As obras do Faulkner não são fáceis, e falo isso quanto à leitura. Adaptá-las então... é dureza. E o Franco conseguiu. Admito que comecei a assistir ao filme com o pé meio atrás (depois daquela adaptação medonha e desastrosa do Martin Ritt em 1959 para "O Som e a Fúria" qualquer um ficaria receoso), mas cena a cena ele me consquistou. Algumas (poucas) coisas foram omitidas, mas a essência tá lá, e no que se refere a uma adaptação de uma obra de tamanha complexidade psicológica como é "As I Lay Dying" - o livro saiu aqui como "Enquanto Agonizo" - isso é uma grandiosa conquista, tanto para o Franco como para nós, amantes faulkerianos. E eis a dica: se possível, leia o livro (há uma edição relativamente recente pela L&PM e outra mais antiga pela Mandarim), mas o faça sabendo que como filme ele se basta, que a leitura do texto do Faulkner não é necessária para a compreensão do filme. Até ouso dizer que se você inventar de encarar a narrativa faulkeriana, possivelmente acabará ficando ainda mais confuso. Não que isso seja ruim.
A ideia é ótima, e tem todo o jeito - meio tosco - dos filmes de ficção científica de sua época, mas acho que poderia ser um pouco mais sério, menos "pastelão"... então viva a HBO!
Falar de um filme que conte com o Denzel no elenco é um troço sempre complicado para mim. Aliás, complicado não. Simplesmente sou suspeito. Até não me decepcionei com os filmes dele, o que me suscita a seguinte questão: ele é mesmo um bom ator pela atuação em si ou acaba ganhando esse dístico por escolher bem os filmes dos quais participa? Já disse: sou suspeito. Não nego. Desde O Colecionador de Ossos que faço questão de ver os filmes dele, e até hoje só coisa no mínimo muito boa, mesmo aqueles que mais parecem com algo tipo Temperatura Máxima e afins. O Owen também costuma ser ótimo, e aqui não foge disso. Sem entrar nos méritos do filme em si (sim, Spike Lee, eu sei, mas tô sem paciência para uma crítica mais... aplicada), só por ser tão "encaixadinho" - apesar de um ou outro erro de continuidade ou execução mesmo - já vale as duas horas necessárias.
Depois de ver essa adaptação do Jabor, entendo perfeitamente o Nelson quando ele dizia que a peça de teatro existia por si só, estando escrita, dispensando, assim, a encenação (o que reforça o que Dostoiévski diz no início de "Os Demônios", que jamais compararia alguém que ele estimasse a um ator de teatro). Esse é mais ou menos o caso aqui. Não que o filme seja ruim. Muito pelo contrário. Considerando a época, é até muito bom. Naturalmente, sofre de todos os vícios do cinema brasileiro de seu tempo (que meio que "copiava" o cinema americano dos anos 1940-50): personagens extremamente caricatos, representações exageradas e, por vezes, irritantes, e uns tantos erros de continuidade típicos de filmes mais descuidados. Muita coisa foi omitida, e isso é bem compreensível, sabendo-se como a escrita do Nelson é pesada - basta ver como se dá o assassinato de Dona Noêmia no livro e como ele se deu no filme, a ausência do caso do Monsenhor, e a sequência do "defloramento" de Glorinha -, mas outras coisas foram inseridas de uma maneira injustificada. Exemplo disso? Glorinha. Poltrona. Consultório do Dr. Camarinha. Algo simplesmente sem necessidade. Gostei bastante do texto, mesmo sendo um tanto repetitivo (o livro, de certa forma, também é). Mas, como já dito, as atuações são sofríveis. Paulo Porto, o "Sabino", não convence como sendo um canalha desonesto, uma alma torturada. Vi apenas um sujeito mentalmente perturbado, mas que não perturba, apenas incomoda e irrita. Quase todos são assim. Outra coisa que não entendi foi a inclusão daquelas cenas de enchente no começo e fim do filme. Qual o sentido daquilo? Alguém me explica, por favor? Enfim, é isso. Em resumo: Dona Noêmia e Zé Honório ❤.
Caros amigos, caros vizinhos, tirem as crianças da sala, porque... Turbulêência! Agora, falando sério: o mundo tá cada vez mais careta mesmo. Hoje, um filme desse, com todo seu apelo (suicídio, sexo casual, pedofilia, consumo de drogas, etc), ganharia tarja preta e, de quebra, talvez fosse proibido de seguir o circuito comercial em alguns países que naquela época, 1980, não veriam nada de mais no longa. Só resta a saudade dos tempos em que podíamos nos divertir sem tanto "mimimi". Tô vendo que, se a coisa seguir nesse mesmo rumo, até Todo Mundo Odeia o Chris vai acabar, dentro em pouco tempo, sendo mal visto. Dizem que tudo o que buscam é a liberdade, que ela é o grande objetivo, mas só o que vejo, é um cerceamento cada vez mais intenso e brutal, em que a única coisa que tem voz (a única coisa a qual se dá voz), é o orgulho ilimitado. Tempos tristes estes que vivemos.
