História pra bem de inverossímil, apesar de trazer aqui e acolá uns momentos de retratação de realidades da época, como o caso de casamentos arranjados por dotes ou solucionar os problemas financeiros. Tem suas cenas engraçadas (como as do baile de celebração) e de incompatibilidade de classes sociais (nisso os filmes do Mazzaropi são sempre primorosos). Pode não ser um dos melhores do artista, mas sem dúvida vale a pena conferir!
Me lembro que em 2018, primeira vez que assisti Fitzcarraldo, foram inúmeras as vezes que eu dormi ou pesquei. Entretanto, ficou gravado em minha cabeça que não se tratava de um filme ruim, e sim que eu estava com muito sono e o ritmo de fato era arrastado. Enfim... era um objetivo ter um novo contato e reavaliar.
Conta com presenças pontuais e ilustres como Milton Nascimento e Grande Otelo, tal como Claudia Cardinale. Esse elefante branco de Herzog, fruto que gerou e continua gerando inúmeras polêmicas é um filme que elucida os feitos ou objetivos faraônicos de pessoas megalomaníacas. O megalomaníaco em questão nesta obra é Fitzgerald, um dos muitos gringos que vieram para a América do Sul em busca de lucro fácil explorando os recursos naturais e concessões oferecidas pelos governos locais a custo de bananas. Este já passa a ser um ponto inicial de discussão interessantíssima do filme que coloca em questão quem de fato lucrou nessas empreitadas. Quando falamos do ciclo da borracha, um dos panos de fundo centrais neste filme, imediatamente imaginamos os barões locais como os verdadeiros donos dos meios de produção, mas isso acaba sendo uma falácia muito mal disseminada. Desde a época do Colonialismo, os estrangeiros dominaram o processo de exploração e foram protagonistas velados desse sistema. Os indígenas, como mostrados no filme, também foram fundamentais para as engrenagens desse processo devastador, e não raro eram "pagos" com quinquilharias (
o bloco de gelo presenteado ao cacique por Fitzgerald representa ironicamente essa prática
). Dessa maneira, seguimos aos feitos da ambição desmedida que punha em risco letal todos esses desbravadores. Não obstante da morte iminente, tudo valia para conquistar suas ambições, e colocar outras muitas vidas em jogo, fossem eles assalariados ou não pouco importava para alcançá-los. Não havia absurdos prementes (isso representado
pelo barco atravessando um imenso trecho de terra firme coberto por uma floresta
), e sim barreiras a serem transpostas.
É uma obra excelente do diretor e sem dúvida permanecerá imortalizada. Foi extremamente bem-sucedida em seu argumento, mas talvez nem tanto por sua execução e interesse.
Abriu na minha cabeça um novo parâmetro de filme ruim.
Cada cena subsequente consegue superar a anterior, é algo de fato inacreditável. Eu durante quase todo o filme fiquei pensando quem teria encomendado um roteiro tão horroroso... (será que teve um?) E vejam bem, o desastre não foi algo que veio necessariamente da direção, pois Roberto Farias se provou como um grande profissional que nos entregou O Assalto ao Trem Pagador, um clássico do cinema nacional. Não! A fanfarronice foi proposital. Primaram aqui em apresentar dos maiores absurdos já vistos no cinema até então protagonizados por um artista ilustre da época, com a finalidade clara de trazer público em uma época que ainda não se imaginavam muitos efeitos especiais e tampouco adaptações de histórias de HQ para agregar grandes bilheterias.
É um filme que não funciona direito nem mesmo para assistir chapado, de tão descabeçado que ele é. A cena do paraquedas é especialmente icônica para definir e selar de vez a bomba de que se trata isso aqui.
Daqueles filmes que você esquece toda a trama depois de um tempo mas se lembra bem que é excepcional. Trata-se de uma das obras do cinema mais bem-sucedidas em entrelaçar uma trama bem elaborada, ação e comédia, quase tudo ao mesmo tempo sem brecar por um segundo.
Estava achando que a nota era exagerada, mas não. É um filme C mesmo dotado de uma produção cafajeste de ruim e um roteiro pra lá de previsível e mal costurado. Triste fim pro Bruce Willis que segue o mesmo fim do Nicolas Cage, ainda que o primeiro tenha a justificativa de sua doença.
