Quando me peguei para ler os Sermões do Padre Vieira na faculdade aquilo foi um enfado, mas pouco sabia sobre a figura, me mudei de curso e deixei de lado os escritos do padre, e vi o filme por ser do Manoel de Oliveira, sequer sabia do que se tratava, e fora uma grata surpresa; um filme que poderia ser excelente salvo algumas coisas que me incomodaram, mas fica a marca da figura grandiosa e à frente de seu tempo que fora o Padre Vieira. O filme é um pouco cansativo para alguns, para mim nem tanto, pois admirei todo o cenário e o discurso poderoso. Destaque mais uma vez para Luís Miguel Cintra, que tem uma grande parceria com o diretor, é sem sombra de dúvida, é um ator de peso, embora não tão conhecido no cinema, fez vários filmes memoráveis com o Manoel, sem contar que lendo sua biografia se vê a envergadura do talento artístico dele. E, o ponto baixo fora justamente Lima
Duarte substituí-lo, pois este último não chega no nível de interpretação necessário, e em certos momentos parece que Lima Duarte interpretava tal qual nas novelas da Globo, tinha aquele tom meio bonachão, meio dramático mas engraçado... e deram aquela forçada ao fazerem-no com aquele sotaque esquisito... tenho certeza que haveria atores portugueses mais velhos que poderiam ter feito o Vieira na velhice e assim não ser tão artificial como com Lima Duarte foi. às vezes não entendo certas escolhas de certos diretores. Fora isso, creio que já que o filme se propunha numa tarefa de mostrar o Padre e sua filosofia e missão, deveria ter se estendido mais, o tempo é abrupto em certos momentos, houve coisas que me inquietaram para tentar desvendar os porquês, não sei se devido à minha ignorância ou não, mesmo muitos considerando o filme cansativo, são filmes feitos não para o grande público... então deveriam ser permitir adentrar neste espaço com o qual já foram classificados.
Aparentemente a sinopse dada ao documentário é muito além do que ele é; faz certo alarda a um conteúdo que não é entregado, mas apesar disso, é interessante a visão do escritor retratado, ele foi um dos escritores que difundiu as teorias da conspiração, criou um modo de pensar, este muito influenciado pelos sistemas orientais de pensamento, tais como; o confucionismo, taoísmo, budismo (principalmente zen). Ele se encaixa num contraponto da lógica ocidental, porque não pensa na lógica estrita do "a" ou "não a"- mas considera as possibilidades, e pondera que apenas existem interpretações do mundo, parecendo um pouco um resquício de algum tipo de idealismo, embora talvez eu aceite isso, mas não sou conhecedor dos trabalhos de Anton para afirmar isto com uma certeza. Nos quesitos técnicos o documentário é bem amador, parece mesmo uma produção caseira, mas salva-se pelo conteúdo e pelo carisma do retratado.
Recentemente li muitos artigos sobre o Manoel de Oliveira, e fiquei surpreendido ao saber tamanha produção cinematográfica relacionada com a literatura, e Os Canibais é derivado de uma opereta com base num conto de Álvaro do Carvalhal (bem desconhecido) de mesmo nome - Os Canibais- de fácil encontro na internet. Um conto um tanto quanto diferente, para quem quiser lê-lo, e nisto creio que o filme seja mais entendível, fiz isto, vi o filme e procurei o conto que não me desagradou em nada, e vi que o filme é bem fidedigno.
Obs: para quem viu o filme, leia sobre como a sociedade portuguesa, especialmente a do Porto reagiu sobre o caso. É interessante ler as resenhas espanholas e as portuguesas sobre o filme, contém diferentes análises que complementam o filme e acentuam alguns porquês em aberto.
Primeiramente faço uma crítica à Netflix que enquadra os filmes em umas categorias pra lá de nonsenses, algumas parecem até serem piadas, e este aqui, a começar pelo título pt-br, já faz uma confusão para atrair pessoas fãs de terror, o que a princípio pensei se tratar, algo mais ou menos na pega de A Bruxa, mas não, era um drama histórico...
Porém o filme é relevante, deveras interessante, não é nada grandioso, mas se propõe a retratar uma história real que poucos conhecem; sobre que não somente católicos praticavam uma inquisição e queimavam bruxas, mas as demais seitas cristãs o faziam. O que é interessante, pois já vi muitos neo-con com discursos tais como que somente católicos impuseram práticas cruéis e irracionais contra as pessoas, e aqui se desvela literalmente esta incongruência da parte destas pessoas que querem nortear a história ideologicamente falsificando-a.
Sobre o filme, a ambientação é muito interessante, a fotografia tem uma qualidade maior que o próprio enredo, e o que mais me incomodou foi que por certos momentos há em demasia uma forçação para criar uma certa inocência da parte dos habitantes colonizados por outro povo nórdico, o povo da ilha parece muito inocente, demais para uma história que pretende ser documental e histórica, a protagonista parece não se enquadrar naquilo que fora proposto, não pode ser inocente e agir tal como age em certos momentos, e isto é uma idealização um tanto quanto exagerada.
Visualmente incrível, tal como Pachamama, que vi recentemente na Netflix, e estes dois fogem àquele clichê de CGI dos filmes de animação comerciais, que são (pelo menos para mim) algo totalmente comum e não encanta em nada na arte oferecida. O grande problema destes dois filmes foi justamente a língua usada não ser a língua nativa das localidades que se passam, faria jus terem usado a linguagem destas localidades e povos, mas não sei se o oferecido pela Netflix foi somente em inglês ou se foram dublados originalmente em inglês, e penso aqui nos casos do Apocalypto e do Paixão de Cristo, que foram fidedignos no uso da língua nativa, não seria algo fácil, mas também nem tão dificultoso como estes dois de Mel Gibson. Ponto interessante da narrativa é que se fundem duas histórias, uma real, e uma que a protagonista imagina, ambas têm um direcionamento nada característicos de filmes infantis, e seria desvirtuoso dar-lhes um final bonitinho, já que na realidade não fora. Um ponto interessante para se pensar o filme de uma forma mais abrangente é ter conhecimento das questões políticas e étnicas daquela região. Um filme interessante é o Rambo 3, onde é explícito o apoio dos Talebãs por parte dos EUA para conter a influência soviética e derrubar o governo progressista que havia, como bem relata o filme; onde mulheres frequentavam universidades... Outra indicação, está a valer muito a pena, é E Buda Desabou de Vergonha, filme que retrata o pós-invasão estadunidense ao Afeganistão, e mostra que não é somente a derrubada de um regime que mudará o pensamento e o modo de como uma cultura nociva arcaica se impôs àquele povo.
Minha nota é mais para a CGI que é muito bem feita, chegando em certos momentos a parecer uma filmagem do mundo real, e também achei isso forçado, porque, pelo menos o irrealismo era uma característica interessante, mas ele só o era por à época, como do primeiro, ser pouco desenvolvido esse quesito... No geral o filme é chato, dá sono, não tem nada de interessante que fizesse essa sequência existir, nem mesmo a trilha empolga como a do terceiro... nesse parece que é até oposto à proposta do terceiro. Mas é daquelas coisas que Hollywood precisa para arrecadar aquela grana toda.
A Romênia produz e exporta vampiros e... têm a ousadia de imitarem besteirol estadunidense? Não aguentei nem ver o trailer... e pelo visto, ao ler os comentários, o trailer foi bem fiel.
Ainda bem que os cristãos expulsaram os mouros da península ibérica...
