São os filhos abandonados que obrigatoriamente entrariam em um mundo das drogas e álcool, usarem de violência física para retaliar sua mãe.
Mesmo o fato da mãe que buscou um embranquecimento para se sobresair socialmente foi pessimamente explorado de uma forma simplória que se resume apenas a uma pífia cena introdutória no filme. O desenvolvimento dos personagens beirou o amadorismo em um envolvimento extremamente preguiçoso por parte dos atores. É provável que a falta de experiência da direção tenha algo que ver nesses pontos, espero que algo mais profícuo se densenvolva a partir dessa experiência que foi desperdiçada, pois percebe-se que houveram excelentes premissas aí.
Realidade nua e crua de uma sociedade conservadora onde todos já tem que se virar desde muito cedo não tendo nem conhecimento do que de fato é ser criança. As cenas iniciais já te dão uma porrada na cara dizendo ao que o filme veio.
O roteiro é excelente e agregaria demais na filmografia do Haneke, contudo a montagem tornou-o extremamente desinteressante e, ao seu término, dá aquela sensação clara de que o filme foi incompetente na sua proposta. Um verdadeiro desperdício, mas não de tempo, e sim de oportunidade, pois as retratações ao racismo e à xenofobia estão lá escancaradas, prontas a serem exploradas.
Filme que há muito tempo já merecia uma revisita de minha parte. Aproveitando que, por um acaso, ele foi inserido no catálogo da NF, chegou esse momento. Trata-se de um filme que minha memória afetiva de adolescente traziam mais boas lembranças do que ele de fato pode proporcionar. Na carona dos grandes filmes de máfia que a época pós-Poderoso Chefão ainda proporcionava, Intocáveis constatemente figura o topo das listas de filmes do gênero. Após reassistí-lo, vejo que mais se trata de uma aventura super produzida sob o renome de um dos gangsters mais famosos da história do que necessariamente um grande clássico. Ok, não é de se jogar o status do filme no vinagre, ele é realmente um grande filme, mas um tanto superestimado, coisa que venho constatando com frequência conforme vou revendo filmes do De Palma. Ele força demais certas situações para construir grandes cenas, não se fazendo de forma orgânica. Além do mais, o tom heroico constante do filme chega a ser irritante, desperdiçando por muiitas vezes o talento irrevogável de Morricone para reforçar cenas fortes por meio de sua soberba trilha sonora. Há de se ressaltar que, no geral, os atores presentes entregaram grandes atuações, incluindo um novato Kevin Costner em um papel completamente fora de sua zona de conforto e um mais novato ainda Andy Garcia que viria a brirlhar futuramente em uma terceira parte do Poderoso Chefão.
Com a oportunidade que a NF proporcionou de revisitar inserindo esse clássico em seu catálogo, não poderia deixar passar.
Reassistir uma pancada dessa, especialmente quando você se lembra bem que é uma pancada, não faz o efeito amenizar para esse caso. Expresso da Meia noite impressiona por uma solidez gigantesca e uma vivacidade sem tamanho que transporta o espectador para dentro de uma angústia inexpressiva. Mesmo se tratando de uma obra estadunidense, os realizadores tiveram muita destreza em conduzi-lo na alternância real das linguagens, sem aquele antigo vício de homogeinizar uma narrativa apenas no inglês, consolidando ainda mais uma característica fidedigna para a narrativa.
Mesmo tendo gostado muito na época do lançamento, foi um filme que pouco refleti e acabei esquecendo com o tempo. Tendo em vista que é um dos meus diretores favoritos, já estava mais do que na hora de revê-lo. Sem dúvida nenhuma um grande filme! Uma obra poderosa! Da época mais recente, é provável que tenha sido uma de suas maiores realizações.
Sem muitas cerimônias, Cronenberg se propõe a desvelar a indústria do cinema hollywoodiano pontuando toda sua falta de caráter, empatia e predominância de uma brutal falsidade. Seus consequentes traumas também ficam muito caracterizados. Ver uma cerimônia do Oscar depois desse filme nunca mais seria a mesma coisa! Creio que deva ter chocalhado muitas "amizades".
A proposta é ótima, caráter intimista, câmeras nos mais diferentes estilos, altos efeitos estéticos. Contudo, creio que exista duas formas de assistir esse filme: como filho (talvez o intuito dele) e como pai. Fui assisti-lo da segunda maneira, e de fato o filme não me pegou como deveria.
uma angústia tremenda de uma pessoa que, aparentemente, já havia entregado os pontos por sua solidão perpétua.
