Cara, é legal porque logra em trazer o lado caótico e divertido da banda enquanto estava em seu auge aqui no Brasil. Daí pra frente ainda viriam a decolar em incursões internacionais, emplacando de vez o seu nome, contudo as relações ainda viriam a se desgastar e já sabemos do resto da história. Não agrega lá muita coisa, tanto por seu formato curto quanto pela escassez de histórias que ainda simplesmente não haviam acontecido.
Trata-se de um breve retrato de uma banda que foi um fenômeno nacional e serve para darmos risadas com as situações registradas. Sem dúvida a banda mereceria um documentário gravado atualmente trazendo todos os desdobramentos que os levaram ao sucesso e seu consequente término.
Pena que tão poucos assistiram, fiquei na expectativa de debater um pouco sobre ele.
O filme traz umas transições dentro do próprio roteiro que são um tanto abruptas e esquisitas, mas de modo geral, é uma das poucas coisas negativas que posso elencar nele. Pra mim ficou desconexo o preâmbulo inicial entre o homem da pulseira de couro e o protagonista que viria a assumir a parte final do filme. Surpreende por seu esmero em produção e retrata uma sociedade pequeno burguesa da Costa do Marfim, algo que você pouco pode imaginar a respeito, mas que certamente existe em todos os lugares do mundo e é basicamente igual ou muito parecida em diversos aspectos com as nossas daqui. Essa se caracterizou por consumir uísque, ouvir música ocidental e vislumbrar grandes viagens fora da África. Nada de muito diferente até hoje, se for ver.
Fazia muito tempo mesmo que não o revia, e já que notei dando bobeira na NF, pensei que agora fosse a hora. Realmente o filme continua com impacto instigante muito semelhante, embora tenha o efeito que, se você começar a o pensar racionalmente tenderá a passar raiva. Então a melhor fómular mesmo é embarcar na noia e deixar se levar. Assim ele funciona perfeitamente. Filmaço!
História pesadona, pra se ver preparado pra levar uma pancada. Como um todo ele chega a ser meio vazio na narrativa, caindo em um ou outro descaso de continuidade contextual. Fica difícil até de definir de quem é o protagonismo. Não chega a ser um Vá e Veja, mas creio que a diretora já obteve a faca e o queijo na mão ao escolher retratar uma atrocidade alucinada de um lunático e acabou pegando na veia se a finalidade era impactar.
Em tempo, é muito provável que teve muita gente falando "ah mas o comunismo isso e aquilo". Note-se que o khmer apesar de se dizer marxista no discurso, foi apoiado sem muito segredo pelos Estados Unidos. Ou seja, para garantir a não expansão do socialismo soviético, o mundo capitalista é capaz de se aliar com as mais genocidas das coalizões. E isso não foi um caso isolado, haja visto também os contras na Nicarágua.
A tradução para o português funciona muito bem: a grande testemunha de muitas das maldades humanas. Realmente é um filme pioneiristico e tocante. Falha um tanto com seu roteiro cheio de buracos e não coeso em alguns momentos, tal qual na parca atuação dos envolvidos, mas tem grande potência.
Cinema realista da quebrada. Sem muito o que comentar, apenas assistir. A levada das cenas muitas vezes sem muitos cortes e flertando com o improviso ao mesmo tempo que o tornam autêntico tambem tenderam a comprometer a qualidade, embora o que se enfoque aqui é justamente o testemunho de uma realidade. Recomendo!
A duração curta chega a ser um convite a conhecer um pouco de um cinema regional e antigo arraigado em uma cultura de minoria étinica da Finlândia. Até mesmo a linguagem se torna um atrativo, soando um tanto diferente o finlandês (não que eu tenha qualquer intimidade com ele). No mais, não vai muito além disso. É interessante.
A cada revisita de um filme do Buñuel sou brindado com novas nuances captadas que mais e e mais enriquecem suas narrativas. Por mais que se revolte com a ingenuidade, por vezes mesmo traduzido em pura burrice do protagonista, quem nunca caiu nas armadilhas do desejo cego que se traduz em infinitas facetas? Que atire a primeira pedra!
