Logo que eu vi esse filme como top 10 da semana no NF eu já desconfiei, mas ainda dei um crédito por tanta gente estar assistindo. É, realmente a arte é uma parada muito louca: usualmente, quando muito poucos curtem, não é tão boa e quando todo mundo vai atrás, também. A medida certa? Impossível saber.
Nicolas Cage há muito tempo já meteu a pá de cal sobre sua carreira, isso todo mundo sabe. É de se pensar que realmente ele foi um baita de um ator em seus bons tempos, porque a gente sempre é burro o suficiente de insistir nos filmes dele pensando que possa ser um ressurgimento. Não foi dessa vez!
Contudo, é de se notar algo nesse filme as coisas começam até que muito bem. Gostei da proposta de trazer o espectador para junto de boa parte do caminho do tráfico. Infelizmente, o filme vai caindo em um abismo terrível de desinteresse e muita papagaiada apelativa. Filme pra lá de fraco!
Mesmo que os diretores tentem quebrar com as convenções cinematográficas de forma efetiva, não consigo afirmar que se trata de um grande filme apenas por essa característica. É de se destacar o empenho em retratar Macau, um lugar tão peculiar que desperta é capaz de despertar a curiosidade de qualquer um, e justamente foi esse o motivo de eu me por a assisti-lo. A técnica utilizada propôs de deixar à margem o protagonista em si (que de fato inexiste) e enfatizar o cenário e um cotidiano desprendido de formalidades elucidando uma história por meio de uma narração em terceira pessoa. Essa história, creio eu, deva ser em parte fictícia e em parte verídica por parte dos diretores que, possivelmente, foram em algum momento habitantes do território enquanto ainda era uma colônia portuguesa. É curiosa a história de Macau que foi uma das últimas colônias que se desvinculou da Europa. Trata-se ainda de uma cultura muito enraizada nesse povo, apesar de como se bem colocou durante a narrativa, quase ninguém saiba mais entender o português como uma língua de comunicação corriqueira.
No mínimo um filme muito estranho. Normalmente, por mais que um filme pareça de díficil compreensão, é possível notar que trata-se de uma grande obra. Só que nesse, infelizmente, não senti isso em nenhum momento. Considero que captei as críticas na entrelinhas, mas confesso que do filme propriamente dito entendi pouca coisa. Primeira decepção em matéria de Pasolini.
É sempre legal e válido uma obra que revisita as grandes glórias de um país, em especial quando se trata de futebol. Contudo, essas obras futebolísticas quase sempre são dotadas de defasagens relacionadas a roteiros que deixam em muito a desejar. As entrevistas e os momentos suscitados são interessantes, mas as informações quase sempre são relativizadas e divergentes. Ainda assim, o doc é razoável e vale pela sensação de nostalgia, principalmente para quem viveu aquele momento. Lembro bem que essa seleção era extremamente desacreditada por todos, e não somente por conta da campanha eliminatória pífia e a instabilidade efervescente dos treinadores que a fizeram parte, mas sim também pelo selecionado que passou muito longe de ser uma unanimidade. Não somente os jogadores citados foram contestados... mais da metade dos que integraram esse time até hoje são difíceis de acreditar que poderiam compor uma seleção brasileira, mesmo que fosse para um jogo amistoso contra a Indonésia! Lúcio, Roque Jr., Ricardinho, Gilberto Silva, Kleberson... Até o Anderson Polga pegou carona nessa festa! Me parece que desde 94 (convocados também bem controversos) temos que ter uma seleção desse tipo para levarmos a taça. Muitas seleções que levamos grandes jogadores favoritíssimos o Brasil acabou perdendo. Outra coisa insistentemente martelada durante o filme foi afirmar que 98 foi a pior derrota do Brasil nas copas. Isso não poderia ser mais equivocado, tendo em vista que o Maracanazo de 50 e o Sarriá de 82 estão disparados nessa lista.
Enfim, de todo modo, acho que seria interessante uma produção equivalente para 94, aproveitando que todo mundo ainda se encontra vivo para ser entrevistado.
Acho que esse documentário serve perfeitamente como um complemento para o 13a Emenda, também produzido pela NF. Os dois foram exímios em demonstrar que a perseguição à população negra continua forte como nunca.