Sobre os elementos estéticos do filme, não há como avaliar de forma negativa, porém o filme peca por alguns deslizes, um na sua longa duração, e outro na sua previsibilidade, quando algumas coisas são-nos dadas antes mesmo delas serem inseridas nas cenas seguintes, e isso é, ao menos pra mim, uma coisa que impacta na visão geral de uma obra. Outra, que num caso de um filme destes acho que muitos pormenores não foram esclarecidos, deveriam ter sido mais atentos a certas coisas em aberto e cortado outras que não eram tão interessantes e tão necessárias, já que o filme se propõe a não ser só um mero entretenimento, mas a ser uma biografia onde fidedignidade deveria ser mais respeitada.
O ato de rebelar-se por si só de todas as formas de imposição ou tiranias já é considerado nobre, ainda mais quando seus membros estão dispostos a sofrerem e darem a vida para tal, mesmo a consequência sendo por muitas vezes catastróficas e parecendo até mesmo egoísta não é, é altruísta, e renegar a coisa mais valiosa que é a vida em prol da liberdade de outras é um ato nobre, e neste filme se retrata esta forma de rebelião contra o sistema colonialista britânico sobre a Irlanda, conflito que ainda está presente na vida de muitos, mas é pouco explorado no cinema num todo, o que pode ser plausível dos porquês. Fome, do mesmo diretor de 12 anos de Escravidão, tem excelentes atuações, e efeitos surpreendentes, que nos colocam em choque, as atuações são excepcionais, e lógico, o filme não é imparcial, toma seu lado, e este lado é o dos oprimidos.
É da categoria de filmes que assistimos e a princípio não entendemos a história contada em sua totalidade, mesmo conseguindo conectar algumas coisas aqui e ali, mas depois de ler alguma resenha ou ver algum comentário acerca podemos ter uma melhor clareza do que se trata, apesar de haver uma vasta quantidade de significados dados, o que abre um leque que podemos escolher, se trata de uma crítica social, uma fábula religiosa, uma fábula moral, tanto faz, porque se encaixa e se consegue encaixar a narrativa em quaisquer destas possibilidades. O que é bem incrível para um filme. Mas num todo a trama não me agradou muito, mas é um filme que te prende, ou pela tensão criada, ou pelo suspense, ou mesmo pela tentativa de encontrar alguma explicação racional e plausível para aquilo que se passa diante de nossos olhos.
Sou avesso aos musicais, e nem mesmo sabia que tratava-se de um quando me coloquei a ver O Astronauta Americano, fiquei encantado com a qualidade musical, a acalorada coreografia e encenação, e tamanha criatividade da equipe que produziu este filme, digno mesmo de admiração, pois é aqui que se define um traçado de que nem sempre o requisito para uma obra magistral seja recurso financeiro, afinal de contas, é mais que conhecido os tropeços e tragédias cinematográficas feitas com muitos milhões de dólares por Hollywood. Uma coisa é amadorismo e a outra é a falta de recursos financeiros, o filme não é nada amador, e tem ótimas composições, enquadramentos, movimentos de câmera e ousadas cenas que dão claramente o tom da ficção científica, e isto de alguma maneira me remeteu a uma referência a La Jeteé (A Jornada) de Chris Marker, e que referência...
Animação incrível, destas que fogem ao clichê imposto por Hollywood, embora ainda assim seja uma obra direcionada ao público infantil, não é tão bonitinha assim como se imagina à primeira vista, e isso é seu grande atrativo. Ainda mais a saber; o diretor passou árduos 15 anos para produzi-la, e à custa de muito esforço a fim de arrecadar fundos, e com a ajuda de sua esposa antropóloga, o que torna muito fidedigna com a cultura e tal período retratados. Toda cena é uma obra de arte, e claramente os traços são inspirados na própria cultura retratada, os pormenores são bem fiéis ao que já li e pesquisei sobre as culturas pré-colombianas, os ancestrais nas cavernas são na verdade as pessoas mumificadas, os rostos são máscaras de madeira, e há toda uma tentativa de retratar isto com uma qualidade incrível como uma obra documental, embora não seja só nisto, mas em quase tudo o que vemos sendo transmitido. O ponto negativo fica em saber que o idioma utilizado na animação não seja o real daqueles povos, é até compreensível, se tratando de uma animação, já que direciona-se a um público infantil. Embora pudesse haver um uso da pantomímica para passar essa ideia sem o uso de uma linguagem falada, como no caso do Menino e o Mundo, assim sairia bem mais interessante, pois daria vasão ao uso de uma língua não colonialista... talvez esteja querendo demais... rs
Embora soe meio contraditório uma pessoa defender os animais, ser vegetariana no caso, e ter cachorros, por um simples motivo, eles são carnívoros, não há como salvar todos os animais. E há como se chocar com a crueldade com que são tratados muitos seres vivos, mesmo sendo uma pessoa carnívora isto é possível, principalmente devido àqueles animais que são mortos por simples ganância ou prática esportiva. Mas ainda assim é compreensível que isso aconteça, pois em condições extremas não há outras possibilidades de se viver sem ser pelo uso de animais independente de que tipo de uso seja feito. A protagonista age com razão, e teve todo direito de fazer o que fez, não pelas suas visões um tanto quanto extremas acerca do que defende, mas pelo que o desfecho nos entrega soa compreensível. É uma exercício de reflexão poder ver um filme assim, afinal de contas, estamos inseridos num contexto que já nem sabemos a proveniência do que consumimos, a alienação nossa que essa sociedade industrial capitalista construiu é tanta que sequer pensamos na confecção ou produção do que nos chega como produto a ser consumido, e certamente, muitos não se sentiriam confortáveis em olharem a matança dos animais que estão nos seus pratos, e creio, que muitos menos gostariam de participar de tal ação, mas não é mera hipocrisia, mas um afastamento das nossas relações com a própria natureza que torna isto um paradoxo.
Como é bom sair da inércia ao qual somos postos pelo cinema comercial, o que torna com que os contos de fadas sejam quase que sinônimos de Disney, embora muito antes haja versões exemplares e totalmente magistrais de tais contos, como este de Cocteau que consegue encantar com os efeitos utilizados, que são tão bem produzidos que se tornam como que mágicos aos nossos olhos atuais, a película tendo mais de 70 anos a torna ainda mais admirável, pois há uma clareza de que mesmo hoje com todos os recursos disponíveis ainda assim não se possa produzir um conto de fadas à altura deste.
Há várias versões dos contos, este aqui é o destaque, tem um toque mais romântico e surreal como norteamento para a narrativa, com um desfecho nem agradável e enigmático (ao menos para mim). O fica a dica de outra versão de A Bela e a Fera de Juraj Herz, porém está, mesmo bem semelhante em sua estrutura e narrativa, tem um tom mais realista em certo sentido e seja muito mais gótica. Vale a pena vê-las.
Como muito se comenta, não há como não remeter à obra de Parajanov, e até mesmo se se fizer um grande esforço de esquecer deste diretor não teria como, até porque Parajanov tem um documentário chamado "Arabescos Pirosmani", embora o filme de Shegelaya seja de mais de uma década antes, com toda certeza há uma influência de Parajanov na cine-biografia de Pirosmani, mas que segue um viés muito mais realista (não sei se devido aos censores), o que torna o filme de fácil assimilação e compreensão. O cenário nalguns momentos lembram bem o estilo de pintura naif ou naïve do pintor, que com suas pinturas lembram bem a obra de Henri Rousseau, colocado como um dos expoentes máximos do estilo. Pirosmani tem personalidade forte, por um lado nasce num lugar onde o trabalho braçal é valorizado, talvez devido às circunstâncias regionais, e com isso ruma à um outro lugar, mais ocidentalizado e mais metropolitano, para poder concretizar suas potencialidades, e como pintor auto-ditada se torna uma figura conhecida dos habitantes com que convive uma vida simples, assim como sua pintura é, e por isso fora a princípio conhecido e tão logo também ridicularizado pelos mesmos. E de fato, não fora compreendido e nem apreciado devidamente no seu tempo, mas as vanguardas e os representantes delas souberam do valor de sua obra.
