema? Não! Mas FOD*-SE!
Eu me diverti MUITO. Um dos meus filmes preferidos (e que também não é lá essas maravilhas) é "Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro", com Queen Latifa e Diane Keaton. E aqui, eis que encontro aquela mesma história, mas extrapolada ao absurdo.
Acredito que pedir perfeição de um filme como esse é querer filosofar sobre coisas tão banais que nem Platão extrairia algo dali. Sendo assim, vendo como a essência do cinema (entreter e divertir) o filme funcionou para mim.
Fiquei tenso, o ticking clock funcionou comigo, o plot Twist idem, terminei sorrindo, realizado, empolgado. Feliz. Diante de tantos filmes que se dizem cults, aclamados pela crítica, mas que são um porre absurdo, "Oito Mulheres e Um Segredo" abraça o absurdo e vai além. É o necessário.
Um daqueles filmes que você não dá nada e vai te absorvendo, envolvendo, incomodando, angustiando, e você acaba calado, pensativo, revoltado. Que tapa na cara! E não acho que o final seja derrotista. O final é realista. Esse é o Brasil: eu te dou o direito de reivindicar, desde que você não reivindique. É a realidade.
Filmes como esse incomodam porque nos colocam lá dentro, exigem que vejamos a realidade para além das firulas de um roteiro que cairia facilmente no "e eles lutaram e conseguiram e mudaram tudo". Ao contrário, "Cabeça de Nêgo" é cru e cruel ao nos tirar de certas fantasia e mostrar como é o nosso país.
Mostrar desse jeito não para desestimular, mas sim para revoltar e lembrar que a mudança não é simples, principalmente num país que não estimula a leitura e a educação. A gente apanha, vai preso, e tenta de novo. E tenta de novo para que outros também o façam. Essa é a mensagem.
Sério, eu estou abismado como um filme desse não passa na TV aberta? É necessário, é indigesto, é uma lembrança do que muitos dos nossos estudantes passam. Vai incomodar? Vai. Que bom. Aqui no Maranhão, por exemplo, há alunos que têm aula debaixo das árvores porque as escolas estão caindo. Como você quer falar de futuro se no presente os alunos não têm comida? Não têm livros e nem carteiras onde sentar?
"Cabeça de Nêgo" é uma cusparada em nossos olhos, um fhut no rosto, para ver se acordamos pra realidade. Necessário. Muito necessário.
Típico filme de "amadurecimento forçado pela paternidade". Não é ruim, mas também não é a redenção do cinema. Clichês não são esse horror que muitas pessoas pensam, mas devem ser trabalhados para, ao menos, dar um ar de mudança em uma trama já conhecida. Não foi o caso aqui. Você começa e lá pelo meio já sabe onde vai dar. Pelo menos, é um filme com uma mensagem legal, bonita e esperançosa. Compensa.
Há filmes que encantam apenas por... serem. O quê? A vida. "Flores Raras" não tem grandes reviravoltas, nem momentos de dilaceramento, nem violências extremas e chocantes, nada. E mesmo assim tem tudo, absolutamente tudo. Tem atuações incríveis, uma fotografia inteligente, conduções de personagens muito, muito, delicadas, atraí o público pela sutileza. E ainda tem o tempero histórico e as pitadas poéticas de Elizabeth Bishop. Como não amar?
O título e a classificação+18 (sério??) dão a entender outra coisa. Ao contrário, o que vi aqui foi um filme que retrata bem a comunidade gay com seus estereótipos e tem um ar de questionamento. Não, não é aquele primor de roteiro, sim é clichê em certas situações, porém, quando penso na riqueza de personagens, na variedade de assuntos abordados e na mensagem geral, tudo isso me convenceu que é um bom filme. Sem contar que "Fire Island" foge do texto padrão de filmes gays (a maioria) que pende para o lado trágico de nossa existência. Diante de tantas porcarias, eu preciso enaltecer um filme que foi além. Ainda é óbvio, mas pelo menos trouxe algo diferenciado.
Pessoal reclama de clichês, mas se esquecem que a vida é uma grande ciclo de clichês. Algo que sempre digo para outros escritores é que viver em busca de ineditismo, uma obra que nunca tenha sido feita, é o caminho certo para não escrever nada. Ao contrário disso, é necessário, sim, trabalhar os clichês com personagens cativantes e uma trama que, apesar de óbvia, aquecer, abraçar, o coração de quem vier a assistir/ler aquela obra. Nesse sentido, "Sem Palavras" nos deixa momentos agradáveis e que fazem pensar sobre aceitação, respeito, mudança, etarismo, transformação. É um filme que já sabemos para onde vai, porém, o caminho rumo a essa obviedade é tranquilo, divertido e emocionante. Valeu cada segundo. Sem contar que as atuações são ótimas e a premissa do AVC é interessantíssima como ponto de conscientização sobre acolher essas pessoas.