Minha relação com meu pai também teve essas similaridades, um afastamento constante entremeado por alguns períodos de pequena proximidade. Mesmo assim, talvez o filme não tenha chegado em mim por já estar com a cabeça em outras prioridades. Uma pena, pois queria ter sentido isso que quase todo mundo sentiu ao assisti-lo.
Lav Diaz é notoriamente conhecido por seu cinema contestador em terras filipinas. Crítico em todas as formas das desigualdades sociais de seu país e um consquente flagelo assolado por um esquecimento e descaso das comunidades internacionais atrelado a um regime ditarorial que colocou seu povo em um estado constante de penúria. Esta obra parece trazer algo diferente, mas se olhado a fundo, nem tanto.
A saga aborda sua personagem central, Florentina, uma jovem que constantemente sobre os abusos de seu pai, um bêbado que demonstra uma personalidade da maior perversidade possível. O desenrolar agrega Hector, um camponês que recebe parentes afastados já há algum tempo. Como todas as longas tramas do diretor, não se faz possível traçar com precisão quem é quem e o porquê de suas histórias estarem sendo cruzadas (Evolução de uma Família Filipina é um dos maiores exemplos desse tipo de construção), contudo, é de uma satisfação impressionante quando com muita primazia o corpo da trama ganha forma e começamos a entender seus desfechos que usualmente se fazem em uma espécie de vortex, onde o espectador vai sendo envolvido e, sem perceber, se encontra em um funil.
As simbologias são poucas, mas são importantíssimas. As entediantes cenas dos familiares cavando um buraco dia e noite representam a inocente esperança de sair de uma realidade implacável e cruel, mesmo que isso custe passar fome, se enfiar na lama até enlouquecer. Hector é um personagem que serve também como narrador (antes mesmo dele ser apresentado) e até 4 horas de filme parece insignificante, no entanto, é um pilar da narrativa. Ele representaria a segurança, um sujeito que une a comunidade e se dispõe a transpor as adversidades, ainda que ele também se encontre em uma realidade extremamente desesperançosa e depressiva. Os bonecos gigantes apareceram somente à Florentina, e em uma cena em específico as realidades dela criança e adulta se misturem. Creio que aí fique a dica de que se trata de algo que ela presenciou ainda em sua infância na cidade grande (ao que vi, Antipolo se trata de uma cidade com quase 1 milhão de habitantes). Possivelmente, foi algo que a marcou muito e essa imagem lhe traz segurança e conforto. Dessa maneira, a partir do momento que se iniciaram os traumas com seu pai, ela buscava essas imagens na esperança de ser confortada e até mesmo socorrida por eles. Não obstante, é tecnicamente brilhante a atuação de Hazel Orencio nestes momentos. A quebra parcial da quarta-parede traz consigo um apelo ativo da busca de ajuda não só aos bonecos, que na realidade são inexistentes, e se estende ao próprio espectador!
De um modo geral eu achei um filme fácil de se assistir do diretor, talvez dos mais acessíveis, mas vejo que a sua profundidade não para apenas por aí. Apesar de eu considerar Lav Diaz um especialista em retratar o sofrimento individual de um sujeito, ele igualmente o é, como dito anterirlmente, também um ferrenho militante dos direitos humanos de seu povo. Florentina Hubaldo é um filme que retrata o sofrimento de uma mulher em uma sociedade bruta e desigual. Uma sociedade sem direitos e sem resguardo. Em minha opinião, Lav Diaz amplifica essa análise em um âmbito social completo, onde o povo filipino, tal como a personagem central, prossegue à míngua e busca desesperadamente por sua liberdade, mas não sem que sofra todas as sequelas de seus traumas passados.
Eu acho que a nuance que toca a relação da morte dentre os vivos é a característica marcante desse filme, acima até das disparidades abordadas entre o rural e o urbano, esse último caracterizado pela personagem de Shirley. Por sua vez, Jeison acaba sendo a âncora dessa trama, a qual sutilmente transita em direção a ele. Mascaro levanta pontos interessantes para o filme, mas não decola. Trata-se de mais um filme que agrada no momento de assistir, mas que facilmente já se identifica que em pouco tempo já não será mais lembrado.