Interessante as encenações feitas como se fossem de fato situações reais, e daí parte-se para uma premissa ainda mais precisa sobre o lugar que quer se chegar com esse filme, que ao longo dele se delineia claramente, as conversas paralelas dos personagens num todo são apenas um diálogo que o diretor se propôs a fazer, uma obra cinematográfica que tem por essência um conteúdo ácido e extremamente crítico, alfim os diálogos se encaixam perfeitamente e as contradições são expostas, o real que se mostra, ou que se pode mostrar no cinema não pode ser o real verdadeiro, mas um real com um viés propagandístico, assim como a própria essência da cultura persa de certa forma se perde frente ao islamismo como religião estatal, e daí declina que a própria cultura é cerceada por um viés alienígena, como no caso das leis para o cinema, por exemplo, o uso de nomes islâmicos, ou seja, nomes árabes religiosos são requisitos para os personagens de uma película. Coisa extremamente absurda, frente ao que se foi a grande cultura persa do passado, mas ainda assim resta resquícios dela por todo lado, assim como não podemos por essa censura dizer que ali se trata de uma ditadura, pois não o é, e muito menos dizer que se trata plenamente de uma democracia, estas contradições são expostas, e dificilmente haverá um país em que se possa exercer uma obra de arte sem qualquer barreira imposta, seja moral, religiosa, ou até mesmo do ponto de vista comercial...
Nem lembrava que tinha visto este filme, é muito ruim, sinceramente, não há nada que faça esse filme ser lembrado a não ser pela polêmica que todos sabem, tirando isso nada me vem na memória de um momento ou de uma cena que sejam proveitosos e que me deixam com vontade de rever a película.
Coloquei-me num tarefa; ver novamente este filme, e por incrível que parece, a segunda vez se saiu melhor, não porque eu tenha mudado minha opinião, mas queria revê-lo apenas numa perspectiva diferente daquela de quando foi lançado.
E é bem atual o filme, não envelheceu e perdeu aquele seu tom crítico, mas fora o contrário, ganhou contornos premonitórios acerca de muito do que vivemos, mas enfim, o filme é legal, mas não empolga como deveria, e é hollywoodiano demais para o meu gosto, as ideias não soam nada originais, já foram exploradas demais, quem curte literatura (o que creio que não seja a maioria dos fãs deste filme) não se sente diante de uma obra de arte, por vezes soa até forçado demais, principalmente no tom tragicômico do herói que por vezes quer ser um romântico, tipo o personagem que cultua, e por vezes age como um psicopata lunático, é bem dúbio, e por incrível que parece, o ator que interpreta o mascarado atua melhor que a Natalie Portman! haha
O interessante do filme é as alusões feitas sobre a literatura, e o gosto bem peculiar do personagem herói, e a ideia é legal, mas o fato de ser uma superprodução que que dar um tom pretensioso demais escorrega e falha, porque o personagem se assemelha às vezes com o Coringa do Batman, mas é como um Deadpool, um pouco de terrorismo aqui e ali, e voilá ! Sei que nos quadrinhos a ideia é bastante interessante, já que a plataforma é diferente, embora não tenha nem pego e sou avesso aos quadrinhos, devo admitir que deva impressionar os leitores. E uma pena que quem tenha visto o filme em sua maioria sequer saiba das referências culturais e literárias, ao ponto de uns até afirmarem que o governo fascista descrito lá seja de esquerda ou comunista- é muito idiotice nos dias de hoje! O próprio Moore que criou a história diz-se anarquista, e escreveu-a por temer uma evolução do governo conservador-liberal da Margaret Thatcher.
Embora para quem gosta de literatura, ou tenha contato com literatura política e sociológica o filme não passa de uma coisa bem adolescente. Se for pra ver um filme desse viés prefiro os realistas, tais como os que relatam a guerra civil espanhola, ou os levantes socialistas contra governos, e aí há uma infinidade de filmes melhores, e que não usam da artimanha dessa coisa meio brega que é um herói mascarado. Prefiro ainda o Batalha de Argel, O Grupo Baader-Meinhof, etc. São ótimos filmes e não são produções que visam adolescentes pseudo-anarquistas que estão a um pulinho de serem fascistas num futuro não muito distante, como é o que tem acontecido...
Há um mês assisti ao filme, e coloquei-me numa tarefa nada fácil, não saí de onde estava sentado, mesmo assim cansei, horas e horas árduas, e consegui uma cópia foto digitalizada do livro homônimo traduzido em português. Quem quiser acesso à esta preciosidade é só enviar um recado e passar e-mail.
A alusão que o título do filme traz é genial, lembrei-me do "Ceci n'est pas un pipe" da pintura "A Traição das Imagens" de René Magritte, onde uma imagem diz o que ela própria é ou representa e abaixo o texto diz o contrário, a supor, poderia gerar uma contradição, mas gera ainda uma coisa para além, ou se considera que é ou não aquela coisa que diz ser ou não ser.
Este filme, é como que um ensaio escrito, nele há camadas sobrepostas num dia-a-dia de cineasta censurado pelo governo iraniano, mas a de se pensar que, sim, o Irã é uma democracia, é uma democracia islâmica, porém a censura não torna o país uma ditadura, pois está para além da compreensão de muitas pessoas o que é o Irã, EUA também censuraram e ainda censuram muito conteúdo propagado pela mídia, assim como no Brasil e em muitas outras democracias, ou ditas democracias, a liberdade de expressão pode existir mas pode haver bloqueio à ela, o que torna mais uma vez contraditório tudo isso. Ser uma democracia não implica ter liberdades irrestritas, ter censura não implica ser uma ditadura, ser uma democracia religiosa não implica que seja uma democracia e nem que todos sejam ou desejam ser religiosos.
Só para dar um exemplo; o filme Subconscious Cruelty, teve seus negativos apreendidos pela alfândega da borda do Canadá, alegaram que o conteúdo era ofensivo, obsceno, e que não deveria ser permitido sua liberação, oras, o Canadá para muitos ocidentais é tido como um país exemplar, e isto aconteceu. Há censura sim em todos os lugares do mundo, porém em níveis diferentes e de várias formas, censuraram-se vários outros conteúdos, e ela não precisa ser exercida apenas por um governo, há outras censuras não oficiais, feitas pela própria população, ou por parte de outros órgãos ou tipos de instituições. O Irã, outrora conhecido como Pérsia, é um país que possuí uma tradição artística que ainda hoje irrompe com o sistema religioso islâmico, e assim será, e será em qualquer sociedade. Porém, se ainda vermos os outros países islâmicos vizinhos ao Irã, vemos reinos e ditaduras religiosas de fato, o Irã perto deles possuí muitas liberdades individuais garantidas pelo governo, recentemente vi que existe a maior comunidade judaica no Oriente Médio no Irã, e um judeu disse que às vezes ele não tinha seus direitos garantidos, mas ele acentua que isso acontece com todos os cidadãos iranianos.
Basta ver que há inúmeros documentários sobre o Irã, e de fato, muitos não estão contentes com o governo iraniano, embora muitos ainda assim, consideram-se muçulmanos e não querem que isto mude, mas que haja maior liberdade, e menos obrigações, que haja uma modernização do país. A celebração desta Quarta-feira de Fogos é uma coisa interessante, pode ser vista como parte de uma manifestação das massas para exigirem seus direitos de festejarem e de serem livres. Pode ser uma manifestação não religiosa, e até mesmo não política, mas não tem como não vê-la como não política, pois o governo a declarou não religiosa, e as pessoas ousaram participar dela, ou seja, houve uma desobediência civil. Assim como o diretor faz com seu filme, e ao final Jafar Panahi mesmo se auto-censura ao não colocar em evidência os nomes de alguns envolvidos no filme, para que assim eles não sejam punidos.