Tão significativo, tão emocionante, tão humano... Este documentário é um registro de humanidade em tempos de desumanidade. O retrato de acompanhamento de meses é um retrato de VERDADEIRO patriotismo. Muito, muito tocante. Lembrar dos dois anos de pico da pandemia e pensar que essas pessoas, esses voluntários, pensaram no próximo, em todos nós, fornece um quentinho no coração. Orgulho e lágrimas ao final.
Interessante pelo lado do estudo social em várias camadas. Há o lado do hedonismo, do ego, e há também o fetiche que permeia todos nós. Não exatamente algo sexual, mas aquele interesse no outro que faz com que adoremos redes sociais, por exemplo, para ver a vida alheia. E aqui isso é exacerbado.
Lembrei muito da artista performática Marina Abramovich. As performances dela envolvem exatamente essa provocação de "doar" o próprio corpo para o escrutínio público. E ver como a pessoa, tendo esse poder, lida com isso. Tanto que em uma das mais famosas performances de Marina, um cara chegou a apontar uma arma carregada para ela, jogaram lixo, machucaram-na. É nesse sentido de entrega, de exposição, de provocação real, que o filme peca. Faltou sim mais coragem de mostrar o que de fato aconteceria numa situação dessas.
As pessoas têm o que a Psicologia chama de animalidade, algo animalesco que vive em todos nós, mas que o contrato social, as leis, o pudor, a religião, nos obriga a manter sob controle. Mas e se, durante 40 minutos, você pudesse fazer o que quisesse com o corpo daquele cara, daquela artista, que você acha lindo/linda? Entende o ponto? Por que você acha que a pornografia é uma das maiores indústrias do mundo? Porque ela alimenta o fetiche de ter aquele corpo. Sites como esses de câmeras ao vivo e o famoso OnlyF... são uma representação disso: durante aquele tempo, naquele espaço controlado, você está livre do contrato social e tem aquele corpo só para ti - mesmo que seja apenas através de uma tela
Agora, imagine o corpo durante 40 minutos aí, na tua cama, nesse estado, com a garantia de que tudo é possível e não haveria consequências? Quanto de animalidade escorreria de ti?
Percebe como o filme deixou passar uma grande oportunidade de fazer uma crítica social; de explorar a mente humana em sua animalidade? Sem contar a questão do rosto. Para mim, esse foi o maior pecado.
Sem mostrar o ator, ficamos no imaginário, com aquele personagem podendo ser a representação de nossos próprios fetiches. Sem o rosto, nós, público, estamos inseridos naquele contexto. Quando mostram o Stephen Huszar... Acaba tudo, empobrece o filme, torna questionável. Eu, particularmente, não o acho bonito. Sexy, sim. Bonito não. E isso destruiu minha relação com o filme, pois, no momento em que a premissa é "o homem MAIS BONITO do mundo ', eu imagino pessoas que na minha concepção são bonitas - e não o Stephen Huszar.
Esqueceram que a beleza é uma das coisas mais relativas do mundo, apesar do Instagram dizer o contrário.
"Entropic" não é um filme ruim. Pelo contrário, ele faz refletir, intriga, deixa uma mensagem. Contudo, a covardia de não deixar essa animalidade fluir como seria na vida real (taí Marina Abramovich para provar há décadas) destruiu parte do meu processo de imersão.
Se no final, num rompante de fúria, tesão, animalidade, as pessoas voltassem, invadissem o galpão, e usassem esse corpo, quase que brutalmente, sem regras, a polícia chegando, caos, horror, o amigo também entregue à irracionalidade que supera o amor, seria épico à lá a cena final de "Perfume - A história de um assassino". Do jeito que fizeram, foi poético, mas sem intensidade, sem o tapa na cara
Às vezes, a poesia precisa machucar, tirar pedaço, ferir, canibalizar. Isso é ser humano.
Eu estava muito bem trabalhando nas minhas ilustrações, olhei para a televisão, fiquei intrigado. Comecei a ver tensão, correria, a frase "baseado em fatos reais". Então, eu mesmo comecei a ficar tenso e acompanhar cada cena, cada tentativa, cada burrada das autoridades. E quando dei por mim, já tinha largado o trabalho e estava vidrado no filme! kkkkkkkkkkk
Não acho justo chamar de óbvio um filme que é baseado em fatos reais. Para não ser óbvio, só se chegasse um super-herói do nada e suspendesse o trem. Dito isso, creio que os objetivos de causar tensão e de mostrar como decisões ruins (especialmente baseadas em lucro) podem destruir a vida de milhares de pessoas foram objetivos alcançados.
Sim, tem todo o caráter heroico, sim, já sabemos o que vai acontecer, sim, a trama é bem mais do mesmo (a curva de tensão, os altos e baixos, pontos de virada, tudo está ali como sempre). Mas, sinceramente, valeu a pena.
Diante de tantos filmes m*rdas ditos cult que mais cansam do que prendem, esse daqui ganhou minha atenção. Nem todo dia estou a fim de grandes obras filosóficas que mudarão minha percepção social. Às vezes, basta ação e obviedade para trazer um sorriso pro rosto. É válido.