Primeiro filme que realmente me dececpcionei com o Fassbinder. Tava até que tudo muito bem, suas críticas pontuais à classe média aspirando ascenção, o puxa saco do chefe, a mulher cocota sustentada pelo marido, o filho único mimado que dá problema na escola etc. etc.
Nada muito atrativo cozinhado num ritmo morno até a derradeira sequência final, essa repugnante e que tratou de estragar de vez o filme para mim. Uma ruptura, é verdade, mas matar o filho e a mulher de forma tão gratuita para mim foi grostesco!
Drama que retrata o desejo em contrapartida à amizade de dois colegas de faculdade que aparentemente perdura para a vida, pois o mesmo é articulado até a fase que ambos estão na casa dos 40 anos de idade. Particularmente eu o considerei enfadonho e e superficial, ainda que eu tenha constatado semelhanças de comportamento com um amigo talarico que mantenho amizade até hoje, por sinal. Mesmo assim, traduz um universo meramente masculino, machista e fetichizado que considero ultrapassado e pouquíssimo relevante em nossa sociedade atual. Se teve relevância em algum momento antigamente, hoje não passa de um fóssil cinematográfico. Fraco!
Trata-se de um documentário vanguardista e não datado, ainda que já possua quase 60 anos! Pasolini se utiliza de uma metodologia muito bem delineada e embasada por meio de dialogar concomitantemente com especialistas da área, questionando-se frequentemente a respeito de seu método e roteiro. Contudo, creio que o grande defeito da obra seja o próprio Pasolini como entrevistador que não demonstra tato necessário para se fazer um intermediador de opiniões. Percebe-se nitidamente que, quando o entrevistado contraria suas opiniões, o mesmo força o questionamento ou põe a pessoa em dúvida sobre o que ele exprime. Dessa maneira, pode-se dizer que o resultudo da pesquisa, ao menos em parte, foi comprometida.
Quase que não vale comentar. Na verdade nem sei o que comentar. O filme é um catado de ideias que não se conversam e tenta conversar por meio de emendas que mais parecem ter sido improvisadas do que planejadas. Nicolas Cage ainda consegue trazer atuações decentes, mas por vezes a faz de forma tão dramática a fim de tentar tapear os furos de roteiro que adianta situações forçadas e enfadonhas. Nesse filme temos um monte delas! Não chega a ser uma pocaria completa, tem os seus momentos, mas não recomendo.
Se em algum momento o espectador pode já ter se habituado com dramas que retratam gravidez indesejada, aborto e afins, aqui nesse caso tudo soa bem diferente. Apesar da premissa ser basicamente essa, o contexto se faz bem de forma nua e crua, sem toda a roupagem pequeno-burguesa clássica do cinema francês e especialmente estadunidense. Não que eu diga que não tenham seus méritos nesse tipo de exposição, muito ao contrário, mas o cinema africano quando se propõe a dramas reais desse tipo, fica impossível comparar. Muito além da discussão ante a concepção ou não, o filme avança sobre o direito da mulher a seu próprio corpo, dilemas de uma mãe solo vivendo no limite da existência e a dita moral religiosa sobre a decisões estritamente familiares. Um filme que necessita ser visto por todos!
Não se trata de um filme que vá gerar empolgação em se ver em praticamente qualquer momento dele, mas sem dúvida nenhuma é um retrato da angústia de uma decadência artística que por diversos motivos caiu em descrença. Fassbinder não oferece dicas muito evidentes do que se passa com sua protagonista, basicamente se trabalha com o campo presente em cena, trazendo pouquíssimos flashbacks.
Contudo, é de se supor que trata-se de uma artista que outrora se alinhou ao nazismo para obter sua fama e cai em descrença e abandono a posteriori da queda do regime.
Esse é o tipo de adaptação cinematográfica que, infelizmente, é impossível de se realizar devidamente, e o motivo é muito simples: todo o protagonismo é infantil. Ou seja, dessa maneira, seria necessário elencar-se o melhor da geração de crianças possível para que houvesse uma interpretação digna, e ainda assim, torcer pra que funcionasse a química entre eles. A atuação dos jovens é das mais fracas possíveis e compromete massivamente a solidez da história de Golding. Não há o que fazer!