Assisti não esperando grande coisa, apesar de desde o começo tivesse gostado da premissa. Posterguei por um tempo, pois já haviam feito comentários negativos sobre esse filme. Pois bem, logo de cara o mesmo já me cativou. Não se trata de um filme pretencioso e que carrega consigo uma leveza e foi construído com muita simplicidade. O cenário foi escolhido a dedo e o drama familiar e muito bem entrelaçado. Pode sim ter faltado uma certa profundidade, mas as reflexões são muito diretas e interessantes. Um filme bonito!
O filme é repleto de clichês indigestos contra a população negra que em sua maioria são, infelizmente, reproduzidos até hoje! Em cada diálogo dos franceses, cada reflexão de Diouana causa incômodo tremendo de preconceitos, descasos e situações degradantes que são muito comuns, especialmente no que se refere a um mercado de trabalho que tem como a população negra submetida a patrões brancos. Essa situação étnica/racial se faz igualmente inerente ao Brasil, ainda que nossa questão seja peculiar ao longo da formação do povo brasileiro como um todo, a qual Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes com muita propriedade puderam analisar. Contudo, é emblemático que os mesmos tratos foram sendo reproduzidos de acordo com o status social e o filme por mais que já tenha certa idade e tenha sido feito em terras longíquas, lamentavelmente em nada causa estranheza para nós, brasileiros.
Mais uma vez a cineasta traz um brilhantismo próprio ao traduzir a filmagem de murais de ruas de Los Angeles em histórias singulares do cotidiano de pessoas. A arte expressa em forma por vezes marginal, outras em forma de encomenda de artistas simpl[orios trespassa os parâmetros da dita arte culta exposta no interior de galerias e ateliês para acessos corriqueiros do encontro da grande cidade e as mazelas que a compõe. Agnes vai de encontro a essas pessoas invisíveis ao olho de um espectador do dia a dia e nos brinda com uma obra ímpar.
Pasmei com o encontro de Lynn Carey, cantora underground da cena hard rock californiana, mais conhecida durante a carreira como Mama Lion, artista que teve grande participação em obras conjuntas com Neil Merryweather, esse por sua vez canadense recém-falecido e igualmente vivera no mesmo ostracismo artístico dela. A música que toca de fundo nesse momento, inclusive, é dela, lançada em álbum de díficil acesso chamado Good Times.
Pode até não ser grande coisa em termos de roteiro, contudo, há uma característica no filme que muitos podem não se aperceber: trata-se de um filme de ação/suspense de protagonismo totalmente negro, e isso não é pouca coisa se considerarmos uma indústria cinematográfica (leia-se blockbuster) totalmente direcionada a um público branco. Espero que isso seja cada vez mais frequente nas produções.
Tantos conflitos internos, tanto sofrimento... Olha, devo confessar, mesmo eu sendo hétero e não tendo o alcance necessário para sentir todos os questionamentos do personagem, esse filme me deixou mal! Realmente eu adoro as obras do Fassbinder. É impressionante a capacidade que ele tinha para impor as premissas desejadas em seus filmes com uma crueza única que julgo ser uma marca registrada do diretor. Em tempo: atuação soberba do protagonista Volker Spengler!
Nem lembro a última vez que tinha botado esse filme pra rolar, mas se tratando de John Carpenter, de tempos em tempos é obrigatório dar uma conferida a mais. O roteiro traz um entrelace meio bizarro e forçado de um plano metafísico com a religião, o que já pode causar uma certa estranheza, e de fato não acho que se criou um arcabouço mínimo para tal. Ainda que desconsiderado esse detalhe, o ritmo parece que não engrena... O clima de suspense, marca clássica do diretor é, possivelmente, a maior qualidade da obra que, para além disso não se faz tão imperdível. Gosto da escolha dos personagens e suas atitudes, ainda que quesionáveis, não são de todo inverossíveis dado o cenário apresentado. Em poucas palavras: não é um grande clássico, mas é bom!
Revisto de muito tempo sem lembrar quase nada da trama que envolve o filme e já estava com saudade de assistir algo com a Amanda Seyfried.
Pode até não ser dos filmes mais bem elaborados do Atom Egoyan, mas consegue prender o espectador e entrega o que se espera não sendo assim tão previsível quanto dizem.