Me pegou desprevenido esse filme, que rasteira! É interessante como o diretor trabalhou com a descaracterização das conquistas, ascensão social, materialismo e tudo o que mais para trazer à tona uma ruptura completa e oferecer ao espectador um incômodo tremendo convertido em todas as formas possíveis. É também muito relevante notar como o estilo de filmagem traduz-se em um segundo plano dos personagens humanos e coloca o protagonismo tanto no cenário como no próprio espectador. As cenas dos objetos sendo filmados ao longo do filme causa a impressão que podemos simplesmente esticar a mão e alcançá-los, ou até mesmo manejá-los. É de causar repulsa em nós mesmos de não podermos evitar que algo aconteça, mesmo que saibamos que isso não seria possível. A reta final é maestral. Já vamos sendo conduzidos ao que sabemos que vai ocorrer, e tudo que nos resta é testemunhar a transição para a viagem. Nem mesmo os motivos ficam tão evidentes, ainda que presumíveis, só que acredito que de fato não é mesmo o enfoque que o realizador deseja. A marca autêntica de Haneke é sempre causar o incômodo, sem precisar explicar o porquê dele de forma explícita.
História e execução simples em suas propostas, mas não me cativou como eu gostaria. Vale uma revisita daqui uns anos para ver se meu estado de espírito muda e consigo encarar de outra forma.
Esbarrei meio que sem querer com esse filme, e até mesmo por sua curta duração resolvi dar uma chance encaixando-o em um momento oportuno. De fato, foi uma experiência satisfatória, embora não tão perturbadora quanto a proposta poderia ter se enveredado. Não sei se por se tratar de um trabalho de estreia a diretora se sentiu acanhada ou insegura de lançar mão de uma abordagem mais expandida do tema, agarrando-se em pontos de curto alcance para garantir a eficácia em sua narrativa. Todavia, o resultado é uma obra interessante que aborda a problemática da abstinência na vida de um casal de viciados, ainda que se valha mais de suas questões cotidianas do que necessariamente dos pontos culminantes de suas crises. Interessante também mencionar as técnicas utilizadas pela diretora: majoritariamente escolheu-se pelo enfoque dos personagens de maneira que muitas vezes eles fossem maiores do que o próprio enquadramento, o que reforça a sensação angustiante de suas tristezas e insatisfações. Em momentos de ar livre, os mesmos personagens são afastados, e eles se tornam pequenos diante do ambiente, mesmo se tratando de uma cidade pequena que os comprimem.
Além de surpreender com uma guinada que não esperava por vir, o que estava sendo apresentado já era bom suficiente para um filme do nível que se espera do diretor.
Distúrbio era um filme que já estava passando batido por mim. Realmente não tive nenhum conhecimento da existência dela, e teria sido realmente uma pena. Obrigado, Mubi, mais uma vez!
Em minha última revisão deste filme 9 anos atrás eu já deixei registrado como de tempos em tempos esse clássico merece ser revisto, e ainda concordo com meu eu do passado. De fato muito tempo se passou, tanto da última vez que o vi e muito mais da primeira que nem me lembro mais quando foi, possivelmente quando eu ainda era adolescente. Inacreditável como são quase 4 horas que passam voando, sem nenhum momento de tédio, mesmo que seja ditado por um dos ritmos mais lentos considerando-se filmes de máfia (acho que só perde para o infame Homem da Máfia estrelado por Brad Pitt). A ambientação e conexão entre os personagens é primorosa, e deve-se também destacar a dramatização pontual que cenas mais sensíveis impõem.
Ainda que claramente bebendo na fonte da atmosfera marcada do Entrevista com um Vampiro, Jarmusch conseguiu fazer prevalecer uma autenticidade impressionante ao retratar o que seria a realidade e crises existenciais de um ser imortal. Interessante também esse ponto, pois não necessariamente eles são imortais. Existem meios supostos de esses seres morrerem, ou melhor, deixarem de existirem de fato.
É explorado com maestria a diferenciação da passagem do tempo para nós mortais e são evocadas épocas as quais não vivemos e o interessante é que mesmo assim, a obra nos faz sentirmos lá, embora nem mesmo são trazidas necessariamente imagens ou cenas dessas épocas. Por sinal, o filme é permeado por essa nostalgia em forma de sedução. Jarmusch é um dos diretores que, em minha opinião, melhor explora essas nuances de retratar lugares como personagens. Essa é uma de suas qualidades as quais mais sou fã!
Extremamente superestimado só por ser um Truffaut protagonizado pelo Leaud. Esse personagem de Antoine Doinel é tão pedante que se tornou algo para ser esquecido na história do cinema. É impossível crer que um coisa desse fosse realmente ser aturado por mulheres inteligentes que se dispõe a relacionar com ele ou mesmo com qualquer pessoa que faria mais do que 10 contatos com esse sujeito, exceto o camarada trambiqueiro que consegue arrancar um troco toda vez que o encontra (acho que foram os únicos momentos do filme que realmente me diverti).
Pela nota parece ruim, mas não é. Filme que se mantém na média. Verdade que não é nenhuma obra-prima, mas não vejo porque deixar de dar uma chance para um revival do gênero que anda tão esquecido ultimamente.