Comecei a cursar letras e de começo foi difícil a assimilação do conteúdo de linguística por mim, com o tempo mudei de curso e fui para filosofia, e tenho especial interesse pela antropologia - principalmente a política - e ao ver esse documentário vi a necessidade de aprender linguística e o porquê de ser tão importante à compreensão do que chamamos de "conhecimento".
Fato é que a cultura é indissociável para a língua que um indivíduo fala, e nestas condições as quais os Pirahã vivem suas necessidades são refletidas no modo de como falam e expressam seus pensamentos, e os coloca quase que num lugar impensável, pois representam um conjunto de vida primordial dos homens. Não acreditam naquilo que não veem, por isso sua conversão ao cristianismo não foi obtida, Dan admitiu nunca ter visto Jesus, e assim, os Pirahã que "converteram" Dan ao ateísmo.
Mais singular ainda é que devido a serem caçadores-coletadores e viverem em abundância (e não em necessidade como muitos anteriormente pensavam) é que os faz não ter sentenças no tempo passado ou no futuro, tudo requerido é obtido no presente. E o viver deles é apenas baseado na experiência de cada um de acordo com o que vivem no presente, mas ainda assim há uma coisa que reflete um paradoxo, que é dedutivo, a língua deles pode ter sim evoluído, mas o mais sensacional é que a língua é por vezes também como o canto dos pássaros (animais) no caso.
Fico ainda pensando aqui em como este dilema com Chomsky será resolvido, pois pelo que o vídeo revela, através das análises dos computadores do MIT a tese de Everett está mais que comprovada, e coloca a de Chomsky em cheque, as provas foram dadas, mas houve um descaso imenso com Dan. E como a própria professora da universidade mesmo diz, o problema é quando a ciência se converte em uma religião, e assim tentaram barrar Dan de visitar novamente a tribo, para tanto usaram de um argumento que se provou oposto ao que o próprio governo fez ao dar-lhes eletricidade, ensinar português, a contarem e assistirem à televisão. O governo interferiu e violou a própria regra de não interferência do qual a FUNAI dizia defender, sendo assim, colocam sua cultura em extinção pelo simples fato de que ao falarem português, contarem e verem televisão já não seriam mais os mesmos, e com essa interferência já logo não há como provar outras teses não só sobre linguística mas sobre as próprias crenças criadas pela humanidade, conhecimento, experiências imediatas e harmonização de humanos com o meio em que vivem. Chomsky ainda é relevante, mas foi posto em cheque, assim como a crença em qualquer religião ou deus também foi posto em cheque.
Documentário muito interessante acerca da realidade a que sofrem as pessoas sobre o Estado Islâmico, principalmente os yazidis, que são um grupo étnico curdo, mas têm uma religião étnica (tal como acontece com os judeus), e sempre foram perseguidos, principalmente porque para as religiões monoteístas eles seriam adoradores de Satã.
Apesar dos relatos cruéis e terríveis, há ainda algo de lindo nessa realidade, que é a esperança e os laços comunitários. Uma cena me marcou; a que as 34 mulheres atravessam aquele campo ondulado com cores verdejantes, roxas e laranjas, num céu azul com nuvens brancas... aquilo foi tão poético, e elas caminhando descalças por quilômetros, para serem livres.
Se há mal feito pelo homem há ainda alguma esperança feita por outros. Apesar de que, como um grupo étnico peculiar, os yazidis, assim como disse, são como alguns judeus, são endogâmicos e portanto somente casam entre si, e não aceita-se que haja convertidos à religião, já que é uma religião-étnica, e isso gera alguns conflitos violentos. A religião deles é interessante, pois se declaram descendentes apenas de Adão, e é pelo que parece uma religião de mistérios.
Normalmente gosto da revista NatGeo, mas ultimamente, haja visto este documentário, está totalmente alinhada a um eixo ocidental comandado pelos EUA, portanto este documentário é bem enviesado, no sentido que ainda tentam uma mea culpa aos EUA, mas como tudo tem várias camadas a serem descobertas, há por trás desse documentário uma clara intenção de colocar a Rússia como inimiga do Ocidente, ou o que quer que Ocidente signifique.
É claro que o Assad não era nenhum herói, muito menos um santo, e que da mesma forma que o exército sírio fez com os militantes, há outros países que o também fizeram, por trás do surgimento do ISIS/ISIL há Israel, com o MOSSAD, que sequer fora citado, e há também um quadro geopolítico maior e mais amplo para se ter em mente, visto que é pelo controle da região e pela desestabilização do Oriente Médio que os EUA se mantiveram como colonizadores e saqueadores, o mesmo que o ISIS/ISIL fez e faz eles também fizeram. Ora, há forças políticas globais que lutam pela tomada de poder, e o mundo multipolarizado daria nisto. Há mais que interesse religioso, há interesses econômicos por trás disso, haja visto que a guerra é muito lucrativa.
E pode soar conspirador, mas é fato, os países que os EUA impuseram sua cruzada eram países que eles mesmo colocaram os ditadores no poder, porém estes governos tinham um banco central independente e nacionalizaram o petróleo. Ou seja, quem financia as revoltas, e os rebeldes? É claro que são financiados pelos EUA, Israel, até mesmo Arábia Saudita (que é um estado islâmico que sequer os EUA querem derrubar porque é aliado). O documentário bem mostra que o ISIS/ISIL na verdade é um exército de mercenários. Não faz sentido que a Rússia ou o Assad seja aliado deles, porém não exploram muitos fatos documentados de que quem os acusa disso é que na verdade apoiam e dão suporte, para assim uma guerra civil alavancar uma guerra em todo o Oriente, e quem ganhar o controle será a nação que desfrutará de muita coisa.
Basta ver que toda essas revoltas que sacudiram o mundo recentemente foram apoiados pelos EUA, assim como aconteceu aqui, que nem guerra civil precisaram, compraram os políticos e deram petróleo, pré-sal, bases militares, bases de lançamento aos EUA e o próprio presidente idiota que temos no momento pode até mesmo dar outras coisas aos EUA e a Israel se estes pedirem, basta ver a cumplicidade, e um conflito igual foi tentado na Venezuela, porém há anos ela se defende de uma invasão e de vários golpes de estado.
Não estou a defender estes regimes, mas como o caso do Brasil, eramos e vivíamos melhores sobre um governo petista, mesmo que ultra-corrupto do que este atual que é mais corrupto e pior. Assim como um relato que li certa vez sobre um cidadão Iraquiano que teve quase toda a família morta pelo mando de Saddan Hussein, dizia que mesmo assim com Saddan era um país melhor. Ou seja, apesar dos pesares, é inevitável que quando se tenta tirar um governo opressor com apoio das potências ocidentais eles não o fazem porque este governo massacra o povo, mas porque querem o controle do território e dos recursos naturais e lucrar com essa guerra e reconstrução do país.
Palavra e Utopia
3.6 6Quando me peguei para ler os Sermões do Padre Vieira na faculdade aquilo foi um enfado, mas pouco sabia sobre a figura, me mudei de curso e deixei de lado os escritos do padre, e vi o filme por ser do Manoel de Oliveira, sequer sabia do que se tratava, e fora uma grata surpresa; um filme que poderia ser excelente salvo algumas coisas que me incomodaram, mas fica a marca da figura grandiosa e à frente de seu tempo que fora o Padre Vieira. O filme é um pouco cansativo para alguns, para mim nem tanto, pois admirei todo o cenário e o discurso poderoso.