Eu gostei bastante! Sou muito fã da Béatrice Romand que julgo ter um charme só dela, mas para além disso, por incrível que pareça a personagem Sabine me cativou muitíssimo. Pode parecer mesmo que suas atitudes são obsecadas e que não fazem o menor sentido, mas acho que implica em trazer à tona um romance idealizado em seu ápice de ingenuidade calcada em uma clássica expectativa da vida: a correspondência. Sabine é arrogante, egocêntrica e de forma alguma é capaz de se enxergar rejeitada. De fato em nada consigo me identificar com ela, mas por algum motivo ela é da hora!
Talvez dos mais fracos do diretor. Sem muita essência e profundidade, nada que acresça muito, apesar da premissa que por ela julgava se tratar de um grande filme.
Confesso que a priori coloquei para assistir com a intenção de dar risada, esperando algo bem descompromissado, contudo, com o desenrolar da narrativa me deparei com uma biografia reveladora de um fenômeno que permaneceu mais de 50 anos em atividade e que eu não fazia a mínima ideia de quem realmente foi e o que significava para uma legião de fãs latinos. Não digo que o trabalho me fez expandir a mente a um ponto de admirá-lo, mas sem dúvida de reconhecê-lo como um ícone extremamente relevante.
Adoro filmes sobre os encontros e desencontros da vida. Nesse aqui, o Rohmer deu uma bela forçadinha em certas situações, é verdade, mas isso pra quem já explorou bem o trabalho dele vê-se que é uma constante. Todos os 3 contos tem seus absurdos. Possivelmente o segundo é o pior deles, mas nem por isso é ruim, acho que só demora pra cativar um pouco depois do excelente primeiro ato.
Como quase todo filme do diretor, é muito prazeroso de assistir. Além de um grande filme, os primeiros momentos dele nos ensinam de forma quase completa a como restaurar um pneu de bicicleta, achei incrível! Mais incrível ainda foi presumir que qualquer pessoa andaria com remendos e cola rápida na mala, tal como furar o pneu no meio do nada e encontrar uma menina do campo que sabia consertar a câmara e estaria disposta a isso!
Rohmer em inúmeros casos consegue preservar de forma consistente a infantilidade e futilidades de seus personagens jovens, como aqui é um caso constante. As duas personagens tiveram uma aderência e química muito interessante, ainda que com nuances muito díspares entre elas. Todos os atos são interessantes e o que mais me agradou foi o segundo, o qual elas se encontrariam no café. A estupidez do garçom foi algo tão estapafúrdio que chega a causar ira. Mesmo não tendo nenhuma condição de optar se algum dia eu iria a Paris ou não, agora já tenho o pé firmado quanto a isso.
Mesmo de antemão já tendo ciência da proposta possivelmente onírica, o filme foi andando (se arrastando na verdade), coisas nada interessantes supostamente desconexas umas das outras ocorrendo e eu quase morrendo de tédio no sofá achando mais interessante olhar meus gatos se lamberem... De toda maneira, é sempre legal assistir uma obra filmada na América do Sul com belas paisagens sendo mostradas e poder contar com as atuações seguras da Tilda Swinton.
Esse filme foi tão pontual em retratar uma época de imensa repressão em todos os âmbitos que é de se admirar. A escolha de retratar a arte como protagonista em uma efusão de elementos foi tão certeira por Truffault quanto a escolha de Catherine Deneuve para a obra. O desfecho então, nem se fala... que coisa maravilhosa!
Que estreia sensacional, hein, Pasolini? Mal dá pra acreditar que um diretor lança mão de uma obra tão bem intrincada e sensível como essa. Contudo, vejam bem, sensível de uma forma que você possa se comover com a classe explorada, a priori, as mulheres o qual Accatone incita e controla. Mas a obra não se esgota por aí... Por mais que Accatone seja um crápula, a grande nuance do filme é nos fazer perceber que ele próprio faz parte de um sistema muito maior que ele e que não se pode controlar. Pasolini faz questão de pontuar muito bem que todos seus personagens principais expostos são párias de uma sociedade e que não medirão esforços e tampouco pouparão sua moral para sobreviverem, mesmo que seja às custas da miséria de alguém.
Um documentira com muitíssimos pingos de verdade em suas nuances. O filme se propõe a expor situações de perrengue que uma mãe solo francesa em terras estrangeiras vem ter que lidar após o abandono de seu parceiro. Muito interessante e de certo modo carregado de lirismo em seus planos sequências.