Um dos gênios da música brasileira que teve a oportunidade de ser reconhecido mundialmente tal como João Gilberto, Tom Jobim, mas preferiu permanecer no âmbito nacional por sua paixão pela terra natal. Para ele já era demais ter saído de sua amada Bahia, imaginem abrir mão do Brasil...
Infelizmente, em dias atuais pouco se vê as novas gerações vasculhando a obra desse exímio compositor, então creio que seja uma obra que esteja fadada a morrer com o tempo, ou na melhor das hipóteses, permanecer na mente de alguns poucos eruditos. Enquanto isso, vamos aproveitar para enaltecê-la e aprecia-la.
Bem, para cá comigo, tenho a clara intenção de assistir tudo que o Lav Diaz lançar e esteja a meu alcance. Mais um item da lista completado depois de alguns dias de dedicação e chego à uma possibilidade a fins de análise de dividir essa obra em dois atos bem definidos.
O primeiro deles trata-se de uma abordagem existencialista, a princípio não muito bem estabelecida e que ganha corpo bem lenta e gradativamente, como quase tudo que o diretor se propõe a realizar. As tomadas longuíssimas e quase sem muita coisa ao redor acontecendo nos ajuda a estabelecer o descobrimento e a transformação de Heremias, um vendedor de artesanatos que faz parte de um grupo itinerante. O protagonista passa a questionar o seu verdadeiro lugar, o sentido do que está fazendo, mesmo que nada disso seja verbalizado em momento algum. O ponto de ruptura é quando ele decide que irá desbandar do grupo e partir em uma nova jornada a qual nem mesmo ele sabe o que busca, pra onde vai ou o que vai fazer. Até este momento, eu considero uma obra perfeita.
O seguindo deles é o que de fato pouco me agradou. De um personagem questionador e cheio de dúvidas, Heremias passa a ser um errante que toma todas as decisões equivocadas que se pode fazer. Ainda que se considere o protagonista como um ser de alma pura (o próprio conto que traz parte do nome do filme, Princesa Lagarto, reforça essa tese), a ingenuidade de Heremias em minha opinião não pode ser confundida como mera inocência. E ele chega a ser tão ingênuo que confesso não ter sido capaz de me convencer ou mesmo me compadecer com suas atitudes, mesmo que elas tenham total coerência com seu caráter.
Sem dúvida, até o momento, a obra de Lav Diaz que menos me agradou. Não digo que é ruim, mas não é brilhante.
Quanto à estética e reconstrução temporal, impecável! Quanto ao resto da obra, bem tedioso. De todos os filmes que vi do diretor, esse facilmente descartaria do rol. Provavelmente deu um baita trampo de produzi-lo, isso não tenho dúvida, mas pra mim é um elefante branco.
Embora seja uma história amarrada por uma dupla de protagonistas mulheres em uma ambientação de época, e talvez isso tenha me despertado o maior interesse em insistir no filme, a trama é fraca, infelizmente. Por muitas vezes o ponto forte eram as passagens musicais, muitíssimo bem elaboradas, por sinal. Contudo, até isso foi exagerado! Em alguns momentos parecia que estávamos presenciando um documentário de jazz dos anos 30, e não é só disso que o filme se propunha. Jennifer J. Leigh bem que segurou as pontas com sua atuação icônica, mas quando o filme acabou-se, foi quase a mesma sensação de quando havia começado.
Eu achava até então que já tinha visto as melhores coisas que a Agnes Varda já havia realizado, mas estava enganado.
Que cores! Que cenas! Que espetáculo! Inacreditável como a diretora coloca em prática cenas corriqueiras de um cotidiano permeadas por uma sensibilidade ímpar.
E é de se concordar que não devemos gerar lá muita empatia pelas atitudes do protagonista, mas não acho que tenha havido algum personagem no cinema tão sincero quanto François.
Apesar das situações bizarras, especialmente no segundo segmento da narrativa, o diretor me cativou muito com esse filme. Ainda estou me adaptando ao estilo e estética do Wong Kar Wai, mas sem dúvida é incontestável a sua autenticidade. Confesso que a ambientação de Hong Kong nos filmes me dá claustrofobia em quase todas as cenas. Sem dúvida seria um destino que mesmo que eu tivesse dinheiro para ir, passaria longe.