Para mim, não foi aquele tipo de filme que te pega e consome e prende de imediato, sabe? Porém, "Drive Me Home' tem suas peculiaridades ao mostrar como trazer para uma trama um personagem gay que foge dos textos corriqueiros de filmes LGBTQ+, somado a uma bonita história de amizade/road movie. Não é um primor cinematográfico, não espere por diálogos edificantes e (creio eu) muito menos por atuações estonteantes. Espere, sim, por conexão entre pessoas banais, comuns, que se amam apesar das diferenças e creem que o mundo pode e deve ser muito mais do que apenas trabalhar e trabalhar e trabalhar esquecendo dos sonhos do passado. Ao seu modo, é um filme bonito.
Não entendo esse nota. Primeiro, é bom dizer que o título engana MUITO. Dá a entender que será um filme softporn, mas não. É uma história densa de amadurecimento pessoal e de descoberta do respeito entre irmãos. Além disso, essa sinopse é, no mínimo, medíocre. Em uma das críticas, alguém falou que "prefere um autêntico pornô", mas provavelmente foi engabelado pela promessa de encontrar um pornô aqui. Que pena. Se você vier com esse intuito, será decepcionante mesmo. Agora, se abrir a mente e olhar para além da "promessa" emanada pelo título, verás um filme que tem sentido e, vinte anos depois, continua atual ao pensarmos nos preconceitos e na dificuldade que a sociedade tão hipócrita tem em aceitar o outro. Belíssimo filme.
Não entendo esse nota. Primeiro, é bom dizer que o título engana MUITO. Dá a entender que será um filme softporn, mas não. É uma história densa de amadurecimento pessoal e de descoberta do respeito entre irmãos. Além disso, essa sinopse é, no mínimo, medíocre. O rapaz aqui embaixo falou que "prefere um autêntico pornô", mas provavelmente foi engabelado pela promessa de encontrar um pornô aqui. Que pena. Se você vier com esse intuito, será decepcionante mesmo. Agora, se abrir a mente e olhar para além da "promessa" emanada pelo título, verás um filme que tem sentido e, vinte anos depois, continua atual ao pensarmos nos preconceitos e na dificuldade que a sociedade tão hipócrita tem em aceitar o outro. Belíssimo filme.
Fiquei dividido. Por um lado, adorei a parte filosófica do filme e as reflexões que alimenta. Por outro, me pareceu um (mau) encadeamento de diversas ideias. Dizer que é "um filme pornô que se acha cult" me parece exagero. Uma das últimas barreiras do cinema é a questão do sexo e é bom, ao meu ver, termos diretores que se predispõem a encarar o desafio. O problema foi que esse elemento sexual não funcionou comigo. Na minha opinião fecal, criou uma distração desnecessária em certos momentos, prejudicando a mensagem geral do filme. Para mim, o prejuízo não foi pelo sexo explícito ou pelo grotesco de algumas cenas, mas sim pela falta de uma unidade narrativa que conduzisse a trama.
Acho engraçado (preocupante?) comentários dizendo que "é um filme difícil", "imagens perturbadoras", "lokão"... Sério? ISSO, a sexualidade de PCDs é perturbador? Sério mesmo? E outra: se fosse um PCD com aparência à lá Instagram, sem os membros e "bonito conforme a ditadura de beleza", será que estariam falando em "perturbação"? Ou seria só maís um fetiche?
"Devotee" levanta reflexões que hoje, quase 20 anos após o lançamento, ainda bem, estão ganhando luz. Pena que o média-metratem é ruim. Não pelo conteúdo, mas pela filmagem amadora, atuações terríveis. Eu pensei que seria um mini documentário, fui enganado.
Mesmo assim, serve como ponto de discussão e contém diálogos que me fizeram pensar. Longe de ser "perturbador", este é um filme ousado ao dar visibilidade a um assunto invisível, ignorado, esquecido.
Vivendo no Brasil, cheio de desigualdades, onde mulheres são mortas feito pernilongos, a população LGBTQIA+ idem, a pessoa achar "perturbador" ver o sexo de um PCD é o ápice da hipocrisia.
Saia da bolha. Há muitos assuntos que de fato merecem muito mais a tua indignação.
Creio que conseguiu retratar bem essa fase de conflitos adolescentes mesclada aos conflitos externos. E fiquei ainda mais interessado pela narrativa diferenciada. Ao invés de um típico "coming of age gay" repleto de dramas sobre a própria sexualidade, o que temos aqui é um exemplo de filme que vai além do óbvio, mostrando a questão da sexualidade como mero pano de fundo ao invés de ser todo o centro dos problemas. Excelente abordagem. Some a isso fotografia bonita, boas atuações e uma história familiar complexa e me deparei com um filme surpreendente e acolhedor.
Sabe quando você acaba um filme e fica boquiaberto? Os pensamentos girando em apenas uma toada: cara, o que foi isso? UAU!