Meu, esses filmes de ficção científica com um enredo cibernético quase sempre envelhecem muito mal. E esse não deixou de mais um para o rol! Chega a ser uma pena para a Tilda Swinton que mesmo entregando boas atuações no filme fazendo quatro papeis diferentes tenha que carregar esse mico em sua carreira! E olha que a essa altura ela já havia estrelado em filmes de renome como A Praia e Orlando.
Esse filme é repleto quase a todos os momentos de frases soberbas que suscitam verdades absolutas sobre o tema do amor, mesmo que possa parecer que não há nada de absoluto a respeito dele. Ainda bem que dei uma segunda chance ao diretor após ter visto o Anjos Caídos que não me cativou nem um pouco. Em 2046 adorei esse formato pendular da história, trazendo uma narrativa em 1a e 3a pessoa quase que concomitantes. Excelente obra!
Ainda que se deva ter todo o cuidado para nesses casos não enaltecermos produções que hoje facilmente podemos considerar como protopornográficas, não é possível tirar o mérito dessa cena que também serviu para conseguir fazer sobreviver e realavancar o cinema nacional, ainda que a duras penas. Como dito no próprio documentário, esse cinema independente foi resposável pela formação de grandes profissionais muito talentosos e qualificados, ainda que tenha-se criado outras facetas como o caso do débil mental do Sady Baby, por exemplo.
Muito ainda se dirá sobre a qualidade duvidosa desses filmes, de seus atores, roteiros e afins... o gosto está aí para quem quiser provar. Contudo, a cena deve ser lembrada e contada, e esse documentário é relevante para tal.
Na Rota do Tráfico
2.5 45 Assista AgoraLogo que eu vi esse filme como top 10 da semana no NF eu já desconfiei, mas ainda dei um crédito por tanta gente estar assistindo.
É, realmente a arte é uma parada muito louca: usualmente, quando muito poucos curtem, não é tão boa e quando todo mundo vai atrás, também. A medida certa? Impossível saber.
Nicolas Cage há muito tempo já meteu a pá de cal sobre sua carreira, isso todo mundo sabe. É de se pensar que realmente ele foi um baita de um ator em seus bons tempos, porque a gente sempre é burro o suficiente de insistir nos filmes dele pensando que possa ser um ressurgimento. Não foi dessa vez!
Contudo, é de se notar algo nesse filme as coisas começam até que muito bem. Gostei da proposta de trazer o espectador para junto de boa parte do caminho do tráfico.
Infelizmente, o filme vai caindo em um abismo terrível de desinteresse e muita papagaiada apelativa.
Filme pra lá de fraco!
A Última Vez Que Vi Macau
3.5 4Mesmo que os diretores tentem quebrar com as convenções cinematográficas de forma efetiva, não consigo afirmar que se trata de um grande filme apenas por essa característica.
É de se destacar o empenho em retratar Macau, um lugar tão peculiar que desperta é capaz de despertar a curiosidade de qualquer um, e justamente foi esse o motivo de eu me por a assisti-lo.
A técnica utilizada propôs de deixar à margem o protagonista em si (que de fato inexiste) e enfatizar o cenário e um cotidiano desprendido de formalidades elucidando uma história por meio de uma narração em terceira pessoa. Essa história, creio eu, deva ser em parte fictícia e em parte verídica por parte dos diretores que, possivelmente, foram em algum momento habitantes do território enquanto ainda era uma colônia portuguesa.
É curiosa a história de Macau que foi uma das últimas colônias que se desvinculou da Europa. Trata-se ainda de uma cultura muito enraizada nesse povo, apesar de como se bem colocou durante a narrativa, quase ninguém saiba mais entender o português como uma língua de comunicação corriqueira.
Pocilga
3.7 43No mínimo um filme muito estranho. Normalmente, por mais que um filme pareça de díficil compreensão, é possível notar que trata-se de uma grande obra. Só que nesse, infelizmente, não senti isso em nenhum momento.
Considero que captei as críticas na entrelinhas, mas confesso que do filme propriamente dito entendi pouca coisa. Primeira decepção em matéria de Pasolini.
Brasil 2002: Os Bastidores do Penta
3.8 71É sempre legal e válido uma obra que revisita as grandes glórias de um país, em especial quando se trata de futebol.
Contudo, essas obras futebolísticas quase sempre são dotadas de defasagens relacionadas a roteiros que deixam em muito a desejar.
As entrevistas e os momentos suscitados são interessantes, mas as informações quase sempre são relativizadas e divergentes.