Após assistir os dois anteriores, me senti na obrigação de terminar a dita trilogia, haja visto que ambos os filmes me agradaram bastante. Confesso que não esperava lá grande coisa desse terceiro filme, até mesmo por se afastar consideravelmente da trinca dos protagonistas originais. Realmente não é das melhores coisas que se pode assistir, mas Hal Hartley logrou em manter a mesma estrutura narrativa dando uma pequena atualizada nos conceitos sensíveis que permeiam os outros dois, e foram feitos em épocas que não se preocupava muito com isso. Um dos pontos mais interessantes aqui agregados é brincar com o frenesi (e até mesmo obsessão) por certos objetos de estudo que podem mesmo virar uma compulsão aparentemente inexplicável de seu próprio interesse. No caso, para resumir, até mesmo uma obra nitidamente desprovida de conteúdo pode seguir um viés academicista. O diretor aqui parece brincar com a indagação "Mas o que realmente é arte? Apenas aquilo que nos dizem ser?", retomando assim a própria contextualização do primeiro filme da trilogia, onde aquela poesia pornográfica de Simon se transforma em sucesso absoluto, causando um rebuliço na sociedade. Vemos um Harry Fool arrependido pelos seus atos, contudo, sem buscar uma redenção forçada que é o tão clássico piegas da maioria das obras. Em alguns momentos chega até a ser meio desinteressante, porque, de fato, os outros dois filmes já exploraram anteriormente inúmeros artifícios; não sobrou muita carta na manga pra esse aqui.
Não obstante, achei falho essa questão da personagem de Susan. Ela tinha 13 anos, somando-se mais 7 da pena de Henry dá 20, mais os 18 de Ned: 38! Com essa cara de 20 ficou bem difícil de aceitar essa caracterização.
Não sabia da existência dessa trilogia até comentar Fay Grim por aqui e ler os comentários. Dessa forma, fui atrás desse primeiro filme e demorei um pouquinho para o encontrar. Enfim....
Narrativa pouco convencional da vida de uma família desajustada da classe trabalhadora estadunidense que nitidamente é permeada pela incultura e alcoolismo inerente, contudo não necessariamente ignorante. É também marcada pela aleatoriedade de eventos, tais como a chegada não muito explicada e inusitada do protagonista que nomeia a obra: Henry Fool. Henry é um personagem ainda mais desajustado que os demais, claramente não adequado a se encaixar em qualquer da engrenagens do sistema: desempregado convicto , alcoólatra e tabagista inveterado, persuasor que impõe sua própria vontade a estranhos por meio de uma verborragia aparentemente sedutora. Nessas, ele suspostamente teria uma magnum opus a ser publicada a qualquer momento e convence Simon a começar a escrever, esse logo se descobre como um infame poeta a la Bukowski em sua versão extrema. O filme é divertido, caso o espectador o assista sem filtros, especialmente os que nós carregamos hoje em nossa sociedade anos 2020. É pertinente mencionar que temas sensíveis são trabalhados de forma jocosa, tais como pedofilia e estupro. A proposta da narrativa não convencional citada acima é justamente essa. Contudo, hoje pode ser visto como uma alegoria apologética, mas foi um cuidado que não existia nos anos 90, vale lembrar. O diretor claramente deturpa esses fatos para trabalhar a sua inversão narrativa; certas cenas sequer fariam sentido existirem se não fosse essa intenção. Outro detalhe que não poderia deixar de comentar é o choque que me causou durante a conversa entre os editores (chefiados por Angus James), os quais vislumbram um futuro cibernético, o qual as pessoas se informariam e leriam livros utilizando seus computadores pessoais. Gente, isso é muito vanguardista em 1997, ano esse o qual a internet era discada, o Orkut ainda sequer tinha sido lançado e o jornalismo digital era algo embrionário e extremamente tosco. Ninguém olhava para isso ainda, foi quase uma viagem no tempo!
Eu gostei, mas não vi toda essa genialidade que se exalta dele, tanto aqui no Filmow quanto em outros meios. Tá, o filme chama Ódio, ele entrega ódio e tem bons atributos cinematográficos de fato, mas certamente esquecerei dele em poucos meses. Talvez valha uma revisita daqui uns anos, vamos ver o que pode me trazer em outro momento.
O filme é bom, tem um caráter novelesco sim, mas acho que trouxe os pontos cruciais da relação abusivas de trabalho na cultura asiática articulada com certas aspirações da classe trabalhadora que acredita em algum momento ter o seu reconhecimento garantido, coisa que nunca ocorre e jamais ocorrerá dentro do sistema capitalista.
Zé do Periquito
3.4 22História pra bem de inverossímil, apesar de trazer aqui e acolá uns momentos de retratação de realidades da época, como o caso de casamentos arranjados por dotes ou solucionar os problemas financeiros.
Tem suas cenas engraçadas (como as do baile de celebração) e de incompatibilidade de classes sociais (nisso os filmes do Mazzaropi são sempre primorosos).
Pode não ser um dos melhores do artista, mas sem dúvida vale a pena conferir!
Passagens
3.4 78 Assista AgoraTraz um enredo diferentão dos padrões mas não vi lá muita coisa que se destacasse do que assisti.
Tomas deve ter aprendido que "quem muito quer, nada tem".