Destaque mais uma vez para Luís Miguel Cintra, que tem uma grande parceria com o diretor, é sem sombra de dúvida, é um ator de peso, embora não tão conhecido no cinema, fez vários filmes memoráveis com o Manoel, sem contar que lendo sua biografia se vê a envergadura do talento artístico dele. E, o ponto baixo fora justamente Lima
Duarte substituí-lo, pois este último não chega no nível de interpretação necessário, e em certos momentos parece que Lima Duarte interpretava tal qual nas novelas da Globo, tinha aquele tom meio bonachão, meio dramático mas engraçado... e deram aquela forçada ao fazerem-no com aquele sotaque esquisito... tenho certeza que haveria atores portugueses mais velhos que poderiam ter feito o Vieira na velhice e assim não ser tão artificial como com Lima Duarte foi. às vezes não entendo certas escolhas de certos diretores. Fora isso, creio que já que o filme se propunha numa tarefa de mostrar o Padre e sua filosofia e missão, deveria ter se estendido mais, o tempo é abrupto em certos momentos, houve coisas que me inquietaram para tentar desvendar os porquês, não sei se devido à minha ignorância ou não, mesmo muitos considerando o filme cansativo, são filmes feitos não para o grande público... então deveriam ser permitir adentrar neste espaço com o qual já foram classificados.
Lógica do Talvez: As Vidas e Ideias de Robert Anton …
4.2 1Aparentemente a sinopse dada ao documentário é muito além do que ele é; faz certo alarda a um conteúdo que não é entregado, mas apesar disso, é interessante a visão do escritor retratado, ele foi um dos escritores que difundiu as teorias da conspiração, criou um modo de pensar, este muito influenciado pelos sistemas orientais de pensamento, tais como; o confucionismo, taoísmo, budismo (principalmente zen). Ele se encaixa num contraponto da lógica ocidental, porque não pensa na lógica estrita do "a" ou "não a"- mas considera as possibilidades, e pondera que apenas existem interpretações do mundo, parecendo um pouco um resquício de algum tipo de idealismo, embora talvez eu aceite isso, mas não sou conhecedor dos trabalhos de Anton para afirmar isto com uma certeza. Nos quesitos técnicos o documentário é bem amador, parece mesmo uma produção caseira, mas salva-se pelo conteúdo e pelo carisma do retratado.
Os Canibais
4.1 5Recentemente li muitos artigos sobre o Manoel de Oliveira, e fiquei surpreendido ao saber tamanha produção cinematográfica relacionada com a literatura, e Os Canibais é derivado de uma opereta com base num conto de Álvaro do Carvalhal (bem desconhecido) de mesmo nome - Os Canibais- de fácil encontro na internet. Um conto um tanto quanto diferente, para quem quiser lê-lo, e nisto creio que o filme seja mais entendível, fiz isto, vi o filme e procurei o conto que não me desagradou em nada, e vi que o filme é bem fidedigno.
Elisa & Marcela
4.1 189 Assista AgoraObs: para quem viu o filme, leia sobre como a sociedade portuguesa, especialmente a do Porto reagiu sobre o caso. É interessante ler as resenhas espanholas e as portuguesas sobre o filme, contém diferentes análises que complementam o filme e acentuam alguns porquês em aberto.
A Noiva do Diabo
3.2 72 Assista AgoraPrimeiramente faço uma crítica à Netflix que enquadra os filmes em umas categorias pra lá de nonsenses, algumas parecem até serem piadas, e este aqui, a começar pelo título pt-br, já faz uma confusão para atrair pessoas fãs de terror, o que a princípio pensei se tratar, algo mais ou menos na pega de A Bruxa, mas não, era um drama histórico...
Porém o filme é relevante, deveras interessante, não é nada grandioso, mas se propõe a retratar uma história real que poucos conhecem; sobre que não somente católicos praticavam uma inquisição e queimavam bruxas, mas as demais seitas cristãs o faziam. O que é interessante, pois já vi muitos neo-con com discursos tais como que somente católicos impuseram práticas cruéis e irracionais contra as pessoas, e aqui se desvela literalmente esta incongruência da parte destas pessoas que querem nortear a história ideologicamente falsificando-a.
Sobre o filme, a ambientação é muito interessante, a fotografia tem uma qualidade maior que o próprio enredo, e o que mais me incomodou foi que por certos momentos há em demasia uma forçação para criar uma certa inocência da parte dos habitantes colonizados por outro povo nórdico, o povo da ilha parece muito inocente, demais para uma história que pretende ser documental e histórica, a protagonista parece não se enquadrar naquilo que fora proposto, não pode ser inocente e agir tal como age em certos momentos, e isto é uma idealização um tanto quanto exagerada.
A Ganha-Pão
4.4 272Visualmente incrível, tal como Pachamama, que vi recentemente na Netflix, e estes dois fogem àquele clichê de CGI dos filmes de animação comerciais, que são (pelo menos para mim) algo totalmente comum e não encanta em nada na arte oferecida. O grande problema destes dois filmes foi justamente a língua usada não ser a língua nativa das localidades que se passam, faria jus terem usado a linguagem destas localidades e povos, mas não sei se o oferecido pela Netflix foi somente em inglês ou se foram dublados originalmente em inglês, e penso aqui nos casos do Apocalypto e do Paixão de Cristo, que foram fidedignos no uso da língua nativa, não seria algo fácil, mas também nem tão dificultoso como estes dois de Mel Gibson.
Ponto interessante da narrativa é que se fundem duas histórias, uma real, e uma que a protagonista imagina, ambas têm um direcionamento nada característicos de filmes infantis, e seria desvirtuoso dar-lhes um final bonitinho, já que na realidade não fora.
Um ponto interessante para se pensar o filme de uma forma mais abrangente é ter conhecimento das questões políticas e étnicas daquela região. Um filme interessante é o Rambo 3, onde é explícito o apoio dos Talebãs por parte dos EUA para conter a influência soviética e derrubar o governo progressista que havia, como bem relata o filme; onde mulheres frequentavam universidades... Outra indicação, está a valer muito a pena, é E Buda Desabou de Vergonha, filme que retrata o pós-invasão estadunidense ao Afeganistão, e mostra que não é somente a derrubada de um regime que mudará o pensamento e o modo de como uma cultura nociva arcaica se impôs àquele povo.
Toy Story 4
4.1 1,4K Assista AgoraMinha nota é mais para a CGI que é muito bem feita, chegando em certos momentos a parecer uma filmagem do mundo real, e também achei isso forçado, porque, pelo menos o irrealismo era uma característica interessante, mas ele só o era por à época, como do primeiro, ser pouco desenvolvido esse quesito... No geral o filme é chato, dá sono, não tem nada de interessante que fizesse essa sequência existir, nem mesmo a trilha empolga como a do terceiro... nesse parece que é até oposto à proposta do terceiro. Mas é daquelas coisas que Hollywood precisa para arrecadar aquela grana toda.
Oh, Ramona!
2.0 147A Romênia produz e exporta vampiros e... têm a ousadia de imitarem besteirol estadunidense? Não aguentei nem ver o trailer... e pelo visto, ao ler os comentários, o trailer foi bem fiel.
Elisa & Marcela
4.1 189 Assista AgoraAinda bem que os cristãos expulsaram os mouros da península ibérica...