Ainda assim, o doc é razoável e vale pela sensação de nostalgia, principalmente para quem viveu aquele momento.
Lembro bem que essa seleção era extremamente desacreditada por todos, e não somente por conta da campanha eliminatória pífia e a instabilidade efervescente dos treinadores que a fizeram parte, mas sim também pelo selecionado que passou muito longe de ser uma unanimidade. Não somente os jogadores citados foram contestados... mais da metade dos que integraram esse time até hoje são difíceis de acreditar que poderiam compor uma seleção brasileira, mesmo que fosse para um jogo amistoso contra a Indonésia!
Lúcio, Roque Jr., Ricardinho, Gilberto Silva, Kleberson... Até o Anderson Polga pegou carona nessa festa!
Me parece que desde 94 (convocados também bem controversos) temos que ter uma seleção desse tipo para levarmos a taça. Muitas seleções que levamos grandes jogadores favoritíssimos o Brasil acabou perdendo.
Outra coisa insistentemente martelada durante o filme foi afirmar que 98 foi a pior derrota do Brasil nas copas. Isso não poderia ser mais equivocado, tendo em vista que o Maracanazo de 50 e o Sarriá de 82 estão disparados nessa lista.
Enfim, de todo modo, acho que seria interessante uma produção equivalente para 94, aproveitando que todo mundo ainda se encontra vivo para ser entrevistado.
Crack: Cocaína, Corrupção e Conspiração
3.7 26 Assista AgoraAcho que esse documentário serve perfeitamente como um complemento para o 13a Emenda, também produzido pela NF.
Os dois foram exímios em demonstrar que a perseguição à população negra continua forte como nunca.
Nada É Para Sempre
3.6 191 Assista AgoraAssisti não esperando grande coisa, apesar de desde o começo tivesse gostado da premissa. Posterguei por um tempo, pois já haviam feito comentários negativos sobre esse filme.
Pois bem, logo de cara o mesmo já me cativou. Não se trata de um filme pretencioso e que carrega consigo uma leveza e foi construído com muita simplicidade.
O cenário foi escolhido a dedo e o drama familiar e muito bem entrelaçado.
Pode sim ter faltado uma certa profundidade, mas as reflexões são muito diretas e interessantes. Um filme bonito!
A Negra de...
4.4 71O filme é repleto de clichês indigestos contra a população negra que em sua maioria são, infelizmente, reproduzidos até hoje!
Em cada diálogo dos franceses, cada reflexão de Diouana causa incômodo tremendo de preconceitos, descasos e situações degradantes que são muito comuns, especialmente no que se refere a um mercado de trabalho que tem como a população negra submetida a patrões brancos.
Essa situação étnica/racial se faz igualmente inerente ao Brasil, ainda que nossa questão seja peculiar ao longo da formação do povo brasileiro como um todo, a qual Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes com muita propriedade puderam analisar. Contudo, é emblemático que os mesmos tratos foram sendo reproduzidos de acordo com o status social e o filme por mais que já tenha certa idade e tenha sido feito em terras longíquas, lamentavelmente em nada causa estranheza para nós, brasileiros.
Muros e Murmúrios
4.1 4Mais uma vez a cineasta traz um brilhantismo próprio ao traduzir a filmagem de murais de ruas de Los Angeles em histórias singulares do cotidiano de pessoas.
A arte expressa em forma por vezes marginal, outras em forma de encomenda de artistas simpl[orios trespassa os parâmetros da dita arte culta exposta no interior de galerias e ateliês para acessos corriqueiros do encontro da grande cidade e as mazelas que a compõe.
Agnes vai de encontro a essas pessoas invisíveis ao olho de um espectador do dia a dia e nos brinda com uma obra ímpar.
Pasmei com o encontro de Lynn Carey, cantora underground da cena hard rock californiana, mais conhecida durante a carreira como Mama Lion, artista que teve grande participação em obras conjuntas com Neil Merryweather, esse por sua vez canadense recém-falecido e igualmente vivera no mesmo ostracismo artístico dela. A música que toca de fundo nesse momento, inclusive, é dela, lançada em álbum de díficil acesso chamado Good Times.
Fim da Estrada
2.5 95 Assista AgoraPode até não ser grande coisa em termos de roteiro, contudo, há uma característica no filme que muitos podem não se aperceber: trata-se de um filme de ação/suspense de protagonismo totalmente negro, e isso não é pouca coisa se considerarmos uma indústria cinematográfica (leia-se blockbuster) totalmente direcionada a um público branco.