Nem todos os filmes, nem mesmo os considerados obras-primas do cinema são sempre dignos de uma revisita constante. Mas Volver é o caso e depois de alguns anos resolvi finalmente fazê-lo. Provavelmente é o auge da carreira de Almodovar! É impressionante a sensibilidade e amplitude que o cineasta teve nesse momento para abarcar tantos elementos e situações de forma profunda, dramática e ainda assim com toques pontuais e pertinentes de seu característico humor. Um filme totalmente de universo feminino e que, ainda assim, nem mesmo nos faz perceber que em 99% dos momentos basicamente só nos deparamos com mulheres na tela de tão natural que se faz! Soberbo!
Filme com uma proposta de transcender bem distinta que tem como característica um ambiente claustrofóbico e, acima de tudo, um estado quase catatônico de uma mulher que perdeu qualquer interesse e brilho na vida. A premsisa pode parecer muito interessante, mas a prática, infelizmente, traz o contrário. O filme é um sonífero de primeira linha que você pode colocar quantas vezes for que vai cair no sono de forma certeira. É uma pena, pois ele tem claramente traçado nuances que se fazem muito reais com mentiras e guinadas deliberadas entre as interlocutoras. Em minha opinião, o ponto forte se faz por meio de um clima hipnótico conduzido pela belíssima música escolhida repetida continuamente de pano de fundo. Ela própria se integra como participante ativa da trama e sendo, inclusive, mencionada durante as conversas. Por fim, queria ter gostado mais!
Não tem o que falar, Gaspar Noe é um gênio! Por mais controverso que o cineasta seja, que desperte a ira em muitos por suas fórmulas extravagantes e o que mais que seja, ele sempre consegue extrair extremos seja qual for a proposta! Com esse lançamento, mais uma vez fiquei perplexo com a sua guinada contextual. A princípio, nem mesmo parecia um filme dele. Contudo, seu desenvolvimento sutil se comparado às suas obras anteriores vai se fazendo de maneira que quando vemos, nos encontramos embasbacados. Soberbo! Não tenho como escrever algo que seja digno de expressar o que senti vendo esse filme, ainda vou ficar mal por dias!
O documentário elenca a histórica apresentação completa no Royal Albert Hall antecedida de um breve documentário com entrevistas da própria época concedidas pela banda. Trata-se de um material valioso, mas em minha opinião, essa combinação entre as duas coisas não deu muita liga. Vejo que ou você está no clima de assistir uma coisa ou outra. Breves prólogos entre uma música e outra já são parte de fórmula conhecida pelo público (vide o Rolling Stones sob a direção de Scorcese), mas esse aqui realmente não me agradou tanto, apesar de ser fã de longa data da banda.
Mais uma boa experiência com Fassbinder que, até hoje, não me decepciona. Aqui encontramos um diretor com veias políticas, sem se utilizar de sua grande especialidade/genialidade de tratar o universo LGBT. O filme cumpre com a sua premissa em todos os momentos: O esvaziamento ideológico da esquerda em um recorte específico da Guerra Fria pouco antes da queda do Muro de Berlim traduzida em uma comédia satírica. Só não me arrisco a julgar se ele foi extramemente eficaz em suas discursivas e até mesmo em seu ponto de vista, mas a obra desperta interesse em todos os seus momentos. Só senti falta na versão que eu vi de uma tradução dos prológos em cada início de capítulo.
Excluídos
2.6 167 Assista AgoraA proposta da inversão de papeis de gênero teria um potencial incível de engrandecer a obra, entretanto o filme entra em uma espiral de banalizações.
São os filhos abandonados que obrigatoriamente entrariam em um mundo das drogas e álcool, usarem de violência física para retaliar sua mãe.
Mesmo o fato da mãe que buscou um embranquecimento para se sobresair socialmente foi pessimamente explorado de uma forma simplória que se resume apenas a uma pífia cena introdutória no filme.
O desenvolvimento dos personagens beirou o amadorismo em um envolvimento extremamente preguiçoso por parte dos atores. É provável que a falta de experiência da direção tenha algo que ver nesses pontos, espero que algo mais profícuo se densenvolva a partir dessa experiência que foi desperdiçada, pois percebe-se que houveram excelentes premissas aí.
Tempo de Cavalos Bêbados
4.1 56 Assista AgoraRealidade nua e crua de uma sociedade conservadora onde todos já tem que se virar desde muito cedo não tendo nem conhecimento do que de fato é ser criança.