Duas observações: 1. Narração e inserções musicais desnecessárias; 2. Um típico filme francês feito no Brasil; 3. Poderia ser ótimo, mas graças aos itens 1 e 2 acabou sendo apenas bom; 4. Eu costumo mentir.
"As pessoas se dividem em dois grupos quando experienciam algo estranho a sua natureza. O primeiro grupo vê isso como mais do que sorte, mais do que coincidência. Eles vêem isso como um sinal - uma evidência de que há alguém lá em cima cuidando deles. O segundo grupo vê isso apenas como pura sorte, uma feliz mudança do acaso. Tenho certeza que as pessoas do segundo grupo estão olhando para aquelas 14 luzes de uma maneira muito suspeita. Para elas as chances não são equivalentes. Poderia ser mau, poderia ser bom. Mas no fundo elas sentem que, aconteça o que acontecer, estão por sua própria conta. E isso as enche de medo. É, há pessoas assim. Mas há muitas pessoas no primeiro grupo. Quando elas vêem aquelas 14 luzes, sentem que estão vendo um milagre. E no fundo, elas sentem que não importa o que venha a acontecer, haverá alguém para ajudá-las. E isso as enche de esperança. Vê? O que você tem que perguntar a si mesmo é: que tipo de pessoa é você? Do tipo que vê sinais, vê milagres? Ou acredita que tudo é uma questão de sorte? Ou veja a questão de uma outra maneira: é possível que não haja coincidências?"
Vi Sinais pela primeira vez em uma época em que diretores pouco me interessavam, em que era tudo apenas uma questão de entretenimento. Já àquela época, lembro de ter gostado bastante do filme, apesar de, então na minha tolice de sempre querer algo grandioso no que se referia a alienígenas, considerar o final meio bobo. Hoje, já sabendo bem de quem se trata e com uma visão bem mais ampla quanto ao cinema como um todo, vejo que tal detalhe (sim, a água) trazia em si um dos grande méritos do filme: se em nossa "tão evoluída" ciência ainda há quem julgue que só pode haver vida "inteligente" - venhamos e convenhamos, o ser humano passa bem longe disso - em planetas que guardem condições similares às da Terra, e disso eu discordo totalmente, temos aqui uma sagaz abordagem que propõe exatamente o oposto disso. Nela, não seria necessário para a existência de vida inteligente que outros planetas fossem semelhantes ao nosso e, talvez por isso, a ainda tão comum água viesse a ser o nosso maior trunfo - eles, os extraterrestres não dependeriam dela para viver, mas seriam extremamente vulneráveis a ela. Aliada a essa bela e corajosa visão, temos uma mal-sucedida invasão alienígena observada da perspectiva de uma família simples e interiorana, com seus prórpios medos e dramas, nas sem qualquer tendência ao heroísmo, este último tão comumente visto em filmes de ficção científica desse tipo. Foi com Sinais que o M. Night Shyamalan me conquistou. E com um outro, mais tarde ele me perdeu. Mas essa é outra história...
Mais um daqueles casos em que o fracasso de bilheteria só é compreendido após um breve estudo da sociedade e do cinema norte-americano da época. Em resumo (ah, Sr. Micawber!), já não era publicamente aceitável explorar - mesmo que conscienciosamente - certas questões étnicas e sociais. É fato que o filme peca um pouco pelo exagero em certas cenas, mas nada que o desabone ao ponto de sequer arrecadar o que custou e ser categoricamente escorraçado por alguns críticos (ninguém é imune a eles, certo? É da vida acostumar). Quanto a mim, apenas o tenho como um dos meus preferidos do gênero, tendo servindo como um ótimo gatilho para a obra do Cimino.
Menos ★ pelo excesso de flashbacks. Menos ★★ pelas atuações piegas e pelo roteiro fraco. Menos ★ pelos erros de continuidade. Mais ★★★★★ pelo Chuck Norris.
PS: Menos ★★★½ pelo fato de que não é justo dar nota máxima a um filme tão mais ou menos, ou seja...
É bem complicado fazer uma avaliação justa de "Spectre" (me recuso a usar o "007 Contra Blá-Blá-Blá") sem desconsiderar seu antecessor. O tempo quase todo - salvo algumas breves exceções - senti que estava faltando algo ali... E entendi o que era: a grandiosidade de "Skyfall". Deixando essa grandiosidade ausente de lado, só posso dizer que o filme cumpre bem o seu papel de intermediário, assim como "Quantum of Solace" o fez, mas deixa muito a desejar ao pensarmos nos três anteriores e no fato de que ele provavelmente fecharia o arco iniciado em Cassino Royale e a era Craig (afinal, o Daniel já disse que não volta a interpretar Bond), coisa que não aconteceu, já que o Blofeld segue vivo e muita coisa sobre a Spectre ainda não foi explorada/explicada. Resta-nos torcer para que o Craig siga na franquia e assim talvez tenhamos outro filme no nível de Skyfall (quem sabe pelas mãos do Martin Campbell? Seria lindo)para encerrar esse delicioso ciclo na trajetória do nosso tão querido "Double O" 7.
Só acho que eles poderiam ter achado um "sósia" do Henry Fonda mais parecido com ele. Entendo que há o trauma das vítimas e, portanto, a possibilidade de erro de idenficação é bastante alta, mas assim já é demais! Fica fácil entender a razão que há por trás do fato de que hoje uma testemunha ocular, com raras exceções, não passa de uma mera prova cirscuntancial.