Sensação semelhante senti com o Aftersun: um tremendo hype, e no fim das contas não é nem de longe tudo isso. O caso de Close é um pouco mais específico. Há uma imensa tentativa de sensibilizar o espectador desde o seu princípio, contudo de uma forma artificial e asséptica. Vejo que em nenhum momento é premente uma exposição consolidada entre a amizade dos dois meninos, por mais que se dê esse enfoque. Simplesmente não é orgânico! E quanto ao clímax?
Ele é simplesmente jogado na cara do espectador, de forma abrupta e sem sentido. O que fez de fato seu amigo se suicidar? Um simples desentendimento? Houve algo mais oculto que não soubemos? Não me parece.
Dessa maneira, o filme em sua segunda metade flutua sobre uma ambientação frágil, tediosa e mesmo apelativa onde mal se conversam. Em alguns momentos a alienação da criança que se mostra com seu sentimento de culpa é desconexa.
MInhas desculpas a quem amou o filme, mas poderia ter sido infinitamente melhor construído.
Eu, particularmente, quando assisto Jarmusch sempre tento encontrar o que está sendo exposto onde parece não haver nada. De fato a maioria dos filmes do cineasta parece não ter nada e ser um grande acaso, mas não concordo com essa visão.
Nesse filme aqui em específico me parece uma reflexão evidente acerca de uma classe à margem da sociedade, as quais não se enxergam parte participante ou com algum potencial de fazer algo significativo. Willie e seu comparsa dedicam basicamente todo seu tempo a assistir televisão, beber e quando precisam de dinheiro só lhes resta apostar ou se envolver em trambiques. Ora, boa parte da sociedade pós-industrial estadunidense vivenciou essa realidade! Com a crise do capitalismo industrial nessa sociedade desde a Guerra do Vietnã uma imensa parcela de previamente empregados sucumbiu à crise desse modelo produtivista, fazendo com que imensas cidades inteiras entrassem em colapso! Detroit é o maior exemplo dessa derrocada e o diretor é primoroso e sempre pontual em retratar essa realidade, mesmo que não seja por meio de palavras e somente por tomadas que parecem não estar levando a nada e não foram muitos os diretores de sua envergadura que se aventuraram nesse tipo de empreitada!
Apesar de trazer à tona diversas discussões, tais como a educação autônoma, a contestação ao sistema capitalista e várias outras coisas, o filme se debruça especificamente em um pilar: concepção de família. Em uma primeira metade do filme, a direção brinca com o espectador romantizando a relação entre os pais e filhos, de uma forma jocosa, companheirística e afetuosa. Contudo, vai se percebendo de forma muito gradual que a coisa não caminha bem por aí. A simbologia com o castelo de vidro (não se sabe se na história da vida real isso realmente existiu) é muito conveniente, fazendo parecer que o mesmo sonho se trata da relação familiar: um castelo glorioso, cheio de pompa e idealização, contudo extremamente frágil em suas relações. É um filme legal sim, todos os atores envolvidos estão maravilhosos, mas não passa de ser de médio pra bom.
Resolvi reassistir por mera oportunidade concebida no Mubi. Por algum motivo, 11 anos atrás, eu havia detestado considerando minha nota baixa. Realmente não lembrava de uma cena sequer dele, e até agora não entendi o porquê dessa minha aversão à época. O filme não se trata de uma mera ação de violência gratuita ao estilo Duro de Matar (nada contra o filme, é um dos meus favoritos até hoje), mas sim uma crítica intrinseca ao acesso às armas e a perigosa sensação de poder que essa pode gerar em uma pessoa, ou até mesmo ser o estopim de uma predisposição violenta que uma pessoa possa ter. Não sei ao certo se Bigelow trabalhou de forma astuta com a posição da força policial nessa equação, mas é certo que a diretora suscitou sutilezas incríveis em seu desenrolar que é simplesmente envolvente! Não obstante, o protagonismo feminino pioneirístico de Jamie Lee Curits no cinema estadunidense à época dessa produção é fenomenal. Não tenho dúvidas que a atriz abriu muitas portas para as produções mais atuais. Um filme extremamente relevante!