Sobre os elementos estéticos do filme, não há como avaliar de forma negativa, porém o filme peca por alguns deslizes, um na sua longa duração, e outro na sua previsibilidade, quando algumas coisas são-nos dadas antes mesmo delas serem inseridas nas cenas seguintes, e isso é, ao menos pra mim, uma coisa que impacta na visão geral de uma obra. Outra, que num caso de um filme destes acho que muitos pormenores não foram esclarecidos, deveriam ter sido mais atentos a certas coisas em aberto e cortado outras que não eram tão interessantes e tão necessárias, já que o filme se propõe a não ser só um mero entretenimento, mas a ser uma biografia onde fidedignidade deveria ser mais respeitada.
Fome
4.0 310O ato de rebelar-se por si só de todas as formas de imposição ou tiranias já é considerado nobre, ainda mais quando seus membros estão dispostos a sofrerem e darem a vida para tal, mesmo a consequência sendo por muitas vezes catastróficas e parecendo até mesmo egoísta não é, é altruísta, e renegar a coisa mais valiosa que é a vida em prol da liberdade de outras é um ato nobre, e neste filme se retrata esta forma de rebelião contra o sistema colonialista britânico sobre a Irlanda, conflito que ainda está presente na vida de muitos, mas é pouco explorado no cinema num todo, o que pode ser plausível dos porquês. Fome, do mesmo diretor de 12 anos de Escravidão, tem excelentes atuações, e efeitos surpreendentes, que nos colocam em choque, as atuações são excepcionais, e lógico, o filme não é imparcial, toma seu lado, e este lado é o dos oprimidos.
Borgman
3.5 133É da categoria de filmes que assistimos e a princípio não entendemos a história contada em sua totalidade, mesmo conseguindo conectar algumas coisas aqui e ali, mas depois de ler alguma resenha ou ver algum comentário acerca podemos ter uma melhor clareza do que se trata, apesar de haver uma vasta quantidade de significados dados, o que abre um leque que podemos escolher, se trata de uma crítica social, uma fábula religiosa, uma fábula moral, tanto faz, porque se encaixa e se consegue encaixar a narrativa em quaisquer destas possibilidades. O que é bem incrível para um filme.
Mas num todo a trama não me agradou muito, mas é um filme que te prende, ou pela tensão criada, ou pelo suspense, ou mesmo pela tentativa de encontrar alguma explicação racional e plausível para aquilo que se passa diante de nossos olhos.
The American Astronaut
3.9 7Sou avesso aos musicais, e nem mesmo sabia que tratava-se de um quando me coloquei a ver O Astronauta Americano, fiquei encantado com a qualidade musical, a acalorada coreografia e encenação, e tamanha criatividade da equipe que produziu este filme, digno mesmo de admiração, pois é aqui que se define um traçado de que nem sempre o requisito para uma obra magistral seja recurso financeiro, afinal de contas, é mais que conhecido os tropeços e tragédias cinematográficas feitas com muitos milhões de dólares por Hollywood.
Uma coisa é amadorismo e a outra é a falta de recursos financeiros, o filme não é nada amador, e tem ótimas composições, enquadramentos, movimentos de câmera e ousadas cenas que dão claramente o tom da ficção científica, e isto de alguma maneira me remeteu a uma referência a La Jeteé (A Jornada) de Chris Marker, e que referência...
Pachamama
4.0 30 Assista AgoraAnimação incrível, destas que fogem ao clichê imposto por Hollywood, embora ainda assim seja uma obra direcionada ao público infantil, não é tão bonitinha assim como se imagina à primeira vista, e isso é seu grande atrativo. Ainda mais a saber; o diretor passou árduos 15 anos para produzi-la, e à custa de muito esforço a fim de arrecadar fundos, e com a ajuda de sua esposa antropóloga, o que torna muito fidedigna com a cultura e tal período retratados.
Toda cena é uma obra de arte, e claramente os traços são inspirados na própria cultura retratada, os pormenores são bem fiéis ao que já li e pesquisei sobre as culturas pré-colombianas, os ancestrais nas cavernas são na verdade as pessoas mumificadas, os rostos são máscaras de madeira, e há toda uma tentativa de retratar isto com uma qualidade incrível como uma obra documental, embora não seja só nisto, mas em quase tudo o que vemos sendo transmitido. O ponto negativo fica em saber que o idioma utilizado na animação não seja o real daqueles povos, é até compreensível, se tratando de uma animação, já que direciona-se a um público infantil. Embora pudesse haver um uso da pantomímica para passar essa ideia sem o uso de uma linguagem falada, como no caso do Menino e o Mundo, assim sairia bem mais interessante, pois daria vasão ao uso de uma língua não colonialista... talvez esteja querendo demais... rs
Rastros
3.2 46Embora soe meio contraditório uma pessoa defender os animais, ser vegetariana no caso, e ter cachorros, por um simples motivo, eles são carnívoros, não há como salvar todos os animais. E há como se chocar com a crueldade com que são tratados muitos seres vivos, mesmo sendo uma pessoa carnívora isto é possível, principalmente devido àqueles animais que são mortos por simples ganância ou prática esportiva. Mas ainda assim é compreensível que isso aconteça, pois em condições extremas não há outras possibilidades de se viver sem ser pelo uso de animais independente de que tipo de uso seja feito.
A protagonista age com razão, e teve todo direito de fazer o que fez, não pelas suas visões um tanto quanto extremas acerca do que defende, mas pelo que o desfecho nos entrega soa compreensível. É uma exercício de reflexão poder ver um filme assim, afinal de contas, estamos inseridos num contexto que já nem sabemos a proveniência do que consumimos, a alienação nossa que essa sociedade industrial capitalista construiu é tanta que sequer pensamos na confecção ou produção do que nos chega como produto a ser consumido, e certamente, muitos não se sentiriam confortáveis em olharem a matança dos animais que estão nos seus pratos, e creio, que muitos menos gostariam de participar de tal ação, mas não é mera hipocrisia, mas um afastamento das nossas relações com a própria natureza que torna isto um paradoxo.
A Bela e a Fera
4.0 80Como é bom sair da inércia ao qual somos postos pelo cinema comercial, o que torna com que os contos de fadas sejam quase que sinônimos de Disney, embora muito antes haja versões exemplares e totalmente magistrais de tais contos, como este de Cocteau que consegue encantar com os efeitos utilizados, que são tão bem produzidos que se tornam como que mágicos aos nossos olhos atuais, a película tendo mais de 70 anos a torna ainda mais admirável, pois há uma clareza de que mesmo hoje com todos os recursos disponíveis ainda assim não se possa produzir um conto de fadas à altura deste.
Há várias versões dos contos, este aqui é o destaque, tem um toque mais romântico e surreal como norteamento para a narrativa, com um desfecho nem agradável e enigmático (ao menos para mim). O fica a dica de outra versão de A Bela e a Fera de Juraj Herz, porém está, mesmo bem semelhante em sua estrutura e narrativa, tem um tom mais realista em certo sentido e seja muito mais gótica. Vale a pena vê-las.
Pirosmani
4.0 10Como muito se comenta, não há como não remeter à obra de Parajanov, e até mesmo se se fizer um grande esforço de esquecer deste diretor não teria como, até porque Parajanov tem um documentário chamado "Arabescos Pirosmani", embora o filme de Shegelaya seja de mais de uma década antes, com toda certeza há uma influência de Parajanov na cine-biografia de Pirosmani, mas que segue um viés muito mais realista (não sei se devido aos censores), o que torna o filme de fácil assimilação e compreensão. O cenário nalguns momentos lembram bem o estilo de pintura naif ou naïve do pintor, que com suas pinturas lembram bem a obra de Henri Rousseau, colocado como um dos expoentes máximos do estilo.