As cenas iniciais já te dão uma porrada na cara dizendo ao que o filme veio.
Código Desconhecido
3.7 79 Assista AgoraO roteiro é excelente e agregaria demais na filmografia do Haneke, contudo a montagem tornou-o extremamente desinteressante e, ao seu término, dá aquela sensação clara de que o filme foi incompetente na sua proposta.
Um verdadeiro desperdício, mas não de tempo, e sim de oportunidade, pois as retratações ao racismo e à xenofobia estão lá escancaradas, prontas a serem exploradas.
Gata Preta, Gato Branco
4.2 44Não consigo entender como um filme desse tem uma nota tão alta. Custoso demais chegar até o final dessa bagunça que sequer entendi qual a premissa.
Memória de um Crime
2.1 50 Assista AgoraFilme interessante. Tem bastante ação e um roteiro não pretencioso.
Conseguiu me prender do começo ao fim, é médio.
Os Intocáveis
4.2 841 Assista AgoraFilme que há muito tempo já merecia uma revisita de minha parte.
Aproveitando que, por um acaso, ele foi inserido no catálogo da NF, chegou esse momento.
Trata-se de um filme que minha memória afetiva de adolescente traziam mais boas lembranças do que ele de fato pode proporcionar.
Na carona dos grandes filmes de máfia que a época pós-Poderoso Chefão ainda proporcionava, Intocáveis constatemente figura o topo das listas de filmes do gênero.
Após reassistí-lo, vejo que mais se trata de uma aventura super produzida sob o renome de um dos gangsters mais famosos da história do que necessariamente um grande clássico.
Ok, não é de se jogar o status do filme no vinagre, ele é realmente um grande filme, mas um tanto superestimado, coisa que venho constatando com frequência conforme vou revendo filmes do De Palma.
Ele força demais certas situações para construir grandes cenas, não se fazendo de forma orgânica. Além do mais, o tom heroico constante do filme chega a ser irritante, desperdiçando por muiitas vezes o talento irrevogável de Morricone para reforçar cenas fortes por meio de sua soberba trilha sonora.
Há de se ressaltar que, no geral, os atores presentes entregaram grandes atuações, incluindo um novato Kevin Costner em um papel completamente fora de sua zona de conforto e um mais novato ainda Andy Garcia que viria a brirlhar futuramente em uma terceira parte do Poderoso Chefão.
O Expresso da Meia-Noite
4.1 476 Assista AgoraCom a oportunidade que a NF proporcionou de revisitar inserindo esse clássico em seu catálogo, não poderia deixar passar.
Reassistir uma pancada dessa, especialmente quando você se lembra bem que é uma pancada, não faz o efeito amenizar para esse caso.
Expresso da Meia noite impressiona por uma solidez gigantesca e uma vivacidade sem tamanho que transporta o espectador para dentro de uma angústia inexpressiva.
Mesmo se tratando de uma obra estadunidense, os realizadores tiveram muita destreza em conduzi-lo na alternância real das linguagens, sem aquele antigo vício de homogeinizar uma narrativa apenas no inglês, consolidando ainda mais uma característica fidedigna para a narrativa.
Esse filme é perfeito e eterno!
Mapas para as Estrelas
3.3 478 Assista AgoraMesmo tendo gostado muito na época do lançamento, foi um filme que pouco refleti e acabei esquecendo com o tempo.
Tendo em vista que é um dos meus diretores favoritos, já estava mais do que na hora de revê-lo.
Sem dúvida nenhuma um grande filme! Uma obra poderosa! Da época mais recente, é provável que tenha sido uma de suas maiores realizações.
Sem muitas cerimônias, Cronenberg se propõe a desvelar a indústria do cinema hollywoodiano pontuando toda sua falta de caráter, empatia e predominância de uma brutal falsidade. Seus consequentes traumas também ficam muito caracterizados. Ver uma cerimônia do Oscar depois desse filme nunca mais seria a mesma coisa!
Creio que deva ter chocalhado muitas "amizades".
Aftersun
4.1 700A proposta é ótima, caráter intimista, câmeras nos mais diferentes estilos, altos efeitos estéticos.
Contudo, creio que exista duas formas de assistir esse filme: como filho (talvez o intuito dele) e como pai. Fui assisti-lo da segunda maneira, e de fato o filme não me pegou como deveria.