Há tempos fiquei de rever essa versão do Tim Burton para "O Planeta dos Macacos". Lembro de tê-la visto na Globo, numa Tela Quente, eu acho. Faz tempo, viu? Tô velho, haha. Enfim... Teimam em tratar esse filme como um remake do clássico de 1968, coisa que ele não é, basta ver os créditos iniciais onde aparece "Based on a novel by Pierre Boulle", o que indica claramente que temos aqui uma adaptação original para o livro do Boulle, de 1963, o mesmo que inspirou o primeiro longa da franquia com John Charles Carter (a.k.a. Charlton Heston). Dito isso, é completamente infundado ficar comparando um com o outro, já que eles seguem caminhos completamente diferentes, tanto entre si como em uma comparação direta com o livro. Lá em 1968, tudo foi focado no drama em si, com as experiências feitas pelos macacos com humanos, com a disputa entre orangotangos e chimpanzés quanto ao conhecimento científico, e etc. Nesse sentido, tal versão segue mais fiel ao livro, mas se "desmonta" ao, incorporando o espírito da Guerra Fria, levar a história no sentido de que tudo aquilo - a decadência da raça humana e a ascensão dos macacos - seria consequência de uma "suposta" guerra nuclear. Pelo menos é isso que aquele final tenso quase nos impõe. No texto original do Boulle, temos algo menos exagerado e mais evolucionista, pois vemos que a ascensão simiesca veio da evolução natural (e não-natural, pelo aprendizado com os humanos) da espécie aliada a degradação da humanidade provocada pela união da ação do tempo aos nossos costumes deletérios. Já nessa versão do Tim, um "blockbuster" da época em que poucos brasileiros sabiam o que era isso, vemos que o foco é na ação/aventura, e o drama, algo extremamente importante no que "O Planeta dos Macacos" representa para mim e, imagino, para vários fãs, ficou eclipsado, resumindo-se a alguns raros momentos aqui, ali e acolá. Até aí, tudo bem, considerando que se trata, desde os minutos iniciais, de um típico filme de aventura, ação e ficção de científica feito para os afins a essa mescla de gêneros e, de certa maneira, agradável ao grande público comum com belas sequências de ação e ótimos efeitos especiais para a época. Então onde o Tim errou, afinal? Ao criar um final pseudo-original que, ao invés de aludir a uma possível guerra nuclear ou à evolução dos macacos aliada a degradação humana, flerta com a ideia de realidades paralelas/alternativas, coisa que poucos compreendem ou mesmo aceitam. Taí o erro. Admito que, até há pouco tempo, antes de ler a obra e ter conhecimento da ideia original do Boulle, eu desconsiderava todas as incongruências do roteiro do filme de 1968 (não que hoje ele tenha deixado de me ser tão amado) e o tratava como um dos filmes mais fodas de todos os tempos, mas hoje vejo que aquele que me parecia ser um dos finais mais originais e tensos da história do cinema não passou de uma pomposa "batida de cartão" na repartição que conhecemos por "Guerra Fria". E quanto ao filme do Mr. Burton, que, por sinal, gostei bastante, o vejo como uma bela homenagem contemporrânea ao Boulle. E ao Péricles, é claro.
Não é um filme que surpreende. Longe disso. Cada cena se encadeia de uma forma bem mais lógica e não-absurda, nos mostrando exatamente (ou quase exatamente) o que esperaríamos ver, do que se poderia esperar da Anna, que costumeiramente alfineta os problemas sociais do país de uma maneira mais figurativa do que lógica. Daí ela ganha uns pontinhos, por fazer algo mais racional e coeso, e perde outros tantos, pela ausência do absurdo tão inerente a obra dela. A única real surpresa é a maravilhosa e, por mais realista que seja, caricata (essa, sim, uma marca da Anna) interpretação da Regina Casé. Ah, e tem Eddie na trilha, né? Salve, salve, Morte e Vida ❤.
Almodóvar, Almodóvar... Há tempos ouço sobre ele, leio declarações de amor incondicional a sua arte e outras tantas breguices de fãs e críticos, mas nunca parei para dar atenção aos seus filmes. Eis que um dia (hoje), decidi fazê-lo, optando por um dos mais recentes - é assim mesmo que contemplo filmografias, de trás para frente. De uma maneira geral, adorei o filme. Uma boa trama, um belíssimo trabalho de fotografia e uma narrativa cativante que cumpre bem o seu papel (com algumas ressalvas, é claro). Só lamentei pelo final. Não que seja ruim, longe disso. Só que não surpreende, nos dando apenas o que é esperado desde pouco mais da metade do filme. Lembro de ter visto alguns comentários por aí e até listas de filmes com finais surpreendentes onde "A Pele que Habito" figurava entre os principais. Lamento não entender a razão disso, mas opinião é que nem abraço, certo?