Gabriel Mascaro nem precisa fazer muitas perguntas para nos mostrar que a capacidade de gente rica falar besteira (pra não falar outra coisa) é diretamente proporcional ao seu dinheiro.
Atom Egoyan tem dessa característica: nunca vai te entregar um espetáculo, mas também nunca deixa a desejar. Aqui ele nos entrega uma adaptação de um caso extremamente intrigante (e não menos agoniante) o qual eu nunca ouvi falar. Acho que esse é o grande trunfo de adaptações de crimes baseados em fatos reais. Por mais controverso que possa ser (vide o caso Richtoffen), a arte sempre trabalha de uma maneira que nos descreve acontecimentos que nem sempre temos acesso ou são de outras épocas.
Missão dura, muito dura. Lars Von Trier ainda se moldando e não dá para dizer que é um filme enfadonho, mas é extremamente tedioso. Contudo, ainda que valeu a batalha (assisti em umas 4 ou 5 partes, porque realmente não rendia!), o desfecho do filme é muito legal.
Não tenho muito o que comentar a respeito da história e o desenrolar. Acho que a própria narrativa é melhor do que qualquer comentário que se teça. Gosto muito do Armin Stahl, fazia tempo que não via algo que ele tivesse atuado. Um baita filme!
Ainda que seja o retrato de uma profissão com seus costumes caindo cada vez mais na obsolescência, Bresson trouxe uma narrativa baseada em pequenos quadros que vão se encaixando pouco a pouco. Creio que seu grande objetivo foi demonstrar uma vida de devoção que quase nunca acaba sendo fácil por parte dos padres. É questionável sim toda a história da Igreja católica, como instituição, contudo pouco se pensa na vida do indivíduo que está lá por detrás da batina. Muito reflexivo.
O filme já não vinha muito bem, mas abandonei sumariamente após a brutalidade escrota e gratuita com o gato. Detesto essas escolhas de extremo mau-gosto.
Por ser algo do Linklater, a expectativa é sempre absurdamente alta. Foi legal pegar para assistir uma obra dele em formato animação novamente, mesmo passando longe de ser um Waking Life. É legal, consigo sentir a nostalgia (e eu sou um cara muito nostálgco), mas talvez um fã do diretor que seja da mesma geração que ele pudesse sentir isso de forma mais vivaz. Não sei se reveria, mas valeu o entretenimento.
O filme até começa com uma proposta interessante e vai se desenhando como uma viagem pela cronologia, fórmula muito pertinente para não tornar a narrativa maçante por vezes, mas infelizmente se perde como um testemunho de choros fanáticos de um time que supostamente teria sido prejudicado e injustiçado pelos céus (olha o tamanho da prepotência!) ao longo de sua história. Isso é tão exagerado durante o documentário que a pecha levantada de ser um time perseguido seria ainda maior do que as próprias conquistas do time, que por inúmeras vezes são colocadas em um segundo plano.
Realmente eu não sei qual o nível da neurose do atleticano com isso, eu nunca conheci nenhum pessoalmente, mas se a relação com o time é isso mesmo, eu diria que é minimizar demais a instituição do clube para basicamente viver um masoquismo coletivo.
O cumpre examente o que se propõe a falar: do Chorão. Se fosse um documentário sobre o Charlie Brown, de fato seria uma porcaria, mas soube ponderar bem o quanto se falou da banda para retratar a pessoa, afinal, seria impossível falar dele sem mencioná-la minimamente.
Duração boa que faz quem assiste não perca o interesse. Queria que a maioria dos documentários tivesse uma duração parecida com esse.
Eu acho que conseguiu manter a média, apesar de seus muitos deslizes. O filme começa com uma pegada que se direciona um pouco à primeira parte, mas logo se perde o interesse mediante ao pedantismo pujante de Randal (o que não é nenhuma novidade para quem já acompanha a obra há algum tempo). Não sei se essa tentativa forçada de mea culpa do personagem cola ao final do filme, me pareceu um desenrolar bem acelerado e descaracterizado. Mais uma sequência que vai para a prateleira do esquecimento, creio eu. Quem está com saudades do filme, recomendo rever o 1 e o 2.