Fiquei a todo momento imaginando que algo pesado fosse acontecer com a filha, no entanto tardiamente fui perceber que o foco mesmo era o pai.
Para mim foi um filme que ficou calcado em uma simples viagem de férias e demonstrou
uma angústia tremenda de uma pessoa que, aparentemente, já havia entregado os pontos por sua solidão perpétua.
Minha relação com meu pai também teve essas similaridades, um afastamento constante entremeado por alguns períodos de pequena proximidade. Mesmo assim, talvez o filme não tenha chegado em mim por já estar com a cabeça em outras prioridades. Uma pena, pois queria ter sentido isso que quase todo mundo sentiu ao assisti-lo.
Florentina Hubaldo, CTE
3.9 2 Assista AgoraLav Diaz é notoriamente conhecido por seu cinema contestador em terras filipinas. Crítico em todas as formas das desigualdades sociais de seu país e um consquente flagelo assolado por um esquecimento e descaso das comunidades internacionais atrelado a um regime ditarorial que colocou seu povo em um estado constante de penúria.
Esta obra parece trazer algo diferente, mas se olhado a fundo, nem tanto.
A saga aborda sua personagem central, Florentina, uma jovem que constantemente sobre os abusos de seu pai, um bêbado que demonstra uma personalidade da maior perversidade possível. O desenrolar agrega Hector, um camponês que recebe parentes afastados já há algum tempo.
Como todas as longas tramas do diretor, não se faz possível traçar com precisão quem é quem e o porquê de suas histórias estarem sendo cruzadas (Evolução de uma Família Filipina é um dos maiores exemplos desse tipo de construção), contudo, é de uma satisfação impressionante quando com muita primazia o corpo da trama ganha forma e começamos a entender seus desfechos que usualmente se fazem em uma espécie de vortex, onde o espectador vai sendo envolvido e, sem perceber, se encontra em um funil.
As simbologias são poucas, mas são importantíssimas. As entediantes cenas dos familiares cavando um buraco dia e noite representam a inocente esperança de sair de uma realidade implacável e cruel, mesmo que isso custe passar fome, se enfiar na lama até enlouquecer.
Hector é um personagem que serve também como narrador (antes mesmo dele ser apresentado) e até 4 horas de filme parece insignificante, no entanto, é um pilar da narrativa. Ele representaria a segurança, um sujeito que une a comunidade e se dispõe a transpor as adversidades, ainda que ele também se encontre em uma realidade extremamente desesperançosa e depressiva.
Os bonecos gigantes apareceram somente à Florentina, e em uma cena em específico as realidades dela criança e adulta se misturem. Creio que aí fique a dica de que se trata de algo que ela presenciou ainda em sua infância na cidade grande (ao que vi, Antipolo se trata de uma cidade com quase 1 milhão de habitantes). Possivelmente, foi algo que a marcou muito e essa imagem lhe traz segurança e conforto. Dessa maneira, a partir do momento que se iniciaram os traumas com seu pai, ela buscava essas imagens na esperança de ser confortada e até mesmo socorrida por eles. Não obstante, é tecnicamente brilhante a atuação de Hazel Orencio nestes momentos. A quebra parcial da quarta-parede traz consigo um apelo ativo da busca de ajuda não só aos bonecos, que na realidade são inexistentes, e se estende ao próprio espectador!
De um modo geral eu achei um filme fácil de se assistir do diretor, talvez dos mais acessíveis, mas vejo que a sua profundidade não para apenas por aí.
Apesar de eu considerar Lav Diaz um especialista em retratar o sofrimento individual de um sujeito, ele igualmente o é, como dito anterirlmente, também um ferrenho militante dos direitos humanos de seu povo. Florentina Hubaldo é um filme que retrata o sofrimento de uma mulher em uma sociedade bruta e desigual. Uma sociedade sem direitos e sem resguardo. Em minha opinião, Lav Diaz amplifica essa análise em um âmbito social completo, onde o povo filipino, tal como a personagem central, prossegue à míngua e busca desesperadamente por sua liberdade, mas não sem que sofra todas as sequelas de seus traumas passados.
Ventos de Agosto
3.3 73 Assista AgoraEu acho que a nuance que toca a relação da morte dentre os vivos é a característica marcante desse filme, acima até das disparidades abordadas entre o rural e o urbano, esse último caracterizado pela personagem de Shirley.