Adorei a ideia, admito, mas o filme peca. E por simplificar demais. Não que isso seja de todo ruim, só que tudo acontece rápido demais, sem sequer nos dar tempo para apreciar o conceito. Seria algo lindo de se ver em uma série de TV ou pelo menos numa minissérie, assim a ideia poderia ser melhor explorada, tratando desde algum tempo antes da criação da "Noite do Expurgo" e nos mostrando todas as suas consequências, diretas e indiretas, na sociedade. Deixou um gostinho de quero mais, é claro, afinal 1h20m nos dias de hoje é quase uma piada de mau gosto quanto a filmes.
Finalmente entendi no que Kentaro Miura se inspirou para criar os membros da "Mão Divina" de Berserk. Até o lema ("demônios para alguns, anjos para outros") ele copia... Que safadinho, haha!
Um delicioso clima saudosista, uma ótima trilha sonora e uma trama no mínimo instigante (de tão louca)... Até aí, tudo certo, tudo lindo. Mas então visita a redundância, com discussões insignificantes e repetitivas de Durval com sua mãe (esquizofrênica?), um texto tão pobre que é indigno de nota e atuações extremamente caricatas como a do Ary França. Em outras palavras, seria ótimo se tivesse uns quarenta e cinco minutos a menos. Ou mesmo perfeito, se fosse um curta.
Assisti esse longa com muita expectativa, tanto por ele ser considerado um clássico (seja pelo filme em si ou por ser a primeira adaptação da grandiosa obra do Golding) quanto por recentemente ter lido o livro e cair na ansiedade de vê-lo na tela. Erro meu. Não que seja um filme ruim. Longe disso. Textualmente, trata-se de uma ótima adaptação, mas a abordagem contemplativa e pouco emocional adotada pelo Peter Brook unida à montagem acelerada (onde praticamente não percebemos o lapso entre a chegada dos garotos na ilha e sua rendição à selvageria) não me cativou de maneira alguma. Na verdade me incomodou bastante. Fora isso, não há muito do que se reclamar. Tudo que está no livro está na película, com alguns exageros e algumas atenuações, é claro, mas nada que altere o contexto crítico (social e psicológico) da obra. Resumindo: Porquinho ❤.
É sempre complicado adaptar um livro para a telona. E o que dizer de um composto por mais de mil páginas? Aí fodeu. Alterações absurdas e erros explícitos de continuidade demonstram que, além de ser uma adaptação bem distante da obra-prima do King (essa, sim, uma obra-prima do medo), a produção foi bem descuidada, como se tivesse sido feita de qualquer jeito, sem nenhum cuidado mesmo, seja com o texto ou com as cenas em si. Entretanto, há o que se elogiar. A montagem, de uma maneira geral - ou seja, desconsiderando os diversos erros de continuidade -, até que ficou "funcional", bem como algumas pequenas alterações em relação ao original que se utilizadas de uma maneira melhor cairiam como uma luva (de palhaço?) na estória. Quanto ao Pennywise (Robert Gray, Bob Gray ou apenas A Coisa, para os "íntimos"), no filme ele é tão filho-da-puta quanto no livro, o que é um mérito tanto dos roteiristas quanto do Tim Curry, que o interpretou surpreendentemente bem. Dito isso, entre prós e contras há algo que, na minha opinião, mutilou essa adaptação de maneira fatal: falta profundidade. O filme é raso mesmo, vazio até. O pouco que nele há no sentido de dar mais densidade, como algumas frases/falas e cenas extraídas quase que fielmente do livro, é equivocadamente mal colocado, chegando ao ponto de ficar completamente fora de contexto. A única exceção clara é a última cena, com Bill e Audra, que se aproxima bastante da versão escrita, inclusive mantendo o final. Esse vazio, sentido facilmente por quem leu o livro, deixou o longa com uma baita cara de terror adolescente dos anos 1980, onde o foco não era criar, alimentar e explorar o medo (como no livro), mas abusar da surpresa e dos sustos (e do drama forçado, como nas novelas mexicanas!). E, nesse sentido, a produção foi bem sucedida, já que mesmo tendo concluído a leitura da recente edição lançada pela Suma de Letras há pouco dias, eu me surpreendi bastante. Infelizmente, para mal. Enfim, se conseguirmos abstrair o que já foi lido (caso tenha mesmo sido lido), até que dá para assistir encarando-o como uma Sessão da Tarde especial de Halloween, onde o verdadeiro terror está em aguentar quase três horas de um troço insosso e meio sem pé e nem cabeça. Resumindo: P3nnyw1s3 ❤.
Último Desejo
3.2 51As obras do Faulkner não são fáceis, e falo isso quanto à leitura. Adaptá-las então... é dureza. E o Franco conseguiu. Admito que comecei a assistir ao filme com o pé meio atrás (depois daquela adaptação medonha e desastrosa do Martin Ritt em 1959 para "O Som e a Fúria" qualquer um ficaria receoso), mas cena a cena ele me consquistou. Algumas (poucas) coisas foram omitidas, mas a essência tá lá, e no que se refere a uma adaptação de uma obra de tamanha complexidade psicológica como é "As I Lay Dying" - o livro saiu aqui como "Enquanto Agonizo" - isso é uma grandiosa conquista, tanto para o Franco como para nós, amantes faulkerianos. E eis a dica: se possível, leia o livro (há uma edição relativamente recente pela L&PM e outra mais antiga pela Mandarim), mas o faça sabendo que como filme ele se basta, que a leitura do texto do Faulkner não é necessária para a compreensão do filme. Até ouso dizer que se você inventar de encarar a narrativa faulkeriana, possivelmente acabará ficando ainda mais confuso. Não que isso seja ruim.