Setenta anos depois (tem ideia do que isso significa?) o filme não só ainda funciona como, na minha opinião fecal, chuta a b*nda de muito filme cheio de efeitos especiais de hoje em dia. A trama é maravilhosa, a comédia... Eu ri muito. E foi um riso natural, junto com o público do filme vendo um filme. É FANTÁSTICO!!! Estou, sei lá, rendido.
E a dançar... Ah, a dança. Eu fiquei me mexendo, vidrado, encantado, entregue, ficado, em êxtase. Que experiência cinematográfica maravilhosa.
Interessante pelo aspecto crítico à mídia e a espetacularização da violência. Porém, quando retiro esse tempero e a excentricidade do filme em geral e fico.apenas com a história, a trama, para mim faltou algo na primeira parte que convença a um mergulho maior.
Duetto
2.7 13 Assista AgoraÀs vezes, as pessoas se esquecem de que a vida comum, fora de um roteiro de cinema, não é cheia de reviravoltas e de grandes dramas. É apenas vida, comum, banal, medíocre; passável. E aqui, neste filme, é um retrato de uma sequela de vida dessas pessoas sem muitas firulas. Sim, isso torna o longa meio paradão, parece até sem foco em determinados momentos, mas é a vida em sua banalidade exposta na tela, né? No geral, valeu pela trilha e pelas atuações.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraSabe por que "A Baleia" gerou polêmica, com pessoas se dizendo horrorizadas e chocadas e indignadas? Porque é um filme que exige um mergulho em nossos preconceitos. Podemos esconder, podemos querer lacrar nas redes sociais e berrar "NÃO, EU NÃO FARIA ISSO!", mas TODOS nós (todos!) temos esse olhar quando vemos uma pessoa obesa. Não faça essa cara, você sabe que é verdade.
Nós somos a filha; nós somos a mãe, o garoto missionário, a enfermeira, o entregador de pizza... Nós somos. NÓS. Não eles, os "errados". Nós. E é nesse "nós" que o filme ganhou minha atenção, pois ele me puxou para fora da bolha de "sou um cara sem preconceitos". Mentira! Eu vi o Charlie com preconceitos sim. Admito.
Dizem que Aronofsky pecou porque "mostra o Charlie como se fosse num zoológico". Mas, gente, é o que nós fazemos: com pessoas obesas, com PCDs, com travestis, com pessoas transgênero, com prostitutas... NÓS, por mais conscientes que sejamos, temos esse olhar, mesmo que no subconsciente.
Eu sou um homem gay e certa vez, no shopping, apenas conversando com um amigo que tem aparência mais andrógina, apesar da barba, nós estávamos em um zoológico. Na sociedade, em certos momentos nós somos o público do zoológico, e em outros momentos, somos nós que estamos atrás das grades, sendo observados. É só entrar em qualquer escola, pública ou privada, e ver a selvageria social que muitos pais (e muitos educadores) se recusam a enxergar.
É como a Psicologia fala: "o incômodo que você sente em relação ao outro não tem a ver com o outro, mas sim com você".
E a frase do Charlie sobre ser honesto é um tapa na cara importantíssimo nestes tempos de redes sociais, de máscaras e fingimentos. Quantas pessoas não se sentiram enojadas com o Charlie, mas foram dizer o contrário? Quantas já não tiveram olhares de asco, mas quiseram lacrar nas redes sociais? Pare e pense, sinceramente, honestamente: quando você vê uma pessoa com obesidade, qual o teu primeiro pensamento? De verdade.
"A Baleia" não é um primor. É meio lento no começo e até moroso. Porém, Aronofsky mostra que a vida de uma pessoa como o Charlie vai muito, muito além do espetáculo da condição dele. É um filme cru, mas não cruel. Não se engane.
Aronofsky é cru.
NÓS somos cruéis.
Great Freedom
4.0 58 Assista AgoraAquele tipo de filme que é tão denso, tão imersivo, tão real, que fiquei me perguntando se é baseado em fatos reais. E no fim, diante da dita "liberdade" que temos, o filme é real. A lei foi abolida, ficaram os porões; os direitos foram implementados, permanece o preconceito; você é igual, mas, por favor, fique escondido. Alguns amores ainda estão restritos e condenados às várias prisões sociais invisíveis de nossa "civilidade". Filme incrível.
Fome de Sucesso
3.3 104 Assista AgoraNo início, ainda mais diante da classificação +16, eu pensei que teria diante de mim algo a lá "O Poço". De fato, há uma cena quase no final que lembra, porém, é só uma sombra.
Para mim, começou intrigante, tenso e cheia de críticas sociais importantes. O problema é que chegou a ponto em que eu já sabia "a moral" do filme (que, tenhamos sensatez, é bem óbvia) e não esperava para ver como eles iriam trabalhar esse clichê, o que trariam após toda a informação que jogaram. E não teve nada.
Toda a informação e linha de ações do filme é resolvida até a metade e daí para frente, na minha opinião fecal, o filme vai de excelente para um mero longa-metragem mediano, sabe?
É interessante? Sem dúvida.