Pirosmani tem personalidade forte, por um lado nasce num lugar onde o trabalho braçal é valorizado, talvez devido às circunstâncias regionais, e com isso ruma à um outro lugar, mais ocidentalizado e mais metropolitano, para poder concretizar suas potencialidades, e como pintor auto-ditada se torna uma figura conhecida dos habitantes com que convive uma vida simples, assim como sua pintura é, e por isso fora a princípio conhecido e tão logo também ridicularizado pelos mesmos. E de fato, não fora compreendido e nem apreciado devidamente no seu tempo, mas as vanguardas e os representantes delas souberam do valor de sua obra.
Táxi Teerã
4.0 80 Assista AgoraInteressante as encenações feitas como se fossem de fato situações reais, e daí parte-se para uma premissa ainda mais precisa sobre o lugar que quer se chegar com esse filme, que ao longo dele se delineia claramente, as conversas paralelas dos personagens num todo são apenas um diálogo que o diretor se propôs a fazer, uma obra cinematográfica que tem por essência um conteúdo ácido e extremamente crítico, alfim os diálogos se encaixam perfeitamente e as contradições são expostas, o real que se mostra, ou que se pode mostrar no cinema não pode ser o real verdadeiro, mas um real com um viés propagandístico, assim como a própria essência da cultura persa de certa forma se perde frente ao islamismo como religião estatal, e daí declina que a própria cultura é cerceada por um viés alienígena, como no caso das leis para o cinema, por exemplo, o uso de nomes islâmicos, ou seja, nomes árabes religiosos são requisitos para os personagens de uma película. Coisa extremamente absurda, frente ao que se foi a grande cultura persa do passado, mas ainda assim resta resquícios dela por todo lado, assim como não podemos por essa censura dizer que ali se trata de uma ditadura, pois não o é, e muito menos dizer que se trata plenamente de uma democracia, estas contradições são expostas, e dificilmente haverá um país em que se possa exercer uma obra de arte sem qualquer barreira imposta, seja moral, religiosa, ou até mesmo do ponto de vista comercial...
Amor Estranho Amor
2.7 420Nem lembrava que tinha visto este filme, é muito ruim, sinceramente, não há nada que faça esse filme ser lembrado a não ser pela polêmica que todos sabem, tirando isso nada me vem na memória de um momento ou de uma cena que sejam proveitosos e que me deixam com vontade de rever a película.
V de Vingança
4.3 3,0K Assista AgoraColoquei-me num tarefa; ver novamente este filme, e por incrível que parece, a segunda vez se saiu melhor, não porque eu tenha mudado minha opinião, mas queria revê-lo apenas numa perspectiva diferente daquela de quando foi lançado.
E é bem atual o filme, não envelheceu e perdeu aquele seu tom crítico, mas fora o contrário, ganhou contornos premonitórios acerca de muito do que vivemos, mas enfim, o filme é legal, mas não empolga como deveria, e é hollywoodiano demais para o meu gosto, as ideias não soam nada originais, já foram exploradas demais, quem curte literatura (o que creio que não seja a maioria dos fãs deste filme) não se sente diante de uma obra de arte, por vezes soa até forçado demais, principalmente no tom tragicômico do herói que por vezes quer ser um romântico, tipo o personagem que cultua, e por vezes age como um psicopata lunático, é bem dúbio, e por incrível que parece, o ator que interpreta o mascarado atua melhor que a Natalie Portman! haha
O interessante do filme é as alusões feitas sobre a literatura, e o gosto bem peculiar do personagem herói, e a ideia é legal, mas o fato de ser uma superprodução que que dar um tom pretensioso demais escorrega e falha, porque o personagem se assemelha às vezes com o Coringa do Batman, mas é como um Deadpool, um pouco de terrorismo aqui e ali, e voilá ! Sei que nos quadrinhos a ideia é bastante interessante, já que a plataforma é diferente, embora não tenha nem pego e sou avesso aos quadrinhos, devo admitir que deva impressionar os leitores. E uma pena que quem tenha visto o filme em sua maioria sequer saiba das referências culturais e literárias, ao ponto de uns até afirmarem que o governo fascista descrito lá seja de esquerda ou comunista- é muito idiotice nos dias de hoje! O próprio Moore que criou a história diz-se anarquista, e escreveu-a por temer uma evolução do governo conservador-liberal da Margaret Thatcher.
Embora para quem gosta de literatura, ou tenha contato com literatura política e sociológica o filme não passa de uma coisa bem adolescente. Se for pra ver um filme desse viés prefiro os realistas, tais como os que relatam a guerra civil espanhola, ou os levantes socialistas contra governos, e aí há uma infinidade de filmes melhores, e que não usam da artimanha dessa coisa meio brega que é um herói mascarado. Prefiro ainda o Batalha de Argel, O Grupo Baader-Meinhof, etc. São ótimos filmes e não são produções que visam adolescentes pseudo-anarquistas que estão a um pulinho de serem fascistas num futuro não muito distante, como é o que tem acontecido...
Um Homem que Dorme
4.4 195Há um mês assisti ao filme, e coloquei-me numa tarefa nada fácil, não saí de onde estava sentado, mesmo assim cansei, horas e horas árduas, e consegui uma cópia foto digitalizada do livro homônimo traduzido em português. Quem quiser acesso à esta preciosidade é só enviar um recado e passar e-mail.
Isto Não É um Filme
3.9 54 Assista AgoraA alusão que o título do filme traz é genial, lembrei-me do "Ceci n'est pas un pipe" da pintura "A Traição das Imagens" de René Magritte, onde uma imagem diz o que ela própria é ou representa e abaixo o texto diz o contrário, a supor, poderia gerar uma contradição, mas gera ainda uma coisa para além, ou se considera que é ou não aquela coisa que diz ser ou não ser.
Este filme, é como que um ensaio escrito, nele há camadas sobrepostas num dia-a-dia de cineasta censurado pelo governo iraniano, mas a de se pensar que, sim, o Irã é uma democracia, é uma democracia islâmica, porém a censura não torna o país uma ditadura, pois está para além da compreensão de muitas pessoas o que é o Irã, EUA também censuraram e ainda censuram muito conteúdo propagado pela mídia, assim como no Brasil e em muitas outras democracias, ou ditas democracias, a liberdade de expressão pode existir mas pode haver bloqueio à ela, o que torna mais uma vez contraditório tudo isso. Ser uma democracia não implica ter liberdades irrestritas, ter censura não implica ser uma ditadura, ser uma democracia religiosa não implica que seja uma democracia e nem que todos sejam ou desejam ser religiosos.
Só para dar um exemplo; o filme Subconscious Cruelty, teve seus negativos apreendidos pela alfândega da borda do Canadá, alegaram que o conteúdo era ofensivo, obsceno, e que não deveria ser permitido sua liberação, oras, o Canadá para muitos ocidentais é tido como um país exemplar, e isto aconteceu. Há censura sim em todos os lugares do mundo, porém em níveis diferentes e de várias formas, censuraram-se vários outros conteúdos, e ela não precisa ser exercida apenas por um governo, há outras censuras não oficiais, feitas pela própria população, ou por parte de outros órgãos ou tipos de instituições. O Irã, outrora conhecido como Pérsia, é um país que possuí uma tradição artística que ainda hoje irrompe com o sistema religioso islâmico, e assim será, e será em qualquer sociedade. Porém, se ainda vermos os outros países islâmicos vizinhos ao Irã, vemos reinos e ditaduras religiosas de fato, o Irã perto deles possuí muitas liberdades individuais garantidas pelo governo, recentemente vi que existe a maior comunidade judaica no Oriente Médio no Irã, e um judeu disse que às vezes ele não tinha seus direitos garantidos, mas ele acentua que isso acontece com todos os cidadãos iranianos.