Billi Pig
1.6 356E quem foi a única pessoa que não gostou desse filme? O idiota do Wanderley! Óinc.
Westworld - Onde Ninguém Tem Alma
3.3 197A ideia é ótima, e tem todo o jeito - meio tosco - dos filmes de ficção científica de sua época, mas acho que poderia ser um pouco mais sério, menos "pastelão"... então viva a HBO!
O Plano Perfeito
3.8 658 Assista AgoraFalar de um filme que conte com o Denzel no elenco é um troço sempre complicado para mim. Aliás, complicado não. Simplesmente sou suspeito. Até não me decepcionei com os filmes dele, o que me suscita a seguinte questão: ele é mesmo um bom ator pela atuação em si ou acaba ganhando esse dístico por escolher bem os filmes dos quais participa? Já disse: sou suspeito. Não nego. Desde O Colecionador de Ossos que faço questão de ver os filmes dele, e até hoje só coisa no mínimo muito boa, mesmo aqueles que mais parecem com algo tipo Temperatura Máxima e afins. O Owen também costuma ser ótimo, e aqui não foge disso. Sem entrar nos méritos do filme em si (sim, Spike Lee, eu sei, mas tô sem paciência para uma crítica mais... aplicada), só por ser tão "encaixadinho" - apesar de um ou outro erro de continuidade ou execução mesmo - já vale as duas horas necessárias.
Angry Birds: O Filme
3.4 389 Assista AgoraPoderia ser bem mais, tipo "HAHAHAHAHA", mas é apenas o que é, porque é assim que é, então foi apenas "HEHEHEH". Em duas palavras: Mighty Eagle ❤.
O Casamento
3.3 25Depois de ver essa adaptação do Jabor, entendo perfeitamente o Nelson quando ele dizia que a peça de teatro existia por si só, estando escrita, dispensando, assim, a encenação (o que reforça o que Dostoiévski diz no início de "Os Demônios", que jamais compararia alguém que ele estimasse a um ator de teatro). Esse é mais ou menos o caso aqui. Não que o filme seja ruim. Muito pelo contrário. Considerando a época, é até muito bom. Naturalmente, sofre de todos os vícios do cinema brasileiro de seu tempo (que meio que "copiava" o cinema americano dos anos 1940-50): personagens extremamente caricatos, representações exageradas e, por vezes, irritantes, e uns tantos erros de continuidade típicos de filmes mais descuidados. Muita coisa foi omitida, e isso é bem compreensível, sabendo-se como a escrita do Nelson é pesada - basta ver como se dá o assassinato de Dona Noêmia no livro e como ele se deu no filme, a ausência do caso do Monsenhor, e a sequência do "defloramento" de Glorinha -, mas outras coisas foram inseridas de uma maneira injustificada. Exemplo disso? Glorinha. Poltrona. Consultório do Dr. Camarinha. Algo simplesmente sem necessidade. Gostei bastante do texto, mesmo sendo um tanto repetitivo (o livro, de certa forma, também é). Mas, como já dito, as atuações são sofríveis. Paulo Porto, o "Sabino", não convence como sendo um canalha desonesto, uma alma torturada. Vi apenas um sujeito mentalmente perturbado, mas que não perturba, apenas incomoda e irrita. Quase todos são assim. Outra coisa que não entendi foi a inclusão daquelas cenas de enchente no começo e fim do filme. Qual o sentido daquilo? Alguém me explica, por favor? Enfim, é isso. Em resumo: Dona Noêmia e Zé Honório ❤.
Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu
3.6 617 Assista AgoraCaros amigos, caros vizinhos, tirem as crianças da sala, porque... Turbulêência! Agora, falando sério: o mundo tá cada vez mais careta mesmo. Hoje, um filme desse, com todo seu apelo (suicídio, sexo casual, pedofilia, consumo de drogas, etc), ganharia tarja preta e, de quebra, talvez fosse proibido de seguir o circuito comercial em alguns países que naquela época, 1980, não veriam nada de mais no longa. Só resta a saudade dos tempos em que podíamos nos divertir sem tanto "mimimi". Tô vendo que, se a coisa seguir nesse mesmo rumo, até Todo Mundo Odeia o Chris vai acabar, dentro em pouco tempo, sendo mal visto. Dizem que tudo o que buscam é a liberdade, que ela é o grande objetivo, mas só o que vejo, é um cerceamento cada vez mais intenso e brutal, em que a única coisa que tem voz (a única coisa a qual se dá voz), é o orgulho ilimitado. Tempos tristes estes que vivemos.