Faz pensar? Com certeza.
Surpreende? Infelizmente, não.
Faltou aquele tempero, aquele toque final, para arrematar tudo e deixar um gosto de "quero mais".
I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston
3.5 187Quando você assiste a um filme sobre uma cantora, um cantor, e mesmo que ali não esteja o artista você ainda assim fica boquiaberto com a performance, esse filme acertou em alguma essência. Para mim, isso é inegável. A potência vocal, as firulas com a voz, os meandros, o fato de Whitney fazer o que fazia parecendo brincadeira, tudo está no filme. Na parte musical, captaram A Voz
Porém, na parte pessoal, me pareceu quase um medo de mergulhar de verdade. Documentários e biografias têm um ponto em comum: a vida íntima de Whitney Houston foi um caos. E um caos de vícios pesados que culminaram, inclusive, na filha. O filme, percebo, optou por não abordar a sujeira para "preservar o legado". É uma pena.
É como se fizessem uma cinebiografia de Amy Winehouse e ignorassem o inferno que foi a vida dela nos últimos anos, sabe? O legado é a música? Sim, sem dúvida. Mas, ao meu ver, amenizar muito a realidade não contribuí.
Num mundo onde as pessoas só veem máscaras e glamour, nessa ânsia por fama e por virar influencer a qualquer custo, mostrar a realidade por trás da fama é uma forma de alertar para os perigos. Especialmente, psicológicos.
Whitney é um exemplo disso. Infelizmente.
Navalny
3.5 54 Assista AgoraComo documentário , "Navalny" é espetacular. A montagem deixa tudo com jeito de thriller político, gera tensão e tem seu ponto alto na ligação que surpreende. Lembrei do maravilhoso e impactante"Colective". Contudo, é impossível não pensar no significado de um filme desses retratar uma pessoa tão controversa e racista.
Essa história de que "eu aceito falar com todos" porque temos um inimigo em comum é muito, muito, perigosa. E nós mesmos, aqui no Brasil, vimos o que aconteceu, né? Líderes que se unem com o chorume em prol de um "bem maior" também estão envoltos por esse mesmo chorume. Não nos enganemos.
No geral, "Navalny" foi um ótimo registro cinematográfico, mas que pecou ao esquecer de um princípio da investigação jornalística: contextualizar. Aqui, Daniel Roher se focou tanto em moldar o Navalny como um injustiçado, ignorando contextos complexos da Rússia, que, ao meu ver, construiu uma máscara para acobertar alguém que tem pensamentos tão terríveis quanto Putin.
Putin é um horror? Sim. Mas, para combater esse mesmo horror, vale tudo? Até lidar com defensores dos horrores? Esse é o ponto.
As Amizades Particulares
4.1 116Filme muito bem feito, com atuações fortes e uma história complexa. Fiquei com muitas reflexões e, acredito, esse foi o objetivo do roteiro: forçar o espectador a ficar nessa balança entre o que é apenas amizade e o que de fato foi assédio. A dubiedade das cenas, os diálogos, as interações entre os personagens, tudo dá margem à muitos levantamentos. Uma questão pertinente é o que de fato é interesse sexual e o que é apenas uma intimidade maior entre amigos? É possível uma amizade nesse contexto? É ético, moral? Só por levantar essas questões (sem contar as críticas à igreja católica, pertinentes mesmo após 60 anos do lançamento!), por esses motivos, o filme vale MUITO a pena.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraHistória fraca? Sim!
É um filmalço transformador do cinema? Não!
Mas FOD*-SE!
Eu me diverti MUITO. Um dos meus filmes preferidos (e que também não é lá essas maravilhas) é "Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro", com Queen Latifa e Diane Keaton. E aqui, eis que encontro aquela mesma história, mas extrapolada ao absurdo.
Acredito que pedir perfeição de um filme como esse é querer filosofar sobre coisas tão banais que nem Platão extrairia algo dali. Sendo assim, vendo como a essência do cinema (entreter e divertir) o filme funcionou para mim.
Fiquei tenso, o ticking clock funcionou comigo, o plot Twist idem, terminei sorrindo, realizado, empolgado. Feliz. Diante de tantos filmes que se dizem cults, aclamados pela crítica, mas que são um porre absurdo, "Oito Mulheres e Um Segredo" abraça o absurdo e vai além. É o necessário.
E que elenco f+da! Já valeu só por isso.
Cabeça de Nêgo
4.0 37Um daqueles filmes que você não dá nada e vai te absorvendo, envolvendo, incomodando, angustiando, e você acaba calado, pensativo, revoltado. Que tapa na cara! E não acho que o final seja derrotista. O final é realista. Esse é o Brasil: eu te dou o direito de reivindicar, desde que você não reivindique. É a realidade.
Filmes como esse incomodam porque nos colocam lá dentro, exigem que vejamos a realidade para além das firulas de um roteiro que cairia facilmente no "e eles lutaram e conseguiram e mudaram tudo". Ao contrário, "Cabeça de Nêgo" é cru e cruel ao nos tirar de certas fantasia e mostrar como é o nosso país.