Fitzcarraldo
4.2 148 Assista AgoraMe lembro que em 2018, primeira vez que assisti Fitzcarraldo, foram inúmeras as vezes que eu dormi ou pesquei.
Entretanto, ficou gravado em minha cabeça que não se tratava de um filme ruim, e sim que eu estava com muito sono e o ritmo de fato era arrastado.
Enfim... era um objetivo ter um novo contato e reavaliar.
Conta com presenças pontuais e ilustres como Milton Nascimento e Grande Otelo, tal como Claudia Cardinale.
Esse elefante branco de Herzog, fruto que gerou e continua gerando inúmeras polêmicas é um filme que elucida os feitos ou objetivos faraônicos de pessoas megalomaníacas. O megalomaníaco em questão nesta obra é Fitzgerald, um dos muitos gringos que vieram para a América do Sul em busca de lucro fácil explorando os recursos naturais e concessões oferecidas pelos governos locais a custo de bananas.
Este já passa a ser um ponto inicial de discussão interessantíssima do filme que coloca em questão quem de fato lucrou nessas empreitadas. Quando falamos do ciclo da borracha, um dos panos de fundo centrais neste filme, imediatamente imaginamos os barões locais como os verdadeiros donos dos meios de produção, mas isso acaba sendo uma falácia muito mal disseminada. Desde a época do Colonialismo, os estrangeiros dominaram o processo de exploração e foram protagonistas velados desse sistema. Os indígenas, como mostrados no filme, também foram fundamentais para as engrenagens desse processo devastador, e não raro eram "pagos" com quinquilharias (
o bloco de gelo presenteado ao cacique por Fitzgerald representa ironicamente essa prática
Dessa maneira, seguimos aos feitos da ambição desmedida que punha em risco letal todos esses desbravadores. Não obstante da morte iminente, tudo valia para conquistar suas ambições, e colocar outras muitas vidas em jogo, fossem eles assalariados ou não pouco importava para alcançá-los.
Não havia absurdos prementes (isso representado
pelo barco atravessando um imenso trecho de terra firme coberto por uma floresta
É uma obra excelente do diretor e sem dúvida permanecerá imortalizada. Foi extremamente bem-sucedida em seu argumento, mas talvez nem tanto por sua execução e interesse.
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura
2.8 65Abriu na minha cabeça um novo parâmetro de filme ruim.
Cada cena subsequente consegue superar a anterior, é algo de fato inacreditável.
Eu durante quase todo o filme fiquei pensando quem teria encomendado um roteiro tão horroroso... (será que teve um?)
E vejam bem, o desastre não foi algo que veio necessariamente da direção, pois Roberto Farias se provou como um grande profissional que nos entregou O Assalto ao Trem Pagador, um clássico do cinema nacional. Não! A fanfarronice foi proposital. Primaram aqui em apresentar dos maiores absurdos já vistos no cinema até então protagonizados por um artista ilustre da época, com a finalidade clara de trazer público em uma época que ainda não se imaginavam muitos efeitos especiais e tampouco adaptações de histórias de HQ para agregar grandes bilheterias.
É um filme que não funciona direito nem mesmo para assistir chapado, de tão descabeçado que ele é. A cena do paraquedas é especialmente icônica para definir e selar de vez a bomba de que se trata isso aqui.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes
4.2 580 Assista AgoraDaqueles filmes que você esquece toda a trama depois de um tempo mas se lembra bem que é excepcional.
Trata-se de uma das obras do cinema mais bem-sucedidas em entrelaçar uma trama bem elaborada, ação e comédia, quase tudo ao mesmo tempo sem brecar por um segundo.
Conspiração Explosiva
1.7 10 Assista AgoraEstava achando que a nota era exagerada, mas não. É um filme C mesmo dotado de uma produção cafajeste de ruim e um roteiro pra lá de previsível e mal costurado.
Triste fim pro Bruce Willis que segue o mesmo fim do Nicolas Cage, ainda que o primeiro tenha a justificativa de sua doença.
O Sétimo Continente
4.0 174 Assista AgoraMe pegou desprevenido esse filme, que rasteira!
É interessante como o diretor trabalhou com a descaracterização das conquistas, ascensão social, materialismo e tudo o que mais para trazer à tona uma ruptura completa e oferecer ao espectador um incômodo tremendo convertido em todas as formas possíveis.
É também muito relevante notar como o estilo de filmagem traduz-se em um segundo plano dos personagens humanos e coloca o protagonismo tanto no cenário como no próprio espectador. As cenas dos objetos sendo filmados ao longo do filme causa a impressão que podemos simplesmente esticar a mão e alcançá-los, ou até mesmo manejá-los. É de causar repulsa em nós mesmos de não podermos evitar que algo aconteça, mesmo que saibamos que isso não seria possível.