O Perfume da Memória
4.0 168Duas observações:
1. Narração e inserções musicais desnecessárias;
2. Um típico filme francês feito no Brasil;
3. Poderia ser ótimo, mas graças aos itens 1 e 2 acabou sendo apenas bom;
4. Eu costumo mentir.
Sinais
3.5 1,4K Assista Agora"As pessoas se dividem em dois grupos quando experienciam algo estranho a sua natureza. O primeiro grupo vê isso como mais do que sorte, mais do que coincidência. Eles vêem isso como um sinal - uma evidência de que há alguém lá em cima cuidando deles. O segundo grupo vê isso apenas como pura sorte, uma feliz mudança do acaso. Tenho certeza que as pessoas do segundo grupo estão olhando para aquelas 14 luzes de uma maneira muito suspeita. Para elas as chances não são equivalentes. Poderia ser mau, poderia ser bom. Mas no fundo elas sentem que, aconteça o que acontecer, estão por sua própria conta. E isso as enche de medo. É, há pessoas assim. Mas há muitas pessoas no primeiro grupo. Quando elas vêem aquelas 14 luzes, sentem que estão vendo um milagre. E no fundo, elas sentem que não importa o que venha a acontecer, haverá alguém para ajudá-las. E isso as enche de esperança. Vê? O que você tem que perguntar a si mesmo é: que tipo de pessoa é você? Do tipo que vê sinais, vê milagres? Ou acredita que tudo é uma questão de sorte? Ou veja a questão de uma outra maneira: é possível que não haja coincidências?"
Vi Sinais pela primeira vez em uma época em que diretores pouco me interessavam, em que era tudo apenas uma questão de entretenimento. Já àquela época, lembro de ter gostado bastante do filme, apesar de, então na minha tolice de sempre querer algo grandioso no que se referia a alienígenas, considerar o final meio bobo. Hoje, já sabendo bem de quem se trata e com uma visão bem mais ampla quanto ao cinema como um todo, vejo que tal detalhe (sim, a água) trazia em si um dos grande méritos do filme: se em nossa "tão evoluída" ciência ainda há quem julgue que só pode haver vida "inteligente" - venhamos e convenhamos, o ser humano passa bem longe disso - em planetas que guardem condições similares às da Terra, e disso eu discordo totalmente, temos aqui uma sagaz abordagem que propõe exatamente o oposto disso. Nela, não seria necessário para a existência de vida inteligente que outros planetas fossem semelhantes ao nosso e, talvez por isso, a ainda tão comum água viesse a ser o nosso maior trunfo - eles, os extraterrestres não dependeriam dela para viver, mas seriam extremamente vulneráveis a ela. Aliada a essa bela e corajosa visão, temos uma mal-sucedida invasão alienígena observada da perspectiva de uma família simples e interiorana, com seus prórpios medos e dramas, nas sem qualquer tendência ao heroísmo, este último tão comumente visto em filmes de ficção científica desse tipo. Foi com Sinais que o M. Night Shyamalan me conquistou. E com um outro, mais tarde ele me perdeu. Mas essa é outra história...
O Ano do Dragão
3.6 50 Assista AgoraMais um daqueles casos em que o fracasso de bilheteria só é compreendido após um breve estudo da sociedade e do cinema norte-americano da época. Em resumo (ah, Sr. Micawber!), já não era publicamente aceitável explorar - mesmo que conscienciosamente - certas questões étnicas e sociais. É fato que o filme peca um pouco pelo exagero em certas cenas, mas nada que o desabone ao ponto de sequer arrecadar o que custou e ser categoricamente escorraçado por alguns críticos (ninguém é imune a eles, certo? É da vida acostumar). Quanto a mim, apenas o tenho como um dos meus preferidos do gênero, tendo servindo como um ótimo gatilho para a obra do Cimino.
Resgate de Risco
2.8 18Menos ★ pelo excesso de flashbacks.
Menos ★★ pelas atuações piegas e pelo roteiro fraco.
Menos ★ pelos erros de continuidade.
Mais ★★★★★ pelo Chuck Norris.
PS: Menos ★★★½ pelo fato de que não é justo dar nota máxima a um filme tão mais ou menos, ou seja...
A Fúria do Destino
3.4 4Seria um ótimo filme se conseguíssemos esquecer o Faulkner e vê-lo como um simples drama. Mas não dá. Felizmente.
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraÉ bem complicado fazer uma avaliação justa de "Spectre" (me recuso a usar o "007 Contra Blá-Blá-Blá") sem desconsiderar seu antecessor. O tempo quase todo - salvo algumas breves exceções - senti que estava faltando algo ali... E entendi o que era: a grandiosidade de "Skyfall". Deixando essa grandiosidade ausente de lado, só posso dizer que o filme cumpre bem o seu papel de intermediário, assim como "Quantum of Solace" o fez, mas deixa muito a desejar ao pensarmos nos três anteriores e no fato de que ele provavelmente fecharia o arco iniciado em Cassino Royale e a era Craig (afinal, o Daniel já disse que não volta a interpretar Bond), coisa que não aconteceu, já que o Blofeld segue vivo e muita coisa sobre a Spectre ainda não foi explorada/explicada. Resta-nos torcer para que o Craig siga na franquia e assim talvez tenhamos outro filme no nível de Skyfall (quem sabe pelas mãos do Martin Campbell? Seria lindo)para encerrar esse delicioso ciclo na trajetória do nosso tão querido "Double O" 7.