Mostrar desse jeito não para desestimular, mas sim para revoltar e lembrar que a mudança não é simples, principalmente num país que não estimula a leitura e a educação. A gente apanha, vai preso, e tenta de novo. E tenta de novo para que outros também o façam. Essa é a mensagem.
Sério, eu estou abismado como um filme desse não passa na TV aberta? É necessário, é indigesto, é uma lembrança do que muitos dos nossos estudantes passam. Vai incomodar? Vai. Que bom. Aqui no Maranhão, por exemplo, há alunos que têm aula debaixo das árvores porque as escolas estão caindo. Como você quer falar de futuro se no presente os alunos não têm comida? Não têm livros e nem carteiras onde sentar?
"Cabeça de Nêgo" é uma cusparada em nossos olhos, um fhut no rosto, para ver se acordamos pra realidade. Necessário. Muito necessário.
A Minha Garota Para Sempre
3.3 142Típico filme de "amadurecimento forçado pela paternidade". Não é ruim, mas também não é a redenção do cinema. Clichês não são esse horror que muitas pessoas pensam, mas devem ser trabalhados para, ao menos, dar um ar de mudança em uma trama já conhecida. Não foi o caso aqui. Você começa e lá pelo meio já sabe onde vai dar. Pelo menos, é um filme com uma mensagem legal, bonita e esperançosa. Compensa.
Flores Raras
3.8 567 Assista AgoraHá filmes que encantam apenas por... serem. O quê? A vida. "Flores Raras" não tem grandes reviravoltas, nem momentos de dilaceramento, nem violências extremas e chocantes, nada. E mesmo assim tem tudo, absolutamente tudo. Tem atuações incríveis, uma fotografia inteligente, conduções de personagens muito, muito, delicadas, atraí o público pela sutileza. E ainda tem o tempero histórico e as pitadas poéticas de Elizabeth Bishop. Como não amar?
Fire Island: Orgulho & Sedução
3.4 88 Assista AgoraO título e a classificação+18 (sério??) dão a entender outra coisa. Ao contrário, o que vi aqui foi um filme que retrata bem a comunidade gay com seus estereótipos e tem um ar de questionamento. Não, não é aquele primor de roteiro, sim é clichê em certas situações, porém, quando penso na riqueza de personagens, na variedade de assuntos abordados e na mensagem geral, tudo isso me convenceu que é um bom filme. Sem contar que "Fire Island" foge do texto padrão de filmes gays (a maioria) que pende para o lado trágico de nossa existência. Diante de tantas porcarias, eu preciso enaltecer um filme que foi além. Ainda é óbvio, mas pelo menos trouxe algo diferenciado.
Sem Palavras
3.1 19 Assista AgoraPessoal reclama de clichês, mas se esquecem que a vida é uma grande ciclo de clichês. Algo que sempre digo para outros escritores é que viver em busca de ineditismo, uma obra que nunca tenha sido feita, é o caminho certo para não escrever nada. Ao contrário disso, é necessário, sim, trabalhar os clichês com personagens cativantes e uma trama que, apesar de óbvia, aquecer, abraçar, o coração de quem vier a assistir/ler aquela obra. Nesse sentido, "Sem Palavras" nos deixa momentos agradáveis e que fazem pensar sobre aceitação, respeito, mudança, etarismo, transformação. É um filme que já sabemos para onde vai, porém, o caminho rumo a essa obviedade é tranquilo, divertido e emocionante. Valeu cada segundo. Sem contar que as atuações são ótimas e a premissa do AVC é interessantíssima como ponto de conscientização sobre acolher essas pessoas.
Voluntário ****1864 - Quem são os Anônimos da Vacina?
4.6 1Tão significativo, tão emocionante, tão humano... Este documentário é um registro de humanidade em tempos de desumanidade. O retrato de acompanhamento de meses é um retrato de VERDADEIRO patriotismo. Muito, muito tocante. Lembrar dos dois anos de pico da pandemia e pensar que essas pessoas, esses voluntários, pensaram no próximo, em todos nós, fornece um quentinho no coração. Orgulho e lágrimas ao final.
Entropic
2.5 6Interessante pelo lado do estudo social em várias camadas. Há o lado do hedonismo, do ego, e há também o fetiche que permeia todos nós. Não exatamente algo sexual, mas aquele interesse no outro que faz com que adoremos redes sociais, por exemplo, para ver a vida alheia. E aqui isso é exacerbado.
Lembrei muito da artista performática Marina Abramovich. As performances dela envolvem exatamente essa provocação de "doar" o próprio corpo para o escrutínio público. E ver como a pessoa, tendo esse poder, lida com isso. Tanto que em uma das mais famosas performances de Marina, um cara chegou a apontar uma arma carregada para ela, jogaram lixo, machucaram-na. É nesse sentido de entrega, de exposição, de provocação real, que o filme peca. Faltou sim mais coragem de mostrar o que de fato aconteceria numa situação dessas.