Tá, não estamos diante de uma obra-prima nacional, mas o trabalho feito com atores amadores onde os quais são próprios frutos da realidade expressa no filme é algo que por si só já merece grande exaltação. O diretor trabalha com a ambiguidade entre uma periferia esquecida pelo poder público mediante uma violência latente expressa de forma admirativa (jovens que enaltecem a violência como um modo de vida possível e provável diante da ausência de meios) e ao mesmo tempo contrapondo-se por relações de proximidade traduzidas em amizades intrincadas também permeadas pela violência constante, contudo sob um signo de cumplicidade e freternidade. As cenas da luta entre Neguinho e Juninho mostra bem evidente esses laços, tal como Neguinho fazendo e oferecendo comida a Menor, suas danças juntos, ou mesmo Juninho e Menor fumando um baseado juntos enquanto compartilham sobre suas vidas sofridas. É um filme que pequenos detalhes dizem muito, e quase sempre não por meio de seus diálogos.
Jarmusch não precisou trazer muitas falas para traduzir em um filme o desânimo de uma pessoa em viver uma vida a qual ela não se encaixa e se sente despertencente. O filme tem muita força e não traz qualquer mensagem otimista em seu contexto, mesmo não se tratando de um filme fossa deprê como muitos outros que tentam trilhar esse caminho.
Uma impressionante estreia de um diretor impressionante!
CSS - de frente, de lado e de costas
3.2 1Cara, é legal porque logra em trazer o lado caótico e divertido da banda enquanto estava em seu auge aqui no Brasil.
Daí pra frente ainda viriam a decolar em incursões internacionais, emplacando de vez o seu nome, contudo as relações ainda viriam a se desgastar e já sabemos do resto da história.
Não agrega lá muita coisa, tanto por seu formato curto quanto pela escassez de histórias que ainda simplesmente não haviam acontecido.
Trata-se de um breve retrato de uma banda que foi um fenômeno nacional e serve para darmos risadas com as situações registradas.
Sem dúvida a banda mereceria um documentário gravado atualmente trazendo todos os desdobramentos que os levaram ao sucesso e seu consequente término.
A Mulher Com Uma Faca
3.3 2Pena que tão poucos assistiram, fiquei na expectativa de debater um pouco sobre ele.
O filme traz umas transições dentro do próprio roteiro que são um tanto abruptas e esquisitas, mas de modo geral, é uma das poucas coisas negativas que posso elencar nele. Pra mim ficou desconexo o preâmbulo inicial entre o homem da pulseira de couro e o protagonista que viria a assumir a parte final do filme.
Surpreende por seu esmero em produção e retrata uma sociedade pequeno burguesa da Costa do Marfim, algo que você pouco pode imaginar a respeito, mas que certamente existe em todos os lugares do mundo e é basicamente igual ou muito parecida em diversos aspectos com as nossas daqui.
Essa se caracterizou por consumir uísque, ouvir música ocidental e vislumbrar grandes viagens fora da África. Nada de muito diferente até hoje, se for ver.
Vidas em Jogo
3.8 724 Assista AgoraFazia muito tempo mesmo que não o revia, e já que notei dando bobeira na NF, pensei que agora fosse a hora.
Realmente o filme continua com impacto instigante muito semelhante, embora tenha o efeito que, se você começar a o pensar racionalmente tenderá a passar raiva.
Então a melhor fómular mesmo é embarcar na noia e deixar se levar. Assim ele funciona perfeitamente. Filmaço!
Primeiro, Mataram o Meu Pai
3.8 238 Assista AgoraHistória pesadona, pra se ver preparado pra levar uma pancada.
Como um todo ele chega a ser meio vazio na narrativa, caindo em um ou outro descaso de continuidade contextual. Fica difícil até de definir de quem é o protagonismo.
Não chega a ser um Vá e Veja, mas creio que a diretora já obteve a faca e o queijo na mão ao escolher retratar uma atrocidade alucinada de um lunático e acabou pegando na veia se a finalidade era impactar.
Em tempo, é muito provável que teve muita gente falando "ah mas o comunismo isso e aquilo".