Biutiful
4.0 1,1KUm filme que te joga no terrível abismo da realidade humana e que se não esforça nem sequer um pouco para te tirar de lá. Simplesmente "biu-ti-ful".
O Homem Errado
3.9 96 Assista AgoraSó acho que eles poderiam ter achado um "sósia" do Henry Fonda mais parecido com ele. Entendo que há o trauma das vítimas e, portanto, a possibilidade de erro de idenficação é bastante alta, mas assim já é demais! Fica fácil entender a razão que há por trás do fato de que hoje uma testemunha ocular, com raras exceções, não passa de uma mera prova cirscuntancial.
Planeta dos Macacos
3.0 626 Assista AgoraHá tempos fiquei de rever essa versão do Tim Burton para "O Planeta dos Macacos".
Lembro de tê-la visto na Globo, numa Tela Quente, eu acho. Faz tempo, viu? Tô velho, haha. Enfim... Teimam em tratar esse filme como um remake do clássico de 1968, coisa que ele não é, basta ver os créditos iniciais onde aparece "Based on a novel by Pierre Boulle", o que indica claramente que temos aqui uma adaptação original para o livro do Boulle, de 1963, o mesmo que inspirou o primeiro longa da franquia com John Charles Carter (a.k.a. Charlton Heston). Dito isso, é completamente infundado ficar comparando um com o outro, já que eles seguem caminhos completamente diferentes, tanto entre si como em uma comparação direta com o livro. Lá em 1968, tudo foi focado no drama em si, com as experiências feitas pelos macacos com humanos, com a disputa entre orangotangos e chimpanzés quanto ao conhecimento científico, e etc. Nesse sentido, tal versão segue mais fiel ao livro, mas se "desmonta" ao, incorporando o espírito da Guerra Fria, levar a história no sentido de que tudo aquilo - a decadência da raça humana e a ascensão dos macacos - seria consequência de uma "suposta" guerra nuclear. Pelo menos é isso que aquele final tenso quase nos impõe. No texto original do Boulle, temos algo menos exagerado e mais evolucionista, pois vemos que a ascensão simiesca veio da evolução natural (e não-natural, pelo aprendizado com os humanos) da espécie aliada a degradação da humanidade provocada pela união da ação do tempo aos nossos costumes deletérios. Já nessa versão do Tim, um "blockbuster" da época em que poucos brasileiros sabiam o que era isso, vemos que o foco é na ação/aventura, e o drama, algo extremamente importante no que "O Planeta dos Macacos" representa para mim e, imagino, para vários fãs, ficou eclipsado, resumindo-se a alguns raros momentos aqui, ali e acolá. Até aí, tudo bem, considerando que se trata, desde os minutos iniciais, de um típico filme de aventura, ação e ficção de científica feito para os afins a essa mescla de gêneros e, de certa maneira, agradável ao grande público comum com belas sequências de ação e ótimos efeitos especiais para a época. Então onde o Tim errou, afinal? Ao criar um final pseudo-original que, ao invés de aludir a uma possível guerra nuclear ou à evolução dos macacos aliada a degradação humana, flerta com a ideia de realidades paralelas/alternativas, coisa que poucos compreendem ou mesmo aceitam. Taí o erro. Admito que, até há pouco tempo, antes de ler a obra e ter conhecimento da ideia original do Boulle, eu desconsiderava todas as incongruências do roteiro do filme de 1968 (não que hoje ele tenha deixado de me ser tão amado) e o tratava como um dos filmes mais fodas de todos os tempos, mas hoje vejo que aquele que me parecia ser um dos finais mais originais e tensos da história do cinema não passou de uma pomposa "batida de cartão" na repartição que conhecemos por "Guerra Fria". E quanto ao filme do Mr. Burton, que, por sinal, gostei bastante, o vejo como uma bela homenagem contemporrânea ao Boulle. E ao Péricles, é claro.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraNão é um filme que surpreende. Longe disso. Cada cena se encadeia de uma forma bem mais lógica e não-absurda, nos mostrando exatamente (ou quase exatamente) o que esperaríamos ver, do que se poderia esperar da Anna, que costumeiramente alfineta os problemas sociais do país de uma maneira mais figurativa do que lógica. Daí ela ganha uns pontinhos, por fazer algo mais racional e coeso, e perde outros tantos, pela ausência do absurdo tão inerente a obra dela. A única real surpresa é a maravilhosa e, por mais realista que seja, caricata (essa, sim, uma marca da Anna) interpretação da Regina Casé. Ah, e tem Eddie na trilha, né? Salve, salve, Morte e Vida ❤.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraAlmodóvar, Almodóvar... Há tempos ouço sobre ele, leio declarações de amor incondicional a sua arte e outras tantas breguices de fãs e críticos, mas nunca parei para dar atenção aos seus filmes. Eis que um dia (hoje), decidi fazê-lo, optando por um dos mais recentes - é assim mesmo que contemplo filmografias, de trás para frente. De uma maneira geral, adorei o filme. Uma boa trama, um belíssimo trabalho de fotografia e uma narrativa cativante que cumpre bem o seu papel (com algumas ressalvas, é claro). Só lamentei pelo final. Não que seja ruim, longe disso. Só que não surpreende, nos dando apenas o que é esperado desde pouco mais da metade do filme. Lembro de ter visto alguns comentários por aí e até listas de filmes com finais surpreendentes onde "A Pele que Habito" figurava entre os principais. Lamento não entender a razão disso, mas opinião é que nem abraço, certo?