As pessoas têm o que a Psicologia chama de animalidade, algo animalesco que vive em todos nós, mas que o contrato social, as leis, o pudor, a religião, nos obriga a manter sob controle. Mas e se, durante 40 minutos, você pudesse fazer o que quisesse com o corpo daquele cara, daquela artista, que você acha lindo/linda? Entende o ponto? Por que você acha que a pornografia é uma das maiores indústrias do mundo? Porque ela alimenta o fetiche de ter aquele corpo. Sites como esses de câmeras ao vivo e o famoso OnlyF... são uma representação disso: durante aquele tempo, naquele espaço controlado, você está livre do contrato social e tem aquele corpo só para ti - mesmo que seja apenas através de uma tela
Agora, imagine o corpo durante 40 minutos aí, na tua cama, nesse estado, com a garantia de que tudo é possível e não haveria consequências? Quanto de animalidade escorreria de ti?
Percebe como o filme deixou passar uma grande oportunidade de fazer uma crítica social; de explorar a mente humana em sua animalidade? Sem contar a questão do rosto. Para mim, esse foi o maior pecado.
Sem mostrar o ator, ficamos no imaginário, com aquele personagem podendo ser a representação de nossos próprios fetiches. Sem o rosto, nós, público, estamos inseridos naquele contexto. Quando mostram o Stephen Huszar... Acaba tudo, empobrece o filme, torna questionável. Eu, particularmente, não o acho bonito. Sexy, sim. Bonito não. E isso destruiu minha relação com o filme, pois, no momento em que a premissa é "o homem MAIS BONITO do mundo ', eu imagino pessoas que na minha concepção são bonitas - e não o Stephen Huszar.
Esqueceram que a beleza é uma das coisas mais relativas do mundo, apesar do Instagram dizer o contrário.
"Entropic" não é um filme ruim. Pelo contrário, ele faz refletir, intriga, deixa uma mensagem. Contudo, a covardia de não deixar essa animalidade fluir como seria na vida real (taí Marina Abramovich para provar há décadas) destruiu parte do meu processo de imersão.
Se no final, num rompante de fúria, tesão, animalidade, as pessoas voltassem, invadissem o galpão, e usassem esse corpo, quase que brutalmente, sem regras, a polícia chegando, caos, horror, o amigo também entregue à irracionalidade que supera o amor, seria épico à lá a cena final de "Perfume - A história de um assassino". Do jeito que fizeram, foi poético, mas sem intensidade, sem o tapa na cara
Às vezes, a poesia precisa machucar, tirar pedaço, ferir, canibalizar. Isso é ser humano.
Incontrolável
3.3 710 Assista AgoraEu estava muito bem trabalhando nas minhas ilustrações, olhei para a televisão, fiquei intrigado. Comecei a ver tensão, correria, a frase "baseado em fatos reais". Então, eu mesmo comecei a ficar tenso e acompanhar cada cena, cada tentativa, cada burrada das autoridades. E quando dei por mim, já tinha largado o trabalho e estava vidrado no filme! kkkkkkkkkkk
Não acho justo chamar de óbvio um filme que é baseado em fatos reais. Para não ser óbvio, só se chegasse um super-herói do nada e suspendesse o trem. Dito isso, creio que os objetivos de causar tensão e de mostrar como decisões ruins (especialmente baseadas em lucro) podem destruir a vida de milhares de pessoas foram objetivos alcançados.
Sim, tem todo o caráter heroico, sim, já sabemos o que vai acontecer, sim, a trama é bem mais do mesmo (a curva de tensão, os altos e baixos, pontos de virada, tudo está ali como sempre). Mas, sinceramente, valeu a pena.
Diante de tantos filmes m*rdas ditos cult que mais cansam do que prendem, esse daqui ganhou minha atenção. Nem todo dia estou a fim de grandes obras filosóficas que mudarão minha percepção social. Às vezes, basta ação e obviedade para trazer um sorriso pro rosto. É válido.
Drive Me Home
2.6 4Para mim, não foi aquele tipo de filme que te pega e consome e prende de imediato, sabe? Porém, "Drive Me Home' tem suas peculiaridades ao mostrar como trazer para uma trama um personagem gay que foge dos textos corriqueiros de filmes LGBTQ+, somado a uma bonita história de amizade/road movie. Não é um primor cinematográfico, não espere por diálogos edificantes e (creio eu) muito menos por atuações estonteantes. Espere, sim, por conexão entre pessoas banais, comuns, que se amam apesar das diferenças e creem que o mundo pode e deve ser muito mais do que apenas trabalhar e trabalhar e trabalhar esquecendo dos sonhos do passado. Ao seu modo, é um filme bonito.