Note-se que o khmer apesar de se dizer marxista no discurso, foi apoiado sem muito segredo pelos Estados Unidos. Ou seja, para garantir a não expansão do socialismo soviético, o mundo capitalista é capaz de se aliar com as mais genocidas das coalizões.
E isso não foi um caso isolado, haja visto também os contras na Nicarágua.
A Grande Testemunha
4.0 94 Assista AgoraA tradução para o português funciona muito bem: a grande testemunha de muitas das maldades humanas.
Realmente é um filme pioneiristico e tocante.
Falha um tanto com seu roteiro cheio de buracos e não coeso em alguns momentos, tal qual na parca atuação dos envolvidos, mas tem grande potência.
Corpo Delito
3.6 7Cinema realista da quebrada.
Sem muito o que comentar, apenas assistir.
A levada das cenas muitas vezes sem muitos cortes e flertando com o improviso ao mesmo tempo que o tornam autêntico tambem tenderam a comprometer a qualidade, embora o que se enfoque aqui é justamente o testemunho de uma realidade.
Recomendo!
A Rena Branca
3.4 12A duração curta chega a ser um convite a conhecer um pouco de um cinema regional e antigo arraigado em uma cultura de minoria étinica da Finlândia. Até mesmo a linguagem se torna um atrativo, soando um tanto diferente o finlandês (não que eu tenha qualquer intimidade com ele).
No mais, não vai muito além disso. É interessante.
Esse Obscuro Objeto do Desejo
4.2 87A cada revisita de um filme do Buñuel sou brindado com novas nuances captadas que mais e e mais enriquecem suas narrativas.
Por mais que se revolte com a ingenuidade, por vezes mesmo traduzido em pura burrice do protagonista, quem nunca caiu nas armadilhas do desejo cego que se traduz em infinitas facetas? Que atire a primeira pedra!
Close
4.2 470 Assista AgoraSensação semelhante senti com o Aftersun: um tremendo hype, e no fim das contas não é nem de longe tudo isso.
O caso de Close é um pouco mais específico. Há uma imensa tentativa de sensibilizar o espectador desde o seu princípio, contudo de uma forma artificial e asséptica. Vejo que em nenhum momento é premente uma exposição consolidada entre a amizade dos dois meninos, por mais que se dê esse enfoque. Simplesmente não é orgânico!
E quanto ao clímax?
Ele é simplesmente jogado na cara do espectador, de forma abrupta e sem sentido. O que fez de fato seu amigo se suicidar? Um simples desentendimento? Houve algo mais oculto que não soubemos? Não me parece.
Dessa maneira, o filme em sua segunda metade flutua sobre uma ambientação frágil, tediosa e mesmo apelativa onde mal se conversam. Em alguns momentos a alienação da criança que se mostra com seu sentimento de culpa é desconexa.
MInhas desculpas a quem amou o filme, mas poderia ter sido infinitamente melhor construído.
Estranhos no Paraíso
3.9 113 Assista AgoraEu, particularmente, quando assisto Jarmusch sempre tento encontrar o que está sendo exposto onde parece não haver nada.
De fato a maioria dos filmes do cineasta parece não ter nada e ser um grande acaso, mas não concordo com essa visão.
Nesse filme aqui em específico me parece uma reflexão evidente acerca de uma classe à margem da sociedade, as quais não se enxergam parte participante ou com algum potencial de fazer algo significativo.
Willie e seu comparsa dedicam basicamente todo seu tempo a assistir televisão, beber e quando precisam de dinheiro só lhes resta apostar ou se envolver em trambiques.
Ora, boa parte da sociedade pós-industrial estadunidense vivenciou essa realidade! Com a crise do capitalismo industrial nessa sociedade desde a Guerra do Vietnã uma imensa parcela de previamente empregados sucumbiu à crise desse modelo produtivista, fazendo com que imensas cidades inteiras entrassem em colapso! Detroit é o maior exemplo dessa derrocada e o diretor é primoroso e sempre pontual em retratar essa realidade, mesmo que não seja por meio de palavras e somente por tomadas que parecem não estar levando a nada e não foram muitos os diretores de sua envergadura que se aventuraram nesse tipo de empreitada!