Espero que isso seja cada vez mais frequente nas produções.
Num Ano de 13 Luas
4.1 24Tantos conflitos internos, tanto sofrimento...
Olha, devo confessar, mesmo eu sendo hétero e não tendo o alcance necessário para sentir todos os questionamentos do personagem, esse filme me deixou mal!
Realmente eu adoro as obras do Fassbinder. É impressionante a capacidade que ele tinha para impor as premissas desejadas em seus filmes com uma crueza única que julgo ser uma marca registrada do diretor.
Em tempo: atuação soberba do protagonista Volker Spengler!
Príncipe das Sombras
3.5 151Nem lembro a última vez que tinha botado esse filme pra rolar, mas se tratando de John Carpenter, de tempos em tempos é obrigatório dar uma conferida a mais.
O roteiro traz um entrelace meio bizarro e forçado de um plano metafísico com a religião, o que já pode causar uma certa estranheza, e de fato não acho que se criou um arcabouço mínimo para tal. Ainda que desconsiderado esse detalhe, o ritmo parece que não engrena...
O clima de suspense, marca clássica do diretor é, possivelmente, a maior qualidade da obra que, para além disso não se faz tão imperdível. Gosto da escolha dos personagens e suas atitudes, ainda que quesionáveis, não são de todo inverossíveis dado o cenário apresentado.
Em poucas palavras: não é um grande clássico, mas é bom!
O Preço da Traição
3.3 1,1K Assista AgoraRevisto de muito tempo sem lembrar quase nada da trama que envolve o filme e já estava com saudade de assistir algo com a Amanda Seyfried.
Pode até não ser dos filmes mais bem elaborados do Atom Egoyan, mas consegue prender o espectador e entrega o que se espera não sendo assim tão previsível quanto dizem.
Aqui nada é o que parece!
Um Casamento Perfeito
3.7 24Eu gostei bastante!
Sou muito fã da Béatrice Romand que julgo ter um charme só dela, mas para além disso, por incrível que pareça a personagem Sabine me cativou muitíssimo.
Pode parecer mesmo que suas atitudes são obsecadas e que não fazem o menor sentido, mas acho que implica em trazer à tona um romance idealizado em seu ápice de ingenuidade calcada em uma clássica expectativa da vida: a correspondência. Sabine é arrogante, egocêntrica e de forma alguma é capaz de se enxergar rejeitada. De fato em nada consigo me identificar com ela, mas por algum motivo ela é da hora!
A Árvore, o Prefeito e a Mediateca
3.8 11Talvez dos mais fracos do diretor. Sem muita essência e profundidade, nada que acresça muito, apesar da premissa que por ela julgava se tratar de um grande filme.
Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado
3.8 70 Assista AgoraConfesso que a priori coloquei para assistir com a intenção de dar risada, esperando algo bem descompromissado, contudo, com o desenrolar da narrativa me deparei com uma biografia reveladora de um fenômeno que permaneceu mais de 50 anos em atividade e que eu não fazia a mínima ideia de quem realmente foi e o que significava para uma legião de fãs latinos.
Não digo que o trabalho me fez expandir a mente a um ponto de admirá-lo, mas sem dúvida de reconhecê-lo como um ícone extremamente relevante.
Os Encontros de Paris
3.8 6Adoro filmes sobre os encontros e desencontros da vida.
Nesse aqui, o Rohmer deu uma bela forçadinha em certas situações, é verdade, mas isso pra quem já explorou bem o trabalho dele vê-se que é uma constante.
Todos os 3 contos tem seus absurdos. Possivelmente o segundo é o pior deles, mas nem por isso é ruim, acho que só demora pra cativar um pouco depois do excelente primeiro ato.
4 Aventuras de Reinette e Mirabelle
4.1 21Como quase todo filme do diretor, é muito prazeroso de assistir.
Além de um grande filme, os primeiros momentos dele nos ensinam de forma quase completa a como restaurar um pneu de bicicleta, achei incrível! Mais incrível ainda foi presumir que qualquer pessoa andaria com remendos e cola rápida na mala, tal como furar o pneu no meio do nada e encontrar uma menina do campo que sabia consertar a câmara e estaria disposta a isso!
Rohmer em inúmeros casos consegue preservar de forma consistente a infantilidade e futilidades de seus personagens jovens, como aqui é um caso constante.