Adored - A Diary Of A Pornstar
2.1 9Não entendo esse nota. Primeiro, é bom dizer que o título engana MUITO. Dá a entender que será um filme softporn, mas não. É uma história densa de amadurecimento pessoal e de descoberta do respeito entre irmãos. Além disso, essa sinopse é, no mínimo, medíocre. Em uma das críticas, alguém falou que "prefere um autêntico pornô", mas provavelmente foi engabelado pela promessa de encontrar um pornô aqui. Que pena. Se você vier com esse intuito, será decepcionante mesmo. Agora, se abrir a mente e olhar para além da "promessa" emanada pelo título, verás um filme que tem sentido e, vinte anos depois, continua atual ao pensarmos nos preconceitos e na dificuldade que a sociedade tão hipócrita tem em aceitar o outro. Belíssimo filme.
Diário de um Ator Pornô
2.3 3Não entendo esse nota. Primeiro, é bom dizer que o título engana MUITO. Dá a entender que será um filme softporn, mas não. É uma história densa de amadurecimento pessoal e de descoberta do respeito entre irmãos. Além disso, essa sinopse é, no mínimo, medíocre. O rapaz aqui embaixo falou que "prefere um autêntico pornô", mas provavelmente foi engabelado pela promessa de encontrar um pornô aqui. Que pena. Se você vier com esse intuito, será decepcionante mesmo. Agora, se abrir a mente e olhar para além da "promessa" emanada pelo título, verás um filme que tem sentido e, vinte anos depois, continua atual ao pensarmos nos preconceitos e na dificuldade que a sociedade tão hipócrita tem em aceitar o outro. Belíssimo filme.
Desaprender a Dormir
2.5 10Fiquei dividido. Por um lado, adorei a parte filosófica do filme e as reflexões que alimenta. Por outro, me pareceu um (mau) encadeamento de diversas ideias. Dizer que é "um filme pornô que se acha cult" me parece exagero. Uma das últimas barreiras do cinema é a questão do sexo e é bom, ao meu ver, termos diretores que se predispõem a encarar o desafio. O problema foi que esse elemento sexual não funcionou comigo. Na minha opinião fecal, criou uma distração desnecessária em certos momentos, prejudicando a mensagem geral do filme. Para mim, o prejuízo não foi pelo sexo explícito ou pelo grotesco de algumas cenas, mas sim pela falta de uma unidade narrativa que conduzisse a trama.
Devotee
2.8 7Acho engraçado (preocupante?) comentários dizendo que "é um filme difícil", "imagens perturbadoras", "lokão"... Sério? ISSO, a sexualidade de PCDs é perturbador? Sério mesmo? E outra: se fosse um PCD com aparência à lá Instagram, sem os membros e "bonito conforme a ditadura de beleza", será que estariam falando em "perturbação"? Ou seria só maís um fetiche?
"Devotee" levanta reflexões que hoje, quase 20 anos após o lançamento, ainda bem, estão ganhando luz. Pena que o média-metratem é ruim. Não pelo conteúdo, mas pela filmagem amadora, atuações terríveis. Eu pensei que seria um mini documentário, fui enganado.
Mesmo assim, serve como ponto de discussão e contém diálogos que me fizeram pensar. Longe de ser "perturbador", este é um filme ousado ao dar visibilidade a um assunto invisível, ignorado, esquecido.
Vivendo no Brasil, cheio de desigualdades, onde mulheres são mortas feito pernilongos, a população LGBTQIA+ idem, a pessoa achar "perturbador" ver o sexo de um PCD é o ápice da hipocrisia.
Saia da bolha. Há muitos assuntos que de fato merecem muito mais a tua indignação.
Centro do Meu Mundo
3.7 93Creio que conseguiu retratar bem essa fase de conflitos adolescentes mesclada aos conflitos externos. E fiquei ainda mais interessado pela narrativa diferenciada. Ao invés de um típico "coming of age gay" repleto de dramas sobre a própria sexualidade, o que temos aqui é um exemplo de filme que vai além do óbvio, mostrando a questão da sexualidade como mero pano de fundo ao invés de ser todo o centro dos problemas. Excelente abordagem. Some a isso fotografia bonita, boas atuações e uma história familiar complexa e me deparei com um filme surpreendente e acolhedor.
Cantando na Chuva
4.4 1,1K Assista AgoraSabe quando você acaba um filme e fica boquiaberto? Os pensamentos girando em apenas uma toada: cara, o que foi isso? UAU!
Setenta anos depois (tem ideia do que isso significa?) o filme não só ainda funciona como, na minha opinião fecal, chuta a b*nda de muito filme cheio de efeitos especiais de hoje em dia. A trama é maravilhosa, a comédia... Eu ri muito. E foi um riso natural, junto com o público do filme vendo um filme. É FANTÁSTICO!!! Estou, sei lá, rendido.
E a dançar... Ah, a dança. Eu fiquei me mexendo, vidrado, encantado, entregue, ficado, em êxtase. Que experiência cinematográfica maravilhosa.
Assassinos por Natureza
4.0 1,1K Assista AgoraInteressante pelo aspecto crítico à mídia e a espetacularização da violência. Porém, quando retiro esse tempero e a excentricidade do filme em geral e fico.apenas com a história, a trama, para mim faltou algo na primeira parte que convença a um mergulho maior.