O Castelo de Vidro
3.8 269 Assista AgoraApesar de trazer à tona diversas discussões, tais como a educação autônoma, a contestação ao sistema capitalista e várias outras coisas, o filme se debruça especificamente em um pilar: concepção de família.
Em uma primeira metade do filme, a direção brinca com o espectador romantizando a relação entre os pais e filhos, de uma forma jocosa, companheirística e afetuosa.
Contudo, vai se percebendo de forma muito gradual que a coisa não caminha bem por aí.
A simbologia com o castelo de vidro (não se sabe se na história da vida real isso realmente existiu) é muito conveniente, fazendo parecer que o mesmo sonho se trata da relação familiar: um castelo glorioso, cheio de pompa e idealização, contudo extremamente frágil em suas relações.
É um filme legal sim, todos os atores envolvidos estão maravilhosos, mas não passa de ser de médio pra bom.
Jogo Perverso
3.0 67 Assista AgoraResolvi reassistir por mera oportunidade concebida no Mubi.
Por algum motivo, 11 anos atrás, eu havia detestado considerando minha nota baixa. Realmente não lembrava de uma cena sequer dele, e até agora não entendi o porquê dessa minha aversão à época.
O filme não se trata de uma mera ação de violência gratuita ao estilo Duro de Matar (nada contra o filme, é um dos meus favoritos até hoje), mas sim uma crítica intrinseca ao acesso às armas e a perigosa sensação de poder que essa pode gerar em uma pessoa, ou até mesmo ser o estopim de uma predisposição violenta que uma pessoa possa ter.
Não sei ao certo se Bigelow trabalhou de forma astuta com a posição da força policial nessa equação, mas é certo que a diretora suscitou sutilezas incríveis em seu desenrolar que é simplesmente envolvente!
Não obstante, o protagonismo feminino pioneirístico de Jamie Lee Curits no cinema estadunidense à época dessa produção é fenomenal. Não tenho dúvidas que a atriz abriu muitas portas para as produções mais atuais.
Um filme extremamente relevante!
Um Lugar ao Sol
3.9 168 Assista AgoraGabriel Mascaro nem precisa fazer muitas perguntas para nos mostrar que a capacidade de gente rica falar besteira (pra não falar outra coisa) é diretamente proporcional ao seu dinheiro.
Sem Evidências
3.3 252 Assista AgoraAtom Egoyan tem dessa característica: nunca vai te entregar um espetáculo, mas também nunca deixa a desejar.
Aqui ele nos entrega uma adaptação de um caso extremamente intrigante (e não menos agoniante) o qual eu nunca ouvi falar.
Acho que esse é o grande trunfo de adaptações de crimes baseados em fatos reais. Por mais controverso que possa ser (vide o caso Richtoffen), a arte sempre trabalha de uma maneira que nos descreve acontecimentos que nem sempre temos acesso ou são de outras épocas.
Epidemia
3.0 42 Assista AgoraMissão dura, muito dura.
Lars Von Trier ainda se moldando e não dá para dizer que é um filme enfadonho, mas é extremamente tedioso.
Contudo, ainda que valeu a batalha (assisti em umas 4 ou 5 partes, porque realmente não rendia!), o desfecho do filme é muito legal.
Lola
3.9 33Não tenho muito o que comentar a respeito da história e o desenrolar. Acho que a própria narrativa é melhor do que qualquer comentário que se teça.
Gosto muito do Armin Stahl, fazia tempo que não via algo que ele tivesse atuado.
Um baita filme!
Diário de um Pároco de Aldeia
4.1 48Ainda que seja o retrato de uma profissão com seus costumes caindo cada vez mais na obsolescência, Bresson trouxe uma narrativa baseada em pequenos quadros que vão se encaixando pouco a pouco.
Creio que seu grande objetivo foi demonstrar uma vida de devoção que quase nunca acaba sendo fácil por parte dos padres.
É questionável sim toda a história da Igreja católica, como instituição, contudo pouco se pensa na vida do indivíduo que está lá por detrás da batina.
Muito reflexivo.