As duas personagens tiveram uma aderência e química muito interessante, ainda que com nuances muito díspares entre elas.
Todos os atos são interessantes e o que mais me agradou foi o segundo, o qual elas se encontrariam no café.
A estupidez do garçom foi algo tão estapafúrdio que chega a causar ira. Mesmo não tendo nenhuma condição de optar se algum dia eu iria a Paris ou não, agora já tenho o pé firmado quanto a isso.
Memória
3.5 64 Assista AgoraMesmo de antemão já tendo ciência da proposta possivelmente onírica, o filme foi andando (se arrastando na verdade), coisas nada interessantes supostamente desconexas umas das outras ocorrendo e eu quase morrendo de tédio no sofá achando mais interessante olhar meus gatos se lamberem...
De toda maneira, é sempre legal assistir uma obra filmada na América do Sul com belas paisagens sendo mostradas e poder contar com as atuações seguras da Tilda Swinton.
O Último Metrô
3.8 68 Assista AgoraEsse filme foi tão pontual em retratar uma época de imensa repressão em todos os âmbitos que é de se admirar.
A escolha de retratar a arte como protagonista em uma efusão de elementos foi tão certeira por Truffault quanto a escolha de Catherine Deneuve para a obra.
O desfecho então, nem se fala... que coisa maravilhosa!
Accattone - Desajuste Social
3.9 31Que estreia sensacional, hein, Pasolini?
Mal dá pra acreditar que um diretor lança mão de uma obra tão bem intrincada e sensível como essa. Contudo, vejam bem, sensível de uma forma que você possa se comover com a classe explorada, a priori, as mulheres o qual Accatone incita e controla.
Mas a obra não se esgota por aí...
Por mais que Accatone seja um crápula, a grande nuance do filme é nos fazer perceber que ele próprio faz parte de um sistema muito maior que ele e que não se pode controlar. Pasolini faz questão de pontuar muito bem que todos seus personagens principais expostos são párias de uma sociedade e que não medirão esforços e tampouco pouparão sua moral para sobreviverem, mesmo que seja às custas da miséria de alguém.
É dura aquela cena que o Accatone rouba do próprio filho, eu quase chorei de asco.
Capitalismo a gente se vê por aqui!
Documentira
3.9 7 Assista AgoraUm documentira com muitíssimos pingos de verdade em suas nuances.
O filme se propõe a expor situações de perrengue que uma mãe solo francesa em terras estrangeiras vem ter que lidar após o abandono de seu parceiro.
Muito interessante e de certo modo carregado de lirismo em seus planos sequências.
Desejos Virtuais
2.8 10Meu, esses filmes de ficção científica com um enredo cibernético quase sempre envelhecem muito mal. E esse não deixou de mais um para o rol!
Chega a ser uma pena para a Tilda Swinton que mesmo entregando boas atuações no filme fazendo quatro papeis diferentes tenha que carregar esse mico em sua carreira! E olha que a essa altura ela já havia estrelado em filmes de renome como A Praia e Orlando.
2046 - Os Segredos do Amor
4.0 150 Assista AgoraEsse filme é repleto quase a todos os momentos de frases soberbas que suscitam verdades absolutas sobre o tema do amor, mesmo que possa parecer que não há nada de absoluto a respeito dele.
Ainda bem que dei uma segunda chance ao diretor após ter visto o Anjos Caídos que não me cativou nem um pouco.
Em 2046 adorei esse formato pendular da história, trazendo uma narrativa em 1a e 3a pessoa quase que concomitantes.
Excelente obra!
Boca do Lixo: A Bollywood Brasileira
4.1 14Ainda que se deva ter todo o cuidado para nesses casos não enaltecermos produções que hoje facilmente podemos considerar como protopornográficas, não é possível tirar o mérito dessa cena que também serviu para conseguir fazer sobreviver e realavancar o cinema nacional, ainda que a duras penas.
Como dito no próprio documentário, esse cinema independente foi resposável pela formação de grandes profissionais muito talentosos e qualificados, ainda que tenha-se criado outras facetas como o caso do débil mental do Sady Baby, por exemplo.
Muito ainda se dirá sobre a qualidade duvidosa desses filmes, de seus atores, roteiros e afins... o gosto está aí para quem quiser provar. Contudo, a cena deve ser lembrada e contada, e esse documentário é relevante para tal.