Por sua vez, Jeison acaba sendo a âncora dessa trama, a qual sutilmente transita em direção a ele.
Mascaro levanta pontos interessantes para o filme, mas não decola. Trata-se de mais um filme que agrada no momento de assistir, mas que facilmente já se identifica que em pouco tempo já não será mais lembrado.
Por que Deu a Louca no Sr. R.?
3.5 20Primeiro filme que realmente me dececpcionei com o Fassbinder.
Tava até que tudo muito bem, suas críticas pontuais à classe média aspirando ascenção, o puxa saco do chefe, a mulher cocota sustentada pelo marido, o filho único mimado que dá problema na escola etc. etc.
Nada muito atrativo cozinhado num ritmo morno até a derradeira sequência final, essa repugnante e que tratou de estragar de vez o filme para mim.
Uma ruptura, é verdade, mas matar o filho e a mulher de forma tão gratuita para mim foi grostesco!
Ânsia de Amar
3.6 34Drama que retrata o desejo em contrapartida à amizade de dois colegas de faculdade que aparentemente perdura para a vida, pois o mesmo é articulado até a fase que ambos estão na casa dos 40 anos de idade.
Particularmente eu o considerei enfadonho e e superficial, ainda que eu tenha constatado semelhanças de comportamento com um amigo talarico que mantenho amizade até hoje, por sinal.
Mesmo assim, traduz um universo meramente masculino, machista e fetichizado que considero ultrapassado e pouquíssimo relevante em nossa sociedade atual.
Se teve relevância em algum momento antigamente, hoje não passa de um fóssil cinematográfico. Fraco!
Comícios de Amor
4.2 13Trata-se de um documentário vanguardista e não datado, ainda que já possua quase 60 anos!
Pasolini se utiliza de uma metodologia muito bem delineada e embasada por meio de dialogar concomitantemente com especialistas da área, questionando-se frequentemente a respeito de seu método e roteiro.
Contudo, creio que o grande defeito da obra seja o próprio Pasolini como entrevistador que não demonstra tato necessário para se fazer um intermediador de opiniões. Percebe-se nitidamente que, quando o entrevistado contraria suas opiniões, o mesmo força o questionamento ou põe a pessoa em dúvida sobre o que ele exprime. Dessa maneira, pode-se dizer que o resultudo da pesquisa, ao menos em parte, foi comprometida.
Ajuste de Contas
2.3 56Quase que não vale comentar. Na verdade nem sei o que comentar.
O filme é um catado de ideias que não se conversam e tenta conversar por meio de emendas que mais parecem ter sido improvisadas do que planejadas.
Nicolas Cage ainda consegue trazer atuações decentes, mas por vezes a faz de forma tão dramática a fim de tentar tapear os furos de roteiro que adianta situações forçadas e enfadonhas. Nesse filme temos um monte delas!
Não chega a ser uma pocaria completa, tem os seus momentos, mas não recomendo.
Lingui
4.1 11Se em algum momento o espectador pode já ter se habituado com dramas que retratam gravidez indesejada, aborto e afins, aqui nesse caso tudo soa bem diferente.
Apesar da premissa ser basicamente essa, o contexto se faz bem de forma nua e crua, sem toda a roupagem pequeno-burguesa clássica do cinema francês e especialmente estadunidense. Não que eu diga que não tenham seus méritos nesse tipo de exposição, muito ao contrário, mas o cinema africano quando se propõe a dramas reais desse tipo, fica impossível comparar.
Muito além da discussão ante a concepção ou não, o filme avança sobre o direito da mulher a seu próprio corpo, dilemas de uma mãe solo vivendo no limite da existência e a dita moral religiosa sobre a decisões estritamente familiares.
Um filme que necessita ser visto por todos!
O Desespero de Veronika Voss
4.1 47Não se trata de um filme que vá gerar empolgação em se ver em praticamente qualquer momento dele, mas sem dúvida nenhuma é um retrato da angústia de uma decadência artística que por diversos motivos caiu em descrença.
Fassbinder não oferece dicas muito evidentes do que se passa com sua protagonista, basicamente se trabalha com o campo presente em cena, trazendo pouquíssimos flashbacks.
Contudo, é de se supor que trata-se de uma artista que outrora se alinhou ao nazismo para obter sua fama e cai em descrença e abandono a posteriori da queda do regime.