Dente Canino
3.8 1,2KO filme já não vinha muito bem, mas abandonei sumariamente após a brutalidade escrota e gratuita com o gato. Detesto essas escolhas de extremo mau-gosto.
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
3.7 56 Assista AgoraPor ser algo do Linklater, a expectativa é sempre absurdamente alta.
Foi legal pegar para assistir uma obra dele em formato animação novamente, mesmo passando longe de ser um Waking Life.
É legal, consigo sentir a nostalgia (e eu sou um cara muito nostálgco), mas talvez um fã do diretor que seja da mesma geração que ele pudesse sentir isso de forma mais vivaz.
Não sei se reveria, mas valeu o entretenimento.
Lutar, Lutar, Lutar: O Filme do Galo
3.8 5O filme até começa com uma proposta interessante e vai se desenhando como uma viagem pela cronologia, fórmula muito pertinente para não tornar a narrativa maçante por vezes, mas infelizmente se perde como um testemunho de choros fanáticos de um time que supostamente teria sido prejudicado e injustiçado pelos céus (olha o tamanho da prepotência!) ao longo de sua história.
Isso é tão exagerado durante o documentário que a pecha levantada de ser um time perseguido seria ainda maior do que as próprias conquistas do time, que por inúmeras vezes são colocadas em um segundo plano.
Realmente eu não sei qual o nível da neurose do atleticano com isso, eu nunca conheci nenhum pessoalmente, mas se a relação com o time é isso mesmo, eu diria que é minimizar demais a instituição do clube para basicamente viver um masoquismo coletivo.
Chorão: Marginal Alado
3.8 179 Assista AgoraO cumpre examente o que se propõe a falar: do Chorão.
Se fosse um documentário sobre o Charlie Brown, de fato seria uma porcaria, mas soube ponderar bem o quanto se falou da banda para retratar a pessoa, afinal, seria impossível falar dele sem mencioná-la minimamente.
Duração boa que faz quem assiste não perca o interesse. Queria que a maioria dos documentários tivesse uma duração parecida com esse.
O Balconista 3
3.2 30 Assista AgoraEu acho que conseguiu manter a média, apesar de seus muitos deslizes.
O filme começa com uma pegada que se direciona um pouco à primeira parte, mas logo se perde o interesse mediante ao pedantismo pujante de Randal (o que não é nenhuma novidade para quem já acompanha a obra há algum tempo).
Não sei se essa tentativa forçada de mea culpa do personagem cola ao final do filme, me pareceu um desenrolar bem acelerado e descaracterizado.
Mais uma sequência que vai para a prateleira do esquecimento, creio eu.
Quem está com saudades do filme, recomendo rever o 1 e o 2.
A Vizinhança do Tigre
3.9 44Tá, não estamos diante de uma obra-prima nacional, mas o trabalho feito com atores amadores onde os quais são próprios frutos da realidade expressa no filme é algo que por si só já merece grande exaltação.
O diretor trabalha com a ambiguidade entre uma periferia esquecida pelo poder público mediante uma violência latente expressa de forma admirativa (jovens que enaltecem a violência como um modo de vida possível e provável diante da ausência de meios) e ao mesmo tempo contrapondo-se por relações de proximidade traduzidas em amizades intrincadas também permeadas pela violência constante, contudo sob um signo de cumplicidade e freternidade.
As cenas da luta entre Neguinho e Juninho mostra bem evidente esses laços, tal como Neguinho fazendo e oferecendo comida a Menor, suas danças juntos, ou mesmo Juninho e Menor fumando um baseado juntos enquanto compartilham sobre suas vidas sofridas.
É um filme que pequenos detalhes dizem muito, e quase sempre não por meio de seus diálogos.
Férias Permanentes
3.6 57 Assista AgoraJarmusch não precisou trazer muitas falas para traduzir em um filme o desânimo de uma pessoa em viver uma vida a qual ela não se encaixa e se sente despertencente.
O filme tem muita força e não traz qualquer mensagem otimista em seu contexto, mesmo não se tratando de um filme fossa deprê como muitos outros que tentam trilhar esse caminho.
Uma impressionante estreia de um diretor impressionante!