Basta ver que há inúmeros documentários sobre o Irã, e de fato, muitos não estão contentes com o governo iraniano, embora muitos ainda assim, consideram-se muçulmanos e não querem que isto mude, mas que haja maior liberdade, e menos obrigações, que haja uma modernização do país. A celebração desta Quarta-feira de Fogos é uma coisa interessante, pode ser vista como parte de uma manifestação das massas para exigirem seus direitos de festejarem e de serem livres. Pode ser uma manifestação não religiosa, e até mesmo não política, mas não tem como não vê-la como não política, pois o governo a declarou não religiosa, e as pessoas ousaram participar dela, ou seja, houve uma desobediência civil. Assim como o diretor faz com seu filme, e ao final Jafar Panahi mesmo se auto-censura ao não colocar em evidência os nomes de alguns envolvidos no filme, para que assim eles não sejam punidos.
A Língua Pirahã - O Código do Amazonas
4.3 5Comecei a cursar letras e de começo foi difícil a assimilação do conteúdo de linguística por mim, com o tempo mudei de curso e fui para filosofia, e tenho especial interesse pela antropologia - principalmente a política - e ao ver esse documentário vi a necessidade de aprender linguística e o porquê de ser tão importante à compreensão do que chamamos de "conhecimento".
Fato é que a cultura é indissociável para a língua que um indivíduo fala, e nestas condições as quais os Pirahã vivem suas necessidades são refletidas no modo de como falam e expressam seus pensamentos, e os coloca quase que num lugar impensável, pois representam um conjunto de vida primordial dos homens. Não acreditam naquilo que não veem, por isso sua conversão ao cristianismo não foi obtida, Dan admitiu nunca ter visto Jesus, e assim, os Pirahã que "converteram" Dan ao ateísmo.
Mais singular ainda é que devido a serem caçadores-coletadores e viverem em abundância (e não em necessidade como muitos anteriormente pensavam) é que os faz não ter sentenças no tempo passado ou no futuro, tudo requerido é obtido no presente. E o viver deles é apenas baseado na experiência de cada um de acordo com o que vivem no presente, mas ainda assim há uma coisa que reflete um paradoxo, que é dedutivo, a língua deles pode ter sim evoluído, mas o mais sensacional é que a língua é por vezes também como o canto dos pássaros (animais) no caso.
Fico ainda pensando aqui em como este dilema com Chomsky será resolvido, pois pelo que o vídeo revela, através das análises dos computadores do MIT a tese de Everett está mais que comprovada, e coloca a de Chomsky em cheque, as provas foram dadas, mas houve um descaso imenso com Dan. E como a própria professora da universidade mesmo diz, o problema é quando a ciência se converte em uma religião, e assim tentaram barrar Dan de visitar novamente a tribo, para tanto usaram de um argumento que se provou oposto ao que o próprio governo fez ao dar-lhes eletricidade, ensinar português, a contarem e assistirem à televisão. O governo interferiu e violou a própria regra de não interferência do qual a FUNAI dizia defender, sendo assim, colocam sua cultura em extinção pelo simples fato de que ao falarem português, contarem e verem televisão já não seriam mais os mesmos, e com essa interferência já logo não há como provar outras teses não só sobre linguística mas sobre as próprias crenças criadas pela humanidade, conhecimento, experiências imediatas e harmonização de humanos com o meio em que vivem. Chomsky ainda é relevante, mas foi posto em cheque, assim como a crença em qualquer religião ou deus também foi posto em cheque.
Fugindo do Estado Islâmico
4.4 3Documentário muito interessante acerca da realidade a que sofrem as pessoas sobre o Estado Islâmico, principalmente os yazidis, que são um grupo étnico curdo, mas têm uma religião étnica (tal como acontece com os judeus), e sempre foram perseguidos, principalmente porque para as religiões monoteístas eles seriam adoradores de Satã.
Apesar dos relatos cruéis e terríveis, há ainda algo de lindo nessa realidade, que é a esperança e os laços comunitários. Uma cena me marcou; a que as 34 mulheres atravessam aquele campo ondulado com cores verdejantes, roxas e laranjas, num céu azul com nuvens brancas... aquilo foi tão poético, e elas caminhando descalças por quilômetros, para serem livres.
Se há mal feito pelo homem há ainda alguma esperança feita por outros. Apesar de que, como um grupo étnico peculiar, os yazidis, assim como disse, são como alguns judeus, são endogâmicos e portanto somente casam entre si, e não aceita-se que haja convertidos à religião, já que é uma religião-étnica, e isso gera alguns conflitos violentos. A religião deles é interessante, pois se declaram descendentes apenas de Adão, e é pelo que parece uma religião de mistérios.
Entre a Síria e o Estado Islâmico
3.8 4Normalmente gosto da revista NatGeo, mas ultimamente, haja visto este documentário, está totalmente alinhada a um eixo ocidental comandado pelos EUA, portanto este documentário é bem enviesado, no sentido que ainda tentam uma mea culpa aos EUA, mas como tudo tem várias camadas a serem descobertas, há por trás desse documentário uma clara intenção de colocar a Rússia como inimiga do Ocidente, ou o que quer que Ocidente signifique.
É claro que o Assad não era nenhum herói, muito menos um santo, e que da mesma forma que o exército sírio fez com os militantes, há outros países que o também fizeram, por trás do surgimento do ISIS/ISIL há Israel, com o MOSSAD, que sequer fora citado, e há também um quadro geopolítico maior e mais amplo para se ter em mente, visto que é pelo controle da região e pela desestabilização do Oriente Médio que os EUA se mantiveram como colonizadores e saqueadores, o mesmo que o ISIS/ISIL fez e faz eles também fizeram. Ora, há forças políticas globais que lutam pela tomada de poder, e o mundo multipolarizado daria nisto. Há mais que interesse religioso, há interesses econômicos por trás disso, haja visto que a guerra é muito lucrativa.
E pode soar conspirador, mas é fato, os países que os EUA impuseram sua cruzada eram países que eles mesmo colocaram os ditadores no poder, porém estes governos tinham um banco central independente e nacionalizaram o petróleo. Ou seja, quem financia as revoltas, e os rebeldes? É claro que são financiados pelos EUA, Israel, até mesmo Arábia Saudita (que é um estado islâmico que sequer os EUA querem derrubar porque é aliado).
O documentário bem mostra que o ISIS/ISIL na verdade é um exército de mercenários. Não faz sentido que a Rússia ou o Assad seja aliado deles, porém não exploram muitos fatos documentados de que quem os acusa disso é que na verdade apoiam e dão suporte, para assim uma guerra civil alavancar uma guerra em todo o Oriente, e quem ganhar o controle será a nação que desfrutará de muita coisa.
Basta ver que toda essas revoltas que sacudiram o mundo recentemente foram apoiados pelos EUA, assim como aconteceu aqui, que nem guerra civil precisaram, compraram os políticos e deram petróleo, pré-sal, bases militares, bases de lançamento aos EUA e o próprio presidente idiota que temos no momento pode até mesmo dar outras coisas aos EUA e a Israel se estes pedirem, basta ver a cumplicidade, e um conflito igual foi tentado na Venezuela, porém há anos ela se defende de uma invasão e de vários golpes de estado.
Não estou a defender estes regimes, mas como o caso do Brasil, eramos e vivíamos melhores sobre um governo petista, mesmo que ultra-corrupto do que este atual que é mais corrupto e pior. Assim como um relato que li certa vez sobre um cidadão Iraquiano que teve quase toda a família morta pelo mando de Saddan Hussein, dizia que mesmo assim com Saddan era um país melhor. Ou seja, apesar dos pesares, é inevitável que quando se tenta tirar um governo opressor com apoio das potências ocidentais eles não o fazem porque este governo massacra o povo, mas porque querem o controle do território e dos recursos naturais e lucrar com essa guerra e reconstrução do país.