Entre nós, um segredo
3.6 3Manter uma cultura viva é muito mais do que simplesmente se identificar. Muitas vezes requer fé e muito comprometimento e esforço!
O Senhor das Moscas
3.8 53 Assista AgoraEsse é o tipo de adaptação cinematográfica que, infelizmente, é impossível de se realizar devidamente, e o motivo é muito simples: todo o protagonismo é infantil.
Ou seja, dessa maneira, seria necessário elencar-se o melhor da geração de crianças possível para que houvesse uma interpretação digna, e ainda assim, torcer pra que funcionasse a química entre eles.
A atuação dos jovens é das mais fracas possíveis e compromete massivamente a solidez da história de Golding. Não há o que fazer!
Volver
4.1 1,1K Assista AgoraNem todos os filmes, nem mesmo os considerados obras-primas do cinema são sempre dignos de uma revisita constante.
Mas Volver é o caso e depois de alguns anos resolvi finalmente fazê-lo.
Provavelmente é o auge da carreira de Almodovar! É impressionante a sensibilidade e amplitude que o cineasta teve nesse momento para abarcar tantos elementos e situações de forma profunda, dramática e ainda assim com toques pontuais e pertinentes de seu característico humor.
Um filme totalmente de universo feminino e que, ainda assim, nem mesmo nos faz perceber que em 99% dos momentos basicamente só nos deparamos com mulheres na tela de tão natural que se faz!
Soberbo!
Baxter, Vera Baxter
3.4 6 Assista AgoraFilme com uma proposta de transcender bem distinta que tem como característica um ambiente claustrofóbico e, acima de tudo, um estado quase catatônico de uma mulher que perdeu qualquer interesse e brilho na vida.
A premsisa pode parecer muito interessante, mas a prática, infelizmente, traz o contrário.
O filme é um sonífero de primeira linha que você pode colocar quantas vezes for que vai cair no sono de forma certeira. É uma pena, pois ele tem claramente traçado nuances que se fazem muito reais com mentiras e guinadas deliberadas entre as interlocutoras.
Em minha opinião, o ponto forte se faz por meio de um clima hipnótico conduzido pela belíssima música escolhida repetida continuamente de pano de fundo. Ela própria se integra como participante ativa da trama e sendo, inclusive, mencionada durante as conversas.
Por fim, queria ter gostado mais!
Vortex
4.0 64Não tem o que falar, Gaspar Noe é um gênio!
Por mais controverso que o cineasta seja, que desperte a ira em muitos por suas fórmulas extravagantes e o que mais que seja, ele sempre consegue extrair extremos seja qual for a proposta!
Com esse lançamento, mais uma vez fiquei perplexo com a sua guinada contextual.
A princípio, nem mesmo parecia um filme dele. Contudo, seu desenvolvimento sutil se comparado às suas obras anteriores vai se fazendo de maneira que quando vemos, nos encontramos embasbacados.
Soberbo! Não tenho como escrever algo que seja digno de expressar o que senti vendo esse filme, ainda vou ficar mal por dias!
Travelin' Band: Creedence Clearwater Revival At the Royal Hall
4.1 14O documentário elenca a histórica apresentação completa no Royal Albert Hall antecedida de um breve documentário com entrevistas da própria época concedidas pela banda.
Trata-se de um material valioso, mas em minha opinião, essa combinação entre as duas coisas não deu muita liga.
Vejo que ou você está no clima de assistir uma coisa ou outra. Breves prólogos entre uma música e outra já são parte de fórmula conhecida pelo público (vide o Rolling Stones sob a direção de Scorcese), mas esse aqui realmente não me agradou tanto, apesar de ser fã de longa data da banda.
A Terceira Geração
3.6 20Mais uma boa experiência com Fassbinder que, até hoje, não me decepciona.
Aqui encontramos um diretor com veias políticas, sem se utilizar de sua grande especialidade/genialidade de tratar o universo LGBT.
O filme cumpre com a sua premissa em todos os momentos: O esvaziamento ideológico da esquerda em um recorte específico da Guerra Fria pouco antes da queda do Muro de Berlim traduzida em uma comédia satírica.
Só não me arrisco a julgar se ele foi extramemente eficaz em suas discursivas e até mesmo em seu ponto de vista, mas a obra desperta interesse em todos os seus momentos.
Só senti falta na versão que eu vi de uma tradução dos prológos em cada início de capítulo.