A reta final é maestral. Já vamos sendo conduzidos ao que sabemos que vai ocorrer, e tudo que nos resta é testemunhar a transição para a viagem.
Nem mesmo os motivos ficam tão evidentes, ainda que presumíveis, só que acredito que de fato não é mesmo o enfoque que o realizador deseja. A marca autêntica de Haneke é sempre causar o incômodo, sem precisar explicar o porquê dele de forma explícita.
Close Up
4.3 117História e execução simples em suas propostas, mas não me cativou como eu gostaria.
Vale uma revisita daqui uns anos para ver se meu estado de espírito muda e consigo encarar de outra forma.
Werewolf
3.3 3 Assista AgoraEsbarrei meio que sem querer com esse filme, e até mesmo por sua curta duração resolvi dar uma chance encaixando-o em um momento oportuno.
De fato, foi uma experiência satisfatória, embora não tão perturbadora quanto a proposta poderia ter se enveredado.
Não sei se por se tratar de um trabalho de estreia a diretora se sentiu acanhada ou insegura de lançar mão de uma abordagem mais expandida do tema, agarrando-se em pontos de curto alcance para garantir a eficácia em sua narrativa.
Todavia, o resultado é uma obra interessante que aborda a problemática da abstinência na vida de um casal de viciados, ainda que se valha mais de suas questões cotidianas do que necessariamente dos pontos culminantes de suas crises.
Interessante também mencionar as técnicas utilizadas pela diretora: majoritariamente escolheu-se pelo enfoque dos personagens de maneira que muitas vezes eles fossem maiores do que o próprio enquadramento, o que reforça a sensação angustiante de suas tristezas e insatisfações. Em momentos de ar livre, os mesmos personagens são afastados, e eles se tornam pequenos diante do ambiente, mesmo se tratando de uma cidade pequena que os comprimem.
Distúrbio
3.4 256Além de surpreender com uma guinada que não esperava por vir, o que estava sendo apresentado já era bom suficiente para um filme do nível que se espera do diretor.
Distúrbio era um filme que já estava passando batido por mim. Realmente não tive nenhum conhecimento da existência dela, e teria sido realmente uma pena.
Obrigado, Mubi, mais uma vez!
Era uma Vez na América
4.4 529 Assista AgoraEm minha última revisão deste filme 9 anos atrás eu já deixei registrado como de tempos em tempos esse clássico merece ser revisto, e ainda concordo com meu eu do passado.
De fato muito tempo se passou, tanto da última vez que o vi e muito mais da primeira que nem me lembro mais quando foi, possivelmente quando eu ainda era adolescente.
Inacreditável como são quase 4 horas que passam voando, sem nenhum momento de tédio, mesmo que seja ditado por um dos ritmos mais lentos considerando-se filmes de máfia (acho que só perde para o infame Homem da Máfia estrelado por Brad Pitt).
A ambientação e conexão entre os personagens é primorosa, e deve-se também destacar a dramatização pontual que cenas mais sensíveis impõem.
Amantes Eternos
3.8 783 Assista AgoraAinda que claramente bebendo na fonte da atmosfera marcada do Entrevista com um Vampiro, Jarmusch conseguiu fazer prevalecer uma autenticidade impressionante ao retratar o que seria a realidade e crises existenciais de um ser imortal.
Interessante também esse ponto, pois não necessariamente eles são imortais. Existem meios supostos de esses seres morrerem, ou melhor, deixarem de existirem de fato.
É explorado com maestria a diferenciação da passagem do tempo para nós mortais e são evocadas épocas as quais não vivemos e o interessante é que mesmo assim, a obra nos faz sentirmos lá, embora nem mesmo são trazidas necessariamente imagens ou cenas dessas épocas.
Por sinal, o filme é permeado por essa nostalgia em forma de sedução.
Jarmusch é um dos diretores que, em minha opinião, melhor explora essas nuances de retratar lugares como personagens. Essa é uma de suas qualidades as quais mais sou fã!
Domicílio Conjugal
4.1 113 Assista AgoraExtremamente superestimado só por ser um Truffaut protagonizado pelo Leaud.
Esse personagem de Antoine Doinel é tão pedante que se tornou algo para ser esquecido na história do cinema. É impossível crer que um coisa desse fosse realmente ser aturado por mulheres inteligentes que se dispõe a relacionar com ele ou mesmo com qualquer pessoa que faria mais do que 10 contatos com esse sujeito, exceto o camarada trambiqueiro que consegue arrancar um troco toda vez que o encontra (acho que foram os únicos momentos do filme que realmente me diverti).
Sombras de um Crime
2.4 59 Assista AgoraPela nota parece ruim, mas não é. Filme que se mantém na média.
Verdade que não é nenhuma obra-prima, mas não vejo porque deixar de dar uma chance para um revival do gênero que anda tão esquecido ultimamente.