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraAdorei a ideia, admito, mas o filme peca. E por simplificar demais. Não que isso seja de todo ruim, só que tudo acontece rápido demais, sem sequer nos dar tempo para apreciar o conceito. Seria algo lindo de se ver em uma série de TV ou pelo menos numa minissérie, assim a ideia poderia ser melhor explorada, tratando desde algum tempo antes da criação da "Noite do Expurgo" e nos mostrando todas as suas consequências, diretas e indiretas, na sociedade. Deixou um gostinho de quero mais, é claro, afinal 1h20m nos dias de hoje é quase uma piada de mau gosto quanto a filmes.
Ladrão de Sonhos
3.8 120Como eu adoro contos de fadas "alternativos" e estava mesmo precisando assistir algo bem incomum... Ad❤rei.
Hellraiser: Renascido do Inferno
3.5 858 Assista AgoraFinalmente entendi no que Kentaro Miura se inspirou para criar os membros da "Mão Divina" de Berserk. Até o lema ("demônios para alguns, anjos para outros") ele copia... Que safadinho, haha!
Durval Discos
3.7 336Um delicioso clima saudosista, uma ótima trilha sonora e uma trama no mínimo instigante (de tão louca)... Até aí, tudo certo, tudo lindo. Mas então visita a redundância, com discussões insignificantes e repetitivas de Durval com sua mãe (esquizofrênica?), um texto tão pobre que é indigno de nota e atuações extremamente caricatas como a do Ary França. Em outras palavras, seria ótimo se tivesse uns quarenta e cinco minutos a menos. Ou mesmo perfeito, se fosse um curta.
O Senhor das Moscas
3.8 54 Assista AgoraAssisti esse longa com muita expectativa, tanto por ele ser considerado um clássico (seja pelo filme em si ou por ser a primeira adaptação da grandiosa obra do Golding) quanto por recentemente ter lido o livro e cair na ansiedade de vê-lo na tela. Erro meu. Não que seja um filme ruim. Longe disso. Textualmente, trata-se de uma ótima adaptação, mas a abordagem contemplativa e pouco emocional adotada pelo Peter Brook unida à montagem acelerada (onde praticamente não percebemos o lapso entre a chegada dos garotos na ilha e sua rendição à selvageria) não me cativou de maneira alguma. Na verdade me incomodou bastante. Fora isso, não há muito do que se reclamar. Tudo que está no livro está na película, com alguns exageros e algumas atenuações, é claro, mas nada que altere o contexto crítico (social e psicológico) da obra. Resumindo: Porquinho ❤.
It: Uma Obra Prima do Medo
3.5 1,3KÉ sempre complicado adaptar um livro para a telona. E o que dizer de um composto por mais de mil páginas? Aí fodeu. Alterações absurdas e erros explícitos de continuidade demonstram que, além de ser uma adaptação bem distante da obra-prima do King (essa, sim, uma obra-prima do medo), a produção foi bem descuidada, como se tivesse sido feita de qualquer jeito, sem nenhum cuidado mesmo, seja com o texto ou com as cenas em si. Entretanto, há o que se elogiar. A montagem, de uma maneira geral - ou seja, desconsiderando os diversos erros de continuidade -, até que ficou "funcional", bem como algumas pequenas alterações em relação ao original que se utilizadas de uma maneira melhor cairiam como uma luva (de palhaço?) na estória. Quanto ao Pennywise (Robert Gray, Bob Gray ou apenas A Coisa, para os "íntimos"), no filme ele é tão filho-da-puta quanto no livro, o que é um mérito tanto dos roteiristas quanto do Tim Curry, que o interpretou surpreendentemente bem. Dito isso, entre prós e contras há algo que, na minha opinião, mutilou essa adaptação de maneira fatal: falta profundidade. O filme é raso mesmo, vazio até. O pouco que nele há no sentido de dar mais densidade, como algumas frases/falas e cenas extraídas quase que fielmente do livro, é equivocadamente mal colocado, chegando ao ponto de ficar completamente fora de contexto. A única exceção clara é a última cena, com Bill e Audra, que se aproxima
bastante da versão escrita, inclusive mantendo o final. Esse vazio, sentido facilmente por quem leu o livro, deixou o longa com uma baita cara de terror adolescente dos anos 1980, onde o foco não era criar, alimentar e explorar o medo (como no livro), mas abusar da surpresa e dos sustos (e do drama forçado, como nas novelas mexicanas!). E, nesse sentido, a produção foi bem sucedida, já que mesmo tendo concluído a leitura da recente edição lançada pela Suma de Letras há pouco dias, eu me surpreendi bastante. Infelizmente, para mal. Enfim, se conseguirmos abstrair o que já foi lido (caso tenha mesmo sido lido), até que dá para assistir encarando-o como uma Sessão da Tarde especial de Halloween, onde o verdadeiro terror está em aguentar quase três horas de um troço insosso e meio sem pé e nem cabeça. Resumindo: P3nnyw1s3 ❤.