Dê Lembranças a Todos
4.1 6Um dos gênios da música brasileira que teve a oportunidade de ser reconhecido mundialmente tal como João Gilberto, Tom Jobim, mas preferiu permanecer no âmbito nacional por sua paixão pela terra natal.
Para ele já era demais ter saído de sua amada Bahia, imaginem abrir mão do Brasil...
Infelizmente, em dias atuais pouco se vê as novas gerações vasculhando a obra desse exímio compositor, então creio que seja uma obra que esteja fadada a morrer com o tempo, ou na melhor das hipóteses, permanecer na mente de alguns poucos eruditos.
Enquanto isso, vamos aproveitar para enaltecê-la e aprecia-la.
Heremias: Livro Um - A Lenda da Princesa Lagarto
3.8 1 Assista AgoraBem, para cá comigo, tenho a clara intenção de assistir tudo que o Lav Diaz lançar e esteja a meu alcance.
Mais um item da lista completado depois de alguns dias de dedicação e chego à uma possibilidade a fins de análise de dividir essa obra em dois atos bem definidos.
O primeiro deles trata-se de uma abordagem existencialista, a princípio não muito bem estabelecida e que ganha corpo bem lenta e gradativamente, como quase tudo que o diretor se propõe a realizar.
As tomadas longuíssimas e quase sem muita coisa ao redor acontecendo nos ajuda a estabelecer o descobrimento e a transformação de Heremias, um vendedor de artesanatos que faz parte de um grupo itinerante.
O protagonista passa a questionar o seu verdadeiro lugar, o sentido do que está fazendo, mesmo que nada disso seja verbalizado em momento algum.
O ponto de ruptura é quando ele decide que irá desbandar do grupo e partir em uma nova jornada a qual nem mesmo ele sabe o que busca, pra onde vai ou o que vai fazer.
Até este momento, eu considero uma obra perfeita.
O seguindo deles é o que de fato pouco me agradou.
De um personagem questionador e cheio de dúvidas, Heremias passa a ser um errante que toma todas as decisões equivocadas que se pode fazer.
Ainda que se considere o protagonista como um ser de alma pura (o próprio conto que traz parte do nome do filme, Princesa Lagarto, reforça essa tese), a ingenuidade de Heremias em minha opinião não pode ser confundida como mera inocência.
E ele chega a ser tão ingênuo que confesso não ter sido capaz de me convencer ou mesmo me compadecer com suas atitudes, mesmo que elas tenham total coerência com seu caráter.
Sem dúvida, até o momento, a obra de Lav Diaz que menos me agradou. Não digo que é ruim, mas não é brilhante.
Tess: Uma Lição de Vida
3.7 125 Assista AgoraQuanto à estética e reconstrução temporal, impecável!
Quanto ao resto da obra, bem tedioso.
De todos os filmes que vi do diretor, esse facilmente descartaria do rol.
Provavelmente deu um baita trampo de produzi-lo, isso não tenho dúvida, mas pra mim é um elefante branco.
Kansas City
3.3 15 Assista AgoraEmbora seja uma história amarrada por uma dupla de protagonistas mulheres em uma ambientação de época, e talvez isso tenha me despertado o maior interesse em insistir no filme, a trama é fraca, infelizmente.
Por muitas vezes o ponto forte eram as passagens musicais, muitíssimo bem elaboradas, por sinal.
Contudo, até isso foi exagerado! Em alguns momentos parecia que estávamos presenciando um documentário de jazz dos anos 30, e não é só disso que o filme se propunha.
Jennifer J. Leigh bem que segurou as pontas com sua atuação icônica, mas quando o filme acabou-se, foi quase a mesma sensação de quando havia começado.
As Duas Faces Da Felicidade
4.0 120 Assista AgoraEu achava até então que já tinha visto as melhores coisas que a Agnes Varda já havia realizado, mas estava enganado.
Que cores! Que cenas! Que espetáculo!
Inacreditável como a diretora coloca em prática cenas corriqueiras de um cotidiano permeadas por uma sensibilidade ímpar.
E é de se concordar que não devemos gerar lá muita empatia pelas atitudes do protagonista, mas não acho que tenha havido algum personagem no cinema tão sincero quanto François.
Amores Expressos
4.2 355 Assista AgoraApesar das situações bizarras, especialmente no segundo segmento da narrativa, o diretor me cativou muito com esse filme.
Ainda estou me adaptando ao estilo e estética do Wong Kar Wai, mas sem dúvida é incontestável a sua autenticidade.
Confesso que a ambientação de Hong Kong nos filmes me dá claustrofobia em quase todas as cenas. Sem dúvida seria um destino que mesmo que eu tivesse dinheiro para ir, passaria longe.
Ned Rifle
3.5 7Após assistir os dois anteriores, me senti na obrigação de terminar a dita trilogia, haja visto que ambos os filmes me agradaram bastante.
Confesso que não esperava lá grande coisa desse terceiro filme, até mesmo por se afastar consideravelmente da trinca dos protagonistas originais.
Realmente não é das melhores coisas que se pode assistir, mas Hal Hartley logrou em manter a mesma estrutura narrativa dando uma pequena atualizada nos conceitos sensíveis que permeiam os outros dois, e foram feitos em épocas que não se preocupava muito com isso.
Um dos pontos mais interessantes aqui agregados é brincar com o frenesi (e até mesmo obsessão) por certos objetos de estudo que podem mesmo virar uma compulsão aparentemente inexplicável de seu próprio interesse. No caso, para resumir, até mesmo uma obra nitidamente desprovida de conteúdo pode seguir um viés academicista. O diretor aqui parece brincar com a indagação "Mas o que realmente é arte? Apenas aquilo que nos dizem ser?", retomando assim a própria contextualização do primeiro filme da trilogia, onde aquela poesia pornográfica de Simon se transforma em sucesso absoluto, causando um rebuliço na sociedade.
Vemos um Harry Fool arrependido pelos seus atos, contudo, sem buscar uma redenção forçada que é o tão clássico piegas da maioria das obras.
Em alguns momentos chega até a ser meio desinteressante, porque, de fato, os outros dois filmes já exploraram anteriormente inúmeros artifícios; não sobrou muita carta na manga pra esse aqui.
Não obstante, achei falho essa questão da personagem de Susan. Ela tinha 13 anos, somando-se mais 7 da pena de Henry dá 20, mais os 18 de Ned: 38! Com essa cara de 20 ficou bem difícil de aceitar essa caracterização.
Legal, mas não indispensável.
As Confissões de Henry Fool
3.9 29Não sabia da existência dessa trilogia até comentar Fay Grim por aqui e ler os comentários. Dessa forma, fui atrás desse primeiro filme e demorei um pouquinho para o encontrar. Enfim....
Narrativa pouco convencional da vida de uma família desajustada da classe trabalhadora estadunidense que nitidamente é permeada pela incultura e alcoolismo inerente, contudo não necessariamente ignorante.
É também marcada pela aleatoriedade de eventos, tais como a chegada não muito explicada e inusitada do protagonista que nomeia a obra: Henry Fool.
Henry é um personagem ainda mais desajustado que os demais, claramente não adequado a se encaixar em qualquer da engrenagens do sistema: desempregado convicto , alcoólatra e tabagista inveterado, persuasor que impõe sua própria vontade a estranhos por meio de uma verborragia aparentemente sedutora.
Nessas, ele suspostamente teria uma magnum opus a ser publicada a qualquer momento e convence Simon a começar a escrever, esse logo se descobre como um infame poeta a la Bukowski em sua versão extrema.
O filme é divertido, caso o espectador o assista sem filtros, especialmente os que nós carregamos hoje em nossa sociedade anos 2020.
É pertinente mencionar que temas sensíveis são trabalhados de forma jocosa, tais como pedofilia e estupro. A proposta da narrativa não convencional citada acima é justamente essa. Contudo, hoje pode ser visto como uma alegoria apologética, mas foi um cuidado que não existia nos anos 90, vale lembrar. O diretor claramente deturpa esses fatos para trabalhar a sua inversão narrativa; certas cenas sequer fariam sentido existirem se não fosse essa intenção.
Outro detalhe que não poderia deixar de comentar é o choque que me causou durante a conversa entre os editores (chefiados por Angus James), os quais vislumbram um futuro cibernético, o qual as pessoas se informariam e leriam livros utilizando seus computadores pessoais. Gente, isso é muito vanguardista em 1997, ano esse o qual a internet era discada, o Orkut ainda sequer tinha sido lançado e o jornalismo digital era algo embrionário e extremamente tosco. Ninguém olhava para isso ainda, foi quase uma viagem no tempo!
O Ódio
4.2 314 Assista AgoraEu gostei, mas não vi toda essa genialidade que se exalta dele, tanto aqui no Filmow quanto em outros meios.
Tá, o filme chama Ódio, ele entrega ódio e tem bons atributos cinematográficos de fato, mas certamente esquecerei dele em poucos meses.
Talvez valha uma revisita daqui uns anos, vamos ver o que pode me trazer em outro momento.
A Empregada
3.1 191 Assista AgoraO filme é bom, tem um caráter novelesco sim, mas acho que trouxe os pontos cruciais da relação abusivas de trabalho na cultura asiática articulada com certas aspirações da classe trabalhadora que acredita em algum momento ter o seu reconhecimento garantido, coisa que nunca ocorre e jamais ocorrerá dentro do sistema capitalista.